por que devemos usar a categoria raça/cor para análise da situação de saúde no território?...
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NA ÁREA DA SAÚDE
• Por que devemos usar a categoria raça/cor
para análise da situação de saúde no
território?
• Perguntar a cor é racismo?
• Quais os problemas que enfrentamos para
coletarmos o quesito cor?
ALGUMAS QUESTÕES PARA REFLEXÃO
REVENDO CONCEITOSRacismo Institucional
O BRASIL FOI
A segunda maior nação escravista da era modernaO último país do mundo ocidental a abolir a escravidão (1888)O penúltimo país da América a abolir o tráfico de escravos (1850)O maior importador de toda a história do tráfico atlântico
O BRASIL TEM HOJE
A segunda maior população negra (afrodescendente) do mundo, com cerca de 80 milhões de pessoas, só sendo superado pela Nigéria
NÓS SOMOS RACISTAS?
Séc. XXVIII – XIX - Surgimento da noção de raça no pensamento
ocidental
Atribui qualidades de superioridade e inferioridade as diferenças
aparentes entre os povos, as características são hierarquizadas
estabelecendo a superioridade da raça branca sobre as demais
Atualmente a ciência reconhece que não existem raças humanas,
mas o termo “raça” é utilizado como construção social devido as
desigualdades que se estabeleceram e se reproduziram entre os
povos
RAÇA
É uma ideologia que pressupõe a superioridade de um grupo sobre o outro.
Parte-se da suposição de que há uma desigualdade natural e biológica entre os
grupos da espécie humana.
O racismo construído e reproduzido nas relações sociais se “institucionaliza”,
permeando as relações pessoais e Impossibilitando as instituições de oferecerem
serviços com equidade às pessoas.
Produz falta de acesso, comportamentos discriminatórios e formulação de políticas
que não atendem aos interesses da população, aumentando a situação de
desvantagem dos grupos populacionais.
RACISMO
“É o fracasso coletivo de
uma organização em prover
um serviço apropriado e
profissional às pessoas em razão de
sua cor, cultura, ou origem étnica.”
RACISMO INSTITUCIONAL
Produz falta de acesso, comportamentos discriminatórios e formulação de políticas que não atendem aos interesses da população negra, aumentando a situação de desvantagem deste grupo populacional.
O racismo construído e reproduzido nas relações sociais se “institucionaliza”, permeando as relações pessoais e Impossibilitando as instituições de oferecerem serviços com equidade às pessoas.
Manifesta-se através de normas, práticas e comportamentos discriminatórios
adotados no cotidiano de trabalho
ignorância
falta de atenção
estereótipos
O Racismo Institucional pode ser visto ou
detectado em processos, atitudes ou
comportamentos que denotam discriminação
resultante de preconceitos
• Negligência no atendimento profissional (não olhar, não tocar, oferecer menor número de consultas);
• Utilização de expressões depreciativas em relação ao usuário negro;
• Atendimento diferenciado a usuários negros e brancos;
• Dificuldades em aceitar ser chefiado por profissionais negros.
DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Dimensões e manifestações do Racismo Institucional
PROGRAMÁTICA
• Falta de investimentos em ações e programas específicos de identificação de práticas discriminatórias;
• Dificuldade na adoção de mecanismos e estratégias de não discriminação, combate e prevenção do racismo, sexismo e intolerâncias.
• Falta de investimentos na formação de profissionais;• Dificuldade em priorizar e implementar mecanismos e estratégias
de redução das disparidades e promoção da equidade.
• Ausência do recorte étnico/racial na produção de informações;
• Ausência da população negra nos materiais promocionais
QUESITO CORCritério do IBGE
1° Auto declaração: A própria pessoa, ou seu responsável declara sua cor
2° Escolha entre 5 categorias:
CRITÉRIO DO IBGE
PRETO:SÃO AQUELES DE PELE BEM ESCURA BRANCO: SÃO OS DE PELE CLARA AMARELO: ASIÁTICOS (JAPONÊS, CHINÊS E COREANO) PARDO: SÃO OS DE PELE MAIS CLARA (FILHOS DE BRANCO E PRETO, INDÍGENA E PRETO, INDIGENA E BRANCO) INDÍGENA: SÃO OS DESCENDENTES DE ÍNDIOS BRASILEIROS
PARA ANALISAR OS DADOS CONSIDERAM-SE NEGROS A SOMA DE PRETOS E PARDOS
CATEGORIAS - IBGE
• Porque ela faz parte intrínseca da pessoa, tanto quanto seu sexo e seu nome. É um definidor tanto de sua individualidade, quanto de sua identidade oficial, pública e/ou privada.
