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PRÓLOGO

O CAMALEÃO

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FADE IN:FADE IN: INT. COZINHA. HOTEL REGENCY, INT. COZINHA. HOTEL REGENCY, NOVA IORQUE. DIANOVA IORQUE. DIA

É a hora de ponta dos pequenos-almoços no res-taurante mundialmente famoso (tipo ponha-se--a-andar-se-não-for-rico-e-poderoso) do Hotel Regency. O CAMALEÃO entra, silencioso, na cozi -nha em pé de guerra. O seu cabelo grisalho está agora negro, a pele morena. Mistura-se com o am-biente: é só mais um porto-riquenho sem nome, num uniforme de criado. Passa completamente des-percebido.

O Camaleão olhava para aquelas palavras no seu guião pela centésima vez. Esta manhã começavam a ganhar vida. O seu filme estava, por fim, em fase de produção.

— Ação! — murmurou, ao entrar pela porta das traseiras da cozinha do Regency.

Não passou despercebido.— Tu aí! — gritou-lhe um dos criados de jaqueta branca

e gravata preta. — Vai ali encher as chávenas de café à mesa doze. — Não era, propriamente, o que ele tinha no argumento mas era ainda melhor do que poderia esperar. Como muitos dos atores de Nova Iorque, o Camaleão sabia mover-se na cozinha de um restaurante. Encheu de café um jarro cromado, pôs descafeinado noutro e saiu pelas portas duplas para a sala de jantar.

UM

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O elenco era ainda melhor do que ele imaginara. Era o dia de arranque da semana do festival de cinema Hollywood on

the Hudson, o esforço da cidade para desviar mais produção de cinema de Los Angeles para Manhattan. Por isso, a somar aos habituais financeiros da costa leste, o restaurante estava recheado de estúpidos de Hollywood a mastigar negócios de milhões de dólares e pequenos-almoços de centenas de dóla-res. E no meio, presidindo à assembleia da mesa doze, estava, nem mais nem menos, do que Sid Roth.

Se se fosse para a cadeia por destruir carreiras, famílias e almas, Sid Roth já estaria a cumprir um comboio de prisões perpétuas consecutivas. Mas na indústria das fitas, ser um filho da mãe desalmado era uma mais-valia, e nas últimas três décadas Roth tinha transformado a Mesa Films (o que outrora fora uma lojeca de família), num mega-estúdio. O homem era visto como Deus e os outros quatro tipos à sua mesa desfruta-vam alegremente sob a Sua aura.

O Camaleão começou a servir-lhe café quando Roth, que estava a brindar os companheiros de mesa com uma histó-ria de guerra em Hollywood, pôs uma mão sobre a chávena e disse:

— Traz-me outro sumo de tomate, trazes?— Sim, senhor — disse o Camaleão. Sai um sumo de tomate

e um convidado especial para a mesa do Sr. Roth.

Em menos de três minutos estava de volta com o sumo de Roth.

— Muchas gracias, amigo — disse Roth e esvaziou o copo sem voltar a olhar para ele.

Um grande vaya con Dios também para ti. O Camaleão voltou à cozinha e desapareceu pela porta de trás. Tinha dez minutos para mudar de roupa.

A casa de banho dos homens no átrio de entrada do hotel era de luxo e muito exclusiva. Toalhas de algodão, portas de

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nogueira do teto ao chão em cada compartimento e, claro, nenhuma câmara de videovigilância.

Meia dúzia de discos desmaquilhantes mais tarde, o latino trigueiro estava branquinho e com cara de bebé. Depois, tro-cou a farda de criado de mesa por um par de calças caqui e um polo azul-claro.

Voltou ao átrio principal e colocou-se a coberto de umas cabines telefónicas de onde podia ver o resto da cena a desen-rolar-se. Estava agora fora das suas mãos. Só esperava que a representação trouxesse pelo menos metade da excitação que o guião prometia.

