processo de criação através de yohji yamamoto
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A proposta deste artigo é de verificar e interpretar o processo criativo de Yohji Yamamoto, a partir do documentário intitulado “Identidade de nós mesmos”, do cineasta alemão Win Wenders, bem como das pesquisas etinográficas, bibliograficas e filmográficas e ainda apresentar referências ao design em estudo. Palavras-chave: Yohji Yamamoto. Processo de Criação. Design de Moda.TRANSCRIPT
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Processo de criação através de Yohji Yamamoto
Creation process by Yohji Yamamoto
Ana Paula Lima de Carvalho Docente e Gestora Técnica do Curso de Pós Graduação em Design de Moda do SENAI/ CETIQT
Carla Mendonça Moura Fernandes Pós-Graduada em Design de Moda no SENAI/CETIQT (2010)
Resumo A proposta deste artigo é de verificar e interpretar o processo criativo de Yohji Yamamoto, a partir do documentário intitulado “Identidade de nós mesmos”, do cineasta alemão Win Wenders, bem como das pesquisas etinográficas, bibliograficas e filmográficas e ainda apresentar referências ao design em estudo. Palavras-chave: Yohji Yamamoto. Processo de Criação. Design de Moda. Abstract The purpose of this article is to verify and interpret the creative process from the Yohji Yamamoto documentary entitled "Identity ourselves" of the German filmmaker Wim Wenders, as well as research etinográficas, filmográficas and bibliographical references and still present in the study design. Keywords: Yohji Yamamoto. Creation Process. Fashion Design. INTRODUÇÃO
Se perguntarmos o que é moda, certamente teremos vários conceitos sobre o tema.
O que leva a constatação que o campo da moda é multifacetado e engloba uma
diversidade de caminhos. Isso significa que a moda tornou-se um sistema complexo,
capaz de criar identificações com acontecimentos e grupos sociais, ou mesmo ir ao
encontro destes. Percorrendo esses caminhos complexos da moda, deparamos com
processos de moda interessantes, estes que podem inclusive transitar na contramão
de suas regras tradicionais, e que acabam nos envolvendo e levando-nos a uma
nova análise conceitual no campo criativo da moda.
Este artigo pretende seguir do lado oposto do contexto tradicional da moda,
buscando seus desdobramentos, no caso, a criação aliada ao “fazer da moda”. A
intenção é também propor um questionamento quanto ao que é moda comercial
- feita para vender e consumir fácil - em contraponto a moda conceitual - que conta
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uma história, passa uma mensagem, agrega algum valor àquele que se apropria
dela e segue seu rumo. A partir da descoberta do documentário de Win Wenders
sobre o processo criativo de Yohji Yamamoto, desvendando que na contramão dos
estilistas mais conceituados no mercado, Yamamoto revelou-se um “artista da
roupa”, um inovador na moda.
No caso, “contramão é a direção oposta àquela que está determinada” (MICHAELIS,
2002, p. 202) e contramão na moda, seria àquela que vai ao oposto do que é a
tendência, contrário àquilo que está estipulado como moda naquele momento.
O foco principal dessa pesquisa é a investigação do processo de criação de
Yamamoto na moda, desvendado em parte por Win Wenders em seu documentário
“Identidade de nós mesmos” (1989), no qual o estilista mostra para o mundo que
não existe regra para a criação, cada um deve expressar e fazer aquilo que acredita
ser o certo. Sua experiência de vida, suas bagagens culturais e estéticas, e as
vivências são levadas para as suas criações, acrescentando vida e beleza às suas
peças.
De certo modo, o documentário irá embasar alguns pontos desse artigo, tornando-se
assim um referencial devido à escassez de material teórico conceitual específico
sobre o estilista Yohji Yamamoto. Desse modo, desenvolveremos um subtema
denominado “Yohji Yamamoto: o poeta negro”, para traçar uma breve biografia e
compreender o quanto as interferências na história da sua vida lhe permitiram
carregar um processo criativo inovador.
Yamamoto trouxe uma proposta de moda, voltada a um público irreverente, criativo
e não às “vítimas da moda”, conforme seu comentário “se a moda é a roupa, ela não
é indispensável. E se a moda é uma maneira de perceber nosso cotidiano, então ela
é muito mais importante”.(YAMAMOTO apud BAUDOT, 2000a, p.12). Insere-se no
mundo da moda, juntando seu talento e o neo-minimalismo-japonês (do qual
participam Rei Kawabuco e Issey Miyake), entre formas geométricas, poucas curvas,
cores escuras e uma proposta de conforto aliado à estética, lembrando que o
minimalismo exclui os excessos em busca da forma limpa, dos elementos reduzidos
como se observa na obra de artistas como Sol Lewit.
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Assim, a proposta deste trabalho será de demonstrar o processo de criação de
moda, elaborado por Yohji Yamamoto, e interpretar os aspectos contidos em sua
linguagem, a busca por detalhes, mensagens e símbolos, inscritos nas roupas desse
criador.
Pode-se dizer que a moda tornou-se um elemento fundamental nos dias de hoje, em
meio à sociedade do espetáculo e da comunicação de massas, constitui uma
espécie de tecido de ligação social. Apesar disso, ela é cercada de contradições,
uns a consideram como uma espécie de escravidão e outros afirmam, pelo contrário,
que a moda permite a expressão da individualidade.
De qualquer modo Lipovetsky (1997, p.266) comenta que:
[...] O comportamento orientado pela moda é fenômeno do comportamento humano e está presente na sua interação com o mundo, fundamentada na reivindicação da individualidade e na legitimidade da singularidade [...].
Ainda sobre a mesma abordagem, Kathia Castilho (2004, p.85) afirma que, moda é
antes de tudo uma entidade abstrata, capaz de configurar o corpo e suas questões,
assim ela sustenta que existem:
[...] maneiras de o sujeito materializar-se como presença; propõe continuidades e rupturas; inaugura, recupera e antecipa tendências e perspectivas. Como todas as instituições, dita modos, que, na aparência, são oferecidos como propostas. Esse sistema complexo da Moda, coercitivo por natureza, pode ser apreendido no processo, nas construções realizadas para a concretização do discurso dessa entidade abstrata, que é justamente de onde se originam os movimentos da moda, (...) a moda vestimenta do corpo, entendida como o conjunto formado “pelos” trajes, adornos e acessórios [...].
Elizabeth Wilson (1989, p.14) reconhece no traje, o elemento fundamental da moda,
quando afirma que:
[...] a moda é o traje, no qual a característica fundamental é a mudança rápida e constante de estilos. A moda, num certo sentido é mudança, e nas sociedades ocidentais modernas não existe roupa fora de moda; a moda estabelece os termos de todos os comportamentos em relação ao modo de vestir. [...] No entanto são menos diferentes do que elas pensam, porque a sua maneira de vestir é inevitavelmente determinada pela moda [...]
Com essas considerações, entende-se que a moda é um fenômeno complexo que
vai além da pura noção de equilíbrio entre tecidos, cores e padronagens que
constituem as roupas no dia a dia. Antes de mais nada, a moda pode ser comparada
a fenômenos socioculturais e, como tal, impregnada de valores simbólicos e míticos
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que resistem a uma interpretação em um só sentido, sobretudo no que diz respeito
ao processo da criação, onde emergem aspectos subjetivos, como o imaginário do
estilista, sua bagagem cultural e estética aliada ao processo criativo.
1. REGISTROS DA CRIAÇÃO: IDENTIDADES DE NÓS MESMOS
O documentário Identidade de nós mesmos (1989), dirigido por Wim Wenders,
desvenda partes da criação de Yamamoto, desde a inspiração até o desfile, em
Paris. O processo criativo é exposto de maneira delicada e silenciosa. O
telespectador e o documentarista são praticamente testemunhas de um momento
especial que Yamamoto entrega-lhes, na medida em que desvenda suas criações
em meio a reflexões sobre a moda e o mundo,
Yamamoto demonstra que tudo pode servir de inspiração em seu processo, desde
fatos cotidianos, históricos, objetos, imagens (arte, fotos), entre outros. Sua coleção
outono/inverno de 1989, por exemplo, mostrada nesse documentário, foi inspirada
em fotos antigas do fotógrafo alemão August Sander, editadas no livro Mans of 20
century, com “fotos de pessoas de verdade” como ele mesmo diz, pessoas vestidas
com roupas de trabalho, de casamento ou de luto, ostentando semblantes de
pobreza ou fome (análises de Yamamoto captadas por Win Wenders neste
documentário).
Yohji Yamamoto revela no filme suas inspirações para essa coleção de 1989, nas
fotografias de August Sander, onde estão identificados “tipos” alemães e a relação
entre a imagem e suas profissões. Yamamoto vê nessas fotos, elementos que
despertam sua curiosidade, por exemplo: as expressões e as roupas usadas pelas
pessoas dizem muito sobre suas profissões e suas vidas, elas parecem carregar
uma história, sensação esta que o estilista sente não existir mais.
Pode-se dizer que, o estilista caminha entre formas dramáticas e assimétricas que
configuram seu estilo, no decorrer do filme informa que, “a simetria perfeita é feia”,
para ele, o ser humano não é simétrico em suas emoções, pensamentos e até em
seu corpo, e ainda: “precisamos quebrar, desconstruir um pouco”. Desconstruindo
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linhas, construindo sonhos que transcendem a moda em si, assim desenvolve
Yamamoto.
