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I UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de fevereiro de 1808 Monografia Prevalência da tosse em pacientes com hipertensão arterial refratária em uso de Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina André Nascimento Públio Pereira Salvador (Bahia) Maio, 2016

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I  

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Prevalência da tosse em pacientes com hipertensão arterial refratária em uso de Inibidores da Enzima de

Conversão da Angiotensina

André Nascimento Públio Pereira

Salvador (Bahia) Maio, 2016

     

II  

  FICHA CATALOGRÁFICA (elaborada pela Bibl. SONIA ABREU, da Bibliotheca Gonçalo Moniz : Memória da Saúde Brasileira/SIBI-UFBA/FMB-UFBA)

 

  Pereira,  André  Nascimento  Públio  

 Prevalência   da   tosse   em   pacientes   com   hipertensão   arterial   refratária  em  uso  de  Inibidores  da  Enzima  de  Conversão  da  Angiotensina/  André  Nascimento  Públio  Pereira.  (Salvador,  Bahia):  ANPP,  Pereira,  2016  

           

        Monografia,   como   exigência   parcial   e   obrigatória   para   conclusão   do   Curso   de   Medicina   da  Faculdade  de  Medicina  da  Bahia  (FMB),  da  Universidade  Federal  da  Bahia  (UFBA)             Professor  orientador:  Roque  Aras  Junior.  

          Palavras   chaves:   1.   Hipertensão.   2.   IECA.   3.   Tosse.   I.   Junior,   Roque   Aras.   II.  

Universidade  Federal  da  Bahia.  Faculdade  de  Medicina  da  Bahia.  III.  Título.                         CDU:    

     

III  

UNIVERSIDADE  FEDERAL  DA  BAHIA  FACULDADE  DE  MEDICINA  DA  BAHIA  

Fundada  em  18  de  fevereiro  de  1808

Monografia

Prevalência da tosse em pacientes com hipertensão arterial refratária em uso de Inibidores da Enzima de

Conversão da Angiotensina

André Nascimento Públio Pereira

Professor orientador: Roque Aras Junior Orientador tutor: Cristiano Ricardo Bastos Macedo

Monografia de Conclusão do Componente Curricular MED-B60/2015.1, como pré-requisito obrigatório e parcial para conclusão do curso médico da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, apresentada ao Colegiado do Curso de Graduação em Medicina.

Salvador (Bahia) Maio, 2016

     

IV  

Monografia: Prevalência da tosse em pacientes com hipertensão arterial refratária em uso de Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina, de André Nascimento Públio Pereira.

Professor orientador: Roque Aras Junior

Orientador tutor: Cristiano Ricardo Bastos Macedo

COMISSÃO REVISORA:

•   Roque Aras Junior (Professor orientador), Professor do Departamento de Medicina interna e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

•   Ailton de Souza Melo, Professor do Departamento de Neurociências e Saúde

Mental da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

•   André Gusmão Cunha, Professor do Departamento de Anestesiologia e Cirurgia da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

•   Jorge Carvalho Guedes, Professor do Departamento de Medicina interna e

Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia avaliada pela Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação pública no IX Seminário Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA, com posterior homologação do conceito final pela coordenação do Núcleo de Formação Científica e de MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em ___ de _____________ de 2016.

     

V  

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém, viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer)

     

VI  

Dedico este trabalho aos meus amados pais, Ebenézer Públio Pereira e Ariadne Nascimento Públio Pereira, e ao meu irmão, Diogo Nascimento Públio Pereira

     

VII  

EQUIPE

•   André Nascimento Públio Pereira, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA. Correio-e: [email protected];

•   Roque Aras Junior, Professor Orientador. Professor da FMB-UFBA, vinculado ao Departamento de Medicina interna e Apoio Diagnóstico; •   Cristiano Ricardo Bastos Macedo, Orientador tutor. Médico cardiologista do Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA; •   Ricardo Ribeiro do Nascimento Teixeira, Acadêmico de Medicina da FMB-UFBA; •   Iuri Resedá Magalhães, Médico da Força Aérea brasileira (FAB) em Salvador; •   Diego Sant’Ana Sodré, Acadêmico de Medicina da FMB-UFBA; •   Bianca de Almeida Nunes, Acadêmica de Medicina da FMB-UFBA; •   Juliana Queiroz Vasconcelos Muniz, Acadêmica de Medicina da FMB-UFBA.

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Ø   Faculdade de Medicina da Bahia (FMB) Ø   Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (HUPES)

FONTES DE FINANCIAMENTO 1. Recursos próprios

     

VIII  

AGRADECIMENTOS

♦   Ao meu Professor orientador, Doutor Roque Aras Junior, pela oportunidade, apoio e confiança na elaboração deste trabalho.

♦   Ao Doutor Cristiano Ricardo Bastos Macedo, meu orientador tutor, pela

orientação, suporte e pelo paciente trabalho de revisão da redação.

♦   Aos Doutores Ailton de Souza Melo, André Gusmão Cunha e Jorge Carvalho Guedes, membros da Comissão Revisora desta Monografia, pela disponibilidade e revisão deste trabalho.

♦   Aos meus Colegas Ricardo Teixeira, Iuri Resedá, Diego Sodré, Bianca

Nunes e Juliana Muniz pela colaboração no desenvolvimento deste trabalho e contribuição com a coleta de dados do mesmo.

♦   Aos meus pais e meu irmão, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

♦   Aos Amigos Rafael Coutinho, Victor Porfírio, Maria Clara Rosas, Daniela

Velame, Guilherme Moinhos, Larissa Cabral, Ana Clara Vasconcelos e Rodrigo Dahia, companheiros de trabalhos que fizeram parte da minha formação e que vão continuar presentes em minha vida.

♦   A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu

muito obrigado.

     

1  

SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS E FLUXOGRAMAS

3

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

4

I. RESUMO

5

II. OBJETIVOS

6

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

III.1 Hipertensão Arterial Sistêmica

III.2 Hipertensão Arterial Resistente

III.3 Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina

7 7

8

10

IV. METODOLOGIA 12 IV.1. Desenho de estudo

IV.2. População estudada

IV.3. Critérios de inclusão

IV.4. Critérios de exclusão

IV.5. Procedimento

IV.6. Análise Estatística

IV.7. Aspectos Éticos

12

12

12

12

13

15

15

V. RESULTADOS

16

VI. DISCUSSÃO

21

VII. CONCLUSÕES

25

VIII. SUMMARY

26

     

2  

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

28

X. ANEXOS 33 •ANEXO 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 34

•ANEXO 2: Ficha de coleta de dados 36

•ANEXO 3: Questionário do IECA 39

•ANEXO 4: Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa 40

     

3  

ÍNDICE DE TABELAS E FLUXOGRAMAS

TABELAS

TABELA 1. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos).

8

TABELA 2. Características gerais dos pacientes. 16 TABELA 3. Características laboratoriais dos pacientes. TABELA 4. Controle da pressão arterial dos pacientes. TABELA 5. Questionário do IECA na população estudada.

17 18 18

TABELA 6. Características gerais dos pacientes estratificados pela presença ou não de tosse.

19

TABELA 7. Características laboratoriais dos pacientes estratificados pela presença ou não de tosse.

