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i PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC –SP MELICIA CARDOSO GEROMINI CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO PARA O ESTUDO DA DROGADIÇÃO NO BRASIL MESTRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO SÃO PAULO 2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC –SP

MELICIA CARDOSO GEROMINI

CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO PARA O

ESTUDO DA DROGADIÇÃO NO BRASIL

MESTRADO EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

SÃO PAULO

2013

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MELICIA CARDOSO GEROMINI

CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO PARA O

ESTUDO DA DROGADIÇÃO NO BRASIL

Dissertação apresentada à banca examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência para obtenção do título de MESTRE em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Eliza Mazzilli Pereira.

SÃO PAULO

2013

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Banca Examinadora

__________________________________________________

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos de fotocopiadora ou eletrônicos.

São Paulo, ______de _____________de 2013.

Assinatura_____________________________

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AGRADECIMENTOS

À Mare, uma educadora de ouro, segunda genitora e também orientadora desse trabalho, obrigada pela paciência com toda minha falta de habilidade com a língua portuguesa e fora dela. Você não imagina o quanto foi importante para mim toda essa paciência, todo esse empenho e toda essa ausência de punição que para você é tão natural. Muito obrigada.

À todos os amigos, professores e funcionários do mestrado pela convivência deliciosa.

Aos monitores, um agradecimento especial pela ajuda dedicada.

À professora Maria do Carmo Guedes, que é uma fonte quase inesgotável de saber, obrigada pelas contribuições cirúrgicas para o direcionamento desse trabalho. Jamais me esquecerei de seu jeito divertido e brincalhão de dizer suas opiniões.

Ao Lugui, pelas contribuições sempre permeadas de elogios, incentivos e cuidado é de pessoas como você que o ensino brasileiro precisa, pense nisso com carinho.

À amiga Samantha pelo ombro, pelas inúmeras “forças” quando já não havia mais de onde tirá-las, pelo colchão sempre disponível e a acolhida sempre carinhosa que encontrei em sua companhia.

Ao amigo Marcelo, pela convivência rica e valiosa, pela amizade que se desenvolveu, pelas inúmeras conversas, por ser sempre uma fonte de reforço para mim. Hoje posso chama-los de amigos de verdade.

Ao Wilton, por me incentivar, por insistir, por me fazer acreditar em mim.

Aos inúmeros amigos que sempre estiveram na torcida, em especial à Luciana, a irmã que escolhi nessa vida.

Ao Marcio pela paciência com as minhas ausências, aos intermináveis sábados e domingos que passei fazendo o mestrado dos magos, por me ensinar o que é amar e a ajudar as pessoas que tiveram suas vidas destroçadas pela drogadição.

Ao meu pai, por ser essa pessoa que eu tanto admiro, por ser a coluna de sustentação da minha vida, meu exemplo de ser humano.

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“O ser humano não descobre novos oceanos, se não tiver coragem de perder o litoral de vista.”

André Gide

“O alcoolismo não é como apendicite, em que a cura consiste na remoção do órgão doente. Pelo contrário, o alcoolismo é um comportamento adaptativo.”

J. G. Holland

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................

O uso de material bibliográfico para um panorama da Análise do

Comportamento.......................................................................................................

Análise do Comportamento em áreas específicas.....................................................

Análise do comportamento e drogadição.................................................................

MÉTODO..................................................................................................................

Fontes........................................................................................................................

Procedimento de coleta nas fontes...........................................................................

Concordância entre observadores..............................................................................

RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................

FONTES....................................................................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Numero acumulado de textos produzidos por analistas do comportamento sobre drogadição por ano.....................................................................................................

Figura 2. Número de textos produzidos por analistas do comportamento sobre drogadição em períodos de cinco anos................................................................................

Figura 3. Número total de mestrados e doutorados sobre drogadição................................

Figura 4. Orientadores que orientaram teses ou dissertações sobre drogadição.................

Figura 5. Linhagem baseada em relações de orientação, em Análise do Comportamento.

Figura 6. Total de pesquisadores que fizeram mestrado e/ou doutorado sobre drogadição e publicaram artigo e/ou capítulo sobre esse tema...........................................

Figura 7. Distribuição de instituições que têm teses e dissertações sobre drogadição do período de 1973 a 2011.......................................................................................................

Figura 8. Tipos de pesquisa realizados em teses e dissertações sobre drogadição.............

Figura 9. Tipos de sujeitos usados nas pesquisas com infra-humanos sobre drogadição...

Figura 10. Settings usados nas pesquisas aplicadas............................................................

Figura 11. Objetivos identificados nas teses e dissertações e número de trabalhos em que constam.........................................................................................................................

Figura 12. Autores que produziram dois ou mais artigos/capítulos sobre drogadição.......

Figura 13. Instituições às quais são filiados os autores que publicaram artigo ou capítulo sobre drogadição....................................................................................................

Figura 14. Tipos de trabalhos identificados nos artigos e capítulos e respectivos números...............................................................................................................................

Figura 15. Objetivos identificados nos Artigos e Capítulos...............................................

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Geromini, M. C. (2013). Contribuições da Análise do Comportamento para o estudo da

drogadição no Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 58 páginas. Orientadora: Maria Eliza Mazzilli Pereira. Linha de Pesquisa: História e fundamentos epistemológicos, metodológicos e conceituais da Análise do Comportamento – Análise do Comportamento no Brasil: questões da pesquisa e da prática.

RESUMO

Analistas do comportamento têm se dedicado à análise do desenvolvimento da disciplina em diferentes áreas/assuntos. Este trabalho teve como proposta construir um panorama de como a Análise do Comportamento tem contribuído para o estudo da drogadição no Brasil, através da análise da produção sobre o assunto, por meio de teses, dissertações, artigos de revista e capítulos de livro. Os dados para essa construção foram retirados das seguintes fontes: Banco de Dissertações e Teses em Análise do Comportamento (BDTAC/Br), Banco de teses e dissertações da CAPES, coleções de livros da área, revistas de abordagem comportamental e revistas não específicas da área. Através da busca de um conjunto de palavras-chave e da leitura dos títulos dos trabalhos, foram localizados 42 textos, do período de 1973 a 2011, que foram, então analisados. Verificou-se que das 22 teses e dissertações encontradas, 19 delas são dissertações, e três são teses. Ao identificar os autores das publicações foi possível destacar um pequeno grupo responsável pelas produções na área. Identificou-se também que a maior parte das teses e dissertações é do estado de São Paulo, tendo como maiores produtores USP, PUCCamp, USP Ribeirão e UEL; dentre essas 22 teses/dissertações, 11 são pesquisas básicas e 11 são aplicadas. Nas pesquisas básicas, o sujeito infra-humano mais utilizado foi o rato, seguido pelo peixe; os settings das pesquisas aplicadas, foram: comunidade terapêutica, ambulatório de hospital particular e escola pública. Descobriu-se também que a maioria dos pesquisadores não costuma publicar artigos/capítulos com frequência. A busca por artigos/capítulos resultou em 20 textos, sendo as instituições às quais os autores eram filiados que mais se destacaram: UEL, USP, Universidade São Francisco e Universidade Federal de São João Del Rei. Os tipos de trabalhos identificados nesses artigos/capítulos foram, em sua maioria, ensaio/revisão/discussão, seguido de propostas de tratamento, relatos de pesquisa, um estudo de caso e uma comunicação breve. De acordo com todos os textos encontrados, os objetivos se concentraram, em sua maioria, na identificação/análise de variáveis que levam ao uso de drogas. O estudo dos efeitos do uso de drogas; a análise/validação/discussão de modelo animal para o estudo da drogadição e a validação de propostas de tratamento, também foram objetivos de vários trabalhos com números semelhantes, o que mostra que os analistas do comportamento no Brasil estão preocupados em desenvolver o estudo da drogadição de uma maneira geral.

Palavras-chave: droga, drogadição, Análise do Comportamento, pesquisa histórico-conceitual.

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Geromini, M. C. (2013). Contributions of Behavior Analysis to the study of drogadiction in Brazil. Master Thesis. Program of Postgraduate Studies in Experimental Psychology: Behavior Analysis, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Include number of pages. 58 pages. Advisor: Maria Eliza Mazzilli Pereira. Line of Research: History and epistemological bases, methodological and conceptual Behavior Analysis - Behavior Analysis in Brazil: Issues of research and practice.

ABSTRACT

Behavior analysts have been devoted to analyzing the development of the discipline in different areas / subjects. This study was proposed to construct an overview of how the Behavior Analysis has contributed to the study of drogadiction in Brazil, by reading on the subject of production, through theses, dissertations, journal articles and book chapters. The data for this construction were taken from the following sources: Bank Dissertations and Theses in Behavior Analysis (BDTAC/Br), Bank of theses and dissertations from CAPES, book collections of area, journals and magazines behavioral approach is not specific to the area. Through the pursuit of a set of keywords and reading the titles of the works were located 42 texts from the period 1973 to 2011, which were then analyzed. It was found that the 22 theses and dissertations found, 19 of them are dissertations and three are theses. By identifying the authors of publications was possible to highlight a small group responsible for productions in the area. It was also identified that most of theses and dissertations is the state of São Paulo, with the largest producers USP, PUCCamp, USP Ribeirão, UEL and, among these 22 theses/dissertations, 11 are basic researches and 11 are applied. In basic research, the subject infrahuman most used was the rat, followed by fish, the settings applied research were: therapeutic community, outpatient private hospital and public school. It was also found that most researchers do not usually publish articles/chapters frequently. The search for articles/chapters resulted in 20 texts, and the institutions to which the authors were affiliated that stood out: UEL, USP, Universidade São Francisco and Universidade Federal de São João Del Rei types of work identified in these articles/chapters were mostly essay/review/discussion, followed by treatment proposals, research reports, a case study and a brief communication. According to the texts found, the goals have focused mostly on identification/analysis of variables that lead to drug use. The study of the effects of drug use and the analysis/validation/discussion of animal model for the study of drogadiction and validation of proposed treatment, also targets multiple jobs with similar figures, showing that behavior analysts in Brazil are anxious to develop the study of drogadiction in general.

Keywords: drug, drogadiction, behavior analysis, historical-conceptual research.

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O uso e a dependência de substâncias químicas causam prejuízos significativos,

a curto e a longo prazo, à vida de indivíduos e aos países em todo o mundo. Um estudo

epidemiológico realizado pelo CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre

Drogas Psicotrópicas –, de 2001, efetuou o primeiro levantamento domiciliar sobre o

uso de drogas psicotrópicas no Brasil. Esse estudo envolveu as 107 maiores cidades do

país por número de habitantes e apontou que 19,4% da população pesquisada já fez uso

de drogas exceto álcool ou tabaco, o que corresponde a uma estimativa de cerca de

9.109.000 pessoas.

De acordo com Relatório Mundial da Saúde (2002), citado em Neurociência do

uso e da dependência de substâncias psicoativas (Organização Mundial da Saúde,

2006), as doenças que provêm do uso de substâncias psicoativas atingem 8,9% do total

de doenças registradas pelo sistema de saúde norte-americano, número este que aumenta

dia a dia. Grande parte do prejuízo que se atribui ao uso ou à dependência de

substâncias é resultado da enorme variedade de problemas sociais e de saúde que a

drogadição traz consigo.

Dada a importância dos problemas que causa, o uso e a dependência de

substâncias psicoativas têm sido objeto de estudo da Análise do

Comportamento, que historicamente buscou investigar formas de controle para o

comportamento de drogadição, seja através de experiências em laboratório com infra-

humanos, seja diretamente com humanos em laboratórios, em instituições ou em outros

settings.

A Análise do Comportamento aborda a drogadição como comportamento

operante, um comportamento sensível às consequências que produz, o que orienta as

ações que serão tomadas em relação ao controle e ao tratamento desse comportamento.

O presente trabalho teve por objetivo construir um panorama dos estudos sobre

drogadição no Brasil do ponto de vista da Análise do Comportamento, com base em

material bibliográfico. Embora não se proponha fazer a história da área, busca-se a

construção de um panorama com uma perspectiva histórica.

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Assim, foram investigadas, entre outros aspectos, as formas como a Análise do

Comportamento tem tratado a drogadição, os problemas que surgem na aplicação desses

tratamentos e os resultados que se tem obtido.

