politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

22
Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos participativos Leda Mirtes Santos de Maga!hies Pinto* Resumo Abstract Os temas sobre qualidade de vida, qualidade de relacOes no trabalho e de politicos piiblicas de Esporte e Lazer sao a temica deste estudo, construido corn base em experiencia politico-tecnico-cientifi- ca da Secretaria Municipal de Esportes da Prefeitura de Belo Horizonte. Em virtude disso, no presente texto, sao recuperados sentidos e valores de Esporte e Lazer em nosso meio, tendo em vista a superagao de limites e de expectati- vas voltadas a construcao futura de uma sociedade eminentemente democratica atraves de politicos calicas. Por isso, caminhos foram construidos, analisados e fundamen- tados, relacionando as dimensOes do SER, do TER Quality of life, quality of relations at work and public policies for sport and leisure are the themes which compose the main frame of this study, based on the political- technical-scientific experiences of the Municipal Secretary of Sports of the Belo Horizonte City Hall. Due to this, in this present text, senses and values of sport and leisure in our lives and environment were retaken, aiming at surpassing limits and expectations towards the construction of an eminently democratic society through public policies. For that purpose paths have been opened, analyzed and grounded, establishing relations between the dimensions of BEING, HAVING, CONSCIOUSNESS * Licenciada em Educagio Fisica pela UFMG. Mestre em Educacao Fisica: Recreacao/Lazer pela UNICAMP. Consultora da Secretaria Municipal de Esportes da Prefeitura de Belo Ho- rizonte. Docente da UFMG.

Upload: others

Post on 13-Apr-2022

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Politicas pfiblicas de esporte e lazer:caminhos participativos

Leda Mirtes Santos de Maga!hies Pinto*

Resumo Abstract

Os temas sobre qualidade devida, qualidade de relacOes no

trabalho e de politicos piiblicas deEsporte e Lazer sao a temica deste

estudo, construido corn base emexperiencia politico-tecnico-cientifi-

ca da Secretaria Municipal deEsportes da Prefeitura de Belo

Horizonte. Em virtude disso, nopresente texto, sao recuperados

sentidos e valores de Esporte e Lazerem nosso meio, tendo em vista a

superagao de limites e de expectati-vas voltadas a construcao futura de

uma sociedade eminentementedemocratica atraves de politicos

calicas. Por isso, caminhos foramconstruidos, analisados e fundamen-tados, relacionando as dimensOes do

SER, do TER

Quality of life, quality of relations atwork and public policies for sportand leisure are the themes whichcompose the main frame of thisstudy, based on the political-technical-scientific experiences ofthe Municipal Secretary of Sportsof the Belo Horizonte City Hall.Due to this, in this present text,senses and values of sport andleisure in our lives and environmentwere retaken, aiming at surpassinglimits and expectations towards theconstruction of an eminentlydemocratic society through publicpolicies. For that purpose pathshave been opened, analyzed andgrounded, establishing relationsbetween the dimensions of BEING,HAVING, CONSCIOUSNESS

* Licenciada em Educagio Fisica pela UFMG. Mestre em Educacao Fisica: Recreacao/Lazerpela UNICAMP. Consultora da Secretaria Municipal de Esportes da Prefeitura de Belo Ho-rizonte. Docente da UFMG.

Page 2: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

48 Motriviiincia

CONSCIENCIA e da C/DADA-N/A, em proposta cogestada corn acomunidade do Bairro Santa Maria

em Belo Horizonte.

and CITIZENSHIP, in a proposalco-managed with the communityof the Santa Maria suburb, in thecity of Belo Horizonte.

Introducfio

Minha experiencia como consul-

tora da Secretaria Municipal de Es-

portes da Prefeitura de Belo Horizontevem mostrando-me que os desafiosdas polfticas palicas de Esporte eLazer rigs) sao fâceis. Sao extrema-mente desafiantes. Principalmentequando são propostas ousadas.Quando se arriscam coletivamentepelas trilhas da construcao de urnmundo novo.

A busca do novo revela, por urnlado, o arregacar de mangas dequern nao aceita uma vida mediocrese porque é facil. A busca do novoarticula-se tambem corn o desejo da-queles que tern visao de futuro e sen-sibilidade para perceber que o futu-ro é construido no real, aqui, agorae a varias maos. E daqueles que cre-ern numa sociedade justa, ludica econsciente da importancia da parti-cipagao humana na construcao davida.

A busca do novo revela, ainda, apostura e o empenho de quem so-nha, alinhava construcees coerentescorn seus sonhos e faz, valorizando

todas as conquistas, mesmo que se-jam desenhadas alem do que se co-

loca no seu limite de agora. Quandonos esforcamos para ampliar horizon-tes, ainda que urn pouco de cada vez,temos mais chances de descobrir aessencia da vida e do nosso traba-lho, de desfrutar o prazer de supe-rarmos a nes mesmos e de participar-mos da construcao da nossa histeriade modo arrojado.

E, as vesperas do seculo XXI, ofuturo presente situa-nos em urn con-texto no qual a sociedade civil e asorganizacOes mais atentas as deman-das da sociedade clamam pela quali-dade de vida da populagdo, pelaqualidade das relagOes de trabalho eda prestaggo de servicos.

A qualidade se coloca, cada vezmais, como importante principio dequem tern clareza de que ela se fazpor pessoas e para pessoas e que, aomesmo tempo, pressupee condiceesmateriais suficientes para que os su-jeitos sejam livres e "sejam mais".Interconecta, para isso, desejos deavancos e de democratizacao do sa-

Page 3: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Ano X, n2 11, Julho/1998

ber, da apropriacäo da cultura histo-ricamente construfda, de condicOesbasicas de vida e de formas flexiveise participativas de organizacao dotrabalho e das awes cotidianas.

A busca da qualidade leva-nos,entao, a priorizar as demandas emgeral e, especialmente, dos sujeitoshistoricamente marginalizados emnossa sociedade.

Pensar o Esporte e o Lazer noconjunto desses desafios significa di-zer que os assumimos no contexto dasdemandas sociais do nosso tempo edos impactos significativos que espe-ramos para os avancos futuros danossa sociedade.

Assim, nao mais assumimos o Es-porte e o Lazer como algo inutil egratuito: inutil por ser consideradonao-serio, improdutivo; gratuito porser considerado desinteressado dascausas sociais. Ao contrario, acredi-tamos nas praticas do Esporte e doLazer comprometidas com a forma-cao para a cidadania e a compreen-sao dos sujeitos enquanto totalidadecorpo que se constitui nas suas prati-cas socioculturais.

Ao mesmo tempo, assumir essesdesafios significa ainda dizer que pre-cisamos repensar valores, funcOes epapeis sociais que nossa sociedadevem historicamente determinandopara o Esporte e o Lazer, influenci-

ando as nossas concepcOes a seu res-peito, os nossos habitos e as nossaspolfticas.

