produtoras: dos novos territórios à seriedade

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Abril de 2013 23 www.briefing.pt Produtoras: dos novos territórios à seriedade DOSSIER Briefing | Como definiria o esta- do atual do sector da produção de filmes em Portugal? Francisco Saafeld | A produção de filmes não escapa às conse- quências da crise que afeta o País. O trabalho das produtoras está dependente das iniciativas do ma- rketing e, com o mercado retraído, há uma natural tendência à restri- ção no investimento publicitário. Encaramos este abrandamento como uma consequência natural e respondemos com uma atitude de pro-atividade, oferecendo so- luções que viabilizem os projetos dentro das restrições que o merca- do impõe. É fundamental sermos cada vez mais parceiros de negó- cio, sobretudo quando há know how para tal, como é o caso da Stopline. Briefing | Quais as principais de- bilidades do mercado e como as estão a enfrentar? FS | Estamos inseridos um merca- do que sofreu uma grande contra- ção e como tal, não consideramos como tendo “debilidades”, mas Ser parceiro do negócio antes, uma dimensão diferente – mais reduzido, com verbas mais modestas, mas com a mesma exigência em termos de qualida- de. Realizamos ideias, produzindo emoções - É este o nosso traba- lho. E sendo as ideias o fator de sucesso de uma campanha, não as podemos sujeitar à contração do mercado – desenvolvemos uma maior interação entre criativos, rea- lizador e produção, na procura das soluções mais adequadas a cada projeto. Briefing | A produtora tem mais ou menos trabalho do que há um ano? FS | A Stopline reflete naturalmen- te a situação do mercado em que está inserida. Todavia e até à data, o nosso esforço de parceria na via- bilização dos projetos, tem levado a uma quebra muito inferior à que o mercado sofreu. Em todo o caso, é cedo para fazermos extrapolações comparativas, porquanto a publici- dade tem uma sazonalidade muito acentuada, em que o primeiro tri- mestre é claramente um período de balanço e implementação de estratégias. Briefing | Quais os projetos de in- ternacionalização da empresa? FS | A internacionalização é um projeto que a Stopline tem vindo a implementar, em especial com coproduções na área da ficção e séries para televisão. Um exemplo mais recente, a série “Vermelho Brasil” que recentemente acabou a sua exibição na RTP 1. Abrimos o primeiro escritório no Brasil, a CCFBR – Produções, em S. Paulo, associados a um conceituado pro- dutor na área da publicidade, área esta que tencionamos desenvol- ver numa segunda fase. Em 2012, constituímos uma sociedade em Espanha, a “Roleta Media”, sedia- da em Madrid e que está a rodar o seu primeiro filme em Nova Iorque. Uma comédia com elenco espa- nhol e americano. Temos ainda um projeto em estado muito avança- do de negociação para iniciarmos produção na China. Briefing | Como vê o futuro do sector? FS | O sector vive em função das flutuações do poder de compra e da dinamização que este imprime ao mercado. É natural que esta contração influencie o volume de trabalho, assim como a rentabili- dade das produtoras. Todavia, a importância da comunicação au- diovisual, incontornável em qual- quer processo de recuperação, leva-nos a considerar que o mer- cado recuperará muito em breve, cabendo às produtoras flexibilizar as estruturas e meios técnicos às variantes a que o mercado entre- tanto obrigará. Briefing | Considera que Lisboa se pode tornar num destino mundial para se fazerem filmes (comerciais e cinema)? FS | Não só Lisboa, como o País em si, constituem uma excelente oferta em todas as disciplinas da produção de filmes, sejam eles comerciais ou longas metragens. Da multiplicidade geográfica e ar - quitetónica, à população cada vez mais multirracial, ao clima que nos oferece o maior número de horas de sol da Europa e acabando na grande qualidade dos recursos técnicos, Portugal constitui-se sem dúvida como um destino a privile- giar. Pensamos, assim, que o futu- ro se perfilha nesse sentido. Cinco produtoras dão a conhecer no Briefing a sua visão sobre como vai evoluir o mercado de produção de filmes em Portugal. Francisco Saafeld Stopline

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Produtoras: dos novos territórios à seriedade

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Abril de 2013 23www.briefing.pt Abril de 2013 23www.briefing.pt

