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    CAPS

    Constrangimento

    travam

    terapêuticaideal 

    28 DE FEVERE

     Dia da Doença

     Rara

    Raríssimas | Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras | Fevereiro Directora: Paula Brito e Costa | Edição 10 | Bimestral | Preço €0.50

    www.rarissimas.pt

         RPISS

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    2/32

         RP

     Estatuto Editorial 

     PÁGINAS RARAS  

    é uma publicação bi-mensal

    que tem como objectivo

    a divulgação de informação

    sobre doenças raras

     PÁGINAS RARAS  respeita a Constituição da República

     Portuguesa e todas as demais leis da República,

    nomeadamente as que se enquadram nos direitos,

    obrigações e deveres da Lei de Imprensa

    e do Código Deontológico dos Jornalistas

     PÁGINAS RARAS  

     pauta-se por preceitos

    de rigor, isenção,

    honestidade e respeito

     pela pessoa humana

     PÁGINAS RARAS  

    é publicada pela

     Raríssimas – Associação

     Nacional de Deciências

     Mentais e Raras,

    sua proprietária,

    sendo gerida

     pela sua Direcção

     PÁGINAS RARAS  

    valoriza as notícias

    exclusivamente pelo seu valor jornalístico e de interesse

     para as famílias e doentes

    com patologias raras

     PÁGINAS RARAS  

    tem como director

    a Presidente da Raríssimas

     PÁGINAS RARAS  terá

    como Conselho de Redacçã

    os membros da direcçãoda Raríssimas

     PÁGINAS RARAS  

    terá como redacção

    o Gabinete de Comunicaçã

    e Imagem da Raríssimas

     PÁGINAS RARAS  é uma publicação rigorosamente

    independente de partidos políticos, farmacêuticas,

    ou quaisquer outras instituições

     PÁGINAS RARAS  prossegue os objectivos da Raríssimas,registados nos seus estatutos e que são justamente informa

    e formar opiniões sobre patologias raras, numa tentativa

     pedagógica de apoio às famílias e também de incentivo

    à investigação em Portugal 

     PÁGINAS RARAS  tem um âmbito nacional

    garantindo a sua difusão

    internacional através

    do site da instituição:

    www.rarissimas.pt 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

     PÁGINAS RARAS 

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    04  Mundo Raro

    06  Em FocoDia das Doenças Raras

    08  MimÍSSIMO

    10  Acção SocialAvaliação da incapacidade

    12  ActualDoenças ósseas

    14  CapaCAPS: a realidadeportuguesa

    20  ReportagemCentro RarÍSSIMOda Maia em expansão

    22  Flash

    24  PsicologiaExplicar a dor à criança

    26  RostosJoaquina Teixeira – Vice--Presidente da Raríssimas

     30  Donativos

         RP

    Ficha Técnica

    Directora Paula Brito e CostaRedacção e Edição Paula SimõesDesign gráfico e paginação Leonel Sousa PintoPropriedade/Editora - Associação Nacional

    de Deficiências Mentais e RarasMorada Rua das Açucenas, Lote 1, Loja Dta,

    1300-003 LisboaTelefones 217 786 100 – 969 657 445Número de Pessoa Colectiva 506 027 244Impressão Textype Artes Gráficas Lda

    Estrada de Benfica, 212-A, 1500-094, LisboaTiragem 3 000 exemplaresDepósito legal 320 723/10 ISSN 2182-0090 ERC 126 246© Publicação bimestral. Todos os direitos reservados.

     Doenças Raras na Assembleia

    Editorial

    Por Paula Brito e CostaPresidente da Raríssima

     Fevereiro/Março

         RP PÁGINAS RARAS  3

     No dia 28 de Fevereiro a Assembleia da Repúblicaacolhe a exposição fotográca da Raríssimas

    “Mais Perto do que é Raro”, inaugurada aquando

    do jantar comemorativo dos 10 anos da Raríssimas,realizado na Ordem dos Médicos, em Lisboa.

     Este tão nobre “acolhimento” na casa de todos

    os portugueses, a Assembleia da República, é um orgulho

     para a nossa Raríssimas que tanto tem lutado

     para dignicar os portadores de doenças raras

     portugueses. Uma exposição com cerca de trinta painéis

    que irão estar expostos no corredor principal

    da Assembleia da República, onde todos os portuguesesa poderão visitar e conhecer, não só algumas

    das patologias por nós selecionadas como também,

    e pela primeira vez, o rosto dos nossos associados que,

    aceitando o nosso desao decidiram dar a cara pela causa

    que é, anal, de todos nós. Conta assim a Raríssimas ter

    neste dia o que, um pouco por todo o mundo é comemorad

    – as doenças dos lhos como o meu. Conto com a ilustre

     presença de todos vós, bem como dos senhores deputados

    e ministros das mais diversas áreas de resposta.Um agradecimento muito especial para o deputado

     Ricardo Baptista Leite, pela preciosa ajuda na organizaçã

    desta exposição comemorativa. Até dia 28, de manhã,

    na Assembleia da República.

     Abraço Raro!

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    4      RP PÁGINAS RARAS

    Mundo Raro

     Assembleia Geral 

    Para os efeitos do disposto no art.º 27

    alínea f) e 29.º alínea 2 c) dos Estatutos,

    realizou-se no passado dia 21/12/2012, pelas

    9h, na Av. da Liberdade, a Assembleia Geral

    Extraordinária da Raríssimas.

    A ordem de trabalhos foi a seguinte:

    • Apreciação e votação do Plano de Activi-

    dades e Orçamento, com respectivo parecer

    do Conselho Fiscal, para o ano de 2013;

    • Deliberação da constituição de hipoteca

    sobre o imóvel da Casa dos Marcos;

    • Deliberação sobre a alteração da redacção

    do art.º 1º dos Estatutos da Associação.

    Desta assembleia resultou a aprovação, por

    unanimidade, do Plano de Actividades e do

    Orçamento para 2013.

    O Montepio desenvolveu o projecto Minuto Solidário e a Rarís-

    simas foi uma das instituições contempladas com a divulgação de

    um minuto solidário em TV, além de ter recebido o vídeo completo

    espelho dos projectos desenvolvidos por esta instituição.

    www.montepio.pt/SitePublico/pt_PT/terceiroSector/missao/minuto

    -solidario/rarissimas-associacao -nacional-deficiencias-mentais-raras

    page?altcode=900MS219

    A AIP – Feiras, Congressos e

    Eventos realizou, na FIL, de 1

    a 9 de Dezembro, a NATALIS

    - Feira de Natal de Lisboa onde

    a Raríssimas teve a oportunidade

    de divulgar o seu trabalho e an-

    gariar fundos para a continuação

    do mesmo, através da venda de

    merchandising próprio.

    A NATALIS é, reconhecida-

    mente, a maior feira de Natal

    do País e vem desenvolvendo,

    desde a primeira edição, uma

    ligação sustentada entre a ver-

    tente comercial das empresas e

    o apoio às IPSS.

     Minuto Solidário

     Natal partilhado

     Helena Roseta,

    Vereadora do

     Pelouro de Acção

    Social da CML,

    visitou o stand

     da Raríssimas

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         RP PÁGINAS RARAS  5

    Amigos dos Marcos

     Após a paragem forçada decerca de um ano, por força da

    conjuntura económica que o

    País atravessava, a Raríssimas

    conseguiu, nalmente, reunir as

     verbas há muito adiadas para a

    conclusão da Casa dos Marcos.Porém, dada a complexidade que

    envolve toda a estrutura deste

    equipamento social, a angariação

    de fundos continua, desta feita

    para conseguir equipar cinco milmetros quadrados, divididos por

    dois pisos. Estamos a falar dequalquer coisa como 788 028,96€.

     A m de avaliar as necessidades

    efectivas da Casa dos Marcos e

    testemunhar a magnitude deste

    empreendimento, Marco António

    Costa, Secretário de Estado da

     Segurança Social  e Ana Clara

     Birrento, Directora do Centro

     Distrital da Segurança Socialde Setúbal  zeram questão deir à casa dos meninos raros

    portugueses. Durante a visita, a

    questão da sustentabilidade foicolocada tendo desde logo sido

    assegurado que a mais valia dos

    serviços aqui praticados, que

    inclui um centro de investigação,

    poderia ajudar a que esta obra

    atingisse os seus objectivos.

    Também Ricardo Baptista Leite,deputado do PSD na Assembleia

    da República, testemunhou a

    qualidade e espírito visionáriodesta casa, única no Mundo,

    assegurando a sua dedicação a

    esta causa que é, anal a de todosnós – a dos doentes raros.