20

FLUXOGRAMAS Fluxograma 1. Avaliação da hipertensão arterial resistente. 10

     

4  

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AOS Apneia obstrutiva do sono

AVC Acidente Vascular Cerebral

BCC Bloqueador do canal de cálcio

BRA Bloqueador do receptor de angiotensina

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

CT Colesterol total

DM Diabetes Mellitus

DCVHG Doença cardiovascular hipertensiva grave

IMC Índice de massa corporal

DCV Doença cardiovascular

HAR Hipertensão arterial resistente

HAS Hipertensão arterial sistêmica

IECA Inibidor da enzima de conversão da angiotensina

IAM Infarto agudo do miocárdio

IRC Insuficiência renal crônica

MAPA Monitorização ambulatorial da pressão arterial

NCEP/ATP-III National Cholesterol Education program Expert

Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of

High Blood Cholesterol in Adults/ Adult Treatment

Panel III

PA Pressão arterial

PAD Pressão arterial diastólica

PAS Pressão arterial sistólica

SM Síndrome metabólica

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

TG Triglicérides

     

5  

I. Resumo

Prevalência da tosse em pacientes com hipertensão arterial refratária em uso de Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina. Hipertensão Arterial Refratária (HAR) é uma condição clínica de difícil controle caracterizada por valores pressóricos persistentemente elevados. De acordo com o I posicionamento brasileiro sobre HAR, os inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECAs) associados a outros anti-hipertensivos são eficazes e têm boa tolerância clínica. Segundo a literatura, o efeito adverso tosse em pacientes que usam IECA ocorre em 5 a 20% deles. Contudo, na prática ambulatorial, a incidência parece ser maior. Nota-se um grande número de pacientes relatando tosse quando estão em uso de algum IECA. Tal efeito colateral não é o mais grave dessa classe de medicamentos, porém, por ser o mais comum, impede a aderência ao tratamento, dificultando o controle da hipertensão arterial. Estimar a prevalência de tosse no uso de IECA em pacientes com HAR, bem como suas características clínicas e laboratoriais. Estudo transversal realizado em um serviço de referência em doença cardiovascular hipertensiva grave. A HAR foi definida conforme critérios da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Para avaliação do efeito adverso tosse no uso de IECAs, os pacientes responderam a um questionário e a pressão arterial (PA) foi aferida no dia da entrevista. Os dados foram analisados com base na estatística descritiva pelo programa IBM SPSS Statistics para Mac versão 21. Foram utilizados frequência e porcentagem para variáveis qualitativas e média ± desvio padrão para variáveis quantitativas e o teste qui-quadrado para a análise comparativa dessas variáveis. Foram analisados 111 pacientes, sendo 67,6% do sexo feminino (75). A média de idade foi de 62,8 ± 12 anos. 100% (111) dos pacientes já tinham usado ou usam IECA. A prevalência de tosse foi de 64,9% (72). 62,2% (69) dos pacientes passaram a usar um bloqueador do receptor de angiotensina II (losartana) como substituto do IECA. 9,9% (11) dos pacientes relataram que o sintoma tosse continuou mesmo depois da suspensão do IECA. Os pacientes utilizavam, em média, 4,7 ± 1,1 medicamentos anti-hipertensivos. A média da pressão sistólica foi 152,5 ± 28,4 mmHg e a média da pressão diastólica foi 88,5 ± 17,1 mmHg. Apenas 41,4% (46) dos pacientes apresentaram a pressão sistólica controlada e 64% (71) dos pacientes apresentaram a pressão diastólica controlada. Observamos uma alta prevalência de tosse associada ao uso de IECA na população estudada, diferente do descrito na literatura. Apesar do número elevado de anti-hipertensivos em uso, a PA não estava controlada na maioria dos pacientes. É possível que a não utilização de IECA possa contribuir para o baixo controle hipertensivo.

Palavras chaves: 1. Hipertensão. 2. IECA. 3. Tosse.

     

6  

II. OBJETIVOS PRIMÁRIO:

Estimar e analisar a prevalência da tosse em pacientes com hipertensão arterial

refratária em uso de IECA.

SECUNDÁRIO:

1.   Avaliar características clínicas e laboratoriais dos pacientes hipertensos

refratários.

2.   Avaliar a prevalência dos pacientes que pararam de usar IECA.

     

7  

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

III.1. Hipertensão Arterial Sistêmica A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das doenças mais comuns em todo

o mundo, sendo considerada um dos principais fatores de risco para doenças

cardiovasculares (DCV), como acidente vascular cerebral, doença arterial coronariana,

doença vascular periférica, insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência renal

crônica (IRC).1,2,3

Estudos realizados no Brasil estimam uma prevalência de HAS de mais de 30%

para a população geral. A prevalência global entre os gêneros é de 37,8% nos homens e

32,1% nas mulheres, tornando a HAS um grande problema de saúde pública,

principalmente pelas suas baixas taxas de controle, gerando um grande impacto social e

financeiro.1

A HAS é caracterizada pelos níveis elevados e sustentados da pressão arterial

(PA) para níveis superiores ou iguais a 140x90 mmHg e pode ser classificada em

diferentes categorias, conforme a Tabela 1. Os principais fatores de risco predisponentes

para essa patologia são a idade avançada, sexo feminino (a partir da 6a década de vida),

etnia negra, obesidade, ingestão excessiva de sódio, ingestão de álcool por períodos

prolongados, sedentarismo, baixa escolaridade e genética.1

O tratamento da HAS é bastante complexo, incluindo medidas não

farmacológicas e farmacológicas. Dentre as primeiras, merecem destaque a redução do

peso, diminuição da ingestão de sal e prática de atividades físicas. Já em se tratando de

medidas farmacológicas, há uma grande gama de classes de medicamentos que podem

ser utilizados, tendo como principais os Inibidores da Enzima Conversora de

Angiotensina (IECA), Bloqueadores do Receptor de Angiotensina (BRA),

Bloqueadores dos Canais de Cálcio (BCC), β-bloqueadores e diuréticos poupadores de

potássio. É recomendável que a escolha entre uma ou outra classe de medicamentos,

bem como a associação de diferentes classes, siga as recomendações das VI Diretrizes

     

8  

Brasileiras de Hipertensão Arterial, avaliando-se caso-a-caso para que o melhor

tratamento seja oferecido a cada paciente.1

TABELA 1. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos) Classificação

Pressão sistólica (mmHg)

Pressão diastólica (mmHg)

Ótima <120 <80

Normal <130 <85

Limítrofe 130 – 139 85 – 90

Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99

Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109

Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90

Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial (Adaptado de Sociedade Brasileira de Cardiologia / VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial)

III.2. Hipertensão Arterial Refratária A hipertensão arterial refratária (HAR) ou resistente ao tratamento é definida por

uma pressão arterial persistente em que os valores estão acima das metas recomendadas

(>140/90 mmHg ou > 130/80 mmHg em pacientes com diabetes mellitus ou nefropatia

clínica estabelecida) apesar do uso de três fármacos anti-hipertensivos, sendo um deles

diurético, ou quando em uso de quatro ou mais fármacos anti-hipertensivos, mesmo

com a pressão arterial controlada.4,5

A prevalência de HAR ainda não é bem estabelecida, mas vários estudos

transversais têm mostrado que não é incomum.6 Alguns estudos sugerem que a

prevalência esteja em torno de 4,5 a 15% de toda população de hipertensos, podendo

chegar a até 50% dos pacientes atendidos por nefrologistas. 7,8,9,10,11

O diagnóstico de HAR deve ser bem estabelecido, seguindo o exposto no

fluxograma 1. Devem ser afastados pseudo-resistência por má adesão medicamentosa,

posologia inadequada e efeito do jaleco branco, o qual é definido quando a PA mantêm-