Produtoras: dos novos territórios à seriedade

DOssiER

briefing | Como definiria o esta-do atual do sector da produção de filmes em Portugal?Francisco saafeld | A produção de filmes não escapa às conse-quências da crise que afeta o País. O trabalho das produtoras está dependente das iniciativas do ma-rketing e, com o mercado retraído, há uma natural tendência à restri-ção no investimento publicitário. Encaramos este abrandamento como uma consequência natural e respondemos com uma atitude de pro-atividade, oferecendo so-luções que viabilizem os projetos dentro das restrições que o merca-do impõe. É fundamental sermos cada vez mais parceiros de negó-cio, sobretudo quando há know how para tal, como é o caso da Stopline.

briefing | Quais as principais de-bilidades do mercado e como as estão a enfrentar?Fs | Estamos inseridos um merca-do que sofreu uma grande contra-ção e como tal, não consideramos como tendo “debilidades”, mas

Ser parceiro do negócioantes, uma dimensão diferente – mais reduzido, com verbas mais modestas, mas com a mesma exigência em termos de qualida-de. Realizamos ideias, produzindo emoções - É este o nosso traba-lho. E sendo as ideias o fator de sucesso de uma campanha, não as podemos sujeitar à contração do mercado – desenvolvemos uma maior interação entre criativos, rea-lizador e produção, na procura das soluções mais adequadas a cada projeto.

briefing | A produtora tem mais ou menos trabalho do que há um ano? Fs | A Stopline reflete naturalmen-te a situação do mercado em que está inserida. Todavia e até à data, o nosso esforço de parceria na via-bilização dos projetos, tem levado a uma quebra muito inferior à que o mercado sofreu. Em todo o caso, é cedo para fazermos extrapolações comparativas, porquanto a publici-dade tem uma sazonalidade muito acentuada, em que o primeiro tri-mestre é claramente um período de balanço e implementação de estratégias.

briefing | Quais os projetos de in-ternacionalização da empresa?Fs | A internacionalização é um projeto que a Stopline tem vindo a implementar, em especial com coproduções na área da ficção e séries para televisão. Um exemplo mais recente, a série “Vermelho Brasil” que recentemente acabou a sua exibição na RTP 1. Abrimos o primeiro escritório no Brasil, a CCFBR – Produções, em S. Paulo,

associados a um conceituado pro-dutor na área da publicidade, área esta que tencionamos desenvol-ver numa segunda fase. Em 2012, constituímos uma sociedade em Espanha, a “Roleta Media”, sedia-da em Madrid e que está a rodar o seu primeiro filme em Nova Iorque. Uma comédia com elenco espa-nhol e americano. Temos ainda um projeto em estado muito avança-do de negociação para iniciarmos produção na China. briefing | Como vê o futuro do sector?Fs | O sector vive em função das flutuações do poder de compra e da dinamização que este imprime ao mercado. É natural que esta contração influencie o volume de trabalho, assim como a rentabili-dade das produtoras. Todavia, a importância da comunicação au-diovisual, incontornável em qual-quer processo de recuperação,

leva-nos a considerar que o mer-cado recuperará muito em breve, cabendo às produtoras flexibilizar as estruturas e meios técnicos às variantes a que o mercado entre-tanto obrigará.

briefing | Considera que lisboa se pode tornar num destino mundial para se fazerem filmes (comerciais e cinema)?Fs | Não só Lisboa, como o País em si, constituem uma excelente oferta em todas as disciplinas da produção de filmes, sejam eles comerciais ou longas metragens. Da multiplicidade geográfica e ar-quitetónica, à população cada vez mais multirracial, ao clima que nos oferece o maior número de horas de sol da Europa e acabando na grande qualidade dos recursos técnicos, Portugal constitui-se sem dúvida como um destino a privile-giar. Pensamos, assim, que o futu-ro se perfilha nesse sentido.

Cinco produtoras dão a conhecer no Briefing a sua visão sobre como vai evoluir o mercado de produção de filmes em Portugal.

Francisco saafeldstopline

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24 Abril de 2013 www.briefing.pt

Dossier

24 Abril de 2013 www.briefing.pt

briefing | Como definiria o es-tado atual do sector da produ-ção de filmes em Portugal?João Correia Pereira | Paralisa-do pelo pânico. Parece um coe-lho à frente dos faróis. A maior parte das empresas do sector estão paradas à espera de serem atropeladas pela crise. Não rea-gem, não oferecem alternativas, não se assumem como parceiros criativos das marcas na criação de conteúdos.

