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PROJETO:PROJETO:
INVENTÁRIO DAS ÁRVORESINVENTÁRIO DAS ÁRVORES
URBANAS DE TERESINA – PIURBANAS DE TERESINA – PI
“Não podemos esquecer que as
árvores não são só nossas, pois elas
geram frutos e estes contem as
sementes...”
Lelé Louçana
PREFEITURA DE TERESINA
SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO –
SEMPLAN
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI
PROJETO:
INVENTÁRIO DAS ÁRVORES URBANAS DE TERESINA – PI
RELATÓRIO FINAL
Teresina – PI
Maio / 2006
APRESENTAÇÃO
Tendo em vista a importância do verde para as cidades, sobretudo
melhorando a qualidade de vida de sua população, faz-se necessário a constante
intervenção do Poder Público no sentido de monitorar e organizar, executando
medidas de manejo que visem a preservação e adequação do verde do município.
Neste intuito foi elaborado e desenvolvido o projeto intitulado
“Inventário das árvores urbanas de Teresina – PI”, que quanti-qualificou as árvores
presentes nas vias públicas da zona urbana de Teresina, atualizando os cadastros
do verde destas áreas e obtendo informações necessárias para a elaboração do
Plano de Diretor da Arborização de Teresina, bem como auxiliando na condução
das medidas de manejo mais adequadas para o verde urbano da cidade.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
1. Introdução 01
2. Materiais e Métodos
2.1. Área de Estudo
2.2. Coleta de dados
2.3. Análise dos dados
03
03
04
05
3. Resultados e Discussões 05
4. Conclusão 08
5. Bibliografias Consultadas 08
Anexos
1. INTRODUÇÃO
“A arborização urbana pode ser definida como o conjunto da
vegetação arbórea de uma cidade, seja espontânea ou cultivada. Este conjunto
reúne as árvores das vias públicas, dos parques, das praças e jardins, áreas
particulares e ainda a arborização nativa residual” (MEUNIER et al,1999).
É importante ressaltar que a arborização, inserção de árvores no
meio urbano, oferece soluções compositivas e funcionais tanto na caracterização
como na composição do meio ambiente. Além disso, a arborização oferece
benefícios, não só para a cidade, mas também para a própria população que nela
vive. A arborização atua na regularização do microclima das cidades, que é
alterado devido à presença predominante de elementos artificiais, pois as árvores
devido à fotossíntese interceptam a energia luminosa da radiação solar
convertendo-a em energia química, ao contrário do concreto e do asfalto, por
exemplo, que absorvem a radiação solar e a transmitem para o meio em forma de
calor, colaborando assim para o aquecimento das cidades. As árvores auxiliam
também no controle da poluição atmosférica, já que elas atuam como filtros de ar
nos ambientes urbanos pela capacidade que têm em remover partículas de poeira
e gases poluentes da atmosfera (Gás Carbônico, por exemplo). Atua também
como barreira de som reduzindo os níveis de ruídos, sendo que a planta ou partes
da mesma executando a função de superfície, absorve, refrata e reflete as ondas
sonoras. Enriquece o solo por acréscimo de matéria orgânica e nutriente,
aumentando a fertilidade do mesmo. Controla a erosão pela proteção que o
sistema radicular (raízes) da vegetação confere ao solo. Promove a
biodiversidade, favorecendo a conservação da vida silvestre, oportunizando a
propagação de espécies nativas. Produz alimentos para homens e animais.
No Brasil, a inserção da árvore no meio urbano passa por várias
fases e influências. De acordo com ANDRADE (2004). Por outro lado, SANTOS e
TEIXEIRA (2001) afirmam que embora a cidade do Recife tenha sido a pioneira
em dispor da arborização de rua em pleno século XVII, foi no Rio de Janeiro, nos
séculos XVIII e XIX, através da arborização da rua Ouvidor, da criação do Passeio
Público, Jardim Botânico, Quinta da Boa Vista e Campo de Santana, que a
arborização urbana se firmou.
No século XX, o paisagista Roberto Burle Max se destacou dentre
outros. A sua contribuição para o paisagismo e, em especial, para a arborização
urbana foi de extrema importância. Suas obras não podem ser compreendidas a
partir de um único ponto de vista, sendo necessário que se percorra o interior de
cada uma delas para que se percebam todas as sensações.
A cada curva, relevo ou textura descobre-se novos contrastes de
grande impacto visual que dão dinamismo ao seu trabalho. As formas, as cores e
as texturas ganham uma importância extraordinária em seus projetos, quer seja
nos desenhos de pisos, nas formas fluidas e dinâmicas dos canteiros, nas
variações das cores, volumes e texturas da vegetação, no emprego de espécies
arbóreas nativas e de outros elementos utilizados (TRINDADE, 2004).
No fim do século XX, diferentes influências dos paisagistas
estrangeiros, principalmente americanos, espanhóis, franceses e japoneses,
determinam a busca de novas formas de projeto e conseqüentemente, da
utilização da arborização urbana. Projetos paisagísticos com poucas ou nenhuma
árvore convivem com projetos cujas premissas ambientais são o principal objetivo
a ser atingido. O vegetal é ora valorizado por seu aspecto cênico, ora por sua
função ecológica.