     

9  

se acima dos níveis terapêuticos no consultório mas encontra-se normal quando avaliada

à Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), que é o método de escolha

para verificação dessa condição.12,13,14,15 Em um grande estudo espanhol com mais de

8000 participantes esse efeito foi responsável por 37,5% de todos os casos de HAR, o

que demonstra a importância da sua pesquisa rotineiramente nessa população.15

Algumas comorbidades são relacionadas ao difícil controle da PA, como o diabetes,

obesidade e expansão volêmica associada ao consumo excessivo de sal.16 Além destas,

deve-se afastar causas secundária de HAS: hiperaldosteronismo primário e apneia

obstrutiva do sono (AOS), que são importantes consequências da obesidade, doença

renal crônica, estenose de artéria renal, feocromocitoma, acromegalia, tumores do

sistema nervoso central, coarctação da aorta, síndrome de Cushing,

hiperparatireoidismo e doenças tireóideas.17

Os riscos da hipertensão estão correlacionados com o grau de elevação da

pressão arterial e quanto maior esse grau, maior é a dificuldade de controle,

principalmente porque uma maior diminuição da pressão arterial é necessária.18 Logo,

pacientes com HAR apresentam um risco cardiovascular aumentado em comparação

com pacientes com hipertensão controlada.19,20 Contudo, com um tratamento intensivo,

pacientes com HAR podem eventualmente ter sua pressão arterial controlada. Estudos

retrospectivos demonstram que 50 a 70% dos pacientes com HAR podem ter a pressão

controlada se adotarem uma mudança de estilo de vida e tiverem uma terapia

combinada efetiva.21

Um dos grupos de medicamentos mais adotados nessa terapia combinada efetiva

é o inibidor da enzima de conversão da angiotensina (IECA). Segundo os Guidelines

para o manejo farmacológico da hipertensão arterial publicado pela World Health

Organization e o International Society of Hypertension, os IECAs, diuréticos e beta

bloqueadores devem constituir a primeira linha de tratamento da hipertensão. Em

adultos, existem evidências suficiente que comprove a eficácia dos IECAs no

tratamento de HAS.22,23 A magnitude da diminuição da pressão arterial decorrente do

medicamento depende de inúmeros fatores incluindo a severidade da HAR, do nível

inicial da atividade de renina plasmática, status do sódio e raça do paciente.

     

10  

Fluxograma 1. Avaliação da hipertensão arterial resistente (Fonte: I Posicionamento Brasileiro Sobre Hipertensão Arterial Resistente)

III.3. Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina

Os IECAs são drogas que bloqueiam a produção de angiotensina II, hormônio

que tem como principal função a vasoconstrição. Essa constrição pode causar um

aumento da pressão arterial assim como um aumento do trabalho requerido para o

coração bombear sangue adequadamente para as artérias principais. O bloqueio da

produção de angiotensina II com o uso de IECA previne a vasoconstrição, diminui a

pressão arterial, e facilita o trabalho de bombeamento cardíaco.24

Além dos efeitos supracitados da angiotensina II, esse hormônio também

promove um aumento da espessura de diversas estruturas cardíacas. Níveis elevados de

angiotensina II podem levar a uma condição conhecida como hipertrofia do miocárdio.

Há bastante tempo já é conhecido o papel da hipertrofia do miocárdio como marcador

     

11  

de alto risco de morte causada por doença cardíaca. Na presença de um nível elevado de

angiotensina II as paredes dos vasos sanguíneos, além de constringir, também se tornam

mais rígidas e espessas. Tais fenômenos facilitam o depósito de colesterol e bloqueios

das artérias, havendo uma predisposição a problemas cardíacos.24

Os IECAs têm um menor número de efeitos colaterais em comparação a vários

diuréticos e beta bloqueadores. Eles não afetam o perfil metabólico, o cálcio ou os

níveis de ácido cítrico e proporcionam uma menor probabilidade de desenvolver

disfunção erétil do que outros agente-hipertensivos.25 Contudo, dentre os efeitos

colaterais, um dos mais conhecidos e comuns é a tosse, prejudicando a adesão

terapêutica.

A causa do efeito colateral tosse provocado pelos IECAs ainda não foi

totalmente elucidado, mas diversos mecanismos foram propostos, como hiper-

responsividade brônquica, aumento do reflexo da tosse e alterações nos níveis de

prostaglandina, bradicinina e substância P. 25

Segundo a literatura, a tosse ocorre em 5 a 20 % dos pacientes. Ela não é dose

dependente ou relacionado com o princípio ativo do medicamento. É mais frequente em

mulheres do que em homens e mais frequente em raça negra, sugerindo que o genótipo

seja relevante.26,27,28,29 Apesar dessa frequência ser um consenso na literatura, na prática

médica o que se observa é diferente. Julga-se que, nos ambulatórios de hipertensão,

mais de 20 % dos pacientes tem seus planos terapêutico modificados, ou seja, há uma

troca do medicamento IECA por outro anti-hipertensivo, queixando-se da tosse

constante logo posteriormente à adoção do IECA. Com a mudança terapêutica, os

pacientes referiam a ausência da tosse. Tal efeito colateral não é o mais grave dessa

classe de medicamentos, porém, por ser o mais comum, impede a aderência ao

tratamento, dificultando o controle da hipertensão arterial.

O conhecimento da real prevalência permitirá que o médico avalie melhor a

adoção desse medicamento como de primeira linha do tratamento da hipertensão e

compreenda os efeitos dessa droga. Haverá então a possibilidade de sugerir uma melhor

adequação à prática de administração dos IECAs durante a atuação clínica.

     

12  

IV. METODOLOGIA

IV.1. Desenho de estudo Foi realizado um estudo observacional do tipo corte transversal com pacientes

do serviço de Doença Cardiovascular Hipertensiva Grave do Ambulatório José Maria de

Magalhães Netto, pertencente ao Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard

Santos (Complexo-HUPES), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), entre

Novembro de 2012 e Junho de 2015.

IV.2. População estudada: Pacientes com hipertensão arterial refratária, acompanhados no ambulatório de

referência.

IV.3. Critérios de Inclusão:

-Pacientes do ambulatório de Doença Cardiovascular Hipertensiva Grave

(DCVHG) do ambulatório Magalhães Neto que necessitem fazer uso de 4 ou mais

medicamentos anti-hipertensivos, sendo obrigatoriamente um diurético, para o controle

da pressão arterial, e os pacientes que apresentem níveis pressóricos elevados em uso de

3 medicamentos anti-hipertensivos, sendo obrigatoriamente um diurético;

-Pacientes que usaram ou estão usando algum medicamento inibidor da enzima

conversora da angiotensina.

-Realização de todas as etapas do estudo.

IV.4. Critérios de Exclusão:

-Pacientes que se recusarem a assinar o termo de consentimento livre e

esclarecido;

     

13  

-Pacientes que não sejam atendidos no ambulatório de Doença Cardiovascular

Hipertensiva Grave (DCVHG) do ambulatório Magalhães Neto;

-Pacientes que não façam uso de diurético;

-Pacientes que façam uso de 3 medicamentos anti-hipertensivos ou menos e

mantenham os níveis pressóricos controlados;

-Pacientes que nunca usaram nenhum inibidor da enzima conversora da

angiotensina.