Encontrar territórios alternativos

Da esquerda para a direita: José Digo Quintela, João miller Guerra, Filipa Reis e João Correia Pereira, a equipa da Vende-se Filmes

briefing | Quais as principais debilidades do mercado e como as estão a enfrentar?JCP | A incapacidade de olhar para a sua oferta de forma criati-va. A incapacidade de olhar para os seus próprios problemas de forma criativa. Com honrosas exceções, como por exemplo a Take it Easy, as empresas neste sector recusam-se a sair do seu quintal para tentar encontrar ter-ritórios alternativos. Não estão

briefing | Como definiria o es-tado atual do sector da produ-ção de filmes em Portugal?Alberto Rodrigues | Difícil, mas obviamente não poderia estar

em contraciclo com a situação económica, existe menos inves-timento de uma maneira geral e isso obviamente traz conse-quências. Acredito que até ao momento 30 a 40 por cento das pessoas passam por grandes dificulda-des e algumas estão a procurar soluções profissionais fora da indústria.

briefing | Quais as principais debilidades do mercado e como as estão a enfrentar?AR | Falta de regulamentação,

concorrência desleal e uma total impunidade a práticas de ausên-cia total de pagamento aos pro-fissionais envolvidos, não exis-tem que eu tenha conhecimento anunciantes devedores, existem agências e produtoras que não cumprem os compromissos de uma maneira vergonhosa e com total desrespeito pelo trabalho que lhes foi entregue. Em muitos casos são casos de polícia. Creio que existem alguns agen-tes que já não deveriam estar em atividade, sejam eles produtoras ou agências ou outros, são con-

taminadores de uma forma muito negativa das boas práticas e do bom trabalho.

briefing | A produtora tem mais ou menos trabalho do que há um ano?AR | No primeiro trimestre menos 40 por cento, mas creio que cor-responde aos cortes anunciados pelos anunciantes de uma forma geral. Estamos a tentar encon-trar dentro da Ministério formas de ajudar a viabilizar projetos de uma forma racional e realista para o período que atravessamos.

Alberto Rodriguesministério dos Filmes

ideias surpreendentes e produções criativas

dispostas a cruzar universos. A única alternativa que parecem ter à sua oferta é a mesma oferta, mas mais barata. Pela nossa parte estamos a utilizar o conhecimento que adquirimos na televisão e prin-cipalmente no cinema documental para oferecer às marcas novos conteúdos. Formatos que as aju-dem a enfrentar os novos desafios que surgem. Formatos mais efi-cientes que consigam apresentar as marcas de forma mais relevan-te na vida das pessoas. Trabalhar com marcas que são parte ativa de uma sociedade, de uma cultura, que têm um papel marcante e que deve ser apresentado. Queremos contar histórias que inspirem as pessoas e outras marcas a segui-rem estes exemplos. briefing | A produtora tem mais ou menos trabalho do que há um ano?JCP | Felizmente até este momen-to estamos acima do ano ante-rior, tanto em número de projetos, como em faturação. briefing | Quais os projetos de in-ternacionalização da empresa?JCP | Através do nosso trabalho na área de cinema temos conse-guido desenvolver alguns projetos noutros países de língua portu-guesa, como o Brasil ou Angola. Temos também mostrado os nos-

sos filmes um pouco por todo o mundo, em diversos festivais e em mostras internacionais. O cinema português está num bom momen-to que pode e deve ser aprovei-tado internacionalmente. Há uma grande curiosidade e interesse em países onde éramos totalmente desconhecidos. No mês passado, por exemplo, mostramos um dos nossos filmes - Cama de Gato - na Eslovénia, em três dias totalmente dedicados ao cinema português. Hoje em dia faz todo o sentido olhar para o mundo como o nosso mercado.

briefing | Como vê o futuro do sector?JCP | Segundo um estudo da Niel-sen, em 2016, 1/3 do planeta vai utilizar o vídeo no móvel. Cerca de 2,5 mil milhões de pessoas. Este é apenas mais um dado que mostra o crescimento exponencial que o vídeo tem na vida das pessoas. Com uma procura destas o futuro tem de ser bom. briefing | Considera que lisboa se pode tornar num destino mundial para se fazerem filmes (comerciais e cinema)?JCP | Temos boas condições para nos tornarmos um destino apetecí-vel. Mas se o caminho for diferen-ciar pelos custos mais baixos, irá ser um destino temporário.

