projeto capa agricultura sustentÁvel pÁg. 11 … · sobre legislação e exercício profissional....
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PROJETOARQUITETÔNICOLEI DIZ QUE ENGENHEIROS CIVIS PODEM ASSINAR ELABORAÇÃO
CAPAPÁG. 14
PÁG. 25
PÁG. 11
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E AUTODESENVOLVIMENTO SÃO FERRAMENTAS PARA O SUCESSO
REINVENÇÃO PROFISSIONAL
TECNOLOGIA É OFUTURO DA PRODUÇÃO
AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
Mútua-TO: 602 Sul, Conj. 1 Lote 10, Av. Joaquim T. Segurado - Centro - Palmas-TO | www.mutua-to.com.br | Tel.: (63) 3214-1875
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Todos. Inclusive os mais especiais.
Ao profissional do Crea,dedicamos os momentosda vida.
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amaisdeumadezenadebenefıc iosreembolsaveis,
planodesaude,previdenciacomplementaredescontosnoDistritoFederal
eemtodooBrasil.Associe-se!
GECOM/2016
Palavra do Presidente
Um abraço e boa leitura!
DIRETORIAEng. Civil Marcelo Costa Maia (2015-2017) PresidenteEng. Agrônomo João Alberto Rodrigues Aragão 1º Vice PresidenteEng. Agrônomo Luiz Amado Pereira Júnior 2º Vice PresidenteEng. Civil Luiz Fernando de Paula Machado 1º Diretor AdministrativoEng. Ambiental Benjamin Frederico Anders 2º Diretor AdministrativoEng. Civil Elievan Marques dos Santos 1º Diretor FinanceiroEng. Geólogo Fábio Lúcio Martins Júnior 2º Diretor Financeiro
CONSELHEIROS TITULARESEng. Agro. João Alberto Rodrigues AragãoEng. Civ. Cleidson Dias de SousaEng. Geo. Fábio Lúcio Martins JúniorEng. Agro. Luiz Amado Pereira JúniorEng. Civ. Daybson Dias de Sousa
Eng. Civ. Elievan Marques dos SantosEng. Civ. Luiz Fernando de Paula MachadoEng. Agro. Rafael Odebrecht MassaroEng. Agro. Romilton Brito da PaixãoEng. Amb. Cassius Ferreira GariglioEng. Amb. Benjamin Frederico AndersEng. Agro. Ubiratan Carlos Barreto AraújoEng. Agro. Cid Tacaoca MuraishiEng. Civ. Milton Septimio Alves NetoEng. Elet. Sebastião de Oliveira CamiloEng. Mec. Raimundo José Cordeiro de CarvalhoEng. Civ. Elvan Leão CostaEng. Civ. Valdivino Dias da Silva CONSELHEIROS SUPLENTESEng. Agro. Joseano Carvalho DouradoEng. Civ. Shirlene da Silva MartinsEng. Geo. Marco Cesar Ceballos BonattoEng. Agro. Fernando Fernandes GarciaEng. Civ. Renato Neves dos SantosEng. Civ. Antônio Sávio FilhoEng. Civ. Jefferson Jaime Cassoli
Eng. Agro. José Vieira JucáEng. Agro. Norton Rodrigues de LellisEng. Amb. Loane Ariela Silva CavalcanteEng. Amb. Rafael Marcolino de Souza
ASSESSORA DE COMUNICAÇÃOLeticia BenderJORNALISTA RESPONSÁVEL Luana FernandaPRODUÇÃO, DIAGRAMAÇÃO E REVISÃORecords Propaganda FOTOGRAFIAGlauber Matos e Renata RamosIMPRESSÃOCapital GráficaTIRAGEM3.000 exemplares
CONTATOTelefone: (63) 3219 9800E-mail: [email protected]: www.crea-to.org.br
EXPEDIENTE
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GECOM/2016
Engenharia Civil e Arquitetura são parceiras no
desenvolvimento de projetos e execução de obras, sejam
residenciais, empresariais, de grande ou pequeno porte. Porém,
o que temos visto nos últimos anos são tentativas de restrição
para engenheiros civis ao executar projetos arquitetônicos.
Como sabemos, capacidade e responsabilidade técnica
são atribuídas ao profissional conforme a grade curricular da
instituição de ensino, ou seja, de acordo com as disciplinas
estudadas e realizadas com êxito. Sendo assim, conforme
Leis, Resoluções e ementa disciplinar do nível de graduação,
engenheiros civis têm pleno conhecimento e respaldo legal
para projetar e executar projetos arquitetônicos e é sobre esse
assunto que trata a matéria de capa desta edição da revista do
CREA-TO.
Dessa vez também trazemos assuntos como a participação
da delegação tocantinense na 73ª Semana Oficial de Engenharia
e Agronomia (SOEA) e a repercussão do 9º Congresso Nacional
de Profissionais (CNP) que apresentou propostas e discussões
sobre legislação e exercício profissional. Nesta 3ª edição, você
também confere entrevista sobre a modalidade de Engenharia
Elétrica e as expectativas da área para o futuro profissional.
O registro profissional e a aptidão para exercer a profissão
com base na grade curricular universitária também é tema
de uma reportagem desta edição, assim como o acesso
à tecnologia ao pequeno produtor, a assistência técnica,
os riscos climáticos e a agricultura orgânica, que foram
assuntos discutidos no último Workshop da Coordenadoria
de Câmaras de Agronomia no CREA-TO, e também ganham
espaço nesta edição. Além disso, a reinvenção profissional
e o desenvolvimento pessoal foram temáticas abordadas
no conteúdo da palestra realizada pelo Regional, que tratou
de técnicas sobre coaching, inteligência emocional, física
quântica, neurociência e outros conceitos.
O CREA-TO é a sua casa, e é parceiro do profissional
tocantinense. Aproveite os conteúdos que preparamos e
conheça melhor os trabalhos desenvolvidos pelo seu Conselho.
reinvençãoprofissional
Sumário
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08 11
25
03
22
06
05
18
soea agriculturasustentável
projetoarquitetônicoLegalidade e responsabilidade técnica em discussão
As mudanças desejadas começam dentro de você
O conhecimento tecnológico ao alcance de
quem produz
Estudantes e profissionais discutem mudanças e
inovações na área
Editorial
CNP
Registro Profissional
Fiscalização
Entrevista
RC Tocantins
5
No mês de julho deste ano o Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Tocantins (CREA-TO) realizou
um grande mutirão de fiscalização na área de mineração
percorrendo diversas cidades do interior do Tocantins.
A equipe de fiscalização do CREA visitou os municípios
de Novo Jardim, Ponte Alta do Bom Jesus, Taguatinga, Almas,
Porto Alegre do Tocantins, Dianópolis, Rio da Conceição, Aurora
do Tocantins, Lavandeira, Combinado, Novo Alegre, Chapada
da Natividade, Taipas, Natividade, Conceição do Tocantins
e Arraias, com o intuito de orientar e cobrar o devido registro
das empresas deste segmento e de seus profissionais junto ao
CREA-TO.
Durante o trabalho, além das autuações e da verificação
do registro das empresas, os fiscais do Conselho também
realizaram orientações preventivas aos profissionais e aos
empreendimentos.
De acordo com o gerente da fiscalização e inspetorias,
engenheiro civil Saulo Almeida, a gerência luta por um
posicionamento mais equilibrado, a fim de garantir a segurança
da sociedade e coibir o exercício ilegal de empresas e
profissionais, que exercem atividades ligadas ao Sistema
CONFEA/CREA.
“As ações da fiscalização são pautadas em cima de
princípios éticos e em consonância com as resoluções do
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA)”,
explica o gerente.
EXTRAÇÃO MINERALNo caso da extração mineral, conhecida também como
mineração, inclui a busca, lavra e beneficiamento de minerais
e se configura pela existência de um plano de aproveitamento
econômico. A atividade compreende três etapas, que dizem
respeito à implantação, operação e desativação e é configurada
como uma forma de uso temporário do solo.
Por estar envolvido em questões ambientais e requisitar
postura de controle ambiental (como a manutenção da
qualidade dos recursos hídricos, as temáticas indígenas, a
disseminação de doenças e a recuperação da área degradada), a
atividade pede o acompanhamento de profissionais habilitados
e registrados junto ao Conselho.
O gerente lembra que a fiscalização do CREA-TO atua em
todas as áreas das Engenharias, Agronomia, Geologia, Geografia
e Meteorologia, e que no caso específico das empresas que
atuam na área de mineração, os fiscais realizam suas visitas
observando os parâmetros de rotina. Ou seja, verificam se as
mesmas possuem registro e se têm profissionais habilitados
para desenvolver as funções técnicas e se tais atribuições
estão registradas no Conselho, em forma de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART’s).
“Assim como todas as modalidades fiscalizadas pelo
Sistema, a mineração é uma atividade correlata a no mínimo
três modalidades diretas: Engenharia Ambiental, Geologia e
Engenharia de Minas. Dessa forma, as atividades exercidas por
estes profissionais são fiscalizadas a fim de assegurar o bem-
estar da sociedade e ambiental. Garantindo assim a harmonia
entre o ser humano e meio ambiente”, esclarece o gerente.
ÉTICASegundo Saulo, o CREA sempre parte do princípio que
os profissionais ligados ao Sistema são conscientes das
resoluções que regem e norteiam suas ações profissionais, bem
como as atribuições que lhes são conferidas.
“Sempre lembramos que a ética profissional deverá
permear todas as ações desenvolvidas pelos diversos
profissionais da Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia e
Meteorologia”, finaliza.