• A coleta de cor no Brasil foi sempre um desencadeador de instabilidades para coletores e declarantes, já que entre nomear a cor e atribuir(-se) a cor ocorrem inúmeros fatores determinados por condição social, regional e outras.(CEERT, 2001)
Por que perguntamos cor e não raça ou etnia?
• 1872 – Cor para todos os quesitos, como subtópico da condição social, então dividida entre livres e escravos e as cores apresentadas foram brancos, preto, pardo e caboclo (os indígenas e seus descendentes).
• 1890 –Cor para a população geral, desagregada somente no quesito estado civil. As cores aí estabelecidas foram branco, preto, caboclo e mestiço; caboclo e mestiço referindo-se novamente a origem –indígenas e descendentes, para a primeira; resultantes da união entre brancos e pretos, a segunda.
• 1900 e 1920 –Não foi coletada a cor da população.• 1910 e 1930 –Não houve coleta censitária
Breve História dos Censos desde 1872.
• 1940 e 1950 –Cor desagregada para todos os quesitos da população. Termos: branco, preto, pardo e amarelo, sendo que em 1940 os pardos foram computados numa categoria criada a posteriori, já que as cores foram tanto auto quanto hetero-declaradas.
• 1950 - pardo já se inclui entre as cores e as instruções para coleta são explícitas quanto à auto-classificação
• A partir daí, as cores não variaram mais, até o Censo de 1991
• 1960 –Cor apenas para os dados gerais da população. • 1970 –Não coletou cor e não justificou.
• 1980 –Cor desagregada apenas para alguns dados da população.
• 1991 –Cor para a população geral. Incluíram-se neste Censo os indígenas (novamente uma condição de origem), com a instrução de ser aplicada apenas aos que residissem em reservas; os não aí residentes entraram, possivelmente, na categoria pardo, como descendentes
• 2000 –idem 1991.
• Achamos que a pessoa mente em relação a sua cor, mas questão é como o indivíduo se percebe e não como o outro o percebe.
• Temos poucos estudos que sobre as relações raciais, aquelas estabelecidas na interação entre o coletor e o declarante ou nomeado.
• Temos dificuldade (desconhecimento, medo, vergonha, desconfiança...) de falar sobre cor ou raça. Quando perguntamos a alguém sobre sua cor temos que lidar com a nossa própria reação caso nos perguntassem.
Quais os problemas que enfrentamos na coleta do quesito cor?
Diagnóstico situacional
QUESTÃO ÉTNICO RACIAL E DIREITO A SAÚDE Qualificando Práticas
Projeto desenvolvido no Município de São Paulo em 2011
Informações sobre a percepção do racismo institucional: Já vivenciou ou presenciou alguma situação de Racismo institucional em seu local de trabalho?
Vivenciou ou presenciou situação de racismo em seu local de trabalho
N %
Sim 31 51,7
Não 23 38,3
Não Respondeu 6 10,0
Total 60 100,0
Sim52%Não
38%
10% Não respondeu
Porcentagem dos grupos que identificaram pessoas que informam ter ou não presenciado ou vivenciado
situações de racismo no local de trabalho
Programática Gestor/Trabalhador Trabalhador/Trabalhador
Trabalhador/Usário10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
14,3%11,4%
25,7%
48,6%
Porcentagem de relatos de racismo institucional segundo dimensão programática e interpessoal
• Alguns relatos – Dimensão programática– Desconhecimento das Leis e Portarias relativas à
temática– Dificuldade em pautar a questão étnico racial por
iniciativa própria• Alguns relatos - Dimensão interpessoal– Referência ao trabalhador negro com termos
pejorativos, brincadeiras ofensivas– Trabalhador sofreu racismo por parte de usuário e
a chefia ainda o repreendeu por ter reagido
– Paciente foi solicitar insumos e disse que não queria retirá-los no seu posto de referência porque não gostava da “negralhada” de lá. Ele foi advertido da colocação e foi encaminhado para a sua unidade de referência.