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Abril de 2013 25www.briefing.pt

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Mais trabalho, mais seriedade

briefing | Como definiria o es-tado atual do sector da produ-ção de filmes em Portugal?Alexandre montenegro | Acho que a melhor definição é mes-mo a indefinição que o merca-do atravessa e que nada mais é que o reflexo da atualidade do nosso País.

briefing | Quais as principais debilidades do mercado e como as estão a enfrentar?Alexandre montenegro | A queda brusca de orçamentos, falta de seriedade e concorrên-cia desleal são na minha opi-nião o que de muito mal a crise gerou nesse momento no nos-so mercado. A única maneira que encontramos para enfren-

tar essas dificuldades é com ainda mais trabalho, ainda mais seriedade, ainda mais esforço e, se possível, com um sorriso nos lábios, porque, já dizia o ditado, tristezas não pagam dívidas.

briefing | A produtora tem mais ou menos trabalho do que há um ano? Am | A Show Off é felizmente uma produtora séria, organiza-da, estável e cumpridora das suas obrigações, o que faz com que tenhamos agências e clientes igualmente sérios, que continuam a prestigiar-nos com os seus filmes e sobretudo a sua confiança. O haver mais ou menos produções acom-panha o ritmo de investimento dos nossos clientes.

briefing | Quais os projetos de internacionalização da empre-sa?Am | Nesse momento estuda-mos duas parcerias sérias para a internacionalização. Uma em África, outra na América do Sul.

briefing | Como vê o futuro do sector?Am | Tenho por esse período uma dualidade de opinião e ex-

pectativas. O meu copo meio vazio vê com a óbvia preocupa-ção de quem tem respeito por toda uma indústria que, nesse momento de crise, vê o desabro-char do pior no sector. Falta de compromisso, falta de serieda-de, a prática de não pagar como “sistema”, o oportunismo desen-freado que gera quebra de qua-lidade e investimento. Porém, o meu copo meio cheio vê um mo-mento de regulamentação e lim-peza no sector. O eminente fim de empresas devedoras e pouco sérias, o desaparecer de produ-toras de vão de escada que têm na premissa de não honrar seus compromissos como forma de gestão e até a eventual organi-zação de todo um sector que, após um grande sismo como esse, possa se reconstruir sobre

bases muito mais sólidas do que as atuais.

briefing | Considera que lisboa se pode tornar num destino mundial para se fazerem filmes (comerciais e cinema)?Am | Lisboa tem tudo para ser um grande destino de produção, e de carta maneira já o é, mas ainda com grande potencial a ser explorado. Boas locações, ex-celentes técnicos e atores, além da tão afamada e maravilhosa luz. Agora com a Film Comission espero que o grande e histórico entrave para a produção de fil-mes publicitários deixe de existir, ou seja, que nossas autoridades camarárias se tornem menos bu-rocráticas e mais ágeis nas au-torizações e cedências que esse sector necessita.

Alexandre montenegroshow off

briefing | Quais os projetos de internacionalização da empre-sa?AR | Estamos a pensar como nos podemos posicionar para respon-der de uma forma consistente, tal como o fazemos no mercado interno.

briefing | Como vê o futuro do sector?AR | Com alguma preocupação. Acredito que as marcas terão que continuar a comunicar sob pena de cair no esquecimento, creio que estarão a rever formas de o

fazer e a lidar com os cortes nos orçamentos que é transversal a todos os sectores da sociedade. Quero continuar otimista e a lu-tar para que o trabalho que a Mi-nistério entrega aos clientes se destaque por resultados práticos acima das expectativas e surpre-endentes na forma. Sempre que me dão oportunidade de falar so-bre o futuro desta indústria, acredi-to que tem que se relacionar mais de perto com as pessoas, ser mais observadora da sociedade e fa-lar com os consumidores de uma forma mais próxima, acredito que

existem duas formas e as duas por experiência dão resultados - ideias surpreendentes e produções criati-vas; quando as duas se conjugam o resultado só pode ser positivo.

briefing | Considera que lisboa se pode tornar num destino mundial para se fazerem filmes (comerciais e cinema)?AR | Sem dúvida, tanto em co-merciais como no cinema, existem provas dadas. Depois de bastan-tes experiências por esse mun-do fora nunca senti que não seria possível executar o que quer que

fosse, tanto a nível material como humano, em Portugal, porque ob-viamente não se filma só em Lis-boa. É fundamental que as entidades percebam o potencial financeiro que a indústria pode trazer a Portu-gal, baixar a fasquia da burocracia e aligeirar os prazos das autoriza-ções é urgente, penso que a Lis-bon Film Comission é um passo e deveria ser alargada ao território nacional. De qualquer forma é ho-nesto registar que existe um esfor-ço nos últimos tempos para que tudo seja mais ágil.

