por uma educaÇÃo democrÁtica - guarulhos.sp.gov.br · referência que tensiona a realidade e...
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Sumário
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 4
SOBRE O PROCESSO DE (RE)ELABORAÇÃO DO PPP DAS ESCOLAS MUNICIPAIS – Celso
Vasconcellos ............................................................................................................................................................ 7
MARCO SITUACIONAL..................................................................................................................................... 26
1 - Visão de Mundo ........................................................................................................................................... 27
MARCO FILOSÓFICO ........................................................................................................................................ 30
2 - Que Sociedade Desejamos Construir? ......................................................................................................... 31
3 - Ser Humano .................................................................................................................................................. 33
4 - Finalidade da Escola .................................................................................................................................... 36
MARCO OPERATIVO ......................................................................................................................................... 40
5 - Trabalho com o Quadro de Saberes Necessários (QSN) - Proposta Curricular ........................................... 41
6 - Tempos e Espaços ........................................................................................................................................ 44
7 - Metodologia de Ensino ................................................................................................................................ 46
8 - Relação Professor-Educando/Disciplina em nossa Escola ........................................................................... 51
9 - Avaliação da Aprendizagem ........................................................................................................................ 54
10 - Hora-Atividade ........................................................................................................................................... 56
11 - Diversidade e Inclusão Educacional ........................................................................................................... 59
12 - Perfil dos Professores ................................................................................................................................. 62
13 - Perfil do Professor Coordenador Pedagógico ............................................................................................. 65
14 - Perfil da Gestão Escolar ............................................................................................................................. 70
15 - Perfil dos Profissionais da Escola .............................................................................................................. 72
16 - Relações Interpessoais em nossas Escolas ................................................................................................. 73
17 - Participação e Organização dos Educandos ............................................................................................... 76
18 - Participação da Família em nossas Escolas ................................................................................................ 79
19 - Participação da Comunidade ...................................................................................................................... 80
20 - Estrutura e Organização da Escola ............................................................................................................. 83
21 - Relacionamento entre as diferentes Etapas/Modalidades de Ensino .......................................................... 86
22 - Relacionamento da nossa escola com outras escolas da Prefeitura ............................................................ 88
23 - Relação entre Escola e Secretaria de Educação ......................................................................................... 89
SISTEMATIZAÇÃO DAS CONCEPÇÕES DA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO: BALANÇO E
PERSPECTIVAS .................................................................................................................................................. 94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 104
INTRODUÇÃO
A trajetória de uma Rede de Educação é marcada por uma caminhada não linear,
composta de desvios, desafios e avanços que vão dando forma ao que pensamos, desejamos,
sentimos e construímos. Sua característica é a dinâmica entre os elementos que a compõem,
visto que está organizada segundo uma complexidade. Se pensarmos no sentido original da
palavra “complexidade” como aquilo que “está tecido junto”, não podemos separar o todo de
suas partes, bem como as partes do todo. É a dinâmica entre todo e partes que dá à Rede de
Educação sua complexidade e, portanto, sua irredutibilidade como organização em constante
movimento.
Nessa perspectiva, um projeto de educação é sempre um horizonte de princípios com
base nos quais as escolas estruturam sua dinâmica e sua caminhada própria. Em outras
palavras, uma rede pressupõe pensar também em sistemas abertos e interativos, compostos de
subjetividades, representações, tensões e expectativas que a configuram como algo vivo.
Partindo do horizonte vislumbrado nessa caminhada coletiva é que surge esta
publicação. Ela resulta de uma construção de muitos sujeitos em que várias vozes ecoam,
caracterizando uma polifonia inerente a processos plurais de planejamento e de ação. Este
trabalho é a expressão de um projeto de educação que busca efetivar a gestão democrática
como princípio de uma educação que reconhece e valoriza as diferenças. A unidade que lhe
corresponde não é, sob nenhum aspecto, homogeneidade.
É com tal entendimento que concebemos a importância do Projeto Político-
Pedagógico (PPP) e sua sistematização. Esse instrumento é uma referência de organização da
escola como um projeto global, delineando o que se busca e também as possibilidades de ação
em cada uma das dimensões que compõem a atividade escolar. A explicitação do projeto de
educação assumido marca nossa posição diante do mundo e caracteriza a base do que é
esperado na atuação de cada instituição.
Desse modo, esta publicação reafirma nossas escolhas e nosso Projeto Político-
Pedagógico, na medida em que educandos, educadores e toda comunidade escolar foram
chamados a expressar “a escola que queremos” e, juntos, delinear o melhor caminho para
chegar aonde desejamos. Seu caráter de síntese é resultado da reunião dos elementos que
emergiram das próprias escolas durante a (re)elaboração de seu PPP, desde 2013, expresso
nos Marcos Referenciais (MRs). Ela possui um caráter geral e estruturante das concepções
construídas ao longo das últimas décadas pelos profissionais da Rede Municipal de Educação.
Trata-se de uma publicação oportuna como produto de uma trajetória percorrida
coletivamente e que, por outro lado, explicita os princípios, critérios e valores que apontam a
continuidade do percurso a ser trilhado.
Como resultado, é uma publicação que funciona como um “guarda-chuva” no interior
do qual se organizam uma série de ações e projetos, encerrando o ciclo das publicações
estruturantes do Projeto Político-Pedagógico da Rede Municipal, cujo início se deu com a
sistematização do Quadro de Saberes Necessários, em 2009. “Encerrar” aqui tem o sentido de
mera conclusão de uma etapa, e não o de fechamento, pois a educação é um processo
ininterrupto e, por isso, interminável, já que estamos sempre buscando a realização de nossa
vocação histórica e ontológica de ser mais, como nos ensina Paulo Freire (1921-1997).
*
Esta publicação tem como objetivo sistematizar o conjunto das concepções da Rede
Municipal de Educação reafirmados no processo de (re)elaboração dos Projetos Político-
Pedagógicos das escolas municipais. Sua base são os Marcos Referenciais, nos quais as
escolas apresentam seu sonho referente a um conjunto de dimensões estruturantes do seu
trabalho.
Assim, o que se verá nas próximas páginas é um texto de autoria coletiva, pois é a
expressão dos sujeitos que participaram dessa construção em cada uma das escolas. O texto
traz as palavras das próprias escolas e é resultado de um processo de sistematização levado a
cabo por um Grupo de Trabalho (GT) composto por diretores escolares e profissionais do
Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas (DOEP).
Nesse trabalho, a máxima fidelidade ao que escolas trazem constitui o principal
critério, que orientou a elaboração do texto e a expressão das diferentes vozes que nele se
expressam. Não obstante a necessidade de uma formalização da expressão na publicação, o
que se buscou foi apresentar, em uma escrita coerente o próprio movimento de afirmação de
concepções que emergiu de cada MR. Como sistematização, o texto que apresentamos é mais
um resultado do processo de planejamento participativo vivenciado.
Do ponto de vista técnico, o texto apresenta princípios, critérios e valores que
estruturam a ação da escola. Ele não é nem Diagnóstico da realidade educacional, nem
Programação, não elencando ações para a superação dos desafios, mas, antes, fornecendo a
referência que tensiona a realidade e gera o movimento dialético da transformação. É uma
bússola para o exercício de reflexão sobre a função social da escola e, portanto, orienta seu
planejamento para uma atuação comprometida com a formação de cidadãos críticos, atuantes
e felizes.
Metodologicamente, este texto é resultado de um planejamento participativo, como
uma linha de trabalho que defende a horizontalidade na expressão das diferentes vozes, isto é,
dos diferentes sujeitos envolvidos e comprometidos com determinada ação. Daí a busca pela
fidelidade ao que as escolas expressam no contexto de uma educação de qualidade social,
como referência emancipatória.
Em sua estrutura, a publicação segue a maneira como as escolas sistematizaram o
Marco Referencial de seu PPP. Foi realizada a sistematização de 23 dimensões de referência
de 139 projetos escolares.1 As etapas consistiram em: 1) compilação dos textos de cada uma
das 23 dimensões do PPP; 2) sistematização de cada uma das dimensões pelo GT.
A publicação de que esta sistematização resulta deve ser vista como um esforço de
depreender um “pensamento, desejo, manifesto comum” da nossa rede, aberto à alteridade e à
diferença; em uma palavra, aberto à pluralidade. Propomos que esta sistematização seja vista
como um conjunto de linhas potentes que abrem possibilidade de pensamento e nos convidam
a aperfeiçoar a ação própria de cada contexto. Os princípios, critérios e valores não servem
como resposta aos problemas da prática, mas sim como referência para reflexão sobre a ação.
Por fim, entregamos à cidade de Guarulhos esta publicação que, a rigor, é da Rede
Municipal de Educação. O que desejamos com ela é explicitar um horizonte educativo
organizado em dimensões que, em conjunto, dão forma a nossa busca por uma educação
de/com qualidade social para todos. Que todos tenham uma ótima leitura e que este trabalho
produza novas reflexões na direção de fortalecer este projeto educativo construído a muitas
mãos.
1 As 139 escolas enviaram à Secretaria Municipal de Educação o documento intitulado Marco Referencial, que
compõe a primeira parte do texto que busca a expressão em máxima fidelidade do Projeto Político-Pedagógico
de cada instituição, assumido coletivamente em cada comunidade escolar.
SOBRE O PROCESSO DE (RE)ELABORAÇÃO DO PPP DAS
ESCOLAS MUNICIPAIS – Celso Vasconcellos
Conforme o processo educativo na Rede Municipal foi avançando, sentimos
necessidade de explicitar mais nossas opções, sistematizar nossas práticas, nossos princípios
educativos, enfim, o Projeto Político-Pedagógico. Em vários momentos, dava-nos conta de
que a riqueza de caminhada da Rede e das Escolas contrastava com a limitada explicitação
formal dos princípios. Investir na sistematização foi fundamental para balizar os avanços, para
fazer a memória do sentido, num mundo tão fragmentado e alienante, assim como para servir
de referência aos novos companheiros de trabalho que foram (e ainda serão) incorporando-se
às escolas nas mais diversas funções.
Entre o projeto da escola e o da rede municipal de educação há um movimento de mão
dupla: a construção do Projeto da Rede embasa, referencia, revitaliza o Projeto da Escola. Ao
mesmo tempo, o PPP da Escola alimenta, subsidia, concretiza o PPP da Rede.
I- Processo de (Re)Elaboração dos PPPs das Escolas
Procuramos reconhecer, desde o início, as diferentes trajetórias (currículos) dos
educadores e das escolas, o que implicou múltiplas possibilidades de leitura e de diálogo.
Esforçamo-nos para que cada professor, cada educador — pessoal e coletivamente —, de
alguma forma, se sentisse acolhido em sua realidade, seja em termos de dificuldades,
angústias, desafios, quanto de compromisso, alegrias, conquistas, lutas e práticas inovadoras.
Denominamos este movimento da Rede como “Processo de (Re)Elaboração dos
Projetos Político-Pedagógicos das Escolas”. A presença do “(re)” justifica-se pelo fato de
algumas escolas já terem seus PPPs sistematizados.
A imagem que usamos neste processo foi a da caravana (como nos apresenta o
folclore da colonização americana). Na caravana, consegue-se identificar que há um coletivo
que caminha junto, numa determinada direção. Só que tem gente que estava lá na frente, tem
gente que estava no meio, outros estavam mais para trás, mas todos faziam parte da mesma
caravana. Alguns educadores tinham uma experiência vastíssima nesse campo: já tinham
feito, refeito, já tinham assessorado, acompanhado o desenvolvimento de PPPs. Outros,
tinham visto na faculdade, mas não tinham vivido ainda esse processo de construção numa
escola concreta. Havia uma diversidade de situações. Enquanto Rede também vivíamos isso.
O interessante é que, embora cada escola tenha feito o seu movimento, de acordo com sua
realidade, realizamos todos um grande movimento no conjunto das escolas.
PPP na linha do Planejamento Participativo
A observação da prática das escolas em geral revela que a questão não é ter um projeto
escrito; isto é até relativamente fácil. Mas um projeto incorporado, internalizado, pelos
membros da comunidade, com sentido pessoal. Pois só assim será vivenciado (o que
possibilitará a internalização ainda mais profunda (ciclo virtuoso)).
Desde o começo do processo de (re)construção dos PPPs das escolas da Rede
insistimos naquela metáfora que o prof. Danilo Gandin costuma utilizar: a do moinho
(instrumento teórico-metodológico) e do grão (o conteúdo, as contribuições concretas). O
nosso papel, enquanto Secretaria, enquanto DOEP, não era dar o grão, o conteúdo do PPP. O
grão deveria ser dado pelo coletivo de cada escola, de acordo com a sua realidade. A
Secretaria entrou com o moinho, com a proposta metodológica baseada no Planejamento
Participativo. Foi um instrumento oferecido. Logo de início foi colocado o objetivo de, no
final de 2013, publicar os projetos no site da Prefeitura. Se quisesse, a escola poderia escolher
outra metodologia. O importante era o processo coletivo de (re)construção.
O percurso concreto que se faz, o modelo que se segue, o método que se utiliza pode
ser diferente, mas, qualquer que seja o instrumento, o Projeto deve contemplar três dimensões
básicas: Projeção de Finalidade, Análise da Realidade e Formas de Mediação. No nosso caso,
denominamos estas três partes, respectivamente, Marco Referencial, Diagnóstico e
Programação.
Qualidade Formal e Qualidade Política
Dada a relevância do Projeto, devemos primar pela qualidade de sua elaboração. Essa
qualidade tem duas vertentes principais: a Qualidade Formal, que corresponde ao rigor
teórico-metodológico da elaboração, e a Qualidade Política, que diz respeito à participação, ao
grau de envolvimento e compromisso na elaboração e na realização do PPP.
Em algumas escolas, observamos uma boa vontade muito grande, um bom nível de
participação da comunidade, mas um ferramental metodológico confuso. Por outro lado, há
instituições que dispõem de ferramentas sofisticadas de planejamento, mas estas ficam nas
mãos de poucos, de especialistas. As duas vertentes da qualidade são necessárias quando
pensamos num projeto com caráter libertador.
Em princípio, todos os que estão envolvidos no processo educativo escolar deveriam
participar, portanto, desde professores, funcionários, equipe diretiva, alunos e pais, até a
comunidade ao redor da escola. Na metodologia participativa a construção do projeto vai se
dar a partir da contribuição de cada um, uma vez que cada sujeito envolvido no processo tem
a oportunidade de responder às perguntas no seu papelzinho. Quanto maior a participação,
maior a probabilidade de que de fato as coisas venham a acontecer, “saiam do papel”. Por
outro lado, maiores as dificuldades para gerir a construção, desde o desafio de local para
reunir as pessoas até a grande quantidade de material a ser sintetizado.
Muitas vezes, no processo de planejamento,
a participação não é valorizada. Parece que o que
importa é chegar a um “bom plano” que dê conta de
enfrentar os problemas. Ocorre que uma condição
indispensável para que um plano seja bom é que seja
do(s) sujeito(s) que planeja(m) e não um chip
implantado. O viés tecnicista (e autoritário) entende
que fazer plano é seguir determinados
procedimentos técnicos, portanto, coisa de “especialistas”; aos demais cabe seguir o que os
“iluminados” decidiram. Depois, não sabem por que não funciona...
Essa abertura à participação coletiva pode parecer pouco, mas sabemos que a
construção da democracia é um grande desafio. Na vida humana concreta, é extremamente
difícil a questão das relações de poder. Frequentemente, podemos nos lembrar do mito da
criação, com o assim chamado “pecado original”: “Sereis como deuses”. Parece que essa é,
com efeito, a grande tentação que acompanha os seres humanos: cada um de nós, de forma
mais ou menos sutil ou consciente, tende a sentir-se como o portador por excelência da
verdade que, “naturalmente”, precisaria ser seguida pelos demais, sob pena de o avanço, de o
progresso não vir (os “iluminados” na frente e os “pobres mortais” atrás...). Muitas vezes,
criticamos o autoritarismo do outro até o momento em que assumimos uma posição onde
temos condições de exercer de forma mais eficaz o poder; a ordem ou determinação que
passamos a estabelecer, como que por um passe de mágica, deixa de ser autoritária, por estar
eivada de “busca do bem comum”, de “compromisso com o grupo”, etc. Paulo Freire nos
alertava claramente sobre isto na Pedagogia do Oprimido: o oprimido acaba hospedando o
modelo do opressor. Por outro lado, em algumas tentativas de romper esse modelo autoritário,
acaba-se caindo na postura frouxa, espontaneísta, omissa, do vale-tudo: o dirigente não impõe
seu ponto de vista, mas também não se posiciona...
Resgatando o Conceito de PPP
O Projeto Político-Pedagógico (PPP), antes de tudo, é uma espécie de Carta de
Princípios em que, coletivamente, é expressa uma matriz axiológica, um conjunto de valores
básicos que deve orientar as práticas, a maneira de ser da escola. A questão dos valores é
absolutamente fundamental, uma vez que não é possível pensar com rigor a existência
humana sem um conjunto de valores de referência. Pode-se questionar a relevância dos
valores assumidos, sua consistência ou seu grau de coerência, mas não sua presença na vida
concreta das pessoas. Valor é um fim, algo para o qual a ação humana pode e deve se dirigir,
aquilo que “vale a pena”; valor é o que dá sentido à atividade e, no limite, à vida.
O PPP é o plano global da instituição, é o documento de identidade, a referência
maior, de todas as atividades que se dão na escola. É a sistematização, nunca definitiva, de um
processo de Planejamento Participativo, que se objetiva e se aperfeiçoa na caminhada, a partir
de uma clara intencionalidade (Marco Referencial), de uma leitura crítica da realidade
(Diagnóstico) e da definição da ação educativa que se vai realizar (Programação), para
diminuir a distância entre o que desejamos e o que estamos sendo.
O PPP, portanto, é a sistematização das opções, da visão de realidade, dos valores, do
horizonte compartilhado, bem como das ações a serem desencadeadas para realizá-lo a partir
da realidade em que a escola se encontra. É uma espécie de “carteira de identidade” da escola,
só que não estática ou formal, mas viva, dinâmica, sendo constituída por finalidades, leitura
de realidade e planos de ação. É um elemento de organização e integração da atividade prática
da instituição no processo de transformação, na medida em que expressa o compromisso do
grupo com uma caminhada.
O PPP é também uma espécie de “carta de garantia” para o aluno (e sua família), pois,
com ele em mãos, pode questionar a coerência de cada prática da instituição (assim como
pode ser questionado!).
Enquanto o grande “guarda-chuva”, o PPP é referência para todos os outros projetos e
práticas no interior da escola.
Processo de (Re)Elaboração
Não há, evidentemente, uma “receita” para a construção do PPP, porém, de acordo
com a concepção de projeto que se assume, existe um direcionamento para a elaboração. Na
Rede Municipal de Educação de Guarulhos adotamos, desde o processo de elaboração do PPP
da Rede, a perspectiva do Planejamento Participativo.
A estrutura básica do Projeto Político-Pedagógico, na linha do Planejamento
Participativo, é composta por três grandes partes:
A) Marco Referencial: o ideal (Para onde queremos ir? )
B) Diagnóstico: o real (A que distância estamos do nosso ideal? )
C) Programação: a mediação (O que fazer para diminuir essa distância? )
A elaboração se deu uma parte por vez (p. ex., só iniciamos a construção do
Diagnóstico depois de concluída a etapa do Marco Referencial).
A matéria prima para a construção do projeto veio das respostas dos participantes às
perguntas elaboradas sobre as dimensões essenciais a serem contempladas pelo projeto.
Primeiro, escolhemos as dimensões (ex.: concepção de sociedade, de ser humano, de
educação, metodologia de trabalho em sala de aula, avaliação, disciplina, trabalho coletivo —
hora-atividade—, formas de participação dos alunos, formas de participação da comunidade,
perfil do professor, perfil da direção, perfil dos colaboradores, etc.). Essas dimensões foram
transformadas em perguntas (ex.: “Que ser humano desejamos formar em nossa escola?”,
“Que princípios, critérios e valores desejamos para disciplina em nossa escola?”, etc.).
As respostas, individuais e sem identificação, foram sistematizadas por comissões
(com o critério de máxima fidelidade às respostas individuais). Produziu-se um texto, então,
que foi estudado e depois foi a plenário, onde foi debatido, alterado, até chegar a um
consenso. Este movimento (resposta individual, síntese e plenário) foi feito três vezes (para
elaborar o Marco Referencial, o Diagnóstico e a Programação).
Quando se consegue a articulação entre o que se quer (Marco Referencial), o que se
tem (Diagnóstico) e o que se vai fazer para diminuir essa distância (Programação/Plano de
Ação), o PPP torna-se um efetivo instrumento de gestão escolar, fazendo enorme diferença
por ajudar a fazer diferente.
Trabalho com os Gestores
O trabalho com os gestores mais diretamente relacionado à (re)elaboração dos PPPs
das escolas teve início em março de 2013, envolvendo diretores e professores coordenadores
pedagógicos, profissionais do DOEP e da Supervisão Escolar. Em muitos encontros contamos
com a presença do Secretário de Educação, bem como de diretores de outros Departamentos
da SME.
Deve-se destacar que a temática do PPP da Escola já vinha sendo tratada há muito
tempo nos textos de “Planejamento das Escolas Municipais de Guarulhos”, enviados às
escolas como subsídio para a semana de planejamento (janeiro/fevereiro).
Num primeiro momento, de sensibilização, foram apresentadas as finalidades gerais
do processo:
Contribuir com o avanço da Qualidade Social da educação em nossas escolas
Possibilitar a reflexão crítica e coletiva sobre o sentido do trabalho da escola
Favorecer o envolvimento dos professores com o trabalho pedagógico
Contribuir no processo de formação de gestores, PCP, professores, demais
profissionais da escola e comunidade escolar
Fortalecer a gestão democrática na escola
Diminuir a rotatividade dos educadores (e, consequentemente, a evasão de alunos)
Disponibilizar instrumento metodológico de referência para ajudar a mediar
conflitos na escola
Favorecer o resgate e a sistematização da cultura pedagógica da escola
Possibilitar a tomada de consciência da Zona de Autonomia Relativa da Escola, sua
ocupação e ampliação.
A partir disto, fizemos um conjunto de questões aos gestores visando um levantamento
da realidade das escolas em relação ao PPP:
Questões sobre PPP (dúvidas, pontos que gostaria de aprofundar)
A partir de seu conhecimento, de sua vivência em termos de PPP, que
orientação/recomendação/sugestão/dica daria aos colegas gestores?
Qual a situação do PPP de sua escola?
Que Dimensões você sugere para o Marco Operativo?
Além dos encontros presenciais com os gestores, preparamos também subsídios
teórico-metodológicos. Assim, foram publicados três “Cadernos de Orientação
Metodológica”, relativos a cada uma das partes do PPP, mais textos de apoio. As escolas
contavam também com a visita periódica da Dupla de Acompanhamento, constituída por um
profissional da equipe do DOEP e um profissional da equipe de Supervisão Escolar. Isso sem
contar a disponibilidade do DOEP e da Supervisão para atendimento por e-mail ou telefone, e
o e-mail do próprio consultor.
Nos encontros presenciais, feitos pela manhã, tarde e noite para poder atingir a todos,
além dos esclarecimentos de dúvidas sobre o processo de construção, das orientações teórico-
metodológicas relativas às próximas etapas, procuramos sempre reservar espaços ou
encontros inteiros para a troca de experiências entre os gestores. Incentivamos também a
partilha entre eles por regiões, pela facilidade do encontro e pela peculiaridade da realidade
local.
Tivemos ainda encontros de formação destinados à comunidade escolar, nos quais
foram apresentados o sentido geral e a metodologia de trabalho para a (re)construção do PPP
da Escola.
Foram realizadas muitas reuniões do DOEP para acompanhamento do processo como
um todo. Também realizamos encontros de alinhamento com a Supervisão Escolar.
Nas escolas, muitas iniciativas precisaram ser tomadas, como:
Constituir a Equipe de Coordenação do Processo de (Re)Elaboração do PPP da
Escola (incluindo Professores)
Decidir quem seriam os Participantes Diretos do processo (além dos professores,
funcionários, gestores e membros do Conselho Escolar que eram, digamos assim,
membros natos)
Fazer trabalho de sensibilização na escola
Decidir as Dimensões que a escola iria trabalhar (verificar se havia necessidade de
adequação da linguagem)
Preparar as folhas para as Respostas Individuais (com as questões já escritas)
Definir data(s) para Início da elaboração.
Quem participa deve ter uma compreensão geral do processo. Todavia, quem coordena
deve dominar muito bem a metodologia, para não comprometer a boa qualidade da
participação.
No momento em que as equipes na escola faziam a sistematização das respostas
individuais dos participantes, fizemos oficinas utilizando respostas que pareceram
problemáticas (sem citar a escola), visando capacitar os gestores para orientarem a delicada
tarefa de sistematização.
O processo de formação dos gestores para a elaboração do PPP da Escola teve início
em março de 2013 e foi até novembro de 2014, contemplando as três partes do Projeto: Marco
Referencial, Diagnóstico e Programação. A construção do Diagnóstico, do ponto de vista
metodológico, foi facilitada porque a metodologia foi a mesma utilizada no Marco
Referencial: sensibilização, resposta individual, sistematização, estudo do texto e plenário. O
mesmo vale para a Programação.
Em dezembro de 2013, a Rede Municipal teve um “Dia de Parada” para o Plenário
final onde, digamos assim, a escola deveria “bater o martelo”, concluir o consenso sobre as
redações do Marco Referencial.
No segundo semestre de 2014, os primeiros Marcos Referenciais das Escolas, depois
da revisão e do diálogo DOEP-Escola quando necessário, começaram a ser publicados no site
da Prefeitura de Guarulhos.
Durante o primeiro semestre de 2014, foram realizadas formações com os gestores
sobre o Diagnóstico, e desencadeada sua elaboração pelas escolas. No final do semestre houve
mais um “Dia de Parada” da Rede para fechar o Diagnóstico. Ficou estabelecido junto com os
gestores que o Diagnóstico seria publicado apenas na escola e não no site de Prefeitura, a fim
de que a comunidade escolar ficasse bem à vontade para trazer à tona seus avanços, mas
também seus limites e contradições.
No segundo semestre, foi a vez da Programação, sendo que sua elaboração estendeu-
se, em algumas escolas, até 2015.
O ano de 2015 foi o de implementação do PPP no chão da escola.
Em 2016, as Programações das escolas foram também publicadas no site da Prefeitura.
Fatores Dificultadores e Facilitadores
Procurando fazer um balanço do processo de (re)elaboração dos PPPs das Escolas da
Rede Municipal de Educação de Guarulhos, apontamos, na sequência, fatores que
contribuíram para sua concretização, bem como fatores que dificultaram. Dado o caráter
contraditório do real, um mesmo fator pode aparecer tanto como facilitador quanto
dificultador, seja por suas diferentes intensidades, seja por suas presenças em diferentes
contextos da Rede.
Fatores Dificultadores
Tempo escasso para a construção do PPP: a escola teve de dar conta do processo
com pouquíssimo tempo adicional à sua rotina. A imagem que várias vezes surgiu nos
encontros foi aquela do “ter de trocar o pneu com o carro andando”
Dificuldade para o encontro dos educadores dos diferentes períodos de
funcionamento da escola
Complexidade do processo de construção do PPP
Rotatividade dos professores, e mesmo de diretores e professores coordenadores
pedagógicos
Sobrecarga dos gestores para coordenar o trabalho em escolas agrupadas
Pouco envolvimento de alguns, o que se revelou, por exemplo, em faltas em dia de
atividade específica relacionada ao PPP, ausência de respostas ou respostas sucintas demais,
empobrecendo e dificultando o trabalho de sistematização
Pressa por parte de alguns professores de chegar ao que fazer, à Programação, não
dando o devido valor ao Marco Referencial e ao Diagnóstico
Falta de leitura individual da sistematização antes dos momentos coletivos de
discussão
Indisponibilidade de recursos para remunerar professores que se envolveram no
trabalho de sistematização das respostas individuais na escola
Casos de centralização do processo pela direção ou coordenação pedagógica
Horários de trabalho coletivo na escola pouco favoráveis à presença dos pais
Pouca resposta dos pais em termos de participação
Dificuldade em articular a agenda dos profissionais do DOEP e da Supervisão
Escolar para as visitas da Dupla de Acompanhamento
Sobrecarga de trabalho das equipes do DOEP encarregadas de fazer a revisão final
em diálogo com a escola, o que provocou atrasos na publicação do Marco Referencial no site
da Prefeitura
No Diagnóstico, no momento de identificar as Necessidades, algumas escolas não
explicitaram necessidades em determinadas dimensões, outras simplesmente julgaram que
não tinham necessidades, e muitas só conseguiram apontar necessidades dos outros (família,
sociedade, secretaria, etc.), sem se implicarem com elas
Forma dicotômica de pensar (ou isto, ou aquilo, de forma excludente), o que
dificultou o diálogo em algumas plenárias.