Em outra passagem do documentário comenta que “as pessoas, hoje, nas cidades,
parecem todas iguais, não dá para distinguir as suas profissões”. As pessoas de
hoje, para ele não se vestem mais de acordo com o seu trabalho e sua história de
vida. “A expressão facial dessas pessoas (fotos do livro de Sander) combinam
perfeitamente com a roupa que elas estão usando, quase como se tivessem sido
feitas para elas”, conclui o estilista.
A foto preferida de Yamamoto, no livro de fotos de August Sander, é a do jovem
cigano (Figura1), não só pela roupa, mas pela expressão de seus olhos e também a
valorização pela expressão gestual, a maneira pela qual ele coloca suas mãos no
bolso. Seu interesse é pelo aspecto utilitário da roupa. São seres humanos “vestindo
a relidade”.
Figura 1: Cigano Fonte: August Sander. 2002.
Outros retratos lembram-nos a questão dos uniformes (Figuras 2 e 3), uma antimoda
por excelência, que não tem compromisso com o novo, apenas com a tradição. Os
uniformes têm a função de distinguir um certo grupo, de caracterizá-lo e diferenciá-lo
dos outros. Através dele, é possível identificar a profissão de alguém, seu status
social, o lugar que o indivíduo ocupa na sociedade.
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Figura 2: Trabalhadores Figura 3: Trabalhador de uniforme Fonte: August Sander. 2002. Fonte: August Sander. 2002.
Ao mesmo tempo em que se iguala, também se diferencia. Os códigos contidos nos
uniformes são autorreferentes, seus símbolos são facilmentes internalizados. “Ao
contrário da maioria da roupa civil, o uniforme é, com frequência, consciente e
deliberadamente simbólico. Identifica aquele que o veste, como membro de algum
grupo” (LURIE, 1997, p.34).
Os passos de Yamamoto para a criação da coleção de 1989 foi mostrado no
documentário e desvenda parte de seus segredos, conforme ele menciona: “meu
processo de criação começa com a escolha do material, como uma segunda pele”,
Isso vem explicar o fato de só criar com a utilização do preto (cor-ausência de cor)
que para ele traz emoções mais condensadas, sobretudo pela junção de todas as
cores, a partir disso é que ele escolhe a matiz que será feita a peça. Sua
paleta usada na coleção, mostrada no filme, possui poucas cores, geralmente preto,
algum branco e toques de vermelho.
Yamamoto finaliza as peças, no corpo das modelos que desfilam para ele, usando o
método da moulage (Figura 4), a criação é praticamente em cima do corpo da
modelo e quando se acredita que a peça já está pronta, ele finaliza a roupa com o
seu toque particular, podendo rasgar a bainha, a manga ou o que acreditar que o
seu senso de estética considere ser o “perfeito”. Na verdade, é o processo criativo a
todo vapor no desenvolvimento de suas coleções.
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No aspecto da modelagem, vale considerar suas experimentações com as técnicas
de moulage, que permitem um caimento especial, o design e a execução impecável
de suas peças. Conforme nos esclarece a docente do SENAI/CETIQT, Rosa Marly
Cavalhero (2011): “Draping ou moulage é uma técnica de construção do vestuário
de forma tridimensional, utilizando manequim próprio, tecido, alfinetes e finalizando
no manequim a modelagem projetada ou em moldes no papel. Esta técnica estimula
a visão espacial, melhora a percepção da forma e torna a modelagem mais concreta
que a modelagem plana, ou seja, bidimensional.”.
O processo de criação para a coleção que Yamamoto está preparando é
desenvolvido a partir das fotografias de Sanders e a cada imagem que o estilista
emociona-se ou identifica uma forma diferenciada, que pode ser uma gola antiga,
uma manga puída, uma bainha rasgada ou mesmo uma roupa surrada, são
influências e inspirações para criações.
Figura 4: Yamamoto finaliza a peça no corpo, técnica de moulage. Fonte: 21tradenet.com
2. YOHJI YAMAMOTO: O POETA NEGRO
Apesar de sua atuação no campo da moda, Yamamoto trafega na direção oposta do
mundo fashion, das tendências e misturas do fashion street (moda de rua). Com um
gestual silencioso, modos sóbrios e diálogos pontuados por longos silêncios de
reflexão, até que ponto inaugura uma nova proposta de moda, tão silenciosa e
delicada quanto excêntrica e poética?
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Nascido em Tóquio, em 1943, formou-se em Direito, abandona a profissão para
cursar moda na Bunko School of Fashion. Mais tarde se estabelece, em Paris. Em
1972, de volta a Tóquio, abriu seu próprio negócio onde poderia expressar melhor
suas originais ideias sobre o vestir, fundando a Y’s Company Ltd, com sua primeira
coleção de prêt-à-porter.