Em Teresina, cidade fundada em 1852, as imagens que
testemunham o emprego da arborização no espaço urbano datam do inicio do
século XX, quando foi edificados o Mercado Público, a antiga Sede da província
(hoje, Museu do Piauí) e outros prédios da Praça Marechal Deodoro, no entorno
dos quais pode-se observar a presença de árvores e gradis de madeira
protegendo as mudas de árvores ali inseridas.
Lamentavelmente, hoje, assim como em outras cidades brasileiras,
em Teresina tem-se observado um aumento gradativo da destruição de suas
áreas verdes, o que ocasiona, não só a ruptura da relação homem-natureza, como
também perda do patrimônio vegetal e da identidade de certos lugares.
Segundo MASCARO (2000) apud TRINDADE (2002), a árvore é a
forma vegetal mais característica da paisagem urbana, a qual tem se incorporado
em estreita relação com a arquitetura ao longo da história.
Urge, portanto, salvar o verde local, acelerando o processo de
arborização, contribuindo para a melhoria da qualidade do meio ambiente, bem
como para saúde física e mental do homem.
A arborização, entretanto, não significa apenas plantar árvores
plantar árvores em ruas, jardins e praças, criar áreas verdes de recreação pública
e proteger áreas verdes particulares. Para se obter resultados realmente
satisfatórios, há uma série de fatores que devem ser levados em consideração
tanto na hora de se inserir a arborização no meio urbano como também na
maneira de como esta arborização vai ser conduzida, mantida e preservada.
O objetivo do presente trabalho foi quanti-qualificar a arborização de
Teresina, possibilitando a preparação do diagnóstico da situação arbórea urbana
da cidade para uma posterior elaboração de medidas de rearborização e
monitoramento das árvores dentro do contexto sócio-educativo e ambiental.
2. MATERIAIS E METODOS
2.1. AREA DE ESTUDO:
A zona urbana de Teresina-PI está dividida em quatro regiões
administrativas. Em cada uma delas foi amostrado 25% do total de bairros que as
constituem (tabela 01), onde foram realizadas as pesquisas de campo.
Tabela 01 – Bairros amostrados em cada região administrativa de Teresina – PI.
REGIÕES ADMINISTRATIVAS
SUL CENTRO-
NORTE
LESTE SUDESTE
BA
IRR
OS
AM
OS
TR
AD
OS
Vermelha Centro São João Itararé
N. S. das Graças Frei Serafim Rec. das Palmeiras Extrema
Piçarra Ilhotas Noivos Comprida
Monte Castelo Marquês Jóquei Tancredo Neves
Tabuleta Vila Operária Fátima Parque Ideal
São Pedro Pirajá São Cristóvão Renascença
Morada Nova São Joaquim Morada do Sol
Saci Poti Velho Satélite
Macaúba Mocambinho
2.2. COLETA DE DADOS:
Para cada região administrativa de Teresina foi destinada uma
equipe de campo composta por 6 (seis) estagiários oriundos da Universidade
Estadual do Piauí - UESPI, graduandos do Curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas, que percorreram os bairros acima citados com o intuito de realizar uma
analise quamti-qualitativa da arborização existente nas vias públicas destes
bairros. As equipes estavam munidas de duas planilhas de campo, uma destinada
a avaliação das características urbanísticas da rua (Planilha de campo nº 1)
contendo os seguintes itens a serem observados: largura da rua, largura da
calçada, tráfego, asfalto ou calçamento, passeio projetado, lado da fiação, altura e
lado da fiação arborização atual e ciclovia, e outra (Planilha de campo nº 2)
destinada ao levantamento da vegetação existente nestas vias publicas, contendo
os seguintes itens a serem observados: nº quarteirão, nº árvore, nº espécie, o
porte da árvore, diâmetro de copa da árvore e observações sobre a estado da
planta.
2.3. ANÁLISE DOS DADOS:
Após a realização da coleta de campo, que teve a duração de nove
meses (julho/05 a março/06), os estágios foram encaminhados a Prefeitura
Municipal de Teresina (SEMPLAN) de onde passaram a quantificar e tabular os
dados coletados em campo,dados que posteriormente serão utilizados como base
para implantação das primeiras medidas de manejo, as quais culminarão na
elaboração do plano diretor da arborização da cidade de Teresina.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise realizada quantificou um total geral de 19.935 árvores,
distribuídas desuniformemente nas quatro regiões administrativas de Teresina:
centro-norte, leste, sul e sudeste (tabela 02), estando as regiões norte e leste com
maiores índices arbóreos.
Tabela 02 – quantificação das árvores de vias públicas por região administrativa de
Teresina – PI.
REGIÂO QUANTIDADE DE ARVORES %
NORTE 6.594 33,0
LESTE 6.348 32,8
SUL 4.418 22,2
SUDESTE 2.575 13,0
TOTAL 19.935 100,0
Baseado nestes dados estimou-se para a zona urbana de Teresina
um total de 83.400 árvores distribuídas ao longo das vias publicas (ruas)
encontradas no total de bairros que compõem a cidade.