INT. RESTAURANTE DO REGENCY. DIAINT. RESTAURANTE DO REGENCY. DIA

A câmara foca A VÍTIMA, no momento em que esta sente os primeiros efeitos do fluoroacetato de sódio. Agarra a ponta da mesa, determinado a lutar contra o que sente, mas as pernas não lhe obe -decem. O pânico instala-se à medida que o corpo o trai catastroficamente e o seu centro neuro-lógico enlouquece. A VÍTIMA sofre uma convulsão generalizada, vomita violentamente, dobra os braços e, por fim, cai de caras na sua frittata de cogumelos e tomate.

Como é que sabes que ele vai pedir uma frittata? — pergun-tara Lexi quando lera o guião.

— Não interessa o que ele pede — disse o Camaleão. — É irrelevante. Tinha de escrever uma coisa qualquer.

— Um prato de cereais resultava melhor — disse ela. — Talvez com frutos silvestres. Muito mais cinematográfico. Como é que sabes que o corpo dele vai fazer naquilo… como é que escreveste? Que o trai catastroficamente?

— É só o guião. Até ao último minuto não se sabe quem vai ser a vítima. É quase tudo de improviso. A única coisa que queremos é que o tipo sofra uma morte violenta e miserável.

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Sid Roth começou a sua atuação. O vómito, o pânico nos olhos, os espasmos, as convulsões… estava tudo ali. Em vez de cair de borco, deu uns passos às cegas, desmoronou-se contra uma mesa e partiu o crânio na base de uma coluna de mármo-re quando bateu no chão. Houve muito sangue… um pequeno bónus bastante simpático.

Uma mulher gritou: — Chamem o 112!— E corta! — murmurou o Camaleão.Foi, no global, uma boa interpretação.Enviou uma mensagem a Lexi a caminho do metro: A cena

correu na perfeição. Nem foi preciso repetir.

Um quarto de hora mais tarde estava no metro a ler a Variety:

um banal ator nova-iorquino, de olhos azuis e pele clara, a cami-nho de mais um pequeno papel — tinha uma marcação para as 9 horas na Silvercup Studios, uma unidade produtora de cine-ma e televisão de Nova Iorque.

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O mundo do cinema em Nova Iorque precisa de camaleões e ele era um dos melhores. Estava tudo no currículo… os fil-mes de Woody Allen, Lei & Ordem, telenovelas… pelo menos cem papéis no cinema, mais uns duzentos na televisão. Sempre cá atrás. Sem dizer uma palavra. Sem vir à boca de cena. Misturando-se, diluindo-se, fundindo-se.

Hoje não. Estava cansado de ser um rosto na multidão. Hoje ele era o protagonista. E o produtor, o realizador e o guionista. Aquele era o seu filme. A câmara estava dentro do seu cérebro. Tirou do bolso uma mão cheia de folhas de guião.

INT. LOCAL DE FILMAGENS. SILVERCUP STUDIOS. INT. LOCAL DE FILMAGENS. SILVERCUP STUDIOS. DIADIAEstamos no local de filmagens de mais um filme de treta com o IAN STEWART. O cenário é um copo--d’água nos anos 40. O Ian é O NOIVO. A NOIVA é a DEVON WHITAKER: só mamas, zero de talento e me-tade da idade do Ian. O feliz casal avança para a pista de dança. Cem CONVIDADOS observam-nos, tentando parecer felizes. A EDIE COBURN, no papel da EX-MULHER ciumenta, entra na sala. Está a espu-mar de raiva. Os convidados ficam horrorizados. A câmara faz zoom sobre um deles. A verdadeira estrela da cena. O Camaleão.

O seu telemóvel vibrou e ele pegou-lhe. Lexi. Outra vez.— Não vais acreditar — disse ela.

DOIS

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— Lex, não podes telefonar-me de cinco em cinco minutos — disse ele. — Estou numa zona interdita a telefones. O assis-tente de realização é um chato com isso.