A caminho da qualida-de: repensando sentidose valores de Esporte eLazer

A concepcao moderna de Espor-te, ou Desporto, dessacralizando oseu conceito ate entao hegemOnicoque o vinculava a funcoes religiosase guerreiras, funda-se em duas ma-trizes constituintes basicas, ou seja, narelacao entre jogos populares e jo-gos da aristocracia inglesa. Ambasarticulam-sea ocupacao do "tempolivre" das pessoas por praticas cor-porais de formas distintas entre asclasses sociais.'

Ao serem incorporados pelas es-colas reservadas a elite inglesa — aexemplo do que aconteceu nas PublicSchools — varios jogos populares to-maram a forma de Esporte, mudan-do seus significados e funcOes soci-als, ao serem submetidos a normasque passaram a restringir, precisar edemarcar seus limites e sentidos.

Dessa forma, modernamente, oEsporte se afirma como conjunto denormas restritas, cada vez mais espe-cificas, racionalizadas e pautadas pela

Page 4: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

50 M otriv Wincia

disciplina e obediencia a regras codi,ficadas para cada modalidade. De-termina padrOes de funcionamento ede condutas reconhecidos interna-cionalmente, articulados, principal-mente, pelo principio de rendimentofundado na competicio comosobrepujancia, concorrencia, selecioe especializacäo, enfatizando o indi-vidualism°, a automacio e ainstrumentalizacio do corpo e dojogo. Vivencia que se esforga para sercompreendida como o conjunto deacOes que se quer constituir corn urnsentido prOprio, fechado em si mes-mo.

Entretanto, ao contrario, o Es-porte rao se desvincula da trama so-cial do contexto no qual se insere ese constitui. 0 seu sentido modernoo mostra, por exemplo, como partedas necessidades geradas pela impo-sick) do modo de producio capita-lista como modelo econOmico domi-nance no presente seculo e que pro-vocou profundas mudancassocioculturais, demandando que coi-sas, lugares, ac6es, temporalidades,divers6es, prâticas sociais, enfim, tudofosse reorganizado e todos adapta-dos as novas exigencias. Tais mudan-gas destacam o sentido de Esportecomo um dos meios de reforgar desi-gualdades sociais, interesses seletivos,privilegios, agOes centralizadoras e

excessivamente reguladoras, usosclientelisticos e negOcios "lucrativos".

0 sentido de Esporte gestadopelo movimento esportivo ingles nofinal do seculo XIX propagou-se portodo Ocidente, tornando-se aceitoem sociedades capitalistas e socialis-tas, expandindo-se atraves de aceiesde embaixadores, missionarios, co-merciantes, militares, marinheiros,educadores, administradores, colo-nos, politicos e turistas. Nessa emprei-tada historicamente determinada, oEsporte moderno emaranhou-se nahist6ria das demandas e realizagOesdas elites, proliferando-se como pra-tica social hegemOnica para as outrascamadas sociais, sendo legitimado,por sua institucionalizacão eburocratizacao, em diversos Orgaosdiretivos e estabelecimentos, e, pelaenfase nele, como contetido da Edu-cacao Fisica nas escolas.

Diante desse quadro, e paraavangarmos sobre a compreensio doEsporte como urn dos pilares daconstrucao democr&tica, precisamoscompreende-lo corn outros olhos.Precisamos ve-lo como competiciode varias modalidades especificas,individuais e coletivas que envolvem,sobretudo, desafios, busca de con-quistas de metas e enfrentamento deriscos diversos. Vivencia cultural quedesenvolve a coordenagao de von-

Page 5: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

AIMAno X, n2 11, Julho/1998

tades, saberes, destrezas, estrategias,poder de decisao e habilidades tati-cas e tecnicas na utilizagão dos ma-teriais esportivos especfficos corn osquais lida e na ocupagao do tempo edo lugar jogados. Experiencia quedesenvolve o exercicio de regras co-letivas construidas pelos jogadoresentendidos como parceiros e co-res-ponsaveis pelo jogo, nao como me-ros adversarios.

Por sua vez, o Lazer da maneiracomo o compreendemos hoje, tam-bem 6 urn fenOmeno social histOricoque se frutificou na Era Moderna, apartir da Revolugao Industrial, emer-gindo como conquista de reivindica-gOes socials oriundas da necessidadede qualidade de vida para os traba-lhadores. Lutas que geraram a redu-gao da jornada de trabalho e a re-muneragao de fins de semana, ferias

feriados.2

0 direito ao Lazer, desejo presen-te em toda histOria humana, e, dessaforma, conquista de lutas coletivaspor espagos de tempo que pudessemse contrapor as obrigacaes cotidia-nas, especialmente as do mundo dotrabalho. Reflete as demandas dapopulagao por urn tempo disponivel

privilegiado para a concretizaga'ode vivencias !Micas, como espaco amais para gozar a vida e buscar qua-lidade nesse viver.

Compreendido em sua essenciasociocultural como vivencia privile-giada do !Odic°, isto e, do jogo, dabrincadeira, do brincar, do brinque-do e da festa, o Lazer sintetiza-se nabusca de prazer, da alegria, pelo exer-cicio da liberdade de desejar, intuir,planejar, organizar ideias e awes,saboreando as atividades. Desenvol-ve a capacidade de enfrentar riscos

desafios, buscando conquistas co-letivas, estimulando a curiosidade, acriticidade, a criatividade e a solida-riedade nas realizagOes das ativida-des, na ocupacao do tempo e do lu-gar e no lidar corn as condicoes ma-teriais disponiveis para aconcretizagao da vivencia.3

No entanto, por forga do prO-prio estilo de vida que o gerou comotempo de "nao-trabalho", o Lazervem sendo socialmente valorizadoquase que unicamente, como meiode recuperar a forga de trabalho,atraves do alivio das tensOesprovocadas por sua rotina, e/oucomo meio de educar para os valo-rem econOmicos de racionalidade tec-nica e eficiencia do produto prefixa-do e moralizagao para a obediencia

disciplina requerida pelo sistemapolitico dominante.

Surgem dal discursos paradoxais,pois, ao mesmo tempo em que oLazer e visto negativamente comotempo de "vagabundagem", por ser

Page 6: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Motriviltincia

considerado como tempo de "não-trabalho", é valorizado positivamen-te como tempo de controle social econsumo (muitas vezes massificado)de atividades recreativas ofertadaspor muitas frentes de producao debens e de oferta de servicos. Em facedisso, amplia-se o seu valor de mer-cado e, tambêm, suas formas de ex-clusOes, privilegiando a participagaodas classes economicamente maisfavorecidas, reduzindo as possibilida-des de liberdade de escolha e de par-ticipacao de muitos cidadios.

No entanto, ao mesmo tempoque convivemos corn muitas mano-bras no Esporte e Lazer, a realidade,cada vez mais, fala do quanto elespodem contribuir para a qualidadedo viver, comprometidos que sac)corn os projetos sociais democraticos.

Mas como o Esporte e oLazer podem participarda qualificasfio do viverdemocrfitico?

Para avancarmos nessa reflexaosobre qualidade, coloco como neces-saria a analise de politicas de Esportee Lazer, considerando a aproximac5.oentre SER e TER, tendo em vista queSER x TER = CONSCIENCIA eque SER x TER = CIDADANIA.