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    6      RP PÁGINAS RARAS

    ção com a Assembleia da República, assinala do Dia d

    Doenças Raras com a exposição fotográfica “Mais Pe

    to do que é Raro”. Através da colaboração solidária d

    fotógrafos portugueses de renome, foram captadas im

    gens, a preto e branco, de vários doentes com patologi

    raras que poderão ser visitadas no átrio da Assemble

    da República. Com vista a tornar as doenças raras o asunto do mês a Associação Raríssimas prepara-se par

    durante este mês, lançar uma campanha de sensibilizaçã

    massiva sobre as doenças raras, através da sua helplin

    Linha Rara. Previsto está ainda o relançamento da ob

    Vidas Raras, um livro que conta vinte estórias de vida d

    doentes e famílias que convivem com estas patologia

    numa parceria com o jornal Correio da Manhã. Esper

    -se ainda, durante este mês, o alargamento dos serviço

     P or ser um mês singular, Fevereiro, mais concreta-

    mente dia 29, foi eleito para as comemorações do

    Dia das Doenças Raras. Este ano, a data assinala-se a 28

    com diversos eventos já previstos para todo o Globo. Para

    2013, a EURORDIS, principal impulsionadora do even-

    to, escolheu o lema “Pelas doenças raras, vamo derrubar

    fronteiras!”. Páginas Raras levanta o véu sobre o que asassociações de doentes estão a planear para que este dia

    seja recordado pela sociedade civil.

    Portugal Com o objectivo de impactar osórgãos institucionais e a população em geral

    para a problemática das doenças raras, nomeadamente

    no que se refere à discriminação dos doentes no acesso

    a terapêuticas órfãs, a Raríssimas em estreita colabora-

    Seguindo o lema das comemorações deste ano – Derrubar Fronteiras – a Assembleia

    da República associou-se à Raríssimas na organização de uma exposição única…

    28 DE FEVEREIRO

     Dia das Doenças Raras

    Em Foco

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         RP PÁGINAS RARAS  7

    sentante da Comissão Europeia que falará sobre os cui

    dados de saúde transfronteiriços.

    CanadáO país dos plátanos propõe, para as

    sinalar a data, uma conferência sobre a temática

    um jantar com a entrega de prémios a realizar no Pantage

    Hotel, em Toronto. Em simultâneo, a Organização Cana

    diana para Doenças Raras (CORD) oferece uma pequen

    bolsa de viagem a todos os representantes dos grupos d

    doentes, para ajudar a compensar os custos suportados com

    a presença na conferência.

    EUA O Instituto Nacional de Saúde celebraráno auditório Natcher, durante dois dias consecu

    tivos, as doenças raras. Especialistas da Food and Dru

     Administration’s Office of Orphan Product Developmen

    da National Organization for Rare Disorders e da Geneti

     Alliance irão reunir-se em torno das últimas investigaçõe

    sobre doenças raras. As sessões serão exibidas, em simul

    tâneo, em webcast . Paralelamente, o projecto Global Ge

    nes irá incentivar todos os participantes a usar o seu par fa

    vorito de jeans, numa campanha de sensibilização rara.

    desta associação ao Brasil, numa parceria que promete

    vir a revelar-se altamente frutuosa para os doentes raros.

    FrançaA Aliança das Doenças Raras gaulesa

    organiza, pela sexta vez consecutiva, as Jornadas

    Internacionais de Doenças Raras, agendadas para dia 28

    de Fevereiro.

    Bélgica A EURORDIS realiza a 26 de Feve-reiro, em Bruxelas, a conferência Acesso Mais Rá-

     pido às Terapêuticas onde será apresentado, por Antonyia

    Parvanova, deputada do Parlamento Europeu, o relatório

     Directiva da transparência: a perspectiva da Saúde Pública.

    Irlanda Este país organiza, através dasassociações de doentes, uma conferência su-

    bordinada à temática do dia das doenças raras deste

    ano – “Doenças Raras Sem Fronteiras”. Coincidindo com

    a presidência irlandesa do Conselho Europeu da União

    Europeia, este encontro irá promover a colaboração e

    formas inovadoras de trabalho entre a Irlanda (Norte e

    Sul). Do programa final consta a presença de um repre-

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    8/32

    8      RP PÁGINAS RARAS

     Para ter acesso a todas as condições que envolvem estas ofertas, por favor, entre em contacto com a Rarís

     As Pousadas de Portugal continuam a apoiar a RaríssimasPara mimar os nossos leitores oferecemos duas «Grandes Histórias

    de Amor» que incluem, cada uma, 1 noite mágica, para duas pessoas

    nas pousadas de Portugal. A frase mais original contendoas expressões Raríssimas e Pousadas de Portugal

    dará acesso a uma das noites, com pequeno almoço incluído,numa pousada da sua preferência. Oferta válida até 31 de Março.Participe, enviando a sua frase para [email protected] 

    e habilite-se a viver a noite da sua vida!

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         RP PÁGINAS RARAS  9

    Não vai sair da cid

    este verão

    QUE SORTE

    és do telefone 217 786 100 (extensão 22).

     A todos os sócios da Raríssimas,

    as farmácias Sousa Torres eNova de Ardegães, da região Nortoferecem descontos nos produtoadquiridos. Para ter acesso aos mimos

    proporcionados por estes dois parceiros

    solidários, deve entrar em contacto

    com a Delegação Norte da Raríssimas,

    através do número 229 608 463 ou

    do email [email protected] e

    solicitar uma declaração comprovativa

    da sua situação enquanto associado.

    O Health Club Holmes Place também

    se associa à Raríssimas e oferece,a todos os associadosda instituição, 7 dias de utilização

    gratuita em qualquer um dos ginásiosHolmes Place. Sinta-se em forma

    com este miminho

    Holmes Place/Raríssimas!

    Graças à colaboração dos nossos parceiros, os mimos

    para os leitores da Páginas Raras continuam a chegar!

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    10      RP PÁGINAS RARAS

    AcçãoSocial

    nente, de deficiência ou de dependência, cons

    ante cada caso.

    Quais os documentos necessários?

    Aquando da realização do pedido, o doente

    ou a sua família devem preencher os requer

    mentos de acordo com a prestação a ser solic

    tada, nomeadamente o requerimento da pensã

    de invalidez, pensão social de invalidez, com

    plemento por dependência, subsídio mens

    vitalício e, caso seja aplicável, a declaração da actividadprofissional exercida nos últimos três anos. Além deste

    requerimentos, o doente e/ou a sua família devem també

    apresentar informação médica devid

    mente fundamentada, complementad

    por relatórios médicos dos especialist

    que acompanham o doente e exames

    análises que fundamentem o respectiv

    parecer. A informação médica pode s

    elaborada por um médico escolhid

    pelo(s) interessado(s).

    Quem faz esta avaliação?

    O médico relator e os três peritos méd

    cos da comissão de verificação, nom

    ados pelos centros distritais do Institu

    da Segurança Social, são os respons

    veis pelo processo de verificação d

    O s doentes raros e as suas famílias têm,muitas vezes, de adaptar-se a uma reali-dade considerada “diferente” no que respeita

    à sua vida profissional.

    O sistema de verificação de incapacidade

    permanente da Segurança Social, vulgarmente

    reconhecido como Junta Médica, prevê a veri-

    ficação e revisão de situações de deficiência,

    dependência ou incapacidade permanente para

    o trabalho. Respectivamente, esta avaliação verifica se odoente tem direito ao subsídio mensal vitalício, ao sub-

    sídio por assistência de terceira pessoa ou às pensões de

    invalidez e sobrevivência.

    O que se avalia?

    Pretende avaliar-se se a pessoa está ou

    não apta para o trabalho, bem como se

    tem ou não uma deficiência ou uma do-

    ença que lhe cause dependência de ter-

    ceiros. Neste processo, avalia-se o grau e

    o impacto da incapacidade motora, orgâ-

    nica, sensorial e/ou intelectual do doente.

    Onde e como solicitar a avaliação?

