portugal profile 3 - crescimento sustentado e carteira de actividades
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DPP Portugal Profiles
3 CRESCIMENTO
SUSTENTADO E CARTEIRA
DE ACTIVIDADES (documento de trabalho)
Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais
MAOTDR
(D)PP3Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
Março 2008
DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Os DPP Portugal Profiles constituem uma contribuição do DPP para o Grupo de Trabalho (GT) responsável por reflectir sobre as
possibilidades de evolução do Orçamento da UE após 2013 e consequentes implicações para Portugal. A Comissão Europeia
situou o debate sobre o futuro do Orçamento da UE no quadro mais lato dos desafios a enfrentar pela União num horizonte
mais longínquo, sendo os mesmos entendidos como forças dinâmicas, em transformação permanente, cuja natureza pode (e
deve) ser compreendida e investigada, mas relativamente às quais o patamar de informação e conhecimento disponíveis
não deverá ser considerado como adquirido e definitivo. A Comissão optou, assim, por ligar a discussão sobre o futuro do
Orçamento ao futuro das políticas europeias, colocando este processo de decisão política no plano da Estratégia. Estamos
pois perante um processo de reflexão estratégica. Este processo de reflexão estratégica, necessário à escala europeia, é
para Portugal do maior interesse e, particularmente, desafiante. Equacionar o(s) futuro(s) de Portugal no contexto europeu é
uma condição necessária para a fundamentação de escolhas na formulação de políticas nacionais ou na identificação dos
posicionamentos que melhor servem os interesses de Portugal na construção das políticas comunitárias. Partindo de um
enquadramento internacional de âmbito mais vasto, em que situamos o contexto europeu, é possível traçar incertezas
centrais e tendências marcantes que inevitavelmente terão impactos numa pequena economia plenamente integrada, a
par de países que se situam no topo dos níveis de desenvolvimento, numa união económica e monetária. O DPP tem
realizado um extenso trabalho de reflexão sobre a posição portuguesa face a um enquadramento externo marcado pelas
referidas tendências globais. No seu conjunto, estes trabalhos não devem ser assumidos como um exercício de “certificação”
(entendida esta como fornecimento de certezas), mas sim como uma abordagem que parte da necessidade de identificar e
aprofundar tanto quanto possível as incertezas cruciais face ao futuro para reunir uma base sólida de conhecimento que
possa contribuir para a respectiva “gestão”, isto é, para a maximização do aproveitamento das oportunidades que se abrem
e para evitar ou mitigar os riscos potenciais. Neste conjunto de documentos procura-se corresponder à solicitação do GT
coordenado pela DGAE, sistematizando e parcialmente actualizando num lote de seis “cadernos” temáticos uma selecção
de leituras técnicas extraídas dos trabalhos mais recentes do DPP. Esta selecção orientou-se para, sob diferentes ângulos,
identificar o posicionamento de Portugal:
(D)PP 1 – Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos
(D)PP 2 – Convergência
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(D)PP 4 – Território(s)
(D)PP 5 – Ambiente e Desenvolvimento
(D)PP6 – Qualificações, Trabalho e Coesão Social
O envolvimento da Administração portuguesa nesta reflexão constitui uma oportunidade para, num momento de viragem
para a economia portuguesa, revisitar elementos do nosso percurso recente, úteis para melhor podermos compreender de
onde partimos e nos prepararmos para melhor identificar e construir o(s) nosso(s) futuro(s).
Ficha Técnica
Título: (D)PP 3 – Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades (documento de trabalho; Março de 2008)
Organização/Actualização: António Alvarenga - [email protected]
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Índice
Introdução 5
1 Contexto Competitivo 6
2 Padrão de Especialização 9
3 Posição Competitiva dos Sectores Transaccionáveis 13
4 Presença no Exterior 18
5 Uma Mudança na Carteira de Actividades 19
Referências 29
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Introdução1
No ambiente de intensa concorrência no mercado de bens e serviços e de mobilização de
capitais que caracteriza a economia global é fundamental um substancial reforço da
capacidade de gerar riqueza. Sem crescimento sustentado não há meios que suportem um
desenvolvimento sustentável que não comprometa o futuro das novas gerações. Um
crescimento sustentado exige aumentos de produtividade significativos com criação
simultânea de empregos o que, numa pequena economia aberta como a portuguesa, só é
possível com uma profunda transformação na "carteira de actividades mais expostas à
concorrência internacional" em direcção a actividades com maior valor acrescentado
incorporado e com maior dinâmica de crescimento no comércio e investimento internacionais.
1 Ver também DPP (2006), Portugal. Visão 2015. Contributo para o Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), Prospectiva e Planeamento nº13, pp. 11-62, disponível em http://www.dpp.pt/pages/files/visao_2015.pdf. Com o QREN em pano de fundo e no seguimento dos trabalhos realizados para o PNDES 2000-2006, o DPP actualizou, em 2004/5, a sua reflexão sobre a estratégia para o País (horizonte 2015), tendo em consideração os desenvolvimentos entretanto verificados a nível nacional e mundial nas vertentes geoestratégica, energética, económica e social. Deste processo (que incluiu os contributos de um vasto conjunto de técnicos e especialistas conceituados) resultou, entre outros outputs, a Visão 2015 para a qual foi definido, à partida, o objectivo de não se tornar um documento “redondo” (sem pontos de alavancagem). Identificar onde queremos que Portugal esteja em 2015 é essencial para sabermos que situações e bloqueios temos que ultrapassar, para definirmos os eixos centrais de actuação e para seleccionarmos as áreas prioritárias de intervenção.
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1. CONTEXTO COMPETITIVO
Portugal detém uma economia assente numa alta proporção de micro, pequenas e médias
empresas, apresentando muitas delas uma fraca sustentabilidade a prazo e baixa capacidade
de inovação e reconversão. Adicionalmente, o tecido empresarial português confronta-se com
limitações estruturais, como um nível de competências internas reduzido (designadamente em
termos de gestão, organização de processos e comercialização), obstáculos à cultura de
aprendizagem, peso ainda demasiado importante de actividades em áreas pouco intensivas
em tecnologia e conhecimento, reduzida dimensão do mercado onde operam e dificuldades
em se inserirem em modelos de cooperação e de integração em redes.
Configurando um quadro limitado em termos de capital social, as características estruturais da
generalidade das PME não permitiu que tirassem partido das oportunidades que se abriram
com o Mercado Interno e se aprofundaram com a UEM. A generalidade das empresas
portuguesas teve, assim, dificuldade em afirmar-se no plano internacional, reduzindo
consequentemente as condições para competirem no mercado doméstico. O número de
actores com capacidade para beneficiarem do novo paradigma de funcionamento dos
mercados globais revelou-se insuficiente.
Os actores mais fortes optaram, predominantemente, por estratégias de consolidação, quer
no mercado doméstico, quer através de investimentos directos, em áreas de negócio
favorecidas pela acentuada redução das taxas de juro, pelo vasto programa de investimentos
de iniciativa pública em infra-estruturas e pela liberalização dos mercados das utilities,
afastando-se de áreas de negócio mais expostas à concorrência global, com outro tipo de
requisitos em termos de competências e com retornos menos elevados.
No relacionamento da economia real com o sector financeiro assistiu-se a uma modernização
limitada dos modelos de financiamento empresarial, sendo que o mercado de capitais não se
revelou como alternativa substancial de financiamento das empresas, devido à sua reduzida
dimensão e volatilidade.
