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EMEF__________________________________________
Jambeiro,___de _____________________de 200__
Nome:____________________________Nº___ ___ANO
Professor: Ricardo David Disciplina: _________________
____BIMESTRE
VALOR: 10.0
NOTA:________
Papo de irmão
O que é melhor: ser filho único ou ter irmãos? Ter tudo para si, brinquedos e
atenção dos pais, avós e tios, ou dividir tudo com irmãos mais velhos e mais
novos? É possível partilhar espaços e segredos, brinquedos e brincadeiras? É
possível ser amigo de todas as horas, promover a união? Ou irmão/irmã é
sinônimo de problema?
Leia este texto, da escritora Vivina de Assis Viana:
O rei dos cacos
Quando saio por aí, com meu irmão, brincamos de tudo: subimos em
todas as árvores, principalmente nas mangueiras, corremos atrás de todos os
bichos, principalmente das galinhas, e apanhamos todas as frutas,
principalmente as verdes. Mas existe uma brincadeira que é diferente de todas
as outras, e é a melhor delas: andar dentro do córrego, pra baixo e pra cima.
Minha mãe não gosta muito, nem minha avó, mas agente anda assim mesmo.
Meu pai nem vê, porque fica trabalhando o dia inteiro, tratando das vacas,
correndo de jipe, tirando leite, passeando a cavalo, cuidando dos porcos. Ele
só para depois do almoço, pra ler uns jornais ou um livro.
Enquanto isso, nós dois, eu e meu irmão, no córrego, andamos pra
baixo e pra cima. Mas nós não brincamos disso só por causa da água. É que lá
no fundo, brilhando, sempre tem uns pedaços de vidro. Minha mãe diz, e minha
avó concorda com ela, que nome certo é louça, e louça antiga, mas nós já
estamos acostumados, meu irmão e eu, a dizer que são cacos de vidro. Eles
são grandes, pequenos, quebrados, redondos, compridos, grossos, finos, de
todo jeito. Às vezes são coloridos, às vezes são brancos. Quando são brancos
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nós jogamos fora. Que graça tem guardar um caco de vidro branco? Os mais
bonitos são os que têm umas florzinhas ou umas listinhas. Minha mãe diz, e
minha avó concorda com ela, que são pedaços de aparelhos de jantar, tudo
louça antiga, dos antigos donos da fazenda, tudo do tempo dos escravos.
Quando ela fala isso, eu fico pensando nos escravos deitados uns por cima dos
outros, naqueles porões imensos que existem debaixo da terra. Toda vez que
tenho que passar lá dentro, eu e meu irmão, eu me agarro nele, com medo de
ver algum escravo me espiando, escondido por ali. Mas não falo nada, senão
meu irmão vai dizer que menina é assim mesmo, tem medo de tudo, até das
coisas que não existem.
No córrego, procurando os cacos de vidro, não tenho medo de nada.
Nem de fazer apostas que fazemos todos os dias: quem é que vai achar o mais
bonito, o mais colorido, o maior, o mais antigo. Meu irmão, que é maior do que
eu, sempre diz que achou o mais bonito, o mais antigo. Para saber quem
achou o maior, medimos os cacos. E às vezes eu acho.
No fim do dia, quando chega a hora de ir para dentro de casa,
passamos, antes, numa casinha onde moram todos os cacos. Meu pai disse
que lá, antigamente, era um tanque onde se fabricava polvilho, depois de
colhida a mandioca. Esse tanque que é grande, de cimento, e todo coberto de
tábuas. Meu pai fez isso para nós, eu e meu irmão, senão os bichos entrariam
lá dentro. Então todas as tardes, antes de irmos para casa, nós afastamos as
tábuas, entramos dentro do tanque, e guardamos, em mesinhas feitas com
pedacinhos de outras tábuas e tijolos, os cacos do dia. Quase todos estão lá.
Falta um só, pequeno, branco, com listras cor-de-rosa que meu irmão insiste
em dizer que são de outra cor. Esse ele guarda separado, dentro de uma
caixinha pequena, que é guardada dentro de uma caixa grande, junto com
outras coisas só dele: pedrinhas, penas de passarinho, apitos, felipes de café,
que são dois grãos de café juntos, pedacinhos de cuia com goma esticada que
chamamos de viola, e caixas e mais caixas de fósforos. Meu irmão disse que
foi ele que achou o caco de vidro que é guardado separado. Mas é mentira
dele, fui eu, e guardei na casinha do tanque, junto com os outros.
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Mas meu irmão, é maior do que eu, foi lá e tirou. E guardou junto com as
coisas só dele. E pôs nome nele: o rei dos cacos.
O rei dos cacos não pode ser visto a qualquer hora. Só em dias muito
especiais, quando meu irmão resolver arrumar a caixinha grande cheia de
coisas. Ele tira todas, uma por uma, posso ver tudo desde que não ponha a
mão em nada, guarda de novo, fecha e pronto, acabou. Durmo pensando no rei
dos cacos, e ele também.