Fatores Facilitadores
Formação presencial com gestores
Utilização da hora-atividade como espaço para construção coletiva do PPP
Aproveitamento por algumas escolas de parte do tempo do Conselho Participativo de
Classe e Ciclo (CPCC) para envolvimento da comunidade na construção do PPP
Publicações dos Cadernos de Orientação Metodológica para a construção do Marco
Referencial, do Diagnóstico e da Programação, além de textos de apoio
Partilha de experiências entre os gestores
Presença de alguns professores, membros das equipes de sistematização das escolas,
nos encontros dos gestores com o DOEP
Uso de parte do tempo do replanejamento da escola no segundo semestre para a
construção do PPP
Dia de Parada da Rede
Experiência anterior, no âmbito da Rede, com o Planejamento Participativo
(construção do Quadro de Saberes Necessários (QSN) e do Caderno de Orientações sobre o
Processo Avaliativo)
Continuidade da política pública para a educação municipal
Continuidade da consultoria pedagógica durante o processo de (re)elaboração
Participação da comunidade
Disponibilidade dos professores para participarem das equipes de sistematização
Presença nas escolas das Duplas de Acompanhamento do DOEP e Supervisão
Escolar
Apoio dos vários Departamentos da SME
Disponibilidade do DOEP e da Supervisão para esclarecer e orientar as escolas
durante o processo de construção
Publicação dos Marcos Referenciais das Escolas no site da Prefeitura, dando
visibilidade e valorizando o trabalho das escolas
Formação continuada dos professores coordenadores pedagógicos (Programa
Saberes em Rede)
Encontro com representantes da comunidade das escolas para sensibilização em
relação ao processo de (re)elaboração dos PPPs das Escolas.
II-Momento Atual: Sistematização dos MRs das Escolas
Os sonhos nunca são perdidos. Eles significam o que há de melhor
na vida dos homens e dos povos. Perdidos são os céticos que
escondem sob uma ironia fácil a sua impotência para compreender e
agir.
Bento de Jesus Caraça (1901-1948)
O Marco Referencial, como apontamos, é a tomada de posição da escola em relação à
sua identidade, visão de mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos. Expressa o ‘rumo’,
o horizonte, a direção que a instituição escolheu, fundamentado em elementos teóricos da
filosofia, das ciências. Implica, portanto, opção e fundamentação.
Este documento, que estamos chamando de “Publicação de Concepções”, traz a
sistematização dos Marcos Referenciais das Escolas, que foi a parte por onde iniciamos o
processo de (re)elaboração dos PPPs das Escolas da Prefeitura de Guarulhos.
O critério fundamental para esta tarefa de sistematização foi o de máxima fidelidade
aos MRs das escolas.
Marco Referencial
O Marco Referencial é composto de três submarcos, certamente inter-relacionados, mas
cada um tendo sua especificidade:
I - Marco Situacional: realidade em geral. É um olhar do grupo que planeja sobre a
realidade em geral (aspectos sócio-político-econômico-cultural-educacionais): como a vê,
quais seus traços mais marcantes, os sinais de vida e de morte. É, portanto, o momento da
análise da realidade mais ampla na qual a instituição está inserida. É importante por situar, dar
todo o pano de fundo, os elementos estruturais que condicionam a instituição e seus agentes.
Este Marco traz uma visão geral da realidade; é claro que a escola faz parte da realidade como
um todo, mas neste momento não se trata de uma análise concreta da instituição (essa análise
mais próxima foi feita posteriormente no Diagnóstico), ou de proposições do que deve ser
feito (isso constou posteriormente, quando foi o caso, na Programação).
Na formação com os gestores, alertamos bastante para a peculiaridade do Marco
Situacional: ele é o único no Marco Referencial que não corresponde ao ideal e sim a uma
visão da realidade.
II - Marco Filosófico: ideal geral. Corresponde à direção, ao horizonte maior, ao ideal
geral da instituição (horizonte global desejado). É a proposta de sociedade, pessoa e educação
que o grupo assume. Aqui são expressas as grandes opções do grupo (utopia-fim). Contém os
critérios gerais de orientação da instituição.
III - Marco Operativo: ideal específico (Princípios, Critérios e/ou Valores). Expressa o
ideal específico da escola. É a proposta dos Princípios, Critérios e/ou Valores de ação para os
diversos aspectos relevantes da instituição, tendo em vista aquilo que queremos ou devemos
ser (utopia-fim). É a utopia-meio. Os Princípios, Critérios e/ou Valores apontam as grandes
opções em relação à prática (seja pedagógica, comunitária ou administrativa) da escola (em
cada dimensão específica do Marco Operativo). Como numa viagem, os Princípios, Critérios
e/ou Valores correspondem ao destino, para onde queremos ir, à direção que queremos seguir,
e/ou às grandes opções em relação à maneira que desejamos caminhar. Não são nem o
caminho concreto (as mediações, que aparecem na 3ª parte do PPP, a Programação), nem o
ponto de partida (a 2ª parte, o Diagnóstico).
Se temos determinadas finalidades para a escola, se desejamos construir determinada
sociedade, ajudar a formar determinado perfil de ser humano, que direção (Princípios,
Critérios e/ou Valores) nossas práticas pedagógicas/comunitárias/administrativas devem
seguir? Um determinado desejo em relação ao ser humano que queremos ajudar a formar, por
exemplo, pode ficar totalmente comprometido, inviabilizado, se certas mediações, não
coerentes com esse fim maior, forem realizadas (ex.: queremos formar uma pessoa solidária,
mas as práticas pedagógicas da escola são pautadas no individualismo, na competição, na
prática da indiferença em relação ao outro...).
Fazemo-nos por nossa atividade, e como essa atividade não é previamente
programada, precisamos a cada instante fazer opções, o que implica a necessidade de critérios
para balizar a escolha.
Dimensões do Marco Referencial
A escolha das dimensões (áreas temáticas, eixos) de cada marco foi da maior
importância, pois nossa atenção na elaboração ia ser dirigida por elas. O Diagnóstico assim
como a Programação foram feitos com base nas dimensões escolhidas para o Marco
Operativo.
Marco Perguntas
Marco
Situacional
1. Como vemos o mundo hoje?
Marco
Filosófico
2. Que Sociedade desejamos construir?
3. Que Ser Humano desejamos ajudar a formar?
4. Que Finalidade desejamos para nossa escola?
Marco
Operativo
5. Como desejamos o Trabalho com o Quadro de Saberes Necessários
(QSN)/Proposta Curricular em nossa escola? (princípios, critérios, valores)
6. Como desejamos os Tempos e Espaços em nossa escola? (princípios,
critérios, valores)
7. Como desejamos a Metodologia de Ensino em nossa escola? (princípios,
critérios, valores)
8. Como desejamos a Relação Professor-Aluno/Disciplina em nossa escola?
(princípios, critérios, valores)
9. Como desejamos a Avaliação da Aprendizagem em nossa escola?
(princípios, critérios, valores)
10. Como desejamos a Hora-Atividade em nossa escola? (princípios, critérios,
valores)
11. Como desejamos o Trabalho com a Inclusão em nossa escola?
12. Como desejamos o Perfil dos Professores em nossa escola? (princípios,
critérios, valores)
13. Como desejamos o Perfil do Professor Coordenador Pedagógico em nossa
escola? (princípios, critérios, valores)
14. Como desejamos o Perfil da Direção em nossa escola? (princípios,
critérios, valores)
15. Como desejamos o Perfil dos Demais Profissionais em nossa escola?
(princípios, critérios, valores)
16. Como desejamos as Relações Interpessoais em nossa Escola? (princípios,
critérios, valores)
17. Como desejamos a Participação e Organização dos Alunos em nossa
escola? (princípios, critérios, valores)
18. Como desejamos a Participação da Família em nossa escola? (princípios,
critérios, valores)
19. Como desejamos a Participação da Comunidade em nossa escola?
(Conselho de Escola, CPCC) (princípios, critérios, valores)
20. Como desejamos a Estrutura e Organização da nossa escola? (princípios,
critérios, valores)
21. Como desejamos o Relacionamento entre as diferentes Modalidades de
Ensino existentes em nossa escola? (princípios, critérios, valores)
22. Como desejamos o Relacionamento de nossa escola com outras Escolas da
Prefeitura? (princípios, critérios, valores)
23. Como desejamos o Relacionamento de nossa escola com a Secretaria
Municipal de Educação? (princípios, critérios, valores)
Ao analisamos agora este texto de sistematização das concepções, é possível apontar
limitações, pontos que poderiam estar mais bem explicitados ou elaborados. Isso é
compreensível, seja porque estamos em processo, isto é, desde o momento em que fechamos o
documento na escola já avançamos na nossa maneira de ver o mundo, seja porque, enquanto
estamos no plano abstrato, a idealização pode correr solta, ao passo que ao colocar no papel
temos de fazer apostas, que são intrinsecamente limitadas (sem contar o fato de que, dada
nossa vocação ontológica de ser mais, as necessidades são sempre maiores do que as
capacidades imediatas para satisfazê-las). Além disso, devemos considerar a enorme
dificuldade de produção de síntese (este documento) de sínteses (os PPPs das escolas).
III - Perspectivas: as Concepções Potencializando o Trabalho das Escolas e
da Rede
Há uma máxima no campo do planejamento que é corretíssima: “Planeja quem faz!”.
Isso significa que outros não devem planejar aquilo que vamos fazer, nem nós planejarmos
para que outros executem. Um dos erros mais clássicos é esse de o “planejamento” ser para o
outro, “para o papel”, o PPP ser feito simplesmente para cumprir uma exigência da lei ou da
mantenedora.
O Projeto Político-Pedagógico da Escola não tem “poderes mágicos”, mas é um
importantíssimo instrumento de luta!
Limite e Força das Palavras
Sabemos que alguns educadores podem desqualificar todo este processo, tratar com
desdém o PPP, entender tudo isto como “blá-blá-blá”: “é tudo teoria”, “o papel aceita
qualquer coisa”, “colóquio flácido para acalentar bovinos” (conversa mole para boi dormir).
Efetivamente, sabemos que existem diferentes modalidades de produção escrita, e que, ao
longo de sua experiência, desde o tempo da formação acadêmica, o professor muito
provavelmente deparou-se com textos de qualidade duvidosa tanto do ponto de vista do rigor
teórico-metodológico (por exemplo, textos frutos de modismos, fragmentados,
descontextualizados, de autores que nunca se sensibilizaram ou mesmo pisaram numa escola
pública, sem contar os de “autoajuda pedagógica”, sem fundamentação alguma, a não ser a
“inspiração do autor”, etc.) quanto da intencionalidade política (textos alienados, alienantes,
com finalidade de apontar problemas nos docentes como estratégia de responsabilizá-los
exclusivamente pelo fracasso da escola e fragilizá-los como categoria, etc.). Portanto, a
atitude crítica é fundamental. Ocorre que em alguns colegas parece ter-se instalado aquele
“anticorpo” tipo “não li e não gostei”, qual seja, o fechamento a qualquer tipo de elaboração
escrita.
Uma das funções básicas do PPP é a produção de sentido: afinal de contas, o que
estamos fazendo aqui na escola? Qual a finalidade maior de nosso trabalho? Que ser humano
desejamos formar? Como vemos a realidade? O que vamos fazer para alcançar nossos
objetivos? A atribuição de sentido é uma das necessidades humanas mais radicais. Viver num
mundo que faça sentido é a grande busca do ser humano. Poderíamos dizer que, como seres
incompletos, de falta, temos muitas fomes — afeto, justiça, beleza, transcendência —, além
da fome de comida e de palavra. Rubem Alves, fazendo essa articulação, diz que precisamos
de palavras para comer. Desde muito cedo, cada ser humano, inserido no universo social,
busca atribuir sentido ao mundo em que vive. O comportamento típico da inteligência é o de
atribuir sentido. Como nos diz prof. Oswaldo Giacóia Junior, o insuportável não é a dor, mas
a falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido. O Projeto, ao articular
Projeção de Finalidades (Marco Referencial), Análise da Realidade (Diagnóstico) e Plano de
Ação (Programação), possibilita que os educadores atribuam sentido ao conjunto de suas
práticas.
As palavras são limitadas e contraditórias. Só que por detrás de toda prática (ou
inação) sempre há uma justificativa, uma teoria, uma concepção. Que concepção irá pautar
nossa prática? Vamos tomar consciência e optar, ou seguir reproduzindo mecanicamente?
Temos conhecimento dos níveis de consciência? Na prática, a teoria é aquela que de fato
internalizamos, e não necessariamente aquela com que temos afinidade.
Superemos a eventual ingenuidade: algum projeto sempre seguimos, por nossa
característica de seres simbólicos, semióticos, teleológicos. Se não está explicitado, se não foi
construído coletivamente, há um sério risco de termos práticas reprodutoras espontaneístas,
miméticas ou impostas autoritariamente.
Depende de Nós!
Um aspecto que deve ficar muito claro para a comunidade escolar é que a elaboração
do PPP não é ponto de chegada e sim ponto de partida: será preciso muito empenho e
compromisso para colocá-lo em prática. Não tem “vida própria” (não se pode transformar
PPP em fetiche). É um instrumento e, como qualquer instrumento, sua eficácia dependerá do
uso que dele se faz. Isso é importante para, posteriormente, não gerar grande frustração se as
coisas não acontecerem por esperar que viessem só porque “foram colocadas no papel”.
Não é panaceia, solução para todos os males da escola. Porém, é um poderoso
instrumento teórico-metodológico para quem está querendo, de fato, aperfeiçoar a prática
educativa da sua escola.
Os resultados do Projeto vão depender tanto do compromisso dos envolvidos
(qualidade política), quanto do referencial teórico-metodológico efetivamente adotado na sua
elaboração (qualidade formal). Entendemos que, enquanto possibilita a melhor definição da
identidade da instituição, a abertura de horizontes, ajuda a estabilizar a caminhada, leva a um
maior comprometimento, favorece a definição de linhas, metas mais claras para o trabalho,
fundamenta reivindicações, leva à conquista de mais espaço para uma educação de qualidade
democrática. O projeto é um instrumento de luta!
Um dispositivo institucional fundamental para favorecer a concretização do PPP é o
trabalho coletivo constante, a hora-atividade, o tempo coletivo dos educadores na escola, com
a presença da direção, coordenação e professores. Fica muito difícil a realização do projeto
quando não há este espaço coletivo constante, pois é aqui que as coisas são amarradas, as
avaliações feitas, as metas estabelecidas (ex.: alfabetização, diminuição da evasão, do
insucesso ao fim do Ciclo, etc.) monitoradas, as intervenções pensadas coletivamente. Para
mudar a escola — e a sociedade — precisamos de pessoas e estruturas, estruturas e pessoas.
Não pode haver dicotomia. O PPP e o trabalho coletivo constante são instrumentos que
ajudam as pessoas na tão necessária luta pela melhoria da qualidade da prática pedagógica.
Qual é a força de um documento? Evidentemente, por si, o documento nada pode. Sua
força será diretamente proporcional ao número de pessoas que, no seu espaço — pessoal e
institucional — de autonomia relativa (considerando que, como seres de relação, ninguém tem
autonomia absoluta: toda autonomia é limitada), o tomarem como referência para a
caminhada da Escola e da Rede. Ser algo vivo e atuante dependerá, pois, não tanto de sua
qualidade intrínseca, mas muito mais do posicionamento concreto dos diversos sujeitos do
processo educativo.
O projeto tem uma importante contribuição no sentido de ajudar a conquistar e
consolidar a autonomia da escola, de tal forma que se possa criar um clima, um ethos, no qual
professores e equipe se sintam responsáveis por aquilo que lá acontece, inclusive em relação
ao desenvolvimento dos alunos. De certa forma, é o projeto que vai articular, no interior da
escola, a tensa vivência da descentralização, dado o perigo de se cair no individualismo
pedagógico, e através disso permitir o diálogo consistente e fecundo com o exterior, e mesmo
com os órgãos dirigentes.
Zona de Autonomia Relativa
Durante o processo de (re)elaboração dos PPPs das Escolas o conceito de Zona de
Autonomia Relativa (ZAR) foi bastante utilizado, até porque uma das funções do Projeto é
justamente ajudar a identificar a respectiva ZAR da escola, num primeiro momento, e ampliá-
la através das ações que vão sendo desencadeadas a partir da Programação.
Existem limites que transcendem o sujeito, grupo ou instituição, uma vez que estão
dados por fatores naturais ou sociais mais amplos. Sabemos dos limites de qualquer ser
humano e de qualquer instituição: há um princípio de realidade a ser encarado. É preciso
saber lidar com a nossa não onipotência: não podemos tudo. Lembramo-nos aqui de fatores
como a formação inicial disponibilizada aos professores, o salário, o número de alunos em
sala de aula, a legislação, as normas, os limites de tempo, espaço, recursos, o perfil da
comunidade, etc. Evidentemente, esses limites não são absolutos, mas históricos, o que
significa que, de diferentes formas e em diferentes medidas, podem ser quebrados e
superados, correspondendo mesmo a um autêntico compromisso com a conquista de uma
educação de qualidade social.
Todavia, com muita frequência, o limite que limita efetivamente a ação dos sujeitos e
da instituição não é este externo, mas sim um outro que tem a ver com a autolimitação e/ou
com as contradições dos próprios sujeitos, individual ou coletivamente considerados.
Denominamos Zona de Autonomia Relativa justamente o espaço compreendido entre
o limite externo e o limite interno da ação do sujeito e/ou de uma determinada instituição. A
ZAR mostra que a mudança não é fruto de condições ou pessoas “excepcionais”, mas de
exploração de possibilidades, o ainda-não (Bloch), o inédito viável (Freire).
A Zona de Autonomia Relativa revela que temos o que fazer já, coisas que não só
estão ao nosso alcance como também que, caso não as desenvolvamos, ninguém poderá fazê-
las em nosso lugar (por exemplo, no momento da dificuldade do aluno em sala), tendo,
portanto, uma repercussão ética (atuar sobre um campo que é de nossa responsabilidade). Ao
mesmo tempo, revela-nos que temos espaços para lutar contra a lógica maior que dificulta
nossa prática.
Concluindo
As estruturas que construímos na escola, os dispositivos pedagógicos que elaboramos,
as sistematizações que realizamos são, antes de tudo, a concretização dos avanços que
conseguimos, portanto, pontos de apoio para avançarmos ainda mais. Ao mesmo tempo,
permitem que não precisemos “reinventar a roda” ou ficarmos na dependência da boa vontade
individual, do humor momentâneo do outro. Não há estrutura ou dispositivo que garanta por
si um bom trabalho educativo. Por outro lado, as estruturas e dispositivos, artefatos e/ou
mentefatos não são neutros: facilitam determinadas práticas e dificultam outras.
O PPP da Escola, enquanto sistematização de elementos teóricos, metodológicos e
práxicos, entra na disputa pelas representações que embasam a prática dos educadores (e,
espera-se, dos alunos e família).
Trata-se de um enorme e consciente esforço de todos — educadores, pais, alunos,
secretaria, prefeitura, comunidade — para, a partir do PPP, construir uma escola que seja
contemporânea, qual seja, que esteja efetivamente inserida no seu tempo histórico-cultural e
voltada para as temporalidades de seus educandos, para seus ciclos da vida, procurando
garantir que sejam vividos em todas as suas dimensões, em tudo aquilo que é devido aos
educandos, como sujeitos de direitos, no processo de humanização, horizonte maior da escola.
O Projeto Político-Pedagógico na linha do Planejamento Participativo é hoje,
concretamente, uma potente ferramenta teórico-metodológica de transformação da realidade
educacional, ou seja, é uma mediação que ajuda organizar e expressar o desejado e o vivido,
tomar consciência da distância entre ambos, bem como diminuir essa distância. O grande
potencial transformador do Planejamento Participativo está em articular os vários níveis de
reflexão (para onde queremos ir, onde estamos e o que fazer para chegar lá) e em oferecer
estes instrumentos de passagem do desejado (Marco Referencial) à realidade: o Diagnóstico e
a Programação.
Bibliografia
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS. SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO. Proposta Curricular Quadro de Saberes Necessários (QSN). Guarulhos,
2009.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS. SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO. Caderno de Orientações sobre o Processo Avaliativo. Guarulhos, 2012.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto
político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula, 14a ed. São Paulo: Libertad, 2015.
__________ Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico,
23ª ed. São Paulo: Libertad, 2015.
__________ Caderno de Orientação Metodológica-1 – Marco Referencial. Guarulhos:
SME, 2013.
__________ Caderno de Orientação Metodológica-2 – Diagnóstico. Guarulhos: SME,
2014.
__________ Caderno de Orientação Metodológica-3 – Programação. Guarulhos: SME,
2014.
Prof. Celso dos Santos Vasconcellos é Doutor em Educação pela USP, Mestre em História e
Filosofia da Educação pela PUC/SP, Pedagogo, Filósofo, pesquisador, escritor, conferencista,
professor convidado de cursos de graduação e pós-graduação, responsável pelo Libertad -
Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica. Foi consultor da SME de Guarulhos
de 2002 a 2015. (e-mail: [email protected]) www.celsovasconcellos.com.br
1 - Visão de Mundo
Considerando que a visão de mundo está implicada com valores e conhecimentos
historicamente acumulados pela sociedade, percebemos o mundo em constante transformação
tecnológica, familiar, econômica, política e social, com a quebra de paradigmas em todos os
campos: a rapidez exigida para assimilação das informações, a globalização que tornou o
mundo marcado pelo poder econômico, os meios de comunicação atuando no sentido de
manter a estrutura de poder e a concentração de renda nas mãos de poucos.
As pessoas são influenciadas pelos meios de comunicação que pressionam e
manipulam as opiniões conforme interesses econômicos, levando às vezes ao exagero da
vaidade, do consumo e da ansiedade pelos prazeres que prometem felicidade.
A tecnologia avança a passos largos, tornando o mundo e o conhecimento mais
acessíveis, num simples toque. Estamos cada vez mais conectados, porém, muitas vezes não
sabemos como lidar com a qualidade, a quantidade e a velocidade das informações. Essa
condição pode provocar competições e frustações, principalmente nos mais jovens,
prejudicando a interação e o diálogo até mesmo intrafamiliar.
Consideramos que a família, enquanto núcleo inicial da vida em sociedade, tem um
papel importante na transmissão e na construção de hábitos e valores, ela influencia a maneira
como vemos o mundo e o modo como nos relacionamos com os outros. Daí a relevância de
ser fonte de amor e de apoio, incentivando o comprometimento, a responsabilidade, o
respeito, a solidariedade e a cooperação entre as pessoas.
Mesmo com as mudanças que ocorrem diariamente e o rápido avanço da tecnologia, a
família e a escola continuam fundamentais para a sociedade também nos processos
educativos, pois nos espaços em que vivemos, a complexidade das relações humanas se faz
presente e necessita ser considerada.
Na Proposta Curricular Quadro de Saberes Necessários consta que precisamos
repensar e mudar nossa maneira de viver: “as mudanças têm que ocorrer nas interações entre
os seres humanos, entre as nações, entre as classes sociais, homens e mulheres, adultos e
crianças; nas interações de cada ser com outro ser humano e com o planeta em que vivemos”.
(QSN, 2009, p.16).
No entanto, apesar dos progressos, nos perdemos em meio a tantas transformações,
com o aumento da violência, da desigualdade social, da impunidade e da corrupção. Nos dias
atuais, um grande desafio da escola tem sido aprender a lidar com os conflitos existentes na
sociedade.
Com o consumismo cada vez mais presente, as crianças e os jovens tornam-se vítimas
dessa situação, valorizando o “ter” e esquecendo o principal que é o “ser”. Tais valores,
reproduzidos por diferentes gerações, tendem a perpetuar a desigualdade social e a violência.
Os meios de comunicação de massa convencionam padrões estéticos e sociais,
aprofundando ainda mais o distanciamento entre as classes sociais, marginalizando os mais
pobres e aqueles considerados “diferentes”.
O aumento da produção demanda maior exploração dos recursos naturais e, desta
forma, a destruição do ambiente em que vivemos se acentua. Porém, nas últimas décadas,
percebemos que houve um despertar para a sustentabilidade. A Humanidade percebeu que
nosso estilo de vida está insustentável. Queremos um mundo com suas riquezas naturais
preservadas, onde o homem possa usufruir desses recursos com inteligência, consumindo
apenas o necessário e tentando praticar o desapego.
Desejamos construir uma sociedade mais humana, na qual ocorra a justiça, a
cooperação e a participação. Queremos cidadãos mais críticos e felizes. As crianças
representam para os adultos, a possibilidade de renovação. A crença de que o homem pode
transformar seu destino a partir de novas atitudes, reconhecendo e valorizando a diversidade.
Assim, faz-se necessária a busca por uma educação de qualidade para todos, possibilitando
novos horizontes no que diz respeito ao desenvolvimento humano, de maneira integral e
criativa.
Desse modo, a escola pode ser definida como espaço de conhecimento, crescimento,
reflexão, socialização e de esperança em dias melhores. Obstáculos e desafios fazem parte de
todo processo de mudança por um mundo melhor.
O mundo atual expressa a necessidade de rediscutir ou de validar valores. A escola
desse tempo requer a integração entre o antigo e o moderno para uma aprendizagem que
contribua para formar cidadãos, capazes de agir no mundo e de modificá-lo para melhor.
Vivemos um período de transformação. Tentamos sair de uma postura passiva,
cobrando maiores investimentos nas políticas públicas e em ações que visem atender as
necessidades da população e da valorização da cultura. Acreditamos na potencialidade de
melhora, porém o principal desafio parece ser a promoção de uma vida digna ao cidadão, que
pode se dar por meio do direito à educação.
A falta de investimentos do poder público em educação, saúde, moradia, transporte e
lazer, também corrobora para as injustiças sociais e a má qualidade de vida. Desejamos um
caminhar para a equidade entre as pessoas, com acesso à educação de qualidade para as
crianças e adolescentes. Que em quaisquer espaços, eles possam vivenciar plenamente seu
tempo de vida, sendo extintas quaisquer formas de violência, inclusive aquelas relacionadas à
adultização precoce.
Vivemos numa sociedade burocrática e massificada em que a educação procura
readquirir centralidade e importância, recriando-se como espaço de comunicação,
participação, criatividade e de construção de atitudes críticas diante da vida.
Nessa dinâmica social, observa-se uma relação conflitual, na qual várias áreas da
cultura humana são tensionadas, tais como as relações com o trabalho, de gênero, religiosas,
familiares e outras. Contudo, também vemos o mundo com os olhos de quem enxerga nas
pessoas a esperança, a busca pela felicidade e o amor à vida, acreditando na família e na
educação.
A educação se constitui em um dos pilares dessas transformações sociais, quando
possibilita o questionamento dos conceitos naturalizados ou considerados imutáveis. Por isso,
Precisamos estar alerta e ser críticos e criativos para construirmos sempre uma
educação que se contraponha à cultura do individualismo, incentivada pelos
poderosos esquemas do mercado, e disseminada, diariamente, pelos meios de
comunicação de massa. (QSN, 2009, pag.16).
