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Práticas de Inovação em Empresas Participantes de Programas de
Incubação Universitária Tecnológica: Um Estudo Exploratório na
Cidade de Belém do Pará.
Thiago Medeiros Costa (Autor)1
Marco Antônio Silva Lima (Coautor)2
Resumo Estruturado
Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo central identificar as
principais variáveis para o desenvolvimento de práticas
inovativas das empresas participantes de programas de
incubação de base tecnológica em instituições de ensino
superior (IES) na cidade de Belém (PA), assim como seu
desempenho inovativo – o qual está estruturado em três
objetivos específicos: 1) Identificar as principais práticas
inovativas das empresas participantes dos programas de
incubação de base tecnológica; 2) Identificar as variáveis
mais importantes no desenvolvimento de práticas
inovativas em empresas participantes dos programas de
incubação de base tecnológica; e 3) Avaliar o desempenho
inovativo das empresas participantes dos programas de
incubação de base tecnológica.
Forma de
abordagem/metodologia:
Para alcançar os objetivos estabelecidos para este estudo
optou-se por realizar uma pesquisa quantitativa, utilizando
como instrumentos ou técnicas estatísticas a análise
estatística descritiva e a análise de cluster. A presente
pesquisa possui caráter exploratório, a qual objetiva tornar
mais amplo o conhecimento sobre determinado fenômeno
por meio de levantamento bibliográfico acerca das
temáticas práticas de inovação e programas de incubação
1 Bacharel em Secretariado Executivo Trilíngue pela Universidade do Estado do Pará (UEPA).
E-mail: [email protected] 2 Doutor em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pelo Núcleo de Estudos Amazônicos
(NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Coordenador de Economia Mineral da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (SEICOM/Pará). E-mail: [email protected]
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de base tecnológica em Belém do Pará. Após o contato
com a bibliografia, a pesquisa estendeu-se para entrevistas
diretas com pessoas envolvidas com as temáticas e
problemáticas em questão, considerando a experiência que
possuem em relação às mesmas. A coleta de dados foi
realizada por meio de questionário constituído de perguntas
objetivas, de caráter fechado, de múltipla escolha, e em
escala likert, devendo-se escolher uma opção para cada
questão.
Resultados alcançados: Os resultados da pesquisa indicaram a formação de três
agrupamentos com as semelhanças e diferenças entre as
empresas, denominados: 1) Baixo; 2) Médio e Não-
Tradicional; e 3) Médio e Tradicional. A conclusão final do
estudo foi de que as principais práticas inovativas
realizadas pelas empresas participantes possuem
desempenho médio e estão relacionadas com o
desenvolvimento de produtos e processos novos ou
significativamente melhorados, e a principal atividade
inovativa possui alto desempenho e está relacionada com
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) dentro da empresa.
Impactos na sociedade: A inovação é um fator de extrema importância para os
programas de incubação de base tecnológica, de acordo
com suas diretrizes para seleção de novos
empreendimentos. A pesquisa demonstrou a dinâmica da
inovação nos empreendimentos selecionados e pode ser
utilizada, por exemplo, para o fortalecimento do
movimento de incubação em Belém do Pará, auxiliando na
exploração de recursos da região amazônica e na geração
de riquezas.
Originalidade do trabalho: O trabalho apresentou pontos importantes relacionados à
inovação em empresas participantes de programas de
incubação de base tecnológica em Belém do Pará.
Percebeu-se, durante a realização da pesquisa, que a
mesma foi pioneira por permitir a identificação de forças e
fraquezas, a serem melhoradas para alavancar o
desempenho inovativo das empresas em questão.
Palavras-chaves: Incubação. EBTs. Inovação.
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Innovation Practices in Enterprises Participants of University
Technology Incubation Programs: An Exploratory Study in the City of
Belém (PA).
Thiago Medeiros Costa (Author)
Marco Antônio Silva Lima (Coauthor)
Structured Abstract
Objetive: This research is mainly aimed to identify the main variables
for the innovative practices development of technology-
based incubation programs participants in higher education
institutions in Belém (PA), as well as its innovative
performance - which is structured into three specific
objectives: 1) Identify the main innovative practices of
technology-based incubation programs participants; 2)
Identify the most important variables in the development of
innovative practices in participants of technology-based
incubation programs; and 3) Assess the innovative
performance of the participants in the technology-based
incubation business programs.
Form of approach /
Methodology:
To achieve the objectives set for this study we chose to
conduct a quantitative research, using the descriptive
statistical analysis and cluster analysis as instruments or
statistical techniques. This research has an exploratory
character, which aims to make broader knowledge about a
phenomenon through literature concerning the thematic
innovation practices and technology-based incubation
programs in Belém (PA). After the contact with the
literature, the research was extended to direct interviews
with people involved with the issues and problems in
question, considering the experience they have in relation
thereto. Data collection was conducted through a
questionnaire consisting of objective, closed and multiple
choice questions in Likert scale, in which each one should
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choose one option for each question.
Results achieved: The survey results indicated the formation of three clusters
with the similarities and differences between companies,
called: 1) Low; 2) Middle and Non-Traditional; and 3)
Medium and Traditional. The final conclusion was that the
main innovative practices performed by the participating
companies have an average performance and are related to
new or significantly improved products and processes
development, and the main innovative activity has high
performance and is related to Research and Development
(R & D) within the company.
Impacts on society: Innovation is an extremely important factor for technology-
based incubation programs, according to their guidelines for
selection of new ventures. The research demonstrated the
dynamics of innovation in selected projects and can be
used, for example, to strengthen the incubation movement
in Belem, assisting in resource exploitation in the Amazon
region and in wealth.
Originality of work: The work presented important points related to innovation
in companies participating in technology-based incubation
programs in Belém (PA). It was noticed during the research
that it pioneered for allowing the identification of strengths
and weaknesses, to be improved to leverage the innovative
performance of the firms concerned.
Key-words: Incubation. TBCs. Innovation.
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1 Introdução
A incubação de empresas é um dos meios mais seguros para o lançamento e
desenvolvimento de novos negócios. De acordo com o site Agência Brasil (2003), as
estatísticas indicam que empresas que passam pelo processo de incubação possuem
taxas de mortalidades reduzidas de 70% para 20% em comparação com as empresas
normais.
O empreendedorismo é importante para a sociedade, pois o empreendedor é
responsável pelo desenvolvimento econômico e pelo desenvolvimento social e dinamiza
a economia ao promover a inovação. As incubadoras de empresas, neste contexto,
usualmente contribuem através das seguintes formas: 1) desenvolvimento de novos
produtos e serviços; geração de emprego e renda; e 3) criação de novos negócios de alta
qualidade (ANPROTEC, 2012).
Neste escopo, as MPE têm um papel de grande relevância no mundo dos
negócios. Com o esgotamento do modelo fordista de produção, passou a ser observada,
em quase todo o mundo, a necessidade da adoção de padrões de produção e de
comercialização mais flexíveis, práticas nas quais as micro e pequenas empresas
possuem destaque, pois conseguem, ser competitivas em diversos mercados: local,
regional, nacional e internacional (SILVA, 2011).
A promoção da inovação é um fator de grande relevância para a realização
dos objetivos gerais, crescimento e fortalecimento das empresas participantes de
programas de incubação. Ela é a base e fio condutor das políticas públicas,
institucionais e internas das incubadoras (ANPROTEC, 2012) e direciona para
caminhos mais vantajosos, nos quais as empresas passam a cumprir seu papel como
atores sociais de forma essencialmente sustentável.
