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PROJETO DE ENGENHARIA DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO SUPERCRÍTICA DE CAFEÍNA A PARTIR DA ERVA MATE HELENA DE SOUZA PETERSEN ENGENHEIRA QUÍMICA DISSERTAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS Porto Alegre Março, 2017 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul FACULDADE DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE

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PROJETO DE ENGENHARIA DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO

SUPERCRÍTICA DE CAFEÍNA A PARTIR DA ERVA MATE

HELENA DE SOUZA PETERSEN

ENGENHEIRA QUÍMICA

DISSERTAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS

Porto Alegre

Março, 2017

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul FACULDADE DE ENGENHARIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE

PROJETO DE ENGENHARIA DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO

SUPERCRÍTICA DE CAFEÍNA DA ERVA MATE

HELENA DE SOUZA PETERSEN

ENGENHEIRA QUÍMICA

ORIENTADOR: PROF(a). DR(a). EDUARDO CASSEL

Dissertação de Mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais (PGETEMA) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia e Tecnologia de Materiais.

Porto Alegre Março, 2017

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul FACULDADE DE ENGENHARIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE

3

Um dia feliz começa com um

pensamento de paz, tudo o que

desejamos aos outros se tornará

nosso futuro. Sempre estaremos

atraindo as mesmas energias que

emitimos.

(Dilmas)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus amores, pois sem eles não seria metade do

que sou.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, ao meu orientador Prof. Dr. Eduardo Cassel pelas

inúmeras horas de dedicação. Foram tantos os momentos que pensei que nunca

terminaria este trabalho, mas nunca me faltou um conselho e uma palavra de

incentivo.

Aos meus pais pelo amor incondicional que recebo todos os dias. Tudo o que

sou, devo a vocês, que me deram à vida!

A minha irmã que com as suas cobranças e todo o conhecimento adquirido

nas suas conquistas, me ajudaram e foram meu guia no desenvolvimento deste.

Ao meu marido que foi um companheiro nato por me auxiliar, mesmo

cansado, na parte técnica e por me ouvir quando já estava sem esperança.

A minha amiga Jordana por dividir praticamente tudo na minha vida. Foram

tantas as conversas, tantos colos, mas principalmente muito amor!

Aos meus colegas da BPI que mesmo longe se fizeram presentes com

sugestões e torcida!

A todos os meus amigos, àqueles que acabei de conquistar na FEPAM, e

àqueles amigos de uma vida inteira que me apoiaram sempre, mesmo não tendo a

menor ideia do que a dissertação se tratava!

Aos colegas do LOPE por todo o apoio durante a realização dos experimentos

e informações.

SUMÁRIO

 

RESUMO ................................................................................................13 

ABSTRACT ............................................................................................14 

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................15 

2. OBJETIVOS .......................................................................................18 

2.1. Objetivos Específicos ...................................................................................... 18 

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................19 

3.1. Erva Mate .......................................................................................................... 19 

3.2. Extração supercrítica ....................................................................................... 21 

3.2.1. Fluido supercrítico ..................................................................................... 22 

3.2.2. O processo ................................................................................................ 24 

3.2.3. Equipamentos ........................................................................................... 26 

3.2.3.1. Bombas ............................................................................................ 26 

3.2.3.2. Compressores .................................................................................. 27 

3.2.3.3. Vaso de pressão .............................................................................. 28 

3.2.3.4. Trocadores de calor ......................................................................... 30 

3.2.4. Aplicações Industriais ............................................................................... 32 

3.2.5. Aumento de escala ................................................................................... 33 

4. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................35 

4.1. Vaso de extração .............................................................................................. 36 

4.2. Bomba / compressor ........................................................................................ 37 

4.3. Trocador de calor ............................................................................................. 40 

4.4. Válvula de expansão ........................................................................................ 41 

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................42 

5.1. Vaso de extração .............................................................................................. 42 

5.2. Bomba de solvente .......................................................................................... 45 

5.2.1. Bomba de cossolvente .............................................................................. 46 

5.3. Trocador de calor ............................................................................................. 47 

5.4. Válvula de expansão ........................................................................................ 50 

8

5.5. Fluxograma da planta em escala industrial ................................................... 50 

6. CONCLUSÕES ...................................................................................55 

7. PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS .................................57 

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................58 

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Esquema de produção de vários produtos oriundos da erva-mate ....... 21 

Figura 3.2 – Diagrama pressão versus temperatura do dióxido de carbono ............. 23 

Figura 3.3 – Esquema de uma unidade SFE com recirculação de CO2. ................... 25 

Figura 3.5 – Trocador de calor casco e tubos com um único passe no casco e nos tubos ...................................................................................................... 31 

Figura 4.6 – Fluxograma do bombeamento de um solvente, indicando as variáveis de entrada usadas no dimensionamento da bomba. ................................... 38 

Figura 4.7 – Simulação da temperatura de bombeamento no software Aspen Hysys (v.8.0) ..................................................................................................... 39 

Figura 5.8 – Sistema de fechamento rápida do vaso de extração ............................. 44 

Figura 5.9 – Bomba diafragma proposta pela Lewa .................................................. 47 

Figura 5.10 - Gráfico temperatura versus comprimento do trocador de calor ........... 49 

Figura 5.11 - sistema de um ciclo ideal de refrigeração ............................................ 49 

Figura 5.12 – Fluxograma proposto para escala industrial de uma planta de extração supercrítica ............................................................................................. 53 

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Exemplos de estudos sobre os processos extração supercrítica, em função das matérias-primas, extratos obtidos e as variáveis de processo otimizadas referenciadas na literatura. ................................................... 23 

Tabela 3.2 – Tabela comparativa de propriedades de fluidos no estado gasoso, líquido e supercrítico .............................................................................. 24 

Tabela 4.3 – Resultado de otimização de variáveis para a extração supercrítica de erva-mate em escala piloto .................................................................... 35 

Tabela 4.4 - Resultado de otimização de variáveis para a extração supercrítica de erva-mate em escala piloto. ................................................................... 35 

Tabela 5.5 – Resumo da folha de dados de processo do vaso de extração ............. 44 

Tabela 5.6 – Resumo de folha de dados de processo da bomba de solvente .......... 45 

Tabela 5.8 – Resumo da folha de dados de processo da bomba de cossolvente ..... 46 

Tabela 5.9 – Dados das variáveis de entrada para a simulação do trocador de calor48 

Tabela 5.10 – Tabela com os principais resultados do projeto de processo da unidade industrial de produção de erva mate descafeinada, levando em consideração a segunda condição otimizada. ........................................ 54 

LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 – Comparativo de bombas ..................................................................... 27 

Quadro 3.2 – Tipos de compressores e suas principais faixas de operação............. 28 

Quadro 3.3 – Plantas comerciais de extração supercrítica ....................................... 34 

LISTA DE SÍMBOLOS

FSC Fluido supercrítico

Q Vazão m3/h

F Massa de matéria prima g

CO2 Dióxido de carbono

SFE Supercritical Fluid Extraction

EG Etilenoglicol

NPSH Net Positive Suction Head

TEMA Tubular Exchanger Manufactures Associantion, Inc.

RESUMO

PETERSEN, Helena. PROJETO DE ENGENHARIA DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO SUPERCRÍTICA DE CAFEÍNA DA ERVA MATE. Porto Alegre. 2017. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL.

A extração supercrítica emergiu nas últimas décadas como uma tecnologia

verde promissora e uma alternativa para o processamento de alimentos e produtos

naturais. O processo de extração supercrítica, utilizando CO2 como solvente, vem

sendo extensivamente estudado, mas poucos ainda são os trabalhos que visam o

escalonamento do processo. Logo, este trabalho propõe estudar o processo

industrial de extração supercrítica de cafeína a partir da erva-mate, que tem como

meta produzir erva-mate descafeínada, produto inovador no mercado, e cafeína, um

subproduto tão ou mais valorizado que o produto principal. A base de cálculo são os

experimentos realizados em escala piloto e a utilização de método de aumento de

escala que propõe a manutenção de proporção de massa de solvente e massa de

matéria-prima. Sendo assim, foram geradas folhas de dados de processo para os

principais equipamentos: vaso extrator, trocadores de calor e bomba de alta pressão.

A capacidade diária máxima de extração de cafeína foi prevista em duas toneladas e

a vazão mássica de solvente de 22 toneladas/hora foi obtida a partir do

equacionamento de tempo de residência do solvente, mantendo constante a

porosidade do leito de 0,79 obtida em escala piloto. Além disto, foi proposto um

fluxograma para uma planta em escala industrial de extração supercrítica da cafeína

a partir da erva mate.

Palavras-Chaves: Ilex paraguariensis, descafeinização, extração supercrítica, escala

industrial.

ABSTRACT

PETERSEN, Helena. Process study of caffeine supercritical extraction from yerba mate. Porto Alegre. 2017. Master Thesis. Graduation Program in Materials Engineering and Technology, PONTIFICAL CATHOLIC UNIVERSITY OF RIO GRANDE DO SUL.

The supercritical extraction emerged at the last decades as a green

technology and as an alternative process to produce natural products and food. The

process of supercritical extraction, using CO2 as a solvent, has been extensively

studied, but there are fewer works about scale-up. Therefore, this work proposes to

study the industrial supercritical fluid extraction of caffeine from yerba mate to

produce decaffeinated yerba mate, an innovative product in the market, and caffeine,

a product that has equal or even more value in the market than the main product.

Design basis of this work are the experimental results of supercritical extraction in

pilot scale and the appliance of a scale-up method based on the maintenance of the

solvent mass flow and the raw-material mass flow proportion. Thus, process data

sheet of main equipment were generated: extraction vessel, heat exchanger and high

pressure pump. The maximum daily caffeine extraction capacity was estimated at

two tons and the solvent mass flow rate of 22 t/h was obtained from the equation

residence time of the solvent, maintaining constant the porosity of the 0.79 bed

obtained in scale pilot. In addition, a process flow diagram was proposed for an

industrial scale plant supercritical extraction of caffeine from yerba mate.

Key-words: Ilex paraguariensis, decaffeination, supercritical extraction, industrial

scale

15

1. INTRODUÇÃO

A erva-mate é um material vegetal usado tradicionalmente como chimarrão,

porém contêm compostos como xantinas, flavonoides, vitaminas e saponinas que

têm despertado o interesse da comunidade científica (Cassel et al., 2010). Entre os

compostos destaca-se a cafeína, visto que a mesma apresenta uma ampla gama de

aplicações industriais. Observa-se que a demanda deste produto natural por

indústrias é alta e a tendência mundial é de crescimento (Mazzafera, 2012). De

acordo com um estudo da agência de pesquisas Euromonitor Internacional, entre

2009 e 2014, o mercado de alimentação saudável cresceu 98% (Sebrae, 2017). Por

outro lado, existe uma demanda crescente por produtos descafeinados, visto que o

consumo de cafeína é contraindicado quando da presença de enfermidades como

ulceras, doenças cardiovasculares severas, insônia e estresse (Cassel et al., 2010).

A partir da necessidade mercadológica de cafeína e do aumento da procura por

produtos descafeinados é justificada a busca pelo desenvolvimento de um processo

industrial de descafeinização de erva mate. Logo, a proposta deste trabalho é propor

um fluxograma de processo e projetar os principais equipamentos em escala

industrial do processo de extração supercrítica que permita a produção de erva-mate

descafeínada e cafeína.

A erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hill.) é uma espécie sul-americana

consumida tradicionalmente como bebida estimulante, principalmente, na região sul

da América do Sul. Essa espécie apresenta grande potencial de utilização pela

diversidade de seus produtos químicos, sendo alvo de estudos cada vez mais

recentes, tais como atividade microbiana do extrato de erva-mate obtido a partir de

extração supercrítica utilizando o CO2 como solvente (Carelli et al., 2011) e a

identificação de polifenois e flavonoides em extratos de erva mate (Brun et al., 2015).

Dentre os subprodutos mais conhecidos e com alto valor comercial, destacam-se as

metilxantinas, mais especificamente, a cafeína. A presença deste composto é

16

responsável por uma limitação do consumo de erva-mate por parte de uma parcela

da população, como por exemplo, as gestantes já que a mesma atravessa

facilmente a barreira placentária. Sendo assim, vem se justificando a remoção

parcial deste composto de chás e cafés a fim de se atingir níveis especificados que

os caracterizem como produtos descafeinados. De acordo com a Resolução RDC

nº227 de 22 de Setembro de 2005, da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, para um produto ser considerado descafeinado deve possuir um teor

máximo de cafeína de 0,1% (g/100g) ou 0,3% para produtos solúveis descafeinados.

Ao mesmo tempo em que a erva-mate descafeinada apresenta interesse comercial,

o principal subproduto do processo de descafeinização, a cafeína também se

enquadra na condição de produto de grande interesse industrial. Estudos têm

relatado os efeitos do consumo de cafeína, sendo muitos deles contraditórios. A

cafeína em baixas doses atua no sistema nervoso central, agindo como estimulante,

aumentando a capacidade de concentração e neutralizando o cansaço (Tello et al.,

2011). No entanto, se ingerida em excesso cafeína pode provocar agitação,

ansiedade, irritabilidade, tremores musculares, insônia, cefaleia, distúrbios sensoriais

e até problemas gastrintestinais (Aronson, 2006; Girardi, 2010). Sendo assim, sua

extração de chás e de cafés é importante, pois além de evitar seu consumo

exagerado, esse alcaloide possui alto valor comercial, sendo utilizado em indústrias

farmacêuticas e produtoras de bebidas energéticas e de cola, na composição de

medicamentos e de produtos cosméticos, entre outros.

As tecnologias mais usadas para a descafeinização de matérias-primas

vegetais são os processos de extração por solventes orgânicos (particularmente

acetato de etila e diclorometano) e de extração supercrítica, um método de

separação e purificação que utiliza tradicionalmente como solvente o dióxido de

carbono (Cassel et al., 2008b; Cassel et al., 2010). A extração supercrítica

apresenta-se como alternativa para a indústria de produtos alimentícios ou

farmacêuticos, pois é uma tecnologia limpa que apresenta alta seletividade e seus

produtos são gerados com uma qualidade superior, permitindo assim, fácil

separação do soluto e do solvente apenas por redução de pressão e aumento de

temperatura sem a necessidade de exposição dos produtos a solventes orgânicos

tóxicos. Além disso, é possível minimizar a produção de resíduos químicos,

17

adotando condições brandas de pressão e temperatura no processo (Cardozo e

Castro, 2014).

A engenharia básica para projetos de equipamentos que utilizam fluidos

supercríticos está restrita a poucas empresas que dominam a tecnologia, porém

estudos desenvolvidos em escala laboratorial são facilmente encontrados na

literatura especializada (Prado, 2010). Muitas pesquisas já foram realizadas a fim de

modelar matematicamente este processo, porém as relações de operação realizadas

em escala laboratorial, piloto ou industrial nem sempre podem ser abordadas ou

previstas de forma simplificada. Poucos dados têm sido publicados na literatura para

o cálculo de aumento de escala de unidades de extração supercrítica, principalmente

para matrizes sólidas em geral (Prado, 2010).

Sendo assim, este trabalho visa propor soluções tecnológicas para o

desenvolvimento do projeto de processo para uma unidade de extração supercrítica

de cafeína a partir da erva-mate em escala industrial com capacidade máxima diária

de duas toneladas (<0,1%). Foram utilizados dados experimentais em escala piloto

(Franceschini, 2017) como dados experimentais das variáveis do processo de

extração supercrítica de descafeinização da erva mate e um método de aumento de

escala que propõe a manutenção de proporção de massa de solvente e massa de

matéria-prima. A vazão mássica de solvente foi obtida a partir do equacionamento

de tempo de residência do solvente, mantendo constante a porosidade do leito

obtida em escala piloto. Como resultados, obter-se-á dados dimensionais dos

principais equipamentos de processo, tais como bomba de alta pressão, vaso

extrator e trocador de calor, assim como folhas de dados e fluxograma do processo

em escala industrial.

18

2. OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é propor um projeto de engenharia para o

processo industrial de produção de erva mate descafeinada e de cafeína,

empregando a tecnologia de extração supercrítica.

2.1. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

- Definir o método de escalonamento de processos de extração supercrítica

(passagem da escala piloto para a escala industrial), tendo como matéria-prima um

material vegetal.

- Selecionar e definir as variáveis de operação do processo de extração

supercrítica da erva mate cujos dados experimentais são exigidos para o

escalonamento do processo.

- Obter os dados experimentais das variáveis do processo de extração

supercrítica de descafeinização da erva mate em escala piloto que serão utilizados

no escalonamento ao processo industrial.

- Projetar os principais equipamentos do processo de produção de erva mate

descafeinada com geração de folha de dados de processo: bomba de extração,

trocadores de calor e vaso de extração.

- Propor o fluxograma do processo de descafeinização da erva mate por

extração supercrítica.

19

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo é dedicado à revisão da literatura sobre o tema produção de

erva mate descafeinada, destacando as pesquisas básicas, a evolução no tema, o

estado da arte, as técnicas para monitoramento, análises e interpretação dos

fenômenos, os principais resultados divulgados e as tendências de linhas de

pesquisa.

3.1. Erva Mate

Foi por um erro de percurso que a erva-mate ganhou o nome científico, em

1820, de Ilex paraguariensis, dado pelo botânico francês August de Saint-Hilaire. Ele

teve contato com a árvore primeiramente no Paraguai, mas depois se retratou em

um livro, hoje guardado em uma biblioteca de Paris. O naturalista reconheceu que

seria mais adequado tê-la chamado de Ilex brasiliensis, pois descobriu,

posteriormente, que era no Brasil que a erva-mate era nativa em maior quantidade e

melhor qualidade (Santos, 2011).

O Brasil, atualmente, produz 602,5 kt/ano de erva-mate. Os Estados do Rio

Grande do Sul e Paraná são responsáveis por 83,2% da produção, seguidos pelo

Estado de Santa Catarina, responsável por 16,4% e por último encontra-se o Estado

do Mato Grosso do Sul, com 0,4% da produção. Além do consumo próprio, o Brasil

exporta principalmente para o Uruguai (96,5%), Chile (1,4%) e Espanha (0,7%)

(Sindimaters, 2015).

Explorada em 482 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná

e Mato Grosso do Sul, a indústria de erva-mate movimentou R$ 403,1 milhões no

ano de 2014 (IBGE, 2015). Além disso, tem aumentado o interesse científico na

erva-mate como planta medicinal e/ou alimento funcional (INFORYERBAMATE,

2016).

20

A infusão de folhas de erva-mate tem o mesmo perfil de composição que o

café em relação aos alcaloides e compostos fenólicos (INFORYERBAMATE, 2016).

Sabe-se que a produção e o acúmulo na matéria-prima de algum composto de

interesse, como as metilxantinas (cafeína e teobromina) e os polifenóis, podem

apresentar variações tanto por fatores genéticos como por fatores ambientais (Ruiz

et al., 2015). Logo, a identificação de árvores com alta concentração de cafeína, por

exemplo, pode permitir a implantação de ervais para atender a um mercado

diferenciado que utiliza cafeína como matéria-prima, por exemplo, a indústria de

cosméticos (Lagos, 2001).

O IBAMA (Portaria nº118-N de 1992) classifica os produtos da erva-mate em

cinco principais grupos: bruta verde, cancheada não padronizada, cancheada

padronizada, cancheada padronizada semielaborada, beneficiada-chimarrão e

beneficiada-chás. Estes grupos ainda se subdividem em onze padrões de acordo

com as exigências do mercado que atende. Esta última classificação se baseia em

características de peneiramento e composição de acordo com o percentual de

folhas, ramos, palitos, pó, paus e talinhos.

O beneficiamento da erva-mate em pequenas unidades rurais acontece de

forma muito similar ao processo histórico utilizando ainda alguns termos como

barbaquá e cancheamento. Porém, as grandes empresas evoluíram com relação ao

processo empregando novas tecnologias. A Figura 3.1 apresenta de forma

sistematizada um fluxograma do processo de diversos produtos de erva-mate (Berté,

2011).

A colheita das folhas verdes e pequenos talos é feita manualmente ou

mecanizada e após este material vegetal é encaminhado à unidade de

processamento (Isolabella et al., 2011). Os ramos folheosos são submetidos ao

branqueamento (sapeco) com temperaturas entre 250 a 550ºC (Isolabella et al.,

2011). Após esta primeira operação, os ramos folhosos são submetidos à etapa de

secagem durante 3 a 18 horas, dependendo da forma que esta etapa é realizada

(Berté, 2011; Isolabella, 2011). Então, as folhas são separadas dos ramos e

trituradas para obter a erva mate cancheado. Posteriormente este material vegetal

segue para a etapa de moagem para obtenção da erva-mate para o chimarrão

(Berté, 2011). Para a obtenção de outros produtos, o processo continua para a etapa

de torrefação.

21

Figura 3.1 – Esquema de produção de vários produtos oriundos da erva-mate

Fonte: Berté (2011)

Em função do objetivo deste trabalho ser a produção de erva mate

descafeinada, a descrição do processo de produção de erva mate para chimarrão,

contém entre 0,6 a 2,0% de cafeína (Simões et al., 2007), é importante para indicar

possíveis etapas para incorporar a operação de extração supercrítica ao processo.

Segundo Franceschini (2017), é recomendado promover a extração supercrítica da

cafeína após a etapa de sapeco.

3.2. Extração supercrítica

A extração supercrítica foi desenvolvida em 1960 (Lin et al., 1999), porém foi

no final da década de setenta que o processo em questão foi implantado

industrialmente através da produção de café descafeinado (Cassel et al., 2008).

Atualmente é uma tecnologia bastante estudada em função de sua alta seletividade,

diminuição do tempo de extração comparado com os demais processos e,

principalmente, pela eficiência aliada às condições de pressão e baixa temperatura,

22

fator de grande importância para extração de compostos a partir de matérias-primas

naturais, tais como ervas, compostos bioativos, óleos, entre outros.

A extração supercrítica possui diversas vantagens quando comparada com as

técnicas de extrações convencionais: é um processo flexível devido à possibilidade

de ajuste do poder de solvatação ou da seletividade do fluido supercrítico, dispensa

o uso de solventes orgânicos poluentes e elimina a etapa de separação solvente

extrato, uma etapa de elevado custo nos processos tradicionais (Machmudah et al.,

2011). O solvente mais utilizado para este processo é o CO2 devido a este ser um

gás inerte, de baixo custo e de fácil obtenção, sem odor, não inflamável,

ecoamigável, com baixo ponto crítico (pressão e temperatura) e compatível à escala

industrial. Porém, ele não é indicado para extração de compostos polares devido a

sua natureza apolar, mas a adição de solventes polares ao CO2, denominados de

cossolventes, modifica a polaridade da mistura, promovendo assim a extração de

compostos polares. Entre os cossolventes mais utilizados destacam-se etanol,

metanol e água (Cassel et al., 2008).

Existem muitas variáveis no processo de extração supercrítica que podem

afetar a eficiência de uma extração, tais como, pressão, tempo, temperatura, vazão

do solvente, tipo e concentração de cossolvente, tamanho da partícula, porosidade,

densidade, diâmetro e altura do leito (Bimakr et al., 2012). Sendo assim, é de

fundamental importância a otimização dessas variáveis a partir de experimentos

para o desenvolvimento de uma extração eficiente. Na Tabela 3.1, são apresentadas

variáveis que foram utilizadas para otimizar o processo de extração em diferentes

aplicações.

3.2.1. Fluido supercrítico

O fluido supercrítico (FSC) se caracteriza por se encontrar em condições

acima da temperatura e da pressão críticas em uma única fase. A partir do ponto

crítico, não existe mais distinção entre a fase gasosa e a líquida e o fluido não é

liquefeito com o aumento da pressão, nem tampouco é transformado em gás pelo

aumento da temperatura (Shivonen et al., 1999). A Figura 3.2 ilustra a região de

estado supercrítico para o dióxido de carbono no diagrama pressão versus

temperatura.

23

Tabela 3.1 - Exemplos de estudos sobre os processos extração supercrítica, em função das

matérias-primas, extratos obtidos e as variáveis de processo otimizadas referenciadas na literatura.

Amostra Extrato Variáveis Referências

Folhas de alecrim venezuelanas

Compostos antioxidantes (carnosol e ácido

carnosol)

Pressão, temperatura e tempo de extração

Caldera et al. (2012)

Flor de Borago officinalis L.

Ácidos graxos Pressão, temperatura, volume do cossolvente e tempo estático

de extração

Ramandi et al. (2011)

Helianthus annuus L. Compostos bioativos Pré-tratamento da amostra, temperatura, pressão e

cossolvente

Casas et al. (2007)

Diplotaemia cachrydifolia

Óleo essencial Pressão, temperatura, volume de cossolvente e tempo estático

e dinâmico da extração

Khajeh (2012)

Fonte: Adaptado de Sharif et al. (2014).

Figura 3.2 – Diagrama pressão versus temperatura do dióxido de carbono

Sendo assim, o fluido supercrítico possui propriedades muito peculiares,

adotando comportamento tanto de gases como líquidos, simultaneamente. O que

torna o processo de extração supercrítica atrativo é que essas propriedades podem

24

facilmente sofrer significativas variações com uma mudança pequena de pressão

e/ou de temperatura, alterando o poder de solvatação de um mesmo composto. Na

Tabela 3.2 são apresentadas comparações entre as propriedades típicas de gases e

de líquido com as propriedades do fluido supercrítico.

Tabela 3.2 – Tabela comparativa de propriedades de fluidos no estado gasoso, líquido e supercrítico

Estado Densididade

(kg. m-3)

Viscosidade

(N.s.m-2)

Coeficiente de difusão

(m².s-1)

Gasoso 1 – 100 10-5 – 10-4 10-5 – 10-4

Fluido supercrítico 250 – 800 10-4 – 10-3 10-8 – 10-7

Líquido 800 – 1200 10-3 – 10-2 10-9 – 10-8

Fonte: Taylor (1996).

Como se pode observar, o FSC possui uma densidade muito similar a de um

líquido, o que lhe confere um grande poder de solubilização, enquanto que os baixos

valores de viscosidade, similar a dos gases, combinados aos altos valores de

difusividade, conferem-lhe um grande poder de penetração na matriz do sólido,

reduzindo os tempos de processamento.

3.2.2. O processo

A extração supercrítica é um método de separação e purificação que em

função da não produção de resíduos (Reverchon, 1997; Gaspar et al., 2003),

quando se utiliza como solvente o dióxido de carbono em ciclo fechado, pode ser

classificada como uma tecnologia mais limpa.

O processo de extração supercrítica ocorre em batelada. Os principais

equipamentos utilizados em um processo de extração supercrítica são: vaso de

extração, compressor ou bomba, trocadores de calor, válvula de expansão e vaso

separador. Em escala industrial é comum utilizar mais de um vaso, pois enquanto

um ou mais vasos de extração estão em operação, um ou mais vasos estão sendo

descarregados e/ou carregados, de modo que possibilite a recirculação continua do

solvente. Caso exista recirculação de solvente, a purificação do solvente é uma

etapa necessária. É importante salientar que, ainda hoje, são escassos os estudos

para a escolha do método de pressurização do solvente. A maioria das referências

25

consultadas (Jokic, 2015; Santos, 2011; Penedo, 1997) neste trabalho apresentam

na descrição do processo ambas as opções, compressor ou bomba de alta pressão,

porém em todos os experimentos foram utilizadas bombas (escala laboratorial ou

piloto) como o equipamento para pressurização do fluido. A Figura 3.3 apresenta um

esquema simplificado do processo de extração supercrítica utilizando recirculação

do CO2.

Figura 3.3 – Esquema de uma unidade SFE com recirculação de CO2.

Fonte: Adaptado de Prado (2010)

  B1 – bomba de CO2 para atingir a Pc

B2 – bomba de cossolvente

C1 – corrente de entrada de solvente

(CO2 + cossolvente) do extrator

C2 – corrente de saída de solvente +

extrato do extrator

C3 – corrente de saída do extrato

(+cossolvente)

C4 – corrente de reciclo de CO2

MI – misturador de CO2 e

cossolvente

R1 – reservatório de CO2

R2 – reservatório de CO2 para reciclo

R3 – reservatório de cossolvente

S – separador

TC1 – trocador de calor para manter

CO2 líquido

26

O solvente, após passar pelo primeiro trocador de calor, é pressurizado na

bomba de alta pressão (pressão acima da pressão crítica). Em seguida, o CO2

passa por outro permutador para atingir temperatura superior à temperatura crítica.

Quando há adição de cossolvente, este é misturado ao solvente supercrítico antes

da entrada no vaso extrator (Prado, 2010). Terminada a fase de extração, o solvente

ou solvente + cossolvente e o extrato deixam o extrator e passam pela válvula de

expansão, quando ocorre uma redução brusca de pressão, assim como de

temperatura, devido ao efeito Joule-Thompson ocorrido com a expansão na válvula,

quando se trabalha com dióxido de carbono (Brun, 2012). No momento de redução

de pressão, o CO2 retorna ao seu estado gasoso em condições normais de pressão

e temperatura e o extrato fica armazenado no vaso separador. O solvente recircula

no equipamento.

Algumas variáveis devem ser controladas durante a etapa de extração tais

como pressão, temperatura e vazão de solvente. Portanto, a maioria dos vasos de

extração possui algum sistema de controle destas variáveis.

3.2.3. Equipamentos

Neste item são apresentadas características e propriedades dos principais

equipamentos do processo de extração supercrítica.

3.2.3.1. Bombas

A bomba é o equipamento mais antigo que se conhece para o deslocamento

de fluidos no estado líquido (Sant’anna, 2005). Outra aplicação para as bombas é a

elevação de pressão de um líquido. Há diferentes possibilidades para a classificação

de bombas. A classificação mais utilizada é aquela baseada na forma com que a

energia é cedida ao fluido, resultando, assim em duas classes de bombas: bombas

dinâmicas ou turbobombas e bombas de deslocamento positivo ou volumétricas. No

Quadro 3.1 é apresentado um comparativo entre os dois grupos de bombas.

Não há um critério único para a seleção de um tipo de bomba, sendo

necessária uma análise de diversos parâmetros e variáveis do sistema. Segundo

Perry (1999), é necessário conhecer as propriedades do fluido a ser bombeado, as

27

pressões de sucção e de descarga, a perda de carga total do sistema e ainda sugere

um quadro baseado no intervalo de operação para auxiliar na escolha do tipo.

Quadro 3.1 – Comparativo de bombas

Variável Bombas Volumétricas Turbobombas

Vazão

Independe do sistema (altura e/ou pressões a serem vencidas), a vazão é

proporcional à rotação e ao volume deslocado por ciclo.

Variável com o tempo

Depende das características de projeto da bomba, da rotação e das

características do sistema.

Constante com o tempo

Princípio de funcionamento

O órgão mecânico transmite energia ao líquido sob forma exclusivamente de

pressão.

A energia é transmitida pelo órgão mecânico (rotor) sob a forma cinética

e posteriormente convertida em energia de pressão, em uma região

da bomba denominada difusor.

Partida Podem iniciar o seu funcionamento com a

presença de ar no seu interior

O início de funcionamento deve ser feito sem a presença de ar no seu interior e no sistema de sucção, ou

seja, a bomba deve estar preenchida de líquido (escorvada).

Fonte: Macedo (2010)

3.2.3.2. Compressores

Os compressores, assim como as bombas que atuam no sistema, são

equipamentos que têm como objetivo elevar a pressão de um determinado fluido que

se encontra no estado gasoso. Tal pressurização acontece graças ao acionamento

por motores elétricos ou por turbinas (Perry, 1999).

Assim como as bombas, os compressores também se dividem em

volumétricos e dinâmicos. Os volumétricos ainda se subdividem em alternativos e

rotativos (palhetas, parafusos, lóbulos). Já os dinâmicos, em centrífugos, axiais e

ejetores. No Quadro 3.2 são apresentadas as principais faixas de aplicação dos

compressores para cada tipo de processo.

Como apresentado no Quadro 3.2, os compressores centrífugos são usados,

geralmente, para elevadas razões de compressão e vazões mais baixas que as

vazões de operação dos compressores axiais. Porém, vendo de outra perspectiva,

os compressores alternativos são utilizados para atender altas pressões, já os

centrífugos e axiais são selecionados para operar com altas vazões (Dias e

Marques, 2008).

28

Quadro 3.2 – Tipos de compressores e suas principais faixas de operação

Compressor

Máx Vazão medida na

sucção (m³.h-1)

Pressão de descarga máx

(bar.a)

Pdescarga/Psucção máx por estágio

Pdescarga/Psucção máx por máquina

Alternativo 8495 2413,0 a 3447,0 - 10,0

Rotativo 84950 6,9 a 17,0 8,0 4,0

Centrífugo 3398 689,5 8,0 a 10,0 3,0 a 4,5

Axial 3398000 5,5 a 9,0 5,0 a 6,5 1,2 a 1,5

Fonte: Dias e Marques (2008).

3.2.3.3. Vaso de pressão

Vasos de pressão, conforme NR13 (2014), são equipamentos que contêm

fluidos sob pressão interna ou externa diferente da atmosférica. Há diferentes etapas

de projeto de um vaso de pressão: o projeto de processo, o projeto mecânico e o

projeto de fabricação. O projeto de processo determina o tipo do equipamento, as

dimensões básicas, posição de instalação, elevação necessária, tipo e localização

dos internos, posição dos bocais, tipo de isolamento, temperatura e pressão de

operação, propriedades dos fluidos e nível do fluido (Silva, 1988).

Os vasos de pressão podem ser do tipo vertical ou horizontal e possuem

inúmeras funções dependendo de sua forma, tamanho, resistência mecânica, entre

outros. Os usos mais conhecidos vasos de pressão são em processos de

separação, no armazenamento, em operações de extração, torres de absorção,

torres de destilação ou até mesmo de prover tempo de residência ao processo. Em

processos de extração supercrítica se utiliza vasos verticais.

Os vasos verticais são utilizados principalmente quando é necessária a ação

da gravidade para o funcionamento do vaso ou para escoamento de fluidos (Silva

Telles, 2007), pois favorece a troca térmica e de massa entre fluidos. Vasos muito

compridos na vertical são aplicáveis quando há escoamento preferencial na vertical

como em torres de destilação e algumas de absorção.

Segundo Silva Telles (2007), a faixa de variação de pressões e de

temperatura de trabalho dos vasos de pressão é muito extensa. Existem vasos de

pressão trabalhando desde o quase vácuo absoluto até cerca de 4000 kgf/cm²

(~3922,66 bar), e desde o próximo de zero absoluto até temperaturas da ordem de

1500 ºC. Os vasos de pressão podem ter grandes dimensões e massa, havendo

29

alguns com mais de 60 m de comprimento, e outros com mais de 200 ton.

Contrariamente ao que acontece com quase todos os equipamentos, máquinas,

veículos, objetos e materiais de uso corrente, a grande maioria dos vasos de

pressão não é um item de linha de fabricação de alguma indústria; salvo raras

exceções. Os vasos são, quase todos, projetados e construídos por encomenda, sob

medida, para atender, em cada caso, a determinada finalidade ou as determinadas

condições de desempenho. Como consequência, o projeto é quase sempre feito

individualmente para cada vaso a ser construído.

A maior parte dos vasos é de formato cilíndrico, já que se torna mais fácil o

transporte e a fabricação e aplica-se a quase todas as funções. As dimensões que

caracterizam um vaso de pressão são o diâmetro interno e o comprimento entre

tangentes que significa o comprimento total do vaso entre os dois tampos. Os

tampos, por sua vez, são as peças de fechamento de um vaso cilíndrico e podem

ser de vários formatos: elíptico, toriesférico, hemisférico, cônico e plano. Qualquer

tampo toriesférico é sempre mais fraco do que um elíptico de mesmo diâmetro e

com mesma relação de semieixos. O tampo esférico é proporcionalmente o mais

resistente entre todos. É empregado para vasos horizontais em geral, vasos verticais

de diâmetro muito grande (10 m ou mais), quando as condições de processo

permitam e, também, para vasos pequenos e médios que operam a altas pressões,

caso em que o tampo é de construção forjada integral.

Conforme Manual de Projetos de Vasos da Petrobras, a recomendação de

melhor razão altura/diâmetro é entre 2 e 4 e para valores entre 3 e 5 temos um peso

mínimo para o vaso e consequente menor custo.

No livro publicado por Moss e Basic (2013), é discutido o que realmente é

considerada alta pressão. Neste consta que alta pressão começa a partir de 3000

psi (aproximadamente 207 bar), porém este valor é arbitrário e que não existe norma

ou padrão que defina onde inicia a alta pressão. Ele ainda comenta que a melhor

maneira de decidir se um vaso é considerado como vaso de alta pressão é a partir

da razão R/t (raio do vaso versus espessura do tampo). Quanto a razão R/t for

menor do que 10 os vasos devem ser tratados como de alta pressão.

Moss e Basic (2013) recomendam que para baixas e médias pressões, a

razão altura/diâmetro mais econômica é entre 3 e 5, mas quando a pressão começa

a subir, esta relação também sobe para 10, 50, ou até mesmo 100. Isso acontece

por razões econômicas que orientam a reduzir os diâmetros e aumentar a altura

30

para conseguir o mesmo volume de armazenamento. E ainda explica que por esta

mesma razão, os bocais devem estar localizados nos tampos e não no casco

(parede) do vaso. Considerando um processo de extração supercrítica, segundo

Jokic (2015), é recomendado para os vasos extrator e separador tampos

aparafusados em função de permitir um rápido sistema de fechamento/abertura dos

equipamentos logo após a despressurização do processo.

Prado (2012) realizou uma avaliação econômica do custo de manufatura de

uma extração supercrítica a partir da semente da uva através de um simulador

comercial. O cálculo deste custo leva em consideração a soma de diversas

variáveis, entre elas o custo de investimento de uma unidade de extração industrial.

Três unidades de diferentes escalas foram avaliadas, todas utilizando o mesmo

projeto, o qual foi baseado no equipamento piloto, porém com volumes de vasos de

extração variando de 5 a 500 litros, sendo que o critério de aumento de escala de 50

e 500 litros foi baseado na manutenção da razão entre a massa de solvente e a

massa de matéria-prima. Chegou-se a conclusão que o custo de investimento inicial

de uma unidade industrial com dois vasos extratores de 5 litros foi de US$

100.000,00; enquanto, o custo de uma unidade com dois vasos extratores de

cinquenta litros foi de US$ 300.000,00; já, para uma unidade com dois vasos de 500

litros foi de US$ 1.150.000,00. Analisando estes dados, é possível concluir que o

custo do vaso de extração não aumenta linearmente com o volume do vaso. Isto é,

quanto maior a capacidade da unidade industrial, menor é custo da unidade por litro.

3.2.3.4. Trocadores de calor

Trocadores de calor são dispositivos que permitem a troca de calor entre dois

fluidos que estão a diferentes temperaturas. Os trocadores de calor podem ser

classificados de diversas formas, porém tipicamente costumam ser classificados em

função da configuração do escoamento e do tipo de construção (Magalhães, 2007).

Os tipos mais conhecidos são os trocadores tipo casco-tubo, trocador de placas,

duplo tubo.

Os trocadores de casco e tubo abrangem os serviços mais comuns da

engenharia química, pois podem operar em um intervalo amplo de pressão,

temperatura e vazão. Porém, conforme norma TEMA (9ª edição), a pressão máxima

admissível é de 3000 psi (206,9 bar). Já os trocadores de placas são mais caros e

31

são empregados, principalmente, quando não se dispõe de muita área física. Por

último, os trocadores duplo tubo são excelentes para serviços com altas pressões.

O trocador duplo tubo é composto por dois tubos concêntricos (Magalhães,

2007). A vazão típica é contracorrente e podem ser instalados em série ou em

paralelo. Este tipo de trocador de calor é usualmente empregado quando a

superfície para a transferência de calor for pequena, aproximadamente até 300 ft²

(27,6 m²). Os trocadores casco e tubo, também chamados de multi-tubulares, são

divididos de acordo com a norma TEMA (9ª edição) em três partes principais: o

cabeçote frontal, o casco e o cabeçote posterior. Os trocadores são descritos a partir

de códigos alfabéticos para cada uma das três seções – como, por exemplo, um

trocador de calor tipo BFL que possui um carretel com tampo inteiriço, um casco

com dois passes com uma chicana longitudinal e um cabeçote posterior de espelho

fixo (Mukherjee, 1998). Há diferentes aplicações para cada uma dessas partes do

trocador de acordo com as vantagens e desvantagens de cada tipo, permitindo

assim, inúmeras possibilidades de uso.

A forma mais simples de um trocador casco tubo envolve um único passe nos

tubos e no casco (Figura 3.4). Normalmente são instaladas chicanas para aumentar

o coeficiente convectivo no fluido no lado do casco, através da indução de

turbulência e de um componente de velocidade na direção do escoamento cruzado.

Além disso, as chicanas apoiam fisicamente os tubos, reduzindo a vibração dos

tubos induzida pelo escoamento (Bergman et al, 2014).

Figura 3.4 – Trocador de calor casco e tubos com um único passe no casco e nos tubos

Fonte: Bergman et.al, 2014.

Nos processos de extração supercrítica, os trocadores de calor possuem um

papel de condicionar o fluido para atingir uma temperatura adequada para as

32

operações de bombeamento, extração, separação e acondicionamento (Del Valle et

al., 2014). As principais variáveis para projetar um trocador de calor são: vazão dos

fluidos, a perda de carga admissível, as temperaturas de entrada e/ou saída dos

fluidos e o fator de incrustação.

3.2.4. Aplicações Industriais

A aplicação industrial da tecnologia em supercríticos iniciou no final da década

de setenta na Alemanha com plantas de processamento de café com o objetivo de

se obter café descafeinado (Anklam e Muller, 1995). Os processos de extração

supercrítica se destacam devido a características como: tecnologia limpa que não

gera resíduos, emprego de solventes não tóxicos, tradicionalmente o CO2, operação

a baixas temperaturas, o que não altera as propriedades dos extratos

termossensíveis. Apesar das vantagens citadas acima, ela costuma ser descartada

antes mesmo de uma avaliação técnica, principalmente porque está associada a

altos custos de investimento (Assis, 2010). Entretanto, o desenvolvimento do

processo e de equipamentos que se estabeleceu durante as últimas três décadas

tem alterado este panorama e os custos iniciais estão cada vez mais baixos devido a

este desenvolvimento (Meireles, 2006).

Segundo estudo realizado por Perrut (2000), embasado na experiência

profissional, este apresenta uma variável adimensional nomeada índice de preços e

relaciona esta com a vazão de solvente supercrítico e volume total de produto em

diferentes escalas de operação (laboratorial, piloto e industrial). A partir dos

resultados deste estudo foi possível concluir que a amortização do capital decresce

com o crescimento da capacidade da planta (Perrut, 2000).

O custo da extração supercrítica é função das inúmeras variáveis associadas

direta ou indiretamente ao processo, entre elas o custo energético. Em unidades de

pequena e média escala, a energia não representa um custo significativo,

principalmente quando o calor é fornecido através de vapor já disponível no local. O

aquecimento elétrico é a opção mais flexível, porém deve ser limitado a unidades de

pequena escala. Em função do custo relacionado ao consumo de CO2, é indicada a

instalação de unidade de recompressão e recuperação para o reciclo do solvente,

principalmente para unidades de alta capacidade industrial (Perrut, 2000).

33

O uso da tecnologia com fluidos supercríticos deve ser considerado quando

comparado aos processos tradicionais empregados na indústria, principalmente, no

que tange a aspectos ambientais e econômicos. Como exemplo, o projeto de

processos químicos com taxa zero de efluentes e no caso, do dióxido de carbono

supercrítico, ele pode ser totalmente reciclado (Brun, 2012). A substituição de

solventes orgânicos é um dos objetivos traçados pelos princípios da química verde

em processos industriais e a aplicação do processo de extração supercrítica com

reciclo de CO2 atende a esse princípio. (Brun, 2012). No Quadro 3.3 são

apresentados alguns exemplos de plantas comerciais de extração supercrítica.

3.2.5. Aumento de escala

O projeto de uma unidade de extração supercrítica visa à otimização de duas

variáveis que afetam diretamente a sua viabilidade econômica: tempo de extração e

rendimento de processo (Al-Jabari, 2002). A eficiência da extração supercrítica e a

sua seletividade dependem das condições operacionais, das propriedades do

substrato e das características da unidade experimental (Zetzl et al., 2004),

geralmente estudadas em escala laboratorial ou piloto. Sendo assim, o estudo do

aumento de escala é importante a fim de estabelecer uma metodologia que permita

predizer o comportamento do processo de extração supercrítica em escala industrial

a partir dos dados obtidos em laboratório (Prado, 2010).

O grande desafio do estudo de aumento de escala é a escolha dos critérios,

isto é, quais parâmetros e condições devem ser mantidos constantes, quais devem

variar, e como devem variar para reproduzir em grande escala curvas de extração de

um processo de extração supercrítica realizado em laboratório (Martínez, 2005).

Prado (2010) estudou os critérios de aumento de escala e chegou a

conclusão de que o simples critério de manutenção da proporção entre massa de

solvente (S) e massa de matéria-prima (F) e da porosidade do leito se mostrou

eficiente para as cinco matérias-primas estudadas: cravo da índia (Eugenia

caryophyllus), gengibre (Zingiber officinale), resíduo de cana-de-açúcar (Saccharum

spp), cidrão (Aloysia triphylla) e semente de uva (Vitis vinifera). Corroborando com isto,

Jokic (2015) também concluiu que, das quatro metodologias propostas por Clavier

and Perrut (2004), o melhor critério de aumento de escala de uma planta de extração

supercrítica de óleo de soja foi a manutenção da proporção entre vazão mássica de

34

solvente e de matéria-prima e ainda reforça que além dele, outros pesquisadores

também chegaram a mesma conclusão utilizando como matéria-prima o óleo do

caroço de pêssego (Mezzomo et al., 2009), de cravo e de vetiver (Martinez et al.,

2007)

Quadro 3.3 – Plantas comerciais de extração supercrítica

Processo Indústria

Descafeinização de café

General Foods, Eua

Kaffe, HAG AG, Alemanha

Hermsen, Alemanha

Maxwell House, EUA (80 000t/ano)

Evonik, Alemanha

Descafeinização de chá SRW-Trostberg, Alemanha

Pesticidas naturais Agropharm, Reino Unido

Extrato de lúpulo

Hopfenextraktion, Alemanha

Hops Extraction Corp. Of America, EUA

J.I.Haas, EUA

Carlton, Australia

Boatnix, Reino Unido

Condimentos/Aromas/Colorantes/Produtos naturais

SKW-Trostberg-Alemanha

Cal Pfizer – França

Falvex Gmbh, Alemanha

Norac Technologies, Canadá

Ogawa Flowers and Fragance, Japão

Sensiet Technologies, EUA

TakedaKirin Food Company, Japão

Valensa International, EUA

Fuji Flavor, Japão

Flavex, Alemanha

Purificação de cortiça

Diam Bouchage, França (1,2 bilhão/ano)

Diamant Techoenologie – Espanha

Óleos essenciais Proderna Biotech, India e Holanda

Honsea Sunshine Biotech, China

Fonte: Adaptado de Brun (2012).

35

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido a partir dos dados experimentais do processo

de descafeinização da erva mate obtidos por Franceschini (2017). O objetivo do

trabalho supracitado foi otimizar o processo de extração supercrítica, realizando

experimentos em escala piloto, a partir da análise de sete variáveis, de modo a obter

um produto considerado descafeinado perante à legislação brasileira. As variáveis

analisadas foram granulometria da planta, porosidade do leito, teor de umidade da

planta, razão massa de cossolvente/volume de solvente, temperatura, pressão e

razão de massa da planta/massa de solvente.

O primeiro conjunto de resultados otimizados por Franceschini (2017) é o

seguinte: pressão de 300 bar, temperatura de 60 ºC, tempo de extração de 2 h,

vazão de CO2 igual a 1000 g/h e massa de erva mate igual a 8 g. As demais

variáveis otimizadas são apresentadas na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Resultado de otimização de variáveis para a extração supercrítica de erva-mate em

escala piloto

tamanho da partícula

(mm)

massa planta/massa CO2

(kg/kg)

porosidade teor de cossolvente

(m/v)

concentração final de cafeína

(%)

0,428 1:250 0,84 5,5% 0,035

Após a primeira etapa de otimização, Franceschini (2017) realizou novas

extrações a fim de otimizar a razão de massa de planta/massa de solvente

supercrítico. Mantendo as condições de processo pressão (300 bar), temperatura

(60 ºC) e tempo de extração (2 h), modificaram-se a vazão de CO2 (1200 g/h) e

massa de erva-mate (36,5 g). Os demais valores das variáveis otimizadas são

apresentados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Resultado de otimização de variáveis para a extração supercrítica de erva-mate em

36

escala piloto.

tamanho da partícula

(mm)

massa planta/massa CO2

(kg/kg)

porosidade teor de cossolvente

(m/v)

concentração final de cafeína

(%)

0,428 1:65 0,79 5,5 % 0,058

A quantidade de massa de erva mate processada diariamente, utilizada como

referência neste trabalho, foi indicada por uma grande empresa do setor ervateiro

através a partir de uma estimativa de comercialização de erva mate descafeínada.

Sendo assim, a capacidade máxima diária de produção total da unidade industrial foi

estimada em 2 toneladas de erva-mate. Além disso, foi solicitado que fosse

respeitado o tempo de operação máximo diário de 8 horas.

Portanto, com os dados oriundos das otimizações das variáveis para a

extração supercrítica de erva-mate em escala piloto (Tabelas 4.3 e 4.4) e dos dados

fornecidos pela empresa em relação à quantidade produzida/dia e o tempo de

operação máximo diário, foi possível calcular os principais equipamentos de

processo, os quais serão tratados individualmente nos subitens a seguir.

O primeiro cálculo realizado neste estudo de escalonamento foi a vazão de

solvente em escala industrial a partir dos métodos de aumento de escala proposto

por Prado (2010). Para calcular esta vazão de solvente foi usada a Equação 4.1,

considerando a porosidade do leito constante ao longo do processamento.

1

2

1

2

2

2

F

F

Q

Q

CO

CO (4.1)

onde QCO2 é a vazão de solvente e F é a massa da matéria-prima.

4.1. Vaso de extração

De acordo com os dados obtidos em escala piloto por Franceschini (2017) e

da definição da capacidade máxima de produção de erva-mate descafeínada, 2 t/dia,

a seguir é apresentada a metodologia usada para calcular a capacidade do vaso de

extração. Sabendo que a massa específica da erva-mate é de 1311,3 kg/m³

37

(Franceschini, 2017), calcula-se o volume necessário para atender a produção

diária, sendo este valor correspondente ao volume de sólidos (Equação 4.2).

mateerva

mateervasóllidosVolume

diária produção (4.2)

Utilizando os valores de porosidade (ε) indicados nas Tabelas 4.3 e 4.4 e o

volume de sólidos calculado pela Equação 4.2, determina-se o volume de vazios

(Equação 4.3) e o volume total do vaso de extração (Equação 4.4), considerando a

massa processada de 2 t/dia de erva mate.

vaziossólidos

vazios

VolumeVolume

Volume

(4.3)

vaziossólidostotal VolumeVolumeVolume (4.4)

A partir da definição do volume total processado/dia são dimensionados os

vasos de extração de forma que seja econômica e tecnicamente viável a sua

aplicação em escala industrial.

4.2. Bomba / compressor

Sabendo-se que tecnicamente duas opções de equipamentos são possíveis,

bombas de alta pressão e compressores, a definição pelas bombas ocorreu devido

as mesmas serem a alternativa mais econômica. Em função da facilidade de

operação, precisão e facilidade de atendimento de altas pressões, optou-se pelos

modelos de bombas de deslocamento positivo.

Para o cálculo de vazão da bomba, utilizou-se a Equação 4.1 de acordo com

o volume de cada batelada. O volume da batelada é transformado em massa de

planta (Equação 4.5) e assim obteve-se o valor de F2 da Equação 4.1.

).1.( adatotalbatelplanta Vm (4.5)

38

A bomba foi calculada utilizando uma tabela excel já validada e empregada

em empresas de projeto, visto que possui todos os equacionamentos necessários

para o dimensionamento da bomba. Os valores das seguintes variáveis de entrada

são solicitados para se dimensionar a bomba (Figura 4.5): pressão no reservatório

(Ps), altura estática de sucção (S), perda de carga na tubulação de sucção e nos

acessórios (P1), vazão volumétrica do fluido, perda de carga nas linhas de

descarga e nos acessórios (P2 e P3), pressão no reservatório de descarga (Pd),

altura estática de recalque (R). Além disto, é necessário informar as seguintes

propriedades do fluido: temperatura de bombeamento (Tb), pressão de vapor à Tb,

viscosidade à Tb, densidade à Tb.