Acreditamos no poder de transformação dos seres humanos em busca de um mundo
melhor, mediados pela educação. Desejamos enfim, uma sociedade que valorize a escola e
que esta seja um espaço de relações democráticas e de mudança social.
A educação é um direito social fundamental e a escola tem como desafio construir
uma prática pedagógica que ultrapasse preconceitos e barreiras, contribuindo para a aceitação
e para a afirmação das diferenças enquanto valor, para que todos possam percebê-las como
parte de cada ser. O mundo necessita de mudanças, só que elas precisam acontecer dentro de
cada um, para que juntos possamos construir um lugar melhor e mais justo para nós e para as
gerações futuras.
2 - Que Sociedade Desejamos Construir?
Almejamos uma sociedade inclusiva, na qual os cidadãos possam construir sua própria
história, ter acesso à educação, cultura e lazer, que tenham representantes com consciência
social, crítica e política, preocupada com a qualidade de vida e com a sustentabilidade do
planeta.
É necessário que prevaleça a justiça e que todos os cidadãos saibam dos seus direitos e
deveres, e que a liberdade de expressão contribua de forma construtiva para o reconhecimento
mútuo, valorizando a opinião de cada um. Nessa perspectiva, queremos contribuir para que
tenhamos uma sociedade que reconheça a diversidade e que valorize o ser humano,
independentemente de etnia, raça, religião, cor, gênero ou faixa etária.
Uma sociedade que tenha uma boa administração pública e que zele pela integridade
das pessoas, trabalhando para que todos tenham seus direitos constitucionais e humanos
assegurados, com oportunidade de trabalho, moradia digna, crescimento pessoal e coletivo.
Nela, é importante que as pessoas aprendam desde a tenra idade o respeito ao próximo e à
natureza, sendo capazes de utilizar os recursos naturais de forma consciente para a garantia de
nossa sobrevivência, promovendo ações para garantir os programas de sustentabilidade
indispensáveis à qualidade de vida das atuais e futuras gerações, baseados nos princípios da
subsistência, e buscando a erradicação do consumo desenfreado que nos faz acumular lixo
sem que tenhamos mais lugar para descartá-lo.
Que todos sejam capazes de transformar o ambiente em que vivem, e tenham
consciência “da importância da leitura de mundo e de sua responsabilidade em transformá-
lo”. (QSN, 2009, p.16), a fim de que tenhamos um mundo diferente e que corresponda aos
anseios de cada um.
Queremos viver em uma sociedade onde o conhecimento seja um direito efetivado e o
aprendizado seja real, permitindo uma visão ampla das questões que permeiam o mundo
moderno. Além disso, com base no que prevê o Quadro de Saberes Necessários, nossa escola
deve proporcionar momentos coletivos, criando oportunidades de reflexão e permitindo por
meio da troca de vivências e da circulação de informações, a elaboração de uma prática que
permita aos sujeitos envolvidos no processo educacional deixarem sua condição passiva frente
ao processo de ensino-aprendizagem para exercerem papel de produtores do conhecimento,
reconhecendo seu papel na sociedade.
Desejamos uma sociedade justa, na qual as pessoas atuem de forma crítica e
consciente, sabedores das questões políticas, com capacidade de argumentação e
transformação da realidade, assumindo um compromisso com a democracia e seu lugar de
sujeito na história. Uma sociedade onde as crianças tenham o direito de brincar e encontrem
em seus lares um abrigo seguro e na escola: colegas, professores e gestores com vínculos de
amizade, fraternidade e união. Que nossos idosos não sejam maltratados, nossos jovens não
sejam marginalizados e nossas crianças não sejam abandonadas e negligenciadas.
Também se faz necessário que não nos acostumemos e que nos indignemos com a
miséria, com as crianças e mendigos pelos faróis das cidades. É necessário que haja ações
políticas, educacionais e sociais que promovam a mudança dessa realidade, buscando
equidade e justiça a favor dos desfavorecidos e dos injustiçados, assim como a erradicação da
pobreza, o crescimento econômico sustentável, equitativo e inclusivo.
Que todos os cidadãos possam desfrutar dos avanços tecnológicos da era moderna,
numa perspectiva humanizada, preservando os aspectos emocionais, de forma a garantir
qualidade de vida para todos.
Desejamos formar seres humanos reflexivos que reconheçam o seu valor e não
negociem sua integridade moral e ética; pessoas que não sejam corruptas e não se deixem
corromper. Pessoas solidárias e amorosas que enxerguem na prática do bem em todas as
esferas da vida, um grande sentido para viver.
Desejamos uma sociedade em que todos tenham acesso às oportunidades reais de
desenvolver-se integralmente; de fazer opções políticas, filosóficas e religiosas em estado de
liberdade; de convivência pacífica e harmoniosa com os demais, sem preconceitos e
superando posturas patriarcais, racistas, sexistas, xenofóbicas, ou de qualquer outra forma de
discriminação.
Desejamos uma atualização crítica das proposições do passado, expurgando quaisquer
indícios preconceituosos de superioridades biológicas, culturais ou sociais.
Concebemos uma sociedade que tenha por princípio a garantia do cumprimento dos
direitos humanos e do desenvolvimento do homem na sua integralidade, sendo respeitado nas
suas diferenças sejam quais forem.
É necessário, cada vez mais, desencadear e ampliar um debate profundo a respeito
da concepção e do movimento por uma sociedade educadora que promova
oportunidades de informação, de integração, de participação e de humanização em
um contexto socioeducativo para todos. Estes são os pressupostos básicos à
formação dos educandos que queremos. [...] uma concepção de educação que
prioriza a cidadania, os direitos humanos, o diálogo e a participação de todos na
educação de nossas crianças, jovens e adultos, em busca da construção de uma
sociedade melhor, mais justa e mais fraterna. (QSN, 2009, p.15).
Que as políticas educacionais propiciem condições para que os educandos tenham
garantidos seus direitos a uma educação emancipatória e de qualidade social.
3 - Ser Humano
Quando analisamos a visão de mundo e a nova sociedade que idealizamos para que
nos tornemos “mais humanos”, nos perguntamos: que Ser Humano desejamos ajudar a
formar? Como ele deve ser para compor a sociedade que desejamos? Que qualidades, hábitos,
saberes, caráter deve ter para satisfazer as múltiplas demandas que o mundo atual nos exige e
para que possa sentir-se único e ao mesmo tempo parte do coletivo?
São indagações que, na condição de educadores, nos mobilizam e nos impelem em
busca de possíveis respostas. Elas nos levam a reflexões de natureza individual, quando nos
remetem a um olhar para nós mesmos e para o autoconhecimento. Assim, o diálogo que se
estabelece é interno, dirigido para a autoconsciência, indagando nossos próprios valores e o
jeito de vermos o mundo.
Outra natureza reflexiva é a que diz respeito à comunidade, à coletividade de pessoas
que vivem em comunidade e que precisam estabelecer relações de convivência saudável,
baseadas no respeito, na dignidade humana e na ética. Esse diálogo é composto de muitas
vozes, de valores internos distintos, de pontos de vistas variados, mas que convergem para a
necessidade de construção de valores que conduzam ao bem viver, à justiça social e à
felicidade. Assim, a comunidade escolar passa a também questionar como a educação pode
contribuir para essa mudança.
Percebemos que a mudança social passa pela educação. É claro que o ser humano é
educado e influenciado por vários grupos sociais, mas não podemos desconsiderar o papel
central que a escola ocupa nesse processo.
O papel da escola não é só propiciar a construção do conhecimento conceitual e
intelectual que fazem parte de seu currículo. Seu papel vai além, cabe-lhe preparar os jovens
para o futuro. E, se a pretensão é transformar o futuro para uma sociedade mais justa e
igualitária, é importante que a formação caminhe nessa direção. Para que o educando passe a
agir como cidadão é necessário vivenciar a cidadania no cotidiano escolar. Isso não é utópico,
nem irreal, porém muitas práticas precisam ser mudadas, seja pela direção, professores,
funcionários, pais e educandos. Por isso, desejamos um novo olhar sobre o papel da escola,
onde se tenha a oportunidade de interagir com as diferenças, e com situações de caráter
coletivo de modo a aprender como contribuir para um convívio social harmonioso.
A interação deve ser a base da formação humana, o diálogo permanentemente
construído ao longo do processo educacional, favorece a apropriação e a utilização dos
instrumentos culturais, necessários às práticas mais comuns da vida cotidiana. Com as
famílias e grupos sociais diretamente interessados na mudança social como parceiros, teremos
condição para a construção de um mundo mais fraterno e humano e com maior expectativa de
vida com qualidade social.
O ser humano que desejamos ajudar a formar deve ser reflexivo, consciente do seu
papel social, capaz de pensar e agir como mediador da transformação de si mesmo e do
mundo. Deve respeitar o próximo, ser responsável e íntegro, valorizando as individualidades e
as relações humanas, respeitando a si mesmo e ao próximo, praticando a solidariedade e
exercendo seus direitos democráticos. Deve ser capaz de utilizar seus conhecimentos e
sentimentos em favor das interações sociais e da sua formação cultural, emocional e física,
desenvolvendo a autoconfiança, a sensibilidade, a criatividade, a ludicidade, a curiosidade, o
hábito de pesquisa e a autonomia.
Um ser humano independente, crítico e argumentativo, e politicamente posicionado
diante da realidade social, mobilizado e articulado, sendo responsável pelas suas ações,
agindo sempre consciente dos seus direitos e deveres com maturidade para assumir e saber
reconhecer seus erros. Esperamos que ele se assuma partícipe da sociedade tendo clareza de
sua importância, atuando como formador de opinião e carregando dentro de si o respeito, a
integridade e a solidariedade.
Independentemente de classe social, o ser humano que desejamos ajudar a formar é
aquele que conhece a si mesmo e desenvolve seu potencial, capaz de atuar contra o
individualismo e o egoísmo, valorizando a própria identidade e a do outro.
Cada sociedade se desenvolve a partir das relações que os homens estabelecem entre
si em vários contextos, caracterizando assim o modo de pensar, o modo de agir e os interesses
das classes e grupos sociais que dela fazem parte.
Nesse contexto, almejamos formar seres humanos capazes de compreender, julgar e
intervir na construção e na transformação da sociedade que os cerca, de maneira responsável,
solidária, igualitária e democrática.
Considerando que a educação é um espaço de desenvolvimento humano, almejamos
formar pessoas que valorizem os diferentes arranjos familiares, que vivam o respeito ao
próximo, o amor e os valores morais, éticos e cívicos, enfatizando a busca pelo conhecimento,
o valor do estudo e do trabalho.
Sendo assim, visamos contribuir na formação de um ser humano que se reconheça
enquanto sujeito histórico e de direitos, com visão política e participação efetiva e cidadã na
sociedade, que respeita os diferentes posicionamentos ideológicos e não se deixa corromper,
defendendo suas ideias, vivendo em harmonia e transformando a realidade em que está
inserido.
Como escola, idealizamos seres humanos com sede de conhecimento, dedicados a
aprender, manter-se informados e atualizados. Sujeitos leitores fluentes em todos os sentidos,
tanto em relação à leitura de mundo, quanto em relação à leitura e escrita da palavra, para que
consigam sonhar e realizar seus próprios projetos, e os projetos de sua comunidade. Que
saibam valorizar e preservar nossa cultura, valores e patrimônios construídos ao longo de
nossa história.
Como a afetividade também é um fator fundamental no desenvolvimento cognitivo do
ser humano, desejamos investir no potencial de aprendizagem das crianças, reconhecendo seu
valor, para que se fortaleçam e se constituam como sujeitos sociais.
Assim, a educação deve formar seres humanos que tenham como princípio o respeito à
diversidade. Para tanto, torna-se necessário um compromisso ético e profissional, pautado em
uma prática pedagógica que também conceba regras e o estabelecimento de limites,
contribuindo com o desenvolvimento da autoestima, confiança, respeito a si próprio e ao
outro.
Pessoas que refletem sobre a sociedade do ponto de vista ético, moral e da justiça, e
que, sobretudo, busquem vivenciar esses valores trabalhando pelo bem comum e não somente
para acumular riquezas de caráter consumista.
Desejamos, pois, formar um ser humano com consciência ecológica, preocupado com
os recursos naturais e a sustentabilidade, que se reconheça como responsável pela situação do
patrimônio natural e social. Enfim, seres comprometidos com as futuras gerações, mais
humanos e mais felizes.
4 - Finalidade da Escola
Vários pensadores da educação deixaram ideais sobre a finalidade da escola. Os anos
seguem-se e já não é mais possível imaginar uma escola opressora.
A sociedade em constante mudança nos empurra para uma realidade que às vezes nos
assombra. Questionamo-nos várias vezes sobre qual é o nosso papel dentro destas
transformações tendo em mente o ser humano que queremos formar. Sendo assim, a
finalidade da escola é ser um espaço formador de cidadãos conscientes e justos e promover o
desenvolvimento em suas diversas dimensões.
Acreditamos que a construção de uma escola democrática e eficiente é um caminho na
busca da excelência, possibilitando além da formação do cidadão com consciência, aquele que
saiba exercer seus direitos e deveres, que contribua para a preservação do meio ambiente,
tenha condições de mudar o seu destino e o mundo ao seu redor.
É válido ressaltar que a escola tem a finalidade de prover a educação formal, à luz do
princípio da humanização, trabalhando com ética, a fim fortalecer a cidadania, com
participação ativa de todos os envolvidos (corpo docente, discente e comunidade). Para tanto,
uma exigência é seu reconhecimento social, considerando-a como bem comum para o
desenvolvimento pleno do ser humano.
Por isso, sonhamos com uma escola transformadora, que contribua na promoção do
desenvolvimento pleno, da consciência social, que cause impacto positivo na vida das
crianças, jovens e adultos, a fim de que saiam da instituição conscientes da sua cidadania,
preparados para atuarem na sociedade. Para isso, precisa acolher a todos, estimular a
comunidade a fazer parte da construção e disseminação do conhecimento, contribuir para uma
aprendizagem significativa dos nossos educandos. Assim acreditamos que a escola deve
objetivar ser um canal para alcançarmos uma sociedade democrática. Afinal, se não
acreditarmos na escola para esse fim, então, perderemos a esperança de mudança!
Com isso, desejamos um lugar agradável, no qual a beleza se faça presente. Beleza
esta entendida como uma dimensão que eleva a percepção das pessoas, já que a educação é,
em última instância, um ato estético (PACHECO, 2012). Nesse espaço, sonhamos com uma
organização na qual as crianças se sintam à vontade para estudar, ou seja, um lugar onde
todos gostariam de estar, com profissionais dedicados, com ideais em comum e que possuam
à sua disposição todos os recursos tecnológicos e pedagógicos necessários para desenvolver a
aprendizagem.
Além disso, acreditamos no respeito e no trabalho coletivo desenvolvido de forma
harmoniosa. Por esse motivo, é necessário que todos estejam unidos para planejar e para
colocar em prática propostas significativas, organizar situações de aprendizagens prazerosas
que incentivem o ato de aprender de forma que os educandos se sintam mobilizados em dar
continuidade a sua formação.
É imprescindível o respeito às singularidades de cada um, nos aspectos físico,
emocional, intelectual, social e cultural. A escola deve ser inclusiva, ter uma proposta
pedagógica clara e refletida, elaborada coletivamente pela equipe escolar, ampliando assim as
relações humanas e promovendo uma convivência pautada no respeito mútuo, na confiança e
na solidariedade.
Queremos uma escola com recursos e espaços adequados a todas as possibilidades
educacionais e inclusivas, um local acolhedor que contemple os avanços científicos,
tecnológicos e a diversidade. Que haja inovação das práticas pedagógicas, com uma equipe
escolar capacitada, bem remunerada, comprometida e engajada em ações que estimulem o
conhecer e o aprender. Como espaço social, a escola deve estar atenta aos anseios da
comunidade e às necessidades formativas dos educandos, dos professores e demais
profissionais.
Que atenda cordialmente a todos e que seja reconhecida pela sociedade como um lugar
de pluralidade de aprendizagens, com interações entre o conhecimento escolar e a realidade
local. O contexto sociocultural no qual o educando está inserido deve ser considerado e
valorizado, destacando sua vivência e sua trajetória.
Deve envolver de forma democrática todos os segmentos que atuam na unidade,
respeitar os tempos de vida do educando, favorecendo um movimento de descoberta e de
superação em cada nova ação proposta. Em sua tarefa, a escola tem historicamente
possibilitado o acesso à cultura, ampliado as formas de pensamento e de comportamento
incluindo as artes e as tecnologias. Também pode colaborar na construção de sujeitos
autônomos honestos, justos, reflexivos, conscientes das suas responsabilidades, críticos,
criativos e protagonistas de suas ações na sociedade, comprometidos em agir e sendo parte do
mundo onde vivem.
Para que tenha significado, a escola deve ir além dos próprios muros e utilizar as ações
pedagógicas para o alcance dos objetivos a que se propõe, não apenas o de cumprir o
currículo, mas o de construir um alicerce baseado em valores e princípios, e o de formar e
transformar cidadãos capazes de lidar com suas frustrações, resolver seus conflitos e buscar
ter uma vida digna.
Para cumprir essa finalidade e se tornar polo de cultura, deverá ampliar seus recursos e
desenvolver condições adequadas para uma boa prática educacional, estimular os pais a se
envolver no processo educacional dos filhos, receber as famílias com carinho e possibilitar
que tragam ideias e opiniões para otimizá-lo, promover a participação ativa e efetiva da
comunidade, difundir a igualdade social, o respeito à diversidade, a convivência e a
solidariedade. Que esteja aberta para o desenvolvimento conjunto dos projetos e articuladora
de ações entre pares e com a comunidade no fazer político-pedagógico; sempre tendo, a partir
do diálogo e da reflexão, o respeito e a valorização dos saberes de todos, como sua atitude
ética.
Entendemos educação como a prática social responsável pelo processo de
humanização e buscamos, como escola, o desenvolvimento de uma concepção de ensino em
que educador e educandos sejam sujeitos do seu processo de desenvolvimento, pois ambos
necessitam da mediação das experiências e saberes para que se concretize a aprendizagem.
Desejamos uma escola mediadora de experiências e saberes que atue com
responsabilidade na formação dos educandos, como um local onde se ensine e se aprenda ao
mesmo tempo. Com isso, que seja um espaço de construção e produção do conhecimento e de
experiências plenas, não apenas na leitura e na escrita, mas preparados na perspectiva do
letramento, os sujeitos que nela se formam e que possam utilizar o saber no presente e no
futuro. A escola deve possibilitar que o educando protagonize suas vivências e se veja como
autor de sua vida e agente no mundo, posto que “[...] é um espaço de ampliação da
experiência humana, devendo para tanto, não se limitar às experiências cotidianas da criança,
e trazendo, necessariamente, novas informações e áreas de conhecimento contemporâneas. O
currículo se torna, assim, um instrumento de formação humana” (QSN 2009, p. 17).
Deve haver respeito às especificidades condições de atendimento aos educandos com
deficiência, proporcionando, além da socialização, a aprendizagem no seu processo de
desenvolvimento.
Com isso, desejamos que a escola atenda a todos os nossos educandos de forma plena,
considerando os quatro pilares da educação: o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender
a viver com os outros, aprender a ser2, princípios que se contrapõem ao individualismo, à
competição e à acumulação.
Para o educando aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros
e aprender a ser, a escola precisa realizar três tarefas: Aprendizagem Efetiva,
Desenvolvimento Humano Pleno e Alegria Crítica (Docta Gaudium) de cada e de todos os 2 Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI.
educandos, para alcançar a tão desejada qualidade social. A tarefa de Aprendizagem Efetiva
acontece quando o educando aprende os saberes necessários para sua formação (Cf. QSN),
nas diversas áreas do conhecimento inserindo-se no mundo como agente transformador.
Mas, só isso não é o bastante. As relações interpessoais, os projetos para a vida e a
sensibilidade social, como, por exemplo, a solidariedade, se constituem como importante
tarefa da escola. A tarefa de produção da Alegria Crítica, a douta alegria, resulta do
cumprimento das tarefas anteriores, pelo fato do educando se sentir capacitado e valorizado,
percebendo-se apto para lidar melhor na realidade em que vive, tanto na sala de aula, como na
escola, na família e na comunidade.
Desejamos que a escola seja um espaço de felicidade onde o ensino seja um meio para
descobrir e desenvolver suas potencialidades, propiciando com generosidade as realizações
para si e para o outro, e que seja um ambiente acolhedor, oferecendo aos educandos
oportunidades de vivenciar diversas situações nas quais exercitem a autonomia e a cidadania,
desenvolvendo suas potencialidades.
5 - Trabalho com o Quadro de Saberes Necessários (QSN) - Proposta
Curricular
O Quadro de Saberes Necessários (QSN) é um documento norteador da prática
docente e deve ser utilizado para o planejamento de ações que visem a construção e a
consolidação de saberes derivados das Ciências, das Artes e da Filosofia. Sendo assim,
favorece a articulação dos diferentes eixos numa perspectiva de desenvolvimento integral dos
educandos. Essa construção, que é coletiva, está em constante processo de ressignificação,
numa concepção dialética, na qual, por meio da ação-reflexão-ação buscamos melhorar nossa
práxis.
Serve como referência e instrumento de discussão para a construção dos projetos a
serem desenvolvidos na escola, agregando critérios, valores e princípios, de modo que os
conteúdos sejam ensinados e aprendidos; alicerce para os saberes mais complexos,
respeitando sempre os tempos de vida. Além disso, que possa facilitar e aprimorar o
planejamento da escola, para que os objetivos propostos no decorrer do ano letivo sejam
atingidos, bem como que o currículo possa ter a liberdade de adequar-se à realidade presente,
articulando os vários eixos da aprendizagem. Sendo assim, a construção de uma escola
democrática possibilita a formação de um cidadão crítico, que saiba exercer seus direitos e
deveres para o desenvolvimento humano e a preservação do meio.
O QSN é um meio para organizar os saberes definidos para cada etapa da Educação
Infantil, Fundamental e EJA. Nele estão baseados também os Projetos Político-Pedagógicos
das instituições. Com certa amplitude de significados, faz-se importante que nosso trabalho
promova o desenvolvimento e a formação de cidadãos reflexivos, participantes e conscientes
da importância da leitura de mundo e da responsabilidade em transformá-lo. Logo, o QSN
deverá ser utilizado de modo a respeitar as necessidades da escola, a realidade do educando e
da comunidade. O referencial também precisa ser do conhecimento dos pais, facilitando a
compreensão das diretrizes, para que os educandos ao saírem da escola possam dar
continuidade à sua própria formação.
A escola tem como uma premissa a mediação do aprendizado dos diversos saberes em
todas as áreas do conhecimento, afim de que sejam usados a favor da convivência humana no
âmbito dos relacionamentos pessoais e coletivos.
Pensando em uma perspectiva multicultural, faz-se com que o currículo se
comprometa com a perspectiva de acolhimento a todos, o respeito à diversidade, aos
princípios de humanização, igualdade e solidariedade.
Além disso, os documentos orientadores objetivam a aprendizagem significativa para
o desenvolvimento pleno e para a vida, sendo, portanto, um facilitador para se atingir o perfil
do educando que desejamos formar; um meio para que a escola cumpra sua função social.
Podem ser utilizados como instrumentos de inclusão, possibilitando ultrapassar preconceitos e
barreiras sociais do mundo atual.
O QSN deve funcionar, então, como referencial para um trabalho sólido e qualificado,
no qual os agentes desse processo educativo considerem e respeitem a individualidade de cada
integrante; em que o trabalho realizado seja compatível com a proposta e a realidade da
escola.
É papel da escola, possibilitar um contexto socioeducativo para todos, promovendo os
saberes de acordo com os tempos de vida num processo de humanização, de vivências e
descobertas valorizando o sujeito em suas especificidades de maneira democrática, como nos
orienta o documento norteador:
Assim, vale lembrar que o nosso Quadro de Saberes Necessários é um documento
vivo, podendo ser alterado a partir dos diferentes olhares que para ele serão
dirigidos, no cotidiano das nossas escolas. Além disso, será um norteador das nossas
ações, servindo como um referencial, tanto para pensarmos numa proposta de
formação permanente, como para o planejamento do dia-a-dia da sala de aula (QSN,
2009, p. 6).
Que o QSN possa colaborar na formação de princípios éticos e estéticos, que cada um
possa conhecer a sua história e reconhecer-se sujeito pelo exercício da cidadania. O
planejamento, nesse sentido, deve estabelecer uma sequência pedagógica permitindo que o
educando amplie seus conhecimentos.
A proposta curricular juntamente com outros documentos de base devem ultrapassar
os muros da escola e incentivar a pesquisa de educandos e educadores, proporcionando
liberdade para buscar novas informações e elevar a perspectiva de vida.
A pergunta que deu origem a este processo, como se lembram, foi: para formar o
aluno que desejamos, de acordo com o nosso PPP (sujeito autônomo – intelectual e
moralmente -, crítico, criativo, solidário, feliz), que saberes são necessários (tanto do
ponto de vista conceitual quanto procedimental e atitudinal)? (QSN, 2009, p. 2)
A devolutiva dessa indagação não está em uma única resposta, mas nos remete a uma
reflexão frente às necessidades do educando com o qual convivemos diariamente, criando
vínculos num cotidiano enriquecedor.
Tendo em vista que o conhecimento é inacabado, pois o processo de ensino-
aprendizagem não é transmissão de conteúdos e saberes, assim como não existe um manual a
ser seguido, é necessário propiciar a formação permanente, num processo enriquecedor pela
busca da educação de qualidade social.
Encarando nossa escola como um patrimônio social e como espaço para o exercício da
cidadania, a proposta curricular deve ser trabalhada no conjunto da comunidade, como
possibilidade de emancipação e de uma consciência transformadora.
A partir disso, poderá ser estabelecido um processo de colaboração, conduzindo-nos às
mudanças necessárias tanto nas salas de aulas, quanto em relação ao contexto social,
compreendendo que o processo de aprendizagem não deve ser limitado somente à leitura e
escrita, mas também a apropriações dos saberes nas diferentes áreas do conhecimento de
forma interdisciplinar, possibilitando ao educando ser protagonista de sua aprendizagem,
mediado pelo educador.
A educação é concebida como espaço de desenvolvimento humano. Portanto, faz-se
necessária, além da construção de uma escola criativa com qualidade social, que ela se
materialize nos múltiplos espaços e atividades, que contribuam para construção de saberes e
para a afirmação dos valores democráticos e solidários.
Nesse sentido, para executar uma educação pública de qualidade, é importante que
elaboremos nosso planejamento a partir da definição coletiva de metas a serem alcançadas. A
proposta do documento leva em consideração valores como cidadania, direitos humanos,
igualdade e justiça, valores que se espera habituais em todas as relações dentro do ambiente
escolar. Nesse sentindo, que os documentos orientadores do trabalho pedagógico
proporcionem os conhecimentos historicamente acumulados junto aos saberes da
comunidade, para que retorne à mesma de forma potencializada, criando assim um Bairro
Educador:
[...] compreende-se, portanto, que escola e território devem ter, em essência, um
projeto educativo comum – somente possível mediante uma construção
profundamente democrática. Portanto, respaldam a necessidade de um processo
educativo construído de maneira compartilhada, por meio de relações horizontais,
que fomentem a participação de todos os sujeitos envolvidos nesse processo, os
princípios da educação democrática. Quando o indivíduo encontra reais
possibilidades de participar da construção de seu próprio processo educativo, ele o
percebe como parte constituinte de sua identidade. (Articulação Escola-comunidade,
2014, p. 20-21).
Que haja coerência entre os objetivos de aprendizagem e as atividades didáticas. Pois,
a escola necessária para a contemporaneidade é vista como uma instituição de cultura que
deve compartilhar o saber, a ciência, a técnica e as artes produzidas socialmente, para que
todos possam ter acesso a esses bens.