    O doente e/ou a sua família devem diri-

    gir-se ao centro distrital do Instituto da

    Segurança Social e efectuar um pedido

    de verificação de incapacidade perma-

    Carina Reis

     Assistente Social

     Linha Rara

    DIREITOS DO DOENTE

     Avaliaçãode incapacidade

    Uma doença rara pode impedir a inserção no mercado de trabalho ou, no decorrer

    de uma vida profissional activa, forçar o doente a deixar o seu trabalho

    de forma permanente. Saiba como requerer os subsídios de apoio para incapacidade…

    O doente e/ou a sua família devem

    também apresentarinformação médica

    devidamente fundamentada,

    complementada porrelatórios médicos

    dos especialistas queacompanham o doente

    e exames e análisesque fundamentem

    o respectivo parecer

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    11/32

         RP PÁGINAS RARAS  1

    incapacidade permanente. O médico relator faz a recolha

    da documentação que permita fundamentar este processo

    convocando o interessado para a realização de exame mé-

    dico que permita a emissão do relatório que descreve a

    situação clínica do doente. Por fim, a comissão de verifi-

    cação procede à análise e ao estudo do relatório elaborado

    pelo médico relator e de toda a documentação clínica apre-

    sentada pelo requerente, a fim de qualificar a incapacida-

    de, deficiência ou dependência da pessoa.

    Quanto tempo demora a obter uma resposta?

    Após a entrega de toda a documentação no centro dis-

    trital do Instituto da Segurança Social por parte do do-

    ente e/ou sua família, não há prazo específico para a

    realização do exame do médico relator, no entanto o(s)

    interessado(s) deve(m) ser convocado(s), com a antece-

    dência mínima de dez dias, por carta registada.

    Cabe às Juntas Médicas avaliarem,

     através de exames e relatórios

     médicos, os graus de deficiência,

     dependência ou incapacidade

     permanente para o trabalho

    Este médico deve concluir o relatório do exame até trint

    dias após a sua realização. A comissão de verificação dever

    proceder à apreciação deste relatório no prazo máximo d

    dez dias, a contar da data do seu recebimento. Por fim, a de

    cisão desta comissão será enviada à instituição responsáve

    pela atribuição da prestação, no prazo máximo de oito dias

    (Fonte: Decreto-Lei n.º 360/97 de 17 de Dezembro, al

    terado pelo Decreto-Lei n.º 377/2007 de 9 de Novembro)

    O doente e/ou a sua família podem contestar a decisão

    da comissão de verificação e requerer a realização d

    uma comissão de recurso.

    Para mais informações sobre este assunto, contacte

    Linha Rara através do número 707 100 200 (custo d

    chamada local) ou do e-mail [email protected].

    Na próxima edição, iremos abordar a temática das aju

    das técnicas.

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    12/32

    12      RP PÁGINAS RARAS

    Actual

     A100 quilómetros do Instituto Or-

    topédico Rizzoli, em Bolonha, na

    Itália, uma equipa de médicos acompa-

    nhava um menino de seis anos de idade comuma doença óssea hereditária que lhe tinha já

    causado deformidade acentuada. Duvidosos so-

    bre o melhor procedimento, os especialistas estavam

    inclinados a realizar uma grande cirurgia corretiva.

    Porém, antes, decidiram enviar as informações clíni-

    cas da criança para o Instituto Ortopédico Rizzoli. Ao

    analisar os dados genómicos, testes de imagem deta-

    lhados e história clínica, e através da comparação com

    a sua base de dados de cerca de 600 pacientes com

    evolução clínica semelhante, estes especialistas conse-

    guiram chegar a um prognóstico, aconselhando a que

    se realizasse apenas uma

    pequena cirurgia, poupan-

    do a família a semanas de

    hospitalização e cuidados

    adicionais na recuperação.

    Este é pois o pequeno milagre preconizado pe

     Pedigree Visualization and Analytics Platform, um

    ferramenta tecnológica implementada pelo Institu

    Ortopédico Rizzoli e que reúne todas as informaçõ

    hospitalares de forma

    serem facilmente comp

    ráveis. Trata-se de um

    solução flexível, capaz d

    reutilizar os component

    Uma equipa italiana de

    investigadores desenvolveu,

    em conjunto com a IBM,uma plataforma de análise

    genealógica que permite

    compreender a interacção

    de factores genéticos em

    doenças ósseas hereditárias

    DOENÇAS ÓSSEAS

    Tecnologia permiteavanços no tratamento

    «A análise cruzada de dados genotípicose fenotípicos de uma família inteira de

    um doente permite analisar os cenáriosque determinaram a doença»

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    13/32

         RP PÁGINAS RARAS  13

    rias é a sua variabilidade clínica – a forma como afecta

    pessoas da mesma família, com drásticas diferença

    na gravidade dos sintomas. A compreensão detalhad

    desta dinâmica poderá significar avanços importante

    nos tratamentos destes doentes.

    Durante a sua investigação, Sangiorgi e a sua

    equipa de investigadores observaram que o impac

    to das doenças ósseas nos doentes vai muito além

    da dor e deformação causada pelos sintomas clíni

    cos. Grande parte deste impacto pode ser atribuído

    ao facto de os médicos sobre-medicarem os doente

    visto não possuírem dados clínicos que estabeleçam

    a relação entre a terapêutica e as necessidades efec

    tivas do doente, em particular. «Apesar de as ma

    nifestações graves apenas surgirem num terço do

    doentes com doença óssea, os médicos têm indi

    cações específicas para aplicar os protocolos mai

    agressivos na maioria dos casos», afirma Sangiorgi

    Agora, os especialistas estão a usar este sistema par

    optimizar as suas terapêuticas, conseguindo melhora

    a qualidade de vida dos doentes. «Devemos consideraque estamos a falar de doenças para as quais não exist

    cura. Por isso o desafio para os médicos é a gestão da do

    ença a fim de permitir ao paciente a melhor qualidad

    de vida possível», esclareceu o médico para quem isto

    significa fornecer a cada doente a terapêutica mais ade

    quada, com base nas especificidades de seu prognóstico

    No futuro, este sistema deverá reduzir os internamen

    tos e o número de exames complementares de diagnos

    tico, como a tomografia computadorizada e ressonânci

    magnética, em 30% e 60%, respectivamente. «A nova

    abordagem de análise possibilitada pela tecnologia in

    troduzida pela IBM permi

    tirá alcançar novos insight

    (abordagens) sobre o trata

    mento das doenças hereditá

    rias», concluiu Sangiorgi.

    existentes dentro do hospital e

    facilmente extensível a novos da-

    dos. Existe um núcleo, Gerenciador

    de Conteúdo Empresarial, responsá-vel pelo acesso e gestão da informação

    utilizada na análise do doente, contendo

    imagens biomédicas e dados hospitalares e

    laboratoriais, além de uma enorme variedade de

    aplicações que permitem a autenticação do utilizador

    e o arquivo a longo prazo. «A análise cruzada de dados

    genotípicos (predisposição genética para uma doença

    particular) e fenotípicos (a forma em que a doença

    ocorre) de uma família inteira de um doente permi-

    te analisar os cenários que determinaram a doença»,

    explica Luca Sangiorgi, director do ambulatório de

    Genética Médica do insti-

    tuto e responsável pela fru-

    tuosa parceria com a IBM.

    Um dos grandes mistérios

    das doenças ósseas hereditá-

    Os especialistas estão a usareste sistema para optimizar as suasterapêuticas, conseguindo melhorar

    a qualidade de vida dos doentes

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    14/32

    14      RP PÁGINAS RARAS

    São raras, crónicas, debilitantes e modificadoras da qualidade de vida.Uma nova substância parece devolver a alegria de viver a estes doentes porém, por cá, existem constrangimentos na sua disponibilização…

     N asceu há 5 anos, após uma gravidez tranquila com

    um término de 37 semanas, num parto que decorreu

    de forma normal. Porém, o pequeno príncipe desde logo

    demonstrou ser um menino especial… “Logo na noite em

    que nasceu começou a ficar com o corpo cheio de man-

    chas, não queria mamar e vomitava. Até aos nove meses

    foi correr com ele constantemente para o pediatra e para o

    hospital com as ditas «manchas» e febre”, lembra a mãe,

    Teresa Morais. Após o primeiro internamento, verificou-

    -se que o pequeno Gui possuía também o baço dilatado e

    anemia, embora os médicos não conseguissem identificar

    a origem destes sintomas. Somente nove meses depois,durante um segundo internamento, se começou a suspeitar

    do verdadeiro mal que acometia o bebé. “A suspeita de

    uma síndroma foi confirmada com o resultado do teste de

    genética – tinha o Gui acabado de fazer 1 ano”, relembra

    a progenitora. Por esta altura, o pequenito reunia já sinais

    mais graves da doença – “começou a apresentar  papos e

    dor nas dobras dos joelhos que tinha a ver com o cresci-

    mento excessivo dos ossos”, diz.