Figura 4.5 – Fluxograma do bombeamento de um solvente, indicando as variáveis de entrada usadas

no dimensionamento da bomba.

As variáveis pressão de vapor, densidade e viscosidade do solvente foram

obtidas através do software Aspen Hysys (v.8.0), utilizando a equação de estado de

Peng Robinson. A temperatura de entrada do CO2 na bomba foi obtida a partir de

simulação no software Aspen Hysys (v.8.0) com o objetivo de estimar qual seria o

valor ideal de temperatura para que o fluido não cavitasse no interior da bomba

(Figura 4.6). A corrente de entrada de CO2 foi alimentada com os dados de

composição do fluido, pressão de sucção e vazão mássica de solvente. Na corrente

de descarga foi somente informado a pressão de descarga. A partir dessas

informações, a temperatura do fluido na corrente de entrada foi sendo variada a fim

de obter qual o valor máximo de temperatura para iniciar a ocorrência deste

fenômeno de cavitação.

Qv

39

Figura 4.6 – Simulação da temperatura de bombeamento no software Aspen Hysys (v.8.0)

A pressão de sucção utilizada nos cálculos foi definida a partir do valor da

menor pressão de operação do cilindro de CO2, isto é, aproximadamente 55 bar

Franceschini (2017). A pressão no reservatório de descarga é a pressão de

operação do vaso de extração.

As seguintes variáveis são calculadas com o objetivo de integrar a folha de

dados de processo do equipamento (bomba de alta pressão), informações exigidas

por fornecedores para indicarem equipamentos comerciais, assim como fornecerem

orçamentos:

- Pressão diferencial do equipamento (pressão de descarga – pressão de

sucção) ou altura equivalente à pressão diferencial (head).

- NPSH (Net Positive Suction Head). O NPSH (Net Positive Scution Head) é

um importante parâmetro que mostra a diferença entre a pressão de um líquido em

uma tubulação (pressão de sucção da bomba) e a pressão de vapor do líquido a

uma dada temperatura (temperatura de bombeamento). O resultado deste cálculo

informa se ocorrerá o fenômeno de cavitação na bomba, pois se a pressão de

sucção for menor que a pressão de vapor do fluido, este fenômeno acontecerá e

consequentemente gerará a degradação do equipamento e o mau-funcionamento do

mesmo.

A bomba de cossolvente foi dimensionada com o auxílio da mesma planilha

em Excel, seguindo os mesmos conceitos da bomba de CO2. A vazão de

cossolvente foi calculada pela Equação 4.6, utilizando os dados apresentados nas

Tabelas 4.3 e 4.4 (5,5% mcossolvente/vCO2).

ole

CO

ole

mQ

tan

.

tan ).100/%5,51(

)100%5,5.(2

(4.6)

40

A pressão de sucção foi estabelecida de acordo com a pressão líquido-vapor

do etanol, obtida através do software Aspen Hysys (v.8.0), considerando que este

solvente se encontra armazenado em um tanque à temperatura de 25ºC.

As perdas de cargas são calculadas somente após a definição de layout da

planta industrial, geralmente definidas na etapa de projeto básico. Para o

preenchimento da planilha em Excel que dimensiona a bomba de cossolvente estes

valores foram zerados.

4.3. Trocador de calor

O trocador de calor foi projetado com uso do software EDR (v.8.0). Como a

pressão de operação do trocador de calor é inferior a 3000 psi (aproximadamente

206,9 bar) é possível trabalhar com trocador do tipo casco-tubo, utilizando os

critérios de dimensionamento da Norma TEMA 9ª edição (2007). A norma indica

alguns valores padrão de comprimento, espaçamento entre chicanas, tipos de

trocador, entre outras variáveis. Estes valores padrão constam como uma das

opções de cálculo no simulador, sendo assim foi definido seguir os critérios da

Norma TEMA.

Além disto, foram estudados dois tipos de fluidos refrigerantes: água de

resfriamento e uma mistura de água (80%) com etileno glicol (20%). A água pura

possui uma capacidade calorífica maior que a mistura de água com etileno glicol

(EG), porém tem restrições quanto à operação em temperaturas próximas ou abaixo

de 0º C, já que a água congela a 0º C. A mistura com EG pode operar com

temperaturas abaixo de 0º C.

Para estabelecer a temperatura de entrada e de saída do fluido refrigerante,

foram seguidos valores padrão de fornecedores deste tipo de equipamento. A

principal restrição do sistema padrão oferecido pelos fabricantes é respeitar uma

diferença de temperatura de 5,0 a 5,5ºC no máximo entre entrada e saída do fluido

refrigerante, sendo que a vazão não é fator determinante para a fabricação deste.

Sendo assim, os trocadores de calor para liquefazer o CO2 foram calculados para

respeitar esta condição de contorno de temperatura, deixando livre a vazão

necessária para a troca térmica.

41

Conforme já descrito, a temperatura ótima de saída do solvente é estimada

em simulação realizada no software Aspen Hysys, pois este fluido deverá estar

totalmente liquefeito, evitando a cavitação na bomba. A seguir são listadas as

variáveis de processo utilizadas para o cálculo do trocador de calor:

- Vazão de solvente.

- Pressão de operação no casco e nos tubos.

- Perda de carga admissível no casco e nos tubos.

- Velocidade mínima do fluido refrigerante.

- Propriedades físicas dos fluidos.

- Fator de incrustação de ambos os fluidos.

- Temperatura de entrada e saída da corrente quente.

- Delta de temperatura da corrente fria.

O software citado anteriormente (EDR, v.8.0), além de projetar o trocador de

calor, possui uma opção de simulação de operação do equipamento. Sendo assim,

para optar entre os fluidos refrigerantes, foram simulados os trocadores utilizando

água e a mistura de água mais EG, conforme comentado anteriormente. Esta

simulação é possível a partir dos dados de projeto do equipamento já calculados na

etapa anterior.

4.4. Válvula de expansão

A válvula de expansão está localizada na saída do vaso de extração, já que a

sua operação tem como objetivo uma redução brusca de pressão, para separar o

extrato do solvente. Foram previstas duas válvulas de expansão, a primeira entre o

vaso de extração e o primeiro separador e uma segunda entre o primeiro vaso

separador e o segundo vaso separador. A perda de carga da primeira válvula foi

definida como sendo 235 bar e da segunda válvula 10 bar. O dimensionamento da

válvula foi realizado no Software Aspen Hysys (v.8.0) tendo como variáveis de

entrada a perda de carga de cada válvula e a vazão que foi considerada como a

vazão de solvente de cada caso.

42

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados do dimensionamento dos

principais equipamentos do processo de descafeinização da erva mate: vaso de

extração, trocadores de calor, bomba de alta pressão e válvula de expansão. É

também definida a capacidade diária máxima de extração de cafeína e a vazão

mássica de solvente a partir do equacionamento de tempo de residência do

solvente, mantendo constante a porosidade do leito obtida em escala piloto. Além

disto, é apresentado o fluxograma proposto para a planta de extração supercrítica

em escala industrial.

5.1. Vaso de extração

O vaso de extração é o equipamento chave em um processo de extração

supercrítica. Neste estudo optou-se por operar com vasos de extração com volumes

entre 1000 e 400 litros para a unidade de extração supercrítica. Considerando que o

processo opera, em relação à extração, em batelada, o objetivo foi definir uma

distribuição de vasos em que o processamento fosse contínuo, isto é, enquanto

alguns vasos estivessem em operação, outros estariam sendo carregados e

descarregados. Desta maneira é possível utilizar somente uma bomba de alta

pressão e um único trocador para atender ambas as bateladas de forma que o

processo seja um ciclo contínuo. Estas distribuições dos vasos foram feitas para

atender as duas condições otimizadas de processo apresentadas nas Tabelas 4.3 e

4.4.

Para a primeira condição de projeto (Tabela 4.3): P = 300 bar; T = 60 ºC;

textração = 2 h; vCO2 = 1000 g/h; merva-mate = 8 g, o volume diário total calculado foi de

9532 litros, considerando o processamento de 2 t/dia. A operação foi dividida em três

bateladas de 2 h cada, a fim de cumprir o tempo de trabalho máximo indicado pela

empresa do ramo ervateiro. O volume de cada batelada foi calculado dividindo o

43

volume total obtido por 3. Para tanto, foi considerado uma operação de 06 h diárias

de extração e 02 h diárias para carregar e descarregar os vasos, resultando em um

volume exigido para a planta industrial de 3200 litros. Uma sugestão de distribuição

de vasos de diferentes tamanhos é 02 vasos de 1000 litros e 03 vasos de 400 litros.

Esta distribuição não consistiu no foco do dimensionamento, pois a definição do

melhor volume de cada vaso e da distribuição dos vasos na unidade industrial é

dependente de fornecedores destes equipamentos que dominam os conceitos de

materiais de construção em relação à viabilidade técnica e econômica.

Para a segunda condição de projeto (Tabela 4.4): P = 300 bar; T = 60 ºC;

textração = 2 h; vCO2 = 1200 g/h; merva-mate = 36,5 g, o volume diário total calculado foi

de 7200 litros, considerando a produção de 2 t/dia. Uma sugestão de distribuição de

vasos de diferentes tamanhos é 04 vasos de 600 litros. Considerando uma operação

de 06 h diárias de extração e 02 h diárias para carregar e descarregar os vasos, o

volume exigido para a planta industrial é 2400 litros.

Na folha de dados desenvolvida para os vasos de extração foi previsto que o

vaso deverá ser projetado a fim de que o topo seja de fácil acesso, onde a erva mate

será alimentada a partir de um cesto metálico fechado por discos de filtros,

geralmente de aço inoxidável sinterizado (Jokic, 2015). O sistema de

fechamento/abertura do bocal superior deve ser específico para aplicações de alta

pressão e de fechamento rápido com tampo aparafusado ou similar, (Figura 5.7).

Para os elementos filtrantes, se possível, a literatura indica (Jokic, 2015) a utilização

de filtros certificados com fio de malha de aço inoxidável revestido com papel de filtro

fino e substituível para evitar obstruções nas tubulações devido ao arraste de

matéria-prima e possíveis sobrepressões. Ainda sim, deverá ser previsto válvula de

alívio de pressão (Pressure Relief valve – PSV) ou discos de ruptura, item exigido na

norma NR13 (2014).

Em se tratando de vasos de alta pressão, todos os instrumentos necessários,

como indicador de temperatura, pressão, e todas as válvulas, como PSV, devem

estar localizados nos tampos, devido a maior fragilidade do casco (parede lateral) do

vaso.

44

Figura 5.7 – Sistema de fechamento rápida do vaso de extração

Fonte: http://www.nuaxon.com, 2017

Foi elaborada a folha de dados de processo dos vasos de extração. As

principais informações que constam na folha de dados do vaso de extração são

apresentadas na Tabela 5.5.