Sendo assim, a autonomia do professor lhe permite identificar os saberes pertinentes
ao seu público alvo, realizando um trabalho no qual trace objetivos em prol dos educandos.
Então, para que tais intenções sejam levadas em consideração, é importante se ter claro a
concepção deste importante documento:
Os temas a serem tratados, nessa proposta, se referem a uma concepção de educação
que prioriza a cidadania, os direitos humanos, o diálogo e a participação de todos na
educação de nossas crianças, jovens e adultos, em busca da construção de uma
sociedade melhor, mais justa e mais fraterna. Dessa forma, evidencia-se que o nosso
Projeto Político-Pedagógico aponta para um projeto societário que repensa,
criticamente, as bases sociais, econômicas e políticas de nossa sociedade, visando à
construção de uma realidade em que se possibilite concretamente o direito à vida, à
educação e aos direitos fundamentais dos sujeitos históricos. (QSN, 2009, p.15)
6 - Tempos e Espaços
A organização dos educandos em situações de aprendizagem deve ocorrer não apenas
na sala de aula, mas em todos os espaços que podem se revelar como educacionais (quadra,
refeitório, pátio, sala de leitura, brinquedoteca, parque, solário, além de espaços e
equipamentos junto à escola como CEUs, praças, ruas, teatros, cinema, museus e outros). Os
espaços podem ser explorados para a integração dos educandos e das etapas/modalidades de
ensino em atividades planejadas. Considerando que os educandos aprendem em ritmos
diferentes, eles podem interagir com os colegas agrupados de diversas maneiras.
Os tempos e espaços escolares devem levar em consideração a proposta curricular, o
que será proposto para cada etapa do ciclo. É interessante que esse espaço não seja restrito à
sala de aula, mas que haja oportunidade de atividades culturais, ou seja, a escola precisa de
qualidade em seus espaços, em um diálogo entre as gerações e suas necessidades de
aprendizagem.
Desejamos que nossas escolas propiciem momentos diferenciados, organizados de
acordo com as necessidades do educando, em que possa vivenciar situações desafiadoras,
possibilitando o desenvolvimento de suas capacidades. Almejamos que os espaços sejam
planejados e organizados com qualidade, favorecendo a prática de ensino dos educadores.
Que os tempos e espaços se adequem e respeitem os diferentes tempos de vida e ritmo
de aprendizagem de cada educando, assim como as suas características individuais e
proporcionem possibilidades de exploração e pesquisa. Assim, desejamos que sejam
acolhedores, seguros e prazerosos, um ambiente rico de aprendizagem lúdica e que promova o
desenvolvimento integral dos educandos, fortalecendo as relações humanas entre todos:
educadores, educandos, gestores, funcionários e comunidade em geral.
Dessa forma, é importante que os tempos e os espaços garantam o resgate, a
valorização de cada tempo de vida, o respeito, a interação, as ações para a cidadania e a
participação de todos. A flexibilidade na organização e planejamento se faz necessária para a
utilização dos tempos e espaços, para que os recursos materiais e físicos sejam explorados,
aproveitados em sua totalidade e trabalhados de modo a desenvolver a autonomia dos
educandos e a formação integral.
Os espaços devem ser funcionais, confortáveis e favorecer a aprendizagem prazerosa,
por meio de oportunidades e possibilidades que visem o crescimento dos educandos, além de
fortalecer parceria entre escola e família, instigando e favorecendo a criatividade e a
autonomia.
A organização da sequência de atividades precisa ser pensada a partir da realidade de
nossos educandos, suas necessidades físicas, psicológicas, históricas e sociais, respeitando a
infância, a adolescência, a juventude e a vida adulta, sabendo que existem tempos diferentes
de aprender.
Os espaços devem contemplar atividades lúdicas, com acesso a bens culturais e
tecnológicos, que contribuam para a aprendizagem do fazer, do ser e do conviver.
Assim, precisarão ser sempre repensados para contemplar a diversidade inerente aos
grupos dentro de uma proposta calcada nos saberes necessários ao desenvolvimento integral
do educando.
A escola tem a função de contribuir para a superação da fragmentação do ensino (por
séries ou conteúdos), reafirmando assim o pressuposto sugerido na proposta curricular, de
organização educacional em ciclos respeitando os tempos da vida, o que demanda um
currículo com ressignificação e contextualização.
A comunidade também tem lugar na dinâmica de (re)organização de tempos e
espaços, na medida em que estes se tornem um centro de cultura e de interatividade, em que o
acesso de todos seja uma oportunidade de criatividade e inovação.
É necessário ter ambientes motivadores e atraentes, para que favoreça a apropriação e
a consolidação dos saberes e eixos abordados no QSN. Esperamos que cada educando tenha
espaço para brincar e aprender brincando, apropriando-se da escola como um todo.
Sonhamos que os tempos e espaços escolares, sejam intencionalmente planejados com
diálogo e reflexão, a fim de aperfeiçoar as práticas pedagógicas, e trazer desenvolvimento e
crescimento à instituição. Os ambientes de aprendizagem devem permitir que o educando seja
protagonista de seu desenvolvimento e autonomia.
Assim, deverão promover a expressão da fantasia, imaginação e criatividade, além de
suas diversas linguagens expressivas (arte, movimento, música, etc). Desejamos que a escola
aproveite o seu espaço para favorecer a função pedagógica, transformando-o de acordo com a
necessidade, proporcionando ação-reflexão-ação.
Além disso, os espaços podem vir a despertar o interesse e o desejo pelo novo
(conhecimento) e o suporte necessário para que a descoberta aconteça (conceber o
aprendizado).
Por fim, que os tempos e espaços em nossa escola ultrapassem os próprios muros da
escola, fazendo com que nossos educandos se apropriem do conhecimento e percebam sua
função social. Em constante diálogo, construiremos um espaço e um tempo de “inclusão” com
todos os envolvidos no processo de aprendizagem.
7 - Metodologia de Ensino
A metodologia de ensino adotada é essencialmente baseada nos princípios
epistemológicos dos seguintes autores: Paulo Freire, Vygotsky, Wallon e Emília Ferreiro.
A opção deve ser por aquelas que estimulem e aprimorem habilidades e competências,
no incentivo à pesquisa e à participação individual e/ou coletiva, para obtenção de uma
educação significativa.
Que as aulas sejam pautadas em projetos e temas geradores e que estes sejam
desenvolvidos através de pesquisas, oficinas, estudo do meio, favorecendo a construção do
conhecimento pelo educando e pelo educador, com envolvimento dos especialistas e da
comunidade. Devem-se valorizar as atitudes mais dinâmicas, em que os educandos
pesquisem e possam participar mais do seu processo de aprendizagem. Deve possibilitar aos
educandos ampliar seus saberes através de vivências e experiências concretas nos diferentes
espaços promotores de aprendizagem, respeitando a realidade que os cercam, mas também
possa ser promotora de mudanças e benfeitorias, não somente na Unidade Escolar, mas
também no seu entorno (bairro, cidade).
Deve ser interativa, inclusiva e possibilitar que a criança expresse sua criatividade por
meio das diversas linguagens: oral, escrita, corporal, social, artística e matemática.
Desejamos uma metodologia que valorize os saberes dos educandos, os incentive,
desenvolva e amplie as possibilidades de aprendizagem, tornando-os participativos e respeite
suas vivências.
Que, a ludicidade seja o principal meio norteador da articulação entre teoria e prática.
Almejamos uma metodologia com socialização, compartilhamento de ideias e opiniões
envolvendo a todos, buscando trabalhar e lutar por um mesmo objetivo: a educação de
qualidade. Ansiamos por um ensino dinâmico e concreto, com uso de recursos tecnológicos e
técnicas de aprendizagem que envolvam e despertem o interesse dos educandos. Desejamos a
participação e colaboração dos pais e da comunidade contribuindo para o fortalecimento e
aprimoramento de nossa metodologia de ensino. A participação do coletivo escolar nas
discussões/decisões é fundamental, em que pais e educandos possam de alguma forma
interagir, seja dando opiniões, conhecendo as metodologias usadas, assim como também
avaliando seus pontos positivos e negativos.
Desejamos uma metodologia organizada, respeitando o tempo de vida dos educandos
com qualidade e prazer, tornando-os ativos; e sujeitos do seu próprio processo de
conhecimento.
Uma metodologia que parta da observação de cada educando, que considere suas
necessidades e possibilite o seu crescimento individual e social, que veja a criança como ser
em desenvolvimento de todas as suas potencialidades e não como alguém que virá a ser.
Desejamos uma metodologia emancipatória, que contemple a diversidade, atenda os
educandos em sua integralidade, respeitando suas experiências prévias e a realidade na qual
estão inseridos.
A metodologia deve ser prazerosa, despertar o desejo no educando em participar,
interagir e também de ser capaz de compreender, julgar e intervir na transformação da
sociedade que o cerca, de maneira responsável, solidária e democrática.
É necessário que privilegie um ensino integrado entre as áreas do conhecimento
(interdisciplinaridade), mais humanizado e que supere as barreiras do preconceito, sendo
acompanhado pelo professor coordenador pedagógico e pela gestão da unidade escolar. Esse
respeito deve contemplar todos os educandos com suas diferenças culturais, religiosas,
sociais, entre outros aspectos, quando da realização das festividades elaboradas pela escola a
fim de que possam conhecer o caminho da convivência pacífica e do companheirismo.
A metodologia de ensino deve prever flexibilidade metodológica, contextualização do
ensino, ludicidade, além de propostas com temas atuais. Que garantam uma aprendizagem
significativa possibilitando ao educando ler, escrever e interpretar, sendo aplicada e reavaliada
continuamente pelos pares. Deve possibilitar a inclusão digital, o trabalho com as diferentes
linguagens artísticas e línguas estrangeiras, de modo que o ensino torne-se mais agradável e
atualizado, otimizando a utilização dos tempos e espaços da escola e ampliando o interesse e a
aprendizagem dos envolvidos.
A Educação Fundamental concretiza um tempo de vida em que os educandos que dele
fazem parte podem alcançar significativos avanços no que diz respeito à alfabetização na
perspectiva do letramento, e na conquista da autonomia necessária à aquisição de novos
conhecimentos, levando-os a conhecer opções profissionais, culturais e artísticas, sempre com
a mediação dos educadores.
Desejamos que o educando posicione-se de maneira crítica, responsável e construtiva
nas diferentes situações sociais, respeitando a opinião e o conhecimento produzido pelo outro,
utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas. A
metodologia deve despertar o interesse dos educandos para que desenvolva o interesse pelo
conhecimento e utilizando-se de suas inteligências múltiplas.
Deve estar pautada no reconhecimento do “erro” e na diversidade de atividades
pedagógicas que inspire confiança e determinação na aprendizagem por parte dos educandos,
voltando-se para a experimentação.
Que a metodologia de ensino esteja pautada em documentos federais e naqueles que
norteiam nossa rede e que contemple todos os eixos do QSN. Que haja suporte para a
construção do conhecimento a partir da consciência crítico-reflexiva e desenvolvimento da
autonomia dos educandos.
A escola deve ter um espaço físico adequado para receber o educando com diferentes
deficiências, favorecendo seu processo de ensino–aprendizagem, com profissionais
especializados, orientando-nos tanto no pedagógico quanto no uso dos materiais didáticos,
para que o professor consiga atender todos no mesmo ambiente escolar, tendo como parceria,
o (AEE - Atendimento Educacional Especializado).
A partir da proposta curricular, a metodologia deve ser baseada, principalmente, no
socioconstrutivismo (desenvolvimento baseados na interação com outros seres humanos, com
o meio, etc), aberta a modificações e utilização de uma variedade metodológica e de
experiências de aprendizagens significativas como jogos, brincadeiras, passeios e demais
atividades.
O fazer pedagógico deve ser sempre planejado, e desejamos que ele inove e desperte o
interesse das crianças pela descoberta, a fim de propiciar a autonomia de cada um, sem perder
de vista a interação com o todo.
Precisamos nos opor às metodologias que apontem para qualquer ideia de imposição
ou que tragam consigo resquícios de desrespeito ou tirania, por outro lado, abraçamos tudo
aquilo que dignifica o trabalho do professor e contribua para a formação do ser humano.
O educador deverá sempre avaliar o seu trabalho, tendo a oportunidade de reorganizá-
lo e modificá-lo. A coordenação deverá sempre observar e colaborar com isso, bem como os
órgãos competentes deverão dar suporte, especialização e condições necessárias para que o
professor possa desenvolver com seus educandos o que ele almeja. Uma melhor formação
para o professor em suas horas-atividades, através de palestras e filmes, constitui-se num
importante recurso para qualificar seu trabalho.
Desejamos métodos mais dinâmicos e motivadores para os educandos, com
computadores nas salas de aula, lousa digital, possibilidade de pelo menos duas saídas com as
classes para passeios culturais, apresentações de teatro nas escolas, dança, canto, parceria com
profissionais da saúde e segurança. As salas de aula da educação fundamental deveriam ter
mesas e cadeiras que facilitassem o trabalho coletivo e outras possibilidades de distribuição
dos educandos.
O educador tem a liberdade de escolha e utilização de materiais, procedimentos
didáticos e de instrumentos de avaliação do processo de ensino-aprendizagem dentro dos
princípios educacionais. A troca de ideias, o confronto de opiniões diferentes, num ambiente
em que todos se sintam respeitados e principalmente uma proposta onde o professor faça
intervenções constantes e conscientes.
A metodologia deve acompanhar o desenvolvimento do mundo, buscando atender a
todos os educandos, em seus processos cognitivos, em uma perspectiva da “ação-reflexão-
ação” das abordagens teóricas, com autonomia e criatividade. Ainda, buscar novas
abordagens para suprir as defasagens de aprendizagem diagnosticadas.
Uma metodologia que busque novos saberes do processo ensino-aprendizagem,
sempre em consonância com o PPP, QSN e PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais),
discutida no grupo de forma clara e que o ensino seja eficiente para assegurar a qualidade
social da educação, envolvendo todos os eixos e os mais diferentes recursos didáticos.
Que os educandos aprendam e reconheçam o valor da escola, sintam prazer em vir à
instituição, mais motivados em aprender.
A escola deve apresentar metodologias dentro de uma concepção dialética e
socioconstrutivista, com uma troca de conhecimentos mútuos, que contemplem o prazer na
aprendizagem.
Desejamos uma metodologia de ensino em que o professor tenha liberdade para
trabalhar, visando o interesse do educando, que tenha objetivos claros; que privilegie a
participação de todos, e que envolva o educando no processo educacional. Uma metodologia
adequada à faixa etária; que seja significativa, com qualidade; que proporcione meios de
vivência social e cultural, de leitura e releitura de mundo, procurando dar significado às
experiências de aprendizagem e contemple um ensino que privilegie o contexto e esteja
devidamente comprometido com o processo de formação dos educandos.
Desejamos que as atividades propostas incluam desafios que atendam os diferentes
níveis de desenvolvimento, modalidades de aprendizagem e as múltiplas inteligências; que
o(s) professor(es) utilize(m) recursos incentivadores e busquem e/ou atualizem seus
conhecimentos sobre as novas tecnologias, utilizando-as como ferramentas para a aquisição
de novos conhecimentos significativos junto ao educando; que o conhecimento seja
problematizado por meio de situações desafiadoras e contextualizadas e que haja profissionais
capacitados pela escola.
O lúdico deve permear todo processo, bem como o desafio, despertando a curiosidade
das crianças em desvendar e conhecer aquilo que é novo para elas para que haja superação da
“inocência” para o conhecimento científico.
Neste processo, todos podem participar – educadores, educandos, pais e comunidade,
de forma a tornar a metodologia democrática.
Metodologias de ensino não são um fim, mas são meios pelos quais os professores
procuram alcançar os objetivos estabelecidos. Assim, desejamos uma Metodologia de Ensino
que seja mediadora, que vincule a realidade do educando e forneça propostas estruturadas
para possibilitar o alcance do seu desenvolvimento pleno.
8 - Relação Professor-Educando/Disciplina em nossa Escola
Para que haja disciplina é preciso que a liberdade não apenas tenha o direito, mas o
exerça de dizer “não” ao que se lhe propõe como a verdade e o certo. A liberdade
precisa aprender a afirmar negando, não por puro negar, mas como critério de
certeza. É neste movimento de ida e volta que a liberdade termina por internalizar a
autoridade e se torna uma liberdade com autoridade somente como, enquanto
autoridade, respeita a liberdade. A responsabilidade que temos, enquanto seres
sociais e históricos, portadores de uma subjetividade que joga papel importante na
História, no processo deste movimento contraditório entre autoridade e liberdade, é
de indiscutível importância. (FREIRE, 1993)
Que professores e educandos cultivem valores democráticos de respeito mútuo,
justiça, cooperação, união, confiança, companheirismo. Que na atuação parceira por meio da
troca de ideias e de práticas e com uma relação dialogada reflitam sobre os papéis de cada um
e sobre seus compromissos voltados à aprendizagem.
Desejamos que todos os envolvidos com o processo educacional possam contribuir
com uma educação de qualidade, resgatando os valores de uma relação ética, baseada no
amor, na cumplicidade, no respeito, na solidariedade, na responsabilidade compartilhada e no
contrato didático, com flexibilidade para a construção do conhecimento e o desenvolvimento
do ser humano.
Buscamos uma relação equilibrada, com espaço para a criação e para a ludicidade.
Que o saber de todos seja acolhido, valorizado e mobilizado no projeto comum.
A instituição tem, entre outros, o objetivo de promover a aprendizagem e o
desenvolvimento dos educandos. As experiências com o letramento, o brincar, as artes e as
ciências proporcionam a ampliação das experiências humanas do cotidiano. Desejamos que o
professor oportunize tais situações contribuindo para que seus educandos ampliem
gradativamente sua consciência, inclusive sobre as contradições presentes na sociedade.
É válido ressaltar que, cada indivíduo é único, havendo variados ritmos de
aprendizagens. Assim, é pertinente a diversificação de ações para que todos possam ter seus
direitos de aprendizagens efetivados. Todas as salas são compostas por pessoas diferentes, de
grupos diferentes, diferentes realidades e acima de tudo, potenciais diferentes e saber usar
essas potencialidades, gera um sentimento de alegria e de bem estar coletivo. Contribui para a
afirmação da imagem positiva de si e do outro.
Na sala de aula, opiniões diferentes devem ser consideradas como positivas, pois essas
podem enriquecer a discussão e conduzir os educandos, às possibilidades de articulação,
defesa, reflexão e consenso, e nesse sentido, o professor deve ter a sabedoria de mediar a
situação.
Que o educador possa ouvir seus educandos. Nessa relação, a afetividade pode ser
estabelecida e os conflitos solucionados.
No caso da educação das crianças, que a família esteja presente no seu dia a dia
escolar, inserindo-se através das parcerias e diálogo com os educadores e com a gestão, em
que todos tenham responsabilidades e clareza sobre limites e regras de convivência. A
integração das 3 (três) partes (educador, educando e família), é fundamental para o bom
andamento da educação escolar.
Almejamos uma escola com diálogo permanente, em que educadores possam se
inteirar das características e realidades de seus educandos e que as trocas realizadas entre eles
sejam permeadas por afeto e cuidado. É imprescindível neste campo considerar os tempos de
vida e as realidades a partir das quais se dá a relação, bem como as diversas necessidades
físicas e emocionais do educando.
Que o relacionamento seja construído por todos, de modo que aproxime os objetivos e
interesses, permeados de ludicidade, no qual o professor entenda o educando no seu tempo e
realidade (a comunidade na qual está inserida), e que se estabeleça o diálogo e o respeito às
diferenças, sem qualquer tipo de preconceito, discriminação ou submissão.
A mediação do educador é fundamental nas situações adversas. O diálogo é primordial
entre educandos e demais agentes. A revisão do planejamento também é recomendável
sempre que necessário, para que as atividades sejam diversificadas e as ações avaliadas com
profissionalismo e ética.
O professor deve compreender cada educando em sua individualidade e em seu tempo
de vida, e este deve ver o professor como facilitador e mediador do processo.
A participação e o comprometimento dos educandos são fundamentais para que haja
interação. O saber ouvir e o diálogo aberto geram relações democráticas e mais humanas.
Educadores e educandos devem estar abertos a cumprir tarefas, trabalhar os temas,
atuar em aula e participar ativamente na conquista de uma relação cotidiana colaborativa.
Desejamos uma relação harmoniosa, pautada pelo respeito aos direitos e deveres, com
intervenções restaurativas de resolução de conflitos, por meio do diálogo, das vivências
sociais, onde o aprender e o ensinar estejam interligados pelos valores de solidariedade e
afetividade, e que as regras e combinados sejam construídos coletivamente, evidenciando a
todos quais princípios e valores estão envolvidos nas diretrizes e normas.
Esperamos do professor que assuma uma postura de educador, conduzindo o processo
construtivo do conhecimento, mediando, instigando, fornecendo informações que ampliem as
experiências dos educandos, intervindo, estimulando, orientando e desafiando-os
permanentemente que, aprendendo a aprender, tornam-se sujeitos do processo ensino-
aprendizagem.
Do educando esperamos que seja protagonista do processo ensino-aprendizagem,
como tal é aquele que experimenta, duvida, analisa, erra, reconstrói e finalmente aprende,
fortalecendo um conhecimento construído em conjunto.
Já os professores, devem ser compromissados com a sua turma (assíduos, atentos,
flexíveis) considerando os tempos de aprendizagem, potencialidades e necessidades de seus
educandos, conhecendo a escola e a sua(s) turma(s) em especial, traçando estratégias
ajustadas, para a promoção do saber e dos valores essenciais à convivência.
Tanto o educando como o professor são agentes e receptores no processo de ensino e
de aprendizagem. Que ambos estejam identificados nas necessidades do coletivo e que sejam
conscientes, responsáveis e compromissados com suas escolhas.
Estabelecer combinados com toda a turma, de forma a proporcionar que cada um
contribua com esta construção pode ser bem interessante para o desenvolvimento do trabalho
relacionado à disciplina. Que essa temática seja tratada cotidianamente como algo necessário
e importante nesta relação, identificando os erros e o que é necessário para acertar.
É válido ressaltar que, no que se refere à disciplina, tanto a escola como a família
devem se unir em prol da formação dos educandos. O envolvimento de toda a equipe também
é importante para que cada um perceba-se como atuante no processo e aja profissionalmente
frente aos desafios para identificar os fatores que acarretam a indisciplina.
Que os educadores reflitam sobre a sua prática pedagógica ao tratarem com crianças,
jovens e adultos, tendo clareza da intencionalidade de suas ações e potenciais
desdobramentos, sabendo que os tempos de vida são diferentes.
Desejamos uma relação de comprometimento e companheirismo. Que o professor
estabeleça um relacionamento no qual a confiança e respeito sejam recíprocos. Assim, a
disciplina e o interesse tendem a ser apenas consequências.
Almejamos o olhar para o outro, com o diálogo sempre presente, entendendo o
educando como ser humano, contribuindo desse modo para o desenvolvimento de relações
baseadas na empatia e no profissionalismo.
A noção de disciplina, o respeito às regras de convivência e os combinados devem ser
fortalecidos por meio da parceria entre escola e família, a fim de construírem a melhor
convivência, além do estabelecimento dialogado de regras ou limites, visando um bom
desenvolvimento emocional, físico e psíquico de todos.
Na partilha das práticas, os saberes e os sentimentos de todos precisam ser respeitados
e valorizados. Para tanto, uma exigência é a atenção aos sujeitos e seus processos, diante dos
quais podem ser constatados os avanços diários. Um complementa a aprendizagem do outro,
pois tanto o educando quanto o professor vivem experiências constantes de aprendizado.
9 - Avaliação da Aprendizagem
A avaliação da aprendizagem deve ter como princípio a revisão e o aprimoramento da
qualidade de ensino e contribuir para o diagnóstico, a reflexão, o redimensionamento e a
transformação da prática escolar.
Sonhamos com uma avaliação mediadora, contínua e reflexiva sobre os
conhecimentos e potencialidades do educando, realizando-se em diferentes espaços e tempos
do cotidiano escolar. Deve constituir-se num instrumento a serviço da aprendizagem, não se
fragmentando no processo. O professor fará uso da avaliação para acompanhar a progressão
do educando, oferecendo-lhe condições e meios de aprendizagem, podendo rever os
procedimentos que vem utilizando e considerando o ideal e o real (Zona de Desenvolvimento
Proximal), respeitando os tempos de vida e redimensionando o trabalho em função das
necessidades dos educandos.
Desejamos uma avaliação que permita buscar sempre o aprendizado e o
desenvolvimento integral do educando em todos os aspectos, assumindo um caráter
fundamentalmente formativo e norteador para também subsidiar a elaboração das formas de
intervenção mais assertivas.
Que a avaliação da aprendizagem respeite o tempo de cada educando e valorize suas
potencialidades, por meio de registros, reuniões e parceria entre família e escola, integrando a
sequência do trabalho pedagógico e contemplando as áreas de desenvolvimento dos
educandos atuando em diferentes dimensões, utilizando instrumentos quantitativos e
qualitativos, para considerar o educando em sua totalidade.
Desejamos que a avaliação direcione novos caminhos e oportunidades de
aprendizagem sob a perspectiva de diversos saberes, não se restringindo apenas ao saber
construído na escola, mas aos saberes e habilidades extracurriculares. Por isso, o processo
avaliativo deve ter importância não só para professores, mas para todos os envolvidos (pais,
educandos e comunidade geral). Seus resultados devem ser discutidos, buscando maior
interação de todos sobre a realidade da aprendizagem na escola.
A avaliação com perspectiva sempre mediadora, em que o “erro” seja considerado
como um indicador do processo de aprendizagem percorrido pelo educando, sendo uma ponte
na construção do conhecimento. Isso também coloca em perspectiva a própria dimensão do
ensino ou “da ensinagem”, e não só da aprendizagem e serve de termômetro para verificar o
quanto temos que (re)pensar nossas práticas.
Que seus instrumentos sejam repensados e adequados à compreensão das reais
necessidades dos educandos, com ações diversificadas que estimulem o raciocínio, o registro,
a pesquisa, a reflexão, a iniciativa, a criatividade, a autoavaliação, a autocrítica etc.
Entendemos que todo ser humano possui múltiplas necessidades, habilidades e
potencialidades a serem desenvolvidas: afetiva, intelectual e social; o processo de avaliação
precisa considerá-las para resultar na ampliação desses aspectos. A avaliação não é
meramente um instrumento técnico, ela é fundamental para elevar a autoestima, o
reconhecimento de múltiplas culturas e desenvolvimento da cidadania.
Nessa perspectiva, o QSN afirma que: “a diversidade metodológica e a avaliação
(diagnóstica, processual e formativa) devem estar comprometidas com uma aprendizagem
inclusiva, que valorize a Vida e que proporcione aos educandos um aprendizado efetivo e
integral” (QSN, 2009. p. 53).
O professor não é a única fonte de saber na sala de aula, ou seja, é um mediador do
conhecimento que os educandos já trazem e os que ainda vão construir. Por isso, é
fundamental uma avaliação baseada na totalidade das práticas, que considere a
individualidade e os avanços de acordo com as peculiaridades inerentes a cada educando,
observadas no diagnóstico e no decorrer da aprendizagem.
Não é demasiado dizer que os instrumentos formais de avaliação são importantes, mas
não é apenas por meio deles que podemos acompanhar o desenvolvimento do educando, mas
também por observação do empenho de cada um, acompanhando sistematicamente o
desenvolvimento da aprendizagem, frequência, entre outros. É fundamental que as estratégias
de avaliação se diversifiquem, garantindo os diferentes modos de aprender e de expressar as
aprendizagens. O princípio de uma boa escola não depende somente do desempenho do
educando em cada etapa do saber conquistado, mas sim da relação que ele estabeleceu com
esse saber.