Mutirão realiza fiscalizaçãode mineração em várias cidades do interior do TO
CONVÊNIO DNPMEste ano, um convênio realizado pelo CREA ajudou a
suprir a fiscalização na área de geologia e mineração. A
parceria, que foi firmada junto ao Departamento Nacional
de Produção Mineral (DNPM) com vigência de dois anos, vai
funcionar como um sistema de consulta entre os órgãos,
com compartilhamento de informações sobre as atividades
de empresas e dos profissionais da área de geologia e
mineração, sempre observando a legislação.
FISC
ALIZ
AÇÃO
Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 003/2016
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Por meio da Lei nº 5.194 de 1966 e da resolução n° 1.007
de dezembro de 2003 do Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia (CONFEA), todos os profissionais diplomados nas
áreas que abrangem o Sistema, em cursos de nível superior
ou médio (realizados no País ou no exterior), devem fazer seu
registro junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA). O documento é a inscrição junto aos CREAs dos
trabalhadores, onde atuam em conformidade com as leis de
regulamentação.
De acordo com a líder do setor de Registro do CREA-
TO, Viviane Riveros Silva, para o exercício da profissão de
engenheiro, agrônomo, geólogo, geógrafo, técnico e tecnólogo
é obrigatório ter o documento junto ao Conselho.
“Conforme a lei, exerce ilegalmente a profissão de
engenheiro ou agrônomo a pessoa física ou jurídica que realizar
atos ou prestar serviços, públicos ou privados sem possuir
registro nos Conselhos Regionais. Desta forma, a diferença
está na regularidade do exercício da profissão, pois sem o
documento, mesmo que esteja habilitado, a atuação do trabalho
não é regular”, explica.
Na opinião do presidente do CREA-TO, o engenheiro civil
Marcelo Costa Maia, sem o registro, estabelecido por lei, os
recém-formados são bacharéis em Engenharia, mas não tem
condições de exercer a atividade.
“Somente após o registro no Conselho estes bacharéis
estão aptos a atuarem com base na grade curricular estudada na
universidade e nas suas atribuições legais. A faculdade qualifica
e o Conselho habilita o profissional a executar seus serviços e a
exercer a profissão propriamente dita”, pontua.
Para ele, outro benefício da habilitação, é que, com base
no registro, o Conselho faz o mapeamento das modalidades
das engenharias e demais áreas no estado e assim é possível
identificar as necessidades específicas para realizar ações de
fiscalização e aprimoramento.
“O registro no Conselho é importante porque garante o
exercício regular da profissão. Estar legal com o Conselho
significa aos profissionais a garantia de exercer sua profissão
de forma ética e responsável”, garante o presidente.
O documento tem validade em todo o território nacional
e se torna efetivo com a anotação das informações referentes
ao profissional junto ao sistema do CONFEA. No caso do
trabalhador que exerce alguma atividade na jurisdição de outro
CREA, que não aquele em que está registrado, ele é obrigado a
solicitar o visto profissional.
Segundo Viviane, recentemente, os modelos das carteiras
definitivas e provisórias passaram por alterações após a
aprovação da resolução nº 1.059 de outubro de 2014.
“De acordo com a nova resolução do CONFEA, as atuais
carteiras são cartões inteligentes, confeccionados conforme
as especificações estabelecidas pelo Instituto Nacional de
Tecnologia da Informação (ITI), atendendo às exigências
técnicas definidas nos regulamentos da Infraestrutura de
Chaves Públicas (ICP-Brasil)”, esclarece Viviane.
Com o novo documento em mãos, o profissional está
autorizado a inserir um certificado digital padrão. O CREA
informa que irá substituir gradualmente todas as carteiras
do antigo modelo pelas novas. Para expedir o atual modelo, o
profissional precisa fazer uma solicitação junto ao Conselho e
pagar uma taxa relativa à segunda via valor de R$45,73.
No caso de profissionais que ainda não tem o registro,
Viviane informa que ele pode ser requerido por aqueles que são
diplomados no Brasil ou no exterior, brasileiro ou estrangeiro
portador de visto permanente, nas áreas abrangidas pelo
Sistema em cursos de nível superior ou médio, realizados no
País ou no exterior, por meio do preenchimento de formulário
próprio e apresentação de documentação. O prazo máximo para
emissão da carteira e validação do registro é de 30 dias.
“Quem não possui registro junto ao Conselho poderá
solicitar o mesmo acessando o link de ‘Ambiente Público’
disponível no site do CREA-TO e em seguida selecionando a aba
DO
CU
MEN
TAÇ
ÃO
Registro no Conselho garante exercício regular da profissão
RC Tocantins
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de ‘Solicitação de Cadastro’. Já com o requerimento preenchido
e com a devida documentação, mediante pagamento de taxas de
registro e expedição de carteira, o processo será encaminhado à
gerência técnica para apreciação e análise. Depois da aprovação
o registro é concedido. O mesmo atribuirá o título, as atividades
e as competências em função da avaliação da qualificação
acadêmica do portador de diploma ou certificado”, orienta
Viviane.
Depois de registradas junto ao Conselho, todas as pessoas
físicas que fazem parte do Sistema CONFEA/CREA devem pagar
a anuidade, devida a partir de 1° de janeiro de cada ano. Nos
casos onde o profissional não está em dia com a anuidade do
ano vigente ele fica impossibilitado de assinar a Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART), emitir certidão e protocolar
solicitação de inclusão e baixas de responsabilidades técnicas.
Para o engenheiro civil Julliederson Campos, que tirou
o registro logo que se formou, a constatação de que era
um profissional, só veio com a carteira em mãos. “Estou
apresentando o documento em toda obra que faço. Isso é
importante porque o profissional anota a ART, ou seja, aquela
obra terá alguém qualificado e responsável por ela”, finaliza o
engenheiro.
DO
CU
MEN
TAÇ
ÃO
QUER TIRAR SEU REGISTRO? SAIBA QUAIS OS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS: • Requerimento para registro profissional - RNP preenchido e assinado (disponível no site do CREA-TO);
• Diploma;
• Histórico escolar do curso;
• Carteira de Identidade e CPF;
• Título de eleitor e quitação eleitoral 1° e 2° turnos;
• Quitação com o serviço militar, quando for o caso;
• 3 fotos 3x4 colorida com o fundo branco (deve haver contraste da roupa com o fundo branco), sem rasura,
sem carimbos, devendo conter o nome no verso;
• Comprovante de Residência ou Declaração Simples (mesmo com a declaração o profissional tem que
preencher o requerimento com endereço declarado);
• Tipo sanguíneo (opcional).
Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 003/2016
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Conhecimento técnico científico, desenvolvimento
sustentável, gestão pública, revolução tecnológica e sucesso
profissional foram alguns dos temas discutidos na 73ª Semana
Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA). Cerca de três
mil pessoas, entre pesquisadores, estudantes e acadêmicos
das áreas de Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia,
Meteorologia, além de técnicos e tecnólogos participaram do
evento, que é considerado um dos maiores da área tecnológica
no Brasil.
A SOEA foi realizada em Foz do Iguaçu-PR, entre os dias 29
de agosto a 1° de setembro de 2016. O evento também foi uma
oportunidade para que todos contribuíssem com sugestões para
a participação do Sistema do Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia (CONFEA/CREA) no 8º Fórum Mundial da Água, que
acontecerá em 2018.
Do Tocantins, 40 pessoas representaram o estado,
através de uma delegação formada pelo Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Tocantins (CREA-TO). Compuseram
o grupo o presidente do CREA-TO, engenheiro civil Marcelo
Costa Maia, diretoria, conselheiros, profissionais e funcionários
da instituição.
Este ano, o tema principal do evento foi a ‘Engenharia a
favor do Brasil – Mudanças e Oportunidades’, que tratou sobre
os caminhos para inovações e a aplicação de pesquisas que
contribuem para o desenvolvimento do País. “A Engenharia e
a Agronomia são aliadas de qualquer nação que progride e que
garante qualidade de vida para sua população. Precisamos
enxergar a área como prioridade”, apontou o presidente do
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, o engenheiro civil
José Tadeu Silva.
O anfitrião dessa 73ª edição do SOEA, o presidente do
CREA-PR e engenheiro civil Joel Kruger, destacou a importância
de realizar mais uma edição do evento. “É preciso considerar
que o salto econômico vivenciado há alguns anos só foi possível
graças as contribuições dos profissionais da área tecnológica.
Seja no campo, na cidade ou indústrias, somos os mais
importantes alicerces para o crescimento e enfrentamento da
crise”, mencionou.
Para o presidente do CREA-TO, as palestras foram
importantes porque proporcionaram crescimento profissional,
promovendo o debate sobre a legislação, habilitação e
fiscalização do exercício e das atividades profissionais. “Os
palestrantes e os direcionamentos dados aos temas foram de
alto nível. Pudemos contribuir com as discussões e acrescentar
73ª SOEAABORDASITUAÇÃO ECONÔMICADO PAÍS E OCONHECIMENTOCOMOGERENCIADORDA CRISE
SOEA
Marcelo Costa Maia - Presidente do CREA-TO, sua esposa Cleusa Maia eJoel Kruger - Presidente do CREA-PR (dir/esq) - Crédito: Assessoria CREA-TO
RC Tocantins
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referências da Engenharia e Agronomia do Tocantins. Acredito
que cumprimos nosso papel enquanto representantes do estado
mais jovem do Brasil com muito louvor”, enfatizou Marcelo.
Na opinião do perito federal agrário e conselheiro do CREA-
TO, o agrônomo Luiz Amado Pereira Júnior, que também fez
parte da delegação, participar da Semana Oficial de Engenharia
e Agronomia é motivo de honra e prestígio. De acordo com
ele, o evento congrega todos os anos os representantes das
profissões para discussão e atualização dos temas correlatos
aos interesses das categorias.
“O encontro, além de reunir os profissionais de todo o
território nacional, possibilita a integração com uniformização
das informações, primordialmente, nos temas relacionados
à organização e de interesses das entidades de classes
(sindicatos, associações, clubes e institutos de engenharia,
etc.), cujos representantes se reúnem no Colégio de Entidades
Nacionais (CDEN), bem como em temas específicos,
relacionados às modalidades profissionais, que perpassam pela
valorização deste trabalhador, em sentido amplo, nas reuniões
das Coordenadorias das Câmaras Especializadas”, mencionou.
AVANÇOSConsiderando os aspectos apontados nas diversas
palestras, Luiz entende que o Tocantins, assim como as
instituições que atuam nele, bem como os outros estados da
federação, por inferência, necessitam considerar que vivemos
na era da informação e por isso temos que abraçar os avanços
tecnológicos.
“Os profissionais da área tecnológica contribuem
decisivamente para os avanços da sociedade, isso na produção
de alimentos de baixo custo com qualidade, na tecnologia
utilizada na Medicina, imprescindível e necessária à vida social,
na disseminação de conhecimentos, na segurança e celeridade
dos processos administrativos e judiciais, ou seja, nas
engrenagens que fazem funcionar todo o sistema. Contribuem
também na produção mineral econômica, nos planejamentos e
estudos de desenvolvimento sustentável, entre outras atuações
de igual importância para o equacionamento da vida humana,
sob os diferentes fatores a que está submetida, por ora, na
Terra”, citou.
DESAFIOS PELO CAMINHOAinda na opinião de Luiz, o principal desafio enfrentado,
atualmente, pela Engenharia e Agronomia, sem dúvida, é a
valorização profissional. Ele acredita que em momentos de
crescimento econômico, com estabilidade, o setor privado
sempre apresenta oportunidades consideradas interessantes
aos profissionais da área tecnológica, entretanto, as
instabilidades econômicas mundiais agravam as dificuldades
e as alternativas de empregabilidade, que ficam reduzidas ou
restringidas, forçando ao profissional autônomo ou que atua na
área privada, a se reinventar.
“Por outro lado, a Lei nº 4.950/A, que é de abril de 1966,
estabelece o salário mínimo profissional, que, mesmo em
tempos de bonanças não é, em regra, considerado, com
destaque para o Estado (União, Estados, DF e Municípios)
que deveria dar exemplos pragmáticos de cumprimento à
legislação, e, reiteradamente, contratam profissionais com
salários aviltantes, como também não lhes garantem condições
adequadas de trabalho, como: ambiente de trabalho em acordo
com as necessidades finalísticas, equipamentos de segurança
mínimos necessários, estabilidade e progressões estabelecidos
em planos de carreira”, critica.
O conselheiro do CREA-TO, engenheiro agrônomo Rafael
Odebrecht Massaro, que participou pela primeira vez do SOEA,
diz que o evento foi uma experiência nova para ele. “O Sistema
é muito grande e envolve muitas profissões e durante a Semana
isso fica claro, porque são várias palestras, de várias discussões
que são colocadas de acordo com os temas e atribuições de
cada área”, comentou.
Ele ainda disse que teve a oportunidade de participar de
uma palestra de Engenharia Civil, ministrada pelo presidente
SOEA
Delegação do CREA – TO representa profissionais do Estado - Crédito: Assessoria CREA-TO
Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 003/2016
10
do CREA-PR, e apesar de não ser da área, ficou atento aos
temas debatidos. “Ele fez um raio-x da profissão, e eu que não
sou engenheiro civil gostei da palestra. O que dizer então das
discussões acerca da minha área? A maioria das palestras que
eu participei gostei muito. Muito foi dito sobre as oportunidades
e a crise que o País vem enfrentando. Minha dica para todos que
têm vontade de participar do SOEA é que vale a pena”, contou.
ACESSIBILIDADEOutro tema que também ganhou destaque no SOEA
foi a acessibilidade. O representante da Organização Ibero-
americana da Seguridade Social no Brasil, Baldur Schubert,
lembrou no evento que os profissionais do Sistema têm uma
contribuição ‘transcendental’ quando se fala nesse assunto.
De acordo com ele os engenheiros criam, produzem, fiscalizam
e planejam os espaços de convívio, uma vez que, eles são os
profissionais direcionados a soluções.
Segundo Baldur, o Brasil tem 45,6 milhões de pessoas com
deficiência, sendo que a maior fatia deste quantitativo são as
pessoas que sofrem com alguma deficiência visual, que chega
a atingir 18,8% da população. “A falta de acessibilidade é a
discriminação mais comum e, por isso, precisamos ter os olhos
voltados para todos. Temos ambientes hostis e precisamos
trabalhar constantemente para reverter essa situação”.
Baldur Schubert destacou, ainda, que o Sistema é parceiro
na implantação de um Centro Ibero-americano de Autonomia
Pessoal e Ajudas Técnicas (Ciapat) no Brasil, que será uma
forma de ampliar projetos de acessibilidade no país.
HOMENAGEMNo evento, o secretário de Desenvolvimento Rural de
Palmas, o engenheiro agrônomo Roberto Jorge Sahium foi
homenageado com a Medalha do Mérito do Conselho Federal
de Engenharia e Agronomia (CONFEA). Essa é a primeira vez
que um profissional atuante no Tocantins recebe a honraria.
Para Sahium, essa medalha se estende a todos os profissionais
tocantinenses do Sistema.
“Fiquei muito feliz com a homenagem, sei que escolhi a
profissão certa. Se pudesse nascer de novo, gostaria novamente
de ser engenheiro agrônomo, pois essa profissão é a mais nobre
e fundamental para o planeta”, ressaltou o secretário.
A indicação do nome de Sahium foi realizada pelo
CREA-TO. A cerimônia, que homenageou 12 profissionais de
diversos estados que contribuíram com o seu trabalho para o
desenvolvimento tecnológico do Brasil deu continuidade a uma
tradição iniciada ainda no ano de 1954.
Além dele, foram concedidas, ainda, outras onze Medalhas
do Mérito a profissionais que dedicaram suas vidas à área
tecnológica, contribuindo com o desenvolvimento científico
e acadêmico do Sistema e dos profissionais. O nome de
12 pessoas foi inscrito no Livro do Mérito, em homenagem
póstuma pelos esforços e o trabalho realizado ao longo da
vida. A entrega de três placas de Menção Honrosa, destinadas a
entidades de representação profissional, de ensino e pesquisa
passou a fazer parte este ano da Láurea ao Mérito, com 27
homenageados.
Outro condecorado de destaque em 2016 foi o engenheiro
agrônomo Fernando Penteado Cardoso. O profissional tem 102
anos de idade e 80 anos de inscrição no CREA.
PARTICIPAÇÃO DO TOCANTINS NA SEMANANa ExpoSOEA, o stand tocantinense do Conselho
apresentou temas sobre ações do CREA e também um pouco
da cultura do Tocantins, com ênfase para o potencial turístico
do estado mais jovem da federação brasileira, lugar que muitos
têm curiosidade em conhecer. A degustação da paçoca de carne
de sol também foi destaque no stand, atraindo profissionais de
todo o Brasil.
SOEA
Homenagem ao Eng. Agrônomo Roberto Jorge SahiumCrédito: Assessoria CREA-TO
RC Tocantins
11
Quando se fala em sustentabilidade,
tudo que se pensa é em um cenário
de mudanças climáticas, consciência
ambiental e trabalho coletivo. O conceito de
desenvolvimento sustentável surgiu no ano
1980, com o aumento da preocupação com o
meio ambiente e com uma melhor qualidade
de vida na Terra.
E se o termo é empregado na agricultura
familiar, isso implica também em um trabalho
conjunto, que envolve a mão de obra de todos os membros da
família de um pequeno agricultor, por exemplo, onde todos
conseguem plantar o próprio alimento e ainda gerar renda.
Mas como produzir e fazer o maior uso da área agrícola
sem perda florestal? E com tantas surpresas no clima, como é
possível alavancar a agricultura no Brasil? Talvez a ideia central
da sustentabilidade seja exatamente conscientizar e ensinar aos
agricultores a plantar de forma mais saudável para contribuir
com a preservação do meio ambiente. Temas como estes
foram debatidos no Workshop da Coordenadoria de Câmaras
Especializadas de Agronomia dos CREAs realizado no mês de
agosto pelo Sistema CONFEA/CREA e Mútua em Palmas.
Para um dos participantes do evento, o secretário de
Desenvolvimento Rural de Palmas e agrônomo Roberto Sahium,
uma das soluções para o maior uso da área agrícola está no
emprego da equação da racionalidade, ou seja, produzir com
mais qualidade, com maior quantidade em uma área menor em
menos tempo e com a otimização de gastos de água e energia.
“Para ter mercado é preciso ter escala de produção,
do contrário não se entra no meio. Todo produto tem que ter
padrão de qualidade. O produtor precisa produzir em uma área
menor e ainda ter controle de tudo. É possível produzir usando
a sustentabilidade para alimentar todo Brasil e o mundo. Eu
acredito que até com 10 bilhões de pessoas isso é possível”,
frisou.
O especialista ainda acredita que um grande ganho para
o segmento seria o uso de tecnologias, assistência técnica e a
extensão rural. “Não adianta produzir tecnologia e ser acessível
só aos grandes produtores, tem que alcançar os pequenos, do
contrário não é sustentabilidade. Porque não há inclusão social
e econômica. O Brasil tem condições de produzir 30% a mais
sem desmatar um palmo de terra, basta querer”, opinou.
Para Sahium, a tecnologia já avançou muito, mas ainda é
falha quando tem que ser repassada à agricultura familiar. “Por
exemplo, você tem uma fábrica de vassoura, se não tiver um
vendedor e um distribuidor, ela não vai chegar às mãos da dona
de casa. A mesma coisa acontece com a tecnologia, se não tiver
assistência técnica não chega às mãos do produtor”, enfatizou.
