"poema" de nilton, "sensações"

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Sensações! Hoje assisti na TV Cultura um documentário sobre religiões populares, procissões, rezas, curandeiros, preces. Algo me chamou atenção pela posição que a câmera ocupava enquanto transitava entre locais de benzedeiras. Vou ver se me comunico. Casas populares se comunicam Corredores estreitos e sinuosos Fios de luz em pontes 'pencil' Canos plásticos brancos e expostos! Pisos de chão batido e pedra grês Azulejos enfeitam a diversidade Paredes em cores verdeazues leves Rebocos crescidos em crostas frágeis! Imagino odores das cozinhas próximas Sinto as paredes úmidas de vertentes Escuto as vozes comuicantes permanentes Vejo entrecortarem-se sombras e luzes do dia! Mas me grudo mesmo na energia viva Nos movimentos dirigidos aos rituais Levo e recebo as oferendas em flores e velas Fecho os olhos e vejo a vida cotidiana! Mistérios das rezas em corpos xamanizantes Mãos que passam ramos d'água benzida Corpos abraçados em longos momentos Olhos revirados rebendo divindades! Procuro explicações e encontro entregas Penso em lógicas e sinto densas vibrações Pergunto se conheço as buscas de cada um Respondem-me se também não busco junto! Apreciar corações juntos em preces e ritos Saborear caminhos entre casas de vida Escutar os sinais da matéria e da estética Podem também nos transformar em que?! Domingo, 1º de setembro de 2002. Com abraços do Nilton.

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Poema baseado em documentário visto na televisão

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Page 1: "Poema" de Nilton, "Sensações"

Sensações! Hoje assisti na TV Cultura um documentário sobre religiões populares, procissões, rezas, curandeiros, preces.Algo me chamou atenção pela posição que a câmera ocupava enquanto transitava entre locais de benzedeiras.Vou ver se me comunico. Casas populares se comunicamCorredores estreitos e sinuososFios de luz em pontes 'pencil'Canos plásticos brancos e expostos! Pisos de chão batido e pedra grêsAzulejos enfeitam a diversidadeParedes em cores verdeazues levesRebocos crescidos em crostas frágeis! Imagino odores das cozinhas próximasSinto as paredes úmidas de vertentesEscuto as vozes comuicantes permanentesVejo entrecortarem-se sombras e luzes do dia! Mas me grudo mesmo na energia vivaNos movimentos dirigidos aos rituaisLevo e recebo as oferendas em flores e velasFecho os olhos e vejo a vida cotidiana! Mistérios das rezas em corpos xamanizantesMãos que passam ramos d'água benzidaCorpos abraçados em longos momentosOlhos revirados rebendo divindades! Procuro explicações e encontro entregasPenso em lógicas e sinto densas vibraçõesPergunto se conheço as buscas de cada umRespondem-me se também não busco junto! Apreciar corações juntos em preces e ritosSaborear caminhos entre casas de vidaEscutar os sinais da matéria e da estéticaPodem também nos transformar em que?! Domingo, 1º de setembro de 2002.Com abraços do Nilton.