— Eu sei, eu sei, mas tinha de te ligar — disse ela. — Está em todo o lado na net que o Sid Roth morreu.

— Querida, já lá vão três horas — disse o Camaleão. — Um tipo que estava com ele à mesa já estava a mandar um tweet ainda ele não tinha caído ao chão.

— Sim, toda agente fala em «aparente ataque cardíaco». Mas a TMZ acaba de dizer que ele foi envenenado.

— A TMZ é só tretas. São uma cambada de negociantes de lixo de tabloides. Só publicam mentiras.

— Mas é a verdade.— Eles não sabem que é a verdade — disse ele num mur-

múrio irritado. — Não podem ter certezas até sair o resultado da autópsia. Mas não se ralam. Sacam qualquer treta que ponha tudo de olhos arregalados a ver a página deles na net.

— Não te queria chatear.— Não tens culpa. É só que me lixa o guião. De acordo com

o que está escrito, só amanhã é que se sabia do veneno. Era para manter a dúvida de crime até à cena Ian Stewart–Edie Coburn.

— Como é que isso está a correr?— Lexi, agora não posso. Estou no local de filmagens.— Não é justo — disse ela, com voz amuada. — Se não

posso estar aí contigo, ao menos mantém-me informada.— Eu estou a dar-te notícias. Mandei-te uma foto minha

no guarda-roupa. — Ah, ótimo. Assim já posso ter um screen saver contigo

vestido de mafioso do Padrinho. Mas continuo a não saber o que se passa.

— O problema é esse, Lexi. Não se passa nada. Nada. Estão aqui uns cem figurantes sentados desde as nove, mas ainda não filmámos nem um fotograma.

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— E já vos disseram porquê?— Não nos dizem nada. Mas ouvi o Muhlenberg, o realiza-

dor, a dar na cabeça de alguém ao telefone. A Edie recusa-se a sair da rulote dela.

— Se calhar está chateada com o Ian. Vinha no TMZ que ele anda a enganá-la.

O Camaleão respirou fundo. Lexi era esperta. Fizera parte do quadro de honra da universidade quatro anos seguidos. Mas os miolos iam sempre sentados no banco de trás quando lhe dava para a sua obsessão constante com tretas como signos, mexericos de Hollywood e conversas na Internet.

— Não interessa se ele anda a enganá-la, ou não — disse ele. — Se a Edie se recusa a sair, o Ian vai fazer o mesmo.

— Eles têm de sair — disse Lexi. — Está no nosso guião. O Camaleão riu-se. — Eu acho que o Muhlenberg está agora mesmo no cama-

rim da Edie a dizer-lhe que está no guião dele.

— Ó parvalhão! Sim, tu aí, com o telemóvel.O Camaleão olhou para cima. Era o idiota do assistente

de realização.— Quando está escrito proibido o uso de telemóveis no local de

filmagens é porque é proibido o uso de telemóveis!— Desculpa. Estou aqui há séculos, a apanhar uma seca

brutal.— És um figurante — disse o assistente de realização.

— Pagam-te para apanhares secas. Larga o telefone ou põe-te a andar.

— Sim, senhor. — Pôs a mão a proteger o telemóvel e mur-murou: — Lex, tenho de desligar. Não há cá mais chamadas, está bem?

— Oh, merda — disse ela. — Como é que eu fico a saber que já acabaste de filmar, então?

— Está atenta ao TMZ — disse o Camaleão. — É garantido.

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LIVRO PRIMEIRO

PESSOAL ESPETACULAR, O PESSOAL DO ESPETÁCULO

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Acordei lixado como tudo. Estava ainda escuro como breu, à exceção dos brilhantes algarismos 3:14 no despertador digital. Gostava de ter tido mais umas três horas de sono, mas a única coisa que tinha no apartamento para me pôr a dormir era o revólver carregado na mesinha-de-cabeceira, e precisava de poupar balas para o filho da mãe que mandou o meu parceiro para o hospital.