SUST
ENTA
BILI
DAD
E
WORKSHOP NO CREA-TO DISCUTE FORMAS DE LEVAR TECNOLOGIAAO PEQUENO PRODUTORNo evento, especialistas abordaram temas ligados a sustentabilidade a afirmaram:é preciso investir em novas técnicas da Agricultura para otimizar os espaços e nãodegradar o meio ambiente
Especialistas de vários lugares do país conhecemprojetos da agronomia tocantinense
Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 003/2016
12
OTIMIZAÇÃOEssa é a mesma opinião do Coordenador Nacional da
Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Agronomia
(CCEAGRO), o agrônomo José de Souza Reis Filho. Ele lembra
que a Agronomia é responsável pela produção de alimentos
em todo mundo e a única forma de produzir, sem tantos
desmatamentos, seria criar e aproveitar as tecnologias.
“As pessoas vão continuar comendo e ao mesmo tempo
precisam das matas. Nós temos muitas tecnologias geradas,
principalmente no Brasil, onde é possível aumentar muito a
produtividade, ou seja, produzir mais por área”, comentou.
PESQUISASO coordenador ressaltou também que atualmente existem
muitas tecnologias desenvolvidas pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), onde as pessoas usam a
Agricultura para fazer a renovação de pastagem, por exemplo.
“Nesses casos é possível ter o incremento da produção de grãos,
e da pastagem, porque ela fica melhorada com mais unidades
de animais por área. Ou seja, você melhora a produtividade na
mesma unidade de área. Este é o nosso desafio: desenvolver
tecnologia para que você consiga produzir sempre mais em
espaços menores. Mas não adianta só criar a tecnologia,
precisamos repassá-la para quem produz”, pontuou.
José Reis enfatiza também que os produtores precisam
de assistência técnica e, ao mesmo tempo, precisam ter
consciência da importância desses serviços. “É necessário
mostrar ao produtor que a partir do momento que ele incorpora
a tecnologia, o lucro aumenta ainda mais. O que se precisa é
que a extensão rural volte a existir com respaldo. É necessário
produzir tecnologia e, além disso, repassar ao produtor,
fazer essa cadeia, desde a produção até a implantação dela.
Precisamos ajudar os produtores a trabalharem de forma
produtiva e conservacionista”.
DESAFIOSO professor da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ), e doutor em Fitotecnia, o agrônomo João
Sebastião de Paula Araújo acredita que o mundo passa por
um constante desafio em relação a produção e, por isso, é
preciso que façamos uma reflexão sobre os gastos energéticos
despendidos com transporte dos alimentos até o consumidor,
que segundo ele, ainda são grandes.
“É preciso considerar a necessidade de impulsionar
a produção local de alimentos. Dessa forma conseguimos
colocar produtos com maior qualidade, sem necessidade de
preservação e com o imediatismo da produção, até à mesa”.
Ele explica que essa função, na prática, envolveria a
produção de alimentos que vão atender a maioria da população.
“Se considerarmos uma cidade, como modelo, precisamos
conciliar a produção de hortaliças, folhosas, cereais e algumas
fruteiras. Sobre esse aspecto é preciso verificar a aptidão de
cada estado para fazer. As frutas e hortaliças regionais estão
sendo deixadas de lado para incentivar o consumo de produtos
importados. Isso é um grande problema. Se considerarmos a
diversidade brasileira, onde cada região tem frutas específicas,
vamos ter que repensar a alimentação”.
De acordo com o professor, do ponto de vista mundial,
temos hoje uma base focada em três grandes produtos:
milho, soja e trigo, três fontes de oleaginosas e proteínas,
predominantes em todo o planeta. Essa prevalência deixa de
lado alimentos que são tradicionais das populações regionais.
Em relação à pequena produção, o doutor explica que
é preciso integrar e proporcionar tecnologias ao homem do
campo, onde ele possa buscar na propriedade os insumos
necessários e as sementes adaptadas às condições climáticas.
“A semente que serve para o plantio nos Estados Unidos não
serve para o plantio no Brasil e dessa forma podemos ter um
exemplo de como precisamos buscar essas variedades”,
enfatizou.
INOVAÇÃOO estudioso acredita que para melhorar esse panorama é
necessário buscar uma nova engenharia, capaz de preservar
as árvores, florestas e os cursos d’água como recursos para a
produção. “Isso deveria vir antes da universidade. Essa é uma
questão social e de educação desde a formação das crianças,
para que haja um conceito de preservação na medida em que a
água, o solo e o próprio ar são fundamentais para desenvolver
o vegetal e a partir do vegetal, a produção de carnes. Temos
que organizar um novo sistema de produção, que seja levado
à condição do pequeno agricultor. No passado isso já era feito
e com a globalização foi sendo deixado de lado por técnicas
importadas, precisamos fazer o resgate dessa cultura”,
esclarece o professor.
João menciona também que a Agricultura Orgânica
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se propõe a otimizar esses
insumos necessários à
produção e ao mesmo tempo
trazer condições melhores
à agricultura familiar. “Hoje
80% dos alimentos produzidos
no Brasil vêm da agricultura
familiar. Isso é um aspecto
muito interessante. Como
vamos virar as costas para o
agricultor familiar se na nossa
mesa, no dia-dia, o arroz,
o feijão, o ovo estão vindo
desse modelo de agricultura?
O agronegócio serve aos
grandes empreendimentos
internacionais e nada tem de
interessante para a Agricultura
Orgânica e Familiar. Então é
preciso refletir até onde já chegamos e aonde queremos chegar.
Qual o legado que iremos deixar para as futuras gerações?”,
questionou.
CLIMADurante o evento, o analista em Geoprocessamento da
Embrapa - Pesca e Aquicultura, o geógrafo Balbino Antônio
Evangelista esclareceu que uma das dificuldades enfrentadas
quando se analisa tudo isso é o clima, já que nem sempre
é possível para os especialistas preverem fatores da região
como temperaturas e chuvas, devido às inesperadas mudanças
climáticas. Diante disso, a pergunta que ele faz é: como isso
influencia na produção?
Para Balbino é preciso analisar os riscos climáticos, fazer
o monitoramento da área, discutir o aquecimento global e qual
o impacto desse fenômeno em nossas vidas.
O especialista ressalta que outro desafio a ser superado é
a produção de matéria orgânica para manter o solo fértil. Para o
geógrafo, independente da ação humana, o planeta passou por
mudanças e ainda vai continuar nessa transformação.
“A partir do momento que o homem intensificou o uso da
terra, acredito que houve um impacto que rompeu o equilíbrio
ambiental. É preciso usar ferramentas para identificar qual é
esse impacto”, afirma o analista.
Para ele, 2016 foi um ano difícil para a produção rural. “O
receio que nós temos é que com esse uso da terra, da maneira
que está sendo feito hoje, fenômenos como o El Niño e La
Niña aconteceram com maior frequência causando prejuízos e
danos para a sociedade de forma geral. Isso que precisamos
conhecer melhor. É mudança climática? Existe uma tendência a
se manter? Tem como minimizar esses efeitos? Esse é o grande
desafio da ciência hoje”, avalia.
No workshop, o analista também comentou uma das
missões do homem: a busca pelo entendimento do equilíbrio
de como pode ser feita a exploração dos recursos naturais
de forma sustentável. Sem degradação, sem alteração dos
sistemas naturais, utilizando-os de forma equilibrada. “Ele
precisa conhecer e transferir o conhecimento para que haja
uma produção agrícola sustentável e equilibrada a partir
disso. É isso que buscamos. Temos que minimizar os efeitos
desses fenômenos na vida do agricultor e da sociedade em
geral. Essa relação com o meio ambiente foge das áreas da
ciência específicas. Ela não depende da atuação só de algumas
pessoas, todo mundo tem que ter essa consciência. Todo
mundo precisa preservar, fazer um bom uso e pensar no futuro,
além de entender essa relação do homem com a natureza. É
preciso ter o equilibro e isso só vai acontecer quando todos
tiverem consciência e conhecimento”, finalizou.
Agricultura familiar se destaca no uso de práticas sustentáveisCrédito: Assessoria Ruraltins
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Engenheiros civis têm direito garantidode realizar projetos arquitetônicos
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Mesmo depois da tentativa do Conselho de Arquitetura
e Urbanismo (CAU) em restringir a realização de projetos
arquitetônicos aos Engenheiros, a lei 5.194/66 bem como
a Resolução 218/73 do Sistema CONFEA/CREA e Mútua
(Conselho Federal de Engenharia e Agronomia/Conselho
Estadual de Engenharia e Agronomia) se mantêm firmes
quando se trata da permissão destes profissionais exercerem
essa prerrogativa.
O CAU tem como base a Resolução 51, a qual estabelece
que apenas os arquitetos tem exclusividade e responsabilidade
técnica pela elaboração desses projetos. Contudo, como
prova de força dos normativos do Sistema CONFEA/CREA, a
autarquia venceu a ação judicial impetrada pelo Sindicato dos
Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná (SINDARQ‐PR),
que permite a elaboração de projetos executados também
pelos engenheiros.
Na decisão da Justiça do Paraná, o juiz esclareceu
que antes da criação do CAU, os ‘engenheiros, arquitetos e
urbanistas estavam sob fiscalização de um mesmo Conselho
profissional. Além disso, não há como o CAU restringir à
atribuição de profissionais vinculados ao CONFEA’.
O entendimento do juiz lembrou a Resolução nº 218
do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, que
também determina que os profissionais deste segmento
estão qualificados a se responsabilizar tecnicamente pela
elaboração de projetos arquitetônicos.
Apesar de a resolução 51 definir as atribuições privativas
dos profissionais de Arquitetura e Urbanismo, o CAU enviou
ofício ao CONFEA solicitando a reabertura do Grupo de
Trabalho de Harmonização e Conciliação de Legislação
CONFEA-CAU/BR para reconhecimento das definições.
De acordo com o coordenador da Câmara Especializada
de Engenharia Civil, o engenheiro civil Daybson Dias, esta
polêmica se iniciou após a criação das resoluções 21 e 51 pelo
CAU. Para ele, a restrição do projeto arquitetônico por parte do
Conselho dos Arquitetos não tem sentido, já que desde o ano
de 1933, ambos profissionais desenvolvem essa tarefa e têm
esta atribuição conjunta.
“Com a promulgação da lei 6496/77, os profissionais
passaram a fazer a Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART) com a mesma codificação até a data de 31 de dezembro
de 2010, não importando a modalidade, se Engenharia Civil ou
Arquitetura, ou seja, foram 77 anos com ambos profissionais
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Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 003/2016
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desenvolvendo este projeto. Acreditamos que isso possa ser
motivado para criar uma reserva de mercado”, explica.
O coordenador esclarece que tanto as escolas quanto
as faculdades de Engenharia oferecem em seu conteúdo
programático qualificações para elaboração de projetos
arquitetônicos, assim como demais projetos de uma
edificação. Ele conta que na universidade aprendem a parte
conceitual e prática referente a desenhos de plantas baixas,
cortes, fachadas, plantas de locação e situação, conforme a
norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
nº 6492. “Também aprendemos toda a teoria da Arquitetura,
assim como a história dessa ciência, desde os estilos
clássicos até a Arquitetura
Contemporânea. Na teoria
e na prática estudamos
através da confecção de
projetos arquitetônicos. Os
engenheiros civis projetam
edificações residenciais (uni
e multifamiliares), conjuntos
habitacionais, edificações
comerciais, shopping centers
e também outras edificações
com finalidade específicas, tais como escolas, terminais de
cargas e passageiros, aeroportos, edificações para lazer e
desporto, hotéis e indústria, como também prédios públicos.
Durante o estudo arquitetônico é feito também a interação
entre o clima e a edificação com desempenho e conforto
térmico, acústico e lumínico com a devida compatibilização
com a estrutura e a sustentabilidade. O que acontece na
universidade é a diferença das cargas horárias durante a
formação profissional para o tema projeto arquitetônico”,
pontua Daybson.
O também engenheiro civil e coordenador adjunto da
Câmara de Engenharia Civil do CREA-TO, Cleidson Dias de
Sousa, concorda com o colega. Para ele, apesar da alegação
do CAU de que só os arquitetos detêm o conhecimento
completo da Arquitetura e Urbanismo porque estudaram estas
matérias na faculdade não é válida, já que na universidade os
engenheiros também adquirem este conhecimento. “Também
estudei a matéria de Arquitetura e Urbanismo, por isso tenho
plena capacidade para responder sobre projetos. Os próprios
arquitetos realizam atividades que o engenheiro estuda com
mais profundidade. Mas judicialmente falando isso não é legal,
por isso existe a jurisprudência a favor dos engenheiros. O
CAU não existia até o ano de 2011, isso significa que até esse
momento os profissionais de Arquitetura e Urbanismo eram
ligados ao CREA. Por isso, os engenheiros sempre tiveram esse
direito garantido. Mudar isso é fazer uma reserva de mercado,
delimitar algo que não tem sentido, apenas mercadológico”,
contesta Cleidson.
De acordo com ele, para executar um projeto o
profissional não precisa apenas ter a formação em Arquitetura
e Urbanismo, mas conhecimento do que está sendo realizado.
“Arquitetos que são acostumados apenas a realizar
projetos residenciais,
quando forem fazer um
projeto institucional ou
comercial vão ter que
recorrer ao estudo. O
que determina não é a
formação em Arquitetura
ou Engenharia, ambos
têm formação para isso,
têm conhecimento. O que
é preciso é ter domínio
das normas. O engenheiro que deseja fazer um projeto
arquitetônico precisa se atualizar, mas o arquiteto também.”
O QUE É UM PROJETO ARQUITETÔNICO? Mas antes de seguir adiante sobre a prerrogativa de
quem pode ou não desenvolver um projeto arquitetônico,
Daybson explica o que vem a ser este serviço. “Dentre suas
várias representações, o projeto arquitetônico é um modelo
geométrico representado graficamente para exprimir a ideia
e a concepção de um bem imóvel, partindo da materialização
do ato criativo do profissional para atender a necessidade
da construção ou edificação de um imóvel. São conceitos
previstos conforme a NBR 6492 - representação de projetos
de Arquitetura, contendo, resumidamente, planta-baixa,
cortes, fachadas, diagrama de telhado, situação e locação da
edificação dentro do terreno”, esclarece.
Daybson lembra ainda a normativa nº 13534 da ABNT,
que trata da elaboração de projetos de edificações. Esta
norma fixa as atividades técnicas de projetos de Arquitetura e
de Engenharia exigíveis para construção de edificações.
Decisões corroboram o direito do Engenheiro Civil de executar projetos arquitetônicos.
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“A regra discrimina as atividades técnicas referentes
a estes projetos, devendo ressaltar que elas são extensivas
a todas as modalidades da Engenharia, Arquitetura e
Agronomia. A pesquisa histórica do significado do vocábulo
‘arquitetura’ nos remete a Grécia clássica, onde a palavra vem
do grego arkhé, que significa ‘primeiro’ ou principal. ‘Játékhton’
significa ‘construção’ referindo-se à arte ou técnica de projetar
e edificar o ambiente habitado pelo ser humano. Observa-se
que o termo ‘projeto arquitetônico’ nunca se tratou de uma
atividade exclusiva de profissionais de Arquitetura, assim
como o termo ‘construção civil’, também nunca foi atividade
exclusiva de engenheiros civis”, salienta o coordenador.
O QUE DIZ A ACADEMIADe acordo com o professor do curso de Engenharia Civil
da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Raydel Lourenzo,
na grade curricular da instituição existem matérias que os
alunos aprendem os pormenores do projeto arquitetônico.
“Posso falar, pelo menos pelo curso de Palmas, que nele
os alunos têm contato com conteúdo específico aos projetos
arquitetônicos. Outra matéria que eles têm contato é a de
Projeto Integrador, em que os estudantes aprendem sobre
projetos de estrutura, instalações prediais e que são assuntos
ligados ao projeto arquitetônico. Além disso, eles ainda têm
mais três matérias que estudam conteúdos sobre fundação,
que é um conhecimento que também está interligado com
a realização do projeto arquitetônico. Diante de tudo isso,
acredito que o engenheiro civil está habilitado para realizar
essa atividade”, esclarece o professor.
O que diferencia então um projeto feito por um engenheiro
e por um arquiteto? “O arquiteto estuda Arquitetura durante
cinco anos. Tem matérias mais específicas, claro. Mas o
engenheiro também tem esse conhecimento. Na Espanha
existe a mesma polêmica que aqui. Lá se delimita o tamanho
do projeto arquitetônico que o engenheiro pode fazer e vice-
versa. Acredito que em projetos complexos, o engenheiro
possa precisar de auxílio de um arquiteto, mas isso não quer
dizer que ele não possa fazer”, ressalta o professor.
Raydel explica que esse embate é antigo, mas acredita
que o mercado é quem cria a demanda de ter um engenheiro
desenvolvendo esses projetos. Para ele, se atualmente exige-
se que os engenheiros civis façam esse trabalho é porque a
indústria tem essa necessidade. “Os profissionais devem se
preparar para entender o que o mercado está precisando,
se especializar nisso. É uma adaptação normal exigida pelo
mercado”, finaliza.
Polêmicas à parte, na opinião de Daybson, o CAU não
tem e nunca terá competência para extinguir a capacidade
intelectual do engenheiro civil de continuar exercendo e
elaborando projetos arquitetônicos, atividade que sempre
realizou e que para ele, deverá ser de atribuição de ambos.
Para o coordenador o entrave existe por uma situação
de insegurança jurídica, já que não há consenso entre os
profissionais em relação as suas atribuições. Enquanto isso,
engenheiros e arquitetos devem ficar atentos ao que diz a lei.
“Enquanto não é editada uma resolução conjunta,
ficamos com o artigo que diz: ‘Na hipótese de as normas do
CAU/BR sobre o campo de atuação de arquitetos urbanistas
contradizerem normas de outro Conselho profissional, a
controvérsia será resolvida por meio de resolução conjunta
de ambos os conselhos’. Tudo indica que caminharemos
para uma atribuição compartilhada, até porque isso já
vem acontecendo há 77 anos. Enquanto isso, o CREA está
aguardando a resolução conjunta. Temos esperança”, finaliza.
Projeto Arquitetônico elaborado por engenheiro civil: legalidade e responsabilidade técnica
Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 003/2016
18
Entrevista:
Carlos Batista das Neves tem 67 anos, natural
de Nova Granada, interior de São Paulo, atuou 43
anos na Engenharia Elétrica. Aposentado de carreira
pela Eletrobrás-Eletronorte, atualmente é conselheiro
federal do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(CONFEA). Em entrevista à terceira edição da Revista
CREA-TO, o profissional confessou que se sente um
homem realizado profissionalmente. Ele acredita que
sempre teve muita aptidão com a área, por isso considera
que fez a escolha certa na vida. Nesta entrevista ele
fala sobre como começou a trabalhar com Engenharia
Elétrica e faz uma avaliação sobre como o mercado para
este segmento pode ainda crescer no Brasil. Confira!
MODALIDADE
ELÉTRICA
Como foi que o senhor decidiu fazer Engenharia Elétrica e por
quê?