No contexto das incubadoras de empresas de base tecnológica, o estímulo
dado aos empreendedores é frequentemente relacionado à promoção de negócios
marcados pela inovação de cunho tecnológico. Em geral, entende-se por inovação
tecnológica como a transformação de conhecimento obtido por meio de pesquisa
científica em novos produtos, processos ou modelos organizacionais, visando o seu
posterior lançamento no mercado (GARCIA & TERRA, 2012).
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2 Revisão de Literatura
2.1 Empreendedorismo
A palavra empreendedorismo tem origem na tradução do termo em inglês
entrepreneurship (por sua vez, oriunda do termo em francês entrepreneur) que indica os
estudos acerca do empreendedor, objetivando, assim, analisar o perfil, as origens, o
sistema de atividades e o universo de atuação deste indivíduo que empreende e gera
riquezas (DOLABELA, 1999).
Existem diversos estudos sobre empreendedorismo realizados por
pesquisadores de diversos campos do conhecimento, os quais tendem a perceber e
definir o empreendedor usando as conclusões estabelecidas em suas próprias
disciplinas. Nota-se que o empreendedorismo é rico, pois é possível encontrar
similaridades e somar as diferenças de cada campo do conhecimento para alcançar uma
definição múltipla (FILION, 1999).
Os economistas, como Joseph Schumpeter, por exemplo, associam o
empreendedor ao desenvolvimento econômico e à inovação, sendo esse individuo o
motor do sistema econômico e agente de mudança. Turner (2004) cita a visão de
Schumpeter acerca da função do empreendedor - com a perspectiva do final do século
XIX até o presente, que enfatiza a inovação - a qual é:
[...] reformar ou revolucionar o padrão de produção explorando uma
invenção ou, de modo mais geral, um método tecnológico não
experimentado, para produzir um novo bem ou um bem antigo de maneira
nova, abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais, ou uma nova
comercialização para produtos, e organizando um novo setor.
(SCHUMPETER, 1952, p.72 apud TURNER, 2004, p. 28).
Para Filion (1999), o empreendedor é alguém capaz de criar, de estabelecer
e atingir objetivos e que consegue observar o ambiente no qual vive, a fim de detectar
oportunidades de negócios. Ainda de acordo com o autor, para continuar a manter um
papel de empreendedor, é necessário que o indivíduo aprenda sempre sobre as
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oportunidades de negócios existentes no ambiente e tome decisões que objetivem a
inovação e tenham certo grau de risco.
Fagerberg (2004) reforça esse sentido indicando o termo innovator
(inovador), como a essência do entrepreneur (empreendedor) de Schumpeter, sendo a
pessoa responsável por combinar os fatores necessários para realizar a comercialização
de uma ideia, ou seja, transformar uma invenção em uma inovação.
Bessant e Tidd (2009) também seguem esta linha de pensamento ao
afirmarem que empreender vai além de apenas criar um negócio. É necessário
desenvolver empreendimentos inovadores, que ofereçam novos produtos, serviços,
processos ou maneiras diferentes de criar valor. Sobre os empreendedores inovadores,
os autores afirmam que eles são:
[...] indivíduos que são guiados pelo desejo de criar ou mudar algo, seja no
setor privado, público ou no terceiro setor. Independência, reputação, e
riqueza não são os objetivos primeiros nesses casos, apesar deles serem,
mesmo assim, frequentemente alcançados. De certa forma, a principal
inovação é, na verdade, para mudar ou criar algo novo. Empreendedores
inovadores incluem empreendedores tecnológicos e empreendedores sociais,
mas esses novos empreendimentos raramente são baseados em invenções,
novas tecnologias ou avanços científicos. (BESSANT & TIDD, 2009, p.
288).
Em geral, não há uma regra que indique o perfil padrão e/ou ideal de um
empreendedor nem modelos quantitativos rigorosos que ajudem a teorizar a atividade
empreendedora, como o que acontece com as ciências naturais e os seus paradigmas.
Neste caso, costuma-se firmar base no que é rotineiramente observado nos
empreendedores de sucesso e suas características (CHIAVENATO, 2007).
Empreendedores tecnológicos, por exemplo, tendem a usar habilidades individuais e
características de mercados e tecnológicas, são motivados mais pela independência que
pelo sucesso e acreditam ter mais controle pessoal sobre os resultados – como afirmam
Bessant e Tidd (2009) –, talvez pelo nível de escolaridade geralmente alto desses
indivíduos.
2.1.1 Empresas de Base Tecnológica
De acordo com o relatório publicado pelo Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE) e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que
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define empresas de base tecnológica utilizando também a definição proposta pelo Office
of Technology Assessment (OTA):
[...] as micro e pequenas empresas de base tecnológica são empresas
industriais com menos de 100 empregados ou empresas de serviços com
menos de 50 empregados, que estão comprometidas com o projeto,
desenvolvimento e produção de novos produtos e/ou processos,
caracterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática de conhecimento técnico-
científico. Estas empresas usam tecnologias inovadoras, têm uma alta
proporção de gastos com P&D, empregam uma alta proporção de pessoal
técnico-científico de engenharia e servem a mercados pequenos e específicos.
(SEBRAE & IPT, 2001, p.7)
Compreende-se, assim, que as empresas de base tecnológica estão
fortemente vinculadas à prática da inovação e com práticas sistemáticas de P&D,
utilizando meios para alcançar o desenvolvimento de novos produtos e/ou processos,
como definido no relatório. A inovação está também intrinsecamente ligada à
competitividade, o que torna as empresas de base tecnológica diferenciadas no mercado,
devido ao alto grau de conhecimento aplicado (ARANHA, 2008).
Nota-se a importância das incubadoras de empresas de base tecnológica,
pois além de contribuírem para o desenvolvimento econômico de uma dada região –
característica comum aos programas de incubação – geram benefícios para a melhoria
da qualidade de vida da população como consequência das práticas de inovação e do
próprio desenvolvimento econômico.
Uma pesquisa realizada por Carvalho et al (1998), citada por Santos e
Pinho (2010), aponta outras características deste tipo de empresa. O estudo foi realizado
com 47 EBTs dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. De acordo com os
resultados indicados, 91% das empresas foram criadas por empreendedores com
graduação, sendo 41% formados em engenharia e 30% com pós-graduação. Percebe-se,
principalmente, importância da formação técnica para desenvolver atividades neste tipo
de empreendimento, voltado para a aplicação de conhecimento necessário para gerar
inovações de diferentes naturezas.
2.2 Programas de Incubação de Empresas de Base Tecnológica em Belém do Pará.
Nascidas como um dos mecanismos necessários para alcançar o desafio de
aproximar Ciência, Tecnologia e Inovação e também aproximar as empresas às
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atividades de P&D, as incubadoras de empresas contribuem para o fortalecimento do
empreendedorismo, desenvolvimento econômico-regional, geração de empregos,
desenvolvimento tecnológico e diversificação da economia de uma região, por meio da
oferta de produtos e serviços inovadores.
Acredita-se que as incubadoras de empresas são uma opção inteligente e
apropriada para a promoção do desenvolvimento socioeconômico local e nacional. Por
meio das incubadoras, os recursos financeiros não são somente transformados em
conhecimento, e sim transformados em conhecimento que gera riqueza (SILVA, 2009).
Compreende-se que as incubadoras de empresas podem ser consideradas
laboratórios de testes e de inovação. Segundo Aranha (2008), ao possuir em sua
estrutura um conjunto de empresas em crescimento, o ambiente das incubadoras permite
uma troca informal de conhecimento, sendo caracterizado como ambiente de rede
sinérgica propício à inovação. Assim, tais empresas podem estabelecer parcerias entre si
para a criação de novos produtos de alto valor agregado a serem lançados no mercado.