Estudos com perspectiva histórica têm sido frequentes em Análise do

Comportamento. Como nos lembram Andery, Micheletto & Sério (2000), a Análise do

Comportamento de certa forma nasceu de um artigo histórico escrito por B. F. Skinner,

“O conceito de reflexo na descrição do comportamento”, publicado em 1931, que

praticamente dá início a um corpo de ideias que seria posteriormente desenvolvido.

Por outro lado, Morris, Todd, Midgley, Schneider & Johnson (1995) afirmam

que, com a maturidade, as áreas da ciência voltam-se para a análise de sua própria

prática.

Mas quais são os parâmetros para que uma perspectiva de análise seja

considerada histórica? Prost (2008) nos diz que “pela questão é que se constrói o objeto

histórico, ao proceder um recorte original no universo ilimitado dos fatos e documentos

possíveis.” (p.75). Tal afirmativa chama a atenção em dois aspectos: o das

possibilidades, ou seja, tudo é passível de pesquisa histórica, desde que não venha de

uma pergunta ingênua, isto é, impossível de ser respondida através de documentos, fatos

ou evidências; e, ainda, que o recorte é feito pelo historiador, e, por isso, cada um que se

debruça sobre a mesma questão poderá obter respostas diversas.

Outra questão a ser ressaltada é: em que situações uma disciplina tem a

necessidade de fazer história? Coleman (1995) aponta que são dois momentos os mais

úteis para tal estudo: quando uma disciplina está em processo de estabelecimento, então

o estudo histórico poderia desempenhar o papel legitimador, respondendo, assim,

algumas questões; e em tempos de preocupações mais agudas, ou seja, quando algumas

questões tendem a ser de uma importância maior – que foi a tônica do presente estudo.

Estudo este que vai ao encontro de outras afirmações de Coleman (1995) sobre a função

de se escrever a história de uma disciplina, que é também a de fornecer uma

compreensão mais perfeita sobre uma disciplina, uma vez que com o estudo sobre fatos

do passado evitamos cometer os mesmos erros.

A história de uma disciplina pode ser estudada de duas formas, ainda segundo

Coleman (1995): através de uma postura internalista, que é uma forma de examinar uma

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disciplina científica a partir dela mesma; e de uma postura externalista, que tem seu

foco numa visão de fora para dentro da disciplina, sendo esse conceito de externo uma

visão mais global da ciência, como, por exemplo, a Análise do Comportamento em

relação à Psicologia como um todo; ou um contexto mais amplo, como a relação com o

contexto cultural, social, econômico ou político. No caso do presente estudo, o trabalho

foi desenvolvido segundo uma perspectiva internalista.

A melhor forma de se compreender com exatidão como uma disciplina se

apresenta no presente é investigando sua história passada e como ela se desenvolveu

para chegar ao ponto em que está hoje. Por exemplo, se hoje existe uma controvérsia e

algumas defesas de direções que se chocam ou não se fundem, é na história passada que

iremos descobrir como essa controvérsia se originou e como ela foi gradualmente

perdendo espaço ou aumentando de tamanho e conteúdo.

E a história de uma disciplina faz com que não só aprendamos sobre ela com

maior profundidade, mas também que nos tornemos céticos em relação a novos

modismos ou a novas explicações para antigos problemas. Outro ganho em se estudar

um assunto ou disciplina através de um panorama histórico é que nos “torna conscientes

da natureza cumulativa do trabalho científico.” (Coleman, 1995, p.131).

O uso de material bibliográfico para um panorama da Análise do Comportamento.

Northup, Vollmer, & Serrett (1993), buscaram identificar as topografias mais

frequentes apresentadas nos artigos publicados durante os 25 primeiros anos (1968 a

1992) do Journal of Applied BehaviorAnalysis (JABA), que é talvez o mais importante

meio de publicação de artigos sobre aplicação dos princípios comportamentais a

problemas de relevância social.

Para tanto, Northup et al. (1993) selecionam algumas variáveis segundo as quais

os artigos são classificados. São elas: (a) tipo de artigo, (b) sujeitos, (c) setting, (d)

agente de mudança do comportamento, (e) comportamento alvo, (f) princípios básicos

utilizados; e (g) procedimentos adotados.

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Os resultados obtidos mostram que de uma maneira geral o JABA tem publicado

predominantemente artigos de pesquisa experimental (74% do total de artigos) e que

nesses artigos de pesquisa, nos últimos anos, os participantes mais frequentes têm sido

indivíduos com deficiência de desenvolvimento, se comparados com outros tipos de

participantes.

Os resultados demonstram também que os autores foram responsáveis pela

execução dos procedimentos através dos quais os estudos se desenvolvem, sendo,

portanto, os agentes de mudança comportamental na maioria dos estudos. Outra

tendência que se manteve foram as escolas como setting mais utilizado nos estudos. Há

uma tendência de crescimento na porcentagem de estudos em ambientes residenciais e

médicos, embora essa porcentagem ainda seja pequena.

Dentre os comportamentos alvo observados nas publicações, pode-se notar o

aumento nos artigos que incluem aquisição de habilidades em indivíduos com

deficiências de desenvolvimento. Em contrapartida, há um declínio em investigações de

outros comportamentos acadêmicos, que foi um dos temas mais frequentes até 1976.

Observou-se também um declínio em estudos sobre comportamento verbal e sobre

excessos comportamentais em crianças com desenvolvimento intacto.

Verificou-se ainda um número bastante reduzido de pesquisas em temas de

importância social inquestionável, tais como geriatria ou dependência química, assim

como assuntos não abordados pela Análise do Comportamento, como, por exemplo, os

ligados à farmacologia, o que indica uma lacuna a qual a Análise do Comportamento

Aplicada deveria se preocupar em preencher. No que tange ao abuso de substâncias,

foram encontrados artigos referentes a esse assunto em apenas sete volumes do JABA

(nos 25 anos analisados pelos autores) e sempre numa porcentagem muito pequena

(de1% a 6%) em cada volume.

Os resultados apresentados nos fornecem um panorama sobre a forma como a

Análise do Comportamento foi se configurando durante os primeiros 25 anos do JABA e

pode servir também como um direcionamento para o futuro da área.

No Brasil, o trabalho de Cesar (2002) teve como proposta ampliar e completar as

análises sobre a construção da Análise do Comportamento no Brasil existentes,

atualizando o que já havia sido feito até o momento. Para tanto, foi realizado um

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levantamento sistemático de publicações da Análise do Comportamento no Brasil da

através da análise de periódicos.

Entre os 335 artigos analisados, 64 foram em pesquisa aplicada; 92, em pesquisa

básica; e 179 foram trabalhos teóricos. Dos 64 trabalhos em pesquisa aplicada, 56

abordaram alguma área de intervenção, com predomínio de pesquisas em Educação,

seguidos por Intervenção em clínica, em Saúde, em Educação especial e em Trabalho.

Os 92 trabalhos básicos foram classificados, majoritariamente, como

investigações de princípios e procedimentos da Análise do Comportamento, seguidas

por trabalhos de observação do comportamento animal em laboratório, e

desenvolvimento de instrumentos de uso no laboratório. Quanto aos artigos em

princípios e procedimentos da Análise do Comportamento, é possível observar uma

ênfase em trabalhos de controle de estímulos e esquemas.

Os 179 trabalhos teóricos foram de discussões relacionadas à filosofia

Behaviorista Radical; revisão e reflexão sobre os conceitos da Análise do

Comportamento; reflexões sobre a relação do Behaviorismo com outras ciências;

História da Análise do Comportamento; e discussão das contingências presentes na

Análise do Comportamento Aplicada.

A leitura dos títulos dos 335 trabalhos analisados por Cesar (2002) permitiu

identificar apenas um trabalho, de pesquisa básica, que trata do assunto drogadição.1

Análise do Comportamento em áreas específicas

Sulzer-Azaroff e Gillat (1990) analisaram 347 artigos publicados no JABA na

área da Educação, no período de 1968 a 1988, os primeiros 20 anos desse periódico, a

fim de traçar um panorama da Análise do Comportamento em Educação.

1 Hoshino, K; Carlini E. A. (1965) Efeitos da Cannabis sativa (maconha) sobre a extinção. Ciência e Cultura, 17 (2).

172.

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Para isso, analisaram, ano a ano, o número de artigos sobre Educação publicados

no JABA, em relação ao total de artigos publicados no periódico; as populações

atendidas pela Análise do Comportamento; e as áreas problema trabalhadas.

Foi constatada uma quantidade crescente de artigos publicados em Educação do

período de 1968 a 1977 e um decréscimo nos anos seguintes, cujo montante se manteve

relativamente inalterado até o final do período avaliado.

Quanto às populações atendidas, alunos de ensino fundamental têm, mais

frequentemente, sido os participantes dos estudos, seguidos por alunos de educação

especial e de pré-escola. São poucos os artigos envolvendo estudantes de ensino médio

ou faculdade; que vêm seguidos por educadores profissionais.

Com relação ao conteúdo abordado, dados revelam algumas tendências como,

por exemplo: as porcentagens de artigos publicados relativos a problemas de conduta e

habilidades acadêmicas eram elevadas na década inicial e na segunda década caíram

drasticamente; outros temas, como habilidades sociais, foram gradativamente

aumentando em porcentagem. Já a porcentagem de estudos relativos a saúde e

segurança, que vinha aumentando ao longo do período, diminuiu.

Os autores encaram essas tendências como sinais de boas perspectivas para a

Educação, se considerarmos a diminuição de publicações sobre problemas relativos a

conduta e o aumento de publicações relativas ao desenvolvimento de habilidades

sociais, que indicariam um interesse na promoção de habilidades mais adaptativas para

se viver na escola ou fora dela, em detrimento da busca de redução de comportamentos

indesejáveis.

No Brasil, alguns exemplos de trabalho sobre áreas específicas, na Análise do

Comportamento, são os de: Marmo (2002), que leva o título de Publicações sobre

Educação no "Journal of Applied Behavior Analysis": uma revisão; que buscou

atualiazar os dados do estudo de Sulzer-Azaroff e Gillat (1990); Nolasco (2002) com o

título A evolução do conceito de intervenção clínica comportamental conforme

apresentada em artigos produzidos no Brasil: uma revisão histórica; e o de Silva (2004),

com o título Diálogo entre pesquisa básica e aplicações do conhecimento em análise do

comportamento: uma revisão dos artigos sobre controle de estímulos no Journal of

Applied Behavior Analysis.

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Porém é em Niero (2011) que o presente trabalho encontra maior proximidade,

uma vez que em seu estudo, teve como objetivo obter a caracterização da área clínica

comportamental no Brasil, através da análise de artigos publicados em quatro revistas

específicas da área, duas coleções de livros de abordagem comportamental e três

revistas não específicas da área.

Niero (2011) identificou os autores que mais publicaram na área, suas filiações,

as referências utilizadas por eles, o que vem sendo publicado e que tipos de artigos são

mais publicados sobre clínica comportamental no Brasil.

O período no qual foram selecionados os artigos na área clínica foi de 1991 a

2010, e o veículo no qual o maior número de publicações foi encontrado foi a coleção

Sobre Comportamento e Cognição. Foram encontradas ao todo 337 publicações.

Essas 337 publicações mostraram as seguintes tendências: 180 tiveram apenas

um autor; 99 tiveram dois autores; 39 foram publicadas por três autores; e 19 foram

escritas por quatro a dez autores. Quanto aos autores: 22 publicaram cinco ou mais

artigos ou capítulos, oito autores publicaram quatro textos, 17 publicaram três textos, 42

autores publicaram dois textos e os 211 autores restantes publicaram apenas um artigo

ou capítulo.

Ainda sobre os autores encontrados, há de se destacar que 22 deles são

responsáveis por 60% da produção encontrada. Dentre eles, dez apresentaram uma

produção de dez ou mais artigos.

Em relação às instituições que têm um maior número de publicações na área

clínica, destacam-se a Universidade de São Paulo, com 93 artigos ou capítulos; a

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com 47; a Universidade Católica de

Goiás, com 43; a Universidade Estadual de Londrina, com 39; e a Universidade Federal

do Pará, com 33 artigos ou capítulos.