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26 Abril de 2013 www.briefing.pt

DossierDossier

briefing | Como definiria o esta-do atual do sector da produção de filmes em Portugal?João Vilela | Sem dúvida que em Portugal as marcas continuam a apostar fortemente na produção publicitária, sabendo que essa continua a ser uma maneira efi-caz de chegar aos seus públicos. Sentimos por isso que há menos atenção aos telediscos, vídeos institucionais ou mesmo grandes produções (cinema, curtas). A cri-se económica e as novas ferra-mentas de comunicação obrigam a uma viragem e adaptação dos conteúdos e é nesse sentido que temos vindo a trabalhar. A histó-ria da Krypton tem acompanhado esta evolução: iniciou a sua ati-vidade produzindo e realizando telediscos e vídeos institucionais, mas rapidamente esta tendência foi combatida com a necessidade de produzir e realizar spots publi-citários. Com o passar dos anos a área das produções publicitárias foi ganhando peso.

briefing | Quais as principais de-bilidades do mercado e como as estão a enfrentar?JV | A verdade é que já não há anos sem dificuldades, mas estas difi-culdades têm de servir para nos tornar, a todos, mais fortes e têm de constituir um estímulo para encontrar soluções e outro tipo de respostas mais ajustadas às necessidades e condicionan-tes dos dias de hoje. Em 2011, a Krypton produziu para todas as principais agências e anun-ciantes, tendo consolidado este objetivo em 2012. Não quisemos fazer previsões para o ano de 2013, uma vez que fazer previ-sões num contexto económico destes, quer em Portugal, quer na Europa, é algo muito arrisca-do. Em 2013, a Krypton comple-ta 25 anos de existência. Não há nenhuma produtora a operar no mercado com tanto tempo de existência. Iremos manter o espírito que nos caracteriza, a aposta em inovação e o trabalho de excelência a que habituámos os nossos parceiros e que sem o qual não teríamos sobrevivido.

briefing | A produtora tem mais ou menos trabalho do que há um ano?JV | A Krypton tem de reconhe-cer que atualmente a competi-ção entre as produtoras é maior. Todas lutam para conseguir as melhores contas, os maiores anunciantes. No entanto, temos

conseguido consolidar o traba-lho que realizámos até então. No-meadamente estamos a alargar o negócio a nível internacional, por isso consideramos que estamos dentro daquilo que eram os nos-sos objetivos. briefing | Quais os projetos de internacionalização da em-presa?JV | A Krypton tem vindo a apostar na exportação, facto que consoli-dou a nossa posição nos merca-dos emergentes. A presença da Krypton no mercado africano tem vindo a aumentar – Angola repre-senta 25 por cento da faturação da empresa e Moçambique é um mercado que tem vindo a ganhar importância. O mercado africano tem crescido, quer do ponto de vista quantitativo como qualita-tivo. As marcas têm procurado comunicar cada vez mais e de forma mais sofisticada. Há uma vontade cada vez maior de con-tacto com o target e de formas cada vez mais inovadoras. E tudo isto representa uma oportunida-de para Krypton. Criámos, ainda, parcerias com diversos estúdios de pós-produção em Espanha, Inglaterra e Polónia e com um es-túdio de som na Alemanha.

briefing | Como vê o futuro do sector?JV | As marcas terão sempre ne-cessidade de comunicar e nós é que temos a obrigação de acom-

panhar as tendências. Como res-ponsável pela Krypton, acredi-to que nesta área é necessário continuar a inovar todos os dias, uma vez que o mundo não para e são as novas tecnologias que se encarregam disto. É preciso, por esta razão, acompanhar o ritmo e estar constantemente a procurar novas soluções. O mais impor-tante, neste sector, é estar atento às tendências e estar sempre um passo à frente. Não parar no tem-po é o mais importante para que o futuro do sector seja positivo!

briefing | Considera que lisboa se pode tornar num destino mundial para se fazerem filmes (comerciais e cinema)?JV | No mês de maio ficámos a saber que já este mês chegava a Portugal uma delegação de pro-dutores e agentes de Bollywood para estudar potenciais locais de filmagem no país. Bollywood é a maior indústria cinematográfica do mundo, ao contrário do que se pensa. A verdade é que a in-dústria portuguesa depende mui-to da produção estrangeira que é realizada em Portugal. E isto são boas notícias para o nosso país. Lisboa é considerada uma das capitais europeias mais bonitas e ricas em paisagem, por isso penso que tanto Lisboa como as restan-tes cidades portuguesas se podem tornar num destino mundial para a realização de filmes, tanto comer-ciais como de cinema.

João VilelaKrypton

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