Tudo começou quando eu prestei um concurso, nível médio,
para trabalhar em uma empresa do setor elétrico. Depois que entrei
nessa empresa fui para a cidade de Mogi das Cruzes (SP) e procurei
fazer Engenharia para conciliar o trabalho aos novos conhecimentos,
que eram da mesma área. Eu tinha 22 anos quando iniciei na carreira,
depois aprimorei mais meu interesse pela Engenharia Elétrica e
continuei estudando mais na área. Em meio a tudo isso eu também fiz
Engenharia Operacional Eletrônica como complementação.
Conte-nos um pouco sobre a sua história de vida e como ela se
encontrou com a Engenharia Elétrica?
É uma trajetória longa de vida. Quando entrei para o serviço
elétrico eu fazia o curso de Administração de Empresas, mas como
prestei serviços para a área de Engenharia em uma empresa de
grande porte, no terceiro bimestre do ano letivo de 1971 eu fiz seis
meses de estágio e fui trabalhar na cidade Mogi das Cruzes (SP). Lá,
em março de 1972 eu tive conhecimento de várias faculdades nessa
área, então resolvi progredir com os estudos. Iniciei na faculdade de
Engenharia Operacional Mecânica, era a única área que eu podia fazer.
Três anos depois, quando estava indo para o quarto semestre surgiu
a oportunidade de continuar com o curso de Engenharia Operacional
Eletrônica, mas no período da noite. Como era mais compatível com
o meu trabalho, mudei para Engenharia Eletrônica. Foi tudo uma
oportunidade de adequar ao melhor trabalho.
Então o senhor sentiu que tinha aptidão para essa área?
Sim, eu gostava. Tinha aptidão para isso. Na minha casa mesmo
sempre tive a curiosidade de consertar os aparelhos elétricos, como o
ferro de passar roupas, a enceradeira, o chuveiro e hidráulica também.
Mesmo jovem eu que tomava a frente na minha casa. Quando fui para
o setor elétrico vi que realmente gostava, era algo que estava dentro
de mim.
Muitas pessoas confundem a Engenharia Elétrica com a
Eletrônica. Qual a diferença entre as duas?
A diferença é o porte dos equipamentos e o nível de tensão
elétrico que você trabalha. Na Eletrônica trabalhamos no máximo 250
volts ou 220 volts que alimentam os componentes eletrônicos, isso
se falamos em alta frequência dos equipamentos de comunicação,
telecomunicação e de controle. A Elétrica está mais relacionada à
transmissão de potência e de energia elétrica. A Eletrônica se dedica
mais ao funcionamento dos instrumentos e equipamentos.
O que faz um Engenheiro Eletricista? Quais as áreas de atuação
desse profissional?
A área de trabalho é vasta. Começa na parte de desenvolvimento
de projetos de sistema elétricos, que abrange uma gama de
estabelecimentos como residências, comércios, indústrias, usinas
e subestações, que são os grandes. Depois você pode partir para a
área operacional, de operação de sistemas elétricos, onde você pode
entender da filosofia, dos princípios de funcionamento do sistema
elétrico, os parâmetros que envolvem este sistema. Pode também
trabalhar em manunteção elétrica, em eletromecânica, dentro das
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usinas e subestações. Têm trabalhos desenvolvidos também na
área de pesquisa, do desenvolvimento, como o doutorado, que
dá para entender melhor os parâmetros elétricos. O mercado é
amplo. Se você observar, só na área residencial e comercial têm
uma abrangência muito grande voltada para a área elétrica. Toda
residência tem um sistema elétrico instalado e todo ele deve ser
procedido de um projeto elétrico. Você não pode chegar em uma
casa e puxar a fiação de qualquer jeito. E da mesma forma é o
comércio. Tem que determinar os dispositivos de proteção. A
área é muito vasta. O problema é que a sociedade não está muito
habituada a esses cuidados, que precisamos ter com o sistema
elétrico. É importante que as pessoas entendam que eletricidade
não se vê, ela não se movimenta e aí pode estar o perigo.
O senhor diria então que a sociedade não sabe da
importância do trabalho desse profissional?
Não é que não sabe, às vezes ela não dá importância a
algo tão bem feito, que necessita de cuidados essenciais com
o projeto elétrico.
Em que a Engenharia Elétrica se distingue das demais
engenharias?
A Engenharia Elétrica é um pilar para todas as outras. Não
se faz nada sem a energia elétrica. Todas as áreas precisam
dela, desde uma residência até uma indústria. Acredito que ela
é de maior importância para o desenvolvimento das demais
engenharias, seja para Agronômica, a Civil, a Ambiental.
Todas elas dependem dos instrumentos de eletricidade, que
contribuem para o avanço de todas essas ciências.
Quais as características que um engenheiro eletricista
precisa ter? Como um futuro engenheiro se descobre nessa
profissão?
O engenheiro eletricista precisa acreditar um pouco naquilo
que não se vê. Ele não tem percepção visível da eletricidade,
só através de instrumentos como a medição. Para trabalhar
com isso é preciso ter um pensamento um pouco abstrato.
Acho que como toda Engenharia, o engenheiro tem que tentar
planejar algo que, às vezes, está muito além do que ele vê em
um planilha, porque há parâmetros que ocorrem e que mudam
constantemente na eletricidade. O engenheiro eletricista
também deve gostar muito de cálculos. No curso e na profissão
os cálculos são muito avançados. Este profissional também
precisa ser uma pessoa consciente da segurança, porque vai
trabalhar com fenômenos perigosos.
Ele precisa ser corajoso?
Ele tem que ter consciência e conhecimento. Trabalhei no
setor elétrico 43 anos e nunca me envolvi em nenhum choque
elétrico no trabalho. Acho que devido às empresas que trabalhei,
tive uma boa formação, prática e técnica também, além da
faculdade. E com isso entendi a razão de nunca ter tido um
acidente, embora já tenha presenciado, mas comigo mesmo
não. O básico para não se machucar é sempre fazer os cálculos
e procurar entender os fenômenos da eletricidade. Além de ter
paciência e persistência, porque acontecem muitas surpresas
durante o desenvolvimento de projetos.
Como está o mercado de trabalho para o Engenheiro
Eletricista? Como é a realidade da área no Tocantins?
O Tocantins tem um bom campo, porque ainda não tem
muitos profissionais existentes. Agora que as universidades
estão suprindo as demandas aqui do Estado. Tem uma pespectiva
muito grande para os técnicos e engenheiros eletricistas porque
as instalações elétricas comerciais, residenciais e industriais
estão muito deterioradas por causa da quantidade de anos que
estão instaladas. Uma instalação elétrica não pode durar mais
de 20 anos sem ter uma manutenção, uma substituição, isso
gera muito risco. Está vindo aí uma provável normatização, que
exige uma obrigatoriedade e revisão das instalações elétricas e
isso vai dar uma abertura muito forte para o mercado.
Como está a expectativa para os próximos anos?
A demanda de energia elétrica no Brasil e a expansão
do setor elétrico nacional é uma necessidade premente. Se o
Produto Interno Bruto (PIB) vier a crescer a partir dos próximos
anos teremos uma necessidade de ampliação de todo o sistema
elétrico e a quantidade de empresas que estarão inseridas
nesses mercados vão crescer muito, assim como as novas fontes
de energia elétrica que estão surgindo. A Fotovoltaica, a Eólica, a
O conhecimento prático é um bom indicador para o destaque. Também ter conhecimento teórico e ainda um bom currículo. Acho que esses fatores são pontos fortes
para o profissional se destacar na carreira. Também acredito que ele precisa ser criterioso e observador.
Ter muito cuidado no que vai fazer, porque aeletricidade não permite erros.
Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 003/2016
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Hidraúlica, todas irão expandir. O sistema de transmissão tem que
expandir, porque a demanda de consumo vai exigir expansão do
setor elétrico. Acredito que a Engenharia Elétrica hoje vai ser um
bom investimento para quem está entrando nesse ramo.
Sabemos que hoje em dia ter apenas a graduação não é
suficiente. Quais as especializações disponíveis no mercado? E
dentre elas, quais as áreas mais promissoras?
Após a faculdade o profissional deve procurar cursos
mais específicos daquela área que ele pretende seguir. Seja em
manutenção ou projeto como perito. Esses cursos dão uma base
muito boa para ele seguir na carreira. Ele tem que procurar os
cursinhos mais específicos. Se não conseguir um bom estágio
numa empresa de imediato, ainda tem que procurar esses cursos
que aqui no Tocantins são muito difíceis de ter. O que significa que
este profissional vai ter um pouco mais de tempo para se preparar
para o mercado. Todas as áreas têm projetos, têm manutenção.
Acho que a manutenção vai ser até mais procurada do que o
próprio projeto. A manuntenção já cuida do que é instalado, já é
grande o sistema elétrico brasileiro e ainda temos que analisar
o que está por vir. Enquanto isso, o projeto está atuando só na
expansão. Acho que a área de manutenção, tanto a comercial
e industrial, quanto os sistemas de distribuição e transmissão
serão as áreas que mais acolherão os profissionais da Engenharia
Elétrica.
Qual seu conselho para um profissional que está começando
a carreira?
Planejar e avaliar muito bem o que vai fazer. Existe hoje a tal
análise de risco, que é o cuidado com a segurança. Mesmo não
sendo a segurança, mesmo sendo só a execução de um projeto, de
uma manutenção, não é só planejar a segurança, mas o trabalho
em si. Esse é o cuidado essencial que um profissional poder ter
como base. Conhecer o que ele vai fazer. Ter referências para
avaliar um equipamento e para executar um projeto.
Qual é o papel do Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia (CONFEA) e do Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia do Tocantins (CREA-TO) na vida do Engenheiro
Eletricista? E como tem sido na sua vida?