Em 1981, com o chamado japonesismo, (movimento cultural na moda no início dos
anos 1980) Yohji Yamamoto apresenta-se em Paris, simultaneamente com
Rei Kawakubo, mostrando roupas totalmente contrastantes com as tendências do
mercado o qual ditava pele dourada e cores chamativas, enquanto as modelos de
Yamamoto aparecem na passarela com a pele pálida, ruge e clássicos vestidos.
Desde então, sua forma é também conhecida no cenário da moda como “Hiroshima
chic” e sua coleção anterior de “explosão nuclear”. (YAMAMOTO apud BAUDOT,
2000a, p.11).
Yamamoto tornou-se familiar para os consumidores quando lança sua moda
masculina e como colaborador de outras marcas de moda, incluindo a Adidas,
através da marca Y-3. A letra Y de Yamamoto e o número 3 indicando as três linhas
da marca Adidas. Fez parceria com as marcas: Hermès, Mikimoto e
Mandarina Duck, além de trabalhar com artistas de gêneros diferentes, tais como
Sir Elton John, Placebo, Takeshi Kitano, Pina Bausch e Heiner Müller.
Vale considerar também sua passagem pelo cinema, como protagonista e figurinista.
Em 1989, participou do documentário de Win Wenders, Identidade de nós mesmos,
que utilizamos como fonte documental para apresentar seu processo de criação em
meio a profundas indagações sobre moda. Assim também criou figurinos para os
filmes Brother (2000), Dolls (2002), Zatoichi (2003), Takeshis (2005) e The Man with
the suit case (2009).
[...] As mulheres que desfilam para ele desde 1981 parecem vindas de um mundo longínquo e sombrio. Nem japonesas, nem europeias mas quem sabe poetisas procedentes de uma remota estrelas [...] cobertas com várias capas, amplas e escuras com se precisassem se proteger de algo [...]. (SEELING, 2000, p. 511)
Nas criações de Yamamoto, observa-se que em suas roupas, a mulher aparece
sempre muito verticalizada (Figura 5), com o colo e o rosto destacados. Yamamoto
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significa “ao pé da montanha”, talvez seja assim que se coloque: aos pés dessa
mulher, trabalhadora, executiva, guerreira. Mulheres como sua mãe, que o criou com
dificuldades depois da morte de seu pai, na segunda Guerra Mundial. Aliás,
mantem-se em sua vida quando afirma que “a guerra ainda não acabou dentro de
mim.”
Em seu contexto estético, as silhuetas podem ser esculturais ou fluidas (Figura 6) e
as roupas possivelmente “metáforas”, construídas na intenção de uma segunda pele
ou de oferecer espaço para o movimento ou a performance, nesse viés seus desfiles
vêm se tornando cada vez mais encenações poéticas.
Figura 5: Mulheres verticalizadas Figura 6: silhuetas esculturais ou fluidas Fonte: www.clubk.com.br Fonte: missosology.info
Por outro lado, como avaliar a obra e o estilo de Yamamoto diante do mercado
consumidor da moda? Existe uma discussão dentro do mercado da moda
equivalente ao nicho Europa e EUA, no que se refere a Yamamoto, se este seria um
estilista de valor conceitual, ou se suas roupas e criações seriam de valor comercial.
No contexto do mercado de moda, pode-se dizer que a criação de uma coleção tem
como meta o varejo, a comercialização, o lucro e consequentemente a massificação,
considerando-se que o lucro como finalidade vital pode até eliminar a exclusividade.
Não restam dúvidas sobre o valor mercantilista da história da indumentária e suas
interseções com a sociedade, a tecnologia e a industrialização. De acordo com
Lipovetsky, a moda contemporânea está incorporada ao consumo, ao desejo, à
busca constante pela novidade, “a moda é nossa lei porque toda cultura sacraliza o
novo e consagra a dignidade do presente”. (LIPOVETSKY, 1997, p.269)
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É preciso entender que não apenas a roupa é envolvida pela dinâmica da moda,
mas também a aparência, filmes, livros, gestuais, músicas, culinárias etc, até porque
tanto a moda como a roupa e mesmo os objetos acomodam necessidades. Apesar
de que, na sociedade contemporânea o consumo vem se impondo à necessidade,
consome-se tudo, consome-se vida e objetos sem distinção, pois o consumista só
quer o que ainda não tem, mesmo que já tenha muito.
Lipovetsky (1997, p.173) acrescenta que “o consumo, no essencial não é mais uma
atividade regrada pela busca do reconhecimento social: manifesta-se, isso sim, em
vista do bem-estar, da funcionalidade, do prazer para si mesmo”, ou seja, o
importante agora seria desenvolver seu estilo pessoal, comprometido com o
bem-estar e ao mesmo tempo diferenciar o efêmero do permanente.
Em outras palavras, Yamamoto vai sobrepor criação à comercialização e pelo
menos parece romper com a ditadura do consumo, “felicidade seria obrigar as
pessoas a viverem de forma simples e sem comprar”, menciona o estilista. Apesar
disso, o poder de seu estilo é mensurável nas páginas das revistas especializadas
de moda. Contrário à ditadura do consumo, ele segue um caminho paralelo à
proposta do mercado, deixando a comercialização acontecer naturalmente, mesmo
em sua marca do seguimento Prêt-à-porter.
Em um movimento oposto, verificamos a presença cada vez mais comercial e de
massificação das tendências, Yamamoto escapa da vulgarização agressiva,
mantendo-se num universo de delicadeza e mistério, quando declara no
documentário: “Não gosto de mostrar o corpo ostensivamente. Prefiro sonhar,
imaginar”.
3. PROCESSO DE CRIAÇÃO DA MODA EM YAMAMOTO
Entende-se que o estilista e designer de moda, inicia seu processo de criação e
desenvolvimento de coleção a partir de um ponto, uma inspiração ou de um “start” –
uma ideia nova que surgiu. O importante é o modo como cada um desenvolve sua
forma, estilo e linguagem, ou seja, cada criador vai encontrar seu processo
particular, próprio de criação, e desse modo fundamentar sua “obra”, seus produtos,
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coleções, estilo, a assinatura que o diferencia, assim como o próprio Yamamoto que
traz seu processo de criação específico, particular e ainda, finaliza suas peças no
corpo da própria modelo, rasgando o tecido, trazendo o detalhe da assimetria e
transformando a roupa em peça única; portanto, exclusiva. Desse modo, nenhuma
criação de Yamamoto será igual à outra.
Ana Maria P. Barreira, com o texto Atavios Bizarros (2006, p.163), traduz um pouco
o que seria o processo de criação na moda, quando afirma que:
[...] Se você pergunta a cada um dos criadores de moda, qual é o modelo absoluto na sua criação, ele vai responder cada um à sua maneira, que é o que ele faz atualmente: o fruto de suas pesquisas e de anos de trabalho de criação e de invenção [...].
Yamamoto, como os demais criadores contemporâneos, rejeita qualquer parâmetro
ou modelo de processo de criação imposto, ele caminha sozinho com suas
referências, materiais e procedimentos. Não se apega ao sistema tradicional da
moda para desenvolver suas criações, bem como não se baseia em tendências nem
tampouco se espelha em modelos já confeccionados de outros estilistas.
Sendo assim, o foco do trabalho de Yamamoto está centrado no seu processo
particular de criação, que o diferencia de outros estilistas, conforme seu depoimento
no vídeo Maratona do Estilo Yohji Yamamoto (2011): “quero criar roupas a partir de
todos os ângulos, de todas as partes [...] tentar encontrar minha beleza, própria e
favorita”.
Desse modo, seu método de criação inicia-se a partir da escolha do material, deste
primeiro passo segue em busca das formas – da criação das formas. “Começo pelo
tecido, pelo material, por tocá-lo. Depois, passo a forma. Para mim, é o toque que
conta primeiro. Em seguida, quando começo a trabalhar o material, eu me transporto
em pensamento para a forma que ele deve assumir” (YAMAMOTO apud BAUDOT,
2000, p.13). A forma seria então a criação mais profunda desse estilista, que em seu
ato de entrega à obra, dedica horas aos detalhes, até chegar a “perfeição”, que para
ele, é a assimetria, o desforme, o desigual, pois assim como os sentimentos das
pessoas, nada é igual.
Percebe-se que a característica básica do processo de criação de Yamamoto é a
utilização das possibilidades técnicas fundamentais e simples para a execução de
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um produto de moda (modelagem, corte, matéria-prima, confecção, desenho,
refinamento, acabamento, a possibilidade de peça única e a qualidade), mas
agregadas com criatividade, poéticas, sentimento e o olhar estético do criador,
desde a escolha dos tecidos (tecnológicos, rasgados, retingidos e estruturados) até
a finalização daquela roupa no corpo da modelo, simplesmente costurada
artesanalmente, na busca constante de um acabamento perfeito.
A criação de Yamamoto engloba diversos elementos e possivelmente dialoga com
eles. Cada etapa do processo é importante, apesar do destaque para o tecido
(matéria-prima) e a modelagem. Quanto ao tecido, Yamamoto comenta no
documentário de Wenders (IDENTIDADE..., 1989), que é a matéria-prima por
excelência de suas criações e trata-o como uma segunda pele.
Nesse sentido, Yohji desenvolveu um impecável trabalho de modelagem, que
prioriza o corte dos tecidos e os acabamentos em favor de peças mais dramáticas e
experimentais, formas geométricas e materiais inusitados.