Além disso, o conhecimento produzido no meio acadêmico pode ser tão pronto utilizado
nas incubadoras para a criação de novos produtos, serviços e até mesmo novas
empresas.
Os programas de incubação de empresas de base tecnológica abrigam
empresas que desenvolvem produtos, processos ou serviços resultantes de pesquisa
aplicada. Os empreendimentos residentes neste tipo de incubadora são das áreas de
informática, biotecnologia, química fina, mecânica de precisão e novos materiais. Além
disso, geralmente, são individuais ou de um grupo de pequenos sócios e por conta do
potencial de mercado e do alto valor agregado nos produtos e serviços, as empresas
incubadas de base tecnológica tendem ao fácil crescimento e consolidação como
graduadas.
Cardoso (2012) afirma que a ideia de incubação de empresas na Região
Amazônica é interessante pelo fato da região necessitar de reforço no setor industrial, e
pela possibilidade de uso das suas matérias-primas – por meio de realização de
pesquisas e ações de transferência de conhecimento e tecnologia – para a produção e a
introdução de novos produtos no mercado.
Encontram-se, em operação, três incubadoras desse tipo instaladas na
Cidade de Belém, capital do Estado do Pará: O Programa de Incubação de Empresas
de Base Tecnológica da Universidade Federal do Pará – PIEBT/UFPA, a Rede de
Incubadoras de Tecnologia da Universidade do Estado do Pará – RITU/UEPA e a
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Incubadora CESUPA de Base Tecnológica – ICBT/CESUPA. As mesmas
desenvolvem atividades de forma individualizada e também em conjunto, por meio de
parcerias entre si e com outras instituições, como por exemplo, as de apoio ao
empreendedorismo e as de fomento a pesquisa e desenvolvimento.
2.3. Práticas de Inovação
2.3.1. Inovações Tecnológicas de Produto
Um produto tecnologicamente novo é aquele que sofreu mudanças
significativas e aperfeiçoamentos em suas características fundamentais, como
especificações de ordem técnica, componentes, materiais, funções e objetivos de uso
(IBGE, 2011).
Os aperfeiçoamentos tendem a melhorar o desempenho, ou seja, geram
maior eficiência, rapidez de entrega ou facilidade ao cliente no uso dos produtos. Um
produto que é simples, por exemplo, pode ser aperfeiçoado por meio da introdução de
matérias-primas ou componentes de maior rendimento. Já um produto complexo pode
ser aperfeiçoado por meio de mudanças em um dos seus componentes ou subsistemas
integrados (IBGE, 2011).
Quando se trata de inovações tecnológicas de produto, é importante
considerar que as mesmas podem ser comparadas e diferenciadas de acordo com o grau
de novidade, os quais são – relacionados à amplitude de atuação no mercado:
Produto (bem ou serviço) novo para a empresa, mas já existente no
mercado/setor3: caso em que outra empresa já possui produto similar;
Produto (bem ou serviço) novo para a empresa e para o
mercado/setor: caso em que não há outra empresa que produza determinado bem ou
serviço similar em território nacional;
Produto (bem ou serviço) novo para o mercado internacional: caso em
que não há no setor nenhuma empresa que produza determinado bem ou serviço no
mundo.
2.3.1.1 Inovações Tecnológicas de Processo
3 Considera-se o mercado/setor nacional, mesmo que a empresa atue somente no mercado nacional ou
regional.
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Compreende-se como processo tecnologicamente novo como aquele que
recebeu mudanças em suas técnicas, equipamentos, atividades de suporte, ou em outros
elementos constituintes, resultando em métodos de produção ou de entrega de produtos
novos ou substancialmente aperfeiçoados (IBGE, 2011).
Por conta das mudanças e aperfeiçoamentos nos métodos, esse tipo de
inovação visa o aumento da eficiência produtiva ou da entrega de produtos, resultando
em aumento significativo na qualidade e em redução de custos de produção e entrega
(IBGE, 2011).
Assim como as inovações de produto, as inovações tecnológicas de processo
podem ser comparadas e diferenciadas levando em consideração o grau de novidade e a
amplitude de atuação em determinado setor. Abaixo, as duas variáveis utilizadas nesta
pesquisa:
Processo novo para a empresa, mas já existente no mercado/setor:
caso em que outra empresa já desempenha processo similar;
Processo novo para a empresa e para o mercado/setor: caso em que
não há outra empresa que desenvolve processo similar em território nacional.
2.3.1.2 Inovações Organizacionais, Inovações de Marketing e Atividades de
Inovação.
As inovações organizacionais estão relacionadas com as mudanças na
gestão, organização do trabalho e relações da empresa com o meio externo, sendo
resultado de decisões tomadas no nível estratégico. O objetivo desse tipo de inovação é,
assim como já visto com as inovações tecnológicas, melhorar a qualidade dos produtos,
e, além disso, melhorar o uso do conhecimento e a eficiência da gestão dos processos
organizacionais (IBGE, 2011).
Já as inovações de marketing correspondem à utilização de novas estratégias
ou conceitos de marketing, os quais são diferentes dos já utilizados pelas empresas.
Como exemplos, podem ser citados os novos canais de vendas, novos conceitos para a
promoção de produtos e fixação de preços, e mudanças físicas de estética, desenho ou
embalagem (IBGE, 2011). Abaixo, as inovações organizacionais e de marketing
consideradas como variáveis neste estudo:
Implementação de técnicas avançadas de gestão: nesse grupo, são
encontradas técnicas necessárias para otimizar as rotinas e práticas de trabalho, como:
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reengenharia de processos de negócios, gestão do conhecimento, controle da qualidade
total, novos métodos de gerenciamento visando atender normas de certificação (ISO
9000, ISO 14000), SIG (Sistemas de Informações Gerenciais), ERP (planejamento dos
recursos do negócio), GED (gerenciamento eletrônico de documentos), etc.;
Implementação de significativas mudanças e/ou práticas na estrutura
organizacional: nesse caso, são encontrados novos métodos para distribuir o poder
decisório e responsabilidades, melhorando a organização do trabalho. Como exemplos:
descentralização ou a integração de departamentos e atividades, mudança no
organograma, como adoção da estrutura matricial de trabalho, redução de níveis
hierárquicos, gestão do trabalho em equipe, etc.;
Mudanças significativas nos conceitos e/ou estratégias de marketing e
de comercialização: encontram-se, neste caso, inovações nas fixações dos preços
(como sistemas de descontos), novos canais de vendas e formas de inserir o produto no
mercado (como sistemas de franquias), adoção de novas mídias, etc.
As atividades de inovação são formadas pelas etapas científicas,
tecnológicas, organizacionais e comerciais que objetivam a inovação tecnológica de
produto e/ou processo. Abaixo, as atividades utilizadas nesta pesquisa:
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na Empresa: definida como toda
atividade desenvolvida no âmbito interno da empresa, cujo propósito seja expandir o
seu acervo de conhecimento e utilizá-lo para criar aplicações novas ou
significativamente aperfeiçoadas. Ressalta-se que as atividades de P&D envolvem
pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental;
Aquisição Externa de P&D: Neste caso, as atividades de P&D são
adquiridas por meio de prestação de serviços de terceiros e desenvolvidas fora da
empresa;
Aquisição de Máquinas e Equipamentos: considera-se a compra de
máquinas e equipamentos que serão utilizados para modificações nos processos
produtivos, resultando em processo e produtos novos ou significativamente melhorados.