Tabela 5.5 – Resumo da folha de dados de processo do vaso de extração

Vaso de extração

Produto Erva-mate

descafeínada Subproduto Cafeína

Modo de Operação

Batelada

Descrição da Matéria prima

Erva-mate com tamanho de

partícula de 0,428 mm

Produção diária 2 t/h Composição da matéria-prima

Erva mate com 5% de

água

Massa específica do

solvente 1,3113 g/cm³

Composição química do

rafinado

0,1% Max de cafeína

Solvente CO2

Cossolvente Etanol Temperatura de

operação 60 ºC

Pressão de Operação

300 bar

Volume total (primeira condição)

9532 litros, Volume de

batelada = 3200 litros

Vazão de solventepor batelada (1ª

condição) 83 t/h

Vazão de cossolvente por

batelada (1ªcondição)

6,2 m³/h

Volume total (segunda condição)

7200 litros, Volume de

batelada = 2400 litros

Vazão de solventepor batelada (2ª

condição) 22 t/h

Vazão de cossolvente por

batelada (2ªcondição)

1,6 m³/h

Os vasos de extração (alta pressão) são projetos por encomenda (sob

medida). A construção dos vasos de extração para o processo de descafeinização

de erva mate utilizará as informações que constam da Tabela 5.5 e os detalhes

supracitados como os tipos de tampas, filtros e outros. É importante ressaltar que na

45

folha de dados de processo são indicadas as normas que devem ser seguidas para

a fabricação dos mesmos, principalmente as normas brasileiras como a NR13

(2014), pois a maioria dos fornecedores é estrangeira e podem não estar

familiarizados com essas exigências.

5.2. Bomba de solvente

Sabe-se, do meio industrial, que a utilização de bomba ao invés de

compressor é a alternativa mais viável, tanto técnica quanto econômica para esta

aplicação. Adicionalmente a isto, os estudos sobre extração supercrítica avaliados

(Quadro 3.1 e Tabela 3.1) utilizam bombas de alta pressão. A partir dos cálculos

demonstrados no capítulo 4 e de informações de fabricantes, o tipo de bomba

escolhido foi de deslocamento positivo, pois a pressão não é o fator limitante para

este grupo de bombas, mas a vazão necessária sim, ao contrário das bombas

centrífugas.

Os dados inseridos na folha de dados de processo para a bomba de alta

pressão são mostrados na Tabela 5.6. Para evitar que ocorresse o fenômeno de

cavitação na bomba, foi utilizado o software Aspen Hysys (v.8.0) para determinar a

temperatura de bombeamento segura para este tipo de operação. Ressalta-se que

valores de temperatura acima de 19ºC acusam da cavitação.

Tabela 5.6 – Resumo de folha de dados de processo da bomba de solvente

Bomba de CO2

Temperatura de bombeamento

(TB)

18 ºC Densidade a TB 0,833

Viscosidade a TB 0,075 cP Pressão de vapor a TB 54,6

kgf/cm².g

Vazão volumétrica primeira

condição

91 m³/h Vazão mássica primeira

condição

83 t/h

Vazão volumétrica segunda

condição

26 m³/h Vazão mássica segunda

condição

22 t/h

Pressão no reservatório de

descarga

300 bar Pressão de sucção no

reservatório

55 bar

NPSH disponível 53 m Altura equivalente na pressão

diferencial

2944,0 m

46

As folhas de dados da bomba de alta pressão para as duas condições

otimizadas foram encaminhadas a alguns fabricantes de bombas de alta pressão,

porém somente houve retorno por parte de uma empresa (LEWA). A empresa em

questão sugeriu uma bomba diafragma, cuja vazão máxima é de 3,3 m³/h de CO2

(R$ 3.100.000,00/bomba). Infelizmente a empresa LEWA não atua no segmento de

bombas de alta pressão de altas vazões, pois para atender a demanda de processar

2t/dia de erva mate seriam necessárias 32 bombas (primeira condição otimizada) ou

08 bombas (segunda condição otimizada), o que inviabiliza economicamente o

processo de produção de erva mate descafeinada, sendo assim necessário a busca

de fabricantes de bombas de alta pressão que operem com altas vazões.

A partir da avaliação dos resultados obtidos em relação ao número de

bombas necessárias para operar o processo de extração supercrítica de cafeína a

partir da erva mate (bombas da empresa LEWA), repensar a utilização de

compressores em vez de bombas de alta pressão, consiste em uma indicação

adicional na folha de dados das bombas de alta pressão.

5.2.1. Bomba de cossolvente

Foi também gerada uma folha de dados de processo específica para a bomba

de cossolvente de acordo com a vazão calculada do mesmo (Tabela 5.8).

Tabela 5.8 – Resumo da folha de dados de processo da bomba de cossolvente

Bomba de Etanol

Temperatura de bombeamento (TB) 25 ºC Densidade a TB 0,7890

Viscosidade a TB 0,9626 cP Pressão de vapor a TB 1,169 psia/

0,0806 bar

Vazão volumétrica primeira

condição

6,19 m³/h Vazão mássica primeira

condição

4,88 t/h

Vazão volumétrica segunda

condição

1,57 m³/h Vazão mássica segunda

condição

1,24 t/h

Pressão no reservatório de

descarga

300 bar Pressão de sucção no

reservatório

0 bar (atm)

NPSH disponível 12 m Altura equivalente na

pressão diferencial

3807,8 m

47

Assim como ocorreu para a bomba de CO2, a fabricante Lewa propôs uma

bomba diafragma (Figura 5.8) que permite operar com uma pressão de descarga de

300 bar e um range de vazão de 6 m³/h máximo e 0,6 m³/h mínimo. A proposta é

uma bomba de alta pressão para etanol líquido com um quadro e oito cabeçotes.

Para o bombeamento do cossolvente, a partir das informações contidas na folha de

dados (Tabela 5.8), é necessária somente uma bomba para atender a batelada,

independentemente da condição calculada. Uma bomba similar pode ser visualizada

na Figura 5.8. O custo estimado desta bomba é de 2 milhões de reais. Para o

bombeamento de cossolvente não há a necessidade de avaliar a viabilidade de usar

um compressor, pois o etanol é liquido na faixa de operação do processo de

extração supercrítica.

Figura 5.8 – Bomba diafragma proposta pela Lewa

Fonte: Catálogo Lewa de bombas diafragmas, 2017

5.3. Trocador de calor

O tipo de trocador escolhido foi o modelo BEM. Este tipo de trocador possui

carretel de tampo inteiriço, casco de um único passe e espelho fixo. Entre os motivos

que levaram a seleção deste tipo de trocador foi o seu baixo custo devido a sua

facilidade de fabricação, visto que estes não necessitam juntas de expansão. Outras

vantagens são que os tubos podem ser limpos mecanicamente após a remoção dos

cabeçotes e a probabilidade de um vazamento no casco é baixa, desde que o

trocador não possua juntas flangeadas. Uma desvantagem deste tipo de trocador é

que não se consegue realizar a limpeza na parte externa dos tubos devido ao fato do

48

feixe ser fixo, porém como o fluido no lado do casco é um fluido limpo não há

preocupações ou contraindicações quanto ao tipo de trocador escolhido.

Além da escolha do tipo de trocador, optou-se por trabalhar com arranjo

triangular nos tubos, já que este arranjo permite acomodar mais tubos do que o

arranjo quadrangular e este arranjo escolhido produz uma maior turbulência

resultando em um maior coeficiente de troca térmica. Por recomendação da norma

TEMA (9ªedição), optou-se por um trocador com um passo nos tubos de 1,25 vezes

o diâmetro externo (OD) do tubo, distância mínima para arranjos triangulares. A

folha de dados para os trocadores de calor é mostrada na Tabela 5.9.

Tabela 5.9 – Dados das variáveis de entrada para a simulação do trocador de calor

Vazão de CO2

83 t/h @primeira condição

22 t/h @ segunda condição

Pressão de Operação Casco

~55 bar

Perda de carga admissível casco e tubo

1 bar Velocidade mínima do fluido refrigerante

1 m/s

Temperatura de projeto de entrada e saída da corrente quente

40 ºC e 18 ºC Propriedades físicas dos fluidos

Banco de dados Sotware Aspen Hysys

Fator de incrustação do CO2

0,0002 h.ºC.m2/kcal Fator de incrustação da água de

resfriamento e solução

0,0004 h.ºC.m2/kcal

Passe nos tubos 1,25 ODtubos Arranjo dos tubos Triangular

Posição dos trocadores

Horizontal Tipo BEM

A velocidade mínima recomendada para o fluido refrigerante é de 1 m/s para

prevenir a incrustação/sujeira nos tubos do trocador.

Neste trabalho foram estudadas duas alternativas de fluidos refrigerantes:

água e a mistura água/etileno glicol. Ambos os fluidos atendem a demanda definida

para o trocador de calor, porém optou-se pela mistura de água/etileno glicol porque a

mesma tem uma maior flexibilidade operacional, isto é, pode-se variar facilmente a

temperatura de operação, já que não existe a restrição de trabalhar com um limite de

temperatura de 0ºC como ocorre quando se utiliza água. Atualmente este tipo de

fluido é largamente utilizado na indústria, sendo uma tecnologia acessível e fácil de

operar.

49

A maior parte da demanda de energia associado ao trocador de calor é para

liquefazer o CO2, ou seja, troca de calor latente. A partir da simulação realizada no

software EDR (v8.0), foi possível observar que esta etapa representa em torno de 71

% do calor total trocado. No gráfico da Figura 5.9 de Temperatura versus

comprimento do trocador pode-se visualizar que quase a totalidade do comprimento

do equipamento é utilizada para a condensação do CO2 no trocador de calor

utilizando como fluido refrigerante a mistura de água/etilenoglicol.

Figura 5.9 - Gráfico temperatura versus comprimento do trocador de calor

O sistema de refrigeração do fluido refrigerante do trocador de calor a ser

utilizado não foi projetado neste trabalho, porém se sabe que o sistema é composto

por um ciclo fechado composto por um compressor, uma válvula de expansão, um

condensador e um evaporador (Figura 5.10). Conforme apresentado no subitem 4.3,

foram respeitadas as condições padrões para o dimensionamento deste sistema,

sendo assim, as informações que deverão ser dadas aos fabricantes são as

temperaturas de entrada e saída do fluido refrigerante e a vazão do fluido

refrigerante do trocador.

Figura 5.10 - sistema de um ciclo ideal de refrigeração

Tem

pera

tura

do

CO

2 (º

C)

Comprimento (mm)

50

Fonte: Çengel e Boles (2013)

5.4. Válvula de expansão

Para o dimensionamento das válvulas foi feita uma estimativa inicial utilizado

o software Aspen Hysys. Os coeficientes de vazão (CV) para a primeira válvula de

expansão foi de 170, enquanto a segunda foi de 2000, ambas com característica de

vazão de igual porcentagem.