Acendi a luz. Tinha um tapete roxo de yoga enrolado debai-xo do guarda-fato e decidi que meia hora de sukhasanas era o suficiente para distender os músculos e aliviar o stress.

Resultou.Às 04h15 tomei um duche, vesti-me e sentei-me, agarrado

a uma chávena de chá verde. Não é a minha droga de eleição, mas a Erika, a minha instrutora de yoga, jurou-me que isso me curava os chacras ao mesmo tempo que ajudava o corpo a enfrentar as pressões físicas e psicológicas da vida. Disse-lhe que lhe ia dar uma hipótese durante um mês. Mas só em casa. Se alguém lá no trabalho sentisse o cheiro do chá no meu háli-to, haveria de ser gozado o resto da vida.

O meu nome é Zach Jordan, e sou detetive na polícia de Nova Iorque.

Existem 35 mil polícias na cidade, e eu sou um dos 75 sor-tudos que pertencem à unidade especial de resposta a vítimas de alto perfil.

CAPÍTULO 1

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A ideia de criar esta unidade especial foi do presidente da Câmara. Ele é um homem de negócios, puro e duro, que acha que gerir uma cidade é o mesmo que gerir uma companhia aérea — os passageiros frequentes mais importantes recebem um tratamento especial. Em Nova Iorque, isso equivale aos muito ricos, aos superpoderosos, e aos ridiculamente famosos.

Todos os dias sirvo e protejo bilionários de Wall Street, prodígios do desporto com contratos milionários, e estrelas do mundo do espetáculo. Este último grupo é o que dá mais trabalho: porque são tão admirados que são perseguidos, por-que são tão ricos que são roubados, ou ainda porque são tão odiados que são assassinados.

Naturalmente, a designação «unidade especial de resposta a vítimas de alto perfil» tornaria demasiado óbvio que somos uma unidade dedicada às necessidades da nata da sociedade. Não seria mentira, mas seria… politicamente censurável. Por isso, o presidente da Câmara pediu-nos, ou melhor, ordenou--nos que não a usássemos.

É por isso que nos chamam NYPD Red. E para um polícia de Nova Iorque, é o trabalho mais fixe a que se pode aspirar.

O meu chá arrefecera, por isso pus-lhe açúcar e enfiei-o no micro-ondas. Trinta segundos depois estava mais quente e mais doce, mas não deixava de ser chá. Sentei-me ao computa-dor e fui ver o e-mail. Tinha um do Omar. Dizia apenas: Olá,

Zach… hoje é o GRANDE DIA. Boa sorte. LOL. Omar.

Cliquei em responder e digitei: Ainda bem que um de nós

acha graça à coisa.

O Omar Shanks é… ou melhor… era o meu parceiro, até à semana passada. A equipa de softebol da polícia estava a jogar com os bombeiros na nossa festa anual de angariação de fundos, quando um estúpido de um bombeiro se atirou para o chão de perna esticada, para bater uma bola. Bateu foi no tornozelo esquerdo do Omar e rasgou-lhe o tendão. Segundo

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os papéis da baixa, o Omar ficava fora das escalas pelo menos nos próximos quatro meses. Por isso, hoje ia conhecer um novo parceiro.

O nome dela era Kylie MacDonald e ambos tínhamos algo que a maioria dos parceiros não tem: um passado. Mais do que aquilo que me apetece contar agora, mas posso dar-vos uma ideia.

Era o meu primeiro dia na academia de polícia. Estava a tirar as medidas aos outros recrutas quando uma deusa loura e bronzeada saiu de uma canção dos Beach Boys e entrou na sala. Havia um desfibrilhador na parede e eu tinha a certeza de que ia precisar dele. Ela era bonita demais para ser polí-cia. Ficava melhor como mulher de um polícia. Como minha mulher, por exemplo.