-Pacientes que não conseguiram realizar algum exame laboratorial necessário.

IV.5. Procedimento:

Todos os pacientes aptos a participarem do estudo foram convidados e

informados sobre os objetivos e funcionamento do estudo. Aqueles que concordaram

em participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(anexo 1). Logo em seguida, iniciou-se a fase de coleta de dados. Foi aplicado um

questionário (anexo 2) em cada indivíduo, no qual registrou-se variáveis qualitativas

(sexo, etnia, antecedente de infarto agudo do miocárdio, antecedente de AVC,

tabagismo, alcoolismo, diabetes, síndrome metabólica, escore de Framingham,

medicamentos anti-hipertensivos em uso e a presença de efeitos colaterais desses

medicamentos) e variáveis quantitativas (idade, peso, altura, IMC, circunferência

abdominal, frequência cardíaca, tempo de hipertensão arterial, pressão arterial sistólica

e diastólica e dados laboratoriais de rotina).

Para avaliar a presença de efeitos colaterais decorrentes do IECA e os qualificar,

foi aplicado o Questionário do IECA (anexo 3). Pergunta-se nesse questionário se o

paciente já usou captopril ou enalapril, se tem alguma queixa com o uso de IECA, se já

     

14  

teve ou tem tosse seca, pigarro e garganta seca e se depois que parou de tomar a

medicação os sintomas continuaram. Para os pacientes que ainda fazem uso de IECA a

ultima pergunta foi ignorada.

Foram realizadas 2 medidas da pressão arterial sistólica e diastólica, após

repouso de no mínimo 5 minutos, e calculada a média entre as duas aferições. Foram

medidos e registrados, também, a circunferência abdominal, o peso e a altura e

calculado o índice de massa corpórea (IMC).

Foram registrados todos os medicamentos anti-hipertensivos que cada paciente

fazia uso a partir de registros de prontuários e dos receituários médicos e foram

solicitados exames laboratoriais para identificar a presença de síndrome metabólica e

outras características bioquímicas desses pacientes. Ao fim do processo de entrevista,

instruímos os pacientes a retornarem ao ambulatório, na consulta subsequente, com os

resultados dos exames.

Para a avaliação de síndrome metabólica (SM) foi utilizada a definição

preconizada pelo National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on

Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult

Treatment Panel III - ATPIII)30 . A presença de 3 dos 5 critérios a seguir fechava o

diagnóstico: circunferência abdominal > 102 cm para homens e > 88 cm para mulheres;

triglicerídeos ≥ 150 mg/dL; colesterol HDL < 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em

mulheres; PA ≥ 130x85 mmHg e glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL.

Por último, houve a divisão dos pacientes estudados em diferentes grupos para

uma melhor análise das características de forma separada. Na divisão foi levado em

consideração o sexo do paciente e a presença ou não de tosse como efeito colateral do

uso do IECA.

Os dados coletados foram compilados em bancos de dados através do programa

Microsoft Excel®.

     

15  

IV.6. Análise Estatística:

Os dados coletados foram analisados no software Statistical Package for the

Social Sciences (SPSS), versão 21.0 para MAC. A análise estatística foi efetuada por

freqüências absolutas, médias ± desvio-padrão e percentuais das taxas de incidência dos

eventos e/ou procedimentos. As variáveis quantitativas foram avaliadas pelo Teste T de

Student ou Mann-Whitney e as variáveis categóricas foram analisadas utilizando-se o

teste qui-quadrado. Nas análises estatísticas foi considerado o valor de p ≤ 0,05 como

estatisticamente significante. Para verificar se a população teve distribuição normal foi

realizado o teste de adjustamento de Kolmogorov-Smirnov.

IV.7. Aspectos Éticos:

Este estudo é um adendo do projeto “Avaliação Clínica e Metabólica na

Hipertensão Arterial Sistêmica Resistente” e já estava previsto dentro de seus objetivos

específicos. O projeto fora aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Ana

Nery sob o número 138.371, no dia 05/11/2012 (anexo 4). Todos os pacientes assinaram

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

     

16  

V. RESULTADOS Inicialmente, foi estudado um total de 151 pacientes com hipertensão refratária.

Contudo, 111 preencheram os critérios de inclusão e foram incluídos na análise. 40

pacientes foram excluídos porque nunca usaram IECA ou não possuíam resultados

laboratoriais.

A média de idade foi 62,8 anos, 67,6% eram mulheres e 50,5% eram negros.

Percebe-se que a maior parte da população está acima do peso, é portadora de síndrome

metabólica e possuem um escore alto de risco de Framingham. A maioria não consume

bebidas alcóolicas, não possuem hábito de fumar e não é portadora de diabetes mellitus.

As características gerais dos pacientes analisados estão presentes na tabela 2

TABELA 2. Características gerais dos pacientes. Características

Número de pacientes (n=111)

Mulheres 75 (67,6%)

Idade, média (anos) 62,8 ± 12

Etnia negra 56 (50,5%)

Peso, média (Kg) 72,2 ±14,8

Altura, média (metros) 1,59 ± 0,1

IMC, média (Kg/m2) 28,18 ± 4,72

Antecedente de IAM 23 (20,7%)

Antecedente de AVC 26 (23,4%)

Framingham alto 71 (64%)

Alcoolista 10 (9%)

Tabagista atual 3 (2,7%)

Tabagista prévio 43 (38,7%)

DM 39 (35,1%)

SM 62 (55,9%)

Tempo de HAS, média (anos)

21,7 ± 12,9

No de anti-hipertensivos, média

4,7 ± 1,1

     

17  

Pressão sistólica, média (mmHg)

152,5 ± 28,4

Pressão diastólica, média (mmHg)

88,5 ± 17,1

Os valores se expressam como número de pacientes (porcentagem) ou média (desvio padrão). IMC: índice de massa corporal); IAM: infarto agudo do miocárdio; AVC: acidente vascular cerebral; DM: diabetes mellitus; SM: síndrome metabólica; HAS: hipertensão arterial sistêmica.

A média do valor do colesterol total está desejada, assim como a média dos

triglicérides, LDL-colesterol, sódio sérico, potássio sérico, creatinina e ureia A média

do valor de glicemia se encontra aumentada. A tabela 3 apresenta as principais

características laboratoriais dos pacientes inclusos na análise.

TABELA 3. Características laboratoriais dos pacientes. Características

Número de pacientes (n=111)

CT, média (mg/dL) 185,5 ± 46,8

HDL-c, média (mg/dL) 49,1 ± 13,4

LDL-c, média (mg/dL) 108,1 ± 34,7

TG, média (mg/dL) 136,1 ± 80,4

Glicemia, média (mg/dL) 110,7 ± 28,6

Na+, média (mmol/L) 140,9 ± 3,8

K+, média (mmol/L) 4,4 ± 0,5

Cr, média (mg/dL) 1,1 ± 0,4

Ureia, média (mg/dL) 40,8 ± 17,2

Os valores se expressam como média (desvio padrão). CT: colesterol total; HDL-c: lipoproteína de alta densidade; LDL-c: lipoproteína de baixa densidade; TG: triglicérides; Na+: sódio; K+: potássio; Cr: creatinina. A maioria dos pacientes apresentou uma PA fora da faixa de controle (≥ 140x90

mmHg). Contudo a pressão arterial diastólica manteve-se controlada na maior parte da

população conforme mostrada na tabela 4.