Dos 337 artigos e capítulos encontrados, 185 foram classificados como

ensaio/revisão/discussão, 93 foram classificados como estudo de caso e 59, como

relatos de pesquisa. Dentre os assuntos destacados nesses artigos encontram-se

comportamento verbal, assuntos relacionados a transtornos psiquiátricos e patologias.

Nada foi encontrado sobre drogadição.

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Niero (2011) concluiu que o crescente número de publicações na área de clínica

deve-se ao surgimento da coleção Sobre Comportamento e Cognição e da Revista

Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. A autora observou também uma

tendência de publicação de um pequeno número de autores concentrando grande parte

da produção na área.

Análise do comportamento e drogadição

A análise experimental do comportamento é responsável pela produção e

validação dos dados empíricos da ciência do comportamento, que através de

experimentos busca isolar e manipular variáveis em um contexto controlado, com o

intuito de observar e identificar possíveis relações funcionais que afetariam um

determinado comportamento. Sendo assim, na ciência do comportamento compete à

análise experimental a produção do conhecimento de forma empírica (Kazdin,1978).

Já a análise aplicada do comportamento busca desenvolver procedimentos e

intervenções que visem alterar comportamentos trazidos através de uma demanda

social. A análise experimental e a análise aplicada mantêm uma influência bidirecional,

uma levando à outra, a novos questionamentos, novos resultados, novas demandas e

novas tecnologias para que, nessa interação, ambas respondam de uma maneira cada vez

mais efetiva as questões levantadas pela sociedade.

Foi desta forma que historicamente a Análise do Comportamento surgiu como

uma proposta alternativa ao modelo dominante da Psicologia. Sua forma de abordar os

comportamentos problemas, seja em indivíduos com desenvolvimento típico, com

desenvolvimento atípico ou em pacientes psiquiátricos, era muito diversa do modelo

tradicional. Uma das principais propostas da Análise do Comportamento, em oposição

aos tratamentos tradicionais, é a de que o comportamento alvo de mudança deve ser

tratado como o problema em si e não como um sintoma de causas subjacentes.

Uma aplicação dos princípios do comportamento em problemas clínicos foi a

terapia aversiva, aplicada em 1935 por Walter L. Voegtlin e Frederic Lemer, nos

Estados Unidos. Esses autores usaram os princípios do condicionamento clássico para a

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cura de alcoolistas, associando uma substância indutora de náuseas com a visão, o

cheiro e o sabor do álcool. Tal procedimento já havia sido utilizado na Rússia por

Kantorovich (1929), que havia associado o choque elétrico ao álcool em 20 alcoolistas,

para provocar uma reação aversiva, descobrindo, assim, que os indivíduos deixavam de

desenvolver desejo pelo álcool por vários meses (Kazdin, 1978).

O marco que a pesquisa de Voegtlin e Lemer (1935) deixou para a história da

Análise do Comportamento foram as taxas de sucesso em termos de abstinência, pois

esse estudo acompanhou por 1 a 13 anos mais de 4.000 pacientes, sendo que 60% deles

se mantiveram abstêmios por 1 a 2 anos; 38%, por 5 a 10 anos; e 23%, por 10 a 13 anos

após o tratamento (Kazdin, 1978,). De acordo com Milby (1988) em análise de um

período similar ao analisado por Kazdin (1978), a forma de publicar os estudos sobre

tratamento por outros grupos que também investigavam o assunto era bastante diversa.

“os altos índices de sucesso terapêutico, relatados por algumas comunidades terapêuticas, não podem ser levados em conta: faltam definições claras do que seja tratamento bem sucedido, bem como a metodologia de pesquisa, em geral, é falha. Não há grupo controle, não há avaliações pré-admissionais, e o tempo de seguimento do pós tratamento é relativamente curto.” (Milby, 1988, p.58)

Segundo Kazdin (1978), existiam, então, poucos dados de follow-up de

programas para dependentes químicos ou alcoolistas utilizando condicionamento

operante. Um dos programas mais cuidadosamente avaliados para dependentes

químicos foi realizado na Suécia, no qual desde seu desenvolvimento até um ano após

os pacientes terem sido liberados a porcentagem de pacientes livres de drogas foi maior

para aqueles que participaram do programa do que para os pacientes do grupo controle,

que não participaram do tratamento, ou para os pacientes que frequentaram o hospital

antes do início do programa.

Os programas que trabalhavam com comportamento operante para dependentes

químicos e alcoolistas nos Estado Unidos eram realizados em sua grande maioria em

ambiente hospitalar (Kazdin, 1978). Esses programas consistiam em fornecer

privilégios ou fichas, a serem trocadas por diversos reforçadores, para comportamentos

adaptativos, tais como auto-cuidados, participação em atividades ou em trabalhos, a fim

de que houvesse não apenas eliminação do comportamento de abuso de álcool ou

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drogas, mas também a instalação de comportamentos sociais mais adaptativos, que

pudessem ser empregados quando os indivíduos retornassem para seus ambientes.

Mesmo que a análise aplicada do comportamento tenha demonstrado evolução

na forma como tem usado os princípios da análise experimental para o problema da

drogadição, passando do uso do condicionamento clássico na terapia aversiva para o uso

do reforço positivo no condicionamento operante como tratamento, ainda assim muito

mais poderia ser feito, como aponta a polêmica opinião de Holland (1978).

Holland (1978) nos leva a pensar, em seu artigo, quais caminhos a Análise do

Comportamento estava trilhando e levanta algumas questões de extrema importância.

Aponta, por exemplo, que os analistas do comportamento, de certa forma, estavam

agindo no sentido de aplicar técnicas que “consertassem” o indivíduo, ou seja, trazendo

o foco do problema para o emissor do comportamento indesejado e deixando de olhar

para a sociedade que arranja as contingências favorecedoras para que tal

comportamento seja selecionado entre outros tantos.

Analistas do comportamento estavam buscando controlar o comportamento

indesejado retirando o indivíduo de seu ambiente, sem levar em conta que esse

comportamento havia surgido de um arranjo de contingências de seu ambiente natural e

que quando o indivíduo voltasse para esse ambiente seria exposto às mesmas

contingências que haviam selecionado tal comportamento.

“Se a própria teoria sobre a qual a terapia comportamental está baseada estiver correta, então a solução para um problema comportamental não pode estar nas contingências especialmente arranjadas no ambiente especial da clínica. As contingências do ambiente natural devem ser modificadas se o problema precisa ser corrigido.” (Holland, 1978, p. 166)2

Segundo Holland (1978), os analistas do comportamento estavam tomando um

caminho avesso ao behaviorismo radical, a filosofia da ciência do comportamento. Um

desses casos era a forma de tratamento que os alcoolistas vinham recebendo,

comumente através de terapia aversiva, conforme exemplificado em seu artigo.

2 If the very theory on which behavior therapy is based is correct, then the solution to a behavioral problem cannot

rest in the specially arranged contingencies in the special environment of the clinic. The contingencies of the natural environment must be modified if the problem is to be corrected.

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A saída que Holland nos aponta é a de trocar tais técnicas por formas mais

estruturadas de ensinar o alcoolista a viver sem o álcool em ambientes naturais ou

estruturados para que as novas contingências sobrevivam, fazer análises que

identifiquem qual a função do comportamento de beber, quais variáveis o mantêm para

cada indivíduo.

Desde os apontamentos de Holland, em 1978, até os dias atuais, podemos

observar uma evolução no tratamento do abuso de drogas, se entendermos como

evolução a substituição da prática da terapia aversiva pela utilização da terapia com

reforços positivos. Estudos em Análise do Comportamento, têm mostrado que práticas

aversivas tendem a gerar problemas tais como contra-controle, comportamentos

respondentes sentidos como desagradáveis durante a aplicação dos procedimentos que

incluem práticas aversivas, desenvolvimento de comportamento de fuga/esquiva; soma-

se a isso o fato de que o comportamento punido pode voltar a ocorrer quando o estímulo

aversivo for retirado. Também se poderia considerar evolução o fato de os analistas do

comportamento deixarem de tratar o comportamento de abuso de drogas através de

condicionamento clássico e passarem a utilizar o condicionamento operante.

Silverman, Roll e Higgins, (2008), em artigo que introduz volume especial do

JABA sobre drogadição, afirmam: “Ampla evidência do laboratório e da clínica

sugerem que a dependência de drogas pode ser vista como comportamento operante e

efetivamente tratada através da aplicação dos princípios operantes do condicionamento”

(p. 471)3. Afirmam ainda:

“Um extenso corpo de pesquisas, revisões e meta-análises (...) tem mostrado que essas intervenções [baseadas na aplicação do condicionamento operante] têm sido extremamente efetivas em aumentar a abstinência das drogas mais comumente utilizadas, bem como em melhorar a adesão a regimes de tratamento da drogadição com medicação e aumentar a permanência no tratamento.” (p. 472) 4

3 Extensive evidence from the laboratory and the clinic suggests that drug addiction can be viewed as operant

behavior and effectively treated through the application of principles of operant conditioning.

4 An extensive body of research, reviews, and meta-analyses (…) has shown that these interventions have been

extremely effective in increasing abstinence from most commonly abused drugs as well as improving adherence to addiction treatment medication regimens and increasing retention in treatment.

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Entre o artigo de Holland (1978) e o de Silverman et al. (2008) passaram-se 30

anos, e muitos estudos sobre drogadição em Análise do Comportamento foram

desenvolvidos, como atesta a publicação do JABA sobre drogadição.

No entanto, de acordo com Silverman et al. (2008), apesar da evidência da

efetividade das intervenções baseadas no manejo de contingências de reforçamento no

tratamento da drogadição – essas intervenções utilizam reforços programados aos

participantes que oferecem provas, através de testes, de sua abstinência do uso de

drogas – alguns problemas persistem: 1) embora o manejo de contingências seja efetivo

para muitos pacientes, não o é para todos; 2) alguns pacientes reincidem quando o

tratamento é descontinuado; 3) intervenções que utilizam manejo de contingências não

são amplamente utilizadas nos Estados Unidos e fora daquele país.

Quanto ao primeiro desses problemas, embora não se exija que um tratamento

sirva para todas as pessoas para ser considerado efetivo, conforme os “Princípios de

Tratamento Eficazes” ditados pelo NIDA, National Institute on Drug Abuse (1999),

ainda assim este é um limite que Silverman et al (2008) consideram importante transpor

através de mais estudos.

Outra dificuldade que a Análise do Comportamento terá que investigar para que

o tratamento por manejo de contingências consiga maior efetividade é o índice de

recaídas, que é um fator indesejável no tratamento desse problema crônico. O NIDA

(1999) demonstra que o índice de recaídas em tratamentos para drogadição é de 40 a

60% e que esse índice se encontra medianamente próximo ao de recaídas (falhas na

adesão ao tratamento) para algumas enfermidades crônicas, como o de diabetes tipo I,

que é de 30 a 50%, ou o de hipertensão, que é de 50 a 70%, e o de asma, que também é

de 50 a 70%. Quando se fala de recaída, tem-se como um assunto ligado imediatamente

ao fracasso; no entanto, deve-se ter a recaída não como esperada mas sim como uma

provável fase do tratamento.

A outra questão abordada por Silverman et al. (2008) é de que, apesar de o

tratamento por manejo de contingências demonstrar um grande potencial, não é adotado

amplamente nos Estados Unidos (onde ele inicialmente foi proposto) ou em outro lugar.

A disseminação de tal proposta de tratamento se faz necessária, uma vez que tem

mostrado sua eficácia em diversas circunstâncias, com diversas populações, tais como

moraadores de rua, mulheres grávidas e parturientes, portadores de transtorno mental,

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adolescentes, em contextos como clínicas para tratamento ou em substituição de pena

para adultos apenados por crimes relativos a drogas e, ainda, para o tratamento de

diferentes tipos de drogas, como fumo, maconha, cocaína, heroína e opiáceos, entre

outros.

Silverman et al. (2008) afirmam que os analistas do comportamento têm escrito

substancial literatura sobre drogadição, porém como a têm publicado geralmente em

revistas médicas, de psicologia clínica ou especializadas em abuso de drogas, ela tem

sido pouco acessadas por analistas do comportamento.

Silverman et al. (2008) comentam, ainda, alguns aspectos que as pesquisas sobre

o tratamento por manejo de contingências têm se proposto a investigar, como, por

exemplo: o fato de que alguns estudos sugerem que manter a abstinência de múltiplas

drogas é mais difícil que manter a abstinência de uma única droga; se o tratamento por

manejo de contingências em grupo facilitaria ou dificultaria sua aplicação; se

intervenções utilizando manejo de contingências deveriam fornecer reforçadores

contingentes à abstinência ou remover reforçadores contingentes ao uso de drogas;

maneiras de reduzir o custo das intervenções – nesse caso, têm sido testadas alternativas

como angariar fundos através de doações comunitárias; uso de reforçadores de

magnitudes variáveis; uso de um sistema de manejo de contingências baseado na web,

entre outros.

Estes são alguns dos aspectos que as pesquisas e as revisões de literatura sobre

drogadição em Análise do Comportamento têm tratado e alguns resultados que têm

revelado. Essa literatura, entretanto, retrata estudos sobre drogadição publicados em

veículos norte-americanos.

Cabe, então, perguntar: e no Brasil, qual tem sido a contribuição da Análise do

Comportamento no estudo da drogadição? O que têm revelado estudos realizados entre

nós?

Para isso, buscou-se investigar o que vem sendo produzido em nosso país, de

modo a identificar o tipo de contribuição que vem sendo feita para o avanço da área,

aspectos que foram investigados e que resultados foram obtidos, o que está por ser

investigado e marcas da produção brasileira.

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MÉTODO

Fontes

Foram utilizadas as seguintes fontes de busca:

a) Banco de Dissertações e Teses em Análise do Comportamento (BDTAC/Br)

(Micheletto, Guedes, Pereira & Silva, 2008).

De acordo com Santos (2012), esse banco foi construído a partir da busca de

dissertações e teses em Análise do Comportamento dos programas de pós-graduação

em Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo e da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, bem como de programas de pós-graduação

com linha de pesquisa em Análise do Comportamento (Universidade Federal do

Pará, Universidade de Brasília e Universidade Federal de São Carlos) e das

seguintes instituições: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto;

Universidade Presbiteriana Mackenzie; Pontifícia Universidade Católica de

Campinas; Universidade Católica de Brasília; Universidade Católica de Goiás

(atualmente Pontifícia Universidade Católica de Goiás); Universidade Estadual de

Londrina; Universidade Federal de Goiás; Universidade Federal de Minas Gerais;

Universidade Federal da Paraíba; Universidade Federal do Paraná; Universidade

Federal de Santa Catarina; Universidade Estadual de São Paulo; Universidade

Estadual de Campinas e Universidade de São Paulo - Campus Ribeirão Preto.

Também foram consultados, para a constituição do BDTAC, o banco de

dissertações e teses da CAPES e os currículos Lattes dos pesquisadores

selecionados. Tal banco conta com um total de 789 dissertações e 221 teses.

b) Banco de Teses da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior).

Segundo o Ministério da Educação do Brasil

http://www.brasil.gov.br/sobre/educacao/pos-graduacao/capes/, a CAPES é uma

entidade que além de avaliar e investir nos cursos de pós-graduação strictu senso,

também fornece acesso e divulgação da produção científica e tem organizado um

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banco contendo os resumos das teses e dissertações defendidas nos programas de

pós-graduação do país desde 1987.

Uma vez que o BDTAC/Br torna disponíveis as dissertações e teses do período de

1968 a 2007, o banco de teses da CAPES se fez necessário para o acesso às

dissertações e teses defendidas nos programas de pós-graduação das instituições

acima elencadas, do período de 2008 a 2011. Ainda assim, buscaram-se teses e

dissertações nesse banco de dados, desde 2006, ano em que foi instituída, através da

Portaria 013 da CAPES, a obrigação de entrega de arquivo digital da

tese/dissertação para divulgação e publicidade on-line.

c) Revistas de abordagem comportamental. São elas:

• Modificação de Comportamento.

Primeiro periódico dedicado especialmente à Análise do Comportamento, foi

editado anualmente pela Associação de Modificação de Comportamento, no

período de 1976 a 1977 - sendo, então desativado, - e conta com dois volumes.

• Cadernos de Análise do Comportamento.

Esta revista foi criada como uma adaptação da revista Modificação de

Comportamento e, segundo Niero (2011), foi uma revista anual e,

posteriormente, semestral, editada pela Associação de Modificação de

Comportamento, de 1981 a 1984, e conta com seis volumes.

• Revista Brasileira de Terapia Comportamental Cognitiva (RBTCC).

Esta revista é uma publicação da Associação Brasileira de Psicoterapia e

Medicina Comportamental (ABPMC), desde 1999, e tem como proposta

publicar artigos de abordagem comportamental e cognitiva, tendo como foco as

publicações voltadas para as áreas clínica e de saúde. Além disso, procura

apresentar, através de sua produção, a fundamentação teórica que caracteriza o

grupo de profissionais atuantes nessa área. Tem mantido suas publicações

quadrimestralmente desde 2011.

• Revista Brasileira de Análise do Comportamento (REBAC).

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A REBAC, que foi criada em 2005 e tem sido publicada semestralmente desde

então, tem como objetivo divulgar a Análise do Comportamento no Brasil e no

exterior, publicando textos tanto na língua portuguesa como na língua inglesa.

Publica artigos teóricos, análises conceituais, relatos de pesquisa e

comunicações breves de pesquisa, assim como artigos que contribuam para

preservação da história da Análise do Comportamento e do Behaviorismo e a

tradução para o português de textos clássicos.

• Revista Perspectivas em Análise do Comportamento.

A revista Perspectivas em Análise do Comportamento é uma publicação do

Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento, que é um instituto voltado à

prestação de serviços, pesquisa e desenvolvimento em Análise do

Comportamento situado na cidade de São Paulo. Esta revista tem como objetivo

a publicação de artigos inéditos sobre temas pertinentes à Análise do

Comportamento e ao Behaviorismo Radical, e vem sendo publicada

semestralmente desde 2010.

d) Revistas não específicas da área:

Esta seleção de revistas não específicas da área se deu através do resultado de

pesquisa feita por Nolasco (2002), que aponta algumas revistas que vinham sendo

veículos frequentemente utilizados por analistas do comportamento para difusão do

conhecimento produzido. São elas:

• Psicologia.

Segundo Martone (2010), esta foi a primeira publicação criada por analistas do

comportamento, na Universidade de São Paulo, e ainda que fosse dirigida à

Psicologia como um todo, teve cerca de 70% de suas publicações feitas por

analistas do comportamento. Foi publicada de 1975 a 1987, regularmente, com

três números por ano, exceto no ano de 1975, no qual foram publicados apenas

dois números. Seu objetivo era documentar a pesquisa em Psicologia, de modo a

promover “o intercâmbio entre pesquisadores, a integração de centros de

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pesquisa, o contato dos alunos com a produção atualizada na área e a divulgação

de seus trabalhos” (1975, Ano I, número 1).

• Psicologia: Teoria e Pesquisa.

Esta é uma revista trimestral (atualmente) do Instituto de Psicologia da

Universidade de Brasília, que vem sendo publicada desde 1985. Seu objetivo é

publicar trabalhos relacionados à Psicologia que se enquadrem nas seguintes

categorias: relato de pesquisa, estudo teórico, relato de experiência profissional,

revisão crítica de literatura, comunicação breve, carta ao editor, nota técnica e

resenha. Vale ressaltar que a revista possui alguns números extras publicados.

• Temas em Psicologia.

A revista Temas em Psicologia vem sendo publicada semestralmente pela

Sociedade Brasileira de Psicologia. Destina-se à divulgação de relatos de

pesquisa, estudos históricos, teóricos e conceituais, análises de experiência

profissional, revisões críticas da literatura e notas técnicas. Iniciada em 1993,

com peridiocidade trimestral, publica trabalhos oriundos das reuniões anuais da

Sociedade Brasileira de Psicologia, e desde 2003 passou a aceitar manuscritos

submetidos diretamente à Comissão Editorial.

• Psicologia USP.

A revista Psicologia USP é editada pelo Instituto de Psicologia da Universidade

de São Paulo desde 1990 e vem sendo publicada trimestralmente desde 2006.

“Essa revista divulga artigos que reflitam o amplo espectro das preocupações

atuais dos pesquisadores e os debates mais significativos que se travam nas áreas

de fronteira das ciências humanas e biológicas.” 5 Como missão, este periódico

se propõe a estimular a interlocução da Psicologia com as demais áreas do

conhecimento.

• Ciência e Cultura

5 Informações sobre a revista podem ser acessadas através do endereço:

http://www.scielo.br/revistas/pusp/paboutj.htm

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Esta revista é um órgão oficial da Sociedade Brasileira Para o Progresso da

Ciência (SBPC), e tem a finalidade de propagar princípios que nortearam a

criação da SBPC, divulgar trabalhos de cientistas nacionais e estrangeiros,

debater temas científicos da atualidade e atrair a atenção das novas gerações de

pesquisadores para um contínuo e profícuo debate. Foi criada em 1949 e

atualmente tem peridiocidade trimestral.

e) Coleções da área.

• Sobre Comportamento e Cognição.

É uma coleção de livros (coletâneas), que teve início em 1997, nos quais são

publicados, a cada ano, os trabalhos mais relevantes do Encontro organizado

pela Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental

(ABPMC), e conta com 27 volumes. Tal veículo encerrou suas publicações

em 2010, sendo substituído pelo livro eletrônico: Comportamento em Foco.

• Comportamento em Foco.

Coleção de livros eletrônicos que a Associação Brasileira de Psicoterapia e

Medicina Comportamental (ABPMC) criou para dar continuidade à série de

livros Sobre Comportamento e Cognição. Tal publicação pretende

reproduzir trabalhos expostos nos Encontros anuais de tal associação, já que

esse é um dos requisitos para publicação na coleção. Sua primeira

publicação deu-se em abril de 2012 e ainda não há uma peridiocidade

definida.

• Ciência do Comportamento: Conhecer e Avançar.

As publicações desta coleção se iniciaram em 2002 e são formadas por

estudos apresentados em Encontros de analistas do comportamento, tais

como Jornadas e Seminários vinculados a diferentes instituições mineiras,

constituindo atualmente uma coleção de sete volumes, que tem como

objetivo publicar textos sobre diversos assuntos em Análise do

Comportamento.

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Procedimento de coleta nas fontes

As seguintes palavras-chave foram utilizadas para a seleção dos textos

relacionados ao uso de drogas: droga, drogadição, drogadicto, adição, adicto, abuso,

dependência, dependente, química, químico, toxicomania, vício, adjunto, adjuntivo,

desintoxicação, abstinência, substância, psicoativa, tolerância, recaída, álcool, etanol,

cocaína, crack, anfetamina, metanfetamina, opióide, barbitúrico, morfina, heroína,

ecstase, metilenedioximetanfetamina, cafeína, nicotina, tabaco, tabagismo, maconha,

cannabis sativa, solventes, patológico.

Foi incluída uma dissertação que não continha as palavras chave acima

relacionadas. Seu título é: Efeito da administração aguda e repetida de fencanfamina

sobre o valor reforçador do estímulo. A palavra fencanfamina não foi adicionada na

relação de palavras-chave, após a identificação dessa dissertação, pois todas as

pesquisas já haviam sido feitas, em todas a fontes. Além disso, foi feita uma busca

assistemática nas fontes que mais trouxeram resultados e nenhum outro trabalho

contendo essa palavra-chave foi localizado.

Por cada fonte ter forma e estrutura diversas, é necessário descrever como se deu

a pesquisa em cada uma delas.

a) Banco de Dissertações e Teses em Análise do Comportamento (BDTAC/Br)

(Micheletto, Guedes, Pereira & Silva, 2010).

Todos os títulos das dissertações e teses foram lidos na coluna denominada “Título”

da planilha do programa Excel que constitui este banco de dados.6

b) Banco de Teses e Dissertações da CAPES.