Pelo menos uma dúzia de tipos tiveram o mesmo pensa-mento e em poucos segundos a beldade nadava num oceano de testosterona. Ignorei-a na base daquela teoria de que as miúdas como a Kylie se sentem mais atraídas pelos tipos que não se babam. Demorou uma semana, mas resultou.

— Sou a Kylie MacDonald — disse-me ela um dia, depois das aulas. — Ainda não nos conhecemos.

— Pois não — grunhi eu. — Tenho andado a evitar-te.— A evitar-me? Porquê?— Por causa da tua t-shirt.— Qual t-shirt?— A que tinhas no primeiro dia. Aquela dos Mets.— Deixa-me adivinhar — disse ela. — És dos Yankees… — Adivinhaste — disse eu.— Tenho pena de não ter sabido isso na altura — disse ela.

— Tinha usado a minha t-shirt dos Yankees só por tua causa.— Duvido que tenhas uma camisola dos Yankees — disse eu.— Aposto contigo cinco dólares em como tenho.— Está apostado.

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Ela pegou no telemóvel e correu as fotos. Encontrou, por fim, a que queria e estendeu-me o aparelho.

Era uma foto da Kylie e de um tipo irritantemente boniti-nho com os braços em volta dela. Ele estava com um boné dos Mets e a Kylie tinha, realmente, uma t-shirt a dizer «Os Yankees», e por baixo «não prestam».

— Paga — disse ela.Era gira e esperta. Como não me apaixonar? Dei-lhe os cinco

dólares. O que se passou depois é uma longa história cheia de risos e lágrimas, alegria e corações partidos. Como disse… o passado, que eu preferia guardar para outra altura. Mas posso explicar como acabou. Com um grande casamento pela igreja. Da Kylie e do Spence Harrington… o tipo da fotografia.

Foi há quase dez anos. E agora, eu e a Kylie íamos ser uma equipa. Ter um parceiro novo nunca é fácil. Mas é pior quando estamos apaixonados por ela.

E isso, se ainda não perceberam, foi o que me tirou o sono a meio da noite.

Despejei meia chávena de chá no lava-louça. Que se lixas-sem os chacras. Do que eu precisava era de café.

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O Gerri’s Diner fica na Lexington Avenue junto à esquina da 19.a Esquadra e do outro lado da rua da Hunter College. O pequeno-almoço estava em velocidade de cruzeiro quando lá cheguei, mas às cinco da manhã o risco de encontrar miúdos da faculdade é nulo. Eram na maioria motoristas de táxi, malta da construção civil e polícias, um dos quais tinha uma licencia-tura em psicologia em vez de uma arma.

A Cheryl Robinson é a psi do departamento. A somar ao seu extenso conhecimento do comportamento humano e à sua excelente capacidade de ouvir o outro, a Dra. Robinson tem algo que a destaca de todos os psicólogos que já conheci. É linda de morrer. Apesar do facto de ela jurar que é noventa por cento irlandesa, tem olhos castanho-escuros, cabelo preto e uma gloriosa pele cor de caramelo que deve à sua avó latina.

Não vou mentir. Senti-me atraído pela Cheryl desde que a conheci numa palestra sobre negociação com sequestradores. Mas ela era casada e, para mim, isso é o suficiente para não me aproximar. O seu estado civil mudou há pouco tempo, mas a tinta nos papéis do divórcio ainda está fresca. Esta manhã ela estava ali sentada, sozinha, e, a julgar pela linguagem corporal e pelo olhar circunspecto que exibia, ainda lutava com os fan-tasmas da sua relação falhada.

Para alguns tipos isso é o mesmo que um convite. Veem uma mulher em crise como um alvo fácil, pronta para preencher

CAPÍTULO 2

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o vazio da sua vida com uma noite de sexo descomplicado e sem compromissos. Mas eu não sou desses. Nesta altura do campeonato, eu e a Cheryl tínhamos construído uma boa amizade e ela parecia estar a precisar mais de um amigo do que de um engate.