Outro elemento é a cor, segmento importante dentro do universo da moda, sempre
em constante mutação, dependendo da época, pode ser o traço e marca do criador,
por exemplo, a maior característica de Yamamoto é o uso da cor preta. Ainda no
filme Identidade de nós mesmos (1989), declara que utilizar muitas cores polui,
esconde e ofusca a forma da roupa, o que justifica o uso de poucas cores em suas
coleções, geralmente usa muito preto, às vezes usa o branco e nuances de
vermelho. Entende que certas formas pedem certos materiais e estes pedem uma
determinada forma, por isso só desenvolve suas coleções com o uso da cor preta
(Figura 7), pois não influencia na criação das formas.
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Figura 7: Yamamoto, observando as formas de suas criações, peças elaboradas em preto Fonte: historyofourworld.wordpress.com
Fayga Ostrower (1994, p.55) observa que o processo de criação é inerente ao ser
humano, engloba o impulso inconsciente e toda a bagagem cultural vivida que cada
ser carrega, e diz que:
[...] além dos impulsos do inconsciente, entram nos processos criativos tudo o que o homem sabe: os conhecimentos, as conjecturas, as propostas, as dúvidas, tudo o que ele pensa e imagina. Utilizando seu saber, o homem fica apto a examinar o trabalho e fazer novas opções [...].
Diante disso, passa-se a entender que o processo de criação, nada mais é que levar
a sensibilidade que cada criador tem para sua obra, sua particularidade, suas
vivências e experiências, aplicadas àquilo que acredita ser verdade. Yamamoto, não
tem medo de arriscar, aplicando em suas criações as influências que carrega, cuja
particularidade constitui parte do movimento do japonesismo, aliado à possibilidade
de surpreender e a um design de moda que propõe o conforto, a elegância, a forma
e a cor.
O japonesismo do qual Yamamoto faz parte, surgiu durante a década de 1980 com
uma nova geração de estilistas japoneses, tornando-se peça importante no contexto
da moda internacional, assim, “Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto juntamente com o
já estabelecido Issey Miyake, formaram uma nova escola de vanguarda (...)
enquanto rompiam as fronteiras da moda”. (MENDES; LA HAVE, 2003, p.237).
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Lipovetsky (1997, p.111) também observou sobre esse movimento que “os criadores
japoneses provocaram uma reviravolta na estrutura tradicional dos trajes”.
Tais estilistas entraram no mercado europeu pela porta da frente, apesar do
Prêt-à-porter parisiense e da imprensa pouco preparada para compreender a
originalidade das criações desses novos designers. “Os críticos compreendiam que
os japoneses haviam iniciado uma revolução pacífica que oferecia uma alternativa à
descoberta do corpo” (SEELING, 2000, p.511). Entre padrões inovadores e coleções
paradoxais, elaboradas conceitualmente, eles enfrentaram sérias dificuldades,
sobretudo do grupo fechado e exclusivo da alta costura europeia.
Ao contrário da proposta ocidental de mostrar o corpo feminino, os asiáticos exibem
uma estética do oculto que se orienta pelas formas geométricas (referência ao
quimono). Enquanto no mundo ocidental, o corte é pensado a partir da silhueta do
corpo, os japoneses pensam nas linhas do tecido, desenvolvendo novas proporções
que alteram ou reconstroem o corpo, distanciando-o da realidade. Quanto ao estilo
de Yamamoto, é neutro e minimalista, pontuado por formas amplas e referências
que podem passar pela moda clássica, arte, estética das vestes japonesas e ainda
pelos trabalhadores fotografados pelo alemão August Sander.
A partir dessa questão a respeito do minimalismo, pode-se dizer que este
movimento artístico influenciou a moda, tanto nas características de estilo como nas
modelagens amplas (fora do padrão), retas e geométricas, e mesmo em outros
elementos, como formas e cartela de cores. A relação do minimalismo com a moda
deve-se, sobretudo, aos criadores japoneses.
No caso do processo de criação de Yamamoto, identifica-se claramente essa fusão,
tanto que o estilista é conhecido como o primeiro a inserir o minimalismo em suas
obras, no estilo de suas roupas (Figura 8) ou no vestido de madeira e dobradiças
apresentado em 1991 (Figura 9).
Fayga Ostrower (1994, p.9), esclarece que o processo de criação é basicamente
criar a forma, quando afirma:
[...] Criar é, basicamente formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo de atividade, trata-se, nesse “novo”, de novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato
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criador abrange; portanto, a capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, ordenar configurar, significar [...].
Figura 8: Estilo minimalista aplicado nas roupas de Yohji Fonte: bugingangasecia.blogspot.com.br
Figura 9: Yamamoto: vestido de madeira
Fonte: yuminakagawa.blogspot.com.br
Diante desta constatação, elaboramos a seguinte questão: Até que ponto a
vestimenta inclui um processo simbólico?