    Gui sofria de síndroma Crónico Infantil Neurológico

    Cutâneo e Articular – uma inflamação sistémica rara, en

    globada nas Síndromes Periódicas Associadas à Criop

    rina – CAPS.

    As CAPS são um conjunto de patologias caracterizada

    por episódios recorrentes de febre e inflamação sistémic

    sem envolvimento de agentes infecciosos, que resultam d

    várias mutações diferentes no gene CIAS1 (ou NLRP3)

    que dão origem à perpetuação dos fenómenos inflamatório

    fisiológicos, devido a anomalias na criopirina, com man

    festo prejuízo do organismo dos doentes afectados. Est

    síndromas têm transmissão autossómica dominante, pode

    do contudo surgir, devido a mutação, numa família que ates não tinha nenhum caso conhecido. Foi justamente o qu

    aconteceu com o pequeno Gui. “Eu e o pai fizemos os teste

    de genética que nos foram pedidos e não somos portador

    de algo que justificasse a doença do Gui”, conta Teresa.

    As CAPS apresentam um conjunto de síndromas: CIN

    CA (síndroma Crónico Infantil Neurológico Cutâneo

    Articular), MWS (síndroma de Muckle-Wells) e FCA

    (síndroma Familiar Auto-Inflamatório ao Frio) de grav

    dade variável, mas sintomatologia bastante comum ent

    CAPS

     A realidade portuguesa

    Capa

    O gene NLRP3 localiza-sno braço longo (q) d

    cromossoma 1, na posição 4……   1  p  3  6

     .  3  2

    ……   1  p  3  6

     .  1  2

    ……   1  p  3 4

     .  2

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     .  2

    ……   1  p  1  3

     .  2

    ……   1  p  2  2

     .  2

    ……   1  q   1  2

    ……   1  q   2  2

    ……   1  q   2 4

     .  1

    ……   1  q   2  5

     .  2

      1  p  3  6

     .  2  3 …

      1  p  3  5

     .  3 ……

      1  p  3  3

     ……

      1  p  1  2

     ……

      1  p  3  5

     .  1 ……

      1  p  3  1

     .  1 ……

      1  p  2  1

     .  1 ……

      1  q   2  1

     .  2 ……

      1  q   2  3

     .  2 ……

      1  q   2 4

     .  3 ……

      1  q   3  1

     .  1 ……

      1  q   3  1

     .  3 ……

      1  q   3  2

     .  3 ……

      1  q  4  1

     ……

      1  q  4  2 .  1  2

    ……

      1  q  4  2 .  2…

      1  q  4  3

    ……

      1  p  2  1

     .  3 ……

      1  p  3  1

     .  3 ……

      1  p  3  6

     .  2  1 …

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    15/32

         RP PÁGINAS RARAS  15

    elas. “As síndromas periódicas associadas à criopirina,apesar de englobarem quadros de gravidade muito dife-

    rente, desde os mais ligeiros (FCAS) até situações muito

    graves como a MWS e, especialmente, a CINCA, têm

    frequentemente alguma sobreposição clinica. O início é

    geralmente precoce, na 1.ª infância, e sem predomínio

    de sexo. Caracterizam-se, como o nome indica, pela re-

    corrência de episódios, com artral-

    gias, febre e exantema urticariforme.

    A presença de inflamação persistente

    das meninges pode condicionar, sem

    terapêutica atempada, alterações do de-

    senvolvimento, bem como a existência

    de repercussões graves a nível visual

    secundárias a atrofia do nervo óptico. A

    surdez é também frequente”, esclarece

    a reumatologista Margarida Guedes.

    O diagnóstico das CAPS é sobretudo clínico, pela existência das manifestações típicas da doença, podendo se

    confirmado por estudos genéticos. No entanto, sintoma

    como dor de cabeça e febre, podem ser confundidos com

    os de outras doenças, nomeadamente gripe, o que lev

    muitas vezes à demora de respostas, até porque, tratando

    -se uma patologia que afecta ambos os sexos e com um

    prevalência estimada de 1 caso por mi

    lhão de habitantes, dificilmente os mé

    dicos conseguem identificá-la no ime

    diato. “O diagnóstico destas síndroma

    baseia-se numa forte suspeita clínica e

    sendo relativamente pouco frequentes

    podem não ser reconhecidas tão pre

    cocemente como desejaríamos. No en

    tanto, de acordo com o registo europe

    (Eurofever), o atraso de diagnóstico da

     As formas mais graves de CAPS

     são facilmente detectáveis à nascença

     As CAPS resultamde várias mutações

    diferentes no geneCIAS1 (ou NLRP3)e que dão origem

    à perpetuaçãodos fenómenosinamatórios  fsiológicos

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    16/32

    16      RP PÁGINAS RARAS

    síndromas periódicas tem tido tendência

    a diminuir, referindo-se para a CAPS, a

    nível europeu, uma demora média de

    1,4 anos (oscilando entre 2 meses e 9

    anos)”, elucida a reumatologista.

    De acordo com o tipo de CAPS e a

    gravidade dos sintomas, o médico pode

    sugerir qualquer uma das opções actu-

    ais de tratamento para tentar controlar

    os sintomas da doença. Estes tratamen-

    tos podem ser usados em monoterapia

    ou em combinação com outros tratamentos e compõem-

    -se por AINES (anti-inflamatórios não esteroides), para

    diminuir sintomas como dor e febre, anti-histamínicos,

    para aliviar as erupções cutâneas, corticosteroides, para

    surtos de inflamação com sintomas exacerbados e agen-

    tes biológicos. “O tratamento para estes doentes baseia-

    -se em terapêuticas anti-interleucina 1, mediador infla-

    matório implicado na patogénese da doença. Entre nós,

    temos até agora apenas disponível as injecções diárias de

    Anacinra (antagonista recombinante do receptor IL-1). Aresposta clínica é rápida e com remissão dos marcadores

    inflamatórios. A instituição precoce da terapêutica pode

    evitar as alterações no sistema nervoso central, incluin-

    do alterações do desenvolvimento, surdez ou alterações

    visuais”, diz Margarida Guedes. Foi aliás graças a esta

    terapêutica que o nosso pequeno Gui deixou de ter fe-

    bres constantes e erupções cutâneas, apesar de vez em

    quando surgirem “os pequenos papo

    no corpo que entretanto desaparecem

    mas sempre associados a dor”. Porém

    apesar do sucesso nos sintomas, esta t

    rapêutica apresenta graves constrang

    mentos, nomeadamente no que respei

    à sua administração em crianças dad

    que, sendo um antagonista do recepto

    humano da interleucina-1 indicado n

    tratamento dos sinais e sintomas da a

    trite reumatoide não foram, segundo

    Agência Europeia do Medicamento, estabelecidos prot

    colos pelos criadores da substância que assegurem a “s

    gurança e eficácia em crianças com 0 a 18 anos de idade

    Além disso, o facto de ser ministrado diariamente, degr

    da substancialmente a qualidade de vida destes doente

    na sua maioria crianças, como experiencia diariamen

    Teresa Morais. “O que provoca bastantes constrangime

    tos ao Gui é ter de ir todos os dias ao Centro de Saúd

    para fazer a medicação, que o mesmo rejeita, pois nã

    compreende porque tem que tomar todos os dias «picase os primos e amigos não! Ele diz que já lhe dói a barrig

    ou as pernas e, por vezes, faz tanta força que acaba po

    ficar marcado. A força é de tal forma que são necessári

    2 ou 3 pessoas para o segurarem, para que a enfermeir

    possa administrar a medicação…”. Este relato acontec

    apesar de, segundo Margarida Guedes, “o Canacinuma

    (anticorpo monoclonal anti-interleucina 1-beta) é o ún

    • Apresenta com frequência man-chas na pele, febre

    ou dor de cabeça?

    • Sofre uma forte reacçãoà temperatura fria?

    • O seu corpo dói constantemente?• Sente como se estivesse

    sempre com gripe?

    • Sente as mesmas doresdesde criança?

    • As suas doresparecem estar a piorar?

    • Alguém da sua família já sofreusintomas semelhantes?

    • Alguém da sua família tem CAPS

    Identifique os sintomas CAPS

    Capa

    O Canacinumab é

    o único medicamentoconcebido,

    exclusivamente, para o tratamento

    da CAPS obtendoresultados bastante

    satisfatórios nasintomatologia e

     progressão da doença

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    17/32

         RP PÁGINAS RARAS  17

    co agente biológico aprovado para a CAPS, em crianças

    com idade superior a 4 anos, mas apenas recentemente foi

    aprovado pela Agência Europeia do Medicamento. Além

    da eficácia, é administrado de 8/8 semanas, também por

    via subcutânea, o que modifica completamente a qualida-

    de de vida dos doentes, especialmente das crianças mais

    pequenas. No entanto, o seu preço, ainda muito elevado,

    leva a ter de ser ponderado, em cada instituição, caso a

    caso a sua deliberação”.