Comprei dois cafés dos grandes para levar, pus um num saco e abri o outro.

— Importas-te que eu me sente aqui? — perguntei, enfian-do-me no banco corrido à sua frente. — Tens a imagem de uma Donzela em Sofrimento a sair-te pelos poros e eu tenho um gene de Príncipe Valente que é hiperativo.

— Pensei que todos os polícias tinham esse problema — disse ela. — Mas tu és o primeiro a tentar animar-me.

— É porque também tens escrito na testa Psicóloga do Departamento — disse eu. — Têm medo de que tu os analises se começarem a falar contigo.

— Analisar o quê? — disse ela. — São todos doidos, por isso é que são polícias, e são todos polícias, por isso continuam doidos.

Havia um monte de pacotes de açúcar abertos na mesa em frente a ela. Peguei num deles.

— Tendo lido a série toda dos Mini-Detetives quando era miúdo — disse eu —, posso afirmar, baseado na quantidade de açúcar que já ingeriste, que estás aqui há uns quarenta minutos.

Ela olhou para o relógio. — Há uma hora.— Parece-me que até os psicólogos têm problemas que os

acordam a meio da noite — disse eu.— O mesmo problema, noite diferente — disse ela. — O Fred.— Pensei que o teu divórcio tinha saído há umas semanas.

Segundo as leis do estado de Nova Iorque, ele não deixou de ser um problema teu?

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— Enviou-me um e-mail na noite passada. Vai-se casar.— Hum — disse eu, abanando a cabeça lentamente e

co fiando uma barba imaginária no queixo. — Und o que é que isso a faz sentirr, minha carra?

Ela riu-se. — Foi a pior imitação do Freud que eu já vi.— Na verdade, era o Dr. Phil, mas estás a fugir à pergunta.— Olha, eu estou-me nas tintas para se o tipo volta a casar

ou não, mas sentia-me melhor se ele tivesse demorado mais de quinze dias a esquecer-me.

— Tem toda a razão, doutora — disse eu. — Ele podia pelo menos ter esperado que a doutora o esquecesse primeiro. Ah, espera aí, já esqueceu.

Ela riu-se. — Eu e o Fred chegámos a um ponto de não retorno dois

anos antes do divórcio. — Então só tens de pensar que agora é a vez de outra qual-

quer levar com ele. Toda a gente fica contente.— Obrigada — disse ela. — Agora tenho de fazer eu de

psicóloga. O que é que te fez levantar tão cedo?— Vai ser uma semana infernal. Um bando de livres-pen-

sadores de Hollywood está prestes a descer sobre Nova Iorque e eu quero preparar-me para a sua chegada.

— Estou a ver — disse ela. — E, portanto, não tem nada a ver com o facto de hoje ser o primeiro dia que vais ter a tua ex-namorada como parceira.

A Cheryl sabia da minha história toda com a Kylie. Soube na noite de uma festa de trabalho. Ela era uma boa ouvinte e eu estava bêbedo o suficiente para desabafar. Não me arrependi. Afinal, era o tipo de terapia que permitia a uma pessoa falar off

the record com um profissional.— Sabes, acho que tens razão. A Kylie começa hoje mesmo

— disse. — É verdade, nunca te agradeci por a teres ajudado

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a ficar com o trabalho. — Se tivermos de dizer qual é a parte mais bonita da Cheryl Robinson, terá de ser o sorriso. É como se tivesse um interruptor, e no instante em que o liga, os olhos escuros, os dentes brancos e os lábios cheios acendem todos ao mesmo tempo. A minha boca, que podia ter deixado indiferen-te outra pessoa, ligou esse interruptor e levei com um sorriso estonteante de mil megawatts.