SER x TER = CONSCIENCIA= sonhos x beneficios x agir, lidandocorn limites e alternativas de agar)

Apesar de o Esporte e o Lazer,nos illtimos anos, ganharem cada vezmais espaco nas cenas cotidianas doPais, tornando-se fenOmenos sociaisque envolvem a todos, e muito re-cente, ainda, a consciencia do Espor-te e do Lazer como cultura, no seusentido mais amplo, e direito que seconquista no exercicio da liberdade.4

Subjacente aos argumentos dePaulo Freire sobre sentidos daconscientizacao, observo que ha umaconeccao estreita entre o que se pen-sa, valoriza-se e se faz coerentemen-te, e no sentido do exercicio da li-berdade de sonhar, escolher e parti-cipar. Assim, as railtiplas experienci-as de Esporte e Lazer voltadas a in-tervencOes conscientes precisam am-pliar reflexôes e awes fundadas nosbeneficios que geram para a vidapessoal, social, cultural e polftica, ouseja, para a sailde e a educacao dapopulacao em busca de melhorias dasua qualidade de vida.

Nesse sentido, quando falamosem sailde, a que estamos nos referin-do? Como diz Yara Carvalho,

sadde nao e mercadoria. Nio é obje-to. Nio d possive/materiah la. Nifose pode dar sadde. Sau'de é um con-junto de condicaes que viabilizam a

Page 7: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Ano X, ns2 11, Julho/1998

vida, a exisrencla digna: respeito, tra-balho, habitagio, alimento, meio am-biente, cuidado fesportel e lazer.5

Falar em saade e, sobretudo, fa-lar em urn novo trato do corpo, vistoem sua totalidade e no conjunto desuas relacOes no mundo, em cujasvivencias esse corpo se constitui comotal, sendo influenciado e influencian-do a sociedade e a cultura.

Essa interpretacao esta subordi-nada ao que entendo como educa-cão para e pela qualidade de vida pormeio do Esporte e o Lazer que, doponto de vista do desenvolvimentopessoal, contribui para nos atualizarsobre nos mesmos, exercitando sen-timentos, organismos, sonhos, mtis-culos e nossa coordenacäo, apuran-do nossos mecanismos 16gicos e tec-nicas de expressäo corporal,conscienti-zando-nos sobre a expres-sao da nossa vida e use do nossocorpo, restaurando energias, desafo-gando tensOes, estimulando desejos,motivacOes e o aperfeicoamento danossa personalidade.

Al6m disso, do ponto de vista so-cial, suas mtiltiplas relacOes crfticas ecriativas ajudam as pessoas e os gru-pos a conhecerem melhor uns aosoutros, percebendo o que cada urn

e como participa da construcão domundo. Nesse sentido, o Esporte eo Lazer estimulam-nos a romper corn

o conformismo alienante que histori-camente nos vem sendo imposto,exercitando papeis corn novos signi-ficados, estreitando amizades e for-talecendo grupos, motivando para oenfrentamento de conflitos e para abusca de solugOes coletivas e cons-cientes.

Voltados ao desenvolvimento cul-tural, o Esporte e o Lazer possibili-tam a participacdo e a convivencia,quando tantos säo isolados ou se iso-lam passivamente das realizacOes hu-manas no seu contexto. Como espa-cos de experiencias e de partilha davida cotidiana, tambem desenvolvemvalores eticos e est6ticos, valorizan-do modos de vivencias culturais e deexpressäo da criatividade. Assumemo papel de um dos meios de apro-priacao, desapropriacäo e reinvencâode representacOes e conhecimentosdiversos, bem como de construcãode laws afetivos corn o mundo ma-terial, estimulando-nos a renovar aocupagao do nosso espaco e tempo

preservando relacoes huma-nas e bens ambientais, sobretudopelos significados que tern para nosmesmos e para as comunidades ernque se situam.

Na perspectiva do desenvolvi-mento politico, representam possibi-lidades de construcão de alegrias econquista de direitos corn conscien-cia de deveres na realizagOo de so-

Page 8: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

nhos e na posse do tempo e lugardisponiveis na vida. Alan disso, agre-gam parcerias e participagioria importantes na educacio e ackvoltadas para a autonomia e a cida-dania .

Uma vez que a conscientizagâoe impulso basic° para mudancas nossonhos, valores e mobilizacees do agirque renovam o dia-a-dia, implica tam-bem desejo e via°, de melhorias dascondicees de realizack da experien-cia (crer para very, aliadas a urn mi-nim° de condicees materiais para aconcretizack dessas agees, respei-tando a dignidade humana e a parti-cipacäo coletiva e autenoma.

Nesse sentido, a qualificagão doviver exige o major acesso possivel aosconhecimentos historicamenteconstruidos, que nos auxiliam nodesvelamento nao se dos muitosmites que dificultarn a pratica do Es-porte e Lazer em nossa vida, comodas possibilidades de "saidas" dasemaranhadas barreiras em que vive-mos, relacionadas aos limites de tem-po disponivel, lugares adequadospara a pratica do Esporte e do Lazer,renda e experiencias culturais; limitesde satide, de idade, bem como os co-locados por necessidades especiaisdiversas, dentre outros.6

0 Esporte e o Lazer estao emconstants interacio corn o que acon-

tece na vida. Assim, a consciênciasobre seus beneficios, limites e possi-bilidades de experiencias requer re-flex-a.° sobre os valores e significadosespecfficos constituidos sociocultural-mente, em relaca...o estreita corn ascondicees sociais e histericas quecondicionam e sao condicionadaspor essas vivencias e que, ao mesmotempo que tracam seus limites, per-mitem espacos de realizacees criticase criativas.

Por isso, destacarnos a qualidadecorn base na relacao estreita entre Set;Ter e Consctencia, que diz respeitoao sujeito historicamente situado empermanente relack consigo mesmo,corn as pessoas, corn o grupo inter-no a que pertence, grupos externoscom os quais se relaciona e as condi-gees materiais de sustentack dessavida.

SER x TER = cidadania= fazer com qualidadepolitica x qualidade for-mal

Em sociedade como a nossa, pre-dominantemente urbana e industriali-zada segundo os moldes capitalistas,convivem grupos corn diferenciadascondicees materiais de existencia ecaracteristicas culturais preprias, sem,contudo, viverem isoladamente. Ape-

Page 9: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Ano X, n2 11, Julho/1998

sar de esses grupos se relacionaremuns corn os outros em determinadoslugares e momentos, os padreies cul-turais dos grupos dominantes vem sen-do legitimados como superiores emrelacao aos demais. Esse fato refletedesigualdades de oportunidades, quereforcam divisOes de classe corn dife-renciadas condicOes econeimicas e deapropriacao do patrimOnio cultural dahumanidade. Reflete, ainda, a garan-tia, apenas a classe dominante, daconquista dos direitos ao Esporte eLazer, mesmo que a nossa Carta Mag-na, no art. 217, § 3 2, inciso IV, deter-mine que o Esporte e Lazer sao direi-tos de todos os cidadaos!

Uma vez que, no seu sentido an-tropolOgico, cultura significa "a ma-neira pela qua/ urn grupo social seIdentifica como grupo, atraves decomportamentos, va/ores, costumes,tracligo-es comuns e compartilhados',8nao ha como negar a existencia cul-tural de cada grupo, nem como qua-lificar que certos grupos sao defici-entes, carentes ou privados de cultu-ra. Nlao existem culturas superiorese inferiores, ricas e pobres, iiteis eintiteis. Existem, sim, culturas diferen-tes. Entretanto, a ideologia das dile-rencas culturais vem sugerindo a ex-plicacao dos fracassos, da margi-nalizacao e da discriminacao de cer-tos grupos pela inferioridade de unsem relacao a outros em nosso meio o

que justifica a privacao dos direitosde participacao social e apropriacaoda cultura historicamente acumula-da aos grupos "inferiores".9

Ao integrarem a existencia huma-na, o Esporte e o Lazer, misturam-seaos boicotes que reproduzem os mo-delos sociopolitico e econOmico vi-gentes na nossa sociedade civil. So-ciedade marcada pela exclusao soci-al, pela valorizacao de modelos pa-dronizados, pela ideologia dadisciplinarizacao do corpo e da frag-mentacao do sentido de totalidade docorpo, pela valorizacao exacerbadado adulto produtivo, pela dominacaopolitica, desigualdade econOmica earbitrariedade, pelo racismo, sexismo

condicionamento sociocultural, poresteriOtipos, preconceitos religiosos edesigualdades educacionais. Enfim,uma sociedade dominada por essas

tantas outras crises.")

Para enfrentarmos os limites quedificultam nossa pratica de Esporte eLazer, precisamos reagir corn consci-encia e empenho na democratizacao

na diversificacao dessas atividades,valorizando a riqueza cultural e aparticipacäo autOnoma e solidaria,que lida corn problemas e disposicOesindividuais e coletivas, com conquis-ta de direitos e responsabilidade so-cial consciente de deveres.

Page 10: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

56 Motrivilancia

E ao nos referirmos a conquistade cidadania pelo Esporte e Lazer,falamos a respeito do direito ao pra-zer que frui da liberdade e da igual-dade; direito de posse e usufruto desi e do processo/produto desses con-teOdos culturais; direito do reconhe-cimento enquanto corpo totalidadeexpressiva que se faz sob a itica daconstrucao do ser no mundo, cornos outros sujeitos, em dado tempo eLugar, e que se concretiza sob diver-sas formas esteticas que revelam be-leza, talentos, saberes, aprimoramen-tos, recriacOes; direito a participacaoe qualificacao como sujeito consci-ente de seus valores, habilidades epapeis, como membro de uma cole-tividade disposta a trocas voltadas arealizacOes comuns; direito ao aces-so a sua heranca cultural, exploran-do seus limites sociais que desafiamdescobertas criativas de atuagao so-bre as condicoes concretas no pianosocial." Falamos, tambem, dos di-reitos dos cidadaos em participar daconstrucão de politicas palicas cornqualidade politica e qualidade formal.

Corn a busca de qualidade poli-tica estamos focalizando a definicaode fins. E, nesse sentido, em termosde uma proposta de gestao democra-tica de Esporte e Lazer o centro daquesta() da qualidade é a participa-0.0.12

Falamos da participacäo em dadoespaco, tempo, processo e produto,envolvendo e envolvendo-se corninteresses e articulacio de diferentesinsancias de decisão. Uma participa-cao que coloca mais perguntas doque respostas; crescente e afinadaenquanto grupo corn espirito de equi-pe; que influencia nas decisOes; querevela a arte do possivel nas condi-cOes materiais de existencia; que re-vela a conquista humana em sua his-t6ria e em sua cultura; que aprimora,cada vez mais, a capacidade de ler,analisar, optar, esperar, influir e es-colher formas de intervengao coeren-tes corn o seu horizonte ideolOgico epratico; que conquista a autopromo-cao, autogestio, auto-sustentacão;que valoriza seu estilo cultural dereinventar o esparto pr6prio, de con-quistar potencialidades, de exercitarcompetencias, de sobreviver a crisesinternas e externas; que planeja es-trategicamente o futuro e constr6icaminhos que levam a ele; que valo-riza a identidade cultural do grupo,as diferencas e o cotidiano da comu-nidade.'3

Por isso, sao dimensOes fundamen-tais da qualidade politica arepresentatividade, a legitimidade, oenvolvimento de todos na participa-cal() de base e nos planejamentosparticipativos auto-sustentados, narealizacäo de diagn6sticos, na formu-

Page 11: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

AIMAno X, rica 11, Julhal 998

lagao de estrategias e organizacao dasagOes politicas.

Ao mesmo tempo que a busca dacompetencia da gestao democraticademanda a qualidade politica, ela re-quer, tambem, a qualidade formal,que e voltada a definicao de meios,de instrumentos necessarios e demetodos adequados para planejarawes que buscam solucOes dos pro-blemas colocados e superacao deexpectativas.

Para a busca da qualidade for-mal precisamos, sobretudo, resistir aspadronizaciies dos processor de in-tervencao, o que exige ultrapassara mobilizacao e a agrupalizacao emprol do projeto para a concretizacaode praticas corn formas mail flexiveise espacos de atuacEies diversos quemobilizem e gerem estrategias deacao, pensando e organizando o co-letivo a partir da convivencia com ele.

A busca de garantia da qualida-de politica/formal das nossas interven-cOes requer, portanto, a concreti-zacao de estrategias de reflexao/agaovoltadas a consciencia da organiza-cao e das vivencias de Esporte eLazer. 14 Estrategias que busquemampliar conquista de beneficios vol-tados a promocao de aco-es de bem-estar social, a satide e a educagiocontinua& da comunidade.

Esse projeto sociocultural impli-ca, ainda, a construcio de estrategi-as educativas para e pela competén-cia interativa da alegria na vivénciade oportunidades diversificadas edemocratizadas de atividades de Es-porte e Lazer, considerando: os dife-rentes tipos de participacao (eventosde impacto, de apoio e permanen-tes); o envolvimento de todas as ida-des; a garantia de espacos para aspessoas que demandam necessidadesespeciais; a vivencia, em niveis criti-cos e criativos, de varios generos departicipagao (praticar, assistir e apren-der), alargando e democratizandochances de priticas de diversos inte-resses culturais, dentre os quais po-demos destacar aqueles corn predo-minancia nos interesses fisico-espor-tivos, artfsticos, intelectuais, ambien-tais e sociais.

A realizagio de pesquisas consti-tui outra estrategia que aumenta asinformacOes sobre conceitos, valores

expectativas da populagao local,suas necessidades, desejos, modos deenfi-entamento do real, seus habitos,sua familiaridade corn o lugar, suapotencialidade para organizar e ani-mar espacos, para mobilizar, divulgar

participar de atividades, suas possi-bilidades de criar, adaptar, reformar

preservar equipamentos e de con-solidar apoios; suas experiencias cul-

Page 12: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

58

turais, hist6ricas, politicos e sociaiscorn o Esporte e Lazer.

Precisamos nao perder de vistaque a gestao de politicas de Esporte

Lazer se insere em lutas mais am-plas e, em decorréncia, precisam in-tensificar estrategias de intercâmbiode servicos sociais da cidade, bemcomo a anilise e a promogio de le-gislacäo, a representagio em comis-s6es municipals, discutindo especial-mente as questeies do Esporte e Lazere a operacio de cabcas comunkirias

financiamentos de projetos comu-nitdrios.

Alargando os horizontes dessasintervenceies, os projetos sociais deEsporte e Lazer necessitam ampliarrelag6es e divulgagão dasawes concretizadas, tendo em vistacontribuirem para intensificar o pro-cesso de cooperacao para a organi-zacao, execucão, avaliacão e darcontinuidade as atividades. Necessi-tam, sobretudo, sedimentar a adesaode liderangas, atuando corn espfritode equipe em varies setores e gru-pos, articulando experiéncias e apoi-os dos seus membros. Essa adesàoqualifica-se ainda mais a medida quesao organizadas comissOes para o pla-nejamento e a execucao de todas asacOes, definindo-se suas tarefas deacordo corn as necessidades de cadaevento e corn a potencialidade das

Motriviancia

liderancas. E fundamental a valoriza-ca. ° do trabalho de toda a equipe, adefinicao de papeis e tarefas especi-ficos e interrelacionados, alem da per-manente avaliacao do processo portodo o grupo.'5

A qualidade formal na concre-tizacão das politicas ptiblicas fala,tambem, da busca de maestria dosservidores pciblicos envolvidos cornos projetos sociais qualificados paralidarem corn pessoas e organizacOesatentos as diversas formas de lingua-gens e de expressao de ideias, senti-mentos, valores e conceitos;monitorando-se o tempo todo, bus-cando ver-se nessas relaceies, colo-cando-se diante delas como cidadaose servidores pliblicos.' 6

0 processo educativopara a organizacfio/par-ticipasfio democrâticacorn qualidade

A participacao comunitaria de Es-porte e Lazer demanda aprendizadocontinuo e reconhecimento da impor-tancia, nessa pratica educative, dasrelaceies de resistencias ao poder do-minate e da valorizacao das reivindi-caceies e do saber popular nos proje-tos transformadores da realidade.

Page 13: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Ano X, n2 11, Julho/1998

Uma ampla gama de InformagOesbisicas é fundamental para ampliarcondicoes de reivindicagäo e de con-quista de direitos corn consciencia dasua importancia para a vida pessoal,social, cultural e polftica.

A necessidade de ampliacão des-sas informagOes leva-nos a posicionarsobre as concept es de politica pó-blica e de educaclo inscritas na pra.-tica de que falamos, cujos caracteresbasicos säo definidos pela forma depoder estabelecida na relagäo instau-rada entre os representantes do Po-der Ptiblico e a comunidade, relacaoque reconhece que todos os sujeitosenvolvidos säo educadores/educandos e que ha, permanente-mente presente, a releitura e areinvencOo de conhecimentos sobreo jogo da vida na relacao do saberpopular e saber "cientifico" emobilizacâo de pessoas, recursos,motivacOes, apoios e esforgos pelasindispensaveis atuagOes de liderancasdiversas.'7

A organizacâo e a participacio deque estamos falando requerem, maisque tudo, o compartilhar de ideias,objetivos, e, por isso, tem sua baseno dialog, corn liberdade de expres-säo e como forma de administrar eorganizar a acao.18

A recuperacão da cultura do di-alog° volta-se a execucào de acOes

significativas para todos e a valoriza-cio de todas as idades, corn atenCaoas pessoas corn necessidades especi-ais; valorizacào da identidade cultu-ral da comunidade, de suas formasde organizar e reorganizar o agir e ocircular de informagOes; de seus in-teresses, suas diferencas e habilida-des; de sua criatividade e expres-sividade corporal; de seu trabalhocoletivo que relaciona socializacOo eindividualizacão; e de sua autonomiade reflexao/acao.

Por isso, projetos dessa naturezapriorizam a formagdo de hderangasaglutinadoras e multiplicadoras deconhecimento e de espacos para apratica de atividades de Esporte eLazer, capazes de agregar pessoas emfuncäo de objetivos comuns e de reu-nir parceiros do grupo interno e gru-pos externos. Corn visão de conjun-to, senso de antecipagio, ousadia,16gica, humildade na busca da supe-racOo de expectativas e do sucesso,e, ao mesmo tempo, corn realismo,otimismo, senso crftico, criatividadee "ginga" do corpo, o Ilder confia einspira confianca e seguranca, indig-na-se diante das injusticas e e deter-minado e responsavel na busca cole-tiva de descobertas de necessidadese alternativas basicas para amobilizacão, o planejamento, a or-ganizacao, a participacão, a divulga-ca. () e a avaliacao de tudo o que

Page 14: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

MOtriViiinCia

acontece, compartilhando corn todosos resultados das conquistas.

0 fazer do setor ptiblicocom a sociedade civil naspoliticas de Esporte eLazer

A qualidade a questa° de fazer,pois as coisas nao mudam por si sos.Nose que mudamos a nossa manei-ra de pensar, agir, avaliar, reencon-trar valores, enfrentar conflitos, rom-per preconceitos, reivindicar direitos,responsabilizarmo-nos pelos deveres.Temos de lembrar, tambem, que naocompramos e nem obrigamos a par-ticipagaD de ninguem. Ela e conquis-ta diaria de quern a valoriza e ve nelaurn caminho de crescimento pessoal,coletivo e profissional.

Essas observagOes nos levam aatentar para indicativos e mecanismospolitico-socials presentes na socieda-de que possam nao so sustentar essaspropostas, como dificultar o seu fazer.A intervencao social para gerar mu-dancas corn o objetivo de buscarmelhorias da qualidade requer nossoempenho na reestruturacäo do modode organizacao e gerenciamento donosso trabalho no setor pUblico. En-volve mudancas que invistam na suadesburocratizacao e qualificacao de

intervencOes mais ageis, cooperativas,criativas, democraticas e descentrali-zadas, desenvolvendo programas quetern em vista reflexos socioculturaismais amplos e continuos, corn partici-pacao crescente e afinada em equi-pes cujos objetivos sao diretamentearticulados as demandas dos cidadaose dos grupos comunitexios.19

Nesse sentido, a experiencia daSecretaria Municipal de Esportes daPrefeitura de Belo Horizonte na atualadministracao, aqui relatada atravesde dados coletados no dia-a-dia daimplantacao do seu Programa deCentros de Referencia Regionali-zados de Esporte e Lazer — CRR/EL,vem buscando:

trabalhar nao para a comunidade,mas corn ela, descentralizando opoder, construindo polfticas queexercitem a autonomia, a solidari-edade e a consciencia de respon-sabilidades pelo projeto de cidada-nia por meio de Esporte e Lazer;2°

investir em awes educativas quetenham em vista intervir namica social e contribuir para a con-quista de direitos humanos funda-mentais como justica, alegria, soli-dariedade e educacao conscien-tizadora da importancia do Espor-te e do Lazer para a sadde, a con-solidacao da cidadania e demelhorias nas condicOes de vida;21

Page 15: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Ano X, ri2 11, Julho/1998 61

qualificar a presenga politica eformal dos seus tecnicos de modocontinuado e em servigo, bus-cando a construcao de projetossociais em consonancia corn asdemandas interna e extema dessaSecretaria, aliando processos deconstrucao de competencias pes-

soal e profissional especificas cornqualidade na prestacio de servicose responsabilidade socia1;22

qualificar seus programas sociaispara conviver corn o desenvolvi-mento da cidadania popular,reestruturando-os a partir das ne-cessidades do trabalho comunita-rio e esforgando-se por beneficiara quern precisa ser beneficiado;23

5) sedimentar parcerias diversas emtomb dos programas comunita-rios e realizar ampla divulgagäodas conquistas, de modo a am-pliar a adesao de parceiros nessetrabalho, reconhecendo quecada parceiro novo é um novoautor e ator dessa hist6ria.24

Sob uma serie de aspectos, a co-munidade do Bairro Santa Maria,onde estamos sedimentando o primei-ro polo do CRR/EL, vem buscando:

1) ser parceira do Estado conscien-te, tambem, de suas responsabili-dades no projeto de construcaoda cidadania pelo Esporte eLazer;25

valorizar o saber popular e aidentidade cultural da comunida-de;26

inter-relacionar saber popular e"saber cientifico" em propostaseducativas definidas a partir daconsciencia da importancia, deinteresses, de necessidades, de li-mites e de possibilidades da pra.-tica do Esporte e Lazer e do po-der popular que se exerce nessapratica educativa;27

valorizar a organizagao da comu-nidade para a sustentabilidade deseus projetos;28

investir na educagao continuadada comunidade para ampliar, di-versificar e democratizar a parti-cipagäo, bem como atender egerar novas demandas de ativi-dades de Esporte e Lazer.29

Enfim...assumindo o caminharpor essas trilhas da qualidade, o go-verno aprende mais sobre seu povoe o povo sobre seu governo na cons-truck de cenarios, cenas, diMogos,atos, permitindo ao cidadao serurn coadjuvante, mas o ator princi-pal no ato da construcao da politicade Esporte e Lazer, politica que seconstitui no ato de sua realizagio pelaparticipagao.

Tais construgOes vem sendo des-tacadas na vida modema, que mais e

Page 16: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Motriviancia

mais imp& as gerencias a necessida-de de desenvolver a arte de pensar,decidir, agir, fazer acontecer e obterresultados atraves de interacoes hu-manas constantes, de negociagOes deinteresses e demandas diversas, inte-grando fatores organizacionais varios.Experiencias que so se aprendem nopr6prio exercicio do servico e em pro-cesso aberto a novos valores e alter-nativas que aumentem a compreen-sao sobre si prOprio e a realidade emque vive, comprometido corn proje-tos sociais que envolvam vontade deagir e de transfortnar a realidade embusca de valores democraticos.

A garantia da qualidade aqui des-tacada demanda, pois, vontade poli-tica e competencia de intervencao,reconstrucao de saber e a educacaode todos para awes solidârias, valo-rizando o saber popular, a pesquisae a formacio de lideres. E esses sac)investimentos complexos e ousados,cuja construcao ha de valorizar, so-bretudo, os fins, os resultados espe-rados, os impactos desejados para oEsporte e o Lazer como urn dos de-safios de uma sociedade da liberda-de e da alegria, lembrando sempreque

cidadania 6 dever de povo.

SO e cidadaoquem conquista o seu lugar

na perseverante luta

do sonho de uma nacao.E tambem obrigacao:

a de ajudar a construira claridâo na conscienciade quem merece o poder.

Forca gloriosa que fazurn homem ser para outro homem,

carninho do mesmo ciao,luz solidaria e cangão.

Thiago de Melo

Notas

1 Os dados aqui discutidos sobre o Es-porte foram extraidos da pesquisa quepubliquei na Cole thnea do IV EncontroNacional de HistOtia do Espon.e, Lazere Educagio Fisica (PINTO, 1996) ecomplementados pelos estudos deKUNZ (1994), ZALUAR (1994),BRACHT (1997)e LINHALES (1997),que sao importantes para oaprofundamento sobre o tema.

2 0 tema e aprofundado emMARCELLINO (1995) e PINTO(1992).

3 Minhas reflexeies sobre significadosdo litdico, iniciadas no mestrado (PIN-TO, 1992.), tern, a meu ver, urn me-lhor contomo no artigo publicado pelaRevista Motrildvencia, n. 9, em 1996.

4 A meu ver, o conceito de conscien-tizapio, palavra cujo significado nun-ca foi abandonado pelo professor Pau-lo Freire, em sua obra evoluiu parale-lamente a sua discussao sobre a pala-

Page 17: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Ano X, n2 11, Julho/1998 63

vra corpo. Assim, em Educacio e atua-lidade brasileira (1959), quandoconscientizagao possufa o sentido detransitar, Freire, implicitamente, discu-tia o corpo em movimento, transitan-do entre uma consciencia intransitiva,transitiva ingenua ou crltica. Em Peda-gogia do Opthnido — obra cuja pri-meira edigao foi publicada no exilio,no Chile, em 1970 — aparece, pela pri-meira vez, a palavra corpo compreen-dida como movimento corporal sub-jugado aos ditames dos opressores e aconscientizagao concebida comoproblematizacao. Mas foi em CamasCultic' Bissau (1977), que a conscien-tizacao passou a significar revolugaoe a palavra corpo comegou a serexplicitada com o sentido de sua tota-lidade e significado expressive/cultu-ral ( PINTO, 1993).

5 CARVALHO (1997, p.161)6 MARCELLINO (1996), no seu livro

Estudos do lazer, uma introdugao de-senvolve varias reflexOes sobre limitese possibilidades de lazer em nossa so-ciedade.

7 BRASIL, 1988.8 SOARES, 1992:14.9 Em A miquina e a revolta, publicado

em 1994, Alba Zaluar desenvolve ricapesquisa que nos ajuda a refletir sobrediferentes significados de pobreza.

10 No livro altidko e politicas ptiblicas;realidade e perspectivas, publicadopela SMES/PBH em 1995, saeenfocadas diferentes questóes perti-nentes aos estudos do Esporte e Lazer,

como etnia, genero, experiencias emcreches, com populacao de ma, agaocomunitaria, formagao profissional nauniversidade e outras que aprofundarnquestaes aqui apontadas.

11 PINTO, G. et al (1996).

12 A discussao sobre busca da qualidadetracada no presente texto, foifundada epode ser alargada corn estudos das obrasde MIRANDA, 1992; GADOTTI &-GUTIERREZ, 1993; MARQUES,1995; e DEMO, 1994, 1994 e 1995.

13 Ver: Pobreza polidca, de Pedro DEMO(1994).

14 SOUZA (1996) ajudou-nos a tragaras estrategias de intervengOes aqui dis-cutidas.

15 0 livro ThIlticas setoriais delazer; o papel das prefeituras, organi-zado por MARCELLINO (1996)aponta indicatives que nos ajudarama pensar sobre os papeis de algumascomissOes importantes nesse proces-so. A Comissio organizadora, em ge-ral, coordena o planejamento e acorn-panhamento do evento, define corn ogrupo os objetivos, o ptiblico-alvo, asmetas, as atividades, o local, a dura-ca.°, os recursos, a organizagao das co-missOes. Tambem essa Comissao, namaioria das vezes, coordena a buscade parcerias, apoios e patrocinios, aten-ta as co-responsabilidades de cada urncomo parceiro e aos agradecimentosdos apoios recebidos. AComissio dematerial, basicamente, cuida da orga-nizagao do espago, do mapa e da si-nalizacao no local, do levantamento

Page 18: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Motriviiincia

das necessidades materials do evento;da organizacao e do controle doalmoxarifado; da distribuicao de ma-terials e da montagem, desmontageme devolucoes de equipamentos utili-zados. A Comissio de atividades lidacorn a organizacao das liderancas deatividades, as espontaneas da comu-nidade e de outras convidadas a pla-nejar, organizar e desenvolver ativida-des de Esporte e Lazer em conjuntocorn a comunidade. A Comissio dedivulgacio relaciona-se corn a exten-sao do processo educativo aos maislargos limites, envolvendo toda a po-pulacao e milltiplos canals de difusào.Essa empreitada, tarefa de todos oscomprometidos corn o processo, des-taca a importancia da coordenars&) deawes de aglutinacao e irradiacao deideias, reflexOes, informagOes, experi-encias e apoios, difusao que precisautilizar diferentes canals, mas que efeita, sobretudo, face a face. A divul-gacao das atividades de Esporte eLazer dentro e fora da comunidadeprecisa atrelar-se a registros significati-vos e realizados de diferentes formas,por fotos, videos, gravagOes, pesqui-sas escritas, dentre outros. Elas saobasicas para a avaliagao e o planeja-mento da sedimentacao das atividades.

16 ZINGONI & PINTO (1997)17 PINTO & ZINGONI (1997)18 FREIRE e NOGUEIRA (1991)19 No livro Pohlicas ptiblicas setonais de

lazer; sobre o papel das prefeituras(MARCELLINO, 1996), sap discuti-das as experiencias de gestOes muni-

cipais participativas desenvolvidas naarea do Lazer em Sao Jose dos Cam-pos/SP, Porto Alegre/RS, Diadema/SPe Belo Horizonte/MG.

20 0 Programa CRR/EL preve a implanta-ca. ° de p61os em todas as nove Regio-nais de Belo Horizonte por meio da qua-lificacao de liderancas comunitariaspara aglutinar e irradiar agOes que se es-tendam por toda cidade. Por isso, a sele-cao da comunidade para participar doCRR/EL considera, dentre outros crite-rios, as demandas de Esporte e Lazerexistentes nas comunidades e suapotencialidade de organizacao e partici-par.xa.-o popular. A SMES, por sua vez,empenha-se na qualificacio de seusRecursos Humanos e na busca de re-cursos para dar suporte operacional aoprojeto educativo do CRR/EL.

21 0 trabalho comunitario socioeducativorealizado pelo CRR/EL, cujos funda-mentos metodolOgicos foram tracadosa partir de estudos de PEREIRA (1996),desenvolveu as etapas de (1)f amiliarizacio e problematizaimersao na comunidade e inicio de di-agn6stico da sua realidade, levantandodados sobre valores, conceitos, signifi-cados, func6es, experiencias, habitos edemandas de Esporte e Lazer; caracte-risticas populacionais locals; cultura fa-miliar e suas condicOes de existencia;localizacao e potencial geografico, poli-tico e econOmico; condic6es de habitar,ocupar, organizar e animar espacos eequipamentos de Esporte e Lazer; con-diceies para consolidar parcerias; cultu-ra de cidadania, associativismo ecooperativismo; (2) programagio e tea-

Page 19: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Ano X, n2 11, Julho/1998

lizacao de treinamento de fiderangas:

planejadas com a comunidade, consi-derando o diagn6stico inicial que sinali-zou para a necessidade do desenvolvi-mento de atividades te6rico-praticas so-bre conceitos, lunge:3es e praticas de Es-porte e Lazer; seus limites: o tempo, oespaco, a renda, as experiencias cultu-rais; sua democratizacao: as possibili-dades de portadores de deficiencias edos sujeitos de todas as idades; sua di-versificacio: interesses e generos; estra-tegias de organizacao, mobilizacao, di-vulgacao, busca de apoios e de financi-amentos para atividades dessa nature-za; (3) seogmentacio: definicao dasmetas da comunidade para a reali7agaode eventos de impacto, de apoio e deatividades permanentes voltadas a sedi-mentacio do CRR/EL, nessa regiao.

22 Treinamento ern servico vem envolven-do Recursos Humanos de toda SMESna definicao do desenho inicial da pro-posta do CRR/EL, bem como, capaci-tando uma equipe para implanter esedimentar o Programa, equipe compos-ta por uma coordenadora, uma consul-tora, sete tecnicos e estagiários de variasareas ( jomalismo, artes, esportes...). Nes-se treinamento, vem sendo realizadoscursor, seminarios, pesquisas e awes co-munitarias, dentre outran atividades.

23 0 treinamento em servico vem atuan-do na reestruturacao de programas co-munitarios da SMES, como o Recrear,o Caminhar, o Superar, o Vida Ativa enas awes de tecnicos do Servico dePromocoes da Secretaria, buscando adefinicao de rumos, a otimizacao de

recursos e a ampliacao, ern termos deabrangencia e visibilidade, dos servicoscomunitarios dessa Secretaria.

24 0 CRR/EL, em suaimplantacao no Bair-ro Santa Maria, reuniu, ate o momento,72 liderancas diversas da regiao, repre-sentando a Administragio Regional, aAssociacao dos Moradores, o Clube deFutebol, a Escola de Ensino Fundamen-tal, o Centro de Saade, a Escola de Sam-ba, a Creche, as Igrejas, a Fundacao H.P. Zielinski, que atende criancas de 7 a14 anos, liderangas de blocos de mora-dias e de grupos culturais como Quadri-lhas, Grupo de pagode, Grupo de ca-poeira, artistas do Bairro, Ilderes de pro-mogOes culturais para jovens, adultos eidosos, e lideres atuantes e/ou corn po-tencial para atuar corn futebol de cam-po, futsal, peteca, basquete e voleibol.0 CRR/EL, no Bairro Santa Maria, en-volveu, tambem, a participacao volunta-ria de urn assessor de outra Regional dacidade e quatro pesquisadores (das are-as de Arquitetura, Psicologia Social eAvaliacao). Ao mesmo tempo, vem dan-do atenc.a.-o especial a divulgacao inter-na e externa do Programa, mantendo oSecretario da SMES e toda Secretariadiariamente informada sobre suas ativi-dades, investindo, ainda, em outros ca-nais de comunicacao como jomais e te-

levisOes da cidade, revistas e encontrostecnicos e cientificos especializados, re-alizados dentro e fora do Estado. Alemdisso, preocupa-se corn a producao devideo, livro e jomal construido corn acomunidade e que socializarao, aindamais, as experiencias vividas.