     

18  

TABELA 4. Controle da pressão arterial na população estudada. (N=111) Pressão Controlada Não controlada PAS 46 (41,4%) 65 (58,6%)

PAD 71 (64%) 40 (36%)

PA 44 (39,6%) 67 (60,4%)

PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; PA: pressão arterial.

Ao responderem ao questionário do IECA, 72 (64,9%) pacientes relataram

efeitos colaterais logo do início do tratamento com IECA. A maior parte deles referiu

tosse, pigarro e garganta seca, 68 (61,3%), 61 (55%) e 59 (53,2%) pacientes,

respectivamente. 38 (34,2%) pacientes continuaram usando IECA e 69 (62,2%)

pacientes tiveram o medicamento trocado por um BRA. 11 (9,9%) pacientes relataram

que os sintomas continuaram mesmo depois da suspensão do IECA (Tabela 5).

TABELA 5. Questionário do IECA na população estudada Características

Número de pacientes (n=111)

Queixou-se de efeitos colaterais

72 (64,9%)

Referiu tosse 68 (61,3%)

Referiu pigarro 61 (55%)

Referiu garganta seca 59 (53,2%)

Sintomas continuaram depois da suspensão do IECA

11 (9,9%)

Usam ainda IECA 38 (34,2%)

Houve troca para o BRA 69 (62,2%)

IECA: inibidores da enzima de conversão da angiotensina; BRA; bloqueador do receptor de angiotensina.

Na tabela 6, os pacientes foram divididos em 2 grupos: os que apresentaram

tosse e os que não apresentaram tosse. A população feminina representou a maioria nos

     

19  

dois grupos, tendo uma parcela maior no grupo que referiu tosse (p=0,66). A idade foi

semelhante nos dois grupos.

A prevalência de alcoolismo foi de 9% na população geral, sendo semelhante

entre os grupos estudados (p=0,93). A presença de Diabetes Mellitus foi maior nos

pacientes que não tiveram tosse (p=0,11). O índice de massa corporal média em ambos

os grupos apresentou-se elevado, entretanto não houve diferença dos valores entre os

dois grupos (p=0,64). As pressões arteriais sistólicas e diastólicas médias também não

diferiram entre os grupos, com valores de p=0,33 e 0,36 respectivamente. O número de

anti-hipertensivos utilizados pelos pacientes nos diferentes grupos foi semelhante

(p=0,27). No grupo que referiu tosse, 58,8% apresentavam síndrome metabólica em

comparação à 51,2% no grupo que não referiu tosse (p=0,43).

Dos dados apresentados somente a etnia e um valor alto do escore de

framingham mostrou uma relação com o aparecimento de tosse com um valor de p=

0,03 e 0,05 respectivamente.

TABELA 6. Características gerais dos pacientes estratificados pela presença ou não de tosse Características

Pacientes com tosse

(n=68)

Pacientes sem tosse (n=43)

Valor de P*

Sexo feminino

47 (69,1%)

28 (65,1%)

0,66

Idade, média (anos) 62,2 ± 12,2 62,7 ± 11,9 0,82

Etnia negra 36 (52,9%) 20 (46,5%) 0,04

Peso, média (Kg) 72,9 ± 12,9 70,8 ± 17,4 0,44

Altura, média (metros) 1,59 ± 0,10 1,60 ± 0,11 0,48

IMC, média (Kg/m2) 28,7 ± 3,8 27,4 ± 5,9 0,64

Antecedente de IAM 16 (23,5%) 7 (16,3%) 0,36

Antecedente de AVC 13 (19,1%) 13 (30,2%) 0,18

Framingham alto 37 (54,4%) 34 (79,1%) 0,03

Alcoolista 6 (8,8%) 4 (9,3%) 0,93

Tabagista atual 3 (4,4%) 0 (0%) 0,16

Tabagista prévio 29 (42,6%) 14 (32,6%) 0,29

     

20  

DM 20 (29,4%) 19 (44,2%) 0,11

SM 40 (58,8%) 22 (51,2%) 0,43

Tempo de HAS, média (anos) 22,3 ± 12,4 20,7 ± 13,7 0,62

No de anti-hipertensivos, média 4,8 ± 1,7 4,5 ± 1,1 0,27

Pressão sistólica, média (mmHg) 148,3 ± 27,4 159,3 ± 28,9 0,33

Pressão diastólica, média (mmHg) 88,3 ± 16,6 88,9 ± 18,1 0,36

*Teste qui-quadrado e Teste T. Os valores se expressam como número de pacientes (porcentagem) ou média (desvio padrão). IMC: índice de massa corporal); IAM: infarto agudo do miocárdio; AVC: acidente vascular cerebral; DM: diabetes mellitus; SM: síndrome metabólica; HAS: hipertensão arterial sistêmica; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; IECA: inibidores da enzima de conversão da angiotensina; BRA; bloqueador do receptor de angiotensina.

Por fim, as características laboratoriais analisadas neste estudo estão descritas na

tabela 7. Pode-se observar que a glicemia de jejum foi mais elevada no grupo que não

referiu tosse (p=0,78). Os triglicérides também apresentaram valores maiores nesse

grupo (p=0,33).

TABELA 7. Características laboratoriais dos pacientes estratificados pela presença ou não de tosse Características

Pacientes com tosse (n=68)

Pacientes sem tosse (n=43)

Valor de P*

CT, média (mg/dL) 184,7 ± 42,1 186,9 ± 53,9 0,31

HDL-c, média (mg/dL 48,8 ± 13,1 49,6 ± 14,1 0,51

LDL-c, média (mg/dL)

109,9 ± 36,1 105,1 ± 32,7 0,39

TG, média (mg/dL) 134,9 ± 60,1 137,9 ± 105,7 0,33

Glicemia, média (mg/dL)

106,2 ± 24,4 117,9 ± 33,3 0,78

Na+, média (mmol/L) 141,1 ± 4,2 140,5 ± 3,1 0,12

K+, média (mmol/L) 4,4 ± 0,6 4,4 ± 0,5 0,37

Cr, média (mg/dL) 1,1 ± 0,4 1,1 ± 0,5 0,11

Uréia, média (mg/dL) 38,9 ± 14,4 43,7 ± 20,8 0,11

*Teste T. Os valores se expressam como média (desvio padrão). CT: colesterol total; HDL-c: lipoproteína de alta densidade; LDL-c: lipoproteína de baixa densidade; TG: triglicérides; Na+: sódio; K+: potássio; Cr: creatinina.

     

21  

VI. DISCUSSÃO Por ser o IECA uma classe medicamentosa de primeira linha para o tratamento

da hipertensão arterial refratária, a falta de adesão do uso desse medicamento, devido ao

efeito colateral tosse, pode prejudicar bastante o tratamento. Por isso, a relação entre

tosse e o uso de IECA tem sido bastante estudado. O trabalho apresentado foi um estudo

do tipo corte-transversal e teve como principal objetivo estimar e analisar a prevalência

da tosse em pacientes com hipertensão arterial refratária em uso de IECA.