Se a instalação de máquinas e equipamentos melhorar o desempenho tecnológico, se
identifica uma inovação de processo. Se não melhorar o desempenho tecnológico, mas
contribuir para introduzir produtos novos, considera-se, então, como inovação de
produto;
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Aquisição de Softwares: enquadram-se nessa atividade a aquisição
externa de softwares (de desenho, de engenharia, de automatização de processos),
comprados para gerar inovação de processo e de produto;
Programa de Treinamento: nesse caso, são considerados treinamentos
para introdução e conhecimento de novos métodos produtivos. Não estão inclusos
treinamentos de reciclagem, treinamento computacional e de língua estrangeira.
3 Coleta e Análise de Dados
Para esta pesquisa, a coleta de dados foi realizada junto aos gestores
responsáveis pelas empresas – incubadas e graduadas – participantes dos programas de
incubação de base tecnológica citados anteriormente. Como instrumento de coleta de
dados, utilizou-se um questionário constituído de perguntas objetivas, de caráter
fechado, e de múltipla escolha, devendo-se escolher uma opção para cada questão. As
duas perguntas possuem respostas em Escala Likert, cuja finalidade é a quantificação de
dados subjetivos, principalmente de caráter psicográfico. Na primeira pergunta
apresentam-se possibilidade de escolha entre as opções (1) não desenvolveu a referida
atividade e (2) desenvolveu a referida atividade. Na segunda pergunta os entrevistados
escolherão entre as opções (0) não desenvolveu, (1) desenvolveu ocasionalmente e (2)
desenvolveu rotineiramente.
Para o tratamento dos dados, foi o utilizado o pacote estatístico IBM SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) 19. Optou-se pela análise multivariada de
dados, a qual leva em consideração a relação de entre as variáveis e pode ser utilizada
para “influenciar não somente os aspectos analíticos de pesquisa, mas também o
planejamento e abordagem da coleta de dados para decisões e resoluções de problemas
(CORRAR et al, 2012, p.3). Neste estudo, utilizou-se, a Análise de Conglomerados
(Cluster Analysis) como técnica de análise multivariada de dados.
A análise de conglomerados ou análise de cluster (Cluster Analysis) é uma
técnica que permite o agrupamento de objetos tendo como base suas características,
observando as diferenças e semelhanças existentes entre os mesmos. Objetiva-se
classificar uma amostra de indivíduos ou objetos por meio da formação de pequenos
grupos excludentes, que não são predefinidos, mas formados e identificados por suas
diferenças e semelhanças (CORRAR et al, 2012).
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4 Apresentação e Discussão dos Resultados
4.1 Caracterização da Amostra
A amostra desta pesquisa foi caracterizada seguindo três critérios: 1)
Empresas por Incubadora; 2) Segmento de Atividade; e 3) Tamanho do
Empreendimento, sendo o último de acordo com classificação do SEBRAE que utiliza o
número de empregados. A seguir, o Gráfico 1 com a distribuição de acordo com o
primeiro critério.
Gráfico 1 – Empresas por Incubadora
Pode-se observar a predominância neste estudo de empresas que participam
ou participaram do PIEBT/UFPA, sendo equivalentes a 60% da amostra. Os outros
percentuais indicam que 25% da amostra são compostos de empresas da RITU/UEPA e
15% da ICBT/UEPA.
60% 15%
25%
PIEBT
RITU
ICBT
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Gráfico 2 – Segmento de Atividade
Em relação ao segmento de atuação, o resultado da pesquisa indicou que a
maior parte das empresas realizam atividades de prestação de serviços, correspondendo
a 70% da amostra. Os outros percentuais apresentados apontam para segmento o
industrial, em segundo lugar, com 25% de equivalência, e o segmento de comércio, por
último, com 5% de respondentes.
Para o último critério – tamanho do empreendimento – obteve-se como
resultado que todas as empresas (100% dos respondentes) possuem até 19 empregados.
Considerando essa informação, é possível classificar as empresas quanto ao porte para
cada segmento de atuação, de acordo com o enquadramento adotado pelo. O Quadro 1
abaixo indica a relação entre segmento e tamanho de uma empresa:
Quadro 1 – Relação: Segmento x Porte para as Empresas do Estudo
Segmento de Atividade Percentual de
Respondentes
Classificação Quanto ao Porte
(SEBRAE)
Indústria 25% Micro empresa
Comércio 5% Empresa de Pequeno Porte
Serviços 70% Empresa de Pequeno Porte
Fonte: elaborado pelo autor (2013).
A maioria das empresas é dos segmentos de serviço ou industrial, sendo
25% equivalentes a micro empresas industriais e 70% equivalentes a pequenas empresas
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prestadoras de serviços. Esse resultado confirma o que o SEBRAE e IPT (2007, p.7)
indicam sobre as empresas de base tecnológica, as quais são:
[...] empresas industriais com menos de 100 empregados ou empresas de
serviços com menos de 50 empregados, que estão comprometidas com o
projeto, desenvolvimento e produção de novos produtos e/ou processos,
caracterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática de conhecimento técnico-
científico. (grifo nosso).
Além disso, Santos e Pinho (2010), em pesquisa citada anteriormente,
analisou o desempenho de 47 empresas de base tecnológica, as quais 66% das empresas
respondentes eram classificadas, quanto ao porte, como pequenas empresas.
O levantamento realizado pela ANPROTEC (2012) com 60 incubadoras
brasileiras, distribuídas entre 17 unidades da federação, incluindo o Pará, indica que
52% das empresas que participam de programas de incubação são do setor de serviços e
43% do setor industrial. Os resultados dos três levantamentos indicados anteriormente
confirmam a expressividade dos dois setores no movimento de incubação.
Ainda, a ANPROTEC (2012) ressalta que as empresas do setor de serviços
tem como focos principais o desenvolvimento de inovação tecnológica oriunda da
pesquisa cientifica, cumprindo com um dos objetivos principais das incubadoras de base
tecnológica que é aliar a ciência e a tecnologia ao setor produtivo.
4.2 Análise Estatística Descritiva
Essa análise consiste na demonstração do desempenho de cada prática e
atividade inovativa, considerando a utilização de índices, média aritmética, desvio
padrão e variância, assim como tabelas e gráficos. O Quadro 2 apresenta os intervalos
para a classificação dos índices neste estudo.
Quadro 2 – Intervalos de Classificação dos Índices
Intervalo Classificação do Desempenho
0,000 a 0,399 Baixo
0,400 a 0,699 Médio
0,700 a 1,000 Alto
Fonte: CARVALHO et al (2007)
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Para a realização desta pesquisa, foram indicadas quatro dimensões de
análise, as quais são: 1) inovações tecnológicas de produto, 2) inovações tecnológicas
de processo; 3) inovações organizacionais e de marketing; e 4) constância da atividade
inovativa. Compreende-se por dimensões como o agrupamento de variáveis realizado
pelo pesquisador. As dimensões foram organizadas com algumas variáveis utilizadas
pela PINTEC e REDESIST e distribuídas em duas questões objetivas, compostas por
opções de respostas em Escala Likert.
A primeira questão do instrumento de pesquisa solicitou aos respondentes
que indicassem sobre o desenvolvimento de inovações tecnológicas de produto,
inovações tecnológicas de processo e inovações organizacionais e de marketing, e
com duas opções de respostas para cada variável: 1) se não desenvolveu e 2) se
desenvolveu. Os índices de cada dimensão foram calculados considerando a média
aritmética das suas variáveis. Por exemplo, para as inovações tecnológicas de produto,
os índices foram calculados considerando a média aritmética entre os resultados das
seguintes variáveis: 1) Produto (bem ou serviço) novo para a empresa, mas já existe
no mercado/setor; 2) Produto (bem ou serviço) novo para a empresa e para o
mercado/setor; e 3) Produto (bem ou serviço) novo para o mercado internacional.