Page 20: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

66 Motrivilincia

25 Exemplo disso acontece corn a pro-du 'cio do jornal do programa CFtR/EL nesse Bairro, que tern comissào edi-torial composta por representantes daSMES e da comunidade, juntos reu-nindo e elaborando materias, bemcomo cuidando de sua editoracao edistribuicio. Ha urn pacto de conti-nuidade da producao desse jomal pelacomunidade ap6s o periodo inicial deproducao conjunta corn a SMES.

26 0 treinamento de liderancas vem res-gatando projetos coletivos e iniciativasparticulares de Esporte e Lazer reali-zados historicamente no Bairro, valo-rizando habitos e demandas culturaisda comunidade.

27 E crescente o interesse da comunida-de pelas discuss6es dos temas do trei-namento, pela elaboracao escrita dassinteses construidas corn os participan-tes e pelas novas descobertas surgidas.

28 0 treinamento vem reunindo lideressignificativos da regiao despertados paraa reuniao de esforgos voltados a defini-cio de urn projeto cultural de Esporte eLazer que agregue uma participagaomaior possivel, potencializando awesque possam empreender mudancas noshabitos do lugar, bem como oferecercontrapartidas significativas para articu-lar cooperac6es intemas e extemas ecaptar recursos para a sustentacao deseus empreendimentos.

29 Nesse sentido, destacam-se as priori-dade da comunidade pela (1) criacaoe reforma de equipamentos para oEsporte e o Lazer; (2) concretizacaode awes educativas extensivas a todo

o Bairro (o jomal foi assumido comoum dos instrumentos diditicos e poli-ticos nesse sentido), e (3) qualificacaode monitores da regiao para continuarmobilizando atividades diversificadasde Esporte e Lazer para todas as ida-des.

Referencias bibliogrfifi-cas

BRACHT, Valter. Sociologia critka do es-porte; uma introducao. VitOria: UFES,Centro de Educacao Fisica e Despor-tos, 1997.

BRASIL. C,onstituicio da Repu'blica Fede-rativa do Brasil. Sao Paulo: Tecnoprint,1988.

CARVALHO, Yara Maria de. Lazer, cultu-ra e satide. In: Encontro Nacional deRecreacio e Lazer/ENAREL, 9, 1997,Belo Horizonte.Anais...Belo Horizon-te: UFMG/PBH,1997. p. 161-166.

DEMO, 'Pedro. Avaliaclo qualitativa. 4.ed. Sao Paulo: Autores Associados,1994.

. Pobreza politica. 4. ed. SaoPaulo: Autores Associados, 1994.

. Educagio e qualidade. 2.ed.Campinas: Papirus, 1995.

FREIRE, Paulo & NOGUEIRA, Adriano.Que fazer, teoria e pritica em educa-ca.° popular. 3.ed. Petr6polis: Vozes,1991.

Page 21: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

Ano X, n2 1 I, Julho/1998 67

GADOTTI, Moacir & GUTIERREZ,Francisco (Org.). Educacao comuni-dria e economia popular. Sao Paulo:Cortez, 1993.

KUNZ, Elenor. Tansformacio clidatica-pedagOgica do esporte. ljui: Unijui,1994.

LINHALES, Meily Assba. Politicascas para o esporte no Brasil; interessese necessidades. In: SOUSA, EustaquiaSalvadora & VAGO, Tarcisio Mauro(Org.). Wilhas epardhas, Educagao Fi-sica na cultura escolar e nos praticassociais. Belo Horizonte: Cultura, 1997.

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazere educacio. 2. ed. Campinas: Papirus,1995.

(Org,). Politicas ptiblicassetoriais de lazer, o papel das prefeitu-ras. Campinas: Autores Associados,1996.

. Estudos do /azer• uma intro-ducao. Campinas: Papirus, 1996.

MARQUES, Mario OsOrio.Aprenclizagemna mediaglo social, do aprendido e dadocencia. ljui: Unijui, 1995.

MIRANDA, Carlos Eduardo Albuquerquede. Qualidade de ensino e gestao de-mocratica. Revista Resolugdes, 1992,n. 10, p.42-46.

PBH/SMES. 0 Iddico e as paticas ptibli-cas • realidade e perspectival. Belo Ho-rizonte: SMES/PBH, 1995.

PEREIRA, William Cesar Castilho.Metodologia de educagao comunita-ria. In: SILVA, Rodrigo Guimaraes(Org.). Acio e vida; resposta a epide-

mia da AIDS em BH. Belo Horizonte:Secretaria de Saaide/PBH, 1996.

PINTO, Leila Mirtes Santos de Magalhaes.Recreacao e lazer, a manobra da au-tenticidade do jogo. Campinas:Unicamp, 1992. (Dissertacao deMestrado em Educacao Fisica).

. Uma leitura do pensamentoPaulo Freire sobre Recreacao/Lazer.Revista Brasileira de Ciencias do Espor-te, Maringa, v . 14, n . 2, p. 85-90, jan.1993.

. A legitimidade do modernosentido de esporte; um olhar sobre ahist6ria do esporte no Brasil. In: En-contro Nacional de Historic do Espor-te, Lazer e Educagdo Fisica, 4, 1996,Belo Horizonte. Colednea. Belo Hori-zonte: UFMG, 1996. p. 174-184.

. Sentido do jogo na educacaofisica escolar. Revista Motrivivencia, a8, n. 9, p. 95-108, dez.1996. p.174-184.

PINTO. et al., Marina & Comissao deEducacao Infantil do Sindicato das Es-colas Particulares de Minas Gerais/SINEPE-MG. Desafios da educagaoinfantil; a educacao infantil como agen-te de reflexao do processo educacio-nal. In: Encontro Mineiro de Educa-gio, 1, Caxambu/Minas Gerais: 1996.(Mimeogr.)

&- ZINGONI, Patricia. Centrosde Referencia Regionalizados de Es-porte e Lazer; proposta politica da Se-cretaria Municipal da Prefeitura de Belo

Page 22: Politicas pfiblicas de esporte e lazer: caminhos

68 Motrivivincia

Horizonte. Congresso Brasileiro de aencias do Esporte/CONBRACE, 10,1997, Goiania. Anal's.... Goiania:CBCE, 1997. p. 352-358.

SOARES, Magda. Linguagem e escola;umaperspectiva social. 9. ed. Sao Paulo:Atica,1992.

SOUZA, Maria Luiza de . Desenvolwinen-to de comunidade e pardcipacio. 5. ed.Sao Paulo: Cortez, 1996.

ZALUAR, Alba. Cidadios nao väo ao pa-rat-so; juventude e politica social. SioPaulo/Campinas: Escuta/Unicamp,1994. . A maquina e a revo/ta; as orga-

nizagees populares e o significado depobreza. 2. ed. Sao Paulo: Brasiliense,1994.

ZINGONI, Patricia & PINTO, Leila MinesSantos de Magalhaes. Centros de Re-ferencia Regionalizados de Esporte eLazer; urn passo a mais para a suaconcretizacao. In: Encontro Nacionalde Recreagio e Lazer/ENAREL, 9,1997, Belo Horizonte. Anais...Belo Ho-rizonte: UFMG/PBH, 1997. p. 746-754.