O banco de teses e dissertações da CAPES foi acessado através de seu endereço

eletrônico (http://www.capes.gov.br). Foi selecionada a opção: “Assunto”, na qual

cada palavra-chave foi digitada com uma palavra relacionada com a Análise do

Comportamento [a lista completa dessas palavras consta em Cesar (2002)]. A partir

desta forma de acesso, abriram-se os títulos de teses que continham a palavra-chave

6 Quando os títulos geraram dúvida quanto à pertinência do texto para a pesquisa, foram lidas as palavras-chave. Se, ainda assim, a dúvida não foi dirimida, foram lidos os resumos, quando havia, ou parte da introdução e do método, quando não havia resumo.

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digitada, títulos estes que, ao serem selecionados, levaram aos resumos de tais teses

e a outras informações sobre o trabalho.7

c) Revistas de abordagem comportamental. São elas:

• Modificação de Comportamento.

• Cadernos de Análise do Comportamento.

Foram lidos os títulos dos artigos de todos os volumes, localizados no LeHac da

PUC-SP (Laboratório de estudos Históricos em Análise do Comportamento).

• Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva (RBTCC).

Todos os volumes da Revista Brasileira de Terapia Comportamental e

Cognitiva estão publicados no site da própria revista (http://www.usp.br/rbtcc/),

onde foi feita a busca dos artigos utilizando-se palavras-chave.

• Revista Brasileira de Análise do Comportamento (REBAC).

Todos os títulos dos artigos publicados na Revista Brasileira de Análise do

Comportamento foram lidos no endereço eletrônico da própria revista

(http://www.rebac.UnB.br/), desde o início de sua publicação, em 2005, até o

último volume publicado, que é do primeiro semestre de 2008.

• Revista Perspectivas em Análise do Comportamento.

Tal revista vem sendo disponibilizada no endereço eletrônico:

http://revistaperspectivas.com.br desde seu início até a presente data. Neste

endereço, portanto, foram lidos todos os títulos das publicações dos volumes

existentes, que compreendem dois números de 2010 e dois de 2011.

d) Revistas não específicas da área:

• Psicologia.

Foram utilizados os resultados obtidos na coleta de Cesar (2002), que

analisou artigos de Análise do Comportamento, em geral, nesta revista. Os

títulos de todos os artigos foram lidos para a identificação de material sobre

drogadição.

7 Durante toda a pesquisa foram excluídas as publicações que não eram em Análise do Comportamento.

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• Psicologia: Teoria e Pesquisa.

Todos os títulos foram lidos no site: www.revistaptp.UnB.br, onde se

encontram publicados desde o número 01, do volume 01, de 1985, até o

número 03, do volume 08, de 1992; e do número 04, do volume 25, de 2009,

até a presente data. Os demais números foram lidos em Cesar (2002), já que a

seleção de tal periódico havia sido feita nessa pesquisa.

• Temas em Psicologia.

Todos os sumários do periódico estão disponíveis no site:

www.sbponline.org.br. Do período de 1993 até 2002, a publicação era

quadrimestral. Do período de 2003 até a presente data, a publicação vem

sendo semestral. Todos os títulos foram lidos diretamente nos sumários do

seu site.

• Psicologia USP.

Os volumes desta revista vêm sendo disponibilizados através do site

http://scielo.br, desde 1997 até a presente data. Os títulos foram lidos nos

sumários desse site. Do período de 1990 a 1997, a busca se deu através de

Cesar (2002).

• Ciência e Cultura

Do ano de 1949 até 2001 foram utilizados os resultados obtidos na coleta de

Cesar (2002), que analisou artigos de Análise do Comportamento, em geral,

também nessa revista. Os números dessa revista posteriores à coleta de Cesar

foram buscados diretamente no site da revista: http://cienciaecultura.bvs.br/.

Todas as palavras-chave foram digitadas no campo adequado para a pesquisa.

e) Coleções da área.

• Sobre Comportamento e Cognição.

Os capítulos dos volumes dessa coleção não apresentam resumo nem

palavras-chave, portanto a procura se deu através dos títulos de cada

capítulo, que do volume 01 ao 20, têm seus sumários publicados no site da

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(http://www.abpmc.org.br); do número 21 ao 27 essa busca se deu na

biblioteca do Núcleo Paradigma.

• Comportamento em Foco.

Esta coleção veio substituir a coleção Sobre Comportamento e Cognição; é

uma publicação eletrônica, que se encontra disponível no endereço

www.abpmc.org.br e ainda não possui uma peridiocidade definida. Para a

presente pesquisa, o acesso se deu apenas em seu volume 01, pois foi o

único publicado até o final desta pesquisa. Todos os títulos dos artigos

foram lidos.

• Ciência do Comportamento: Conhecer e Avançar.

As publicações desta coleção compreendem um total de sete volumes e

estão disponíveis tão somente na forma impressa, portanto, foram lidos

todos os títulos do sumário e buscados neles as palavras-chave.

Ao término desses procedimentos, foram analisados os Currículos Lattes

dos autores dos artigos, capítulos, dissertações e teses encontrados nos itens

anteriores, de modo a complementar as informações obtidas, assim como foram

analisadas as referências das publicações encontradas nos itens mencionados pelo

mesmo motivo.

“O Currículo Lattes tornou-se um padrão nacional no registro da vida

pregressa e atual dos pesquisadores do País e é hoje adotado pela maioria das

instituições de fomento, universidades e institutos de pesquisa do País”. Por essa

por essa razão, foram utilizadas as informações encontradas nos currículos Lattes,

pois esse procedimento indicou novos materiais que não haviam sido encontrados

na busca inicial.

Para tanto, os currículos Lattes foram buscados no endereço eletrônico

http://lattes.cnpq.br/.

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23

Em todas as publicações em que constavam referências bibliográficas, tais

referências foram lidas, a fim de serem encontrados outros pesquisadores que

pudessem trazer mais publicações para a presente pesquisa.

Após a seleção acima descrita, foram excluídas as publicações que

contivessem conceitos ou denominações cognitivistas ou comportamentais

cognitivistas ou, ainda, de outras abordagens, pois estas não eram de interesse para

a presente pesquisa.

Após a seleção dos textos, foram lidos os resumos, quando havia; quando o

texto não incluía resumo, foi lido na íntegra.

Com base nessa leitura foi preenchida uma planilha do Microsoft Excel,

contendo as seguintes informações:

1. Ano: ano da apresentação da dissertação ou tese e ano da publicação de artigo ou

capítulo de livro, conforme consta nos textos.

2. Autor: nome completo do autor conforme consta nos textos.

3. Título: título completo conforme consta nos textos.

4. Instituição: nome completo da instituição conforme consta nos textos.

5. Orientador: nome completo do orientador conforme consta na dissertação ou

tese.

6. Resumo: resumo completo conforme apresentado na tese, dissertação ou outro

texto.

7. Palavras-chave: conjunto de palavras-chave constantes na publicação,

dissertação ou tese.

8. Tipo de texto:

8.1. Dissertação.

8.2. Tese.

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24

8.3. Artigo.

8.4. Capítulo.

9. Tipo de trabalho apresentado no texto:

9.1. Relato de pesquisa: estudo que busca responder uma questão,

apresentando para isso dados novos coletados para atender o objetivo do estudo.8

9.2. Estudo metodológico: estudo planejado para melhorar métodos de

pesquisa, tais como demonstração de procedimentos de observação, comparação de

métodos de amostragem, demonstração de equipamentos de pesquisa/ensino, etc.9

9.3. Ensaio/Revisão/Discussão: estudo que apresenta análise de literatura ou

discussão sobre um tópico/conceito sem apresentar novos dados de pesquisa. (ver

nota 9)

9.4. Resenha: análise crítica de obra publicada. (ver nota 9)

9.5. Estudo de caso: relato sistemático sobre andamento de processo

terapêutico de um cliente ou grupo; deve incluir história de vida e outros dados que

forneçam entendimento sobre o caso. (ver nota 8)

9.6. Comunicações breves: relato breve de pesquisa ou experiência

profissional.

9.7. Outros.

10. Tipo de pesquisa:

10.1. Pesquisa básica: visa estudar um conceito, técnica ou aspecto da teoria.

Pesquisa que envolve o estudo de processos comportamentais fundamentados no

referencial teórico da Análise do Comportamento. (ver nota 9)

10.2. Pesquisa Aplicada: visa possibilitar a aplicação dos princípios

comportamentais obtidos na pesquisa básica em problemas socialmente relevantes.

10.3. Pesquisa Histórico Conceitual: de acordo com Micheletto, Guedes, Cesar

& Pereira (2010), pesquisa que visa analisar “o desenvolvimento histórico e as

bases epistemológicas, metodológicas e conceituais do behaviorismo radical e da

Análise do Comportamento.” (p. 110)

8 Tal definição foi retirada de Niero (2011).

9 Tal definição foi retirada de Fernandes (2007).

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25

11. Tipo de Participantes (quando foi o caso):

11.1. Infra-humanos.

11.1.1. Espécie.

11.2. Humanos.

11.2.1. Idade.

11.2.2. Sexo.

11.3. Não se aplica.

12. Setting (em estudos com humanos):

12.1. Clínica de tratamento.

12.2. Hospital.

12.3. Unidade de Saúde.

12.4. Consultório.

12.5. Outros.

12.6. Não mencionado.

12.7. Não se aplica.

13. Objetivos dos estudos encontrados.

13.1. Identificação/Análise/Discussão de variáveis que levam ao consumo de

drogas.

13.1.1. Variáveis ambientais.

13.1.2. História de vida.

13.2. Identificação/Análise/Discussão de efeitos do uso de drogas.

13.3. Validação de propostas de tratamentos.

13.4. Validação/Análise de modelo animal para o estudo da drogadição.

13.5. Identificação/Análise/Discussão de variáveis que mantêm a abstinência

do uso de drogas.

13.6. Outros.

13.7. Não mencionado.

Concordância entre observadores

A seleção dos textos relativos ao estudo da drogadição e a categorização dos

dados foi feita integralmente pela pesquisadora; no entanto, sempre que surgiu

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26

alguma dúvida na seleção de uma tese, dissertação, artigo ou capítulo de livro ou na

classificação dos dados, houve discussão com um segundo pesquisador até se

chegar a um consenso.

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27

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente trabalho teve como objetivo investigar, através de teses/dissertações e

publicações, como tem sido a contribuição da Análise do Comportamento para o estudo

da drogadição no Brasil e o que os estudos realizados revelam.

Essa busca resultou, inicialmente, na localização de 36 textos, sendo 22 teses/

dissertações e 14 artigos/capítulos de livros. Das 22 teses/dissertações, nove foram

localizadas através do Banco de Dissertações e Teses em Análise do Comportamento

(BDTAC/Br) e 13 através do Banco de Teses e Dissertações da CAPES. Os artigos

foram encontrados em três periódicos (um de cada): Psicologia: Teoria e Pesquisa,

Temas em Psicologia e Psicologia USP. Quanto aos capítulos, nove deles foram

localizados na coleção Sobre Comportamento e Cognição e dois outros, na coleção

Ciência do Comportamento: Conhecer e Avançar.

Em seguida, foram lidas as referências bibliográficas de 26 desses 36 textos, a

fim de se buscar identificar novos trabalhos sobre drogadição, em Análise do

Comportamento, no Brasil. Os outros dez textos, que eram dissertações de

mestrado/teses de doutorado, não foram localizados nas bibliotecas on-line das

universidades em que foram produzidos – e não houve disponibilidade de tempo para

obtê-los em papel; por essa razão, suas referências não foram lidas.

A leitura das referências localizadas resultou em mais um artigo, da Revista de

Psiquiatria Clínica, e dois capítulos, dos livros Terapia comportamental e cognitivo

comportamental: práticas clínicas e Análise do comportamento: pesquisa, teoria e

aplicação (um de cada). Com isso, chegou-se a 39 textos.

Numa outra tentativa de identificar novos textos sobre o tema, foram lidos os

currículos Lattes dos autores dos textos já encontrados, o que resultou em mais dois

capítulos, dos livros Tabagismo: abordagem, prevenção e tratamento e A clínica de

portas abertas (um de cada), e um artigo da Revista Omnia.

O resultado final foi de 42 textos, que foram, então analisados, segundo os

critérios comentados na seção de Método.

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28

A Figura 1 representa a frequência acumulada de textos, por ano, desde 1973,

quando foi localizado o primeiro texto de um analista do comportamento sobre

drogadição, até 2011.