A Tabela 1 apresenta os indicadores obtidos para as inovações tecnológicas
de produto:
Tabela 1 – Desempenho para as Inovações Tecnológicas de Produto
Descrição Índice Desvio-
Padrão Variância
Inovações de Produto 0,467 0,504 0,254
Produto (bem ou serviço) novo para a empresa, mas
já existe no mercado/setor? 0,550 0,510 0,261
Produto (bem ou serviço) novo para a empresa e para
o mercado/setor? 0,500 0,513 0,263
Produto (bem ou serviço) novo para o mercado
internacional? 0,350 0,489 0,239
Fonte: Resultado da Pesquisa (2013)
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É possível afirmar que as inovações tecnológicas de produto tiveram um
desempenho médio, de acordo com o índice equivalente a 0,467. Neste tipo de
inovação, a variável que teve o maior grau de importância foi a correspondente à
introdução de produtos novos e já existentes no mercado, com índice igual a 0,550, e a
que teve o menor desempenho foi a variável relacionada com a introdução produtos
novos no mercado internacional.
Os respondentes além de considerarem as inovações que já existem no setor
como as mais importantes, praticando, por exemplo, imitação no desenvolvimento de
bens e serviços, demonstram menor interesse quando o quesito é conquistar mercados
externos.
De acordo com a ANPROTEC (2012), apenas 15% das empresas que
participam de programas de incubação no Brasil inovam a nível mundial. A maioria,
equivalente a 55%, realiza esforços ou é capaz de inovar apenas a nível nacional, e 28%
inovam apenas localmente.
As micro e pequenas empresas geralmente têm dificuldades para se
inserirem no mercado internacional, em decorrência de alguns fatores como o baixo
valor agregado das inovações em relação às produzidas em outras países, muitas vezes
resultante da falta de conhecimento das necessidades externas, não explorando, assim,
novas potencialidades.
A Região Amazônica apresenta grandes oportunidades de negócios
decorrentes da sua biodiversidade. Como já visto anteriormente, as empresas de base
tecnológica tem a capacidade de aliar a produção científica com o setor produtivo,
transformando o conhecimento em riqueza.
O Brasil, por exemplo, é o primeiro país do mundo em mercados como de
perfumes e o segundo, no de cosméticos, sendo que o Estado do Pará, localizado na
região amazônica – rica em matérias-primas –, possui apenas seis empresas registradas
neste segmento de mercado (BARATA, 2012), sendo que uma delas já participou de um
dos programas de incubação deste estudo.
Minervini (2008), citado por Guimaraes, Neto e Vicari (2012), indicam que
a falta de uma cultura e de estrutura interna para gerenciar a exportação servem como
barreiras à internacionalização das pequenas e médias empresas no Brasil.
Considera-se, portanto, a necessidade de estimular os empreendimentos
participantes a explorarem os recursos da região e avançarem no sentido de alcançar o
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mercado externo, considerando que a região amazônica tem grande potencial para gerar
e exportar riquezas ou recursos de valor.
Além de uma cultura de inovação voltada para o mercado externo, é
necessário realizar esforços no sentido de estruturar as empresas e capacitá-las para o
gerenciamento da inovação a nível internacional. Em muitos casos, realizar inovações
desta natureza sai caro para o empreendedor, devido à necessidade de transporte
diferenciado e de custos tarifários, por exemplo.
Uma provável justificativa para a valorização de uma cultura voltada para a
imitação é o fato de que a maior parte dos respondentes são empresas de pequeno ou
micro porte, estão em inicio de atividade e são do setor de serviços. Quando se trata de
exportação de serviços, por exemplo, segundo Saldanha [s.d], o predomínio é de
atividades tradicionais, como serviços de transporte e seus auxiliares, representando
59% do total de exportações.
Diversos fatores podem ser citados para explicar este comportamento por
parte das empresas de base tecnológica da região, as quais não valorizam e/ou
possivelmente enfrentam dificuldades para a inserção de produtos a nível internacional.
Sugere-se a realização de outros estudos para responder de forma mais profunda a
questões como estas.
Em relação às inovações tecnológicas de processo, de acordo com a análise
estatística descritiva, se obteve os seguintes resultados indicados na Tabela 2 a seguir.
Tabela 2 – Desempenho para as Inovações Tecnológicas de Processo
Descrição Índice Desvio-
Padrão Variância
Inovações de Processo 0,525 0,512 0,262
Processos tecnológicos novos para sua empresa, mas
já existente no mercado/setor? 0,550 0,510 0,261
Processos tecnológicos novos para a empresa e o
mercado/setor? 0,500 0,513 0,263
Fonte: Resultados da Pesquisa (2013)
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Observa-se, com índice igual a 0,525, que as inovações tecnológicas de
processo também tiveram avaliação média por parte das empresas respondentes. Os
dados da Tabela 2 indicam, por exemplo, a valorização em realizar processos
tecnológicos já existentes no mercado ou no setor de atuação das empresas, pois esta
variável teve o maior índice, igual a 0,550.
Este resultado pode servir de justificativa para compreender a avaliação
anterior sobre as inovações tecnológicas de produto, pois estas duas dimensões são
frequentemente relacionadas para a produção de inovações. Para introduzir um produto
inovador no mercado, é necessário também implementar melhorias nos processos
produtivos, a fim de estruturar o negócio e torná-lo capaz de gerar algo novo.
Percebe-se, assim como para as inovações tecnológicas de produto vistas
anteriormente, a presença de um comportamento imitador, ao adotar o que já existe no
mercado. De acordo com Galhardi e Zaccarelli (2005), muitas empresas iniciam suas
atividades imitando e desenvolvem suas tecnologias com base no que aprendem das
outras. Os autores citam o exemplo da Toyota, que começou suas atividades imitando a
Ford até criar seu sistema inovador próprio de produção.
A realidade das empresas que participam de programas de incubação
universitária se assemelha ao indicado, pois estes empreendimentos geralmente estão no
início de suas atividades. Contudo, o incentivo pelos programas deve ser o de fortalecer
os pontos médios e fracos para garantir o desempenho inovativo que resulte, além da
sobrevivência, em competitividade dos negócios.
Outro ponto interessante a ser tratado, é o fato de que as inovações de
produto tiveram, em geral, o índice menor que as inovações de processo. Essa
particularidade encontrada nas empresas participantes da pesquisa indica um
contraponto ao que Bessant e Tidd (2009) afirmam sobre a produção de inovações em
empresas de menor porte. De acordo com os autores, os esforços nesses
empreendimentos são voltados para as inovações de produto em vez de inovações de
processo.
Abaixo, a Tabela 3 com o desempenho inovativo no que tange a mudanças
no âmbito da estrutura e gestão organizacional e nas praticas de marketing.
Tabela 3 – Desempenho para as Inovações Organizacionais e de Marketing
Descrição Índice Desvio- Variância
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Padrão
Inovações Organizacionais e de Marketing 0,360 0,475 0,228
Implementação de técnicas avançadas de gestão? 0,400 0,503 0,253
Implementação de significativas mudanças e/ou
práticas na estrutura organizacional? 0,350 0,489 0,239
Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas
de marketing? 0,400 0,503 0,253
Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas
de comercialização? 0,500 0,513 0,263
Implementação de novos métodos de gerenciamento,
visando atender normas de certificação (ISO 9000,
ISO 14000, etc.)