    Bloqueio promissor Nos doentes com CAPS o corpo produz uma quantidade

    excessiva de um mediador químico conhecido como inter-

    leucina-1 beta (IL-1 beta). Foi justamente esta descoberta

    que permitiu aos investigadores estabelecer como alvo te-

    rapêutico o bloqueio da IL1. Até ao advento do bloqueio

    monoclonal da IL-1 as alternativas terapêuticas apenas per

    mitiam minorar os sintomas, não tendo efeito marcado n

    história natural da doença. Com a criação do Canacinumab

    um anticorpo monoclonal (um tipo de proteína) tudo mu

    dou. O Canacinumab foi concebido para se ligar a um anti

    génio denominado interleucina-1 beta, o qual é produzid

    em níveis elevados em doentes com CAPS provocando in

    flamação. Ao ligar-se à interleucina-1 beta, o Canacinuma

    bloqueia a sua actividade, ajudando a aliviar os sintoma

    da doença. Aplicado a cada 8 semanas, em dose única, sob

    a pele (injecção subcutânea) este é de facto o único me

    dicamento disponível no mercado para esta patologia. Em

    Portugal, o Canacinumab está apenas disponível atravé

    de Autorização de Utilização Especial (AUE), estando po

    isso sujeito ao pedido apresentado ao INFARMED pel

    director clínico ou entidade equivalente da instituição d

    Com uma sintomatologia

     bastante difusa, que muitas vezes

     se assemelha a uma gripe, as CAPS

     poderá representar um desafio

     para os técnicos de saúde

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    18/32

    18      RP PÁGINAS RARAS

    saúde onde o medicamento vai ser ad-

    ministrado, mediante prévia autorização

    do respectivo órgão máximo de gestão

    sob proposta fundamentada do director

    do serviço que se propõe utilizar o me-

    dicamento e parecer da comissão de far-

    mácia e terapêutica. (http://www.infar-

    med.pt/portal/page/portal/INFARMED/ 

    MEDICAMENTOS_USO_HUMANO/ 

    AUTORIZACAO_DE_INTRODU-

    CAO_NO_MERCADO/AUTORIZA-

    CAO_DE_UTILIZACAO_ESPECIAL/ 

    Delib_105CA_2007.pdf)

    Principais formas de CAPSAs CAPS apresentam um conjunto de três síndromas infla-

    matórias raras: CINCA, MWS e FCAS. Várias mutações

    no gene NLRP3 foram identificadas nestes doentes. Os in-

    vestigadores julgam que estas mutações são causadas pela

    hiperactividade da criopirina. Porém, até hoje, parece não

    estar muito claro porque é que algumas das mutações noexão 3 causam sintomas tão severos como os apresentados

    na forma mais grave destas síndromas – a CINCA, modera-

    dos no caso da síndroma Muckle-Wells e leves na FCAS.

    Síndroma Familiar Auto-Inflamatório ao Frio – FCAS

    Uma pessoa com FCAS começa, usualmente, a apresentar

    sintomas a partir do nascimento. Ocasionalmente, os sin-

    tomas podem começar mais tarde, na infância, e incluem

    manchas na pele que vão e voltam, febre, sensação de

    fraqueza ou cansaço, dor nas articulações, dor de cabeça,

    calafrios, olhos vermelhos ou inflama-

    dos, conjuntivite e dor nos músculos.

    Os sintomas podem iniciar-se após

    a exposição ao frio. Estar numa sala

    com ar condicionado, comer comidas

    frias ou nadar em água fria pode de-

    sencadear os sintomas. As manchas n

    pele normalmente aparecem 1 a 2 hor

    após a exposição ao frio. Outros sinto

    mas podem aparecer em 4 a 6 horas apó

    a exposição. Pode haver dias em que o

    sintomas não são sentidos, porém el

    retornam e pioram ao longo do dia, d

    rando até 24 horas e afectando, de form

    intensa, a vida diária dos doentes.

    Síndroma Muckle-Wells - MWS

    A MWS foi reconhecida, pela primei

    vez, numa família, no início dos ano

    60, por dois médicos chamados Thom

    James Muckle e Michael Vernon Wells. Os sintomas d

    MWS são similares aos da FCAS, mas ocorrem mais fr

    quentemente e podem durar mais tempo. Porém, existe

    sintomas específicos desta patologia e que incluem altos n

    veis de proteínas nos rins, complicada em cerca de 40% d

    casos por instalação progressiva de surdez neurosensoria

    Os sintomas podem ocorrer sem qualquer razão óbviPorém, tem sido referido que os sintomas podem surg

    após uma pessoa ser exposta ao frio, sentir-se stressad

    ou com o cansaço. A maioria dos sintomas dura 1 a 2 dia

    embora alguns possam durar mais tempo. A Amiloido

    é um risco potencial da MWS devido à acumulação d

    proteína nos rins.

    CINCA

    As pessoas com CINCA quase sempre começam a apr

    sentar sintomas a partir do nascimento. Um médico con

    segue diagnosticar CINCA (també

    denominada NOMID) rapidamen

    num recém nascido, porque os sint

    mas são mais fáceis de notar do qu

    na FCAS ou MWS.

    A CINCA pode ser incapacitante

     Margarida Guedes,

    especialista em

     Reumatologia

    Capa

     As CAPS apresentamum conjunto

    de três síndromasinamatórias raras:CINCA, MWS e FCAS 

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    19/32

         RP PÁGINAS RARAS  19

    não tem cura, podendo nalguns casos resultar em óbito.

    A actual taxa de mortalidade da CINCA ronda os 20%,

    sendo as principais causas de mortalidade as infecções e

    complicações neurológicas. O tratamento pode aliviar os

    sintomas em algum grau, porém eles nunca desaparecem

    completamente.

    Com a mesma sintomatologia que as condições ante-

    riores, esta síndroma inclui ainda, eventualmente, joelhos

    inchados, perda gradual d

    visão e dificuldades mentais

    A evolução clínica poder

    envolver o atingimento d

    outros órgãos, incluindo o sis

    tema nervoso central e altera

    ções de ossificação potencial

    mente deformantes.

    O factor genéticoO gene CIAS1 (também co

    nhecido como NLRP3) per

    tence a uma família de gene

    chamados NLR. Este gen

    fornece instruções para fabri

    car uma proteína denominad

    criopirina.

    As proteínas NLR estã

    envolvidas no sistema imu

    nitário, ajudando a iniciar

    regular a resposta do sistemimunitário a lesões, toxina

    ou invasão por microorga

    nismos. Estas proteínas, a

    reconhecerem moléculas es

    pecíficas, tornam-se activas

    respondem de forma a ajuda

    os componentes do sistem

    imunitário.

    A criopirina encontra-se, principalmente, nos glóbulo

    brancos e nos condrócitos (células que formam a carti

    lagem) e reconhece partículas bacterianas, produtos quí

    micos, tais como amianto, sílica e cristais de ácido úrico

    e compostos libertados por células danificadas. Uma ve

    activados, os grupos de criopirinas juntam-se a outra

    proteínas em estruturas denominadas inflamassomas, en

    volvidas no processo inflamatório.

     As manchas vermelhas

     são um dos sintomas

     apresentados pelos

     portadores de CAPS

        F   o   t   o  :

        D .    R .

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    20/32

    20      RP PÁGINAS RARAS

    Reportagem

     Dadas as crescentes necessidadesde espaço que permitam a cor-

    recta realização das actividades dis-ponibilizadas no Centro rarÍSSIMOda Maia, fruto do aumento substan-cial de pedidos de apoio e de utentes,a delegação do Norte da Raríssimassolicitou à Câmara Municipal daMaia a cedência de um novo espaçono Empreendimento Monte Penedo.

    Respondendo ao nosso pedido a Câ-mara Municipal disponibilizou trêsespaços no local que nos permitirãocolocar em funcionamento, lado alado, as consultas de terapia da fala,psicomotricidade, psicologia, nutri-ção e fisiatria e terapia sacro-craniana,além da sede da delegação do Norte,com a respectiva área administrativae de direcção. O novo espaço permiti-

    rá ainda fazer mais um ginásio para arealização das sessões de fisioterapiae aumentar as instalações do CATL– Centro de Actividades de TemposLivres, podendo agora esta valênciaatingir a capacidade de 10 utentes, emregime de ocupação diária.