Essa avaliação contínua, construtiva e processual, em que as defasagens encontradas
alcançam espaço e tempo para serem trabalhadas, proporcionam um alargamento da própria
visão da avaliação e permite ampliar e oportunizar aos educandos outras estratégias
metodológicas para que avance no seu processo de aprendizagem, potencializando a prática,
bem como a evolução do educando em todos os aspectos, sejam eles intelectuais, corporais,
emocionais, éticos e estéticos.
Avaliar a apropriação dos saberes para a permanente promoção da aprendizagem, e
não para punir ou classificar (rotular) o educando, guardando coerência entre os objetivos
educacionais, o projeto político-pedagógico e o que será avaliado.
Sonhamos que a avaliação seja entendida como um dos aspectos do ensino pelo qual
o professor estuda e interpreta os dados sobre os contextos de aprendizagem e de seu próprio
trabalho pedagógico, com a finalidade de acompanhar e aperfeiçoar o processo educacional,
intervindo nas dificuldades encontradas e buscando caminhos para a construção de novas
oportunidades e de novos saberes.
Portanto, pensar em avaliação é também pensar no êxito do trabalho do professor e
no aprendizado do educando, ou seja, uma relação dialógica e constante, pois pensar em
fracasso escolar apenas sob o viés do educando, sem avaliar métodos e práticas avaliativas
do docente é além de constituir um equívoco, não coaduna com uma educação progressista e
democrática que todos desejam.
10 - Hora-Atividade
A Hora-Atividade possui horários específicos e está prevista dentro da jornada
docente. É um momento destinado à formação dialogada, com objetivos claramente
estabelecidos. Precisa ser um espaço de verdadeiro aprendizado, onde as informações
oferecidas possam ser relevantes para os educadores. Esta formação, além de orientar,
também precisa subsidiar os professores, promovendo a reflexão e permitindo que os
educadores compartilhem seus saberes entre os pares, praticando o princípio freiriano de
ação-reflexão-ação. Essas reflexões sobre o trabalho cotidiano devem priorizar as
necessidades do dia a dia e também incidir sobre as práticas bem sucedidas, para que estas
inspirem o trabalho do professor. A pesquisa deve fazer parte desses momentos e a formação
deve ser produtiva, pautada no companheirismo. Esse momento é “(...) de fundamental
importância para a constituição do caráter contínuo da formação permanente.” (Formação
Permanente, 2010, p.17).
O tempo formativo deve ser gerenciado de maneira coerente e dinâmica, ou seja, deve
ser programado com antecedência de forma a possibilitar o aprimoramento dos educadores,
privilegiando os aspectos pedagógicos e propiciando a tomada de decisões coletivas,
direcionada para o planejamento e elaboração de projetos.
Deve ser um momento desafiador, que instigue a participação de todos, que possibilite
a problematização de questões de caráter social e pedagógico, visando à solução de conflitos
com base nos valores e princípios éticos definidos coletivamente. A hora-atividade precisa ser
gerida de maneira democrática, pois é o momento para o professor expressar suas opiniões,
ser ouvido e apoiado nas necessidades de sala de aula, em consonância com a realidade
educativa da escola.
Sua fundamentação em pesquisas e estudos teóricos, reflexivos, legais e de práticas
exitosas entre o colegiado docente e equipe gestora, orienta o aproveitamento dos momentos
de discussão. Podem ser promovidos e ampliados também com parcerias institucionais
acadêmicas para potencializar as práticas pedagógicas de conhecimento científico,
humanitário e social, vislumbrando a formação dos nossos educadores e educandos de forma
integral, com base na ampliação da visão nas esferas que garantam a promoção básica dos
direitos humanos.
Desejamos que este espaço se legitime e se amplie para subsidiar o professor em seu
planejamento, desenvolvimento e avaliação consistente do seu trabalho. Que a hora-atividade,
espaço e tempo de formação, seja democrática e protagonizada por todos que desejam
contribuir de forma ética e respeitosa, validando-se na diversidade. Que as discussões acerca
das discussões pedagógicas sejam claras, para que a equipe trace sua identidade, suas
propostas de trabalho, legitimando com autonomia seu Projeto Político-Pedagógico. Que as
bases curriculares, metodológicas e avaliativas possam ser construídas de maneira
transparente para todos e que o processo ensino-aprendizagem ocorra de forma articulada
entre a teoria e a prática.
Que os espaços destinados à Hora-Atividade sejam garantidos com legitimidade,
participação e seja responsabilidade de todo o coletivo. Outro elemento importante é a prática
do registro. Este precisa ser garantido por meio de diferentes formas, com foco formativo e
ativo na reflexão, deliberação, organização, articulação, desenvolvimento e avaliação dos
projetos institucionais, garantindo o acesso a todos os interessados.
A hora-atividade precisa contribuir para a ampliação da consciência de todos os atores
educativos da escola sobre seu compromisso como educadores, no tocante à melhoria do
trabalho pedagógico na escola e no funcionamento autônomo desse espaço-tempo, assim
como do estudo sobre novas tendências pedagógicas.
A hora-atividade funciona, dentro do horizonte político-pedagógico aqui defendido,
como um lugar de reflexão sobre o cotidiano escolar e as dificuldades surgidas.
Acreditamos que, neste espaço direcionado na escola, o foco do trabalho seja coletivo
e, nas horas-atividades em local de livre escolha, que cada professor possa se organizar em
suas atribuições.
Desejamos que seja explorada a diversidade de recursos pedagógicos formativos
(livros, artigos, palestras, debates, leis, decretos, portarias, recursos audiovisuais, mídias
digitais, jogos, brincadeira, softwares etc.), a fim de garantir atualização constante dos
educadores. Deve ser garantido um espaço formativo, informativo, instrutivo e esclarecedor,
que estimule o pensamento reflexivo a partir das concepções e diretrizes da educação nacional
e da própria Rede Municipal de Educação.
É importante que as reuniões de hora-atividade possuam um clima de tranquilidade e
acolhimento, o que é construído por cada profissional envolvido e pelo grupo como um todo,
com metas claras e objetivas, em prol da qualidade social da educação. O Projeto Político-
Pedagógico da escola fornece unidade às discussões em hora-atividade, como também à ação
da escola como um todo. Como referência para as formações, sugere um olhar para as
dimensões da ação escolar. Este espaço deve buscar o crescimento profissional coletivo, o que
por vezes pode significar dialogar também sobre sentimentos e anseios, enquanto constituinte
da complexidade humana. Portanto, é imprescindível a superação de práticas autoritárias e
meramente burocráticas.
Almejamos que a Hora-Atividade privilegie assuntos relacionados aos educandos, mas
que também contemple outras demandas pertinentes ao professor, entre elas a vida
profissional. Este espaço deve garantir a formação continuada e discussão coletiva das
questões pedagógicas de modo a promover a tomada de consciência do professor sobre seu
trabalho e, consequentemente, o resgate do sentido numa perspectiva de formação humana.
Desejamos uma hora-atividade construtiva e com momentos para que os demais
funcionários da escola participem das discussões coletivas, garantindo a integração de toda
equipe escolar.
É muito importante que a hora-atividade, na perspectiva que vimos defendendo, faça
parte de um esforço mais amplo de organizar uma escola democrática, na qual as decisões são
tomadas coletivamente por processos participativos entre os diferentes agentes da escola. Esse
é um dos elementos que contribuem para uma gestão democrática, colaborando efetivamente
para a qualificação desse importante espaço formativo.
11 - Diversidade e Inclusão Educacional
Estar junto é se aglomerar com pessoas que não conhecemos. Inclusão é estar com, é interagir com o outro.
Maria Teresa Eglér Mantoan
Desejamos que a inclusão em nossa escola seja um processo que possibilite ampliação
de horizontes, que o respeito ao próximo seja um dos pontos de partida desse trabalho, que
rompa e transforme os paradigmas dos sistemas educacionais excludentes, por meio da
valorização da diversidade humana.
Sonhamos que a diversidade presente no contexto escolar possa oportunizar a
aprendizagem de novos saberes e a expansão da visão de mundo dos sujeitos, garantindo o
acesso e a participação de todos, independentemente das diferenças físicas, mentais, sociais,
regionais, de gênero, intelectuais, culturais, étnico-raciais, econômicas, religiosas, de
situações de vulnerabilidade social, entre outras. Desejamos formar educandos que conheçam
e defendam seus direitos e os das minorias.
A educação inclusiva,
[...] não diz respeito somente às crianças com deficiência — cuja maioria no Brasil
ainda permanece fora das escolas, porque nós nem tentamos aceitá-las — mas diz
respeito a todas as crianças que enfrentam barreiras: barreiras de acesso à
escolarização ou de acesso ao currículo, que leva ao fracasso escolar e à exclusão
social (FERREIRA, 2005, p. 41).
Sonhamos em garantir aos educandos o seu direito constitucional à aprendizagem e lhes
proporcionar inclusão na sociedade. Que a escola seja um espaço plural, com planejamento,
flexibilidade curricular com práticas heterogêneas, ressignificadas e transformadoras a fim de
evidenciar as potencialidades, os interesses e conhecimentos dos educandos, trabalhando os
saberes necessários para seu pleno desenvolvimento, nas dimensões do humano: social,
afetiva, física, cognitiva etc.
Desejamos que a escola seja um espaço que proporcione igualdade de oportunidades e
garantia de direitos, capaz de incluir em suas ações o respeito à diversidade sem preconceitos
e a busca pela equidade. Fundamentada nos princípios da humanização que nossas escolas
favoreçam o respeito às diferenças e o combate à discriminação de qualquer tipo e natureza.
A Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, preveem,
respectivamente, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” e que “todas as pessoas nascem
livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em
relação umas as outras com espírito de fraternidade”.
Portanto, desejamos que o trabalho com a inclusão seja significativo na vida de todos os
educandos, com condições de acessibilidade para assegurar a plena participação e
aprendizagem às crianças, jovens e adultos com deficiência, em direitos iguais aos demais.
Considerando que todas as pessoas são capazes de aprender (QSN, 2009) e o
investimento necessário no potencial de cada pessoa, esforçamo-nos por construir uma escola
pública inclusiva, acolhedora, de qualidade para todos os educandos. Que reconheça suas
contribuições e produções culturais num espaço democrático, envolvendo os recursos
governamentais, a equipe administrativa, a gestão educacional e a equipe docente.
Documentos como a Declaração de Salamanca defendem que o princípio norteador da escola
deve ser o de propiciar a mesma educação a todas as crianças, considerando a individualidade
de cada uma.
Sonhamos com educandos aprendendo a compreender e a respeitar todas as pessoas, a
reconhecer as necessidades e competências dos colegas, com atitudes de apoio mútuo, em
criar e desenvolver laços de amizade promotores da solidariedade em prol de colaborar com a
transformação da sociedade para exercitar sua cidadania com independência e autonomia.
Uma escola que crie espaços de diálogo na busca da formação e reflexão coletivas
com a finalidade de romper com atitudes preconceituosas e discriminatórias e possibilitar o
trabalho com a diversidade humana. Para efetivar essa busca, consideramos que o
desenvolvimento humano é histórico-cultural e se realiza nos processos de interação entre os
sujeitos.
Almejamos a efetivação de espaços formativos nos quais a equipe docente possa
dialogar sobre dificuldades e conquistas, que os professores busquem conhecimentos para
ampliar as ações que contribuam para a inclusão de todos. Com bases teóricas e relatos de
experiências bem sucedidos, ansiamos a hora-atividade como meio de favorecer as práticas
inclusivas tendo maior envolvimento da equipe escolar e garantindo socialização de saberes,
como um importante momento para avançarmos na implantação do processo inclusivo.
Sonhamos em conhecer mais sobre o ser humano e suas peculiaridades, colocar em
prática ações potencializadoras da aprendizagem e realizar a avaliação do desenvolvimento de
cada educando e seus contextos.
Sabedores de que a educação inclusiva só se realiza com ações articuladas de formação,
planejamento, avaliação, práticas, infraestrutura, acessibilidade e reflexão sobre o processo de
desenvolvimento humano, é fundamental agir em parceria, com redes de apoio, colaborando
com o trabalho escolar para atender as especificidades, expressadas pelos educandos, no
cotidiano educacional. Nisso se inclui a participação ativa entre os pais, gestores, professores,
funcionários etc. para que a aprendizagem seja efetivada considerando a realidade vivenciada
pelos educandos, complementada nas ações da escola, garantindo um atendimento digno e de
qualidade para os educandos.
Acreditamos que:
A construção da Educação Inclusiva é um processo coletivo que envolve vários
saberes: o do educador, o da criança, o das famílias e o saber do profissional
especializado. Este é o contínuo movimento do formar-se formando na busca de
uma Educação Humanizadora. (QSN, 2010, p.21).
A ação da escola deve estar fundamentada em políticas públicas com o favorecimento
da inclusão na sala regular com atendimento educacional especializado, previsto na Lei de
Diretrizes e Bases, e atualmente, na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que
prevê o direito à pessoa com deficiência de estar inserida em qualquer nível do sistema
educacional inclusivo, a fim de alcançar o desenvolvimento de seus talentos e habilidades nos
aspectos físicos, sensoriais, intelectuais e sociais. Portanto, o trabalho pedagógico precisa ser
realizado para realmente incluir, valorizando as diferenças, respeitando os tempos de vida de
cada educando e ressaltando suas potencialidades.
Sonhamos com um movimento de inclusão educacional que proponha transformação
social. Se a inserção de alguém em um determinado espaço e sua permanência é um processo
que envolve a relação entre as pessoas, é necessário trabalhar por uma mudança de valores e
pela dissipação de possíveis barreiras atitudinais implicadas na relação educando-educando e
educador-educando, em prol da superação de preconceitos.
Sendo a escola um espaço democrático, que as diferenças sejam tratadas com respeito,
transponham a ideia da socialização e efetivem a aprendizagem e o desenvolvimento. O
“princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender
juntas, independente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter”. (Declaração de
Salamanca, UNESCO, 1994).
A construção do conhecimento em uma sala, onde predomina a diversidade, será
muito mais preciosa. Dessa maneira, será possível sonhar com um mundo sem preconceitos e
discriminações em relação às diferenças: étnico-raciais, de gênero e às pessoas com
deficiência. Enfim, subjaz ao que dissemos o entendimento de que nossa escola é lugar de
gente que é o que é, e tem espaço para ser! De que todas as pessoas são responsáveis para que
os direitos humanos sejam respeitados.
Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade
muda. Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da
equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o
diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a
nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a distância entre o que fizemos e o que
fazemos. (FREIRE, 2000, p. 67).
12 - Perfil dos Professores
Ensinar é um ato coletivo, no qual o educador disponibiliza a todos os educandos,
sem exceção, um mesmo conhecimento. (QSN, 2009, p. 24)
Queremos um profissional que se desenvolva em sintonia com o Projeto Político-
Pedagógico da escola e com o trabalho colaborativo em equipe, incentivando os educandos a
caminharem no processo de aquisição de saberes, com foco na formação humana. Assim,
como o perfil dos educandos modificou-se nas últimas décadas com o advento das tecnologias
e o acesso à internet, o perfil dos educadores também passa por alterações.
Há poucos anos, a educação era tida como bancária, o professor era transmissor de
conhecimentos e os educandos - meros receptores. Porém, vários estudiosos como, Jean
Piaget, Lev Vygotsky, Paulo Freire e outros, contribuíram com pesquisas e estudos que
demonstram a importância do professor como mediador na construção do conhecimento em
que o educando é sujeito ativo desse processo.
Neste sentido, almejamos professores atuantes no sentido de cooperarem na
consolidação do projeto coletivo. Que tenham ciência do seu papel junto à sociedade, à
comunidade, à equipe escolar e aos educandos, capazes de perceber as crianças, jovens e
adultos na sua totalidade e, por isso, primando pelas aprendizagens efetivas relacionadas ao
desenvolvimento integral.
A afetividade, portanto, pode ser considerada uma dimensão necessária nessa relação
em que se firma o processo de ensino-aprendizagem. Espera-se que no trabalho cotidiano se
faça presente o respeito e o tratamento igualitário de todos, no qual a ética é concebida como
princípio e o correto desempenho profissional como uma necessidade. Do mesmo modo, ao se
afirmar a diversidade como valor, é esperado que cada professor respeite as diferenças
culturais, étnicas, raciais, ideológicas, físicas, religiosas e de gênero dos colegas de trabalho,
dos membros da comunidade e dos educandos.
A demonstração de interesse em ouvir os educandos ajuda na estruturação da
confiança e na criação de vínculos. Para tanto o reconhecimento e a compreensão dos modos
próprios como as crianças, jovens e adultos pensam, sentem, agem e aprendem são muito
importantes.
Desejamos que o professor tenha o perfil de pesquisador, valorizando
permanentemente a formação pedagógica e cultural. Que possa compartilhar entre os pares,
práticas exitosas e saberes consolidados, utilizando-se da autoavaliação e do trabalho coletivo
como instrumentos para o aprimoramento profissional.
O professor precisa ter o hábito da leitura e da reflexão sistemática, pois desse modo,
poderá ser viabilizada sua contribuição para com os educandos, estimulando-os e auxiliando
na contextualização da aprendizagem, por compreender os diferentes tempos da história e as
diferentes realidades culturais.
A autonomia pedagógica também é um critério relevante no exercício da docência.
Buscamos a aproximação entre os princípios do projeto coletivo e as estratégias
metodológicas escolhidas pelo professor, especialmente no que se refere ao protagonismo dos
educandos, a valorização de seus saberes, potencialidades e trajetórias, bem como a
interdisciplinaridade e a organização de atividades diversificadas.
Para tanto, é essencial que o profissional conheça a legislação vigente e possa
fundamentar sua prática na teoria educacional. Que exercite o pensamento crítico, potente na
viabilização de uma educação emancipatória tanto para os educandos quanto para si próprio.
No que concerne à participação dos professores em momentos de estudo coletivo, que
sejam capazes de socializar respeitosamente suas opiniões, fornecer contribuições ao debate e
aceitar os valores dos educandos e da comunidade, a partir de uma condição investigativa e
problematizadora. É necessário atrelar significados à prática em sala de aula, e, pelo princípio
da humanização, o engajamento político e social rumo à construção de uma sociedade mais
justa, sem preconceitos e sem discriminação.
Entende-se que formar é muito mais que informar, por conseguinte, pretendemos que
o desenvolvimento do trabalho aconteça com assiduidade e paciência. Que haja
responsabilidade com os deveres e que na relação professor-educando, possam fomentar a
curiosidade, a imaginação e a inventividade.
Um profissional que esteja apropriado da proposta curricular e atento às
transformações sociais; que pela inquietação proveniente dos processos de avaliação, procure
reinventar sua prática, buscando se superar e impregnar de sentidos o seu fazer, objetivando
garantir o direito de aprendizagem dos educandos. Além disto, desejamos que estes
profissionais planejem, desenvolvam e avaliem coletivamente a organização e utilização dos
espaços, dos equipamentos, dos materiais pedagógicos e dos recursos disponíveis na escola e
na comunidade, propondo estratégias pedagógicas ou encaminhamentos que se fizerem
necessários.
Almejamos um professor que saiba exercer sua autoridade com respeito, acolhendo os
educandos com cuidado nos aspectos estéticos e políticos, contribuindo assim para uma
educação não só para a escola, mas para a vida. Que tratem com igualdade os educandos, pais
e funcionários sem qualquer distinção e sejam preparados para solucionar conflitos através do
diálogo, oferecendo um trabalho educacional com dignidade e afetividade.
Professores que estimulem a participação ativa das famílias nas atividades promovidas
pela escola e na construção dos projetos desenvolvidos, compreendendo a importância da
parceria entre família e escola, conhecendo a realidade local, os acontecimentos sócio-
políticos da comunidade, a estrutura do bairro, os serviços e as diferentes necessidades das
famílias.
Temos consciência que a sociedade espera muito dos professores. É nosso intuito que
possam estabelecer coerência entre os discursos e as práticas. Que possam ser autores do seu
desenvolvimento profissional e coletivamente, da qualidade social da educação, devendo para
isso trabalhar em parceria e contar com o apoio das famílias, dos profissionais da coordenação
pedagógica, da gestão escolar e demais redes de ajuda que se fizerem necessárias.
Dentro dos princípios da pluralidade de concepções pedagógicas e da liberdade de
cátedra, educadores com diversos perfis atuam no trabalho de ensinar e assim compõem uma
equipe diversificada, que pode agir satisfatoriamente em prol dos objetivos da escola. Porém,
há que se ter uma visão ampla de como funciona o sistema educacional, e, em específico, a
rede municipal, de modo que atue com clareza e coerência na inserção da escola nesse
contexto mais geral.
A convivência em grupo, se pautada na solidariedade e no companheirismo, tendem a
favorecer a consecução dos objetivos. Caminhamos para ultrapassar a compreensão de uma
relação educacional meramente cognitivista. Desse jeito, o trabalho docente se relacionará
também com as sutilezas da expressão corporal, o que exige instrumentalização de ordem
teórica, sensível e prática, a fim de poder lidar com as manifestações dos educandos e suas
emoções.
Para alcançarmos o perfil desejado, acreditamos em professores otimistas e críticos;
com clareza do seu papel e de sua função social; que tenham amor pelo que fazem e que
consigam vencer as barreiras e os desafios diários dessa profissão, por meio da autoria e do
trabalho coletivo. Que se empenhem para desenvolver o melhor e o máximo de si por
acreditarem na construção da educação pública de qualidade.
Portanto desejamos que o professor sinta-se realizado e valorizado em sua profissão,
assim como perceba a importância do seu papel na transformação da sociedade.
13 - Perfil do Professor Coordenador Pedagógico
O perfil do Professor Coordenador Pedagógico (PCP) deverá ser o de um profissional
que articule, oriente e sistematize o desenvolvimento do trabalho pedagógico, em conjunto
com a Equipe escolar, fortalecendo o PPP, que deverá ser construído democraticamente.
Desejamos que o Professor Coordenador Pedagógico oriente a ação dos professores,
que auxilie na prática pedagógica e que, contribua com informações necessárias e pertinentes
para o crescimento do grupo. Que seja um profissional participativo, disposto a ajudar e que
apresente propostas pedagógicas e orientações para o crescimento e fortalecimento da equipe
escolar. Que esteja disponível, próximo do professor e do educando, direcionando as ações
pedagógicas, auxiliando no cotidiano e nos problemas em sala de aula, mediando e motivando
uma linha de trabalho unificada no que tange aos objetivos e metas dos projetos acordados.
Ele deve ser conhecedor das necessidades da equipe escolar e ter ciência da rotina do trabalho
desenvolvido em sala de aula.
Deste modo, poderá oferecer suporte pedagógico às ações dos professores regentes e
especialistas, contribuindo com ideias e propostas pedagógicas, motivando e possibilitando
encontros formativos que favoreçam o crescimento profissional e prática dos docentes.
Sonhamos com um Professor Coordenador Pedagógico que aja com transparência, respeito e
cooperação, valorizando tudo aquilo o que já foi conquistado.
Almejamos um Professor Coordenador Pedagógico, que seja parceiro dos professores,
norteando o trabalho, aconselhando pedagogicamente, diagnosticando as falhas, sugerindo
novas estratégias e orientando sempre que necessário, para que haja bons resultados no
trabalho. O coordenador deve ser o “porta voz” do professor na interlocução com a gestão
escolar. Além disso, precisa estar capacitado para atuar com apoio pedagógico propiciando ao
professor o respaldo necessário para solucionar os conflitos do dia a dia. Queremos PCPs que
trabalhem embasados no diálogo, e que sejam participativos e dinâmicos. Precisamos de
pessoas que estejam voltadas à resolução dos problemas pedagógicos e que estudem soluções
e propostas junto aos educadores trazendo contribuições para o enriquecimento das práticas
de sala de aula. É importante que este profissional faça apontamentos sobre os erros e falhas
com profissionalismo.
Acreditamos que uma das funções do Professor Coordenador Pedagógico diz respeito
à formação continuada em horário de trabalho. Para tanto, ele deve orientar sua equipe,
propondo formações e reflexões no sentido de servir à prática pedagógica, fazendo com que a
teoria e a prática caminhem juntas. Ao enxergar-se como formador, precisa ter uma atitude
proativa diante da formação permanente da equipe. Estas formações permanentes podem
acontecer de diversas formas, como oficinas, estudos dirigidos, nas discussões em hora-
atividade, pois entendemos que a construção do perfil docente se dá na convivência e na
construção do trabalho coletivo.
A presença do Professor Coordenador Pedagógico é fundamental nas horas-atividades
e que esteja em constante contato com o grupo. Deve estar envolvido com a proposta
curricular interagindo com a equipe escolar em todos os momentos, mediando a resolução dos
problemas pedagógicos existentes.
Desejamos um PCP pesquisador, capaz de promover a hora-atividade voltada à
formação continuada, com a discussão conjunta dos problemas da escola e intervenções de
natureza organizacional e pedagógica, atuando como articulador, formador e transformador
das práticas escolares.
Que o PCP contribua para a formação docente, utilizando também a fundamentação
teórica pertinente à Proposta Curricular - QSN. Como articulador, seu papel principal é
oferecer condições para que os professores trabalhem coletivamente a proposta curricular, em
função de sua realidade, o que não é fácil, mas possível. Dentre suas atribuições está utilizar o
espaço de hora-atividade como ambiente que contribua para o desenvolvimento da formação
dos educadores. Sendo assim, a função formadora do coordenador exige planejamento das
ações que viabilizarão a formação do grupo; processo este que pode conduzir à mudança
dentro da sala de aula e na dinâmica da escola, produzindo impacto produtivo e atingindo as
necessidades presentes. Nesse sentido, deve estar pronto a ouvir o grupo, articulando de
maneira a criar momentos de formação profissional e reflexiva, como a socialização das
práticas, muitas vezes despertando esses profissionais para planejarem respeitando as
necessidades e saberes prévios de seus educandos como sugere Paulo Freire em alguns de
seus escritos.
Desejamos que o Professor Coordenador Pedagógico conheça o seu grupo de
educadores e educandos, assim como as suas especificidades. Conhecer a realidade da
comunidade é primordial para estabelecer as metas que precisam ser alcançadas. Também é
importante que o Professor Coordenador Pedagógico esteja atento às transformações
paulatinas que acontecem em sua comunidade escolar. Como agente sensibilizador de
transformação da prática pedagógica, necessita transformar-se continuamente, a partir das
considerações reflexivas dos atores sociais de sua unidade escolar.
Um dos aspectos que não pode deixar de ser mencionado, diz respeito ao papel
mediador do PCP que, entre tantas coisas, deve auxiliar docentes e educandos nos processos
de resolução de conflitos, além de realizar atendimentos aos docentes e familiares. Precisa ter
conhecimentos de gestão de pessoas e saber motivar as atividades em equipe e mediando os
conflitos com flexibilidade e respeito, obedecendo às atribuições de seu ofício. Como gestor
de conflitos, que possa intervir nos problemas e propostas e encaminhá-las de forma a serem
resolvidas favorecendo a reflexão da equipe. O coordenador pedagógico que desejamos é um
profissional que saiba liderar, mediar e articular ações e atitudes, visando a interação do
grupo. Desejamos que o Professor Coordenador Pedagógico realize um trabalho mediador e
articulador da aprendizagem na escola, considerando o espaço de construção, cultura e de
interação/formação social.
Acreditamos que é fundamental que mantenha seus registros atualizados. Os trabalhos
pedagógicos, desenvolvidos pelo PCP devem ser organizados e sistematizados. Cabe ao
mesmo orientar o grupo no registro dos seus afazeres pedagógicos. Estes escritos devem ser
organizados e divulgados para a equipe escolar, garantindo uma crescente comunicação entre
todos. Cabe também a ele junto com a equipe escolar, a elaboração de instrumentos para
registro de diagnóstico, acompanhamento e avaliação do processo ensino-aprendizagem dos
educandos.