Para que a análise da evolução sectorial da economia possibilite uma melhor compreensão das determinantes da sua evolução, recorreu-se a uma nomenclatura de sectores que privilegia
como critérios de agregação dos produtos e serviços os mercados a que se destinam
(doméstico ou internacional), a respectiva natureza em termos mercantis, bem como, ainda que parcialmente, o conteúdo tecnológico e os respectivos factores de competitividade. Assim,
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consideraram-se quatro conjuntos de sectores de actividade: Transaccionáveis; Serviços não
Transaccionáveis; Serviços Internacionalizáveis; e Não Mercantis2.
As principais tendências de evolução da economia portuguesa em termos de sectores de actividade evidenciam: uma ascensão dos sectores não transaccionáveis virados para o mercado interno, como “construção”, “imobiliário”, “serviços às empresas” (essencialmente informáticos e de consultoria) e “serviços de apoio às famílias”, “serviços de educação” e “saúde”, o declínio do comércio tradicional e a acentuação de novas formas de comercialização; um investimento intenso nos sectores infra-estruturais (“telecomunicações”, “audiovisual”, “gás”, “electricidade”, “rodovias”, “água” e “ambiente”); a consolidação do “turismo” e uma progressão pouco acentuada das actividades de maior valor acrescentado na “indústria”.
Na última década, as condições de operação das empresas portuguesas em termos de exposição à concorrência alteraram-se radicalmente, o que se traduziu não só numa concorrência acrescida como numa alteração do paradigma do funcionamento dos mercados e da estruturação das cadeias de produção. Destacam-se quatro factores de mudança decisivos:
O principal factor de mudança foi a intensificação da liberalização do comércio internacional, consolidada em 1994 com a criação da OMC e os Acordos então assinados, tendo como consequência mais notória a entrada no comércio internacional de dois actores (China e Índia) cuja dimensão, a par com o seu baixo nível de desenvolvimento económico, está a provocar um profundo processo de ajustamento nas economias industrializadas, que se iniciou exactamente pelas actividades em que esses actores detinham, à partida, vantagens competitivas, mas que se está rapidamente a estender a novos segmentos com competências progressivamente mais exigentes.
Paralelamente, a consolidação do Mercado Interno traduziu-se também em alterações decisivas, cujos impactos se saldam numa crescente presença no mercado doméstico de redes de retalho de produtos e de serviços de marcas não nacionais, carreando mais importações, mas também pagamentos mais elevados de rendas ao exterior e, simultaneamente, confinando grande parte dos produtos nacionais ao retalho tradicional, em acelerada perda/desqualificação decorrente, quer de novos modelos de negócio em expansão, quer de tendências urbanas marcadas pelo definhamento dos centros das principais cidades e dos seus centros históricos.
A integração na moeda única e a adopção do euro representaram uma alteração do regime económico em termos, quer dos instrumentos de política económica disponíveis, quer dos mecanismos de ajustamento aos desequilíbrios e aos choques exógenos. Neste contexto, a apreciação da taxa de câmbio real que se verificou em Portugal após o ano
2 A desagregação sectorial desta nomenclatura, segundo os 31 ramos das Contas Nacionais, consta do
Anexo “Agrupamentos por Ramos de Actividade” do trabalho “Evolução Macroeconómica 1995-2005: Diagnóstico Prospectivo” (DPP, 2006) e resulta de uma metodologia desenvolvida no Departamento de Prospectiva e Planeamento no âmbito dos estudos de RIBEIRO, J. F. e outros (2003) e PROENÇA, M. (2004).
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2000, a qual aliás se verificou também na área do Euro, veio a repercutir-se num agravamento do desemprego, que tenderá a agravar-se e prolongar-se se não tiver lugar um processo de intensa reestruturação do sector produtivo.
Por seu turno, o alargamento ao Leste europeu, além de constituir uma nova fonte de pressão concorrencial em termos de comércio internacional, tornou aqueles países destinos privilegiados para os movimentos de deslocalização e de expansão empresarial das principais empresas alemãs e do norte da Europa, deixando Portugal mais periférico face aos fluxos de IDE.
Os resultados do processo de ajustamento neste período de forte “perturbação” do
funcionamento da economia portuguesa podem ser avaliados através da evolução da posição competitiva do país, da performance das exportações, mas também, do ritmo e da natureza
da recomposição da carteira de actividades orientadas para o comércio global.
GRÁFICO 1
As dificuldades com que o país se confronta em termos de comércio internacional são bem
ilustradas pela imagem de “cerco”. Devido ao seu posicionamento em termos de carteira de
produtos para o mercado internacional, Portugal concorre com um conjunto de novos e dinâmicos “actores”, distribuídos por cinco grupos: (1) países especializados nas produções
baseadas na intensidade do trabalho ou nos recursos naturais, como a Bulgária e Roménia, a
Turquia, o Norte de África e o Paquistão; (2) países especializados em produtos baseados no conhecimento (como a electrónica), embora não estejam envolvidos na sua concepção; são os
casos de alguns países do sudeste asiático, Filipinas, Tailândia ou Malásia; (3) países
especializados na exportação de recursos naturais e na intensidade de utilização dos mesmos – como são os casos do Brasil, Argentina e Chile – e de produtos com competitividade
baseada na escala de produção; neste último grupo destaca-se o Brasil que tem vindo a
diversificar as suas exportações, sendo de referir, a título de exemplo, o calçado, automóvel e aeronáutica; (4) países que, como a China e a Índia, têm ainda uma forte expressão de
Fonte: Eurostat
94
96
98
100
102
104
106
108
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
(199
9=10
0)
0,01,02,03,04,05,06,07,08,09,0
taxa
de
varia
ção
em v
olum
e
Taxa de Câmbio Real EfectivaExportações Bens e Serviços - eixo direita
Evolução das Exportações e Taxa de Câmbio Real Efectiva
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produtos baseados na intensidade de trabalho, mas que estão a diversificar para a electrónica
(China) ou para os serviços intensivos em tecnologia (Índia); (5) países que se estão a posicionar entre os produtos baseados na escala de produção e os baseados no conhecimento,
ou na escala de produção e na intensidade de utilização dos recursos naturais, como os países
da Europa Central (República Checa, Polónia, Eslováquia e Hungria)3.
FIGURA 1
PORTUGAL – UMA ECONOMIA “CERCADA”? Concorrentes no Espaço de Especialização de Portugal
2. PADRÃO DE ESPECIALIZAÇÃO
A economia portuguesa caracteriza-se por um padrão de especialização baseado em sectores com baixo conteúdo tecnológico e de baixo valor acrescentado, intensivos em mão-de-obra e
recursos naturais, com uma dimensão demasiado elevada dos serviços não transaccionáveis e
dos serviços não mercantis. Na última década assistiu-se a um movimento de ajustamento da estrutura produtiva, traduzindo-se em algumas alterações do padrão de especialização. No
entanto, o ritmo daquele movimento foi lento e a mudança do padrão de especialização não
foi tão intensa quanto o desejável, existindo riscos à consolidação dessa mudança, designadamente, face às novas condições associadas ao alargamento da UE.
3 RIBEIRO, J. F. e outros (2003).
PORTUGAL
MALÁSIAFILIPINASTAILÂNDIA
AFRICA NORTE
TURQUIA
PAQUISTÃOÍNDIA
CHINA
ROMÉNIABULGÁRIA
POLÓNIAESLOVÁQUIA
HUNGRIAREP. CHECAANDALÚZIA
VALÊNCIA/GALIZA
CATALUNHA
BRASIL/CARAÍBAS
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Os sectores não transaccionáveis e não mercantis representam cerca de 80% do VAB e 68% do emprego. Enquanto o conjunto destas actividades reforçou o seu peso na economia, os sectores transaccionáveis reduziram a sua importância, recuando para menos de 20% do VAB total.