No presente estudo verificou-se, através do questionário do IECA, que 61,3%

dos pacientes referiram tosse como efeito colateral do medicamento. Esse valor foi

maior que na literatura. No estudo de Sato A et al. (2015), realizado de forma

prospectiva para verificar a frequência e características da tosse durante o tratamento

com IECA, verificou-se a incidência de tosse em 20% dos pacientes. Já no estudo de Ng

L et al. (2014), realizado em Singapura, com o objetivo de analisar a incidência da

suspensão do IECA por causa da tosse, verificou-se a incidência de 30,4%. Contudo, a

relação entre etnia e tolerância medicamentosa não deve ser subestimada31. A grande

diferença da incidência de tosse achada em nosso estudo pode sugerir uma menor

tolerância ao IECA nos pacientes com hipertensão arterial refratária contribuindo assim

para uma maior dificuldade de controle da pressão arterial. No entanto, mais estudos são

necessários para elucidar essas questões.

Em relação aos outros efeitos colaterais em nosso estudo, mais da metade da

população referiu pigarro e garganta seca. No estudo realizado por Ye WW, sobre a

prevalência de tosse persistente durante o tratamento a longo prazo com o enalapril, foi

encontrado uma prevalência de 14% para mudanças na voz e uma prevalência de 10%

para dor na garganta32. A diferença da incidência também pode ser atribuída a uma

menor tolerância ao IECA nos pacientes com hipertensão arterial refratária.

Estudos demonstraram que a suspensão do IECA por causa do efeito colateral

tosse variou entre 2,4% e 30,4% 28,29,31. Porém, no presente estudo foi constatado que a

troca do IECA por BRA ocorreu em 62,2% dos pacientes. Essa grande diferença pode

     

22  

ser explicada pela maior incidência de tosse achada nesse estudo. Deve-se levar em

consideração que não foi perguntado ou estudada a causa da suspensão do IECA.

Na análise do número de anti-hipertensivos e o controle da pressão nota-se que a

PA da grande maioria da população não está controlada, mas a pressão arterial sistólica

(PAS) está controlada, mesmo fazendo uso de uma média de 4,7 medicamentos anti-

hipertensivos. Isso está de acordo com o que foi descrito por Lyoyd-Jones et al. (2000) 33 e Cushman et al. (2002) 34, que também demonstraram um controle significativo da

PAD e um fraco controle da PAS e PA. Historicamente, foi feito uma correlação de

hipertensão sistólica isolada com o processo de arteriosclerose, com consequente perda

de elasticidade no sistema arterial, comum no processo de envelhecimento natural do

ser humano2, e preconizado que medidas terapêuticas mais drásticas deverão ser

tomadas apenas se houver uma elevação da PAD. Contudo, já foi demonstrado que a

PAS elevada é muito mais comum na população34 e pode constituir um preditor para

doenças cardiovasculares até melhor que a PAD elevada.33 É importante o

conhecimento dessa situação em especial em nossa população, que apresenta fatores de

risco adicionais para hipertensão sistólica isolada, como obesidade e idade avançada.

Na estratificação dos pacientes pela presença ou não de tosse encontramos que o

escore alto de Framingham foi mais encontrado nos pacientes que tiveram tosse (valor

de p= 0,03). Houve mais tabagistas atuais no grupo dos pacientes com tosse (valor de

p= 0,16), mas a pressão sistólica média (valor de p= 0,33), a idade (valor de p= 0,82), o

valor do colesterol total (valor de p= 0,31), e o valor do HDL-colesterol (valor de p=

0,51) foram mais elevados no grupo dos pacientes sem tosse, podendo assim justificar o

resultado do escore de Framingham.

Os pacientes que apresentaram tosse eram em sua maioria de etnia negra, em

comparação com o grupo dos pacientes que não tiveram tosse (valor de p=0,04). Na

literatura existe clara evidência da maior incidência e severidade da hipertensão arterial

em negros comparada com a população branca. Os estudos de Saunders E (1991),

Rivero-Becerra J et al. (2004), e Lackland DT (2014) são exemplos de algumas dessas

evidências.35,36,37 Bicket DP (2002) encontrou que o efeito colateral tosse secundário ao

uso do IECA é mais frequente em negros do que em brancos. No estudo de Elliott WJ

(1996) foi encontrado que a prevalência do efeito colateral tosse que requereu a

     

23  

suspensão do IECA foi de 9,6% entre os pacientes de etnia negra comparado com 2,4%

entre os pacientes de outra etnia.

Ao ser feita a comparação da média de idade e tempo de hipertensão arterial

sistêmica entre os grupos dos pacientes com tosse e sem tosse pode-se perceber que não

houve significância estatística entre eles (valores de p= 0,82 e 0,62 respectivamente).

Similarmente, a comparação da média de dados laboratoriais, como colesterol total,

HDL-colesterol, LDL-colesterol, triglicérides, glicemia, sódio sérico, potássio sérico,

creatinina sérica e ureia sérica entre esses dois grupos de pacientes demonstra que não

houve significância estatística entre eles (valores de p= 0,31; 0,51; 0,39; 0,33; 0,78;

0,12; 0,37; 0,11; 0,11, respectivamente). Tais resultados parecem afirmar que nenhum

desses fatores tem influência direta na incidência do efeito colateral tosse.

A presença de alcoolistas, tabagistas e de histórico de infarto agudo do

miocárdio (IAM) e AVC foi baixa na população geral e não observada significância

estatística entre os grupos estudados, o que demonstra um padrão de homogeneidade

analisando-se esses fatores e, provavelmente, individualmente, não são fatores de risco

para a ocorrência da tosse com o uso de IECA.

Nos dois grupos de pacientes o número de anti-hipertensivos e a média da

pressão diastólica foram similares. A média da pressão sistólica no grupo dos pacientes

sem tosse foi maior. Apesar desses resultados, não houve diferença estatisticamente

significante entre os dois grupos estudados em nenhum desses fatores mencionados.

Vale destacar, que a maioria dos pacientes estava em uso de 4 a 5 anti-hipertensivos.

Como se trata de uma população com uma doença hipertensiva grave de base, em sua

maioria com diagnóstico de longa data, possivelmente os valores pressóricos e o

número de medicamentos desses pacientes não influenciam na incidência da tosse.

Ao ser comparado o valor médio IMC, percebe-se que há uma similaridade entre

os dois grupos e não houve significância estatística (p=0,64). No grupo dos pacientes

com tosse a média foi de 28,7 e no grupo dos pacientes sem tosse a média foi de 27,4.

Mancia G et al. (2014) realizou um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por

placebo que foi conduzido em 100 centros em 7 países europeus. 1039 pacientes foram

estudados. O estudo mostrou que o grupo que tomou enalapril de 20 mg tinha IMC de

     

24  

30,12 ± 5,2 e a incidência de tosse foi de 3,6%. O valor do IMC está próximo do valor

encontrado no trabalho realizado e, apesar da não realização da dosagem dos

medicamentos, a incidência de tosse foi bem superior à encontrada no trabalho de

Mancia G et al. (2014). O valor do IMC não deve ter contribuído para o aparecimento

da tosse.

Apesar da maior incidência de DM no grupo dos pacientes sem tosse e uma

maior incidência de SM no grupo dos pacientes com tosse, não houve significância

estatística na comparação de nenhum desses fatores (valor de p= 0,11 e 0,43

respectivamente).