    CENTRO RARÍSSIMO DA MAIA EM EXPANSÃO

     Novas respostas para os doentes raros

    Poder ajudar mais pessoas raras, com a qualidade e excelência que nos caracteriza e quos meninos merecem, é o objectivo que preside às obras de alargamento deste centro

    Dada a enorme dimensão destaobra a colaboração de vários mecenastem sido preciosa – Lucio’s, com a

    cedência de alguns materiais e mão--de-obra, Gamoval e Wipro Portugal,com a cedência de mobiliário de escri-tório e Linea Médica com a oferta decomputadores. Porém, apesar daquiloque foi dado, ainda nos faltam verbase materiais para finalizar os trabalhos

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    21/32

         RP PÁGINAS RARAS  2

    que permitirão colocar em funcionamento pleno este novo espaço.

    Assim, solicitamos a solidarieda

    de de todos para o funcionamentde mais valências no Centro rarÍSSIMO, único na região Norte. Podefectuar o seu donativo em espéciou, através do NIB 0010 0000 4262030 0019 3. Os nossos meninos raros agradecem!

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    22/32

    22      RP PÁGINAS RARAS

    Grupos de investigadores têm

    vindo a trabalhar no sentido de

    ser possível reconhecer a presença

    da doença de Alzheimer, antes de

    surgirem os sintomas que lhe estão

    associados – perda progressiva de

    memória, compreensão e lingua-

    gem. Dois estudos apresentados

    recentemente numa conferência

    sobre Neurologia, em Boston, nos

    EUA, confirmaram resultados

     positivos em 34 por cento de

    doentes sujeitos a ensaio clí-nico com solanezumab, uma

    nova droga que procura

    eliminar depósitos de placas

    que interferem no funciona-

    mento do cérebro. Paralela-

    mente, um grupo de investigadores

    americanos descobriu que uma

    variante do gene TREM2, denomi-

    nada R47H, se encontrava presente

    em todos os doentes com Alzheimer

    analisados. A coordenadora da

    investigação, Rita Guerreiro, do

    Instituto de Neurologia do UCL, em

    Londres, diz que “esta é uma das

    descobertas mais importantes dos

    últimos 20 anos”.

     A indústria farmacêutica tem

    vindo nos últimos anos a investir

    grande parte dos seus fundos na

    investigação para criação de novas

    terapêuticas para doenças raras e

    patologias até agora incuráveis.

     Neste momento encontram-

    se a decorrer cerca de

    8000 ensaios clínicos em

    doentes, para potenciais

    novos tratamentos. 1800

    destes ensaios dizem respeito,

    concretamente, a doenças raras.

    Estes dados foram obtidos através

    de um estudo elaborado pelo grupo

    de investigação farmacêutica e de

    fabricantes americanos.

     A Food and Drug

     Administration (FDA) ,

    órgão governamental

    responsável pelo controle

    dos medicamentos, aprovou

    o lomitapide como

    terapêutica para a

    hipercolesterolemia

    familiar homozigótica,

    uma doença rara que causa

    anormalidades nas células

    hepáticas responsáveis pela

    compensação LDL, o chamado

    mau colesterol, a partir do

    sangue. A doença pode levar

    a ataque cardíaco ou morte

    em idade precoce. Quando

    adicionado à terapêutica

    de redução de lípidos,

    o lomitapide ajudou a reduzir

    o colesterol LDL em cercade 50 por cento.

    Flash

  • 8/17/2019 pr10_bx.pdf_1361382369

    23/32

         RP PÁGINAS RARAS  23

     Investigadores da Western

    University, no Canadá,

    identificaram uma nova

    mutação genética da Esclerose

    Lateral Amiotrófica (ELA),

    abrindo portas a futuras terapias

    direccionadas. A equipa

    constactou que mutações

    no gene ARHGEF28

    estão presentes em

    doentes com ELA, 

    revelando inclusões anormais

    da proteína que surge a partir

    deste gene. Os resultados da

    investigação foram publicados

    no Amyotrophic Lateral

    Sclerosis and Frontotemporal

     Degeneration, o jornal oficial

    da Federação Mundial de

    Neurologia.

    Um estudo preliminar realizado

    em cães com Distrofia Muscular

     de Duchenne (DMD), realizado

    por investigadores da Universidadede Missouri, nos E.U.A., demonstra

    que a introdução de um novo

    microgene em animais afectados

    consegue reforçar a força muscular.

    “Colocámos o novo microgene num

    vírus e depois injectámos o vírus

    nos músculos de cães distróficos”,

    revelaram os investigadores.

    Seguindo a terapia genética a

    equipa avaliou então os 22 cães

    sujeitos à terapêutica descobrindo

    que a nova versão da micro-

    distrofna não só reduz a

    inamação e fbrose, como

    também melhora, de forma

    efectiva, a força muscular. 

     A equipa de investigadores

     do Instituto de Anatomia e

     Biologia Celular, em Munique,

     na Alemanha, liderados por Jens

    Waschke, acabam de publicar um

    estudo onde revelam a descoberta

    de um pequeno peptídeo quebloqueia o reconhecimento de

    anticorpos. Este peptídeo pode

     prevenir as bolhas, quando

    aplicado topicamente,

    uma vez que, a nível

    celular, melhora a adesão

    célula a célula e atenua as vias de

    sinalização activadas pela ligação

    de anticorpos. Os resultados

    sugerem que este péptido pode

    servir como opção de tratamento

    para o Pênfigo vulgar, uma doença

    rara e fatal que ocorre quando

    o sistema imunológico gera

    anticorpos na pele conhecidos

    como desmogleínas.

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    24      RP PÁGINAS RARAS

    Psicologia

    apatia, entre outros. Por outro lado, os procdimentos médicos podem ser percepcionadpela criança como muito assustadores, sobrtudo nas mais novas, em idade pré-escolaque têm menor capacidade para compreendos tratamentos dolorosos e menos recursinternos para lidar com essa experiência peturbadora e incontrolável. A família tem aqum papel fundamental, muito embora seja im

    portante que os pais tenham presente que, independenmente do seu esforço para aliviar os efeitos negativos,tratamentos serão sempre fonte de reacções emocionanegativas, podendo a criança ter manifestações de chro, recusas verbais e motoras. É fundamental que os paadequando necessariamente a linguagem à idade e nvel de compreensão, informem a criança de tudo o qdiz respeito à doença, de modo a que ela fique a sab

    de que sofre e porque sofre e consigenfrentar melhor os tratamentos a qu

    terá de se submeter. A falta de conhcimento pode dar azo a fantasias e aaparecimento de medos, gerando níveelevados de ansiedade nos pequenitoMuitas vezes, a criança necessita dser convencida do motivo, importânce necessidade de se submeter aos tr

    Quando a doença atinge não o adulto mas acriança, o nosso filho, parece ainda maisdifícil gerir o turbilhão de emoções, medo,sentimento de culpa e impotência, desejandopoder trocar de lugar e “ser eu em vez dele”.Frequentemente, o primeiro impulso dos paisao confrontar-se com a doença do filho é es-conder da criança o seu mal e os tratamentos aque terá de ser submetida, com o objectivo sin-

    cero de o proteger. No entanto, as crianças apercebem-sedo que se passa à volta delas e são permeáveis ao estadoemocional dos pais. A perspectiva da criança está muitodependente da atitude dos pais, pois a criança desconhecea sua doença e as suas repercussões. De forma distinta doadulto, só irá confrontar-se efectivamente com o proble-ma quando começar a sofrer os efeitos negativos, seja de-vido à própria sintomatologia, às limitações consequentesou à dor, seja devido às alterações narotina diária e na sua autonomia.

    Os sintomas físicos podem ameaçara auto-imagem da criança e causar nelaansiedade, confusão, raiva, depressão,culpa e/ou vergonha, emoções que sepodem manifestar através de birras,isolamento, problemas de alimentaçãoe sono, agressividade, negativismo,

     Mafalda da Costa

    Psicóloga

    EXPLICAR A DOR À CRIANÇA

    Quando a “pica”afige a alma

    Sofrer de uma doença grave, rara ou não, é uma circunstância que desencadeia

    reacções emocionais negativas. Quando a situação clínica exige o recurso

    a procedimentos invasivos e dolorosos, o desconforto é ainda maior...