0,150 0,366 0,134
Fonte: Resultados da Pesquisa (2013)
Para as inovações organizacionais e de marketing, os resultados indicaram o
menor desenvolvimento, pois esta dimensão obteve índice igual a 0,360. De todos os
índices, o que possui resultado significativamente baixo – equivalente a 0,150 – está
relacionado com a implantação de métodos novos de gerenciamento, com foco nas
normas de gestão da qualidade (ISO 9000) e de gestão ambiental (ISO 14000).
Para que uma inovação resulte em vantagem competitiva para as
organizações, é necessário que haja também a valorização de aspectos ligados ao seu
gerenciamento no âmbito interno, para alcançá-lo de forma mais eficiente, e no âmbito
externo, de acordo com o comportamento do mercado. Não se pode, por exemplo,
inserir um produto o qual o mercado não aceite. Ressalta-se que as inovações são
conhecidas pela sua viabilidade econômica e comercial.
Assim, antes de introduzir um produto ou processo novo, é necessário
conhecer o mercado e adotar estratégias para alcançar os consumidores, os quais estão
cada vez mais exigentes, principalmente quando se trata de empresas que valorizem
aspectos relacionados à gestão ambiental, por exemplo, a qual é imprescindível na
região.
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De forma geral, percebe-se que o valor dos produtos é formado também
pelos conhecimentos comerciais necessários para a sua introdução e distribuição no
mercado.
O portal Agência Brasil (2013) indica alguns resultados da pesquisa
PINTEC 2011. De acordo com os dados, no período de realização da pesquisa, de 2009
a 2011, a maior parte das empresas inovadoras em produtos e processos no Brasil –
aproximadamente 85,9% do universo – desenvolveu também inovações não
tecnológicas, ou seja, organizacionais e de marketing.
Quando se trata de buscar competitividade e garantir sobrevivência, é
importante que os gestores tenham a mentalidade de que uma organização não inova
somente com seus produtos e processos tecnologicamente novos, mas ao introduzir uma
estratégia de gestão voltada para a cultura de inovação contínua, com foco nas
dinâmicas do mercado (PAROLIN, 2012).
A segunda questão do instrumento de pesquisa solicitou aos respondentes
que indicassem sobre o tipo de atividade de inovação que desenvolvidas, com três
opções de resposta para o grau de constância das atividades, as quais foram: 0) se não
desenvolveu; 1) se desenvolveu ocasionalmente; e 3) se desenvolveu rotineiramente.
Tabela 4 – Desempenho para as Atividades Inovativas
Descrição Índice Desvio-Padrão Variância
Constância da Atividade Inovativa 0,486 0,818 0,671
Pesquisa e desenvolvimento (P&D) na sua empresa 0,700 0,821 0,674
Aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram
em significativas melhorias tecnológicas de produtos
(bens ou serviços)/processos ou que estão associados
aos novos produtos (bens ou serviços)/processos
0,600 0,894 0,800
Aquisição de outras tecnologias (softwares) 0,500 0,858 0,737
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Programa de treinamento orientado à introdução de
produtos/processos tecnologicamente novos ou
significativamente melhorados
0,475 0,759 0,576
Programas de gestão da qualidade ou de modernização
organizacional, tais como: qualidade total, reengenharia
de processos administrativos, desverticalização do
processo produtivo, métodos de “just in time”, etc.
0,300 0,754 0,568
Novas formas de comercialização e distribuição para o
mercado de produtos (bens ou serviços) novos ou
significativamente melhorados.
0,450 0,788 0,621
Fonte: Resultados da Pesquisa (2013)
Quando se trata do desenvolvimento de atividades inovativas, é possível
perceber que, no caso das empresas participantes da pesquisa, o índice é igual a 0,486,
sendo classificado como médio. Ainda, se observa a valorização de atividades como
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na sua empresa e Aquisição de máquinas e
equipamentos que implicaram em significativas melhorias tecnológicas de
produtos (bens ou serviços)/processos ou que estão associados aos novos produtos
(bens ou serviços)/processos, sendo a primeira com índice considerado alto –
equivalente a 0,700.
Além disso, de acordo com os dados, os respondentes indicaram a atividade
Programas de gestão da qualidade ou de modernização organizacional, tais como:
qualidade total, reengenharia de processos administrativos, desverticalização do
processo produtivo, métodos de “just in time”, etc. – com índice igual a 0,300 – como
a menos importante para o desenvolvimento de inovações tecnológicas de produto e de
processo, conforme a função das atividades inovativas indicada anteriormente. Essa
última atividade justifica a baixa importância dada pelos gestores para a introdução de
novos métodos de gerenciamento, vista anteriormente.
É possível confirmar com esses dois resultados, a mentalidade dos gestores
ao considerar apenas as atividades diretamente relacionadas à introdução de inovações
tecnológicas como importantes, esquecendo-se de fortalecer os processos de gestão, a
fim de aumentar, por exemplo, o rendimento organizacional. Nesse contexto, o papel
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das incubadoras de empresas de base tecnológica é relevante para incentivar as
mudanças deste quadro, já que as empresas participantes recebem apoio em gestão, a
fim de auxiliar não apenas no crescimento do negócio, mas no seu desenvolvimento.
Em contrapartida, quando é realizada a comparação entre as atividades
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na sua empresa e Aquisição Externa de (P&D),
é possível observar que a mesma não segue a lógica de valorização de atividades
diretamente ligadas à introdução de inovações tecnológicas, pois a segunda atividade
possui índice baixo, equivalente a 0,375. Uma possível explicação para a preferência em
realizar atividades de P&D no âmbito interno das empresas é a presença de alta
proporção de pessoal técnico-científico, a qual é umas das características fortes das
empresas de base tecnológica – conforme apresentado no suporte teórico desta pesquisa.
Como última analise, é possível verificar o desempenho coletivo de acordo
com as médias dos índices de cada empresa respondente, considerando todas as
dimensões da pesquisa. A Tabela 5 abaixo apresenta os índices das firmas em cada
dimensão e o seu resultado geral indicado na ultima coluna.
Tabela 5 – Desempenho de cada Empresa Respondente
Empresa
Dimensões de Análise Média Geral
das
Empresas Produto Processo Organizacional/
Marketing Constância
1 0,333 0,000 0,600 0,429 0,340
2 0,667 0,500 0,000 0,286 0,363
3 0,333 0,500 0,800 1,000 0,658
4 0,667 0,500 1,000 0,500 0,667
5 0,000 0,500 0,200 0,214 0,229
Empresa
Dimensões de Análise Média Geral
das
Empresas Produto Processo Organizacional/
Marketing Constância
6 0,000 0,500 0,000 0,357 0,214
7 0,667 0,500 0,200 0,429 0,449
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8 0,333 0,500 0,200 0,857 0,473
9 0,333 0,500 0,400 0,857 0,523
10 0,667 0,000 0,200 0,643 0,377
11 0,333 0,000 0,400 0,143 0,219
12 0,667 0,500 1,000 0,857 0,756
13 0,333 0,500 0,000 0,000 0,208
14 0,333 0,000 0,600 0,643 0,394
15 0,667 1,000 0,200 0,286 0,538
16 0,667 1,000 0,000 0,429 0,524
17 1,000 1,000 0,200 0,429 0,657
18 0,333 1,000 0,000 0,357 0,423
19 0,667 0,500 0,200 0,571 0,485
20 0,333 1,000 1,000 0,429 0,690
Média das
Dimensões 0,467 0,525 0,360 0,486 0,459
Fonte: Resultado da Pesquisa (2013)
Os resultados gerais podem ser classificados de acordo com os intervalos de
índices indicados no início desta subseção. A Tabela 6 apresenta a distribuição de
frequências para cada classificação:
Tabela 6 – Frequência de Empresas por Classificação de Desempenho
Classificação Frequência dos Índices
Baixo 8 empresas
Médio 11 empresas
Alto 1 empresa
Fonte: Resultado da Pesquisa (2013)
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O Gráfico 3 a seguir indica os percentuais de empresas que tiveram médias
de desempenho baixas, medias e altas. De acordo com o resultado da distribuição de
frequências, 55% das empresas – referentes a 11 respondentes – apresentaram
desempenho mediano e apenas 5% das empresas apresentaram desempenho inovativo
alto, sendo representado por um respondente.