Desejamos que o Professor Coordenador Pedagógico tenha espírito de liderança e que
fomente um clima de cooperação e solidariedade. Deve oferecer suporte à equipe mediando a
prática pedagógica e seu cotidiano. Que este profissional esteja comprometido com a
educação e saiba liderar uma equipe com discernimento e sinergia. Almejamos um
profissional que acolha educadores, pais e educandos, motivando a todos, sempre em busca de
melhores resultados. Que o professor coordenador tenha autonomia para desenvolver seu
trabalho na tomada de decisões relativas ao pedagógico e que sua atuação esteja em
consonância com uma perspectiva humanizadora.
Almejamos um coordenador que mantenha seu trabalho organizado e que consiga dar
os encaminhamentos e andamentos necessários às suas demandas visando o crescimento e a
evolução de todo o processo de construção pedagógica. Deve manter organizada a sua rotina
do cotidiano escolar, tornando-se referência entre o seu grupo de trabalho e compreendendo
as diferenças dos ciclos e as diferentes formas de atuar em cada um.
Queremos um Professor Coordenador Pedagógico dinâmico e flexível, capaz de
manter um diálogo produtivo, respeitando as diferenças e divergências existentes na equipe de
professores, porém mantendo-se firme em suas decisões, trabalhando com imparcialidade e
buscando a opinião do coletivo, inclusive não assumindo outras funções que não sejam
pertinentes ao pedagógico.
Desejamos que o Professor Coordenador Pedagógico seja habilitado para o exercício
de sua função e comprometido com o seu papel e para isso, é prioritário que invista em sua
própria formação, estudando, pesquisando e discutindo com seus pares para ter condições de
promover a reflexão e a problematização junto aos professores com os quais atua. Almejamos
um PCP que saiba trabalhar em grupo, pois este é um saber necessário à prática e a conquista
da identidade profissional do coordenador, promovendo a união de todos os profissionais,
assumindo de forma conjunta a gestão do cotidiano escolar, articulando num todo o projeto
pedagógico, o sistema de gestão, o processo de ensino-aprendizagem e a avaliação.
O Professor Coordenador Pedagógico (PCP) é o intelectual orgânico do grupo, qual
seja, aquele que está atento à realidade, que é competente para localizar os temas
geradores (questões, contradições, necessidades, desejos) do grupo, organizá-los e
devolvê-los como um desafio para o coletivo, ajudando na tomada de consciência e
na busca conjunta de formas de enfrentamento. O intelectual orgânico é aquele que
tem um projeto assumido conscientemente e, pautado nele, é capaz de despertar, de
mobilizar as pessoas para a mudança e fazer junto o percurso. Em grandes linhas
cabe ao coordenador fazer com sua “classe”. (VASCONCELLOS, 2010).
O Professor Coordenador Pedagógico deve ter como proposta principal de seu
trabalho, a construção de uma educação de qualidade, onde o objetivo maior é o
desenvolvimento integral dos educandos e a contribuição no processo de gestão escolar
democrática, pois a escola é uma instituição social, que tem por atribuição, propiciar ao
educando a ampliação de seus saberes, adquirindo hábitos saudáveis e valores
complementares à família.
Sendo assim, precisa estar atento não só com o que acontece na escola, mas com todas
as necessidades, anseios, crenças, sonhos e medos da sociedade na qual o educando se
encontra inserido.
Contrariamente à relação autoritária, o Professor Coordenador Pedagógico deve
explorar seus conhecimentos, suas habilidades e desenvolver competências para obter êxito
nos processos de interação dialógica e de participação.
O Professor Coordenador Pedagógico também deve coordenar as atividades
pedagógicas que serão desenvolvidas na escola, consciente de que ensinar não é transferir
conhecimentos, mas criar condições para sua produção, acompanhar o desenvolvimento da
proposta educativa, percebendo que ensinar exige competência profissional. Nessa
perspectiva, se faz necessária a criação de espaços para compreender cada vez melhor, todos
os aspectos que envolvem a prática de um ensino significativo.
Nessa abordagem, Freire afirma que: "É pensando criticamente a prática de hoje ou de
ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico necessário à
reflexão crítica tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática."
(FREIRE, 2011, p. 40).
Pontuamos que o Coordenador, se atente aos aspectos das relações interpessoais
inerentes à convivência humana no cotidiano escolar. Seu papel deve ser definido como um
facilitador que na escola, considerada espaço de construção de cultura e de relações humanas,
estará envolvendo em sua prática, não só valores como autonomia, liberdade, respeito e
solidariedade, mas também, atitudes e conceitos de justiça, compromisso, democracia e gestão
de conflitos. Enfim, promover um clima escolar favorável à aprendizagem e ao ensino, a
partir do entrosamento entre os membros da comunidade escolar e da qualidade das relações
interpessoais. O coordenador pedagógico deve ser responsável com suas atribuições,
orientando e realizando uma intermediação entre os professores, estabelecendo uma parceria,
a fim de que haja uma linguagem única entre todos os períodos. Deve ter definido para si que
seu trabalho influencie na formação dos educandos. Isso acontece por meio de sua atuação
junto aos educadores, tendo como horizonte o tipo de educando que queremos formar,
preservando a integralidade formativa dos educandos em seus diversos aspectos.
14 - Perfil da Gestão Escolar
Acreditamos que a gestão escolar possui um papel importante no que diz respeito à
liderança de pais, professores e educandos. O projeto da escola deve direcionar a equipe de
maneira a fortalecer os interesses da comunidade. Para que isto aconteça, é importante que o
gestor desenvolva a escuta, o diálogo e o compartilhamento dos processos decisórios da
escola.
O diálogo deve constituir-se como a principal ferramenta para a mediação de conflitos
e problemas atrelados, que devem ser resolvidos com sensibilidade, justiça e humanidade. A
comunicação da gestão deve ser assertiva, respeitosa, profissional, manter a cordialidade e a
urbanidade. Esperamos que a gestão valorize o trabalho que é realizado e que encoraje o
grupo nas horas de dificuldades, procurando solucionar os problemas conjuntamente, dentro
das perspectivas legais.
Consideramos que não basta apenas administrar a escola sem levar em consideração os
atores sociais que estão envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Desejamos que a forma
de trabalho da equipe gestora esteja pautada nos princípios que norteiam as práticas da gestão
democrática. Isto significa abertura ao diálogo e às novas ideias. O gestor deve oportunizar
mudanças dentro da instituição, compartilhando as responsabilidades entre todos,
possibilitando, dessa maneira, a reflexão sobre as situações cotidianas.
Trata-se de buscar uma gestão que ouça as necessidades e demandas provenientes da
comunidade na qual a escola está inserida, considerando as propostas e sugestões dos
professores, funcionários, educandos e comunidade, com acolhimento, para que todos se
sintam seguros em expor suas opiniões e sugestões, não deixando de levar em conta o
direcionamento das instâncias governamentais.
Desejamos que a direção escolar, baseada nos princípios da democracia, promova a
criação de espaços de escuta e diálogo, estimule a participação da comunidade, possibilitando
uma verdadeira parceria para o enfrentamento dos desafios cotidianos. Almejamos uma
direção atuante e presente, tanto no campo pedagógico, como no administrativo, promovendo
a interação entre estes dois aspectos. Acreditamos que é de suma importância a participação, o
acompanhamento e a mediação diária no cotidiano escolar. No que diz respeito à avaliação e
implementação do Projeto Político-Pedagógico, esta atuação se torna essencial para favorecer
os processos pedagógicos que colocam em prática este documento norteador. Uma gestão que
oportunize condições plenas para a realização do trabalho pedagógico favorece a abertura de
espaço para discussões, aperfeiçoamento e formação continuada dentro da instituição escolar,
principalmente em hora-atividade, contribuindo para o enriquecimento profissional dos
educadores, educandos e funcionários. Além disso, o acompanhamento dos indicadores de
aprendizagem e proposição de ações conjuntas visam a constante efetivação do processo
ensino-aprendizagem.
Além dos aspectos pedagógicos, pensamos que a gestão deve gerir as ações
administrativas da escola, seja delegando tarefas ou atuando diretamente, para que os diversos
ambientes estejam organizados, limpos e acolhedores, com o intuito de atender suas
finalidades. As equipes de trabalho devem ser acompanhadas constantemente e o gestor
responsabilizar-se-á por orientar o cumprimento das atribuições de cada profissional.
O diretor também deve promover a troca e a ampliação de saberes entre os
profissionais da escola, objetivando que todos possam aprender uns com os outros e
cooperarem na solução de problemas. Amparado por conhecimentos técnicos e teóricos,
esperamos que o gestor saiba atuar junto ao Conselho de Escola de maneira transparente e
administrar os recursos, priorizando o desenvolvimento das atividades pedagógicas e das
necessidades efetivas.
Desejamos uma direção que abra espaços em busca de parcerias que contribuam com
as prioridades da escola, estimulando e incentivando as ações positivas do coletivo.
Precisamos de uma gestão que se torne um agente de transformação e de desenvolvimento,
mediando os conflitos que surgirem.
No âmbito das relações, o respeito à diversidade precisa fazer parte do perfil gestor. A
direção da escola, na perspectiva da Educação em Direitos Humanos, assegura na prática a
liberdade, a igualdade de direitos e a fraternidade, consolidando a preservação dos direitos e
enfrentando os preconceitos que são naturalizados socialmente. Sendo assim, desejamos que a
gestão tenha diálogo constante, propiciando, por meio de um trabalho igualitário, o
reconhecimento às diferenças. Que seja transparente e busque ser imparcial nas resoluções de
problemas e conflitos, orientando-se pela legislação vigente, agindo com democracia, lisura e
ética, com foco num ambiente profissional harmonioso.
15 - Perfil dos Profissionais da Escola
Pela diversidade e complexidade nas relações entre os profissionais, é fundamental
que se compreenda o papel de cada um que atua na escola e da sua importância na elaboração
do Projeto Político-Pedagógico, entendendo que todos na comunidade escolar são educadores.
A escola, lugar de formação que visa à autonomia com criticidade e consciência
coletiva, comporta profissionais de diversas áreas de atuação. Assim, é nosso desejo que todos
estejam comprometidos com a proposta pedagógica, cumprindo as atribuições de sua
respectiva função, compreendendo-se como agentes educativos. Uma característica almejada
é que nossos profissionais sejam capazes de desempenhar suas funções com qualidade,
responsabilidade e que, familiarizados com o convívio educacional, sejam atenciosos entre si
e com nossos educandos.
Dada a natureza coletiva do trabalho escolar, acreditamos que os resultados de uma
escola não são possíveis apenas por conta das ações dos professores e do grupo gestor, mas
também porque nela atuam pessoas essenciais para que nossos educandos possam se
desenvolver e potencializar sua aprendizagem. Estamos nos referindo aos cozinheiros, agentes
de portaria, agentes escolares, equipe de limpeza e assistentes de gestão, como também às
equipes do transporte escolar, dos estagiários, das pessoas contratadas que atuam na escola e
dos parceiros e voluntários externos e seus projetos, que ao atuarem de modo responsável e
comprometido em suas funções, fortalecem uma parceria que prioriza o desenvolvimento do
educando.
Um dos princípios norteadores da nossa Rede é realizar uma educação pública de
qualidade e, por isso, esforçamo-nos para que nossas escolas atuem de forma democrática,
aceitando opiniões e sugestões de todos os funcionários. Desta forma, para que tenham “voz e
vez” neste processo democrático, todos devem atuar sem distinção, participando sempre das
reuniões e eventos, do planejamento e da construção do Projeto Político-Pedagógico da
escola, enfim, que estejam incluídos e atuem como participantes ativos, interessando-se pelas
questões da escola, da categoria e dos educandos, em conjunto com os gestores e equipe
pedagógica e se reconheçam como parceiros que lutam por uma educação de qualidade e mais
solidária.
É relevante que toda a equipe tenha comprometimento e responsabilidade com a
educação das crianças, jovens e adultos, que adotem uma comunicação clara e um bom
relacionamento com todos os segmentos da escola para que os trabalhos tenham resultados
satisfatórios. Sobretudo porque acreditamos que bons profissionais devem se posicionar com
integridade e agir com coerência, buscando o bem estar de todos e o sucesso das ações
propostas.
Tal atitude possibilitará o desenvolvimento de um trabalho em equipe e que tornará o
espaço escolar um ambiente amigável, saudável, harmonioso e acolhedor, que busca zelar
pelo bem comum e contribuir para o papel fundamental da escola: educar.
É primordial que os funcionários também participem de cursos de formação
permanente, sob orientação da Secretaria de Educação, para aprimorarem suas práticas de
atuação no processo educativo com o corpo docente e discente. Em outras palavras, é
fundamental que nossos funcionários sejam inovadores, buscando novos aprendizados na
interação de uns com os outros. Devem ainda exercer suas atividades com autonomia,
liberdade e respeito.
Este movimento mais que necessário e que vem ao encontro das concepções
assumidas, torna essencial que todos que atuam nas escolas se sintam acolhidos e pertencentes
ao grupo, respeitando e dialogando sempre, compreendendo que a educação é
responsabilidade de todos. Isso salienta a importância de os funcionários da escola terem uma
relação cordial e ética com a comunidade local, agindo sempre com bom senso e
profissionalismo.
É necessário que todos estejam sem sintonia em relação às práticas norteadas pelo
Projeto Político-Pedagógico da escola.
Todos no ambiente escolar devem estar conscientes do quanto é importante sua
interação com os educandos e do quanto é necessário que respeito, educação e gentileza
permeiem o ambiente.
16 - Relações Interpessoais em nossas Escolas
Na escola acontecem várias ações educativas nos diferentes tempos e espaços, onde o
educando não convive apenas com seu professor, mas também com outros sujeitos que atuam
na escola e que influenciam seu desenvolvimento. Para que haja transformações significativas
na educação é preciso que os profissionais da comunidade escolar estejam em sintonia,
visando um desenvolvimento articulado do trabalho.
As relações interpessoais devem ser estabelecidas num ambiente saudável em que a
colaboração e a solidariedade se estabeleçam por meio da amizade e respeito mútuo.
Confiança e cooperação são palavras essenciais para fortalecer o trabalho em equipe de forma
satisfatória e a comunicação é um elemento facilitador para estabelecer interações entre as
pessoas. Para tanto, é imperativo que ela ocorra de forma clara, e com o objetivo de enfrentar
os problemas nas diversas situações que possam provocar o conflito ou a falta de respeito.
Consideramos o educando sempre em primeiro lugar, nos propomos a vivenciar um
clima de harmonia, respeito e valorização do outro enquanto pessoa e profissional, numa
escola que avance não só em conhecimentos pedagógicos, mas nas dimensões humanas.
Para que o trabalho na escola dê certo, é imprescindível a mediação de conflitos
embasada no diálogo e dedicação entre as pessoas para fortalecer uma relação de igualdade,
sem preconceitos. Exatamente por isso, acreditamos que as relações interpessoais baseadas na
ética e no diálogo, no respeito às diferenças e às individualidades, são fortalecidas no dia a
dia. [...] “o aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo
através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que a cercam”
(VYGOTSKY, 1984, p. 99). Portanto, o desenvolvimento humano se dá na e pelas interações
sociais.
Pensar em construção coletiva implica considerar os sujeitos participantes, suas
histórias e suas práticas; partindo delas e avançando. Pensar em concepção de
educação da Rede significa construir mais do que uma relação de propostas e
pressupostos; significa produzir experiências, ações que produzam ideias e, ao
mesmo tempo, sejam por elas produzidas. Ações reais, isoladas no início, tímidas,
mas que podem ganhar força no coletivo com a socialização, a reflexão, a busca de
alternativas humanizadoras (FORMAÇÃO DE EDUCADORES, 2007, p. 20).
Isso porque a troca de ideias e a socialização de experiências sempre visando o bom
andamento do trabalho e do grupo proporcionam crescimento e motivação, possibilitando
uma convivência em grupo colaborativa.
Sabemos que conviver em grupo exige esforços de cada um e que nas relações
interpessoais há concordâncias e discordâncias. Faz-se necessária a integração entre docentes
e discentes, escola e comunidade, com atitudes que proporcionem a sensação de bem-estar e,
as relações interpessoais, ações e comportamentos configurem o trabalho de modo a ter uma
dinâmica escolar significativa tanto para funcionários quanto para educandos.
Essas premissas também são importantes na relação com a comunidade, propiciando
seu envolvimento nas tomadas de decisões, de modo que todos os profissionais, pais e
comunidade compreendam o trabalho e a importância de cada um. Que todos tenham
equilíbrio e sensatez para garantir a paz e a ordem, socializando ações e compartilhando
experiências na realização dos trabalhos em prol dos interesses coletivos, proporcionando um
grande aprendizado para todos.
A educação se constrói numa história de convivência, e um dos fatores importantes é a
aceitação do outro. Isso ajuda com que o outro também se aceite e corresponda ao exercício
de valores com igualdade de direitos e deveres inerentes às diversas culturas que cada um
possui.
Primordial que as pessoas tenham espírito de equipe e cuidem de tudo como se fosse
seu, valorizando e respeitando o próximo, preservando relações verdadeiras.
É sempre oportuno lembrar que somos exemplo para os educandos, foco primordial do
trabalho da escola. Essa preocupação converge com o que já se afirmara no QSN:
Hoje, mais do que nunca, precisamos repensar e mudar a nossa maneira de viver. As
mudanças têm que ocorrer nas interações entre os seres humanos, entre as nações,
entre as classes sociais, homens e mulheres, adultos e crianças; nas interações de
cada ser com outro ser humano e com o planeta em que vivemos (QSN, 2009, p.16).
Desejamos que nas relações sejam mantidos o compromisso e a responsabilidade entre
todos, interagindo com atividades de interesse que sejam significativas e comprometidas com
a aprendizagem em si. Os conflitos devem ser tratados dentro do princípio da democracia,
respeitando tanto as diferenças quanto as ideias, os posicionamentos, a fim de tornar o
ambiente de trabalho harmonioso, saudável e propício para que os processos de ensino e
aprendizagem aconteçam em sua integralidade (professor e educando, educando e professor,
professor e professor, gestão e professor, professor e gestão, funcionários e gestão,
funcionários e professores, entre outros).
Conforme publicação da Secretaria de Educação de Guarulhos sobre Avaliação
Educacional (2012, p. 17), vimos que "para alcançarmos uma escola de qualidade, com um
ambiente de respeito e colaboração, é preciso que todos os profissionais estejam
comprometidos com a aprendizagem e o avanço cultural da comunidade." A partir deste
entendimento e considerando os princípios da gestão democrática, é fundamental a coerência
para o cumprimento dos deveres e que nunca esqueçamos que a melhor maneira para tomar
decisões e resolver conflitos que ocorram no cotidiano da escola, é buscar a tomada de
decisões com bom senso e, acima de tudo, que os profissionais lembrem-se de que trabalham
em um ambiente educador e que os hábitos, valores e atitudes individuais refletem
diretamente na educação dos educandos e no coletivo escolar.
Relações acolhedoras tornam o ambiente favorável para a criatividade e formulação de
boas ideias, tornando possível bons resultados nos trabalhos desempenhados na escola.
Devemos sempre lembrar que qualquer construção coletiva é um processo contínuo,
que deve considerar os sujeitos e suas histórias de vida e esta consideração fortalece e une o
grupo. Ou seja, dentro de um espaço escolar, assim como em qualquer outro local que exija
o trabalho coletivo, devemos ter o cuidado para não potencializar o individualismo e sim a
coletividade.
Ademais, que seja privilegiada a relação entre os educandos e os profissionais da
escola, valorizando a diversidade, ou seja, a aceitação e o reconhecimento das diferenças
culturais e sociais, havendo integração entre família e escola, inserindo todos neste contexto
com suas vivências e histórias.
Devemos fazer da escola “um espaço de relações democráticas, em que as crianças
possam internalizar/vivenciar relações de amor, afeto, companheirismo e solidariedade”.
(QSN, 2009, p.16).
17 - Participação e Organização dos Educandos
A participação dos educandos é um dos elementos centrais da atuação da escola. Se
essa instituição tem seu sentido como promotora da formação humana, os educandos
constituem a razão de sua existência. A escola, à medida que promove a organização dos
educandos em graus cada vez maiores de autonomia, está contribuindo para a formação de um
cidadão que certamente assumirá o protagonismo na sociedade.
No esforço de estimular a organização dos educandos nos diferentes espaços e
instâncias da escola, três elementos são centrais: o primeiro é a interação entre os sujeitos nos
processos da escola; o segundo é a consideração do coletivo como fundamento da
participação; o terceiro é a consideração do protagonismo das crianças, jovens e adultos na
construção da escola que queremos. Esses três elementos estão articulados e nos auxiliam na
definição do horizonte almejado nesta dimensão.
Sendo a interação social preponderante na construção dos movimentos de participação
escolar, que devem prever, portanto, possibilidades inúmeras de comunicação e autonomia
dos educandos, ela se apresenta como o fundamento do próprio desenvolvimento humano,
como espaço fundamentado no diálogo.
A maneira como a interação ocorre está relacionada fortemente às relações pessoais
que são estabelecidas entre os educandos com a equipe gestora, pedagógica e de apoio, como
também com a comunidade. Os educandos tornam-se sujeitos no processo de aquisição e
valorização do conhecimento como um todo de forma prazerosa, de modo que, acolhidos, se
tornam motivados a continuar participando e assumindo protagonismo. Desejamos que os
discentes assumam um papel ativo em termos de construção e vivência de valores, como a
cidadania e o respeito.
Que os educandos interajam com o seu grupo e com os de outras classes em atividades
conjuntas, resolvendo seus conflitos por meio do diálogo. As situações vivenciadas e
ensinadas por todos os envolvidos no decurso devem favorecer a construção de um ambiente
para a vivência do diálogo. Isso influencia também o posicionamento dos educandos fora do
ambiente escolar, oportunizando a ampliação da capacidade de autoconhecimento,
comunicação e interação social, estabelecendo vínculos afetivos positivos.
Esse aspecto traz para a reflexão a dimensão da coletividade como fundamento da
interação social. Desejamos que essa também seja primordial no aspecto da participação, na
qual os educandos assumam papéis de coautoria nos processos da escola, mantendo uma
participação efetiva e de respeito mútuo, na sala de aula, nos eventos, nos Conselhos e
Assembleias e demais espaços escolares. Para tanto, as crianças, jovens e adultos precisam
assumir um papel ativo nas decisões coletivas e projetos realizados, pois assim terão a
consciência de que são responsáveis pelas escolhas feitas em conjunto com os gestores,
professores, funcionários e toda comunidade, desenvolvendo maior comprometimento com a
escola.
A participação dos educandos na escola atendendo também as necessidades do
coletivo, entre outros aspectos, permite similarmente que os educandos participem com mais
qualidade do processo ensino-aprendizagem, sendo mais assíduos, mais atuantes nos projetos
e nas ações pedagógicas, sendo ouvidos e praticando uma escuta atenta, ou seja, respeitados
na construção de seu conhecimento e visão do mundo. Nesse sentido, a participação em
atividades, inclusive externas, fomenta a comunicação e a participação, oferecendo
oportunidades para decidir em conjunto e estabelecer compromisso com a sua própria
formação.
A participação ativa deve ser acompanhada por todos os profissionais da escola,
valorizando a rotina no dia a dia. Essa forma ativa de participação no processo ensino-
aprendizagem permite a compreensão de que a escola é o local no qual também os educandos
praticam a cidadania, valorizando a escola, sua função social e o papel a ser desempenhado
por eles na sociedade, constituindo-se um espaço de ampliação de cultura.
Ainda nesse horizonte, almejamos o alcance de uma prática ativa do pensar, das ideias,
dos questionamentos, das produções autorais, valorizando os processos de cada um e de
todos. Valorizar a participação é papel da escola através da integração e parceria entre os
sujeitos.
Para tanto, as propostas educacionais precisam ressaltar a importância da formação de
seres autônomos e preparados para a vida em sociedade. Para isso, é necessário que os
discentes participem ativamente da construção das propostas da escola que devem ser
interessantes e significativas. A consideração dos conhecimentos prévios dos educandos é
importante para estimular sua participação no processo, oportunizando a vez e a voz como
direitos.
Desejamos, em suma, uma participação dos educandos que se dê em bases críticas e de
atuação social, em que, respeitando o coletivo, também seja capaz de construir novas
possibilidades de interação em um espaço democrático.
Por fim, outro elemento bastante significativo é o protagonismo do sujeito dentro dos
movimentos de participação. Acreditamos ser necessário que a escola esteja configurada de
tal forma que estimule, motive e acolha as diversas formas de comunicação das crianças,
jovens e adultos.
O caráter colaborativo, quando estimulado nas diversas situações do cotidiano,
possibilita, entre outros aspectos, o envolvimento de todos nas diferentes atividades propostas,
de modo que expressem opiniões, desejos e sugestões, favorecendo continuamente a
construção da autonomia, oportunizando-se o estabelecimento de uma visão transformadora.
Desse modo, acreditamos que todos os educandos são importantes na escola, à qual
cabe desconstruir as imagens negativas sobre qualquer educando, em um esforço de reflexão
crítica, captando o que cada uma traz de melhor. Nesse processo, reciprocamente os
educandos sentirão prazer em estar na escola, participarão mais ativamente das atividades e
eventos, sendo sujeitos principais de suas histórias e, o mais importante, tendo seu direito de
aprendizagem e desenvolvimento garantido.
18 - Participação da Família em nossas Escolas
Quando pensamos em família, automaticamente a ligamos aos aspectos que alicerçam
a formação do ser humano. A família, em linhas gerais, é o primeiro grupo com a qual a
pessoa convive, correspondendo à formação inicial do indivíduo.
Tendo em vista a Constituição Federal que apresenta a importância da família junto à
sociedade e ao Estado nos processos que garantam com prioridade os direitos fundamentais
para a criança, dentre os quais a vida, a saúde, a alimentação e a educação, acreditamos que a
integração entre a escola e a família seja primordial para a efetivação da lei e a formação da
criança de maneira global.
Hoje estamos diante de uma diversidade de arranjos familiares. É com essa
diversidade que aprendemos e passamos a enfrentar desafios constantes, o que torna
necessário compreender as diferentes famílias num processo dialógico e promover “a
convivência produtiva, pautada no respeito e na confiança” (QSN, p.18), valorizando o espaço
escolar, os avanços e o bem-estar dos seus filhos, de modo a contemplar o trabalho escolar e
compreender as diferenças das práticas pedagógicas atuais, criando um vínculo de parceria
com a escola. As famílias precisam estar conscientes de seus direitos e deveres previstos em
lei, garantindo as condições básicas de saúde, acompanhamento escolar e educação familiar,
contribuindo para o desenvolvimento pleno dos educandos.
Ansiamos pela unidade entre a escola e a família, e que haja uma relação baseada na
cooperação. A família deve ter clareza e compreensão da função da escola, comprometendo-
se assim com a efetiva frequência e acompanhamento da aprendizagem no âmbito escolar.
Que a participação seja consciente, crítica e sensibilizada.
Para isso, acreditamos na criação de situações que propiciem a participação das
famílias no ambiente escolar, visando à busca de ações e soluções conjuntas em prol da
melhoria do processo, pois somos responsáveis pela educação e formação da criança,
fazendo-se necessário o fortalecimento da comunicação, valorizando os avanços alcançados
pelos educandos a partir do trabalho coletivo desenvolvido pela escola em parceria com os
pais.
O ideal é que família e escola atuem de forma articulada, propiciando ao educando
uma segurança na aprendizagem, de forma que juntas, venham criar cidadãos críticos, capazes
de enfrentar a complexidade de situações que surgem na sociedade.
Existem diversas contribuições que tanto a família quanto a escola podem oferecer,
propiciando o desenvolvimento pleno respectivamente dos seus filhos e dos seus educandos,
porém a contribuição essencial de todo processo é o diálogo entre todos os envolvidos para
que os objetivos possam ser alcançados com êxito.
Ora, se consideramos que a escola se objetiva nos processos de desenvolvimento do
indivíduo em busca da sua formação plena, a família e a escola não podem estar dissociadas.
Com base nisso, desejamos que a família assuma o papel que lhe compete junto à
unidade de ensino em que seu filho está inserido, não como meros visitantes e passageiros,
mas como seres atuantes nos processos de ensino-aprendizagem pelos quais os seus filhos
passarão.