— Muito bem, detetive — disse ela. — A culpa é minha. Mas não, não ajudei a Kylie MacDonald a ficar com o lugar. Ela conseguiu-o por si mesma. A capitã Cates só me pediu para dar uma olhadela não oficial ao ficheiro dela. Era uma mara-vilha. Aparentemente, o facto de vocês os dois terem andado às turras não abalou a sua carreira. — Ergui a minha chávena de café. — Zach — disse ela calmamente —, deixa de ter pena de ti próprio. Deixa o passado ficar lá atrás e começa de novo.

— É um bom conselho, doutora — disse eu, pousando a minha mão na mão dela. — Para nós os dois.

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O edifício em tijolo vermelho, caixilhos de janelas azuis e contornos de terracota na East 67th Street entre a Third e a Lexington era sede da 19.a Esquadra desde os anos 80 do século XIX. É um edifício antigo e enorme com cinco andares e espaço lá dentro para os mais de duzentos agentes e dezenas de dete-tives que cobrem o Upper East Side de Manhattan.

Também é o local perfeito para instalar a NYPD Red, que tem jurisdição em toda a cidade. Ficávamos um bocado à parte, no 3.o andar, mas com luzes e sirenes, não estávamos longe dos cinco bairros da cidade… e tínhamos uma vista ótima do Edi-fício Chrysler, para mim a mais bela e grandiosa marca do horizonte de Nova Iorque.

Estava à secretária quando a ouvi.— Ei! Seis! Reconheceria aquela voz a dormir. Virei-me e lá estava ela…

cabelo louro à solta, olhos verdes a brilhar e uma aliança dou-rada no quarto dedo da mão esquerda, o que me enfurecia.

Kylie MacDonald.— K-Mac — disse eu.— Como é, Seis? Esqueceste-te do meu número? — disse ela,

passando ambos os braços à minha volta e dando-me um abraço.— Durante quanto tempo mais é que vamos brincar ao jogo

dos números? — disse eu, inalando o perfume familiar do seu champô de rosmaninho.

CAPÍTULO 3

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— Segundo os termos da aposta, até ao fim das nossas vidas. Ou mais do que isso, se nos virmos no inferno. Como é que estás, Seis?

A Kylie e eu éramos muito competitivos e poucos dias depois de nos termos conhecido e de ela me ter ganho cinco dólares, fizemos a mãe de todas as apostas. Estávamos tão empenhados em passar à frente um do outro na academia que acordámos no seguinte: quem vencesse tinha o direito de chamar ao que perdesse pelo número da sua posição no fim do curso. De 275 recrutas, fui o sexto.

— Estou bem — disse eu. — E tu como vais, Um?— Ah, então lembras-te do meu número — disse ela.— Como se tu me deixasses esquecê-lo.— E agora que somos parceiros vou ter de to lembrar todos

os dias. Estou siderada. Nem acredito que fui chamada para a NYPD Red.

— A mim não me espanta nada — disse eu. — Tiveste uma detenção de primeira página.

— Essa coisa vendeu muitos jornais, mas ia-me lixando. — Fez um sorriso arrebatador. — E não me digas que não conhe-ces os pormenores, Zach.

— Sou capaz de ter ouvido umas coisas, mas se prometeres que continuas a tratar-me pelo nome não te pergunto se são verdade.

— Deixa-te disso. O que é que ouviste?— Foste à paisana e apanhaste um tipo que tinha violado

meia dúzia de enfermeiras.— Isso vinha nos jornais — disse ela. — Não disfarces.— Não estavas ligada ao caso. Foste por conta própria.

Polícia justiceira. Chui Independente. Pistola à solta.— A terceira mulher que ele violou foi a minha amiga Judy.

É enfermeira no hospital de Coney Island. Acabou o turno às duas da manhã. Estava a ir para o metro quando o tipo salta

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para cima dela, dá-lhe um murro na cara e viola-a. Nem ligou para o 112. Telefonou-me completamente histérica. Fiz o rela-tório e passei a noite com ela no hospital. No dia seguinte pedi para me darem o caso.