Definiu-se como temperatura de saída da válvula 19 ºC, a temperatura de

equilíbrio líquido-vapor de CO2 fornecida pelo software Aspen Hysys. Esta definição

é justificada porque o software Hysys não introduz nos cálculos de dimensionamento

o efeito Joule-Thomson do CO2 (µCO2 = 1,16 K/bar a 20 ºC e 1 bar). Uma alternativa

seria utilizar dados experimentais obtidos na unidade piloto de extração supercrítica,

mas a válvula de expansão do equipamento não possui medidor de temperatura,

assim como o equipamento não prevê a recirculação do solvente.

5.5. Fluxograma da planta em escala industrial

O fluxograma proposto para a extração supercrítica de cafeína a partir da

erva-mate está apresentado na Figura 5.11. Os equipamentos presentes no

fluxograma de processo de extração da cafeína da erva-mate, exceto os vasos de

extração e separador, são únicos e atendem todas as bateladas.

A erva-mate é alimentada em um cesto metálico que então é introduzida nos

vasos de extração da primeira batelada (VE01). O uso de vasos de extração em

duplicata permite que enquanto uma batelada opera a outra está sendo alimentada.

O solvente passa através do extrator – com o soluto dissolvido (extrato) – o qual

possui um filtro para reter quaisquer sólidos remanescentes. Após o término da

extração, a vazão de solvente nos vasos da primeira batelada é cessada e o CO2 é

redirecionado aos vasos da segunda batelada (VE02). Quando a pressão no sistema

já estiver baixa, o CO2 remanescente será liberado para a atmosfera.

O solvente rico em cafeína segue para os vasos separadores (S1 e S2), no

qual a pressão é reduzida nas válvulas V01 e V02 de 300 bar para 65 bar e então

para 55 bar, respectivamente. Estes vasos serão encamisados para auxiliar no

51

processo de vaporização do solvente e separação do CO2 gás da mistura de cafeína

e etanol. Na saída do segundo vaso separador é previsto um sistema de membranas

(filtro) para separar a cafeína do CO2 para permitir que este recircule sem danificar

os equipamentos de processo, principalmente as bombas de alta pressão. Após, o

solvente é encaminhado para um condensador e então volta a recircular na planta,

fechando o seu ciclo. Após o término de todas as extrações, o CO2, em vez de

seguir para os vasos de extração, volta a ser armazenado de forma líquida após ser

condensado no trocador de calor (TC01).

O reciclo do CO2 está previsto, isto é, após a saída do CO2 do vaso

separador, passar por uma membrana, para remoção de partículas sólidas, e segue

em direção do trocador de calor (TC01), onde há uma redução de temperatura do

fluido seguida da condensação. O CO2 é direcionado ao vaso de armazenamento

(TQ01) em fase líquida. A pressão de armazenamento proposta é aproximadamente

55 barg, visto que a temperatura de equilíbrio do CO2 é de aproximadamente 23ºC,

próximo à temperatura ambiente, evitando assim a necessidade de repressurizar o

solvente antes da alimentação da bomba de alta pressão. Para a manutenção da

temperatura no interior do vaso de armazenamento, recomenda-se o isolamento do

mesmo com resina de poliuretano. Normalmente, os fornecedores de CO2

reabastecem o produto com pressões entre 18 a 23 bar, podendo variar de acordo

com o volume demandado. A temperatura de equilíbrio do CO2 para esta pressão é

em torno de -18ºC. Caso fosse adotada as condições citadas acima para

armazenamento do CO2 seria necessário um sistema de refrigeração operando,

provavelmente, mais do que o tempo de oito horas diárias previstas para as

operações de extrações a fim de manter a temperatura do fluido tão baixa.

É importante ressaltar que neste trabalho foi realizada simulação no software

Aspen Hysys (v.08) e não foi necessário um trocador de calor para aquecer o CO2

de 19º C para 60ºC, temperatura de extração, pois o calor dissipado pela bomba de

alta pressão é suficiente para pré-aquecer o solvente antes de entrar no vaso de

extração.

Neste trabalho foram estudadas e calculadas as duas condições otimizadas

de extração supercrítica de cafeína a partir da erva mate, pois o objetivo do trabalho

foi apresentar uma metodologia de cálculo, independentemente dos valores

experimentais utilizados, isto é, implementar uma metodologia que fosse possível de

ser usada para outras aplicações, isto é, outras matérias-primas vegetais. Observou-

52

se que, independentemente dos dados experimentais de processo, foi possível

propor um projeto de processo para a produção de erva mate descafeinada,

evidenciando a importância dos dados experimentais em escala piloto nos

resultados finais.

Como forma de resumir os resultados do uso da metodologia proposta nos

cálculos de escalonamento são apresentadas na Tabela 5.10 as informações

necessárias para dar prosseguimento ao estudo em questão que consiste na

construção e aquisição de equipamentos. Estes resultados foram gerados a partir da

segunda condição otimizada apresentada por Franceschini (2017).

53

Figura 5.11 – Fluxograma proposto para escala industrial de uma planta de extração supercrítica

54

Tabela 5.10 – Tabela com os principais resultados do projeto de processo da unidade industrial de

produção de erva mate descafeinada, levando em consideração a segunda condição otimizada.

Dados da Unidade Industrial

Produção 2 t/h Solvente Gás carbônico

Teor de Cossolvente

5,5 % (m/v) etanol Matéria-prima Erva mate 0,428 mm

Produto Erva mate descafeínada com teor de cafeína de

0,058% Subproduto Cafeína

Tempo de produção

8h diárias Operação Batelada

Dados da bomba de alta pressão

Vazão de etanol 1,24 t/h Pressão diferencial

etanol 300 bar.g

Vazão de CO2 22 t/h Pressão diferencial

CO2 245 bar.g

Dados do trocador de calor

Fluido refrigerante Água e etilenoglicol Velocidade mínima do fluido refrigerante

1 m/s

Temperatura de projeto de entrada e saída da corrente quente

40 ºC e 18 ºC Temperatura de projeto de entrada e saída da corrente fria

2 e 5ºC

Posição do trocador

Horizontal Tipo BEM

Localização do fluido quente (CO2)

Casco Arranjo dos tubos Triangular

Dados do vaso de extração

Volume total 7200 litros Volume da batelada 2400 litros

Porosidade 0,79 Pressão de operação 300 barg

Temperatura de operação

60ºC Tampo Fechamento rápido

55

6. CONCLUSÕES

A partir deste estudo é possível concluir que o projeto de processos de

extração supercrítica depende fortemente de dados experimentais consistentes,

visto que aplicações industriais desta operação unitária ainda são insipientes quando

comparada a operações de separação e purificação como destilação, extração com

solvente e absorção. Mesmo que os equipamentos projetados neste estudo sejam

tradicionais em processos químicos, a sensibilidade dos mesmos às condições

experimentais, levando em conta as duas condições otimizadas empregadas neste

estudo, corrobora com a conclusão que a disseminação industrial dos processos de

extração supercrítica tem como gargalo tecnológico dados experimentais

consistentes, além de temperatura, pressão e vazão de solventes, aliados ainda com

valores de investimento altos.

Tendo em vista uma mudança de paradigma em relação aos tradicionais

estudos que envolvem a obtenção de produtos naturais usando a extração

supercrítica que se concentram em escalas laboratorial e piloto, este trabalho propôs

extrapolar os resultados da escala piloto para projetar uma unidade industrial de

extração de cafeína a partir da erva mate. Esta proposta gerou um fluxograma de

processo e as folhas de dados para a construção dos principais equipamentos, vaso

de pressão, trocadores de calor, bombas de alta pressão, válvula de expansão,

informações necessárias para o escalonamento de processo. Resultado desta

natureza consiste em um passo importante para a implantação futura de uma

unidade industrial de produção de erva mate descafeinada, visto que subsidiará o

setor ervateiro com dados concretos que permitem a realização de um estudo de

viabilidade técnico econômica.

O método de escalonamento utilizado foi o único equacionamento específico

para os processos de extração supercrítica, visto que os cálculos dos demais

equipamentos foram realizados a partir de metodologias também empregadas para

56

outros processos químicos. A partir destas informações é possível concluir que uma

atuação mais próxima de profissionais especializados em processos químicos com

profissionais que desenvolvem aplicações a partir do uso da extração supercrítica

pode fomentar a implantação de processos de extração usando fluidos supercríticos.

Destaca-se que não foi encontrado na bibliografia estudos acadêmicos

expondo esses resultados de dimensionamento de equipamentos aplicados a esta

tecnologia, já que a grande maioria se concentra na modelagem da mesma

utilizando dados de escala laboratorial e piloto ou na escolha dos métodos de

escalonamento.

Ressalta-se que este estudo prevê o uso de uma tecnologia mais limpa para a

descafeinização da erva-mate, tem como produtos a erva-mate descafeinada e a

cafeína, ambos produtos com alto valor comercial.

57

7. PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS

As sugestões indicadas por este estudo para trabalhos futuros, como já

mencionado ao longo do texto, são:

- Estudar em escala piloto o comportamento do solvente após ambas as

válvulas de expansão e assim ser possível calcular os dois vasos separadores;

- Estudar uma tecnologia para separação do solvente da mistura cafeína-

etanol para viabilizar o reciclo do dióxido de carbono;

- Estudar uma tecnologia para a separação da cafeína do etanol

(cossolvente);

- Estudar o emprego deste método de dimensionamento de equipamento em

escalas maiores do que a aplicada neste trabalho;

- Realizar a otimização energética da planta industrial e utilizar o CO2 como

próprio fluido refrigerante;

- Realizar o estudo econômico da planta industrial proposta neste trabalho.

58

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AL-JABARI, M. Kinetic Models of Supercritical fluid extraction. Journal of

Separation Science, v. 25, p.477-489, 2002.

ANKLAM, E.; MÜLLER, A. Extraction of caffeine and vanillin from drugs by

supercritical carbon dioxide. Pharmazie, v. 50, p. 364-5, 1995.

ASSIS, A. V. R. Montagem, teste e validação de uma unidade de extração

supercrítica com reciclo e operação contínua. São Paulo. 2010. 152p. Tese

(Doutorado em Engenharia de Alimentos). Faculdade de Engenharia de Alimentos,

Universidade Estadual de Campinas, Brasil.

AZEVEDO, A. B. A. Extração e recuperação dos princípios ativos do café

utilizando fluidos supercríticos. São Paulo, 2005. 224p. Tese (Doutorado em

Engenharia Química), Faculdade de Engenharia Química, Universidade Estadual de

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