Gráfico 3 – Desempenho das Médias Individuais das Empresas
Os resultados indicados pela análise descritiva permitiram concluir que as
empresas participantes dos programas de incubação de base tecnológica em Belém do
Pará valorizam as práticas de inovação tecnológica de produto e de processo, com
avaliação de importância média e com foco no que já existe no mercado, e com poucos
esforços para introduzir inovações a nível internacional. Percebeu-se também pouca
importância dada pelas empresas em inovações organizacionais e de marketing, pois
esta dimensão teve o menor desempenho.
Em relação à atividade inovativa, as empresas indicaram que as mais
importantes foram as correspondentes à realização de pesquisa e desenvolvimento no
âmbito da empresa, ou seja, realizada pelos seus próprios técnicos, e aquisição de
máquinas e equipamentos que implicaram em melhorias nas tecnologias dos processos e
produtos.
4.3 Análise de Cluster
4.3.1 Quantidade e Composição dos Clusters
A quantidade de grupos é definida pela “Regra de Parada”, a qual indica a
escolha com base na proximidade e semelhança das variâncias absolutas. De acordo
40%
55%
5%
Baixo Médio Alto
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com Moura e Lobo (2011, p.81), “no momento em que ocorrer uma diferença
discrepante entre os valores, deve ser escolhida a etapa imediatamente anterior, desta
forma serão escolhidos os conglomerados com maior homogeneidade interna e
heterogeneidade externa”. O número de clusters encontrados para esta pesquisa, de
acordo com o procedimento utilizado, foi igual a 03 (três), como apresentado na Tabela
7 abaixo.
Tabela 7 – Definição do Número de Clusters
Etapa Nº de clusters Coeficiente Variação
Absoluta Percentual
23 7 1,125 0,209 20,95
24 6 1,448 0,323 32,34
25 5 1,835 0,387 38,74
26 4 2,518 0,683 68,25
27 3 3,430 0,912 91,21
28 2 5,081 1,650 165,04
29 1 7,099 2,018 201,80
Fonte: Resultado da Pesquisa (2013)
Os clusters foram formados com base nas respostas dadas pelas empresas
para as duas questões relativas às quatro dimensões de análise: inovações de produto,
inovações de processo, inovações organizacionais e de marketing; e constância da
atividade inovativa.
O número de respondentes encontrados em cada grupo serviu de parâmetro
para a composição dos clusters. Assim, as empresas foram distribuídas da seguinte
forma: o primeiro cluster, identificado como o grupo de desempenho inovativo Baixo, é
formado por 60% da amostra, com 12 respondentes; o segundo cluster, identificado
como grupo de desempenho inovativo Médio e Não Tradicional e o terceiro cluster,
identificado como grupo de desempenho inovativo Médio e Tradicional, são ambos
formados por 4 respondentes e representam 20% do total das empresas participantes. O
Gráfico 4 a seguir apresenta a composição dos indicada:
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Gráfico 4 – Composição dos Clusters
Outro indicador importante é a media de inovação para cada cluster,
considerando os índices apresentados nas suas dimensões. Assim, as empresas
enquadradas no grupo de desempenho Baixo apresentaram média de índices equivalente
a 0,360, a qual é considerada baixa, de acordo com os intervalos para classificação de
índices apresentados anteriormente. Assim, é possível afirmar que esse grupo é o de
menor desempenho entre os clusters. Já as empresas do grupo Médio e Tradicional
apresentaram média de índices igual a 0,540, considerada média. Por fim, o grupo de
maior desempenho de índices foi o Médio e Não Tradicional com média igual a 0,690,
também classificada como média, porém a maior de todas. Abaixo, o Gráfico 5 com as
médias dos índices de cada cluster.
Gráfico 5 – Índice Médio de Inovação nos Clusters
60% 20%
20%
Baixo
Médio e Não-Tradicional
Médio e Tradicional
0,36
0,69
0,54
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80
Baixo e Equilibrado
Médio e Não-Tradicional
Médio e Tradicional
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4.3.2 Características dos Clusters
Os três clusters identificados para esta pesquisa foram organizados de
acordo com as características das respostas dadas pelas empresas. O Gráfico 6 abaixo
apresenta, para cada cluster, os índices das dimensões abordadas no instrumento
utilizado, além de permitir visualizar as diferenças de desempenho entre os mesmos.
Gráfico 6 – Índices das Dimensões de Inovação nos Clusters
4.3.2.1 Inovadores de Desempenho Baixo
Este grupo é formado pela maior parte dos respondentes, como já indicado
anteriormente, e possui desempenho inovativo baixo, igual a 0,360.
De acordo com os índices apresentados no Gráfico 6, as empresas
participantes deste grupo possuem índices baixo em inovação de produto (igual a
0,389), em inovação de processo (igual a 0,333) e em inovações organizacionais e de
marketing (igual a 0,250).
Contudo, é possível perceber que mesmo não sendo fortes em
desenvolvimento de inovações tecnológicas e não tecnológicas, as empresas deste
grupo apresentam, de acordo com o índice médio da dimensão constância,
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equivalente a 0,452, considerável preocupação quanto à prática de atividades
inovativas, as quais estão diretamente relacionadas com a produção de inovações.
Essa preocupação pode resultar em mudança no desempenho inovativo
dessas empresas em tempo futuro, se forem identificados os motivos pelos quais as
mesmas possuem baixo rendimento em inovações tecnológicas e não tecnológicas
(como tempo de atuação no mercado ou setor de atuação) e se forem adotadas
medidas estratégicas de melhorias. Percebe-se também que não há uma discrepância
alta entre os índices.
4.3.2.2 Inovadores de Desempenho Médio e Não-Tradicional
Este grupo é formado por 20% dos respondentes e possui o maior
desempenho das medias dos índices, igual a 0,690, considerado médio. Observa-se
que esse cluster apresenta índices médios para as dimensões Inovação de Produto,
Inovação de Processo, iguais a 0,500 e 0,625, respectivamente; e índice alto para
Inovação Organizacional e de Marketing, igual a 0,950.
A importância dada para as inovações organizacionais e de marketing
demonstram a motivação dos gestores em introduzir mudanças nos métodos e
praticas de gestão além na forma de oferta dos bens/serviços. De acordo com o
Manual de Oslo (OCDE, 1997), as inovações organizacionais e de marketing são
importantes por permitirem o aumento da produtividade e das vendas, influenciando
diretamente e servindo de canal de suporte para as inovações tecnológicas de produto
e de processo. Empresas que querem se tornar competitivas e inteligentes não buscam
seguir apenas a visão tradicional de concentrar esforços em introduzir melhorias
unicamente em produtos e processos. Percebe-se que este grupo é o que tem o
melhor desempenho com índices classificados como médios ou altos.