A participação da família deve ir além da simples informação sobre os propósitos da
escola, o que torna fundamental a criação de espaços pelos quais os pais se interessem e se
integrem em órgãos colegiados e em encontros/reuniões promovidos na escola, apropriando-
se dos projetos elaborados a partir das necessidades de aprendizagens dos seus filhos. Em
outras palavras, que se construa parceria, com atuação direta e deliberativa, baseada no
contexto educacional que se deseja, para que assim reconheçam-se como atores sociais desse
espaço público.
Assim, a família, comparecendo e participando das reuniões pedagógicas, do Conselho
Participativo de Classe e Ciclo (CPCC), de outras atividades e eventos, conhecendo o
trabalho, a dinâmica, os projetos, dando opiniões e sugestões, intervindo e participando com
consciência e responsabilidade, certamente teremos uma ação colaborativa para a ampliação
da qualidade social e dos objetivos educacionais.
É importante observar também o papel da escola em acolher e oportunizar a
participação da família de forma ativa e crítica, estando o grupo consciente e sensibilizado
sobre as diferentes realidades e contextos de vida para que sintam-se pertencentes ao espaço
escolar e parte de sua comunidade.
19 - Participação da Comunidade
Acreditamos que a mobilização de todos os setores da sociedade possibilitará
assegurar uma educação pública, acessível, gratuita e de qualidade para todos. A Constituição
Federal prevê a participação da comunidade na escola. O Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) também estabelece que a educação deve ser incentivada e promovida com
a colaboração da sociedade. Da mesma forma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional traz um conceito ampliado de educação, entendendo que a gestão democrática é um
processo gerencial a ser perseguido.
A construção da gestão democrática implica na luta pela garantia da autonomia da
unidade escolar e participação efetiva, na tomada de decisão, incluindo a implementação de
colegiados na escola.
A democratização da gestão é fundamental enquanto possibilidade de melhoria na
qualidade pedagógica, na construção de um currículo pautado na realidade local, na maior
integração entre os todos os profissionais da escola e no envolvimento da comunidade escolar.
Para que haja a participação efetiva dos membros da comunidade, é necessário que o
gestor, em parceria com o Conselho de Escola, crie um ambiente propício que estimule
trabalhos conjuntos, que considere igualmente todos os setores, coordenando os esforços de
funcionários, professores, pessoal técnico-pedagógico, educandos e familiares envolvidos no
processo educacional.
Contamos com uma comunidade consciente de seus deveres e direitos, aberta ao
diálogo e que participa das ações na escola, somadas à realidade do dia a dia, produzindo
ações que beneficiem ambas as partes. Que a participação da comunidade na escola não seja
apenas quando for solicitada, mas se torne uma prática constante visando o estreitamento dos
laços já existentes. Que seja uma relação de respeito e cooperação. Enfim, que o Conselho
Escolar, exercendo importante papel como órgão colegiado na gestão da escola, possa discutir
com outros conselhos ou associações, quando houver, as ações realizadas na unidade escolar,
visando um desenvolvimento comum a todas as partes envolvidas.
Esperamos que as lideranças comunitárias possam manter contato com a escola para
estabelecer vínculos e parcerias em projetos, tendo como finalidade o interesse coletivo, e
assim construir relações de respeito, verdade e transparência para que, dessa forma, a
comunidade se sinta parte da escola e a escola da comunidade, trabalhando conjuntamente em
propostas a serem organizadas e desenvolvidas no decorrer do ano letivo.
Diante da necessidade cada vez mais percebida de abertura da escola para a
participação coletiva, os conselhos têm representado um avanço, porquanto são
dispositivos de participação que podem efetivar, no conjunto dos trabalhos da
escola, uma partilha tanto das responsabilidades quanto das decisões a serem
tomadas. [...] Garantindo, por isso, a efetiva participação democrática de todos os
segmentos na tomada de decisão, como agentes na construção de uma escola voltada
para a qualidade social da educação, o CPCC é um mecanismo que marca a
transparência da escola quanto ao processo educativo do educando junto à família,
para que esta também possa assumir sua responsabilidade com o aprendizado, e a
escola possa transcender sua ação para além de seus muros na perspectiva de uma
educação emancipatória e efetivamente democrática. (Caderno de Orientações sobre
o Processo Avaliativo, p. 33).
Que a comunidade participe de reuniões de pais e educadores, conselho de escola,
Conselho Participativo de Classe e Ciclo (CPCC) para construção conjunta da proposta
pedagógica, atividades, projetos e/ou programas, a fim de potencializar a comunicação, dar
sugestões ou mesmo promover ações em prol da valorização e bom funcionamento da escola.
[...] são momentos privilegiados para uma reflexão coletiva sobre a prática escolar,
propiciando o fortalecimento do comprometimento com a mudança e com a
melhoria do processo do ensino e da aprendizagem. Não são espaços de “acertos de
contas”, nem de exportação de preconceitos; ao contrário, de busca de alternativas,
através da visão de conjunto, permitindo outros olhares, a inauguração de outras
possibilidades para o enfrentamento das dificuldades (individuais e coletivas)
apresentadas. (VASCONCELLOS, 2007).
Que contribuam percebendo e valorizando a escola, de modo a acreditar na parceria
entre ambos para o desenvolvimento da população local, valorizando assim, o espaço urbano
como fonte de convívio social.
Desta forma, a comunidade consciente e participativa, saberá que a escola é um bem
comum, em que todos podem e devem desempenhar o seu papel, lutando por causas coletivas
e oportunizando melhorias junto aos respectivos órgãos. Afinal, quando todos têm
consciência de que possuem voz e exercem essa função social, as decisões são partilhadas e
desenvolvidas através do diálogo e de ações que podem contar com a adesão de todos que se
sentem parte do processo educacional.
A participação da comunidade deve ser constante, democrática e efetiva,
contribuindo na construção de normas de convivência e respeito aos espaços da escola, tanto
em atividades curriculares quanto nas extracurriculares; no zelo do patrimônio escolar para
tentar resolver os problemas de urbanização do entorno, de sua responsabilidade social na
formação da cidadania dos seus filhos.
A escola deve atender as necessidades da comunidade na qual se encontra inserida,
adequando seu currículo às necessidades particulares da aprendizagem dos educandos, bem
como, às características locais.
A comunidade pode enriquecer o ambiente e contribuir para a construção de um
novo olhar sobre o valor da escola para as crianças, jovens e adultos, sendo um espaço
acolhedor, protetor e, ao mesmo tempo, de possibilidades de construção de aprendizagens, de
transformação e de conquistas.
Por isso, pensamos numa comunidade atuante, que não transfira o seu papel no ato
de educar para a escola, mas que acrescente seus saberes às práticas educacionais, em uma
relação de confiança, reconhecendo a importância do trabalho realizado e o papel relevante
desta no processo de formação do ser humano no qual a escola está envolvida. Desejamos um
universo escolar onde a educação seja concebida como "espaço de desenvolvimento humano",
conforme descrito na Proposta Curricular da Rede Municipal - Quadro de Saberes
Necessários e, não podemos imaginar o desenvolvimento pleno das crianças, jovens e adultos
sem estendê-lo à comunidade em que vive.
Logo, precisamos da atuação da comunidade nos processos educativos dos
educandos, uma vez que esta atuação já vem acontecendo na instituição familiar e nas
relações com o entorno.
Sugere-se, a criação de meios de comunicação digitais para que toda a comunidade
escolar acompanhe os processos e dê sugestões pelas redes sociais, permitindo a inclusão
dos que não possam estar presentes nas atividades.
Estaremos assim, acompanhando Paulo Freire, que enfatiza:
Mudar a cara da escola pública implica também ouvir meninos e meninas,
sociedades de bairro, pais, mães, diretoras, delegados de ensino, professoras,
supervisoras, comunidade científica, zeladores, merendeiras (...). É claro que não é
fácil! Há obstáculos de toda ordem retardando a ação transformadora. (FREIRE,
1991, p. 35-37).
20 - Estrutura e Organização da Escola
O ambiente da escola favorece e motiva o desenvolvimento humano, a aprendizagem,
a socialização, o exercício da cidadania e a renovação dos valores e dos critérios de trabalho
de uma equipe. Os princípios como pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, igualdade
de condições para acesso e permanência na escola e a garantia da qualidade social da
educação são fundamentais para que a escola possa ser pensada numa concepção democrática,
contemporânea e humana. Nesse sentido o ambiente físico destinado à educação promove
descobertas, criatividade, desafios, aprendizagem e interação.
Que a escola seja um espaço onde as pessoas se encontrem e compartilhem a alegria, o
diálogo, na busca do respeito, onde todos os sujeitos tenham suas culturas respeitadas e que,
ao mesmo tempo, tenham acesso aos bens culturais, científicos e materiais relevantes da
humanidade, de acordo com o projeto político-pedagógico da escola. Sua organização, a partir
das necessidades de seus educandos, deverá ser flexível, permitindo e incentivando que seu
currículo também seja. Permitirá mudanças e adaptações visando à humanização e ao
desenvolvimento afetivo das diferentes faixas etárias dos educandos, onde o ser humano é o
centro do currículo, respeitando todas as dimensões existenciais (corporal, cognitiva, afetiva,
lúdica, estética, ética, política, econômica, social, cultural, ecológica) e a partir das múltiplas
linguagens, na busca pelo desenvolvimento integral. A sua estrutura física deverá ter
equipamentos facilitadores ao processo ensino-aprendizagem das áreas de conhecimentos
contemporâneos, valorizados os espaços internos e dentro das possibilidades, criando espaços
para brincar, jogar e confraternizar, como ações indispensáveis a uma educação
humanizadora.
Tanto para os educandos quanto para a família e a comunidade, proporcionar lazer e
cultura que acolham as diversidades e ofereçam segurança, respeitando a sua faixa etária, seu
direito de brincar e de locomover-se no espaço, fazendo do ambiente educacional um espaço
saudável e de qualidade.
A escola, organizada a partir dos ciclos de formação, deve garantir a construção do
conhecimento. Além disso, almejamos o favorecimento do ingresso e a permanência dos
educandos até o final do ciclo. Nesse caso, ensejamos uma organização pautada em princípios
de justiça, na tomada de decisões, com uma estrutura horizontal e menos hierarquizada, em
que haja uma participação responsável dos educandos, da equipe escolar e da comunidade,
condizente com a realidade de cada ciclo; uma relação de parceria colaboradora, participante
desde a elaboração dos projetos, a execução, conservação e necessidades apresentadas para o
bom funcionamento da escola.
Que seja um espaço onde todos aprendam: educandos e educadores, gestores e
funcionários, em constante processo de crescimento e que o crescimento, a mudança, a busca
e a transformação sejam suas marcas. Uma escola cada vez mais aberta à comunidade, em que
os educandos sejam sujeitos com vez e voz.
Queremos uma escola aberta às novas ideias. Avaliar a estrutura organizacional
significa questionarmos os pressupostos que embasam a estrutura burocrática da escola que
inviabilizam a formação de cidadãos aptos a criar ou modificar sua realidade social.
Sonhamos com uma escola cuja estrutura e organização administrativa esteja adequada à
realização de objetivos educacionais. Pois a escola é considerada um espaço de ampliação da
experiência humana e, portanto, deve trazer novas informações, por meio do acesso às novas
tecnologias e propiciar vivências significativas que abordam as diferentes linguagens: oral,
escrita, artística, corporal, entre outras.
Ao acreditarmos na importância de caracterizar de modo mais preciso possível a
estrutura organizacional da escola e os problemas que afetam o processo ensino
aprendizagem, de modo a favorecer as tomadas de decisões, construímos parcerias
significativas e comprometidas com a ação educativa, propiciando à escola a conquista da
autonomia pedagógica, administrativa e financeira. Essas parcerias juntamente com o
Conselho Escolar, deliberando quanto às prioridades para a aplicação das verbas, com a
participação dos profissionais que atuam na Unidade Escolar, em conjunto com a comunidade
(através de seus representantes), participam de forma democrática das tomadas de decisões.
Acreditamos na organização de atividades que vão além da sala de aula, investindo em
novas ideias e reformulando o que já foi criado, a partir de uma organização espacial e
pedagógica que a transforme em uma “Escola Educadora” de fato, fazendo com que as
pessoas queiram estar nela.
Portanto, que esses espaços físicos venham ao encontro da proposta do QSN, uma
escola na qual todos se sintam responsáveis por sua organização e infraestrutura,
proporcionando a qualidade de aprendizagem e do bem comum.
Dentre as estruturas necessárias para a construção de uma boa escola, o espaço físico
constitui-se um dos principais elementos. Deseja-se que o espaço escolar seja seguro,
funcional e aconchegante para toda comunidade escolar.
Uma escola acessível com espaços temáticos visando o desenvolvimento do educando
nas diversas formas de linguagem, disponibilizando espaços interdisciplinares, sempre
lúdicos, objetivando outras possibilidades de aprendizagem.
Todos os espaços, por sua vez, devem contribuir para a autonomia e independência
dos educandos, possibilitando sua formação crítica em condições dignas de um ser humano.
No caso dos espaços usufruídos pelos profissionais que trabalham na escola, que
sejam adequados às suas necessidades de estudo, trocas de experiências e alimentação.
Desejamos que a organização seja compartilhada e todos se sintam responsáveis por
colaborar e zelar pelos espaços e materiais utilizados na escola, mantendo um ambiente
harmônico e acolhedor. A estrutura física da escola deve atender as diversas faixas etárias,
desde o mobiliário até os recursos e materiais pedagógicos, com variedade de possibilidades
que oportunizem o desenvolvimento das diferentes habilidades.
Para que todos os profissionais da escola possam desempenhar seu trabalho com
qualidade é importante que haja o compromisso da colaboração em condições dignas de
trabalho.
Desejamos que a organização da escola atenda as necessidades no que diz respeito aos
turnos e períodos adequados aos educandos das diferentes etapas e modalidades e da
comunidade escolar.
21 - Relacionamento entre as diferentes Etapas/Modalidades de Ensino
Em nossa Rede, acreditamos que as etapas/modalidades de ensino devem trabalhar
juntas, integrando Creche, Pré-escola, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos
(EJA), tendo como elemento norteador o Quadro dos Saberes Necessários, além de
estabelecer uma relação de diálogo. Nesse sentido, a troca de experiências e os momentos de
reflexão sobre os diferentes aspectos que envolvem as distintas etapas/modalidades permitem
uma interação entre os educadores e os educandos.
Sabemos o quanto é visível o desenvolvimento dos educandos quando são estimulados
a conviver com outros de diferentes idades, ampliando sua visão de si mesmo e do outro.
Todo o trabalho da escola deve ter como foco o desenvolvimento integral do educando,
sem fragmentações e num processo contínuo de avanços e significados, ou seja, é
fundamental dar continuidade ao trabalho pedagógico uma vez que todas as
etapas/modalidades são importantes e contemplam as necessidades do tempo de vida dos
educandos.
Por isso, acreditamos que, entre as diferentes etapas/modalidades de ensino, deve haver
sintonia, respeito e entrosamento, além da percepção de que a escola é um todo, e colabore
nos diferentes momentos, garantindo uma continuidade nos projetos e trabalhos
desenvolvidos.
Essa compreensão do trabalho da escola demanda estabelecermos uma relação de
parceria democrática e de promoção do aprendizado de todos os educandos com
compartilhamento de saberes baseados na ética. A valorização das experiências que cada um
traz do mundo fortalece as relações e favorece a autonomia e o trabalho coletivo .
Nessa perspectiva, defendemos como princípio a articulação e interação entre as
etapas/modalidades de ensino, possibilitando o conhecimento sobre o trabalho do outro, o que
permite a continuidade do processo educativo Temos consciência do quanto é fundamental
que nossas escolas promovam atividades em que todos participem de modo que conheçam
mutuamente o trabalho dos pares, potencializando o processo de ensino-aprendizagem do qual
cada educando faz parte.
Nesse sentido, é razoável questionar o modelo subdividido de escolarização que nos é
imposto desde os primeiros passos de nossa formação. Em oposição a isso, é necessário
repensar toda trajetória escolar, privilegiando a articulação de uns com os outros e de termos
igualmente uma visão do essencial e do global. Quando falamos em trabalho integrado
queremos dizer que, mesmo que os educandos não tenham a mesma idade, nada nos impede
de oferecer um espaço escolar que os articule e os mobilize para a aprendizagem.
Além disso, consideramos a importância da criação de situações em que se contemple
um relacionamento interdisciplinar entre as etapas/modalidades com vistas à aquisição dos
saberes de cada ciclo, numa proposta coletiva e que se complemente. O próprio modo de
trabalhar com eixos de aprendizagem envolve diversos projetos pedagógicos com o foco nos
saberes necessários para as etapas/modalidades de ensino e que, ao mesmo tempo,
proporcione interação entre os educandos de modo geral.
Sobre isto Lima (2002, p.7), nos diz que
a ação pedagógica que não tem como base as possibilidades de aprendizagem e
desenvolvimento do período de formação, nem se utiliza dos instrumentos culturais
possíveis segundo o período de formação e, não se apoia nas formas de pensamento
presentes do educando será sempre uma ação pedagógica com pouca probabilidade
de sucesso. Os procedimentos pedagógicos terão que, necessariamente, ser distintos
conforme a idade de formação e o contexto de desenvolvimento.
Nas escolas da Rede Municipal de Guarulhos, nas horas-atividades são oferecidas
formações aos educadores para que coletivamente possam planejar momentos de interação
entre educandos de diversas idades.
O relacionamento entre as diferentes etapas/modalidades de ensino permite a formação
de vínculos, a integração, cooperação, uma vez que os educandos ampliam seu
desenvolvimento cognitivo, social e emocional e potencializam as diversas áreas do
desenvolvimento humano.
Temos em mente que não basta que as etapas e as modalidades de ensino sejam
organizadas para garantir uma construção coletiva. Para que os resultados sejam positivos é
importante que todos da escola sejam solidários, coerentes e que busquem como foco
principal o aprendizado dos educandos, uma vez que todos nós somos responsáveis por uma
educação de qualidade social.
A experiência tem nos mostrado que o contato entre educandos de diferentes idades
estimula o respeito e o cuidado entre as crianças maiores e menores e/ou educandos de
diferentes gerações alcançando um relacionamento saudável entre elas.
Para haver sintonia entre as etapas/modalidades de ensino, é importante que as
crianças, jovens e adultos se sintam acolhidos e respeitados quanto às suas especificidades.
Isso é possível quando as diferenças de idade, tempos e espaços, vivências escolares, troca de
conhecimentos e a programação de atividades envolvendo as diferentes faixas etárias são
valorizados e contribuem para o relacionamento, construção de saberes e desenvolvimento de
todos.
22 - Relacionamento da nossa escola com outras escolas da Prefeitura
Para fortalecermos o caráter de rede é importante que as escolas mantenham um
contato mais próximo entre os profissionais que nelas atuam, que disponham de formação
profissional integrada e possibilitem atividades entre os educandos das diferentes escolas. A
organização por microrregiões também é um elemento importante para estimular essa relação
entre as escolas em suas comunidades, facilitando o acesso, a permanência nas instituições e o
atendimento às expectativas da comunidade.
Ademais, também concorre para o alcance do objetivo da integração a troca de
informações sobre práticas bem sucedidas, tendo em vista um projeto comum,
independentemente da etapa/modalidade que atendem, de forma colaborativa e que sirva para
o enriquecimento pedagógico.
Essas parcerias devem ser aliadas ao processo ensino-aprendizagem numa perspectiva
de envolvimento democrático, dando espaço para diálogo e reflexões sobre as práticas
pedagógicas de cada unidade escolar. Isso faz parte da promoção de uma educação inovadora,
por meio de práticas pedagógicas que permitem a ação-reflexão-ação, que oportunizem a
aprendizagem significativa e formem cidadãos criativos, críticos, participativos e solidários.
Consideramos que as escolas possuem autonomia relativa no que tange às discussões e
à busca de resoluções de problemas dentro do contexto onde estão inseridas. Por isso,
almejamos inter-relações entre as unidades de educação de modo que possibilitem a
existência de canais de comunicação para trocas de informações, e para que boas ideias sejam
socializadas entre as unidades, zelando pela ética e pelo respeito, pois cada escola tem sua
identidade, porém, juntas, compõem o Projeto Político-Pedagógico da Rede Municipal de
Educação, numa perspectiva colaborativa e não numa lógica de competição e comparação.
Desejamos que as Escolas compartilhem, cada vez mais, experiências entre si,
valorizando a cultura da comunidade local, de forma que possam potencializar o ensino-
aprendizagem dos seus educandos, e que façam uma reflexão conjunta com a comunidade na
qual estão inseridas, numa relação de cumplicidade e de compromisso com a qualificação dos
profissionais.
Podemos agir como colaboradores para uma aprendizagem rica, ampla e realmente
significativa, pois conhecemos novas intervenções e práticas, que podem fortalecer nossos
projetos e ampliar horizontes, além de possibilitar uma revitalização da forma de ensinar.
Que as escolas estejam ligadas por uma concepção comum para o desenvolvimento do
trabalho em rede; coeso, coerente e colaborativo, estabelecendo formas de agregar novos
conhecimentos para funcionários e educandos. Que tenhamos uma união acolhedora,
possibilitando conhecer e reconhecer identidades psicossociais e culturais, buscando uma
estrutura de igualdade nos planejamentos, respeitando as diferenças de cada região.
Sendo assim, acreditamos que esse intercâmbio entre as escolas resultará na
construção de uma reflexão coletiva na busca de soluções e projetos fundamentados numa
concepção de educação inclusiva e emancipatória, visando potencializar o trabalho,
estabelecendo uma relação cooperativa e propiciando o bem-estar dos funcionários e
educandos.
23 - Relação entre Escola e Secretaria de Educação
O diálogo é o encontro amoroso dos homens que, mediatizados pelo mundo, (...) o
transformam e, transformando-o, o humanizam para a humanização de todos.
(FREIRE, 1992, p.46).
Considerando que as escolas fazem parte de uma rede e que possuem singularidades,
desejamos que o relacionamento entre estas e a Secretaria de Educação seja pautado na
confiança e no respeito entre os profissionais, no comprometimento e na transparência das
ações, com concepções coerentes em relação às práticas. Que professores e gestores sejam
ouvidos e consultados quanto aos desafios encontrados pelas escolas considerando sua
identidade e diversidade, podendo desenvolver propostas, diante das necessidades e realidades
da comunidade atendida, por meio da descentralização e do exercício da autonomia na tomada
das decisões.
Dentro dessa relação, é fundamental que prevaleça a horizontalidade, o que contribui
para a tomada conjunta de decisões. Desejamos que a escola tenha progressiva autonomia
para lidar com as demandas do dia a dia, assumindo suas responsabilidades e respectivas
consequências e que ainda possa aperfeiçoar as atividades relacionadas ao planejamento,
momento do ano letivo que é uma oportunidade privilegiada para o fortalecimento do coletivo
escolar.
Que seja oferecido suporte, de maneira respeitosa e próxima, na busca de soluções que
garantam o funcionamento da escola dentro de todas as dimensões: física, humana,
pedagógica e financeira, com agilidade nas devolutivas às suas solicitações, intervindo apenas
nos casos em que o poder de solução da escola for insuficiente, respeitando sua zona de
autonomia relativa.
Para o bom funcionamento de todos os setores envolvidos com o processo
educacional, é indispensável que haja clareza nas informações, e que estas ocorram em tempo
hábil para sua execução, respeitando a rotina das escolas, otimizando os serviços
administrativos e o planejamento pedagógico.
Que as reuniões com os gestores, sirvam para fornecer orientações para o trabalho,
“enxergando e ouvindo” a escola, respeitando suas especificidades ao trazer as diferentes
demandas, auxiliando e norteando a equipe escolar e facilitando os trâmites para o bem do
coletivo.
Também é importante que haja interação e comunicação transparente entre os
departamentos, sem sobreposição de prazos e eventos e que sua atenção se volte
primeiramente para a escola e para a comunidade.
Almejamos que ambos, Escola e Secretaria, tenham objetivos comuns baseados no
diálogo e ações coerentes com as propostas apresentadas, compartilhando ações e
responsabilidades, pois a Secretaria de Educação pode auxiliar a articulação da gestão
democrática.
Que a relação seja de igualdade perante todas as Unidades Escolares no que diz
respeito às orientações e diretrizes da Secretaria de Educação, que deve apresentar discurso
claro, coerente, objetivo e respeitoso, diminuindo a hierarquia existente e constituindo-se num
canal de diálogo com as escolas.
Que haja apoio, respeito e compreensão para com as unidades educacionais dando voz
aos atores que são fundamentais para o seu bom andamento, assim como utilize postura ética
na mediação dos conflitos entre a comunidade e a escola. Em relação à administração de
conflitos internos ou que envolvam familiares de educandos, desejamos que numa postura
humanizadora, as partes sejam ouvidas de maneira imparcial e que as decisões tomadas sejam
compartilhadas com a escola. Que os erros não sejam imputados como provas contra a escola,
mas antes como preciosas possibilidades para que tanto a Escola quanto a Secretaria possam
aprender com eles.
Desejamos um trabalho de acompanhamento, estreitando o relacionamento Escola-
Secretaria de Educação que valorize as pessoas e o seu papel transformador na sociedade para
que façamos um trabalho sério e comprometido voltados à qualidade de ensino e com foco no
educando e sua aprendizagem.
É importante que a Secretaria, nessa parceria, atue pensando nas necessidades das
escolas e no fortalecimento de sua autonomia e de seus projetos.
O poder público deve dialogar sobre as necessidades da escola e da comunidade a fim
de trazer benefícios efetivos e melhorias necessárias, visando sempre o desenvolvimento
integral da criança, auxiliando na valorização do grupo de profissionais da educação. Deve
demonstrar respeito ao trabalho desenvolvido e apoio às novas ideias, disponibilizando
recursos que viabilizem os projetos e contribua para a progressiva autonomia financeira. A
Secretaria da Educação é um órgão que regulamenta e dá as diretrizes que as escolas devem
seguir; também deve ser um órgão onde os pais possam ter acesso facilmente para opinarem
sobre os rumos da educação.
Que propicie mais facilidades para que os professores da rede se sintam incentivados
para participar da socialização de práticas pedagógicas, para se buscar um ensino coerente.
Além disso, acreditamos ser necessário que a escola dê visibilidade aos trabalhos, projetos e
atividades realizados para que o educando tenha o sentimento de pertença do contexto e tenha
prazer em construir saberes e frequentar a escola.
O relacionamento profissional deve ser de troca e apoio entre a Secretaria e a Escola,
possibilitando liberdade de expressão. Que haja mais proximidade e igualdade no atendimento
aos funcionários e equidade nos procedimentos adotados, sem concessão de privilégios.
Que sejam garantidos investimentos educacionais, e que todas as decisões sejam
tomadas com base nos princípios da equidade e da garantia de participação de todos os que
fazem educação e estão a serviço dela.
Que a Secretaria tenha um olhar pedagógico para a Escola, mas que também promova
ações pedagógicas fora dela, de modo que o aluno vivencie experiências eficazes de
aprendizado em outros espaços, pois o acesso à cultura é um dever do Estado e um direito do
aluno.
O conhecimento é um instrumento que podemos dispor para que o educando possa
fazer escolhas numa sociedade que poucas oportunidades lhe oferece e assim promover uma
“educação libertadora”.
Partindo de todas essas questões, espera-se que as ações que ocorrem dentro do
ambiente escolar se fortaleçam e que com o tempo sejam aperfeiçoadas, garantindo uma
escola de qualidade social a todos os envolvidos no processo.
Que a escola, através de todas as atividades desenvolvidas, esteja em consonância com
as orientações e normas estabelecidas democraticamente com a Secretaria de Educação,
trabalhando com competência, compromisso, parceria e segurança, contribuindo para o
desenvolvimento da Qualidade Social da Educação, com a efetiva divisão de
responsabilidades.