O estudo apresenta algumas limitações inerentes ao seu formato. Por se tratar de

um estudo de corte transversal, pode apresentar alguns vieses e não pode avaliar

relações de causalidade e temporalidade entre os fatores estudados. Além disso houve

uma dificuldade na realização da MAPA em todos os pacientes. Portanto, não se pode

verificar se os pacientes são realmente hipertensos refratários ou apresentam o efeito do

jaleco branco, caracterizando assim uma pseudo-resistência. No estudo realizado por la

Sierra et al. (2011) encontra-se que 37,5% dos pacientes considerados refratários podem

estar sob o efeito do jaleco branco, apresentando níveis pressóricos normais à realização

da MAPA. Contudo, pelo fato do presente estudo ter uma população atendida em um

centro de referência em doença cardiovascular hipertensiva grave, e em sua maioria

acompanhados por um longo período, é de se esperar que grande parte da amostra

realmente preencha critérios para hipertensão refratária.

Por fim, não existem estudos que abordem a relação entre HAR e efeito colateral

tosse decorrente do IECA, justificando a importância deste trabalho. A caracterização

da população com HAR e o conhecimento da incidência da tosse é importante para

evitar a não adesão terapêutica, o que pode contribuir para o agravamento do quadro

geral desses pacientes. Por estas razões, novos estudos são necessários para melhor

compreender tal relação, já que este estudo demonstrou uma alta prevalência de tosse

decorrente do IECA, maior que a encontrada na literatura para pacientes com HAS.

     

25  

VII. CONCLUSÕES

1)   A prevalência do efeito colateral tosse na população estudada foi elevada e

maior que a encontrada na literatura para pacientes hipertensos;

2)   Os pacientes hipertensos refratários que tiveram tosse apresentaram uma

incidência maior de valor alto do escore do Framingham do que os pacientes

que não tiveram tosse;

3)   Os pacientes hipertensos refratários que tiveram tosse eram em sua maioria

de etnia negra em comparação com os pacientes que não tiveram tosse;

4)   Um elevado número de pacientes teve o IECA trocado por um BRA.

     

26  

VIII. SUMMARY

Angiotensin-converting enzyme inhibitor-induced cough prevalence in Refractory

Hypertension Patients. Refractory Arterial Hypertension (RAH) is a difficult to

control clinical condition characterized by persistently high blood pressure values.

According to the I Brazilian position on RAH, Angiotensin Converting Enzyme (ACE)

inhibitors in combination with other antihypertensive drugs are effective and have good

clinical tolerance. According to literature, the adverse effect of cough in patients using

ACE inhibitors occurs in 5 to 20% of patients. However, in clinical practice, th

incidence appears to be higher. A large number of patients reporting cough when they

are using some ACE inhibitor is noticed. Such side effect is not the most severe in this

class of drugs, however, being the most commom, prevents adherence to treatment,

making it difficult to control hypertension. To estimate the prevalence of cough in the

use of ACE inhibitors in patients with RAH as well as their clinical and laboratory

characteristics. Cross-sectional study in a referral hospital in severe hypertensive

cardiovascular disease. RAH was defined according to the criteria of the Brazilian

Society of Cardiology. To assess the adverse effect cough in the use of ACE inhibitors,

patients answered a questionnaire and blood pressure (BP) was measured on the day of

the interview. Data were analyzed using descriptive statistics by IBM SPSS Statistics

software for MAC Version 21. Frequency and percentage were used for qualitative

variables and mean ± standard deviation for quantitative variables and chi-square test

for comparative analysis of these variables. 111 patients were analyzed and 67.6% were

female (75). The average age was 62.8 ± 12 years. 100% (111) of the patients use or

had used ACE inhibitors. The prevalence of cough was 64.9% (72). 62.2% (69) of

patients started using a blocker of angiotension II receptor (losartan) as an ACE

inhibitor substitute. 9.9% (11) of patients reported that the cough symptom continued

even after the discontinuation of ACE inhibitor. The patients used an average of 4.7 ±

1.1 antihypertensive medications. The average systolic blood pressure was 152.5 ± 28.4

mmHg and the average diastolic pressure was 88.5 ± 17.1 mmHg. Only 41.4% (46) of

patients had controlled systolic pressure and 64% (71) of patients had controlled

diastolic pressure. We observed a high prevalence of cough associated with the use of

     

27  

ACE inhibitors in this population, differente from that described in the literature.

Despite the large number of antihypertensive drugs in use, the blood pressure was not

controlled in most patients. It is possible that the non-use of ACE inhibitors may

contribute to the low hypertensive control.

Key words: 1. Hypertension; 2. ACE inhibitors; 3. Cough.

     

28  

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on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult

Treatment Panel III) final report. Circulation 2002; 106: 3143–421.

31.  Ng LP, Goh PS. Incidence of discontinuation of angiotensin-converting enzyme

inhibitors due to cough, in a primary healthcare centre in Singapore. Singapore Med J.

2014 Mar;55(3):146-9.

32.  Yeo WW, Foster G, Ramsay LE. Prevalence of persistent cough during long-term

enalapril treatment: controlled study versus nifedipine. Q J Med. 1991 Sep;80(293):763-

70.

33.  Lloyd-Jones DM, Evans JC, Larson MG, O’Donnell CJ, Rocella EJ, Levy D.

Differential control of systolic and diastolic blood pressure: factors associated with lack

of blood pressure control in the community. Hypertension. 2000;36:594 –599.

     

32  

34.  Cushman WC, Ford CE, Cutler JA, Margolis KL, Davis BR, Grimm RH, Black HR,

Hamilton BP, Holland J, Nwachuku C, Papademetriou V, Probstfield J, Wright JT,

Alderman MH, Weiss RJ, Piller L, Bettencourt J, Walsh SM, for the ALLHAT

Collaborative Research Group. Success and predictors of blood pressure control in

diverse North American settings: the Antihypertensive and Lipid-Lowering and

Treatment to Prevent Heart Attack Trial (ALLHAT). J Clin Hypertens. 2002;4:393–

404.

35.  Rivero-Becerra J, Rodriguez CJ. Effects of Race and Socioeconomic Status in the

Incidence of Hypertension and Increased Left Ventricular Mass: a Review. Rev Bras

Hipertens vol. 11(3): 147-150, 2004.

36.  Lackland DT. Racial differences in hypertension: implications for high blood pressure

management. Am J Med Sci. 2014 Aug;348(2):135-8.

37.  Saunders E. Hypertension in African-Americans. Circulation. 1991 Apr;83(4):1465-7.

38.  Mancia G, Coca A, Chazova I, et al. Effects on office and home blood pressure of the

lercanidipine-enalapril combination in patients with Stage 2 hypertension: a European

randomized, controlled clinical trial. J Hypertens. 2014 Aug; 32(8): 1700-1707.

39.  de La Sierra A, Segura J, Banegas JR, Gorostidi M, de la Cruz JJ, Armario P, et al.

Clinical features of 8295 patients with resistant hypertension classified on the basis of

ambulatory blood pressure monitoring. Hypertension. 2011;57(5):898-902.

     

33  

X. ANEXOS

     

34  

ANEXO I

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) participante:

Estamos realizando uma pesquisa sob supervisão do professor Dr. Roque Aras e

do Dr. Cristiano Macedo, cujo objetivo é determinar os perfis clínicos, metabólicos e

outras condições associadas a pacientes com hipertensão arterial refratária do

ambulatório de hipertensão do ambulatório Magalhães Neto.

Sua participação envolve uma entrevista, rápido exame físico com aferição da

pressão arterial e contagem do pulso radial, seguida de solicitação de exame de sangue,

eletrocardiograma, ecocardiograma, Doppler de carótidas e escore de cálcio e

ultrassonografia de abdome total, se assim você permitir. O escore de cálcio

coronariano oferece baixo teor de irradiação e apresenta baixo risco para o paciente,

desde que não seja realizado repetidamente de forma inadequada.