Esse grupo se enquadra nos dados apresentados pela PINTEC 2011,
indicados anteriormente, os quais demonstram que houve mudanças significativas no
comportamento inovador das empresas brasileiras, com crescente valorização de
inovações não tecnológicas, importantíssimas para a introdução de inovações
tecnológicas no mercado.
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O segundo maior índice deste grupo foi o da dimensão Atividades
Inovativas, equivalente a 0,696. A importância dada a essa dimensão reforça o
comportamento inovador destacado deste grupo, pois os esforços voltados para o
desenvolvimento de atividades inovativas influenciam todas as outras dimensões.
4.3.2.3 Inovadores de Desempenho Médio e Tradicional
Este agrupamento possui média de índices igual a 0,540, sendo o segundo
melhor em desempenho. Enquadram-se neste grupo as empresas que possuem visão
tradicional, ou seja, que focam suas atividades na produção de inovações tecnológicas
de produto e de processo, sem considerar, por exemplo, a importância das inovações
no âmbito organizacional.
Isso é confirmado pelos índices apresentados. A dimensão Inovação
Organizacional e de Marketing possui o menor índice de todos os clusters, igual a
0,100, considerado como baixo na classificação indicada no inicio desta seção. As duas
maiores dimensões foram a Inovação de Processo com índice igual a 1,000 – sendo o
maior de todos os clusters – e a Inovação de Produto com índice igual a 0,667. A
presença de alto índice para as inovações de processo pode indicar, por exemplo, a
preocupação das empresas em reduzir custos.
4.3.3 Análise Descritiva dos Clusters
Esta etapa da pesquisa consiste em analisar os perfis dos clusters
relacionando os desempenhos dos índices indicados anteriormente com os segmentos de
atuação e as incubadoras selecionadas, a fim de melhor compreender o comportamento
inovador das empresas selecionadas. O primeiro critério utilizado será o “Segmento de
Atuação”, após isso, o critério “Incubadora Selecionada”.
[Digite texto]
4.3.3.1 Relação entre os Grupos e os Segmentos de Atuação
O Gráfico 7 abaixo apresenta o primeiro critério: Segmento de Atuação. Os
respondentes foram solicitados a indicarem qual o segmento de atuação das empresas,
classificados em três opções: 1) Indústria; 2) Comércio; e 3) Serviços.
Gráfico 7 – Composição dos Clusters de Acordo com os Segmentos.
De acordo com a análise descritiva dos clusters quanto ao segmento de
atuação, os 60% de respondentes do grupo de desempenho Baixo estão distribuídos em
15% no segmento industrial e 45% no segmento de prestação de serviços. Os 20% de
respondentes do grupo Médio e Não Tradicional estão distribuídos equitativamente
nos segmentos industrial e de serviços, com valores equivalentes a 10%. Por fim, os
20% de respondentes do grupo Médio e Tradicional estão distribuídos em 5% no
segmento de comércio e 15% no segmento de prestação de serviços. Um ponto deve ser
levado em consideração:
Baixa participação no segmento comercial: 0% da amostra no cluster
com maior desempenho de índices – o segundo, identificado como grupo Médio e Não
Tradicional – e 0% no primeiro e 5% no último cluster. Essa questão confirma o que
SEBRAE e IPT (2007) e Dias e Carvalho (2002) indicam sobre as empresas
participantes de programas de incubação de base tecnológica, as quais, segundo as
referências, são em grande parte do segmento industrial e de prestação de serviços.
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4.3.3.2 Relação entre os Grupos e os Programas de Incubação
O Gráfico 7 abaixo apresenta o segundo critério: Programa de Incubação.
Os respondentes foram solicitados a indicarem qual o programa de incubação ao qual
estão ou estiveram vinculados, de acordo com três opções: 1) PIEBT/UFPA; 2)
RITU/UEPA; e 3) ICBT/CESUPA.
Gráfico 8 – Composição dos Clusters quanto aos Programas de Incubação.
De acordo com a análise descritiva dos clusters quanto ao programa de
incubação, os 60% dos respondentes que indicaram o PIEBT/UFPA estão distribuídos
em 40% no grupo de desempenho Baixo (sendo maioria no grupo), 10% no grupo
Médio e Não Tradicional e 10% no grupo Médio e Tradicional. Pelo que se pode
observar com as pesquisas sobre a estrutura física e de gestão, com as empresas que
participam ou participaram do programa, esse é o programa que possui maior numero de
empresas que receberam os serviços de incubação e, alem disso, e o programa mais
antigo, possuindo know-how e experiência acumulados.
O PIEBT é o programa que possui a maioria de respondentes em todos os
clusters, com ênfase negativa para o primeiro, que é o grupo de baixo desempenho de
índices, e positiva para o segundo grupo, identificado como o de melhor desempenho.
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Vale ressaltar que o conjunto de empresas do PIEBT é o maior de todos, interferindo,
como consequência, significativamente para a pesquisa.
Sobre a RITU/UEPA, o gráfico indica que é a incubadora de menor
participação, com 5% de respondentes em cada cluster. Por fim, o ICBT/CESUPA
possui 25% dos respondentes, distribuídos em 15% de respondentes no primeiro cluster,
de baixo desempenho, e 5% nos outros dois.
4 Conclusões
Este trabalho permitiu concluir que as empresas participantes dos programas
de incubação selecionados possuem desempenho inovativo considerado médio,
resultado alcançado com as duas análises realizadas: a análise estatística descritiva e a
analise de cluster.
A análise estatística descritiva demonstrou que as práticas de inovações
mais valorizadas pelas empresas abordadas estão relacionadas ao desenvolvimento de
produtos e processos novos ou significativamente melhorados. Observou-se também
que as atividades inovativas consideradas como mais importantes estão relacionadas
com o desenvolvimento de aquisição de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no âmbito
interno das empresas e Aquisição de Máquinas e Equipamentos que implicam em
melhorias tecnológicas em produtos e processos.
Além disso, os resultados indicaram também que estas empresas atribuem
menos valor ou introduzem com menor frequência as inovações no âmbito
organizacional e de marketing, importantes, pois garantem a competitividade em nível
mais amplo, e são necessárias para estruturar os negócios.
A análise de cluster apresentou a formação de três grupos baseados em
características e diferenças encontradas por procedimento estatístico. Os três grupos
formados demonstraram desempenho inovativo baixo ou médio, sendo possível
confirmar, por exemplo, a influência de uma pratica inovativa no desempenho das
outras.
Importante também ressaltar a utilização da classificação das empresas em
incubadas ou graduadas, a fim de verificar a influência da mesma em relação às práticas
e atividades de inovação abordadas neste estudo. Como uma sugestão, é importante a
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tentativa de utilizar também a análise fatorial a fim de obter resultados mais apurados
sobre o comportamento inovador das empresas participantes dos programas indicados.
Para isso, é necessário que haja um quantitativo maior de empresas, o que poderá ser
possível com o tempo.
Todo empreendimento possui pontos fortes e pontos fracos. Nesse sentido,
esta pesquisa permitiu indicar, por exemplo, quais pontos podem e devem ser
melhorados para alavancar o desempenho inovativo das empresas em questão. Ressalta-
se que a inovação é um fator de extrema importância para os programas de incubação de
base tecnológica, de acordo com as suas diretrizes para seleção de novos
empreendimentos. Auxiliar na exploração dos recursos da região e gerar riqueza é um
dos papeis das incubadoras, a inovação se torna o principal instrumento para cumprir
com este objetivo.
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