Normatizar a legislação para os profissionais, segundo as
leis. O CONFEA em si elabora as normas, julga a terceira instância e
coordena os regimentos internos dos CREA’s, ou seja, supervisiona
o funcionamento dos conselhos. Entrei aposentado no CREA e
queria fazer um trabalho social e voluntário e me apareceu de
forma inesperada essa oportunidade de ser conselheiro federal,
no ano passado, já que a vaga era para engenheiro eletricista.
Foi inesperado mesmo. Aceitei e tive o apoio dos colegas do
CREA, que fazem um trabalho bem feito. Para mim esse trabalho
é para representar os profissionais do Tocantins com ética e
imparcialidade em prol dos profissionais do Sistema, que têm a
função de fiscalizar, principalmente o exercício das profissões e
além disso cuidar para que o profissional trabalhe para o bem da
sociedade.
Como é a representatividade do senhor enquanto Conselheiro
Federal para o Tocantins?
Eu represento todos os profissionais do Brasil. Aqui para o
Tocantins eu apoio a gestão do CREA estadual. Procuro dar apoio
ao conselho para que se torne capaz de executar sua atribuição
principal, que é a fiscalização do exercício da profissão no Estado,
já que muitas vezes o CREA-TO depende de recursos. Também
procuro ater-me às outras sugestões das câmaras especializadas
da entidade. Câmaras que alimentam a gente com necessidades
de revisão das resoluções e dão sugestões de melhorias. Procuro
olhar com muito carinho as reivindicações, principalmente dos
profissionais do Tocantins. Mas tenho a obrigação de trabalhar
por todos do Brasil.
Como esse trabalho poderia ajudar os engenheiros?
Sendo um conselheiro ético, imparcial. Quero que o CONFEA
tenha uma ótima gestão, por isso aceitei e me candidatei,
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exatamente para participar de forma direta na vida do CONFEA
e tentar junto com os demais diretores e conselheiros torná-lo
mais representativo para os profissionais do Brasil.
Como a Engenharia Elétrica pode usar novas tecnologias
para trabalhar a sustentabilidade?
De muitas formas. Mas somente nas fontes de geração
de energia ela pode, junto com outras engenharias, buscar
fontes de energia elétrica sustentáveis, em parceria com a
Agronomia, recursos renováveis, da biomassa, não por queima,
mas por biodigestão, por exemplo. Apesar do projeto ser do
engenheiro civil, a Engenharia Elétrica tem que ser parceira nesse
desenvolvimento, trabalhar na evolução de novos produtos que
gerem essa energia, principalmente nessas fontes. Temos que
contribuir na inovação dos instrumentos e dos equipamentos,
ou seja, ajudar a criar novas tecnologias que tragam melhor
produção em função do potencial energético de cada fonte.
O senhor acredita que a Engenheria Elétrica pode desenvolver
novos maquinários para alavancar a agricultura sustentável?
A Engenharia Elétrica pode contribuir da seguinte forma: ao
invés do calor, podemos usar o gás da biomassa para melhorar
a perfomance. Porque a irrigação já utiliza muito pouco a
eletricidade, as bombas são equipamentos desenvolvidos
por esta área. Ela pode contribuir dessa forma, indicando os
instrumentos meteorológicos mais aperfeiçoados para ajudar
em geral na Agricultura.
O senhor acredita que o Tocantins ainda precisa avançar em
novas tecnologias? Por onde começar?
O Tocantins precisa melhorar o sistema de distribuição de
energia elétrica. Sabemos que essa mudança é difícil por causa
da dificuldade devido à extensão do Estado. Mas a garantia e
a qualidade de energia para as regiões não é boa e isso tem a
ver com o sistema instalado. Depende de recursos. Eu não sei a
viabilidade desses recursos, se dá para fazer isso ou não, o que
torna a energia um pouco cara, mas realmente tem que melhorar.
Já está vindo um reforço do fornecimento de energia elétrica,
que foi licitado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),
que vai possibilitar que uma nova subsestação seja instalada
em Palmas, vindo da usina de Lajeado, que com um banco
transformador vai praticamente dobrar a quantidade de energia
que está sendo entregue na Capital.
Nós temos usinas no Tocantins e ainda assim pagamos
uma das energias mais caras do País. O senhor acredita que
precisamos aproveitar melhor os recursos naturais do Estado?
Sem dúvidas temos como desenvolver novas tecnologias
para aproveitar melhor nossos recursos. O Estado tem muita
geração? Tem. Mas temos que pensar no Brasil como todo, a
energia hoje é nacional, temos os leilões nacionais. Hoje você
não sabe se a energia vem do Norte, do Sul. Se prender em uma
região só, às vezes, não dá o equilíbrio financeiro e o fornecimento
necessário para algumas regiões. Como é Brasil, o sistema tem
que ser interligado e assim sendo, não devemos falar em preço
diferenciado porque um Estado gera ou não gera.
O senhor acredita que ainda usamos pouco a energia
solar? Como o Estado poderia aproveitar melhor esses recursos
renováveis?
O grande problema da energia solar é o custo dos
equipamentos, devido ao pouco uso, eles ainda são caros.
Depois de instalados tem ainda a manutenção, têm determinados
componentes que a cada cinco a seis anos devem ser
substituídos e têm um preço alto. Não devemos pensar só no
preço da instalação da energia. Uma forma do governo incentivar
seria tirar um pouco dos impostos estaduais e federais que são
cobrados, porque praticamente tudo que envolve a energia solar
é importado ainda. O governo também ajudaria se incentivasse
a fabricação nacional das células fotovoltaicas, como o invensor
que é um dos componentes mais caros. Só com essa ajuda
que a energia fotovoltaica vai ser mais competitiva, ela terá um
crescimento garantido em nosso país sim, principalmente para
as regiões Norte e Nordeste.
O que representa ser um Engenheiro Eletricista para o
senhor, que tem muitos anos de carreira?
Para mim é uma satisfação. O homem no sentido geral tem
suas realizações na vida e suas necessidades, eu vejo que fui feliz
em ter entrado nesse caminho da eletricidade. Eu me realizei,
trabalhava com gosto. Sempre foi a realização de um trabalho
bem feito e com isso eu tive, graças a Deus, relativo sucesso. Se
fosse para voltar atrás, absolutamente, escolheria essa profissão
de novo.
O engenheiro eletricista precisa acreditar um pouco naquilo que não se vê. Ele não tem percepção
visível da eletricidade, só através de instrumentos como a medição. Para trabalhar com isso é preciso
ter um pensamento um pouco abstrato.
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A ideia era levar uma discussão em torno do Sistema
CONFEA/CREA e Mútua (Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia/Conselho Regional de Engenharia e Agronomia)
em defesa das profissões que fazem parte do Sistema. Assim
foi realizada mais uma edição do Congresso Nacional de
Profissionais (CNP), que aconteceu no início de setembro, em
Foz do Iguaçu, no Paraná.
No evento também foram abordados eixos temáticos, como
a Defesa e Fortalecimento da Engenharia e da Agronomia junto
à sociedade; Tecnologia e Inovação e Carreira e Prerrogativas
da Engenharia e da Agronomia. Para isso foram realizadas
cinco reuniões preparatórias, ocorridas entre maio e junho, nas
cidades de Gurupi, Araguaína, Araguatins, Guaraí e Paraíso, que
antecederam o Congresso Estadual que aconteceu em Palmas
no mês de junho. O CNP, em Foz, foi a fase final das discussões,
que resultou na junção de propostas de todo o Brasil.
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Congresso levantapropostas paraaperfeiçoamento do Sistema
Crédito: Assessoria CONFEA
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Na primeira etapa, 774 profissionais de todo o País
participaram dos debates, sendo 594 delegados – com
direito a voto – e 180 convidados – com direito a voz. A Mesa
Diretora dos Trabalhos (MDT) do Plenário foi coordenada pelo
presidente do Conselho Federal, José Tadeu da Silva, e pelo
conselheiro federal William Barbosa. A primeira atividade do
Congresso foi eleger os secretários e relatores da mesa, dentre
eles, a engenheira civil Suzy Moreno, delegada representante
do CREA-TO como 1ª relatora.
Suzy explica que o Congresso de
Profissionais é um fórum qualificado
para a discussão das grandes questões
nacionais que possuem interface com
Sistema. De acordo com ela, os temas
tratados revelaram a preocupação da
categoria com o momento político/
econômico que o Brasil atravessa e a sua
repercussão para a engenharia nacional.
“A percepção e as expectativas
da categoria diante desse cenário
é o maior ganho que o profissional
tem ao participar de eventos dessa
natureza. A possibilidade de discutir os
grandes temas nacionais em um fórum
qualificado com certeza traz ganhos
imediatos para a classe profissional, uma
vez que é possível fazer um registro dos
avanços pelo qual o Sistema já passou
e lançar as diretrizes para os projetos futuros cujo objetivo é
fortalecimento do Sistema CONFEA/CREA e Mútua, assim como
um maior reconhecimento profissional”, ponderou.
Em relação ao fortalecimento da Engenharia, no Congresso,
de acordo com Suzy, ficou evidenciado que os profissionais
almejam que o Sistema CONFEA/CREA e Mútua adote práticas
que possam dar maior visibilidade à profissão e a sociedade.
Outra reivindicação do Congresso é que o Sistema possa manter
uma maior articulação com os poderes constituídos com o
objetivo de defender os interesses da categoria, demonstrando
que a engenharia, como ciência aplicada, possibilita o
desenvolvimento nas mais diversas áreas.
“Por outro lado, tivemos um amplo debate sobre as
resoluções do CONFEA. Quase todas em relação a sombreamento
de atividades para as profissões regulamentadas, através
dessas resoluções. Assim ficando evidenciado que as
resoluções devem passar por revisões periódicas”, enfatizou.
DIVERGÊNCIASNo evento, também se estabeleceu uma controvérsia
em relação a modificação da Lei 5194/66, que resultou na
proposição de algumas alterações. “Como é um ponto longe
do consenso é um assunto que, com certeza, ainda será pauta
de muitos outros encontros, uma vez que a simplicidade da
Lei beneficia a categoria, por permitir ao Sistema CONFEA/
CREA e Mútua a legislar através de resoluções, o que tornaria o
processo mais ágil”, explicou.
A engenheira também disse que, no evento, muitas posições
foram se consolidando, como a preocupação com o sistema de
ensino da engenharia. Ela contou que, na reunião, um número
significativo das propostas apresentadas evidenciou este tema,
que acabou levantando debates polêmicos promovidos pela
Associação Brasileira de Engenheiros Civis (ABENC) sobre o
ensino a distância.
De acordo com Suzy, também houve propostas sobre o
funcionamento do Sistema CONFEA/CREA e Mútua. Algumas
foram aprovadas e outras ainda necessitam de maiores
debates internos. “Estas propostas trazem no seu bojo
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Crédito: Assessoria CONFEA
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assuntos complexos que devem ser tratados de forma mais
pormenorizada, como, por exemplo, a remuneração para os
presidentes dos Conselhos e eleições eletrônicas via internet.”
A engenheira lembrou que todas as propostas apresentadas
no Congresso tiveram como objetivo a melhoria de processos,
entretanto algumas encontram resistências internas no
próprio Sistema, haja vista a quantidade de profissionais e de
especialidades que o conjunto abriga. “As propostas levadas
pelo Tocantins na sua maioria tiveram o êxito esperado e podem
ser acompanhados pelo site do CONFEA”.
MUDAR PRA MELHORO congresso foi finalizado com 54 propostas aprovadas.
Para o delegado representante do CREA-TO o engenheiro
civil Daybson Dias de Sousa os debates foram interessantes,
com profundidade e calorosos. “Tivemos oportunidade de
aprofundar as questões. A proposta mais importante é a que
trata do exame de proficiência onde os oito grupos de trabalho,
unanimemente, aprovaram a proposição, pois entenderam
que é uma demanda da sociedade que exige os melhores
profissionais”, salientou.
Daybson ainda ressaltou que o Congresso atua como
tribunal e define as metas a cada três anos, além dos rumos
do Sistema. “Aqui no Tocantins já temos definições, como por
exemplo: a terceira empresa para os profissionais, ou seja, cada
profissional pode ter até no máximo três empresas”, mencionou.
O coordenador da Comissão de Ética Profissional do
CREA-TO e delegado representante do Regional, engenheiro
ambiental Cassius Ferreira Gariglio, lembra que o congresso
tem a finalidade de propor
mudanças, alternativas e
melhorias para o Sistema.
“O CNP nos trouxe
muitas possibilidades de
melhorias, atualizações,
regulamentos, legislações
e aperfeiçoamentos
tecnológicos. Ele é um
congresso que não tem
caráter deliberativo, mas
é uma consulta que para a
categoria é muito importante
a fim de escutar o que os
profissionais querem, o que
eles pensam e quais são
os avanços pretendidos
para o futuro. Isso para a
categoria faz uma enorme
diferença, principalmente
para as engenharias mais
modernas e emergentes,
como Ambiental, Florestal,
de Produção, que ainda estão
buscando seu espaço perante
as engenharias mães, que são: a Agronomia, a Elétrica e a Civil”.
O coordenador considera que sua participação foi
importante para alavancar as propostas específicas para a
área. “A nossa categoria atualmente está em um momento de
transformação, visto que o nosso planeta precisa dessas ações,
que são pautadas na sustentação ambiental das atividades
industriais, comerciais e atividades físicas. Então tudo isso é
uma interatividade ambiental”, finalizou.
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Crédito: Assessoria CONFEA
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Pare e reflita: você é uma pessoa feliz? Você tem sonhado?
Os seus sonhos têm se transformado em metas de vida?
Desafiadoras as perguntas, não é mesmo?! Os questionamentos
foram propostos pelo engenheiro civil e coach Newton Vieira
durante a palestra “A Reinvenção Profissional do Engenheiro -
ferramentas para obtenção de sucesso profissional e pessoal
do engenheiro moderno”, realizada pelo Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Tocantins (CREA-TO) aos estudantes
e profissionais de Palmas.
Parafraseando Gonzaguinha com a eterna canção “O que é,
o que é”, e levando o público a “cantar e cantar a beleza de ser
um eterno aprendiz”, a palestra chamou à atenção dos presentes
e ainda trouxe conceitos de coaching, inteligência emocional,
física quântica, psicologia positiva e neurociência.
Na visão de Newton, as mudanças desejadas, em todos
os pilares da vida, são possíveis, desde que a pessoa aja de
maneira certa e na hora correta. “O poder da ação é a chave
para construção do futuro desejado”, afirma. O evento também
propôs uma reflexão sobre as ferramentas e conhecimentos que
beneficiam os profissionais no campo de trabalho em meio à
atualidade brasileira.
O palestrante e coaching acredita que o poder do
Reinvenção Profissional do EngenheiroO EQUILÍBRIO É O PONTO DE ENCONTROENTRE A VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL
DES
ENVO
LVIM
ENTO
Engenheiro civil e Coach Newton Vieira
Revista Crea Tocantins Ano 01 Ed. 003/2016
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desenvolvimento pessoal é de fundamental importância, no
atual cenário político e econômico do país, pois o foco das
pessoas e dos profissionais deve estar na certeza de que é
possível construir um futuro de sucesso a partir do poder da
própria ação. “O entendimento de quem é responsável pela
criação da própria realidade, neste momento de crise, poderá
abrir um leque de oportunidades e mudar o foco do problema
para possíveis soluções”, completa.
Ele ainda frisou que um dos papéis do coaching, que
engloba ferramentas de inteligência emocional, é trabalhar
diretamente com o profissional e com o ser humano, tanto na
Engenharia, como em outras áreas, uma vez que, o profissional
está sempre envolvido em relações, habitualmente, com outros
seres humanos, além de si mesmo.
INTELIGÊNCIA EMOCIONALO especialista ressalta que por essa razão um dos focos da
palestra é sobre a inteligência emocional e a necessidade do ser
humano em autodesenvolver o seu interior. Segundo ele, para
esse autoconhecimento acontecer é preciso deixar um pouco a
cognição e desenvolver a emoção.
“Trabalhando a sua própria emoção, naturalmente o
profissional começa a se relacionar melhor a ter percepção mais
aguçada das outras pessoas. E na Engenharia também é assim.
O engenheiro é um ser humano como qualquer outra pessoa,
então internamente ele já tem isso dentro de si. Não é nada novo,
muitas vezes, talvez por crença ou pela própria profissão, ele é
induzido a ser mais cognitivo, mas internamente, como qualquer
pessoa, ele tem o lado emocional. Então na medida em que você
aplica ferramentas que desenvolvem isso, ele passa a melhorar
a percepção e a quebrar vícios”, explica.
Newton também garantiu que esse não é um trabalho árduo.
Mas que pode ser desenvolvido por todos à medida que a pessoa
começa a se soltar, aprender e dar mais valor às suas emoções
e as do próximo. “Você começa a se relacionar melhor com os
outros. Isso é um esforço cognitivo inicial, mas vai virando um
esforço gostoso, algo natural. Daqui a pouco você consegue
mudar interiormente e quando você muda interiormente muda
também toda sua realidade. Focar no problema não resolve o
problema. O foco tem que ser em você”, desafiou o entrevistado.
PARTICIPANTESPara a estudante de Engenharia Civil Thaísa da Silva Teles,
a palestra foi interessante. Ela acredita que os ensinamentos
que adquiriu podem ajudar as pessoas a mudarem a percepção
de que todo engenheiro é um profissional que age apenas
pela razão. “Nós também temos o lado emocional forte para
atravessar os muros da universidade”, comentou.
Já o acadêmico Vinicius Ferreira Rocha disse que gostou
da palestra porque segundo ele, ela trabalhou temas que não
são comuns na Engenharia e que geralmente não são discutidos
dentro da sala de aula. “Sair da zona de conforto do que se trata
habitualmente a nossa profissão é bem interessante. Ainda
mais quando o assunto envolve aspectos ligados ao emocional
e também ao crescimento interpessoal dos profissionais”,
enfatizou.
O estudante disse que buscou refletir após o evento,
principalmente nas temáticas tratadas pelo coaching que
envolvem as questões profissionais e emocionais. “Se não estou
bem em uma parte da minha vida, consequentemente, isso vai
influenciar no meu emocional, financeiro e profissional. Acredito
que é preciso encontrar um equilíbrio e desta forma ir em busca
da tão sonhada felicidade”, finaliza.
O conceito de coaching surgiu nas
universidades norte-americanas para definir
um tutor particular. O coaching preparava os
alunos para exames de determinada matéria.
Com o tempo passou a ser usado também
para se referir a um instrutor ou treinador de
cantores, atletas ou atores.
A palavra coaching vem da palavra
inglesa “coach” e significa treinador. Esse
treinador tem o objetivo de encorajar e
motivar o seu cliente a atingir um objetivo,
ensinando novas técnicas que facilitem
seu aprendizado. (com informações do site
“Significados”).
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ENVO
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ENTO
COACHING
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Profissional habilitado(a) e em dia com o CREA:
legalidade, responsabilidade e ética profissional.
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NOVA
CARTEIRA PROFISSIONAL
SEGURANÇA
CERTIFICAÇÃO DIGITAL
AGILIDADE
CARTÃO INTELIGENTE
O QUE MUDA:
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