Com relação ao número de espécies de árvores, foram observadas
37 espécies compondo as vias publicas de Teresina (tabela 03), sendo a mais
representativa o Fícus benjamina ( ficus ) que representou 35,6% do total de
indivíduos amostrados.
Tabela 03 – Espécies amostradas nas vias públicas da zona urbana de Teresina – PI.
ESPECIES QUANTIDADES %
Fícus Benjamin (Fícus) 7.112 35,60
Terminalia catappa (Amêndoa) 3.683 18,47
Erythirina indica (Brasileirinho) 884 4,43
Licania tomentosa (Oiti) 882 4,42
Mangifera indica (Mangueira) 845 4,23
Cássia sp (Acácia) 823 4,12
Pachira aquatica (Mamorana) 565 2,80
Syzigium malaccense (Jambo) 440 2,20
Caesalpinea férrea (Jucá) 324 1,60
Bambusa sp (Bambu) 331 1,50
Tabebuia sp (Ipê) 305 1,30
Coperrnicia prunifera (Carnaúba) 260 1,11
Parkia platycephala (Faveira) 223 0,90
Cochlospermun ulei (Algodão bravo) 161 0,80
Ancardium occidentales (Cajueiro) 158 0,36
Delonix regia (Flamboyant) 73 0,34
Caesalpinia echinata (Pau-Brasil) 73 0,34
Syzigium cumini (Azeitona preta) 69 0,27
Psidium guajava (Goiabeira) 54 0,23
Anadenanthera macrocarpa (A. Preto) 47 0,22
Fícus sp (Figueira) 44 0,20
Cocos sp (Coqueiro) 41 0,18
Anadenanthera colubrina (A.Branco) 37 0,17
Cenostigma macrophyllum (Caneleiro) 34 0,14
Citrus sp (Laranjeira) 26 0,13
Roystonea sp (Palmeira Imperial) 24 0,12
Eucalyptus sp (Eucalipto) 23 0,12
Spondias lutea (Cajá) 14 0,07
Orbgnya speciosa (Babaçu) 07 0,03
Syzigium joazeiro (Juazeiro) 04 0,02
Bouganvillea glabra (Buganville) 02 0,01
Terminalia sp (Pau d`água) 02 0,01
Hyminea courbaril (Jatobá da mata) 01 0,006
Outras 2.364 12,00
TOTAL 19.935 100,0
Observou-se a grande ocorrência de uma única espécie, o Fícus
benjamina (ficus), o que não contribui para se manter uma maior diversidade e
representatividade da flora da região, bem como, é uma espécie que apresenta
várias restrições de uso em arborização urbana.
Os dados qualitativos demonstram uma maior proporção de árvores
de porte médio (3 a 8 metros), em relação às árvores de porte pequeno (até 3
metros) e grande (acima de 8 metros) e com relação ao diâmetro de copa dessas
árvores temos as mesmas proporções, predominando copas com diâmetro médio
(2 a 6 metros), seguido pelas copas de diâmetro pequeno (1 a 2 metros) e as de
copa de diâmetro grande (acima de 6 metros); os problemas mais freqüentes
observados nestas árvores foram danos devido a poda e o estado fitossanitário
provocado principalmente por ataque de parasitas (tabela 04).
Tabela 04 – Avaliação qualitativa das árvores da zona urbana de Teresina – PI.
CRITÉRIOS AVALIADOS
REGIÃO ADMINISTRATIVA
TOTALSUL LESTE
SUDEST
E
CENTRO-
NORTE
PO
RT
E
P ( até 3m) 810 2525 988 2697 7020
M ( 3m a 8m ) 2138 2688 1427 3207 9480
G ( acima de 8m ) 1498 1250 303 1262 4311
DIÂ
ME
T P ( ate 2m ) 703 2111 848 2899 6561
M ( 2m a 6m ) 1941 5002 1322 2643 10908
R O G (acima de 6m) 1802 1440 574 1669 5485
OB
SE
RV
AÇ
ÕE
S1. árvore sã 4249 4856 1979 6188 17272
2. árvore atacada por
parasitas
06 328 04 16 354
3. com danos devido a
poda
65 362 217 47 691
4. árvore morta 34 86 79 81 280
5. muda recente 83 853 405 687 2028
6. canteiro vazio 04 246 23 00 273
7. outros 05 46 38 06 95
Estes dados nos levam a refletir que, mesmo reconhecendo que a
arborização é útil e significante para a composição da paisagem e melhoria da
qualidade de vida nas cidades, exige planejamento cuidadoso, adoção de técnicas
específicas e equipamentos adequados para a sua inserção e manejo.
4. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos nesta pesquisa demonstram a necessidade de
um planejamento mais adequado à manutenção e ampliação do verde urbano de
Teresina, o que exige uma equipe técnica mais qualificada para a indicação e
acompanhamento das medidas de manejo e monitoramento para as árvores de
Teresina. Vale ressaltar a preocupação da população em preservar a ampliar o
verde da cidade, contudo carentes de informações que possibilitem a sua
participação na melhoria do verde urbano da cidade.
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