— E eles disseram que não porque eras parte interessada — disse eu.

— Diz-me uma mulher polícia que não seja parte interes-sada num caso de violação em série — disse ela. — O tipo encarregado da investigação era velho, preguiçoso e estúpido. Nunca teria apanhado o sacana.

— Portanto, a Número Um resolveu apanhá-lo por conta própria.

— Não foi preciso recorrer à astrofísica — disse ela. — O modus operandi do tipo era sempre o mesmo. Fazia sem-pre os ataques em Brooklyn e ainda que mudasse de hospi-tal escolhia sempre um que implicasse um caminho longo e escuro até ao metro.

— Portanto, vestiste-te de enfermeira e começaste a andar do hospital para a estação do metro. Quantas noites?

— Fiz dezassete saídas. Apanhei-o na décima oitava noite.— Tinhas retaguarda? — perguntei.— Zach, não estava mandatada, por isso não, não tinha

retaguarda. Só tinha o crachá e a arma, e funcionou.— Sorte a tua.— Sorte a de uma data de enfermeiras. À toa ou não, fiz

o trabalho. Se quebrei um par de regras, paciência. Não tenho remorsos.

— Talvez tenha sido por isso que te mandaram para aqui — disse eu. — Estamos sempre a quebrar regras.

— Estamos, Detetive Certinho? Eu conheço-te, Zach, e não és de maneira nenhuma um tipo que quebra regras. És Capri-córnio até às unhas dos pés. Organizado, adoras as estruturas, não te deixas levar pelos impulsos, um mestre de contenção.

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— Bom, nem todos podemos ser cowboys.— Razão pela qual se calhar nos puseram juntos — disse

ela. — Yin-yang, ponto e contraponto… — Polícia doida, polícia certinho — disse eu.— Fala-me do teu parceiro, o detetive Shanks — disse ela.— O Omar? Não é tão giro como tu. Nem tão doido.— Tu percebes bem o que eu quero dizer. Como é que está

a perna dele, ou o joelho, ou lá o que é? Estou aqui só de precá-ria. Quando ele voltar, põem-me a andar. Quero saber quanto tempo tenho para impressionar a capitã Cates para ela querer que eu fique cá.

— Tens poucos meses — disse eu. — Mas devo avisar-te: a Cates não se deixa impressionar facilmente.

— Por outro lado, se a chateias, vais-te embora antes do almoço.

Olhámos para cima. Era a nossa chefe, a capitã Delia Cates. A Kylie estendeu a mão.

— Sou a detetive Kylie MacDonald, capitã. O telefone da Cates tocou. Verificou a identidade da cha-

mada. — Ainda nem são oito horas e o Vice-Presidente Encarregado

de me Lixar o Juízo já me ligou quatro vezes. — Atendeu a chamada. — Bill, dá-me cinco segundos. Estou só a termi-nar uma coisa. — Deu um soco na mão estendida da Kylie e disse: — Bem-vinda à NYPD Red, detetive MacDonald. O briefing da manhã é às dez. Jordan, depois vai ter comigo ao meu gabinete.

Encostou o telefone ao ouvido e foi-se embora para o átrio.A Kylie ficou ali especada. Eu sabia o que lhe ia na cabeça.— Não tentes analisar — disse eu. — A Cates é assim, não

há cá preliminares. Se estavas à espera de uma chávena de chá e de uma conversinha de raparigas, nunca vai haver. Ela disse «olá», tu disseste «olá» e agora toca a trabalhar. E não penses

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em impressioná-la. Ela aprovou a tua entrada. Não estavas aqui se ela não achasse que servias para a missão.

— Isso é uma ajuda — disse a Kylie. — Obrigada.— Tudo bem, é para isso que servem os parceiros.

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