     Através da brincadeira

    a criança pode imitarsituações

    hospitalares,desempenhando

    o papel do médicoou enfermeiro

    que trata o boneco

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         RP PÁGINAS RARAS  25

    enfermeiro que trata o boneco (administrando injecçõeou medicamentos, por exemplo), o que alivia a sua tensã

    tornando-a mais cooperante durante os procedimentos.Quanto mais positiva for a experiência para a crian

    ça, mais recursos ela poderá desenvolver para lidar comsituações futuras semelhantes, aprendendo a desembaraçar-se e a adoptar estratégias de confronto com situaçõeadversas, aumentando a percepção de si como um secompetente e eficaz.

    tamentos, muito embora os pais possam ficar relutantesem dizer a verdade e optarem por enganar ou esconder,

    o que acaba quase sempre por não resultar. Estratégiascomo jogos e brincadeiras, que distraem a criança e pro-piciam a diversão, são também ocasião para expressar asemoções e fazer escolhas, numa altura em que a criançasente ter pouco controlo sobre o que lhe acontece. Alémdisso, através da brincadeira a criança pode imitar situa-ções hospitalares, desempenhando o papel do médico ou

     É importante que a criança distinga os pais bons que cuidam, dos pais que a obrigam a submeter-se a tratamento

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    Com dois filhos, a vice-president

     da Raríssimas sente-se hoje

     completa e pronta a ajudar

     outras mães de meninos “raros” 

    também a paz interior que tanto precisávamos e a espe-rança de uma segunda gravidez…

    O que pensou quando soube que ele tinha Angelman?

    Saímos de Madrid apenas com o nome e uma breve ex-plicação da síndrome. Quando chegámos a casa corremospara a internet  e estivemos horas a ler tudo o que nos

    aparecia pela frente… ao lermos “atraso mental severo,ausência de linguagem, descoordenação motora, epilep-sia…” eram facadas directas aos nossos pobres coraçõesde pais. Era mau demais para ser verdade… Nesse diaatingi o ponto mais alto da dor e sofrimento… Na verda-de, senti que nem a dor da morte seria tão profunda, facea uma vida cujo destino se afigurava tão “negro”…

    Qual a terapêutica seguida pelo Gonçalo?

    Os meninos com Angelman necessitam de uma intervençãmultidisciplinar ao nível terapêutico: fisioterapia, terapiaocupacional, terapia da fala (muito importante para osproblemas da deglutição e comunicação alternativa), hipo-terapia, hidroterapia, bem como acompanhamento médicoao nível da Neurologia devido, essencialmente, à epilepsia

    Estes meninos regra geral são bastante resistentes peloque aguentam bem a intensidade das terapias. Pela experi-ência que tenho com o Gonçalo, quanto mais persistentese rigorosos formos com eles mais ganhos eles adquirem.Quando intensificámos os tratamento – por volta dos 6anos de idade – os progressos foram magníficos: ao fim deapenas alguns meses ele dava os primeiros passos, sozinho

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    Como é o dia a dia com o Gonçalo?

    O Gonçalo está agora com 10 anos e é um rapazinhotraquinas, alegre, simpático e com muita energia. Os dis-túrbios de sono têm melhorado, a alimentação já é normale o seu dia-a-dia é como o de qualquer outra criança: vai àescola e às suas actividades – neste caso as terapias, brincacom o irmão e com os primos e adora passear, ir aosparques infantis e a festas. Fazemos uma vida normal, nãodamos a desculpa da condição do Gonçalo para deixarmosde fazer o que qualquer família faz: férias, almoçar ou

     jantar em restaurantes, convívio com familiares e amigos,etc. Obviamente que não podemos tirar os olhos de cimadele por um segundo que seja…

    Os episódios aterradores abundam (principalmente nos2 primeiros anos de vida) mas o que realmente mais memarcou foi quando o vi aflito, quase sem respirar, com umplástico na garganta. Tentava desesperadamente abrir-lhea boca e ele teimava em cerrar o mais que podia até que,vendo-o já a desfalecer, dei-lhe uma palmada para quechorasse e abrisse a boca e então aí consegui chegar à sua

    garganta e retirá-lo… dei então por mim a tremer comonunca e fiquei completamente sem forças… mas tudo aca-bou em bem. Porém, tenho também situações engraçadas,uma das quais passou-se recentemente. Uma das maioresdificuldades que sentimos com o Gonçalo são as noitessem dormir. Andamos sempre a engendrar novas estraté-gias para não recorrer à medicação em demasia. Aprovei-tando a adoração que o Gonçalo tempelo pai, e porque se ele sentir a suapresença ao seu lado lá se vai mantendo

    na cama, achei que o ideal era arranjarum “vulto” que substituísse a figura dopai. Pensei, pensei, e eis que achei terencontrado a solução: se arranjasse umboneco insuflável e o vestisse com umpijama do pai era capaz de o conseguir“enganar”, nas noites em que o pai se

    ausenta profissionalmente. Fui a umasexshop comprar o

    dito, vesti-o a rigor, adaptei-lhe uma bola para que fizessede cabeça, enfiei-lhe um gorro e, nessa noite, depois doGonçalo adormecer, deitei o nosso amigo ao lado dele. Aprimeira noite correu lindamente e eu estava orgulhosa dminha brilhante ideia! Porém, apesar de não parecer, esterapazinho é muito esperto e, na segunda noite, arrancou acabeça ao boneco deixando-o, literalmente sem consertoe lá veio ele ter ao nosso quarto, a rir-se, com o boneconuma mão e a cabeça na outra, e como que a dizer “julgavam que conseguiam enganar-me, eheheh…”

    Como teve contacto com a Raríssimas?

    Cheguei à Raríssimas no final de 2004, logo depois de tero diagnóstico. Recordo sempre com emoção a resposta dRaríssimas, na pessoa da sua presidente – Paula Brito eCosta, ao nosso email carregado de angústia e de dúvidasAs palavras de apoio e orientação aqueceram os nossoscorações. Sentimos que afinal havia alguém que nos compreendia, que sabia o que era isto de ter um filho com um

    doença rara… Por sorte, a Raríssimas estava a organizar ucongresso sobre doenças raras onde ia ser debatido tambéa síndrome de Angelman. Fomos ao congresso e tivemosaí a oportunidade de conhecer outras famílias, médicos etécnicos que foram uma ajuda preciosa para que percebêssemos quais os passos a dar nesta caminhada “diferente”das nossas vidas. Chegar à Raríssimas, foi a luz ao fundo

    do túnel, o nosso porto de abrigo…

    O que a levou a integrar este projecto

    Desde que cheguei à Raríssimas quefui sempre acompanhando a evoluçãodos projectos e fazia gosto em parti-cipar. Em 2006, juntamente com maiduas mães, falámos com a presidenteda Raríssimas para criarmos umadelegação no Norte. E assim foi: em

    Rostos

    “Senti que tinhaa força

    e capacidadenecessárias para,tal como zeramcomigo, ajudar e

    apoiar outras mãese outros lhoscomo o meu…” 

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         RP PÁGINAS RARAS  29

    2007 nasce a delegação e, mais tarde, em 2010, o CentroRarÍSSIMO da Maia. Senti que tinha a força e capacidadenecessárias para, tal como fizeram comigo, ajudar e apoiaroutras mães e outros filhos como o meu…

    Que trabalho desenvolve dentro da instituição?

    Sou responsável pela delegação do Norte e pelo CentroRarÍSSIMO da Maia. Grande parte do meu tempo é

    dedicado ao apoio directo a famílias e utentes. Temosactualmente mais de 60 utentes, distribuídos pelas diversasvalências terapêuticas, incluindo a mais recentementeimplementada – o CATL – Centro de Actividades de Tem-pos Livres, para jovens/adultos portadores de deficiênciamental e rara. O meu tempo é distribuído entre os meni-nos, os pais e a divulgação, informação e sensibilização da

    temática das doenças raras, através de palestras, maiorita-

    riamente em escolas e universidades. São dias compridose intensos na gestão deste Centro que, através de umafantástica equipa de 14 colaboradores e voluntários, sefazem, diariamente, pequenos “grandes milagres”. É muigratificante acompanhar as conquistas dos nossos meninoa alegria dos pais pelos progressos dos seus filhotes…

    Pensa que uma mãe tem maior facilidade em ajuda

    outras mães?

    Desde que soube que o Gonçalo era portador de Angel-man que sempre tive curiosidade em conhecer outrasfamílias, outros “anjos”. Naturalmente, criou-se umpequeno núcleo, que foi crescendo à medida que ia tendconhecimento de mais famílias. Fazemos, frequentemente, convívios deveras importantes para a partilha de ex-periências e aquisição de novos conhecimentos. A maioajuda que estes pais podem ter é a experiência de outropais que passam pelo mesmo… Os nossos meninos têmcaracterísticas muito próprias que só quem lida com ele

    consegue percepcionar. É nestes convívios que, muitasvezes, encontramos soluções para dilemas de gestãodiária destes “anjos” que teimam em não dormir, que sãum poço de energia e de teimosia sem fim… de pôr oscabelos em pé ao mais resistente dos mortais! Que projectos tem para o futuro?

    Dadas as severas limitações, o Gonçalo jamais será umadulto que possa exercer qualquer actividade profissionaNecessitará sempre de cuidados de terceiros pelo que o

    que mais desejo é que consigamos levar a cabo os projectos que temos na Raríssimas, nomeadamente aqui a Norta Quinta dos Marcos, para que ele possa estar integradonum espaço onde tenha as actividades e os cuidadosnecessários à sua condição e, consequentemente, umavida digna. Desejo para o Gonçalo não mais do que o ququalquer mãe deseja para os seus filhos: que seja feliz!

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    30      RP PÁGINAS RARAS

    ABBVIE, Lda. 2.500,0Agência Funerária Ernesto Silva, Lda. 63,0AMGEN – Biofarmacêutica, Lda. 5.345,0Associaçãodos Nadadores dos Estoris 112,0AVV-AROEIRA – Componentese Sistemas Eléctricos 50,0Banco Finantia, S.A. 750,0Best Partner – Consultoria

    Contabilidade, Lda. 120,0Bidinâmica – RepresentaçõesConsultoria Gestão, Lda. 49,6BIOMARIN Europe Limited 7.000,0Castela & Castela, S.A. 625,0Companhia Portuguesade Hipermercados, S.A. 282,5Digidoc – Lda. 461,2Eletricidade dos Açores, S.A. 500,0ElogioVerde – ConstruçãoManutenção Jardins, Lda. 225,0Encantar – Criação de Moda,Unipessoal, Lda. 150,0finePRINT – LaboratórioAct. Fotográficas Lda. 1.752,7

    Garland Laidley, SGPS, S.A. 250,0Gomoval – Serviços e Equip. de Escrt., Lda. 75,0Horto Alegria do Norte,Const. Manut. Jardins, Lda. 350,0Império dos Números – ContabilidadeGestão Unip. Lda. 20,0Jado Iberia – Prod. Metalúrgicos,Soc.Unipessoal, Lda. 220,0Junta de Freguesia de Barca 100,0Laboratórios PFIZER, Lda. 23.750,0Linea Médica – DispositivosMédico-Cirúrgicos, S.A. 50,0Lisgarante – Sociedadede Garantia Mútua, S.A. 7.454,2Master Natura – Gestãode Espaços Verdes, Lda. 500,0

    MSC – Portugal, S.A. 750,0Norsecur – Mediadorade Seguros do Norte, Lda. 20,0OCTAPHARMA 20.000,0Pedro Nuno M.,Mediação de Seguros Unip. Lda. 30,0PKF & Associados – SROC, Lda. 3.000,0Transitar – Consultoriaem Gestão de RH, Lda 800,0

    Donativos

     Amigos notáveis A Raríssimas agradece a todos os parceiros raros que generosamente contribuíram para que os nossos doentes tivessem acesso aos serviços prestados pela instituição

    Donativos de 31 de Outubro de 2012 a 18 de Janeiro de 2013

     Particulares Entidades

    Alberto Oliveira 36,00€

    Amélia de Sousa 25,00€

    Ana Catarina Caetano Duarte 10,00€

    Ana Bernardo 25,00€

    Ana Mayer 40,00€

    Ana Paula Vieira C.P.C. Pinheira 5,00€

    Ana Pinto 25,00€

    Ana Neves 50,00€

    António Camacho 20,00€António Joaquim Duarte Vilaça 245,00€

    António José Pinto Alves da Silva 25,00€

    António Manuel Pereira Oliveira 5,00€

    António Manuel Romeirinho Matos 5,00€

    Arminda Maria Avila Pimentel da Silveira 185,00€

    Beatriz Silva Fernandes 20,00€

    Bruno Manuel Vieira Alves 10,00€

    Carla Alexandra de Oliveira Pinto Sestelo 25,00€

    Carla Sofia Feiteira Matias 5,00€

    Carlos A. Oliveira 15,00€

    Carmen Maria da Costa Botelho 10,00€

    Celestina Gonçalves 33,50€

    Célia Fernandes Silva 40,00€

    César José Lourenço dos Santos 200,00€Conquistadores do Futuro, Lda. 50,00€

    Cristina Lencart 25,00€

    Cristina Rebelo 220,00€

    Depdois - Centro de dermatologia de Cascais, Lda. 50,00€

    Domingos Manuel Almeida Gonçalves 25,00€

    Elsa Ferreira 450,00€

    Fernanda Cristina Rodrigues Malhão Pereira 10,00€

    Filipe Mendonça 280,00€

    Francisco Xavier Matos de Meireles 50,00€

    Gonçalo Ayala Martins Barata 20,00€

    Helga Cristiana Marques F. 1,00€

    Hugo Emanuel Gonçalves Teixeira 75,00€

    Hugo Moutinho 100,00€

    Hugo Ricardo Almeida Chorão 5,00€

    Hugo Soares Gonçalves 10,00€

    Isabel Santos Castro 65,00€

    Jacome Miguel Costa da Cunha 10,00€

    João Coelho 5,00€

    João Paulo Morgado Marques 350,00€

    Joaquim Francisco Caeiro Barreiros 25,00€

    Joaquina Teixeira 110,00€

    Jorge Manuel Ribeiro Pinto 20,00€

    José Alves 10,00€

    Júlia Almeida 2,50€

    Júlio Amilton Mesquita Barbeitos 10,00€

    Letícia Fernandes 97,35€

    M. Nogueira Verdeiro 150,00€

    Marcia Maria Paiva Fernandes Palma Madeira 20,00€

    Maria Clara Viana 5,00€

    Maria Cláudia Lobão Carvalho 5,00€Maria Conceição Lima Magalhães 5,00€

    Maria Conceição Teixeira 120,00€

    Maria Conceição Torres 25,00€

    Maria de Fátima Xavier Fernandes 25,00€

    Maria de Lurdes Gomes Gonçalves 25,00€

    Maria Júlia Alves de Moura Ferreira 50,00€

    Maria Luísa Luna 30,00€

    Maria Teresa G Ferreira Pinto Basto Carreira 10,00€

    Marta Martins Alves de Sousa 5,00€

    Marta Raquel Pereira S. Teixeira 10,00€

    Marta Rita Oliveira Couto 50,00€

    Miguel Baptista 25,00€

    Mónica Sofia Lourenço Silva 10,00€

    Nuno Caldas 5,00€Nuno Humberto Silva Paim 20,00€

    Nuno Miguel Machado Silva 12,00€

    Paulo Jorge de Jesus Oliveira 5,00€

    Pedro Francisco Brandão de Almeida 3.500,00€

    Pedro Gonçalves 30,00€

    Pedro Herlander Pinto 10,00€

    Perpétua Ana Lopes da Silva 20,00€

    Rafael Patrício Quintas da Cunha Costa 5,00€

    Raquel Nogueira Gomes Duarte 15,00€

    Ricardo Miguel Manchinha Rodrigues 5,00€

    Rosa Maria da Cunha Dias 5,00€

    Rui Eduardo M. Sousa Lino 10,00€

    Rui Jorge Lima Vieiro 10,00€

    Rui Lopes dos Santos Matias 10,00€

    Rui Miguel Ferreira Dias Barbosa 30,00€

    Sentidos Rurais, Lda. 145,00€

    Susana Maria N. de Melo de Menezes Soares 80,00€

    Teresa Lucília Rangel de Oliveira Soares 60,00€

    Vantagem G-Unipessoal 20,00€

    Vera Sofia Pereira Neves 5,00€

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    Um projeto

    www.rarissimas.pt

    Casa dos MarcosO amparo das crianças

    com Doenças Rara A Raríssimas consta da lista de beneficiários para consignação do IRS. Quando preencher a s

    declaração, coloque no ANEXO H, campo 9, um X, e a respectiva identificação fiscal da Raríssim

    Seja solidário e ajude a equipar a Casa dos Marco

    I RS  2 0 12 C onsi  g naç ão d e  0  ,5 % d o i m

     postl i qui d ad o , a  f av or  d e  uma I P S S

    (  Ane x o H  , c am po 9  )  O br i  g ad Í 

    SSIMA!

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