Desejamos que em todas as esferas que compõem a educação em Guarulhos o
princípio do respeito e os critérios de oportunidades igualitárias e de posicionamento em
defesa de diferentes pontos de vista, independente da hierarquização de poderes, sejam
respeitados, haja vista que numa Secretaria que está a serviço de processos de formação do ser
humano todos devem atuar com igualdade e compromisso.
Que haja lugar para o surgimento permanente de novas ideias em prol de um ensino
melhor, dinamizando a cultura da escola para a realização de ações conjuntas e articuladas.
Que haja uma gestão afinada com as diretrizes e políticas públicas educacionais para a
implementação de um Projeto Político-Pedagógico, compromissado com os princípios da
democracia e com os métodos que organizem e criem condições para um ambiente
educacional autônomo, de participação e compartilhamento do processo educacional.
Sendo assim, queremos que a Secretaria Municipal da Educação contribua para a
formação de pessoas comprometidas com a construção de um projeto de educação
democrática. Que as diferentes lideranças sejam compartilhadas, construindo parcerias
significativas e comprometidas com a ação educativa, enfatizando a adoção de mecanismos
que propiciem a conquista da autonomia pedagógica, administrativa e financeira da escola, o
que pode garantir uma gestão democrática. Que não haja uma relação de submissão, havendo
respeito à hierarquia, porém que esta não engesse as relações.
Desejamos que a organização de turmas respeite as diretrizes nacionais, com módulo
de docentes suficientes no período, mesmo em situações adversas, além da garantia de
equipamentos tecnológicos, materiais pedagógicos e manutenções da estrutura física de forma
rotineira, para que possamos propiciar um ensino de qualidade.
Também destacamos a importância da ampliação de espaços formativos do professor,
e que esta formação seja interdisciplinar, para obter melhores resultados das diferentes áreas,
e que seja constantemente avaliada. Há ainda a necessidade do cumprimento das leis vigentes,
e das normas constantes nas Portarias, Decretos e Resoluções.
Que os encontros promovidos todos os anos pela Secretaria, sejam abertos ao diálogo,
sugestões e críticas, uma vez que os profissionais de educação são fundamentais para o
desenvolvimento das atividades propostas e precisam estar motivados e respeitosamente
amparados nos seus direitos, e atendidos dentro das condições adequadas de trabalho. É
preciso investir no professor enquanto ser humano, que também tem suas dificuldades e
necessidades, sejam elas de fundo social ou pessoal, muitas vezes agravadas pelo próprio
trabalho em sala de aula.
Desejamos que as opiniões e ideias mesmo quando divergentes possam ser expostas e
discutidas, as dúvidas esclarecidas e assistências oferecidas. Que haja clareza nas informações
compartilhadas, utilizando uma linguagem comum para que questões adversas sejam
elucidadas evitando desdobramentos equivocados e esgotamento para ambas, Escola e
Secretaria. Desejamos um relacionamento respeitoso, de cumplicidade, onde haja
reconhecimento e apoio mútuo impactando na vida dos educandos.
Que este relacionamento considere a escola como um espaço vivo, com pessoas,
sentimentos, valores, anseios e sonhos. Que haja transparência e objetividade, que a troca seja
ética e as diretrizes reflitam a necessidade da comunidade escolar. Desejamos que o
relacionamento da Escola com a Secretaria seja humano e de parceria na busca de solução dos
desafios encontrados no cotidiano escolar.
Desejamos que haja disponibilidade, flexibilidade e reciprocidade para que o trabalho
possa estar alinhado e que busque aproximar o real e ao ideal, o possível e ao desejável.
SISTEMATIZAÇÃO DAS CONCEPÇÕES DA REDE MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO: BALANÇO E PERSPECTIVAS
A inocência da ingenuidade faz com que até mesmo a condição mais turbulenta e
traiçoeira pareça familiar e, portanto, segura, e qualquer visão de seus precários
andaimes é um prodígio de falta de confiança, dúvida e insegurança que poucos
receberiam esperançosamente. (BAUMAN, 2001, p. 7)
Ao elaborarmos um texto que visa unir os diversos pensamentos dos profissionais da
Rede Municipal de Guarulhos, um primeiro pensamento que nos ocorre é: Como é possível
sistematizar tantas opiniões num documento de orientação e de formação? Como olhar para as
pessoas concretas, que realizam os trabalhos? Como abandonar conceitos pré-estabelecidos e
aprender novas práxis?
Quando nos propomos à redação das concepções estruturantes do PPP da Rede
Municipal de Educação, empreendemos um exercício analítico sobre as definições recorrentes
que puderam ser constatadas no acompanhamento do seu processo de (re)elaboração.
Partimos então, de alguns termos em específico, por considerar que as palavras não são
neutras, mas, ao contrário, são reveladoras e exprimem sentidos, contribuindo para a
construção de formas de compreensão do real e de operação objetiva no espaço-tempo
habitado pelos sujeitos. Consideramos importante que todos os atores da educação se
apropriem de fato da palavra e porque não dizer, do verbo, da ação.
Como sabemos, o discurso é sempre a manifestação de posições, que, ao balizar os
rumos da ação, pode ser confirmado ou desconstruído. Incorporado ou renovado. Daí a
circulação de um pensar situado, ou, em outros termos, das concepções. Dos princípios,
critérios e valores. Dos eixos estratégicos do planejamento. Das diretrizes, das bases.
Contudo, o que define a concepção ou as concepções? Escrever aquilo que nos
compõe é difícil, mas ao mesmo tempo nos direciona, nos estabiliza. E por que optamos por
esse caminho, o de escrever as concepções, diante de tantos produtos que o mercado editorial,
por exemplo, poderia nos oferecer? Principalmente, porque em quaisquer áreas, mas,
precisamente na Educação o registro escrito confere ao saber construído, especificidade, valor
social e profissional.3 Além disso vimos discutindo e construindo o PPP das escolas num
movimento de colaboração coletiva e esse fato contribui para a emancipação das comunidades
3 Sobre a importância do registro docente e as possibilidades de emancipação, confira:
LOPES, Amanda Cristina Teagno Lopes. 2009 e 2010.
escolares, uma vez que valoriza a autoria, e as expressões, sempre contingentes, dos conflitos
democráticos, ao mesmo tempo em que híbridos e dialógicos.
Os tensionamentos existentes entre o sonho [ou Marco Referencial], o Diagnóstico
(leitura crítica que ajuda a identificar, avaliar e compreender a realidade dada) e a
Programação (organização do planejamento em linhas de ação, regras, ações concretas e
periódicas) são entendidos como elementos fundamentais de uma metodologia ousada, que
percebe o papel central da educação nos processos de mudança social, de transformação; já
que as próprias comunidades evidenciaram no Marco Situacional que o desenvolvimento
humano precisa avançar em muitos aspectos, dentre os quais poderíamos destacar a ética, a
estética, a garantia dos direitos e a cultura de paz.
*
Em reunião com os gestores no ano de 2015, foi aberto o convite à constituição do GT,
visando reunir representantes responsáveis por diversas escolas, que juntamente com os
profissionais do Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas da Secretaria
Municipal de Educação, assumiram a elaboração desse trabalho em uma relação de
reciprocidade. O GT atuou buscando:
1. A síntese que pudesse expressar com máxima fidelidade as concepções da Rede, a
partir da redação dos Marcos Referenciais das escolas.
2. A promoção da reflexão por entender que os registros possuem dimensão formativa,
retrospectiva, avaliativa e prospectiva.
Sobre a Metodologia de sistematização um critério geral foi preservar os vocábulos
que designavam princípios, critérios e valores e a máxima fidelidade às ideias originais.
Foram realizadas também supressões de ideias ou palavras repetidas, de trechos extraídos
literalmente de sítios eletrônicos, de informações que tecnicamente não são características de
um marco referencial e de citações cujas fontes não foram localizadas.
Nesse aspecto, a reação mais imediata sob forma de estranhamentos, parece ter sido a
respeito das supressões em caráter de Programação, segundo a metodologia utilizada.
Solicitações como mais profissionais, salas, recursos diversos possuem seu lugar na terceira
etapa de sistematização, que em novembro de 2016 já somavam 92 escolas com seus
respectivos planos de trabalho publicados. Vale lembrar que as Instituições Conveniadas de
Educação Infantil e os Centros de Educação Unificados - CEUs também empreenderam o
início de suas discussões e as sistematizações referentes ao PPP.
A equipe de sistematização do GT buscou aplicar unidade e objetividade no uso da
linguagem, além de observar elemento de coerência e coesão textual. Obviamente essa tarefa
também não foi simples, pois tratava-se da tentativa de garantir em um único texto a
articulação do pensar de uma rede educacional numerosa e participativa. Foram necessárias
também algumas adequações técnicas de afirmações que se apresentavam com caráter
deterministas ou muito particulares. Tais declarações por vezes dadas como verdades ou
certezas, exigiram uma leitura cuidadosa em relação aos aspectos conceituais, evitando-se a
universalização de ideias distantes ou incoerentes com as concepções assumidas pela Rede
[sempre buscando preservar as ideias centrais de autoria das escolas].
Já discorremos aqui, um pouco sobre a relevância discursiva no exercício consciente
da docência. Todavia, é preciso também que haja a apropriação pelos sujeitos, no âmbito da
imagem, uma vez que o universo da ação concreta é povoado de simbolismo, de sentimentos e
demais demonstrações de ordem inconsciente. É na relação entre o pensamento
sistematicamente refletido e o campo da imagem, que vislumbramos nas práxis a
possibilidade da criação, da inovação e da transformação educacional.
Transformação essa que não se firma na ilusão de que receitas ou fórmulas nos trarão
soluções mágicas para questões centrais, mas que, por se tratar de uma necessidade do
coletivo, podem e devem ser pautadas, discutidas, acionadas, vivenciadas. Por isso, a
transformação é uma ação política, entendida aqui não pela sua manifestação moderna na
forma partidária, mas no sentido primeiro de participação dos cidadãos nos rumos da vida
social da polis. O que é a concepção se não a afirmação de posições oriundas da participação
social, do exercício da cidadania? A concepção é uma visão política. É a assunção de
posições.
Os sujeitos do nosso tempo anseiam pelo fim do discurso e buscam por produtos.
Entretanto, tal materialidade parece não tem sido possível fabricar em série, encontrar em
prateleiras ou nas ferramentas de busca virtual como o Google.
Como operadores globais, podem vagar pelo ciberespaço; mas como agentes
humanos, estão confinados, dia após dia, ao espaço físico em que operam, ao
ambiente preestabelecido e continuamente reprocessado no curso das lutas dos seres
humanos por significado, identidade e reconhecimento. (BAUMAN, Zygmunt, 2007
p. 86).
Afinal, será mesmo possível um projeto comum? Em tempos de selfies (ou do
individualismo exacerbado) e da interação [a distância], talvez fosse mais fácil apostar que
eles [os projetos comuns] estariam mesmo fora de moda, ou ainda, que não surtiriam os tão
resultados esperados, e que, portanto, não serviriam para nada.
Algumas equipes escolares, em verdade, expressaram direta ou indiretamente certo
desconforto diante da proposição de coletivamente redigirem seus sonhos; os desejos daquela
comunidade, o projeto comum. Mas, em que medida o sentimento generalizado de
desconfiança pode revelar nossa pouca intimidade com os processos decisórios e de efetiva
participação? Concebemos afinal uma identidade coletiva? De Rede?
O que é a sistematização do PPP da escola?
Enfim, seria a sistematização do Projeto Político-Pedagógico da Escola uma
oportunidade ou um fardo? Uma tarefa na qual, como por reação instintiva (a de
sobrevivência), nos levava a acre que “um comum” na livraria do conflito, homogeneizando
procedimentos, condutas, conhecimentos?
O PPP da Rede começa a ser melhor definido a partir de 2001. Antes dessa década a
cidade de Guarulhos possuía um total de 1.072.7174 habitantes. Na educação, a cidade
apresentava 61 escolas municipais, com pouco mais de 24 mil educandos. No aspecto
pedagógico, já contava com o digno trabalho das escolas à época.
Em 2016 a população é estimada em 1.337.087 habitantes. Nas 140 escolas municipais
são atendidos mais de 100 mil educandos, além dos frequentadores dos 10 CEUs, e das
matrículas nas Instituições Conveniadas da Educação Infantil e do Movimento de
Alfabetização de Jovens e Adultos - MOVA.
O projeto político assumido, o programa de formação permanente, a construção de um
centro de formação – O CME Adamastor, e até mesmo o advento dos meios de comunicação
da época favoreceram a interação entre os diferentes profissionais, a divulgação das atividades
desenvolvidas nas escolas e um primeiro delineamento acerca dos princípios e concepções.
Esse cenário nos leva a resgatar alguns dos princípios explicitados em diversos
documentos públicos como o Planejamento Estratégico da Secretaria disponível no subsite da
pasta, os textos de planejamento educacional com edição anual, o caderno base de construção
4 Documento Base – Conferência Municipal – Construindo o Plano Municipal de Educação da Cidade de
Guarulhos – 2012-2022, citando dados do IBGE p. 13; <cidades.ibge.gov.br> Acesso em 06/12/2016. <portaleducacao.guarulhos.sp.gov.br >escolas>dados estatísticos> CEUs> Acesso em 06/12/2016.
do plano municipal5 de educação 2012-2022, as revistas da educação, e demais publicações
oficiais.
1. A Educação como mola propulsora de mudanças;
2. Educação como direito Social;
3. Democratização do acesso e permanência;
4. Qualidade Social da Educação;
5. Valorização dos Profissionais da Educação;
6. Gestão Democrática.
Sem dúvida uma caminhada de muito sucesso, se considerarmos a luta histórica pela
democracia e pelo direito à participação na construção dos rumos da cidade e da educação que
nela se ancora.
Mas, como seria conceber [e planejar] ações comuns, construindo a convivência entre
ideias, opiniões, ideologias diferentes e tantas vezes divergentes?
Realmente não foi fácil. E, o caminho não acabou. Buscamos e continuaremos a
buscar a democracia. Queremos avançar nos processos de gestão compartilhada deliberando
conjuntamente as prioridades para nosso fazer. Sim. Um projeto comum, e isso não quer dizer
padronização.
Queremos superar as relações de poder desiguais, tantas vezes refletidas nas relações
sociais e também na escola. Trabalhar pela igualdade de direitos, afinal Gestão Democrática e
Qualidade social implicam em oportunidades iguais, valorização das diferenças, confronto de
opiniões e construção de consensos.
Mesmo com todos os esforços, reconhecemos que inúmeros ainda são os desafios. É
necessário aprofundarmos a reflexão, não de forma isolada, mas associada às possibilidades
de os grupos, de forma colaborativa se ajudarem e se corresponsabilizarem pelo projeto de
educação em ação que queremos em nossa cidade, colocando em relação a utopia, a
necessária avaliação e a programação, considerando que os desafios também se
complexificam, exigindo cada vez mais o fortalecimento dos conselhos, grêmios, associações
e das redes intersetoriais correlatas.
Das contradições e dos consensos
5 Documento Base – Conferência Municipal – Construindo o Plano Municipal de Educação da Cidade de
Guarulhos – 2012-2022, p. 31-38 – Diretrizes e princípios.
É preciso entender que toda caminhada é marcada por contradições, mas também por
superações. Tais possibilidades se encontram no horizonte dialético da educação como
referência para refletirmos sobre a realidade em geral. Não significa exercitar apenas o
consenso, aceite dos pensamentos divergentes, mas perceber que essa é a pluralidade presente
nas escolas e na própria sociedade. Estamos sempre em movimentos de aproximações e
distanciamentos sucessivos, na direção do nosso desejo de construção de uma educação de
qualidade social e de uma sociedade justa em seus direitos para todos.
Os elementos que se apresentaram como contraditórios nessa publicação são
assumidos como desafios na continuidade crítica do trabalho realizado pelas Escolas e pela
Secretaria de Educação. Essa foi uma deliberação do GT de sistematização por entender as
tensões muitas vezes refletem objetivamente a compreensão de muitos educadores e, por isso,
não poderiam ser ignoradas ou descartadas, mas sim, problematizadas nesse capítulo.
Para pensarmos os contraditórios, elencamos 5 elementos:
Questão 1
Constatamos no texto de sistematização, um aspecto próprio desse tipo de documento:
o uso corrente de termos de ordem racional, legal e técnica. Essa característica nos parece
oferecer algum alento, alguma segurança, em Tempos Líquidos6, quando, o que se busca, é
uma base sólida para empreender um trabalho especializado. Contudo, a incerteza
característica da contemporaneidade parece nos incitar à razão sensível7, uma vez que sem a
incorporação simbólica, imagética e cultural dos princípios, critérios e valores, o conjunto
onírico estabelecido apenas no plano do discurso tende a se perpetuar como letra morta.
Questão 2
O anseio pela ação concreta e a dificuldade em mirar um horizonte8 (sonhar) também
foi um forte aspecto nesse processo, explicitando com recorrência os elementos de
programação, ou seja, da ação em diferentes modalidades. Isso sugere pensarmos em termos
6 A passagem da fase “sólida” da modernidade para a “líquida” – ou seja, para uma condição em que as
organizações sociais (estruturas que limitam as escolhas individuais, instituições que asseguram a repetição de rotinas, padrões de comportamento aceitável) não podem mais manter sua forma por muito tempo (nem se espera que o façam), pois se decompõe e se dissolvem mais rápido que o tempo que leva para moldá-las. (BAUMAN, Zygmunt. 2007. p. 7) 7 “Termo que define a valorização do dado sensível em conjunto com a razão. A razão sensível restitui a
intuição, a metáfora e o devaneio poético como elementos participativos do conhecimento” (FERREIRA-SANTOS, Marcos; ALMEIDA, Rogério de. 2012, p. 100.) 8 Confira BAUMAN, Zygmunt, 2007. p. 99 – 115 . A utopia na era da incerteza.
de planejamento educacional em algumas formas de participação deliberativa e executiva, por
meio de medidas que podem ser envidadas como política pública.
Questão 3
Um outro elemento bastante contraditório são as relações interpessoais. Existe uma
tensão básica entre atender as subjetividades dos integrantes da instituição (pessoas, grupos)
ou as finalidades gerais da escola, enquanto espaço coletivo e de desenvolvimento humano na
sua integralidade. Dessa maneira, quando uma escola se posiciona por querer se constituir
como uma Comunidade de Aprendizagem, Formativa ou de Práticas9, outra escola apresenta
uma concepção repleta de movimentos de hierarquia nos processos educativos, o que acaba
por trazer à tona a divergência do papel dos profissionais da escola na tomada de decisões,
refletindo e sendo reflexo diretamente daquilo que buscamos como conceito e elemento da
divisão do trabalho na escola que é a gestão democrática.
Na equilibração entre direitos e deveres, mais um tensionamentos se apresenta. Existe
uma falsa noção que a garantia do direito de um segmento pressupõe a negação de outros,
quando, no espaço público, todos estamos igualmente implicados em direitos e deveres, mas
nem todos na mesma condição, o que precisa ser questionado.
Além do que, o autoritarismo também se reveste boas intenções, quando se apropria de
um discurso emancipatório para perpetuar interesses privados, independente dos papéis ou
funções de onde se revelam. Como conciliar, portanto, as subjetividades e o desempenho
autônomo de papeis, claramente prescritos pelas relações trabalhistas e pelas relações
burocratizadas?
Questão 4
Nessa mesma linha de pensamento o que seria a hora-atividade senão um espaço de
colaboração e de decisão coletiva? A apropriação do tempo pelos docentes é outra questão
bastante interessante. Pede-se tempo para preencher papéis, para que possamos ser melhores
cumpridores de tarefas e prazos. Mas seria essa uma necessidade radical ou alienada. Existe
um debate na sociologia atual que versa sobre o tempo como um dos principais meios de
produção da nossa época. É preciso uma leitura crítica sobre o máximo aproveitamento deste,
que é um dos poucos espaços em que a equipe escolar pode refletir, dialogar e juntos
decidirem os caminhos da instituição. Dessa maneira, aqueles que ainda divergem sobre este
9 IMBERNON, Francisco, 2009, p. 80-88.
elemento na concepção pedagógica, precisam ter espaços para discussão e a construção de
uma leitura mais aprofundada, capaz de nos ajudar a caracterizar melhor as possibilidades de
qualificar o processo formativo cotidiano. Não para que nele caibam mais projetos e papéis,
mas para a impregnação de sentido e intencionalidade de que carece nosso trabalho. É por
isso que, pensar as relações interpessoais num processo democrático vai além do que
escrevemos, pois pressupõe tomada de atitude em favor do coletivo escolar.
Questão 5
Outro ponto fundamental diz respeito ao uso do verbo ser. Sempre empregado como
que conceituando algo ou afirmando opiniões a ponto de, inadvertidamente torná-las como
verdades universais. Não podemos esquecer que as opiniões, mais ou menos fortalecidos pelo
conjunto da argumentação, estão sempre sob o julgo de alguma teoria, muitas vezes
dogmática, e por isso, nem sempre embasada pelo viés científico. Até mesmo o mais cético
dos pensamentos, acaba por admitir que a ciência é o caminho a ser percorrido pela escola.
Assim, nem tudo que está, é e, nem tudo que é, deveria ser. A transitoriedade do estar é muito
mais importante num documento sobre concepções do que a afirmação inequívoca da verdade
incerta.
Sobre o papel que se atribui à escola
Várias situações revelam a crença de que a escola é uma instituição muito poderosa,
que pode determinar a vida das pessoas que por ela passam, ou ainda que se possa ter “uma
vida digna através da educação”, talvez ainda sob influência de movimentos como o
iluminismo e o positivismo. Esta parece ser uma visão romantizada ou tecnicista, que não
corresponde mais aos dias de hoje, nos quais a escola deixou de ser um patamar a ser
alcançado para se ter sucesso na vida. Os jovens não acreditam mais nisso. Em tempos de alta
competitividade, alta desigualdade social, onde as oportunidades não são dadas a todos da
mesma forma, como pode a escola ser promotora de mudança social? E demais a mais, o que
a escola tem feito para se julgar merecedora deste status? Quais condições, qual ferramenta
tem sido oferecidas aos educandos para que estes possam se apropriar da realidade e nela
possam intervir?
Nas dimensões sobre a relação escola-família e comunidade, por exemplo, muitas
afirmações denotam clássica desigualdade. Queremos que familiares e comunidade
contribuam com as ações da escola, mas nos colocamos nessa iniciativa repletos de reservas
ou condições pré-estabelecidos unilateralmente. Queremos a comunidade na escola, mas para
quê? Quando mesmo a escola vai até a comunidade? Queremos que tenham consciência dos
valores por nós propagados, mas com que frequência julgamos os valores que circulam fora
dos muros da escola. Desejamos a participação ativa de todos, mas o que temos feito das
nossas próprias oportunidades de participação? Consideramos importantes os processos
decisórios, porém chamamos e somos chamados a decidir com responsabilidade ou apenas a
executar?
Outros aspectos de ordem linguística, também expressam abertamente algumas
heranças e um tempo histórico repressor, como o uso repetido de adjetivos como positivo e
negativo, e dos substantivos bem-estar e ordem. Tais palavras dão um tom ao texto de uma
escola mecânica, autoritária e ordeira, com baixa propositura de estruturas participativas, o
que acaba revelando grande contradição entre as próprias dimensões do texto, com rupturas e
dissociações demarcadas quer no marco filosófico, que no marco operativo. Além disso,
existe a demasia do emprego do verbo dever, que tem sido empregado em abundância nos
textos de orientação sejam das Escolas, sejam da Secretaria de Educação, sejam das estruturas
jurídicas. O que transmite uma ideia de coerção, ainda que sob pretextos edificantes.
É necessário, conforme Paulo Freire, que reconheçamos também nossa inconsciência
ingênua e o inacabamento de nossa condição, o que leva a supor que é necessário aprofundar
o processo de letramento com a própria equipe escolar, bem como prosseguir com
continuidade ao programa de formação permanente, cientes que a formação do professor, em
um contexto maior, historicamente negligenciada e o seu trabalho deliberadamente ignorado,
desvalorizado.
Perspectiva para o futuro
O momento histórico-político que vivemos pressupõe fundamentarmos nossas teorias
e práticas, com vistas a garantir a continuidade dos direitos e os avanços sociais conseguidos
pela educação nas últimas décadas.
O breve futuro que nos espera nos impele a pensar e propor ressignificações para todas
as práxis a partir das ações dos PPP das escolas e, nesse sentido, a Secretaria de Educação
conhecendo os projetos escolares também deve se propor a adequar-se às necessidades reais
do fazer da escola. Entre tantas coisas, algumas são mais pujantes como o gradativo processo
de autonomia financeira, administrativa e pedagógica das escolas; as formações dos
educadores a partir de seus anseios e necessidades reais; a melhoria das estruturas
educacionais; a adequação da proporção educador/educando respeitando-se as deliberações do
âmbito nacional, a valorização dos tempos de vida dos educandos; a inclusão educacional
efetiva e uma relação escola-comunidade que, de fato, potencialize a vida em sociedade.
Entendemos que dentre as perspectivas de futuro está também a continuidade do
desenvolvimento dos PPP das escolas e da Rede, num intuito que ele deva ser revisitado com
certa frequência para que possa ser efetivado, avaliado. É possível que seja reorganizado,
inclusive em suas dimensões estruturantes, podendo ser reagrupadas, redefinidas ou
acrescidas. Como exemplo temos a dimensão da ludicidade, o trabalho com as tecnologias
digitais, o papel das artes, o perfil dos profissionais da escola e outras.
Um próximo passo, seria a revisitação do processo de avaliação de sistema, com base
nos diagnósticos das escolas e na experiência já percorrida com os indicadores de qualidade
social em 2011, com efeito ampliando-se a qualidade técnica e participativa, de caráter
formativo e orientados das políticas, em uma relação de horizontalidade, mas com
reponsabilidades claramente definidas, no que tange a consecução de medidas a curto, médio
e longo prazos.
Da mesma forma, a programação poderá ser analisada, com vistas a caracterizar a
identidade dos processos educacionais da rede, além de fornecer elementos sobre como está
nossa capacidade de promover a articulação entre o sonho, a leitura crítica da realidade e o
planejamento organizacional, salvaguardando ainda estreita relação com a proposta curricular.
É nosso desejo que o projeto comum seja intensificado, aprimorado, ampliado. Que
caminhemos cada vez mais na busca pela coerência entre o que desejamos e o que fazemos,
avaliando permanentemente e periodicamente o trabalho desenvolvido. Sabemos que os
tempos líquidos não sinalizam para a afirmação de projetos formais, mas apostamos ainda que
esse seja apenas o início do envolvimento de todos nas causas que nos torna concretamente
humanos. Nas palavras de muitos colegas: que o PPP seja um documento vivo, aberto,
dinâmico.
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2016.
EXPEDIENTE
Coordenação
Sandra Soria
Consultoria
Celso dos Santos Vasconcellos
Assessoria
Nery Nice Osmondes Travassos
Rita de Cassia Cardoso
Silvia Furtado Simão
Tiago Rufino Fernandes
Compilação das dimensões
Cristiane Simões Videira
Jairo Tortejada de Almeida
João Roberto de Lima Santos
Rita de Cassia Cardoso
Silvia Furtado Simão
GT de Sistematização das Concepções
Antonia Donizete da Silva
Claudia Feliciano Lopes Silva
Ernesto Shun Iti Motooka
Gisele Recco Tendeiro
Luiz Fernando Nogueira Oliveira
Floripes Fernandes de Miranda Pinto
Francisca Alves dos Santos
Josélia dos Santos Oliveira
Nereide Vibiano
Nery Nice Osmondes Travassos
Rita Andrade Dias da Silva
Rita de Cassia Cardoso
Sandra Soria
Silvia Furtado Simão
Tiago Rufino Fernandes
Vilma da Silva
Viviane Cristina dos Santos
Colaboração
Cláudia Simone Ferreira Lucena
Luciene Almeida Andrade
Marli dos Santos Siqueira