O texto de 1973 é uma dissertação de mestrado encontrada no BDTAC/Br, que,

embora contenha teses e dissertações desde 1968, só apontou uma dissertação que

estudava drogadição em 1973, ou seja, cinco anos depois da primeira dissertação

encontrada nesse banco de dados.

Observa-se que do período de 1974 a 1995 não houve nenhuma produção na

área. A próxima produção sobre o tema só veio a ocorrer em 1996, 23 anos, portanto

após a primeira; este segundo trabalho é uma tese de um autor diferente do primeiro,

sendo que nenhum dos dois teve mais nenhuma produção sobre drogadição durante todo

o período pesquisado.

Através dos resultados de Cesar (2002) verificou-se com base em pesquisa feita

em periódicos nacionais, que foram encontradas publicações desde 1961 em Análise do

Comportamento, e que houve um aumento constante na produção de conhecimento. Na

presente pesquisa, buscou-se o que havia sido publicado em periódicos sobre o estudo

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

mer

o d

e te

xto

s

anos

Figura 1: Numero acumulado de textos produzidos por analistas do

comportamento sobre drogadição por ano. A linha vertical pontilhada

indica uma interrupção na curva entre os anos de 1973 e 1966.

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da drogadição e descobriu-se que nada havia sido publicado até 1997. A falta de

publicações levanta a questão de quais seriam os motivos dessa ausência.

Outro olhar para os mesmos resultados de Cesar (2002), que foram construídos

sobre publicações de Análise do Comportamento em geral, e, podem ser um balizador

para os dados encontrados na presente pesquisa, é que durante esse período em que não

havia publicação sobre drogadição, estava ocorrendo um aumento no número de

publicações em periódicos da área e/ou não específicos da área de um montante de

quase 50, em 1974, para 250 (em valores acumulados), em 1995.

Em 1997, foram localizados cinco textos sobre drogadição, sendo um deles outra

dissertação de mestrado, de um autor que também não continuou a publicar sobre o

assunto; e os outros quatro textos são capítulos da coleção Sobre Comportamento e

Cognição, volumes 1 e 3, que foram textos decorrentes de apresentações nos Encontros

da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental nos anos de 1993 a

1996.

Esse aumento nas publicações a partir da criação da coleção Sobre

Comportamento e Cognição sugere que o surgimento desse veículo foi importante para

a divulgação do conhecimento produzido por analistas do comportamento sobre

drogadição, que vinham produzindo nessa área, mas, por alguma razão, não vinham

publicando seus trabalhos. Esse resultado se alinha aos de Niero (2011), que observa

que o surgimento dessa coleção impulsionou a produção e/ou a divulgação, dos

analistas do comportamento – nesse caso, na área clínica.

Os resultados encontrados em Cesar (2002), de 1961 a 1996, revelam que o

número de publicações de analistas do comportamento encontrados em periódicos,

passava de 250 (resultado acumulado). Neste universo de mais de 250 publicações,

somente um artigo sobre o estudo da drogadição foi encontrado, em 1965, que não foi

incluído nesta pesquisa por não ter sido localizado.

Os textos sobre drogadição encontrados no presente estudo vão se mantendo em

no máximo um por ano até 2002, quando há um novo pico de cinco textos, sendo quatro

deles dissertações de mestrado e um sendo capítulo da coleção Sobre Comportamento e

Cognição. Após esse acréscimo, a média de textos de 2003 a 2007 aumenta para três

textos por ano.

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30

O próximo ano que merece destaque é 2008, já que nele é encontrado um novo

pico de cinco textos, dos quais três são dissertações de mestrado, um é artigo e um é

capítulo de livro, sendo estes dois últimos elaborados a partir de uma das dissertações

encontradas nesse mesmo ano. Nos últimos três anos estudados (2009 a 2011) entre um

e dois artigos são publicados por ano.

Vale destacar ainda que nestes três momentos de maior número de textos os

tipos de produção são diversos, mostrando que os estudos sobre drogadição não se

restringiram a um único tipo de produção, ora trazendo picos de produção de capítulos

de livro, ora de teses e dissertações, e no último pico, uma combinação dos dois, o que

parece apontar para uma evolução na área.

Ainda na tentativa de analisar o crescimento dos estudos sobre drogadição no

Brasil, a Figura 2 apresenta o número de textos agrupados em blocos de cinco anos.

Verifica-se, na Figura 2, que no período de 1996 a 2000 foram produzidos oito

textos. Três desses textos tratam de comportamento adjuntivo, que é uma forma de se

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2

4

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8

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16

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1973 1996 - 2000 2001 - 2005 2006 - 2010

Figura 2: Número de textos produzidos por

analistas do comportamento sobre drogadição

em períodos de cinco anos. O ano de 1973 foi

incluído para marcar o início da produção

sobre o assunto.

anos

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estudar o fenômeno da drogadição em Análise do Comportamento. Essas três

publicações não levam o termo drogadição em seus títulos; mesmo assim, foram

selecionadas, pois no corpo do texto tratam sobre o assunto. Nos períodos de 2001 a

2005 e de 2006 a 2010, o número de estudos sobre drogadição cresce em relação aos

primeiros anos (16 e 14 produções, respectivamente), sendo que todos eles apresentam

nos títulos palavras que demonstram de forma clara que se trata de estudos sobre

drogadição.

Se comparados os resultados encontrados em Micheletto, Guedes, Cesar e

Pereira (2010) que revelam um montante de 1590 textos, compreendendo teses e

dissertações do período de 1968 a 2007 e artigos de revistas em Análise do

Comportamento do período de 1961 a 2007 com os resultados obtidos na presente

pesquisa durante aproximadamente o mesmo período que revelam 30 textos, entre teses,

dissertações, artigos e capítulos, sobre drogadição verifica-se que o número de trabalhos

sobre drogadição representa menos de 2% dos textos encontrados em Análise do

Comportamento no geral. Resultados nessa mesma direção já haviam sido apontados no

estudo d Northup et al. (1993), que, ao analisar o principal periódico com publicações

em pesquisa aplicada em Análise do Comportamento, de 1968 a 1992, encontraram

apenas sete volumes com artigos sobre drogadição, nos Estados Unidos.

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Teses e Dissertações

Dentre as 22 teses e dissertações encontradas, 19 delas são dissertações de

mestrado e apenas três são teses de doutorado, como nos mostra a Figura 3.

Observa-se, que o número de dissertações de mestrado é muito maior que o de

teses de doutorado, o que parece ser uma tendência encontrada também em outros

trabalhos, como em Del Rey (2009), que pesquisou teses/dissertações sobre

comportamentos matemáticos e encontrou uma proporção de 25 dissertações para cinco

teses; e Fidalgo (2011), que pesquisou sobre comportamento verbal e encontrou 141

dissertações para 41 teses sobre o tema.

Buscou-se, em seguida, identificar quem foram os orientadores das

primeiras dissertações sobre drogadição em Análise do Comportamento, e verificou-se

que elas foram orientadas por Maria Amelia Matos, que foi a primeira orientadora sobre

esse assunto em Análise do Comportamento no Brasil; por José Lino Oliveira Bueno e

por Vera Lucia Adami Amaral, possivelmente por serem analistas do Comportamento

doutores, e, portanto, orientadores de qualquer assunto em potencial na Análise do

Comportamento, pois nenhum deles tinha feito seu próprio mestrado ou doutorado

sobre drogadição.

Cronologicamente, a quarta orientadora foi Maria Teresa Araujo Silva, que

historicamente foi a primeira pesquisadora brasileira que deu maior atenção a esse

0

2

4

6

8

10

12

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18

20

Mestrados Doutorados

Figura 3: Número total de mestrados e doutorados sobre

drogadição.

mer

o t

ota

l

Tipo de trabalho

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assunto na Análise do Comportamento; ela também não desenvolveu, em seu mestrado

ou doutorado, estudo sobre drogadição, porém iniciou, no Programa de Pós-graduação

da USP, linha de pesquisa sobre o assunto e ministrou também matérias sobre

drogadição, conforme seu próprio relato em um artigo para a Revista Brasileira de

Análise do Comportamento, (Silva, 2006).

Maria Teresa Araujo Silva foi quem criou linha de pesquisa sobre drogadição

quando antes havia apenas trabalhos isolados em Análise do Comportamento, e foi

trabalhando nessas linhas de pesquisa que orientou diversas teses/dissertações, dentre as

quais a de Miriam Garcia-Mijares, que fez seu mestrado em 2000 e seu doutorado em

2005, ambos sobre drogadição, e pode ser caracterizada como a única pesquisadora

analista do comportamento no Brasil com mestrado e doutorado sobre esse assunto, até

a presente data.

Vale ressaltar, ainda, que essas duas pesquisadoras não pesquisam e orientam tão

somente dentro dos princípios da Análise do Comportamento, tendo várias publicações

em neurociências e estudos epidemiológicos.

A Figura 4 apresenta a relação de orientadores que orientaram teses/dissertações

sobre drogadição no Brasil.

0 2 4 6

Yara Kuperstein Ingberman

Paula Inez Cunha Gomide

Olga Mitsue Kubo

Miriam Garcia Mijares

Maria Amelia Matos

Ilma A. Goulart de Souza Britto

Diana Toselo Laloni

Vera Lucia Adami Raposo Amaral

Rosana Mattioli

Lincoln da Silva Gimenes

José Lino Oliveira Bueno

Maria Luiza Marinho Casanova

Maria Teresa Araujo Silva

Figura 4: Orientadores que orientaram teses ou

dissertaçoes sobre drogadição.

número de teses ou dissertações

ori

enta

do

res

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34

De acordo com a Figura 4, os pesquisadores que mais orientaram teses ou

dissertações sobre drogadição foram Maria Teresa Araujo Silva (quatro trabalhos) e

Maria Luiza Marinho Casanova (três trabalhos), que, apesar de não ter feito seu

doutorado sobre drogadição está desenvolvendo linha de pesquisa sobre como cessar o

comportamento de fumar. As três dissertações orientadas por ela fazem parte dessa

linha de pesquisa.

Os demais pesquisadores que constam na Figura 4 orientaram duas ou uma

tese/dissertação. Nenhum deles, com exceção de Miriam Garcia-Mijares, é estudioso do

assunto, o que não desclassifica os trabalhos por eles orientados, apenas contribui para a

compreensão do panorama dos estudos sobre drogadição no Brasil. A orientadora

Rosana Mattioli, por exemplo, tem mestrado e doutorado em Psicobiologia; o

pesquisador Lincoln da Silva Gimenes tem mestrado e doutorado em Biopsicologia,

como outro exemplo. Já a orientadora Paula Inez Cunha Gomide é uma estudiosa da

adolescência e orientou apenas uma dissertação sobre o assunto drogadição. É possível

que a razão para sete pesquisadores terem orientado apenas uma tese ou dissertação seja

o fato de não serem estudiosos do assunto e que isso os diferencie das duas

pesquisadoras que mais orientaram sobre drogadição, pois elas tiveram projetos de

pesquisa sobre esse assunto.

A Figura 5 apresenta os docentes que orientaram teses/dissertações sobre

drogadição e seus respectivos orientandos. Nela estão contidas apenas as orientações em

Análise do Comportamento sobre drogadição.

A sequência em que aparecem na Figura corresponde à ordem cronológica de

defesa da primeira dissertação/tese orientada.

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Orientador Orientando

Orientando 2a

Geração

Maria Amelia Matos Adelia Oued

José Lino Oliveira Bueno Bárbara Marosa de C. Ramos

Agostinha Mariana C.Almeida

Vera Lucia Adami Raposo Amaral Luiz Carlos Oliveira

Walter Eduardo Granetto

Maria Teresa Araujo Silva Miriam Garcia-Mijares

Fernanda Libardi Galesi

Cláudia Alvares Toscano Ana Martins T. Bernardes

Ana Martins Torres Bernardes Fernanda Libardi Galesi

Rosana Mattioli Erika Matos Santangelo

Olga Sueli Moreira Brasileiro

Olga Mitsue Kubo Vera Lucia Neis

Yara Kuperstein Ingberman Flávia Mussi Rocha C. Bahls

Paula Inez Cunha Gomide Solange Lucie Machado

Diana Toselo Laloni Eloisa Dalbem

Ilma A. Goulart de Souza Britto Adriana Regina de Oliveira

Maria Luiza Marinho Casanova Juliana Accioly Gavazzoni

Ana Cristina Polycarpo Gameiro Legenda:

Priscila Vicente

Mestrado

Lincoln da Silva Gimenes Louise Uchôa Torres

Kellen Laryssa B.de Assunção Doutorado

Mestrado e Doutorado

Em andamento

Figura 5: Linhagem baseada em relações de orientação, em Análise do Comportamento.

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Destaca-se, na Figura 5, a importância das pesquisadoras Maria Teresa Araujo

Silva e Miriam Garcia-Mijares para o estudo da drogadição em Análise do

Comportamento no Brasil, pois elas vêm contribuindo para a construção de mais

gerações de analistas do comportamento pesquisadores no assunto, uma vez que,

fazendo uma projeção para o futuro, quando as pesquisadoras Ana Martins T. Bernardes

e Fernanda Libardi Galesi defenderem seus doutorados teremos mais duas analistas do

comportamento com mestrado e doutorado sobre drogadição.

Os dados descritos acima foram retirados dos currículos Lattes dos

pesquisadores e pretendem ser auxiliares na análise da contribuição dos analistas do

comportamento no Brasil.

Assim, de acordo com as teses/dissertações encontradas e a leitura dos currículos

Lattes dos pesquisadores, obtiveram-se os seguintes dados: dos 19 mestrados sobre

drogadição localizados, 13 pesquisadores não avançaram para o doutorado nem nesta

nem em qualquer outra área; uma pesquisadora fez também seu doutorado sobre

drogadição, uma pesquisadora fez doutorado sobre outro assunto e duas estão com o

doutorado sobre drogadição em andamento, indicando que mais trabalhos estão sendo

produzidos nesse assunto, que está dando seus primeiros passos na Análise do

Comportamento.

A Figura 6 apresenta o total de pesquisadores que fizeram mestrado e/ou

doutorado sobre drogadição e, destes, aqueles que publicaram artigo e/ou capítulo sobre

drogadição.

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Outro dado que sugere que drogadição é um assunto que está iniciando sua

história na Análise do comportamento é que, dos 21 pesquisadores responsáveis pelas

teses/dissertações sobre drogadição, apenas seis publicaram artigo e ou capítulo de livro

sobre o assunto (em Análise do Comportamento), seja com a versão resumida da

tese/dissertação, seja com parte dela, conforme demonstram os dados da Figura 5. Isso

significa que, a maioria dessas teses/dissertações não está sendo transformada em

artigos de revista ou capítulos de livro, o que também explica o fato de não ter sido

encontrado, no presente trabalho, nenhum artigo nas revistas específicas de Análise do

Comportamento, mas apenas em revistas não específicas; e, mesmo assim, foram

encontrados apenas dois artigos, o que torna a divulgação do que está sendo produzido –

importante finalidade da ciência, dado seu caráter coletivo e cumulativo – bastante

restrita, uma vez que o acesso a teses e dissertações tende a se restringir ao público que

acessa as bibliotecas das universidades, sejam elas físicas ou on-line.

Avançando para uma análise das instituições a que se filiavam os autores das

teses e dissertações, tem-se como objetivo identificar quais são essas instituições e quais

delas têm se constituído como centros de pesquisa sobre o assunto.

A Figura 7 apresenta as instituições em que foram defendidas teses e

dissertações sobre drogadição e o número desses trabalhos desenvolvidos em cada uma

delas.

0

5

10

15

20

25

mestrado e/ou doutorado mestrado e/ou doutorado epublicação de artigo e/ou capítulo

Figura 6: Total de pesquisadores que fizeram mestrado e/ou

doutorado sobre drogadição e publicaram artigo e/ou capítulo

sobre esse tema.

mer

od

ep

esq

uis

ado

res

Tipo de trabalho sobre drogadição

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Foram identificadas nove instituições diferentes em que foram defendidas teses e

dissertações sobre drogadição. A USP foi a instituição em que mais trabalhos foram

desenvolvidos sobre o assunto (seis trabalhos, sendo três em Psicologia Experimental e

três em Neurociências e Comportamento), o que pode ser justificado por ser ela a

primeira instituição a oferecer curso de Pós-graduação em Psicologia Experimental no

País. Em seguida, estão PUCCamp, USP Ribeirão e UEL (Universidade Estadual de

Londrina), com três trabalhos cada. A PUCCamp, com todos os seus trabalhos em

Psicologia; a USP Ribeirão, com um doutorado em Filosofia, Ciência e Letras, um

mestrado em Psicobiologia e um mestrado em Neurociências e Comportamento; e a

UEL com três mestrados em Análise do Comportamento. A Universidade Federal do

Paraná e a Universidade de Brasília tiveram duas dissertações cada, a primeira com dois

mestrados em Psicobiologia e a UnB com dois mestrados em Ciências do

Comportamento. E, finalmente, a Universidade Federal de Santa Catarina, a PUC-Goiás

e a Universidade Federal de São Carlos tiveram uma única tese/dissertação cada. A

Universidade Federal de Santa Catarina, com um mestrado em Psicobiologia; a PUC-

Goiás, com um mestrado em Psicologia e a UFSCar; com um mestrado em Fisioterapia.

O estado de São Paulo tem produzido a maior parte dos trabalhos sobre drogadição,

com 13 trabalhos, somados os resultados de USP, PUCCamp, USP Ribeirão e UFSCar,

sendo que os outros dez se distribuem pelo restante do país.

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Os dados sobre instituições em que mais teses/dissertações sobre drogadição

foram produzidas não acompanham aqueles encontrados por Micheletto, et al. (2010)

sobre a produção de teses e dissertações em Análise do Comportamento em geral no

Brasil, de 1968 a 2007. Nesta última pesquisa, o único dado que é acompanhado pelo

presente estudo é que a USP foi a instituição que mais produziu teses/dissertações – e

também tese e dissertações sobre drogadição, conforme o presente estudo. Porém a

segunda instituição que mais produziu teses/dissertações encontrada por Micheletto et

al. (2010) foi a PUC-SP, em que na presente pesquisa, não foi localizada nenhuma tese

ou dissertação sobre drogadição. Em terceiro lugar, dentre as maiores produtoras de

teses/dissertações, foi identificada a UnB, em relação à Análise do Comportamento em

geral, porém em relação ao estudo da drogadição, essa instituição está em sexto lugar,

sendo superada pela PUCCamp, USP Ribeirão e UEL, na presente pesquisa.

A Figura 8 apresenta os tipos de pesquisa realizados nas teses/dissertações sobre

drogadição. Conforme os dados apresentados nessa figura, das 22 pesquisas analisadas,

11 são básicas e 11 são aplicadas. Não foi encontrada nenhuma pesquisa teórico-

conceitual sobre o assunto.

0 2 4 6 8

UFSCar

PUCGoias

UFSC

UNB

UFPR

UEL

USP - Ribeirão

PUCCamp

USP

Figura 7: Distribuição de instituições que têm

teses e dissertações sobre drogadição do

período de 1973 a 2011.

número de teses e dissertaçoes

inst

itu

içõ

es

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40

Verificou-se, também, o tipo de pesquisa desenvolvido nas diversas instituições.

Das 11 pesquisas básicas, seis foram feitas nos laboratórios da USP de São Paulo; duas

foram feitas na USP de Ribeirão Preto; duas, na UnB e uma, na UFSCar. Das 11

pesquisas aplicadas, três foram feitas na UEL; três, na PUCCamp; duas, na

Universidade Federal do Paraná; uma, na PUC Goiás; uma, na USP de Ribeirão Preto; e

uma, na UFSC. Uma observação a ser destacada é que só a USP de Ribeirão Preto

apresentou pesquisa básica e aplicada; nenhuma outra instituição apresentou os dois

tipos de pesquisa.

As 11 pesquisas básicas foram feitas com sujeitos infra-humanos; e das 11

pesquisas aplicadas, dez foram realizadas com participantes humanos e uma não fez uso

de participantes, pois analisou propagandas veiculadas pela televisão.

Foram analisados também os tipos de sujeitos utilizados nas pesquisas básicas,

como mostra a Figura 9.

0

2

4

6

8

10

12

básica aplicada teórico-conceitual

Figura 8: Tipos de pesquisa realizados em teses e

dissertações sobre drogadição.

Tipos de pesquisas

mer

o d

e p

esq

uis

as

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41

De acordo com a Figura 9, verifica-se que a maior parte das pesquisas básicas

(oito) utilizou ratos como sujeitos; e duas pesquisas utilizaram peixes. Os dois trabalhos

que utilizaram peixes como sujeitos foram orientados por Rosana Mattioli, em duas

instituições diferentes, USP Ribeirão e UFSCar, o que sugere ser uma opção da

orientadora o trabalho com essa espécie como sujeito de pesquisa.

Nas pesquisas aplicadas foram analisados os settings utilizados, conforme consta

na Figura 10. Num total de 11 pesquisas aplicadas, encontraram-se três que foram

desenvolvidas em comunidade terapêutica, uma em ambulatório de hospital particular e

uma em escola pública. Cinco pesquisas não tiveram seus settings mencionados.

0

2

4

6

8

10

Ratos Peixes não menciona

Figura 9: Tipos de sujeitos usados nas pesquisas

com infra-humanos sobre drogadição.

mer

o d

e p

esq

uis

as

tipos de sujeitos

0

1

2

3

4

5

6

comunidadeterapêutica

ambulatóriohospital particular

escola pública não menciona

Figura 10: Settings usados nas pesquisas

aplicadas.

mer

o d

e p

esq

uis

as

settings

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42

Cada tese/dissertação teve seu objetivo analisado, e os resultados estão

apresentados na Figura 11. Essa análise demonstra um maior número de estudos que

busca a identificação/análise de variáveis que levam ao consumo de drogas, pois das 22

pesquisas encontradas, 12 buscavam esse objetivo. Dessas 12 pesquisas com esse

objetivo, oito são pesquisas aplicadas e quatro são pesquisas básicas. O segundo

objetivo mais buscado foi a identificação de efeitos do uso de drogas, sendo que cinco

das seis pesquisas que tiveram esse objetivo eram básicas: apenas uma era pesquisa

aplicada. Essas pesquisas procuraram estudar os efeitos das seguintes drogas:

fencanfamina; morfina; etanol; drogas Colinérgicas, SPérgicas e histaminérgicas;

mecamelamina; nicotina e drogas modificadoras de níveis de neurotransmissores

centrais. Duas pesquisas tiveram seus objetivos voltados para a

análise/validação/discussão de modelo animal para o estudo da drogadição, sendo uma

pesquisa básica e uma aplicada. E, finalmente, uma pesquisa teve como objetivo a

avaliação/validação de proposta de tratamento, sendo uma pesquisa aplicada. Apenas

um dos objetivos não se enquadrou em nenhuma das categorias propostas.

0 5 10 15

outros

Avaliação/Validação de proposta detratamento

Análise/Validação/Discussão de modeloanimal para estudo da drogadição.

Idenfitificação de efeitos do uso dedrogas.

Identificação/Análise de variáveis quelevam ao consumo de drogas.

Figura 11: Objetivos identificados nas teses e

dissertações e número de trabalhos em que constam.

número de teses e dissertações

ob

jeti

vos

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43

Artigos e Capítulos

A busca de artigos/capítulos resultou em 20 textos, que já tiveram suas fontes

explicitadas no início desta seção. Vale ressaltar que desses 20 artigos/capítulos apenas

cinco são artigos de revistas científicas; os outros 15 são capítulos de livros, sendo que

desses 15, nove capítulos são da coleção Sobre Comportamento e Cognição e os outros

seis, de livros diversos.

Inicialmente havia sido selecionado mais um texto, de 1965, localizado em

Cesar (2002), com o título: “Efeitos da Cannabis sativa (maconha) sobre a extinção”;

porém ele não foi localizado, sendo assim seus dados não puderam fazer parte das

análises que irão se desenvolver a seguir.