Para Yohji Yamamoto (2011), a vestimenta é carregada de significados simbólicos, o
que transparece em seu comentário sobre o vestido de noiva, no programa GNT
Maratona de Estilo, “o vestido de noiva existe em um espaço entre a vida real e os
sonhos. Certas vezes, deixa de ser uma roupa ou vestido, pode ser uma fantasia”.
Assim, suas peças de roupa são conceituais, transgressoras e sofisticadas (Figura
10), no documentário de Win Wenders (IDENTIDADE..., 1989), ele diz: "as
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vestimentas precisam ser convidativas, pois gostaria que as pessoas ‘morassem’
nelas e se identificassem a tal ponto que, se alguém visse o casaco de outro jogado
no chão, não diria ‘é o casaco do fulano’, mas sim “é o fulano”.
Figura 10: Vestido de noiva apresentado no desfile outono/inverno1999 – Paris Fonte: strawberige.blogspot.com
No contexto da criação, Yamamoto não segue tendências. Suas roupas trilham um
caminho próprio, diferenciadas dos padrões da moda (aquilo que seria oficial,
correto, padronizado dentro da moda), não apenas pelo rigor de sua qualidade de
execução técnica, mas também pela sua relação com o perfil diferenciado do seu
público exclusivo, selecionado não apenas pelo poder aquisitivo, mas, sobretudo,
pela apreciação de sua filosofia, como o próprio cineasta Win Wenders e a bailarina
Pina Bauch os quais são seguidores de seu estilo. Suas criações são para aqueles
que respeitam e reverenciam o corpo em sua constante e consciente mutação e
transformação.
A produção do estilista inclui Alta-Costura, Pret-à-porter e os produtos esportivos
desenvolvidos para sua marca Y3 em parceria com Adidas. Cada coleção possui
uma proposta conceitual e uma estética própria que parecem se aproximar da
categoria de obra de arte, pelas formas vestimentais e as apresentações
performáticas de seus desfiles-espetáculo. Afirma Lipovetsky (1997, p.272), que, na
contemporaneidade, assiste-se a uma consistente integração entre moda e arte, “o
fosso entre a criação de moda e a criação de arte não cessa de reduzir-se: enquanto
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os artistas não conseguem mais provocar escândalos, os desfiles de moda
pretendem-se ser cada vez mais criativos”.
Nesse viés, vale observar a coleção de Yamamoto para outono/inverno de 1989
(Figura 11) e 2002 (Figura 12). Na primeira, arte e design estão aliados em formas,
cortes retos, deixando os detalhes para as golas armadas em uma atmosfera
sofisticada. Os modelos pareciam demonstrar mistério e sofisticação em meio a
performances e roupas estruturadas. Os looks da coleção de 2002 foram baseados
em sobreposições (Figura 12), compostos de peças que se diferenciavam da
simplicidade conferida pelas coleções casuais da atualidade. A silhueta geral é solta
e leve ao andar, mas com corte impecável, isto é, uma modelagem perfeita.
Figura 11: Coleção outono/inverno 1989 Figura 12: Coleção outono/inverno 2002 Fonte: flyprints.co.uk/blog Fonte: www.clubk.com.br
Na coleção de 2009, além do uso da cor preta, presente principalmente nos vestidos
e nas longas chemises, os casacos apresentaram colarinhos assimétricos (um
apontando para baixo e outro para cima), destacaram-se pelo diferencial elegante da
barra, que ao invés de ser reta, ganhou pontas assimétricas (Figura 13). Em
nuances de pinceladas de cores (vermelho) e peças que podiam ser vistas em
branco.
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Figura 13: Coleção outono/inverno 2009
Fonte: aboutfashion.com.br
Na coleção verão 2011, o estilista abre concessão para formas orgânicas e
experimentações com tecidos bem fluidos (Figura 14). Há espaço também para
estampas psicodélicas coloridas (Figura 15), que aparecem em saias longas e
calças, usadas sob vestidos e lenços. O resultado são vestidos com formas
“rebeldes e transgressoras”, usados com coturnos pesados. As modelos com a pele
completamente branca e os cabelos desgrenhados e texturizados, que parecem não
se preocuparem tanto com o que usam, mas pela exposição das formas
assimétricas que representam um dos elementos constitutivos do processo criativo
de Yamamoto – a assimetria.
Figura 14: Coleção Verão 2011 Figura 15: Coleção Verão 2011 Fonte: www.vogue.es Fonte: multiplefashiondisorder.wordpress.com
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CONCLUSÃO
Esse artigo teve como objetivo interpretar o processo criativo de Yohji Yamamoto,
que nos faz repensar como designers da moda a busca constante para a obtenção
de um trabalho completo a partir de uma análise projectual, que prima pela forma,
acabamento e elaboração do processo de moda contínuo cuja responsabilidade do
designer é de explorar a flor da pele e absorver a referência proveniente do sentido
tátil, que permite fluir a criatividade, assim contribuindo para o desenvolvimento da
moda.
Hoje Yamamoto é um criador de moda de grande influência para os designers atuais
de moda, através das suas criações, suas peças diferenciadas e pelo seu processo
de criação particular, gerando curiosidade, despertando seguidores e críticos ao seu
trabalho.
Ele se diferencia dos outros designers de moda e consequentemente acaba fugindo
do nicho comercial, apresentando uma moda diferente, inovadora. Cria suas roupas
partindo de todos os ângulos, de todas as partes, tentando encontrar sua beleza,
própria e favorita. Yohji desenvolveu um impecável trabalho de modelagem, que
prioriza o corte assimétrico dos tecidos e os acabamentos em favor de peças,
através de um design seguido de formas geométricas e materiais diferentes além de
finalizar suas peças no corpo das modelos, usando o método da moulage, um
trabalho artesanal, meticuloso, quase uma obra de arte, um ritual.
A pesquisa sobre Yamamoto e seu processo de criação apontaram outras
possibilidades da criação e desenvolvimento no design de moda, considerando-se
que a dinâmica da moda em sua incessante busca pelo novo, abre espaço para a
experimentação constante, tanto dos materiais, como das formas, performances e
estéticas. De certa forma, o processo de Yamamoto, de seu fazer da moda, é
também um estimulo ao aprofundamento de nosso processo particular de criação,
lembrando que a moda é um laboratório experimental incessante e, nesse espaço,
cada um pode construir sua linguagem, sua identidade e seu processo próprio de
criação.
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Para esse criador, é a forma que conquista a supremacia da roupa e nada pode
interferir nessa opção, nem a cor, por isso a predominância do preto, pois em sua
concepção mesmo o cinza interfere.
O fio com que tece seu trabalho, obra, criação, está em constante alinhavo, sempre
identificando com a sua própria personalidade, ou melhor, com sua aparente
tranquilidade oriental. Seu trabalho flui através de um intenso processo, que segue
um ciclo pontuado pelo design, a arte e certamente por suas vivências e bagagens
culturais. Assim, seu processo de criação não pode ser resumido a um método,
diagrama, regras ou esquemas, ele vai além, pois é subjetivo e flui a partir de sua
sensibilidade, inspiração e insights.
Desse modo, Yamamoto trouxe novos paradigmas ao design de moda,
especialmente quanto às questões que envolvem valores de criação e
comercialização. Observou-se também que seu trabalho está fundamentado em um
intenso processo e não em expectativas comerciais.
Conclui-se que essa experiência com Yohji Yamamoto fez-nos repensar como
profissionais do design da moda, levando-nos a indagar que como a assimetria, a
desigualdade e a imperfeição das formas de uma roupa, podem vir a valorizar o
corpo e a imagem de quem as veste? No caso de Yamamoto, a busca da perfeição
no design de seu trabalho está no acabamento e nos tecidos cortados a partir do
toque e da sensibilidade desse designer, deixando a cor por último, quase um
acessório. As inspirações para as formas surgiram dos toques e manuseios dos
tecidos que levaram Yohji a viajar nas formas dos objetos e situações da vida,
absorvendo como referência e transpassando para as sua criações, e ainda
finalizando no próprio corpo de quem a veste, propondo uma estética e uma beleza
com a assimetria. Este é Yohji Yamamoto, único, um poeta das formas.
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Currículo Resumido do(s) Autor(es) Ana Paula Lima de Carvalho Mestre em Design (2001), Licenciada e Bacharel em História (1989), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Pós-graduada em Docência do Ensino Superior (UNIGRANRIO). Linha de pesquisa: moda, história e cultura. Qualificação acadêmica: conhecimento de metodologia de pesquisa científica e experiência na elaboração de artigos técnicos e científicos. Experiência no Ensino Superior: Docente na faculdade SENAICETIQT no curso de bacharelado em Design: Habilitação Moda desde 2009 e Gestora Técnica do Curso de Pós Graduação em Design de Moda tanto presencial quanto EAD. Atua também como orientadora de TCC (Graduação e Pós-graduação) e avaliadora em bancas examinadoras. Faz parte do Núcleo Docente Estruturante (NDE). Na UERJ: participação em bancas examinadoras e palestrante em disciplinas de graduação junto ao curso de Educação e Artes (1994-1998). Carla Mendonça Moura Fernandes Graduada em Direito (Universidade Estácio de Sá (2000) Pós-Graduada em Design de Moda no SENAI/CETIQT (2010) Atua como pesquisadora no campo acadêmico de moda, com ênfase no processo de criação, atuando também como designer e empresária de moda, desenvolvendo produtos de vestuário para a sua própria marca CherryLove.