QUADRO 1
Nos sectores transaccionáveis, as actividades caracterizadas como trabalho e recursos
intensivas mantêm a hegemonia, embora se tenha verificado uma redução da sua
representatividade. Não obstante, em 2003 representavam ainda 62,8% e 79,6%,
respectivamente, do VAB e do emprego do conjunto dos sectores transaccionáveis. Também
as actividades capital intensivas viram a sua importância económica diminuir. Paralelamente,
verificou-se um avanço nas actividades escala intensivas, destacando-se por um intenso ritmo
de crescimento do VAB.
Os sectores não transaccionáveis apresentaram uma tendência de evolução diferenciada
em termos de VAB e de emprego ao nível dos seus dois subsectores, serviços não
transaccionáveis e serviços internacionalizáveis. De facto, o avanço do peso dos serviços não
transaccionáveis no emprego não teve correspondência em termos de VAB, enquanto que os
serviços internacionalizáveis progrediram mais significativamente no que se refere ao VAB do
que no que diz respeito ao emprego.
Os sectores não mercantis mantiveram uma trajectória de evolução que lhes permitiu
ascender a 23% do VAB gerado na economia e a 18% do emprego. Qualquer dos seus
subsectores, “administração pública, defesa e segurança social obrigatória”, “educação” e
“saúde e acção social” registaram crescimentos do emprego acima do conjunto da actividade
económica, destacando-se em particular o crescimento do emprego no subsector “saúde e
acção social”.
Numa análise do padrão intersectorial de crescimento, entre 1995 e 2003, detectaram-se as
seguintes tendências:
VAB Emprego
1995 2003 1995 2003Transaccionáveis 24,8 19,6 37,2 32,4 1,5 -0,3 Trabalho e recursos intensivos 16,5 12,3 30,1 25,8 -0,2 -0,5 Capital intensivos 5,7 4,2 4,3 3,9 2,2 0,1 Tecnologia intensivos 2,1 2,0 2,1 1,9 6,4 0,3 Escala intensivos 0,6 1,1 0,8 0,8 16,7 2,6Não Transaccionáveis 56,0 57,9 46,0 49,6 3,0 2,4 Serviços não transaccionáveis 25,9 25,8 31,0 33,3 2,1 2,3 Serviços internacionalizáveis 30,1 32,1 15,0 16,3 3,7 2,4Não mercantis 19,2 22,6 16,9 18,0 2,3 2,2
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 2,5 1,4Fonte: INE; DPP
1995-2003
Evolução Sectorial do VAB e do Emprego
VAB EmpregoEstrutura T.M.A.C.
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Actividades em expansão (crescimento do VAB e do emprego acima da média):
sectores com um conteúdo tecnológico médio, intensivos em capital e onde as economias
de escala são o principal factor de competitividade. Incluem-se neste grupo, o “material
de transporte” e a “borracha e matérias plásticas”. O sector da “administração pública,
defesa e segurança social obrigatória” foi único sector dos sectores não mercantis que
registou um crescimento do VAB e do emprego acima da média.
Actividades em expansão com perda de emprego (com crescimento do VAB acima da
média e do emprego abaixo da média): sectores com conteúdo tecnológico baixo e médio,
e que apresentam como factores de competitividade a diferenciação do produto
(“máquinas e equipamentos”, “equipamento eléctrico e de óptica” e “produtos metálicos”)
e/ou a intensidade em mão-de-obra (“madeira e suas obras”). Nos sectores não
transaccionáveis salientaram-se a “electricidade, gás e água”, as “actividades financeiras”
e os “transportes, armazenagem e comunicações”, sendo que, nos dois primeiros sectores
o maior crescimento do VAB foi acompanhado por quebras do emprego.
Actividades em declínio com ganhos de emprego (crescimento do VAB abaixo da
média e do emprego acima da média): sectores com baixo conteúdo tecnológico,
intensivos em recursos naturais e ou em mão-de-obra. Incluem-se os sectores “outras
indústrias extractivas” e “outros produtos das indústrias transformadoras não
especificados como o mobiliário”. Além disso, cerca de dois terços dos sectores não
transaccionáveis e dos sectores não mercantis apresentaram também aquela evolução:
“construção”, “comércio”, “serviços sociais e pessoais colectivos”, “serviços às famílias”,
“alojamento e restauração”, “actividades imobiliárias e serviços prestados às empresas”,
“educação” e “saúde e acção social”.
Actividades em declínio (crescimento do VAB e do emprego abaixo da média): sectores
trabalho e recursos intensivos, com baixo e médio conteúdo tecnológico, como
“alimentares, bebidas e tabaco” e “outros produtos minerais não metálicos” e capital
intensivos como a “química”, os quais registaram fracos crescimentos do VAB e quebras
do emprego. Inclui-se neste grupo sectores que registaram quebras simultâneas do VAB e
do emprego e que apresentam como principais características a intensidade em trabalho e
ou em recursos naturais, com um baixo conteúdo tecnológico: “agricultura”, “pesca”,
“têxtil” “couro” e “papel”.
O padrão de evolução da produtividade constitui um factor determinante para a
sustentabilidade da melhoria dos níveis de bem-estar. Entre 1995 e 2003, a produtividade
aparente do trabalho, cresceu 1,2%, resultando de um crescimento mais intenso nos sectores
transaccionáveis (2,2% face a um crescimento praticamente nulo nos sectores não
transaccionáveis e não mercantis).
Salienta-se, igualmente, o desempenho dos serviços internacionalizáveis nos quais se
verificou um crescimento da produtividade superior à do total da actividade económica,
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nomeadamente, nas “actividades financeiras” e nos “transportes, armazenagem e
comunicações” que contribuíram, no conjunto destas actividades, com cerca de 30% para o
crescimento médio da produtividade global.
Ao nível dos sectores transaccionáveis, destacam-se os sectores intensivos em capital,
tecnologia e baseados em economias de escala com crescimentos médios da produtividade mais intensos: “química”, “borracha e matérias plásticas”, “produtos metálicos”, “máquinas e
equipamentos”, “equipamento eléctrico e de óptica” e “material de transporte”.
Para uma melhor apreensão da dinâmica intersectorial importa cruzar o desempenho em
termos de evolução da produtividade com o do emprego. Assim, de vinte e oito sectores
analisados4, destacam-se as seguintes conclusões: apenas em dois sectores da indústria se
verificou um crescimento simultâneo da produtividade e do emprego acima da média,
“material de transporte” e “fabricação de produtos de borracha e de matérias plásticas” (1º.
Quadrante); em dez sectores o crescimento da produtividade acima da média foi
proporcionado em parte por quebras do emprego (2º. Quadrante); em dez sectores,
sobretudo em actividades não transaccionáveis e não mercantis, o crescimento da
produtividade abaixo da média foi acompanhada pela expansão do emprego (3º. Quadrante) e
em cinco sectores verificaram-se quebras do emprego e evoluções negativas da
produtividade, “agricultura”, “alimentação e bebidas”, “têxtil”, “calçado” e “papel” (4º.
Quadrante).
GRÁFICO 2
4 Por problemas estatísticos, não se analisaram os sectores da hulha e linhite, petróleo bruto e gás natural;
urânio e tório e do coque, produtos petrolíferos refinados e combustível nuclear.
VAB a preços de 2000.Por agrupamentos de ramos de actividade (31 ramos).Fonte: INE; DPP
Papel
Mat.plásticas
Pesca
Prod.Metálicos Eq.Elec.Óptica
Educação
Out.min.n.met
Construção
Alim.Bebidas
Adm.Pub.
Serv.fam.
Act.Imob. Ser.Emp.
Out.ind.ext.
Couro
Máquinas e equipamentos
Out.ind.transf.
Out.Serv.Col.
Electricidade, gás e água
Act.Financeiras
Madeira e suas obrasQuímica
Mat.TransporteAloj.Rest.
Agric.Caça
Saúde
ComércioTransportes, arm.
comunicações
Textil
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
-4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Produtividade
Em
preg
o
Evolução Sectorial da Produtividade e do EmpregoT.M.A.C. (1995-2003)
3º Quadrante
2º Quadrante
1º Quadrante
4 Quadrante
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Os Custos de Trabalho por Unidade Produzida (CTUP)5 continuaram bastante abaixo dos
verificados nos países mais desenvolvidos, reflectindo, designadamente, o baixo nível de
produtividade da economia portuguesa. Entre 1995 e 2003, os CTUP cresceram em termos
médios anuais 1,5%6, evolução explicada por um crescimento das remunerações por
empregado mais acentuado do que o crescimento da produtividade (2,7% e 1,2%,
respectivamente).
Em termos sectoriais, a progressão dos CTUP foi particularmente significativa nos sectores
não mercantis. Nos sectores não transaccionáveis, foi sobretudo acentuado o crescimento dos
CTUP da “construção”, enquanto os sectores transaccionáveis registaram uma diminuição
significativa dos CTUP.
3. POSIÇÃO COMPETITIVA DOS SECTORES TRANSACCIONÁVEIS
Ao longo da última década, a posição competitiva da economia portuguesa7 manteve-se
desfavorável revelando que o ritmo de recomposição da carteira de actividades de Portugal foi
insuficiente para uma progressão do nosso posicionamento no comércio internacional.
Entre 1995 e 2004, é possível detectar quatro grandes tendências: (1) uma forte degradação
do posicionamento das únicas fileiras em que a posição de mercado é positiva, as fileiras
“têxtil” e “florestal”; na fileira “têxtil”, a perda de posição de mercado foi particularmente
visível no “vestuário”, “tecelagem” e “couro”, enquanto que na fileira florestal, se salientou a
perda nos “artigos de madeira” e no “papel”; recuo, igualmente, na posição da “electrónica de
consumo”, “cimento” e “cerâmica”; (2) apesar de se saldarem por posições de mercado
negativas, verifica-se uma evolução favorável no “material informático” e “artigos de
borracha”; (3) a emergência da fileira “veículos”, especialmente nas categorias “componentes
para veículos” e “automóveis e motociclos”; (4) a manutenção da posição favorável das
“bebidas”.
5 OECD Economic Surveys - Portugal April 2006.
6 Valores obtidos a partir das Contas Nacionais do INE, desagregadas a 31 ramos, a preços de 2000 e onde se utilizou para o cálculo da produtividade o VAB/ETC e para os CTUP ((Remunerações/ Emprego)/produtividade).
7 Indicador de posição de mercado desenvolvido pelo CEPII, utilizando a base de dados CHELEM: (Xik-Mik)/Wk*100 para cada ano onde Xik e Mik são, respectivamente, as exportações e as importações de um pais i no produto k e Wk é o comércio mundial do produto k.
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GRÁFICO 3
GRÁFICO 4
De acordo com o observado no período 1995-2004 podemos verificar no que diz respeito aos pontos fortes e fracos da economia8, três movimentos, embora com amplitude limitada: (1)
8 Indicador desenvolvido pelo CEPII com base nos dados do CHELEM
* Vantagens Comparativas Reveladas 1 = f ik = [yik - gik*yi]*ekn
yik = 1000* (xik-mik)/yi yi - PIB em dólares correntes
Fonte: CEPII - Chelem (versão Março de 2006)
Evolução da Posição de Mercado
-0,3
-0,6
1,1
0,3
-0,3
-0,6
-0,2
-0,3
-0,4
0
-0,2
-0,3
-0,4
-0,6
0,4
0,1
-0,4
-0,4
-0,3
-0,2
-0,1
-0,2
-0,2
-0,3
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Energia
Agroalimentar
Têxtil
Florestal
Química
Siderurgia
Minerais não ferrosos
Máquinas
Veículos
Eléctrica
Electrónica
N.E.S.
(%)1995 2004
Fonte: CEPII - Chelem (versão Março 2006)
Evolução das Categorias Produtivas com a Posição de Mercado mais Favorável
1,41,0
0,31,6
2,92,2
1,72,8
0,20,6
0,70,9
0,8-0,1
0,2-0,2
0,60,6
0,20,3
1,31,4
0,62,1
0,20,30,3
0,50,6
0,10,10,1
-0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
CimentoCerâmica
VidroVestuário
MalhasTêxtil-Lar
CouroArtigos de madeira
MobiliárioPapel
Electrónica de consumoMinerais não ferrosos
BebidasMoldes
ArmamentoTabaco
(%)1995 2004
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ganharam vantagem comparativa: sectores com conteúdo tecnológico médio e onde as economias de escala são o principal factor de competitividade, como os “veículos” e “produtos da borracha e matérias plásticas”; (2) mantêm vantagens comparativas, mas com tendência nítida de regressão: o “vestuário” e os “produtos do couro” e “outros minerais não metálicos”; (3) agravamento das desvantagens comparativas nos “produtos do petróleo e gás natural”, nas “alimentares e bebidas” e nos “equipamentos de rádio e comunicação”.
A fragilidade da carteira de actividades exportadoras percepciona-se com nitidez quando se confronta o desempenho das vendas ao exterior por grandes categorias produtivas – avaliado através da quota de mercado – com a dinâmica do comércio internacional, igualmente por categorias produtivas.
Conforme se constata na Figura 2 sobre o Perfil das Exportações de Portugal, 1998-2002, apenas um reduzido segmento dos produtos que Portugal coloca nos mercados externos, se enquadram nas actividades em expansão, “componentes para automóveis”, “fabricação de assentos”, “circuitos integrados” e “componentes para equipamento informático”; sendo que destas, têm uma expressão muito limitada as que se podem considerar como intensivas em conhecimento (representadas a azul claro). Verifica-se, por outro lado, que uma importante parcela das exportações portuguesas não tem registado ganhos de quotas de mercado, destacando-se, pela sua importância, os “veículos automóveis”, os “fios e cabos eléctricos”, “calçado”, “vestuário”, “têxtil-lar”, “artigos de cortiça natural” e “vinho” (3º e 4º quadrantes).
gik = (xik+ mik)/(xi+mi) xik - exportações do produto k feitas pelo país i
yi = 1000*(xi-mi)/yi mik - importações do produto k feitas pela região i
ekn = wkr/wr:wkn/wn xi - exportações totais do país i
mi - importações totais do país i
wk(0) - comércio mundial do produto k no ano o
wk(n) - comércio mundial do produto k no ano n
wn - comércio mundial total no ano n
wkr – comércio mundial do produto k no ano base (ano r = 2000)
wr – comércio mundial total no ano base (ano r = 2000)
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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FIGURA 2
Nota: a dimensão do círculo representa o valor da exportação do produto.
Fonte: ITC/UNCTAD; DPP
Actividades em regressão
Componentes para automóveis
Veículos comerciais
Moldes
Papel chave do IDE alemão na exportação
Papel chave do IDE francês na exportação
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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Os riscos associados a esta carteira de actividades tornam-se particularmente evidentes
quando se avalia a tipologia de produtos em termos de factores de competitividade. Através
da leitura do mesmo gráfico identificam-se como dominantes: os produtos em que as
economias de escala são o factor determinante de competitividade (representados a
vermelho); os produtos intensivos em trabalho (representados a amarelo) e os produtos cuja
competitividade se baseia na intensidade de recursos naturais (representados a verde).
Este perfil das exportações permite ainda verificar que todas as actividades em expansão (1º
quadrante), estão associadas a projectos de IDE em Portugal, sendo as multinacionais alemãs
e francesas protagonistas determinantes.
Os projectos de investimento estrangeiro desenvolvidos em Portugal foram os principais
responsáveis pelas alterações no padrão de especialização da economia portuguesa,
contribuindo para o aumento do conteúdo tecnológico dos produtos exportados e induzindo
ganhos em termos de produtividade.
Como acima referido, o investimento directo alemão tem assumido um papel chave na
economia nacional visível pela importância que as filiais das multinacionais têm ao nível das
exportações portuguesas, designadamente de veículos, componentes para automóveis,
electrónica, e pneus.
No entanto, verificou-se que a evolução do IDE em Portugal sofreu oscilações significativas,
tendo diminuído a sua importância na balança financeira.
De acordo com o Índice de Desempenho do IDE no país receptor9, o qual estabelece para 140
países um ranking da importância do investimento directo no país receptor, Portugal,
encontrava-se, em 2004, em 81º lugar, depois do Reino Unido, México e França e
imediatamente antes da Argentina, Israel e Malta. Esta posição foi das piores que Portugal
registou desde 1990 (12º lugar e 44º lugar em 2003).
Em particular no que se refere aos sectores transaccionáveis, Portugal tem revelado
insuficiências na atracção do IDE, perdendo terreno para os seus mais directos concorrentes, designadamente os novos Estados-membros da União. Entre 1995 e 2003, o IDE dirigiu-se
essencialmente aos sectores não transaccionáveis perdendo, progressivamente, importância
os investimentos externos afectos às actividades transaccionáveis. Os fluxos de IDE dirigidos aos sectores transaccionáveis representaram 0,1% do PIB, enquanto os fluxos totais de IDE
ascendiam a 2,4% do PIB.
9 World Investment Report 2005, UNTACD.
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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GRÁFICO 5
Nos sectores não transaccionáveis, salientou-se a predominância do IDE dirigido,
designadamente, às “telecomunicações”, “actividades financeiras” e aos “serviços de
consultoria jurídicos e de contabilidade” e “outros serviços prestados às empresas” e, ao nível
dos serviços não transaccionáveis, destacou-se o “comércio”.
4. PRESENÇA NO EXTERIOR
A internacionalização da economia nacional tem-se vindo a afirmar pela via do investimento
directo. O investimento directo dirigiu-se, dominantemente, a países com proximidade
linguística, cultural e histórica ou geográfica, nomeadamente, Brasil, Espanha, França, Reino
Unido, Suíça, Alemanha e EUA.
A evolução positiva do IDPE (investimento directo de Portugal no exterior) foi motivada,
fundamentalmente, por um reduzido conjunto de empresas nas áreas dos serviços não
transaccionáveis (“electricidade, gás e água”, “construção” e “comércio”) e dos serviços
internacionalizáveis (“telecomunicações”, “actividades financeiras” e “serviços prestados às
empresas”), sendo ainda importante a presença de empresas pertencentes a sectores
trabalho e recursos intensivos (“madeira e suas obras” e “outros minerais não metálicos”).
Segundo o Índice de Desempenho do Investimento Directo do País no Exterior, estabelecido
para 132 países, Portugal ocupava, em 2004, o 15º lugar atrás do Chipre, Canadá e Reino
Unido e à frente da França, Áustria e Austrália (40º lugar em 1990 e 19º em 2003).
Fonte: UNCTAD; DPP
Evolução do IDE em Portugal por Sector de Actividade(Estrutura dos saldos)
-40-20
020406080
100120
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
(%)
Transaccionáveis Não TransaccionáveisNão Especificado
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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5. UMA MUDANÇA NA CARTEIRA DE ACTIVIDADES
A tradicional carteira de actividades que caracteriza a presença de Portugal no comércio
internacional de bens e serviços está a ser, e continuará a ser, fortemente concorrenciada
pelas economias emergentes e em desenvolvimento, não podendo oferecer no futuro, e por si
só, uma base sólida de crescimento de exportações e de geração de emprego. Portugal, fruto
da dinâmica dos preços relativos dominante na economia, bem como do padrão de
distribuição de riscos no investimento, canalizou o investimento dos principais actores
empresariais locais para o imobiliário (residencial, turístico, comercial e de escritórios), para a
distribuição, para as indústrias de rede que servem o mercado interno e para os sectores de
utilidade pública que o Estado vai abrindo à iniciativa privada, pouco contribuindo para a
diversificação da oferta de bens e serviços no mercado internacional (com a excepção
eventual do turismo). Se se tiver em conta que a maioria da capacidade empresarial do país
está hoje concentrada ou na produção de bens e serviços não transaccionáveis (de cuja
modernização tem resultado uma significativa melhoria de qualidade de vida) ou na produção
de bens e serviços transaccionáveis sofrendo forte competição internacional por parte das
economias emergentes (cuja dimensão tende a diminuir, com tendência para uma
reorientação para segmentos mais dinâmicos), uma melhoria significativa da presença de
Portugal nos mercados internacionais dependerá (sobretudo) da capacidade de atracção de
IDE (ou de uma nova – e surpreendente – capacidade de geração de actividades inovadoras e
globais, de alto valor acrescentado mas pouco criadoras de emprego – embora muito
qualificado - e ainda de pequena – embora muito importante – expressão).
Uma pequena economia aberta como a portuguesa, se quiser crescer de forma sustentada,
tem que responder a quatro exigências estruturais: (1) aumentar o emprego e a
produtividade nas actividades mais mergulhadas na competição internacional, o que implica
diversificar cada vez mais pronunciadamente as actividades para segmentos e sectores que, à
partida, permitam obter produtividades superiores à média actual; e ascender na cadeia de
valor das indústrias tradicionais, tendo a consciência que esse processo, se afecta
favoravelmente a produtividade, não será gerador de emprego; (2) particularmente
importante é aumentar o emprego nos serviços transaccionáveis e susceptíveis de concorrer
no mercado internacional, quer os menos exigentes em qualificações tecnológicas, quer os
que se baseiam numa elevada capacidade na área da engenharia ou da gestão ou que supõem
uma elevada criatividade artística e um esforço consistente de design dos produtos compatível
com a dinâmica de evolução dos estilos de vida e dos padrões de consumo dos clientes
potenciais; (3) introduzir uma maior competição nos serviços tradicionalmente protegidos da
concorrência internacional, afim de obter por um lado uma maior eficiência na sua prestação,
com menores custos para os utilizadores e, por outro, uma redução da parte da formação de
capital fixo que absorvem, incentivando que uma parte maior do investimento se canalize
para os dois grupos de actividades anteriores; (4) intensificar o uso das TIC para organizar
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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em rede a oferta de bens e serviços, assegurando às empresas uma maior presença nos
mercados internacionais.
A transformação da “Carteira de Actividades” mais internacionalizadas, e das respectivas
Competências, deverá incluir três vertentes distintas: (1) actividades que contribuam para
elevar a produtividade em sectores que estão em processo inevitável de perda de emprego,
por forte competição internacional de economias com menor custo de mão-de-obra; (2)
actividades geradoras de emprego mas pouco contribuindo para o aumento da produtividade
da Economia (a não ser pelo emprego de recursos humanos anteriormente desempregados),
devendo situar-se, quer em sectores com forte crescimento da procura internacional, quer em
sectores de serviços internos com forte potencial de crescimento para servir as populações;
(3) actividades que contribuam para a elevação da produtividade da economia e sejam
capazes de gerar emprego qualificante (o que numa pequena economia aberta significa
actividades com forte crescimento no comércio internacional e que tenham produtividades
superiores à média do País), de preferência combinando actividades numa fase ascendente ou
numa fase madura do seu “ciclo de vida”, mas ainda em processo de deslocalização, com
actividades ainda na fase inicial desse ciclo, ou seja com longo “tempo de vida dinâmica” à
sua frente.
Por sua vez, neste último grupo de actividades é ainda possível distinguir três tipos distintos
de segmentos a explorar, tendo em consideração que a principal limitação que Portugal
defronta para poder explorar as áreas de actividade” que acabamos de referir é o nível de
qualificação da sua população activa: (3.1.) segmentos capazes de gerar crescimento elevado
de emprego, para um nível de qualificações médio/baixo; (3.2.) segmentos que permitam
fixar em Portugal talentos e competências de alto nível, se possível com base nos pólos de
excelência de I&D e nas actividades emergentes já existentes; (3.3.) segmentos – em número
necessariamente reduzido – em que se combine simultaneamente a capacidade de fixar
talentos e competências de alto nível e de criar emprego para um nível de qualificações
médio/baixo.
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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A Figura 3 ilustra o que poderia ser uma nova “Carteira de Actividades” para Portugal no
horizonte 2015:
Figura 3 – Portugal: Exemplos de Actividades Motoras no Horizonte 2015
Turismo e Acolhimento
Oceanos e Energia
Teleserviços
Robótica
Telemedecina
Sistemas de Mobilidade Fármacos Marinhos
Têxteis Técnicos
Moda e Design
Agricultura de Especialidade
Plásticos Técnicos
Energias renováveis
Electricidade descentralizada
Soluções “virtualidade” "
Novas soluções p/ transp. urbano
LEGENDA
Actividades que contribuem para o aumento da produtividade da Economia e geram emprego “Amortecedores de desemprego” - actividades que contribuem para o aumento da produtividade da Economia, em sectores em perda líquida de emprego Actividades essencialmente geradoras de emprego, globalmente com contributo reduzido para o aumento da produtividade da Economia “Geradores endógenos de inovação” - actividades incentivadas pelo Estado que permitem responder às preocupações de sustentabilidade ambiental e segurança energética capazes de gerar soluções inovadoras susceptíveis de serem exportadas e que permitam estar presente desde a fase inicial da respectiva curva de aprendizagem
Saúde – Equipamentos, Dispositivos e Produtos
Mobilidade / Aeronáutica
Comunicações e Conteúdos Consumíveis
Hospitalares
Comunicação, navegação e multimédia p/ mobilidade
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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Seguidamente ir-se-á apresentar de forma muito breve o que poderá ser o “conteúdo” e as
oportunidades subjacentes a cada uma destas “camadas”/tipos de actividades.
Turismo e Acolhimento
O Cluster Turismo/Acolhimento ocupa uma posição central neste conceito já que desempenha
três funções: (1) permite ampliar a exportação de serviços geradores de emprego exigindo
qualificações médias/baixas, mas podendo integrar actividades de apoio muito exigentes em
competências específicas; (2) contribui para a atracção de outras actividades de serviços
internacionais que podem beneficiar das infra-estruturas e das amenidades criadas ou
valorizadas pelo turismo, como sejam actividades ligadas aos cuidados de saúde, aos eventos
institucionais, ao apoio às actividades desportivas, à instalação de centros de formação
internacionais ou de empresas multinacionais ou à instalação de centros de teste de várias
indústrias etc.; (3) contribui para a atracção de novos residentes com níveis de rendimento
elevados e exigências em termos de saúde, entretenimento e cultura que podem contribuir
para a dinamização do mercado doméstico.
A intervenção do Estado no sector de turismo e acolhimento não se deve traduzir em
incentivos às empresas, já que se trata de um sector reconhecidamente rendível e facilmente
mobilizador de capitais privados, mas sim no investimento em quatro áreas cruciais para
competitividade e ascensão na cadeia de valor situados a montante: (1) os recursos hídricos;
(2) as instalações de saúde, (3) a gestão do solo e do urbanismo; e (4) a criação de um
capital simbólico, apoiado no património histórico e cultural rendível.
Três possíveis vertentes de desenvolvimento: (1) desenvolvimento das actividades de acolhimento que assentam na mesma dotação de factores naturais do que turismo e que podem aproveitar infra-estruturas do turismo mas que são uma realidade distinta – dos estágios desportivos aos congressos, dos serviços de reabilitação aos centros de formação das empresas multinacionais, etc.; (2) um forte crescimento do turismo residencial dirigido às classes médias da Europa do Norte, mercado para onde uma parte mais significativa das actividades de promoção imobiliária e construção se poderiam dirigir; turismo exigente em qualidade ambiental, bons sistemas de saúde, transportes aéreos e animação cultural e artística; (3) um forte crescimento do turismo associado a valências distintas do sol – praia, embora nalguns casos se possam combinar com elas como o desporto (golf, desportos radicais), o jogo (casinos e corridas de cavalos), a cultura e a fruição do património, os eventos, etc..
Teleserviços
Trata-se de um cluster que assenta na possibilidade de prestação de serviços à distância,
apoiando-se nas TIC e que abrange uma gama diversificada de actividades, desde aquelas
que exigem qualificações baixas ou permitem a realização em trabalho temporário, como os
call centers e os centros de atendimento e assistência técnica à distância; aos serviços
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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partilhados de empresas multinacionais, envolvendo a maioria das actividades de back office
(processamento de pagamentos, contabilidade, gestão das relações com os clientes etc.); até
ao desenvolvimento de Web services sofisticados destinados a assegurar a presença no
ciberespaço de clientes empresariais. Apostar na instalação em larga escala de empresas de
serviços partilhados, de web services e de serviços de assistência técnica e monitorização à
distância e de outros tele-serviços.
“Amortecedores de Desemprego”
Incluem-se aqui actividades que podem reabsorver emprego libertado no norte e centro do
país, em consequência da contracção de actividades exportadoras tradicionais mão-de-obra
intensivas e que permitiriam a sua utilização em outras actividades exportadoras com
produtividades elevadas. São exemplos: Moda e Design; Têxteis Técnicos e Vestuário
Inteligente; Consumíveis Hospitalares; Plásticos Técnicos; Agricultura de Especialidades
(flores, plantas ornamentais, frutos, agricultura biológica etc.).
As políticas públicas de intervenção nas regiões em que se localizam as actividades mais
atingidas pela concorrência internacional deveriam incluir uma actuação concertada para
incentivar o desenvolvimento destas actividades que poderão reempregar aqueles
trabalhadores que se envolvam em acções de formação a elas especificamente dirigidas.
Geradores Endógenos de Inovação
Um conjunto de actividades incentivadas pelo Estado e que permitem responder às
preocupações de sustentabilidade ambiental e segurança energética e que se concretizam no
mercado doméstico devem ser orientadas com o objectivo de gerar soluções inovadoras
susceptíveis de serem exportadas e que permitam estar presente desde a fase inicial da curva
de aprendizagem dessas soluções. Quatro segmentos podem ser desde já identificados: (1)
soluções de produção descentralizada de electricidade para utilizações urbanas com base na
utilização do gás natural; (2) soluções inovadoras de produção de electricidade utilizando
energias renováveis; (3) soluções de transporte urbano não poluente; (4) soluções de
simulação/realidade virtual que permitam comunicação e trabalho à distância dispensando o
recurso à mobilidade em actividades complexas.
Saúde – Equipamentos, Dispositivos e Produtos
São três as razões do interesse que, para Portugal, podem ter as Indústrias Biomédicas,
enquanto foco principal de atracção de investimento estrangeiro na indústria, na década
actual (especialmente para a região do Norte Litoral): (1) as actividades que se incluem na
área funcional “Saúde” serão seguramente das que mais vão crescer no comércio com as
zonas desenvolvidas do mundo, em parte pela própria dinâmica demográfica que atravessa
essas regiões; no seio desta área as indústrias biomédicas – medicamentos, meios de
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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diagnóstico, equipamento médico e consumíveis hospitalares – continuarão a constituir o
sector mais internacionalizável, embora os cuidados de saúde e a reabilitação sejam também
atravessados por dinâmicas de deslocalização; (2) as indústrias biomédicas assentam num
cruzamento de um intenso esforço de I&D em áreas que vão das ciências biomédicas às
engenharias – electrónica e tecnologias da informação e tecnologias dos materiais e por outro
no domínio de competências de fabrico das mais exigentes, embora em muitos casos trabalho
intensivas, constituindo uma actividade com efeitos espalhados pelo tecido industrial; (3) o
equipamento médico e os consumíveis hospitalares, em particular podem exercer um efeito de
arrastamento sobre múltiplos sectores em que já existem competências consolidadas em
Portugal ou em que é possível adquiri-las em tempo útil – desde a transformação de matérias
plásticas e respectivos moldes, à mecânica de precisão, ao processamento de sinal e
electrónica, aos têxteis técnicos.
A criação no médio e longo prazo de um cluster de Equipamento Médico e Consumíveis
Hospitalares em Portugal vai ter que assentar quase exclusivamente na atracção de IDE, dado
que, só existem duas ou três empresas industriais com alguma dimensão activas neste sector
em Portugal e orientadas para a exportação10. O objectivo passaria por transformar Portugal
num dos principais pólos europeus de concepção e fabrico de consumíveis hospitalares,
“puxando” pelas competências no têxtil, no papel e fibras celulósicas e nos plásticos, e numa
base de produção competitiva de componentes e dispositivos para as multinacionais da
engenharia biomédica; desenvolver as actividades na área da Engenharia Biomédica e das
tecnologias da informação e comunicação aplicadas à medicina e ao funcionamento dos
sistemas de saúde; desenvolver actividades de serviço às multinacionais farmacêuticas –
desde os testes, à fabricação por outsourcing, ao desenvolvimento de novas substâncias ou de
novos métodos de administração de fármacos – embora este tipo de actividades seja
extremamente exigente em normas de qualidade; criar um sector internacionalizado de
prestação de cuidados de saúde e de reabilitação, apoiando-se na instalação de clínicas e/ou
hospitais de renome internacional.
Comunicações e Conteúdos
Os equipamentos de comunicações, cada vez mais integrados com funções de computação e
entretenimento constituem uma área de forte crescimento futuro, assim como as novas áreas
dos jogos para computador e das aplicações multimédia para terminais móveis. Algumas
opções possíveis: (1) aposta na área do software para serviços e conteúdos para terminais
móveis, desde o entretenimento digital à gestão e segurança de transacções e na área de
software para entretenimento (dos objectos interactivos aos jogos de computador, à animação
e outros conteúdos para Digital Media) e nos conteúdos para o e-learning como áreas de
10 Como são os casos da PRONEFRO na área dos dispositivos e equipamentos para hemodiálise, da FAPOMED em contract manufacturing de consumíveis hospitalares e da BASTOS & VIEGAS no fabrico de alguns consumíveis de base têxtil.
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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produção de software a desenvolver no futuro, podendo encarar-se a atracção de uma grande
empresa mundial nesta área (ex: PIXAR) como elemento-chave para criar um cluster neste
tipo de actividades; (2) atracção de uma das grandes empresas mundiais de Electronic
Manufacturing Services que oferecem a nível global a base de fabricação aos OEM dos
sectores de equipamento de comunicações, de informática e de networking11, com o objectivo
de criar as condições para a instalação em Portugal de uma base europeia de produção
electrónica organizada em torno de empresas ODM – Original Design Manufacturers e EMS –
Electronic Manufacturing Services, que permitiriam a Portugal beneficiar da dinâmica do
outsourcing existente na indústria; (3) atrair uma ou duas empresas pioneiras no
desenvolvimento dos sistemas de comunicações wireless fixas de banda larga, contando que o
mercado para este tipo de tecnologia se vai expandir na Europa;
Telemedecina (zona de interface Saúde – Comunicações e Conteúdos):
Desenvolvimento de competências na área da telemedicina e da gestão da informação em
sistemas hospitalares.
Mobilidade/Aeronáutica
O Sector Automóvel foi aquele em que Portugal conseguiu atrair um maior número de
investimentos directos internacionais durante a década de 90. Hoje é uma indústria ainda
mais difícil para captar IDE para Portugal por três razões: (1) o excesso de capacidade
instalada na Europa, que só poderá ser agravado se um aumento significativo e continuado do
preço do petróleo fizer cair a procura interna à UE; (2) o surgimento dos novos países
membros da UE – Polónia, Hungria, Rep. Checa e Eslováquia – como pólos de atracção de IDE
do sector; (3) a importância da indústria automóvel em Espanha que tudo fará para manter os
construtores que ali estão hoje instalados.
Tal não impede que se possam identificar três tipos de oportunidades de desenvolvimento do
cluster automóvel em Portugal: (1) consolidação das funções de fabrico e integração de
veículos, por forma aumentar a dimensão desta fase em território português e o grau de
incorporação de componentes/módulos a fabricar em Portugal que ela torne possível. Sem um
polo relevante em termos ibéricos de fabrico automóvel a sobrevivência de fabricantes
nacionais de componentes ficaria ainda mais ameaçada. A orientação deverá ser para
11 Com efeito, a desagregação e fragmentação das cadeias de valor nas indústrias globais, liderada pela electrónica/tecnologias de informação, surgiu um novo tipo de empresas multinacionais de grande dimensão, quase desconhecidas do público - as Contract Manufacturing Entreprises - que asseguram para as OEM grande parte das operações de fabrico e montagem final de componentes e equipamentos, participando no próprio desenvolvimento de produtos, por forma a tornar mais económica a sua fabricação em larga escala, mas com maiores diferenciações, desenvolvendo competências específicas na área das tecnologias de fabrico, da logística e da gestão de redes de fornecimento; hoje são essas empresas multinacionais que podem criar mais emprego de qualificações intermédias em países relativamente periféricos como Portugal, já que as OEM estão cada vez mais polarizadas no seu investimento directo pelas funções de I&D e/ou pela presença fabril e de marketing nos países que apresentam grandes mercados dinâmicos; a escolha poderá incidir entre empresas como a CELESTICA, a FLEXTRONICS; a SANMINA; SOLECTRON, etc..
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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produtos de nicho, nomeadamente susceptíveis de venda na Europa e nos EUA12; (2) atracção
para Portugal de um OEM fabricante de veículos com motorização híbrida quer em veículos
comerciais quer para transporte urbano (ex: da TOYOTA no primeiro caso e da DAIMLER BENZ
no segundo), se houver um programa nacional de substituição em larga escala das frotas de
veículos urbanos por novas motorizações; (3) desenvolvimento de um pólo de competência
específico de Portugal no módulo “Habitáculo” – onde se esperam fortes pressões simultâneas
de redução de custos e de inovação – onde possam convergir empresas portuguesas das
áreas metalomecânica, dos moldes e plásticos técnicos e dos têxteis técnicos.13
Quanto ao Sector Aeronáutico, sendo no essencial um sector maduro, é um sector gerador
de múltiplos efeitos de arrastamento nas estruturas económicas em que se consolida, quer
por via da variedade dos fornecimentos de subsistemas e componentes que exige e podem
provir de variados sectores de actividade; quer pela exigência de qualidade e competência
tecnológica que supõe quer ainda pela criação de empregos qualificados que proporciona. Este
sector, com o fim da guerra-fria e a intensa competição nos fornecimentos às companhias
aéreas, tem vindo a consolidar-se à escala mundial, levando à liquidação de dezenas de
milhares de postos de trabalho e libertando milhares de engenheiros e outros especialistas.
Portugal apresenta potencial para desenvolver as actividades aeronáuticas em torno de três
direcções: a manutenção de aviões construídos em materiais “clássicos”; a subcontratação
para construtores aeronáuticos que centrem os seus novos modelos na utilização de materiais
compósitos; e a atracção de construtores do que poderíamos considerar mercados nichos
(aviões de desporto, aviões utilitários, aviões sem piloto (UAV), etc.) para se instalarem em
Portugal.
A possibilidade de Portugal poder utilizar a atracção de IDE para um sector com estas
características e esta evolução recente sector como uma alavanca poderosa para a
diversificação da sua carteira de actividades industriais exige uma definição muito realista dos
focos em que se poderia concentrar a atenção no que respeita aos segmentos e empresas que
podem ser encarados como tendo hipóteses de se instalarem no País. Nesses sentido poder-
se-ão referir como linhas condutoras para o reforço das actividades aeronáuticas as três
seguintes: (1) apostar na presença da EMBRAER e da EADS no capital das OGMA para
alcançar três objectivos – fazer das OGMA um centro de manutenção-chave na Europa da
STAR Alliance, a que pertence a TAP, para toda a família de aviões AIRBUS; fazer das OGMA o
centro de manutenção da EMBRAER para a Europa e África; obter, nomeadamente junto dos
12 Como parceiros possíveis podem referir-se quer os Gabinetes Internacionais de Engenharia e Design Automóvel à procura de novas capacidade de fabrico para responderem ao outsourcing global da concepção e fabrico de veículos de nicho por parte dos OEM, quer os OEM asiáticos em fase de implantação na Europa quer os integradores não OEM (ou seja empresas capazes de fazer a engenharia de produção e de fabricar em termos competitivos veículos de nicho para as OEM).
13 O módulo “Habitáculo” tem a vantagem suplementar de poder articular-se quer com o sector Aeronáutico quer com o de Material Ferroviário.
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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parceiros alemães da EADS maiores volumes de subcontratação no que respeita a
subsistemas para incorporação em aviões fabricados pela EADS; (2) prosseguir o
fortalecimento do pólo de Aviação Geral, em torno da MOTORAVIA, DYNAERO, SKYLANDER,
procurando atrair mais construtores deste segmento; (3) construir uma vertente paralela de
desenvolvimento, completamente independente da EADS (que tem em Espanha o seu parceiro
privilegiado na Península Ibérica), e orientada para dois nichos de mercado – os Business Jets
e os Aviões sem Piloto (UAV), quer para fins civis quer militares (incluindo a prevenção de
incêndios e a vigilância marítima); estes dois segmentos estão entre os que mais
intensamente incorporam materiais compósitos nas aero-estruturas e, por isso, encontram-se
numa linha de evolução futura fundamental da aeronáutica – a mudança de materiais
estruturais em direcção aos compósitos.
Sistemas de Mobilidade (zona de interface Comunicações e Conteúdos –
Mobilidade): desenvolvimento de competências na área de novas soluções para prestação de
serviços de transportes nas áreas metropolitanas, com recurso à utilização intensiva de
tecnologias da informação e comunicação, no sentido de assegurar uma mobilidade
sustentável.
Comunicação, navegação e multimédia para a mobilidade (zona de interface
Comunicações e Conteúdos – Mobilidade): enriquecimento das actividade das
multinacionais da electrónica automóvel instaladas no País – e que fazem de Portugal um dos
maiores exportadores europeus de auto-rádios – no sentido de o transformarem numa base
de concepção e fabrico de equipamentos avançados para a comunicação, navegação e
multimédia automóvel.14
Oceanos e Energia
Possíveis opções: (1) Transformar Portugal numa base de apoio sofisticada – em termos de
engenharia oceânica e de serviços de assistência técnica – às empresas petrolíferas que
operam na bacia energética da África Ocidental, em exploração offshore15; (2) aproveitar as
contrapartidas de aquisição de submarinos para participar no desenvolvimento de soluções de
produção de electricidade baseada em fuel cells;16 (3) avançar experimentalmente no
desenvolvimento com parceiros internacionais na exploração da energia eólica em offshore
com base nas novas tecnologias VAWT (vertical-axis wind turbine) e da energia das ondas, em
vez de apostar nas tecnologias maduras da energia eólica tradicional; (4) avançar, primeiro
14 Empresas a considerar neste âmbito poderiam ser a BLAUPUNKT/BOSCH ou a VISTEON.
15 Um dos primeiros esforços nesta direcção poderia ser uma joint-venture com uma das Universidades americanas mais prestigiadas na área da engenharia do petróleo. As alianças internacionais da GALP, presentes na referida bacia energética, poderão constituir-se como parceiros chave.
16 Em que está empenhado o estaleiro alemão construtor dos submarinos para a Marinha portuguesa.
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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em termos experimentais, com a utilização de fuel cells para a produção descentralizada de
electricidade com base no gás natural e apostar na vantagem de ser local de teste para vir a
participar na futura cadeia de fabrico deste tipo de soluções.
Robótica (zona de interface Mobilidade/Aeronáutica – Oceanos): desenvolvimento das
competências em robótica para aplicações submarinas e em aviões não tripulados.
Desenvolver um pólo de concepção e fabrico de equipamento e módulos para electrónica e
robótica submarina e de equipamentos para monitorização dos oceanos17.
Fármacos Marinhos (zona de interface Oceanos – Saúde): desenvolvimento de
competências na área da biologia de seres vivendo em ambientes extremos no fundo do mar
e de biologia marinha para descoberta de novos fármacos (vd. localização privilegiada dos
Açores).
17 Capitalizando o grande interesse e a variedade de competências existentes em Portugal na área da robótica.
(D)PP 3 - Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades
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REFERÊNCIAS
DPP (2006), Evolução Macroeconómica 1995-2005, Prospectiva e Planeamento nº13, pp. 113-170,
disponível em http://www.dpp.pt/pages/files/diagnostico_prospectivo.pdf.
DPP (2006), Portugal. Visão 2015. Contributo para o Quadro de Referência Estratégica Nacional
(QREN), Prospectiva e Planeamento nº13, pp. 11-62, disponível em
http://www.dpp.pt/pages/files/visao_2015.pdf.