Comparando-se a quantidade de teses/dissertações encontradas com a

quantidade de artigos/capítulos encontrados, verifica-se que os números são

semelhantes: foram localizadas 22 teses/dissertações e quase o mesmo número de

artigos/capítulos, que formam um montante de 20. No entanto, a análise desses

materiais revela diferença entre eles, como será mostrado a seguir, a começar pelos

dados apresentados na Figura 12.

0 2 4 6

Geraldo Luiz Oliveira de Resende

Miriam Garcia Mijares

Érica Maria Machado Santarem

Lincoln da Silva Gimenes

Marcelo Frota Benvenuti

Maria Teresa Araujo Silva

Juliana Accioly Gavazzoni

Maria Luiza Marinho-Casanova

Figura 12: Autores que produziram dois ou mais

artigos/capítulos sobre drogadição.

número de capítulos e/ou artigos

auto

res

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44

A relação de autores que produziram dois ou mais artigos/capítulos sobre

drogadição difere substancialmente da relação dos orientadores de teses e dissertações e

de seus orientandos que constam na Figura 5, a começar pelos novos autores que

surgem nesta análise, como, por exemplo, Geraldo Luiz Oliveira de Resende, que

publicou dois artigos sobre drogadição; outro exemplo é o de Marcelo Frota Benvenuti,

cujo nome é encontrado somente na autoria de artigos/capítulos, com um artigo e dois

capítulos de livro publicados, o mesmo número de publicações de Maria Teresa Araujo

Silva, que foi quem mais orientou teses/dissertações sobre esse assunto. A pesquisadora

Juliana Accioly Gavazzoni também surge em destaque nesta relação de produção de

artigos/capítulos, com a contribuição de quatro textos, sendo três capítulos de livro e um

artigo sobre o mesmo assunto de sua dissertação, cuja linha de pesquisa é liderada por

Maria Luiza Marinho Casanova, autora que mais publicou artigos/capítulos sobre

drogadição em Análise do Comportamento. No Brasil, Miriam Garcia-Mijares e Juliana

Gavazzoni são as únicas autoras de mestrado e/ou doutorado sobre drogadição que

produziram pelo menos duas publicações sobre o assunto.

Por outro lado, a maior parte dos pesquisadores que estão presentes na Figura 4,

em que constam os orientadores de teses/dissertações sobre drogadição em Análise do

Comportamento no Brasil, está ausente da relação de autores de artigos/capítulos sobre

o assunto, na Figura 12.

Por conta desses novos autores, a relação de instituições às quais são filiados os

autores que produziram dois ou mais artigos/capítulos também é diversa das instituições

que mais produziram teses/dissertações, como mostra a Figura 13.

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A Universidade Estadual de Londrina é a instituição à qual está filiado o maior

número de capítulos/artigos (seis). A Universidade de São Paulo, que mais produziu

teses/dissertações sobre drogadição, ficou em segundo lugar, com quatro

capítulos/artigos publicados, o que indica que pelo menos alguns autores dessas

teses/dissertações não as transformaram em artigo de revista científica ou capítulo de

livro, uma vez que a USP produziu seis teses/dissertações sobre drogadição.

Outro dado a ser destacado é que na produção de artigos/capítulos surgem dois

artigos em que não consta a filiação do autor, e que são de Marcelo Benvenutti, que está

atualmente filiado à USP.

Dois capítulos/artigos estão associados à Universidade São Francisco e dois à

Universidade Federal de São João Del-Rei. Oito outras universidades aparecem na

Figura 12, cada uma delas com um artigo/capítulo, indicando assim uma maior

pulverização do assunto quando se trata de artigos/capítulos.

A Figura 14 apresenta o número de artigos/capítulos de acordo com o tipo. Os

artigos/capítulos encontrados foram classificados em cinco categorias diferentes:

0 2 4 6 8

não menciona

Universidade de Brasília

Universidade Federal do Paraná

Instituto de Análise do Comportamento…

Diferencial Pesquisa de Mercado

Unicentro Newton

Universidade Tuiuti do Paraná

Faculdades Adamantinenses Integradas

PUCCamp

Universidade Federal de São João Del-Rei

Universidade São Francisco

Universidade de São Paulo

Universidade Estadual de Londrina

Figura 13: Instituições às quais são filiados os autores que

publicaram artigo ou capítulo sobre drogadição.

número de capítulos e artigos

inst

itu

içõ

es

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ensaio/revisão/discussão, proposta de tratamento, relato de pesquisa, estudo de caso e

comunicação breve.

Dos 20 artigos/capítulos encontrados, 13 são ensaio/revisão/discussão, ou seja,

mais da metade; três são propostas de tratamento; dois são relatos de pesquisa; um é

estudo de caso; e um é uma comunicação breve. Como se vê, a maior parte são

trabalhos que não apresentam dados novos, são revisões de literatura com alguma

discussão sobre o assunto. Já as três propostas de tratamento são sobre como cessar o

comportamento de fumar, de linha de pesquisa desenvolvida na UEL.

Os dois relatos de pesquisa são de pesquisa aplicada, ambas feitas com

participantes humanos, sendo uma sobre o mesmo assunto de que trata a dissertação de

mestrado de uma das autoras do artigo.

A presente pesquisa adotou um sistema de classificação dos tipos de trabalhos

parecido com o de Niero (2011), cujo trabalho buscou traçar um panorama dos estudos

de Análise do Comportamento no Brasil na área clínica. Em seu estudo, Niero (2011)

identificou apenas três tipos de trabalhos nos artigos/capítulos, sendo eles:

ensaio/revisão/discussão, estudo de caso e relato de pesquisa. Se comparados os

resultados quanto ao tipo de trabalho encontrados por Niero (2011) com os resultados

da presente pesquisa, verificaremos que esta igualmente encontrou em sua maior parte

0

2

4

6

8

10

12

14

Ensaio/Revisão/Discussão Proposta de tratamento Relato de pesquisa Estudo de caso Comunicação breve

Figura 14: Tipos de trabalhos identificados nos artigos e capítulos e respectivos

números.

mer

od

e ar

tigo

s e

cap

ítu

los

tipos de trabalhos

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artigos/capítulos do tipo ensaio/revisão/discussão. Para o tipo de trabalho classificado

como estudo de caso, o segundo tipo mais encontrado nos artigos/capítulos do estudo

de Niero (2011), observa-se que no presente estudo foi encontrado apenas um, o que o

coloca em quarto e último lugar entre os tipos de trabalho, juntamente com

comunicação breve. O tipo de trabalho que aparece em segundo lugar no presente

estudo é proposta de tratamento. E o terceiro tipo de texto mais encontrado em Niero

(2011), classificado como relato de pesquisa, também é o terceiro tipo mais encontrado

no presente estudo.

A Figura 15 traz dados sobre os objetivos identificados nos artigos/capítulos,

sendo que uma mesma produção pode contemplar mais de um objetivo, o que ocorre

com alguma frequência, como, por exemplo, quando um texto aborda a validação de

modelo animal para o estudo da drogadição e inclui a identificação de variáveis que

levam ao consumo de drogas ou a identificação dos efeitos do uso de drogas.

Nestes artigos, o objetivo predominante foi a identificação/análise de variáveis

que levam ao consumo de drogas, que também foi o objetivo mais encontrado nas teses

0 5 10 15

outros

Identificação de variáveis que mantêm aabstinência do uso de drogas.

Idenfitificação de efeitos do uso de drogas.

Análise/Validação/Discussão de modelo animalpara estudo da drogadição.

Avaliação/Validação de proposta detratamento

Identificação/Análise de variáveis que levam aoconsumo de drogas.

Figura 15: Objetivos identificados nos Artigos e Capítulos. O

número total dos objetivos é superior ao número de artigos e

capítulos analisados porque alguns artigos/capítulos

apresentavam mais de um objetivo.

número de objetivos identificados

tip

os

de

ob

jeti

vos

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e dissertações. Porém, ao passarmos para o segundo objetivo mais encontrado há uma

divergência entre teses/dissertações e artigos/capítulos, pois as primeiras se

concentraram mais na identificação de efeitos do uso de drogas e os artigos/capítulos, na

avaliação/validação de propostas de tratamento.

A forma como na Análise do Comportamento habitualmente se estuda um

assunto antes de buscar atuar sobre ele, talvez justifique o fato de que o terceiro objetivo

mais encontrado nos artigos/capítulos, assim como nas teses/dissertações, seja

análise/validação/discussão de modelo animal para o estudo da drogadição, já que esta é

uma forma de buscar estudar as variáveis que alteram um determinado comportamento

sem expor humanos ao problema em si. No caso da drogadição, os trabalhos que

analisaram/validaram modelos animais estudaram dependência e tolerância a droga,

variáveis que levam ao uso, efeitos do uso, entre outros.

Por fim, foram localizados três trabalhos que estudam a identificação dos efeitos

do uso de drogas, dois trabalhos que tiveram como objetivo a identificação das variáveis

que mantém a abstinência do uso de drogas e um que não se enquadrou em nenhuma

das categorias propostas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como proposta construir um panorama de como a Análise do

Comportamento tem contribuído para o estudo da drogadição no Brasil através da

análise da produção sobre o assunto, por meio de teses, dissertações, artigos de revista e

capítulos de livro.

A investigação através do método de coleta que percorreu as referências

bibliográficas dos textos localizados e os currículos Lattes dos autores desses textos

mostrou-se uma forma eficiente de procura, uma vez que revelou diversos outros

trabalhos, além dos encontrados por meio das fontes selecionadas.

A produção brasileira de trabalhos sobre drogadição se apresentou composta por

teses e dissertações praticamente na mesma quantidade de artigos de revistas e capítulos

de livro.

Essas teses e dissertações também tiveram sua quantidade dividida entre

pesquisas básicas e aplicadas, não sendo encontrado nenhum estudo teórico-conceitual.

A análise da produção sobre drogadição revelou, ainda, que os autores das

teses/dissertações não as publicam como artigos/capítulos com frequência, algo que nos

últimos anos vem sendo alterado, pouco a pouco, na Análise do Comportamento.

Outra marca encontrada nos estudos sobre drogadição é a de que vários

pesquisadores ingressam nesse assunto através de programas de pós-graduação ligados

a Neurociências e Psicobiologia das diversas instituições que oferecem tais programas.

Foi verificado através dos resultados das teses e dissertações que a origem

institucional é bastante diversa, sendo que há uma maior concentração no estado de São

Paulo e em universidades públicas. A USP foi a universidade que mais produziu

teses/dissertações sobre drogadição (é também a mais antiga) e com ela foram revelados

alguns nomes centrais do estudo da drogadição no Brasil, como o da pesquisadora

Maria Teresa Araujo Silva, importante para a condução inicial dos estudos sobre

drogadição na Análise do Comportamento, e o de Miriam Garcia-Mijares. A UEL se

destacou, em 2011, na produção de pesquisas e publicações sobre drogadição em

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Análise do Comportamento, através das pesquisadoras Maria Luiza Marinho Casanova

e Juliana Accioly Gavazzoni.

Os artigos de revistas e capítulos de livro foram também analisados, e a coleção

Sobre Comportamento e Cognição mostrou-se um veículo de destaque, que

impulsionou a publicação de trabalhos dos analistas do comportamento.

A análise desses artigos/capítulos também forneceu outros nomes de destaque,

que não estavam ligados à produção de teses/dissertações e consolidou alguns dos que

haviam sido encontrados nas teses/dissertações. Em relação às instituições os

artigos/capítulos apresentaram maior distribuição em relação às instituições às quais

eram filiados os autores do que as tese/dissertações.

Quanto ao tipo, os trabalhos publicados foram em sua maioria trabalhos teóricos

de ensaio/revisão/discussão e o restante, menos da metade encontrada, foram propostas

de tratamento, relatos de pesquisa, estudos de caso e comunicações breves.

Esses resultados revelaram, em certa medida, a história do comportamento dos

pesquisadores sobre drogadição em Análise do Comportamento no Brasil e a

caracterização da produção sobre o tema.

Se forem considerados todos os textos localizados, os objetivos se concentram

em sua maioria, na identificação/análise de variáveis que levam ao uso de drogas.

Quanto a outros objetivos a produção encontrada divide-se de forma bastante equitativa

entre a busca de efeitos do uso de drogas, a análise/validação/discussão de modelo

animal para o estudo da drogadição e propostas de tratamento.

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