A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou

quiser desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo.

Na publicação dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no

mais rigoroso sigilo. Serão omitidas todas as informações que permitam identificá-lo

(a).

Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você estará

contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de

conhecimento científico.

Quaisquer dúvidas relativas à pesquisa poderão ser esclarecidas pelos

pesquisadores no ambulatório de Hipertensão do Magalhães Neto – fone: 3283-8391.

Atenciosamente

     

35  

___________________________

Nome e assinatura do(a) estudante

Matrícula:

____________________________

Local e data

__________________________________________________

Nome e assinatura do(a) professor(a) supervisor(a)/orientador(a)

Matrícula:

Consinto em participar deste estudo e declaro ter recebido uma cópia deste

termo de consentimento.

_____________________________

Nome e assinatura do participante

______________________________

Local e data

     

36  

ANEXO II

Ficha de coleta de dados

Identificação: Nome: Número: Registro: Termo de consentimento: ( ) sim Sexo: M(1) F(2) Idade: Escolaridade: (1) Analfabeto (2) Fund. Incompleto (3) Fund. Completo. (4) Médio Incompleto (5) Médio Completo (6) Superior Incompleto (7) Superior Completo

 

Medidas  Antropométricas:    Altura:       Peso:       IMC:             Circ.  Abdominal:              Circ.  Pescoço:    Dados  Vitais:  FC:                     PA  Sistólica:       PA  Diastólica:       PA  Média:        Escala  de  Morisky:  (    )Realizado    

   

 Escala  de  Epworth:  (    )Realizado  

IAM Prévio: (0) Não (1) Sim

AVC Prévio: (0) Não (1) Sim

HAS há: Acompanhado no ambulatório há:

Etnia: (1) Branco (2) Negro (3) Pardo (4) Amarelo (5) Indígena

CAGE: (1)positivo (2) negativo

Tabagismo Atual: (0) Não (1) Sim Ex-tabagista: (0) Não (1) Sim Abstêmio há: Maços-Ano:

DM: (0) Não (1) Sim Há:

Ronco: (0) Não (1) Sim Síndrome Metabólica: (0) Não (1) Sim Dislipidemia: (0) Não (1) Sim ICC Prévia: (0) Não (1) Sim

     

37  

 Questionário  de  Berlim:  (    )  Realizado    Questionário  Efeito  colateral  tosse  do  IECA:  (    )  realizado        Exames  Laboratoriais:    T3:     T4L:     TSH:     ANTI-­‐‑TPO:    CT:     HDL:     LDL:     TRIGLICER:    GLICEMIA  DE  JEJUM:     HbA1C:    CREATININA:       UREIA:     CLEARANCE  Cr:    TGO:     TGP:     GGT:       FA:                ALBUMINA:                                  PROT.  TOTAIS:    MICROALBUMINÚRIA:                   NA:       K:     CA:     MG:    Eletrocardiograma:    FC:     Ritmo  sinusal  (    )    BAV:  (    )                            FA:  (    )     BRE:  (    )                              BRD:  (    )    BDAS:  (    )   BDPI:  (    )     SVE:  (    )       SAE:  (    )     SVD:  (    )    SAD:  (    )        Inversão  de  onda  T:  (    )                                                              ZEI:  (    )      Ecocardiograma:  Método:    FE:     DDVE:     DSVE:     VDVE:       VSVE:  AE:       SEPTO  IV:     PAREDE  POSTERIOR:                        HAP:          INDICE  DE  MASSA:  INSF.  MITRAL:    (0)  Não  (1)  Sim-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑GRAU  ESTENOSE  MITRAL:  (0)  Não  (1)  Sim     GRAU  INSF.  TRICUSPIDE:  (0)  Não  (1)  Sim-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑   -­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑   GRAU  ESTENOSE  TRICUSPIDE:  (0)  Não  (1)  Sim     GRAU  INSF.  AORTICA:  (0)  Não  (1)  Sim-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑   GRAU  ESTENOSE  AORTICA:  (0)  Não  (1)  Sim     GRAU  INSF.  PULMONAR:  (0)  Não  (1)  Sim-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑   GRAU  ESTENOSE  PULMONAR:  (0)  Não  (1)  Sim     GRAU  DISF.  DIASTOLICA:  (0)  Não  (1)  Sim-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑-­‐‑   GRAU  OUTROS  ACHADOS:    Doppler  de  Carótida:  Estenose:  (0)Não  (1)  Sim  ___________  Aterosclerose:  (0)  Não  (1)  Sim  ___________  Aneurisma:  (0)  Não  (1)  Sim  ___________    Escore  de  Cálcio:    Volume:                                                    Percentil:    

     

38  

Ultrassonografia  de  abdome  total:  Esteatose  hepática:  (0)  Não  (1)  Sim  ___________                            Rins:    (0)  Normais    (1)  Alterados__________            Medicações  em  Uso:    Hidroclorotiazida:  (0)  Não  (1)  Sim   Dose/dia:       Vezes/dia:  Clortalidona:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Furosemida:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Espironolactona:  (0)  Não  (1)  Sim   Dose/dia:       Vezes/dia:  Captopril:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Enalapril:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Losartana:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Propanolol:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Metropolol:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Atenolol:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Anlodipino:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Nifedipina:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Hidralazina:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Clonidina:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Outros  anti-­‐‑hipertensivos:    (0)  Não  (1)  Sim     Quais:  Anti-­‐‑hipertensivo:       Dose/dia:       Vezes/dia:      Anti-­‐‑hipertensivo:       Dose/dia:       Vezes/dia:      Anti-­‐‑hipertensivo:       Dose/dia:       Vezes/dia:      AINEs/AAS:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:    Outros  AINEs:    (0)  Não  (1)  Sim         Quais:  AINEs:           Dose/dia:       Vezes/dia:      AINEs:           Dose/dia:       Vezes/dia:        Estatinas:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:  Outras  Estatinas:    (0)  Não  (1)  Sim       Quais:  Estatinas:         Dose/dia:       Vezes/dia:        Metformina:  (0)  Não  (1)  Sim     Dose/dia:       Vezes/dia:      Outros  medicamentos  de  uso  crônico:       (0)  Não  (1)  Sim     Quais:    __________________________  Dose/dia:       Vezes/dia:  __________________________  Dose/dia:       Vezes/dia:  __________________________  Dose/dia:       Vezes/dia:  __________________________  Dose/dia:       Vezes/dia:        Data  da  consulta:               Retorno  previsto:      Telefone:    

     

39  

   

ANEXO III

Questionário do IECA

Questionário Efeito colateral tosse do IECA

1) Usa ou já usou captopril ou enalapril (perguntar ao paciente ou olhar na tabela)? (1)

Já usou (2) Usa (3) Nunca usou

2) Tem alguma queixa/incômodo com o uso de IECA? (1) Sim (2) Não (3) Não se

aplica

3) Teve/tem tosse seca? (1) Sim (2) Não (3) Não se aplica

4) Teve/tem pigarro? (1) Sim (2) Não (3) Não se aplica

5) Teve/tem sintoma de garganta seca? (1) Sim (2) Não (3) Não se aplica

6) Depois que parou de tomar a medicação, esses sintomas continuaram? (1) Sim (2)

Não (3) Não se aplica

     

40  

ANEXO IV Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa

     

41