No outro dia, vamos de novo, bem cedo, andar no córrego. De vez em
quando pulamos de alegria dentro d’água quando achamos um caco igual a
outros que já temos. Vamos correndo ver se encaixa no pedaço que está
guardado dentro do tanque. O meu maior sonho na vida é achar a outra
metade do rei dos cacos. E acho que é, também, o maior sonho do meu irmão.
(In: Ricardo Ramos e outros. Irmão mais velho, irmão mais novo. São Paulo: Atual, 1992.p.74-7.)
1. Esse texto narra o dia-a-dia de dois irmãos que vivem em uma fazenda.
a)- Quem faz a narração? (0.25)
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b)- Como é a fazenda? (0.25)
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2. Os pais contam para os filhos como era a fazenda antigamente.
a)- Desde quando a fazenda existe? (0.25)
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b)- O que a fazenda conserva desse tempo? (0.25)
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3. Os irmãos moram com a mãe, o pai, e a avó.
a)- Com quem eles convivem mais? Justifique sua resposta. (0.25)
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b)- De acordo com o texto, o pai está sempre ausente? Justifique sua resposta
com elementos do texto. (0.25)
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4. A narradora fala do relacionamento dela com o irmão.
a)- O que ela busca no irmão ao se agarrar nele quando passa pelo porão da
casa? (0.25)
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b)- Por que, na sua opinião, a menina, embora tenha achado o rei dos cacos,
permite que o irmão fique com ele? (0.25)
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5. O rei dos cacos não fica com os outros, guardado na casinha, mas numa
caixa, junto com outras coisas do irmão.
a)- Por que, na sua opinião, o garoto guarda o rei dos cacos dentro de duas
caixas? (0.25)
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b)- As coisas guardadas nessa caixa têm algum valor material? (0.25)
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6. Quais dos termos que seguem indicam características da relação entre os
irmãos? (0.5)
• respeito • falsidade • cumplicidade • orgulho
• companheirismo • afeto • inveja • camaradagem
7. Nos textos que contam histórias, há, geralmente, alguns trechos descritivos,
isto é, que procuram retratar pessoas, paisagens, objetos:
a)- Como a narradora descreve:
• os cacos de vidros que ela e o irmão achavam no córrego? (0.25)
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• o rei dos cacos? (0.25)
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Leia o poema a seguir e responda as questões 8 e 9.
Pega ladrão!
Alguém tirou
um pedaço
do meu
P O.
(Kátia Bento. In: Poesia Jovem - anos 70. São Paulo: Abril Educação, 1982.p.91.)
8. De acordo com o contexto:
a)- Que fonema completaria adequadamente a última palavra do texto? (0.5)
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b)- Na parte superior do espaço deixado em branco para indicar a supressão
do fonema, há um sinal. Esse sinal indica que o fonema é oral ou nasal? (0.5)
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9. A “falha gráfica” na última palavra é proposital? Justifique sua resposta. (0.5)
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Leia esta tira.
10. Para que o leitor depreenda o humor da tira, é necessário que ele tenha um
mínimo de conhecimento sobre a língua portuguesa.
a)- A afirmação da letra f sobre as letras q e u é verdadeira? (0.5)
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b)- A letra u sempre é pronunciada quando acompanhada a letra q? Justifique
sua resposta com dois exemplos. (0.5)
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11. Observe a tira abaixo.
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a)- Como você interpreta a fala de Mafalda? (0.5)
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b)- Se você fosse explicar a Mafalda para que serve o dicionário, o que lhe
diria? (0.5)
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c)- Você concorda com os que se referem ao dicionário como o “pai-dos-
burros”? Por quê? (0.5)
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Leia esta anedota:
A professora pede ao aluno:
- Dê um exemplo de um verbo.
Ele pensa e responde indeciso:
- Bicicleta!
- Bicicleta não é verbo!
Pede em seguida, exemplo a outro
estudante. Ele também pensa,
pensa e arrisca:
- Plástico!
Ela se irrita.
- Pelo amor de Deus, plástico não é
verbo. Pergunta então a um
terceiro:
- Diga um verbo.
Lulinha nem pensa e, prontamente,
diz o que ela entende de forma
nítida como “hospedar”.
- Muito bem, até que enfim.
“Hospedar” é um verbo. Agora diga
uma frase com o verbo que você
escolheu.
- Os pedar da bicicreta é de
prástico.(Revista Língua Portuguesa, nº4.)
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12. Os alunos apresentam dificuldades na aula de gramática. Observe a última
frase do texto.
a)- Essa frase está de acordo com a variedade padrão da língua? Por quê?
(0.5)
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b)- Caso não, como ficaria se quiséssemos reescrevê-la na variedade padrão?
(0.5)
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13. No dialeto caipira, é comum haver troca, em sílabas, da letra L pela letra R.
Por exemplo: varal → varar; talco → tarco; coronel → coroner.
a)- Há, na anedota, alguma palavra que se enquadre nesse caso? Se sim,
qual? (0.5)
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b)- Que variedades linguísticas estão sendo utilizadas nessa aula de
gramática? (0.5)
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14. O humor da anedota encontra-se na última frase. Você acha que a frase
dita pelo aluno vai satisfazer a expectativa da professora? Por quê? Justifique
sua resposta. (0.5)
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“Felicidade é ter o que fazer.”
Aristóteles, filósofo grego