– usuários recusaram ser atendidos por funcionários negros, referindo-se a eles com termos discriminatórios.
– Descaso no atendimento do usuário; respondeu agressivamente, usuário torna-se invisível
–Usuária referiu-se de forma pejorativa em relação a cor da ACS da UBS.
–Trabalhador depreciava uma usuária preta que tinha filho branco.
– Funcionário achar usuário com comportamento suspeito por circular na unidade e ser negro
QUESITO COR A informação é coletada?
N %
Sim 41 68,3
Não 13 21,7
Não Respondeu 6 10
Total 60 100
De que forma é coletado o quesito cor?
N %
Auto-declaração 18 30,0
Hetero-declaração 6 10,0
Auto-declaração e Hetero-declaração 17 28,3
Não se aplica 14 23,3
Não respondeu 5 8,3
Total 60 100,0
Reação dos coletores:N %
Constrangimento 23 20,5
Não pergunta, declara em nome do usuário 18 16,1
Medo 10 8,9
Desconfiança 5 4,5
Ironia 2 1,8
Pouco caso 2 1,8
Naturalidade 19 17,0
Interesse 6 5,4
Comprometimento 5 4,5
Outra 3 2,7
Não se aplica 19 17,0
Reação dos usuáriosN %
Constrangimento 20 12,3Desconfiança 17 10,5Dúvida 14 8,6Ironia 15 9,3Pouco caso 9 5,6Recusa 8 4,9Medo 6 3,7Dúvida com pedido para que o coletor ajude a classificar 20 12,3Naturalidade 15 9,3Aceitação 10 6,2Curiosidade 10 6,2Interesse 4 2,5Outra 4 2,5
A informação é analisada?
14 sim
32 não
14 não respondeu
Número de grupos que informam se o quesito cor é analisado ou não
Caso seja, a análise gerou desdobramento?
11 (78,6%) sim
3 (21,4%) não
Número e porcentagem dos grupos que informam se
a análise gerou desdobramento
Há monitoramento da coleta?
Sim18%
Não48%
Não Respondeu33%
Porcentagem de grupos que informam haver ou não monitoramento da coleta do quesito cor
Foram realizadas ações relacionadas a Temática nos últimos 12 meses?
Foi uma ação específica sobre a temática?
Sim 17 60,7 %
Não 11 39,3 %
Sim 28 46,7 %Não 26 43,3 %Não Respondeu 6 10,0 %
Existem ações relacionadas à Temática incorporadas ao cotidiano?
Sim27%
Não62%
Não Respondeu12%
Porcentagem de grupos que informam existirem ações relacionadas a Temática incorporadas ao cotidiano
Comparando o conhecimento da direção sobre a legislação com algumas ações:
Direção conhece
legislação?
Realizou capacitações nos últimos 12 meses?
Informação é analisada ?
Portaria do quesito cor foi
divulgada?PNSIPN foi divulgada?
SIM 58 % 28% 24% 44 % 38 %
NÃO 10 % 52% 48% 34 % 40%
Não resp.
32 % 20 % 28% 22 % 22 %
"Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a
escuta não se pode dar. Se discrimino o menino ou menina pobre, a
menina ou o menino negro, o menino índio, a menina rica; se
discrimino a mulher, a camponesa, a operária, não posso
evidentemente escutá-las e se não as escuto, não posso falar com eles,
mas a eles, de cima para baixo. Sobretudo, me proíbo entendê-los. Se
me sinto superior ao diferente, não importa quem seja, recuso-me
escutá-lo ou escutá-la. O diferente não é o outro a merecer respeito é
um isto ou aquilo, destratável ou desprezível".
Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia