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3º SEMINÁRIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Repensando interesses e desafios para a inserção internacional do Brasil no século XXI
Associação Brasileira de Relações Internacionais
Área temática: Teoria das Relações Internacionais
PODER E POLÍTICA INTERNACIONAL NO SÉCULO XXI: UMA ANÁLISE DO SOFT
POWERi
Juliano dos Santos Bravo, PUC/RS.
Matheus Felten Fröhlich, PUC/RS.
Data: 29 e 30 de setembro de 2016.
Local: Florianópolis-SC.
Resumo
O trabalho estuda as nuances do poder no século XXI, através da teoria neoliberal ou neoinstitucionalista. O eixo central se organiza por meio do pensamento de Joseph Nye, com afinco especial, neste caso, ao Soft Power. O Soft Power pode se caracterizar como um instrumento epistemológico pelo qual os atores internacionais buscam alcançar resultados favoráveis mediante o ajuste da agenda, persuasão e produção de atração positiva. Nesse sentido, a pesquisa objetiva analisar, em um primeiro plano, as especificidades, extensões e limitações do Soft Power, para então, em um segundo momento, auferir a possibilidade deste ser um meio pelo qual tanto as nações centrais quanto as periféricas possam se inserir no tabuleiro internacional com determinado protagonismo. Para tal fim, a análise se desenvolve aplicando, a título de exemplo, casos que envolvam o Brasil, os Estados Unidos, a China e o Uruguai. Através da construção desse arcabouço científico, concisamente destacado, a pesquisa visa contribuir com a elucidação do poder no século XXI, sobretudo o Soft Power, aliado as capacidades de este ser ou não um dos vieses apropriados para o Brasil se inserir no meio internacional. Podendo coincidir, então, inserção e poder com desenvolvimento global na busca da diminuição de assimetrias mundiais e de bens públicos globais na política internacional do século XXI. Sem, no entanto, perder de vista aspectos sistêmicos definidores da política entre as nações, como a anarquia internacional.
Palavras-chave: Poder. Política Internacional. Soft Power.
INTRODUÇÃO
Pensar o poder na política internacional do século XXI demanda foco. Uma das
particularidades marcantes do presente século é a capilarização ou atomização do poder na
sociedade internacional. O poder está deixando de ser monopólio do estado nacional. A
presente modernidade avançada, bem como a volatilidade do mundo atual, requer a
necessidade de se amparar pequenos aspectos do poder, ou melhor, focalizar certas faces
do poder para melhor compreender a política mundial. Nesse ponto, a capacidade de
explicação e articulação do Soft Power entre as relações da sociedade internacional,
evidencia-se o poder deste em produzir mecanismos de inserção nacional e atração positiva
no sentido de tanto empreender um sentido cooperativo quanto de efetivo meio de
acréscimo de poder nacional no sistema internacional anárquico.
A presente revolução da informação, fortemente debatida em Nye (2007; 2012),
está provocando mudanças na articulação e difusão do poder na política mundial, capaz de
incorporar semelhanças, em níveis analíticos e proporcionais, a primeira e a segunda
revolução industrial. A distribuição do poder atinge a centralização do estado nacional, ora
para progresso ora para retrocesso da sociedade, ou seja, produzindo tanto
desenvolvimento social-econômico-político quanto desigualdades e conflitos.
A transformação política e social das últimas três décadas gera, tendo em conta o
Soft Power, uma ascensão no seu grau de relevância e eficiência. Se a revolução da
informação e o avanço da globalização geram uma difusão do poder e uma maior relevância
do conhecimento como forma de poder, é inegável que o Soft Power pode desempenhar um
papel se não preponderante, ao menos tão relevante quanto o poder tradicional das
nações? É, ainda, claro-evidente a função primordial do Hard Power, bem como a dimensão
do Smart Power, porém, como optamos pelo exame do Soft Power, este é quem está em
evidência e a escrutínio.
Por intermédio desta efêmera introdução do debate proposto nesta análise, o texto
se estrutura a partir de uma ótica central e esta vem a ser fatiada no sentido metodológico e
argumentativo. Ou seja, da exposição analítica do Soft Power e exames casuais, para o
poder na política internacional do pensamento de Joseph Nye e, deste, para a breve
digressão teórica. Nessa estrutura, assim organizada, o trabalho pretende amparar o
assunto com fins objetivos na contribuição para ampliar o conhecimento acerca do papel
desempenhado, sobretudo nas especificidades, extensões e limitações, do Soft Power.
Ressalta-se que, tendo em conta as dimensões da ideia de poder na política
internacional, este exercício não pretende, em absoluto, sanar a questão conceitual
desenvolvida por Nye e tão fortemente discutida na área.
1. Breve digressão teórica
Tendo em vista alguns aspectos fundamentais para o entendimento das Relações
Internacionais, ainda que de certa forma pleonásticos, o presente ensaio requer uma breve
retomada epistemológica para basilar, contextualizar e dimensionar o texto em seu rigor
científico e em sua proposta analítica. Por intermédio desse pensamento, o que se segue é
uma breve digressão teórica e conceitual, ainda que muito bem compreendida pelos
estudantes e pesquisadores da área.
Ao pensar em um ramo teórico de relações internacionais para amparar um estudo
ou ser o objeto do próprio estudo, exercício realizado nesta análise, recomenda-se, de
antemão, ter em mente alguns pormenores definidores, ou, em certa medida, formadores do
sentido inteligível de uma teoria. Como sugere a professora da Universidade do Kentucky,
Karen Migst (2009): “Uma teoria é um conjunto de proposições e conceitos que procura
explicar fenômenos especificando as relações entre os conceitos; o proposito final da teoria
é prever fenômenos” (MIGST, 2009, p. 52). Também, consoante Thales Castro (2016):
“Representa a maneira organizada de compreender, explicar e decifrar o mundo, revestindo-
lhe de cognoscibilidade” (CASTRO, 2016, p. 311). Ou, ainda, segundo Dougherty; Pfaltzgraff
(1997) e Braillard (1990), in Pecequilo (2004):
“[...] ‘teoria nada mais é do que a reflexão sistemática sobre fenômenos, destinada a explicá-los e mostrar como eles são relacionados um ao outro em um padrão com sentido e inteligente [...] a função essencial da teoria internacional é nos permitir melhorar
nosso conhecimento a respeito da realidade internacional, seja para o mero entendimento ou para o propósito de mudar a realidade’ (Dougherty; Pfaltzgraff , 1990: 15). [...] ‘A função da teoria consiste na explicação da realidade [...] e a esta função de explicação pode ser ligada a uma função de previsão, consistindo esta em prever a evolução futura da realidade que é o objeto da teoria’ (Braillard, 1990: 11-12)” (PECEQUILO, 2004, p. 114).
Ademais, para além do núcleo duro das teorias, vale ressaltar que cada vertente
teórica, como o (neo)realismo, o (neo)liberalismo, o construtivismo etc, não são esferas
circunscritas em que nelas contenham um manual estático ou um receituário propositivo e
doutrinário. Mesmo contendo um cerne definidor, as teorias são modos de organizar e/ou
entender e/ou prever a realidade por meio de um debate acerca de seu sentido contrastado
com a mudança constante desta realidade. O empírico, a todo o momento vem de encontro
do teórico. “Cada teoria, apesar de reivindicar abrangência, tem significativas deficiências”
(MIGST, 2009, p. 67). Compreende-se, desse modo, que “toda teoria representa visões de
uma realidade e permite vê-la a partir de um prisma determinado” (PECEQUILO, 2004, p.
114).
Dado o passo preliminar, cabe organizar sinteticamente onde está localizado o
notório teórico internacionalista Joseph Nye e o seu Soft Power. Reconhecido como
pertencente à escola neoinstitucional, ou neoliberal, das Relações Internacionais, Joseph
Nye e Robert Keohane marcaram posição e referência a partir da publicação de Power and
Interdependence: World Politics in Transition, em 1977. A partir de então, temas como a
interdependência e interdependência complexa começaram a fazer parte do debate teórico,
bem como, o papel do soft poder na política internacional. Como este é compreendido, quais
as dimensões (sensibilidade e vulnerabilidade), as assimetrias, os recursos e a
contextualização do poder (MESSARI e NOGUEIRA, 2005; BEDIN [Org], 2011; KEOHANE e
NYE, 2012).
Cabe ressaltar ainda, que mesmo eficiente metodologicamente, o parêntese teórico
contem seus limites, pois, segundo Nye (2007), o “soft power não é associado à teoria
liberal nem à teoria realista” (NYE, 2007, p. 62)1. Uma vez que, o poder das ideias não é
negligenciado por pensadores clássicos nem modernos, como Maquiavel e Morgenthau por
exemplo.
Sem o desnecessário intuito de adentrar em conceitos adjacentes ao tema
proposto, mesmo que de origem em Nye ou na escola Neoinstitucionalista, avançamos para
o propósito de analisar o poder e, sobretudo, o soft power. No desígnio de contribuir para a
1 Tradução nossa: “Nor is soft power associated with liberal rather than realist theory” (NYE, 2007, p.
62).
elucidação das suas especificidades, extensões e limitações na política internacional do
século XXI.
2. Poder na política internacional de Joseph Nye
O poder envolve uma gama articulada ou não de concepções abrangentes, como
do inanimado à natureza, do estrutural ao familiar, dos tanques às ideias. “Por meu
interesse nas ações e nas políticas” (NYE, 2012, p. 26), e aqui no Soft Power, é prudente
relacioná-lo diretamente à política internacional.
Em vista disso, “Poder é a capacidade de atingir os próprios objetivos ou metas.
Mais especificadamente, é a capacidade de influenciar os outros para obter os resultados
desejados” (NYE, 2007, p. 60)2. A partir dessa concisa ideia de poder, deve-se adentar nas
ramificações para entender, da melhor forma possível, os fundamentos e as influências
contidas no pensamento de Nye sobre o que é poder. Pois, quais são as fontes de poder, as
formas e faces do poder, como o poder se comporta ou como pode ser uma ferramenta e,
ainda, como este se encontra na política internacional do século XXI?
A discussão em torno da ideia de poder nos assuntos internacionais está a muito
tempo presente tanto nos textos clássicos como no debate acadêmico corrente. Joseph Nye
(2007; 2012) nos traz o poder a partir de duas perspectivas híbridas: posse de recursos e
comportamental. Conforme a Figura 1, o poder pode ser tangível a partir da posse de
recursos (mais identificado com o pensamento hard) e pode ser intangível por meio de
relações comportamentais (mais alinhado com o pensamento soft).
Por intermédio dessa figura, observa-se o caráter importante do contexto e da
estratégia no caminho para a busca da realização dos objetivos pretendidos, ou seja, na
efetivação do poder potencial em poder real. Além do mais, a conversão se torna a
habilidade central de um país ou ator para converter, vislumbrando corretamente o quadro, a
potência em poder. Este trânsito demanda uma habilidade de tradução da conjuntura para
empreender a melhor estratégia de conversão de poder.
Segundo Nye (2002), a título de exemplo, a melhor forma para preservar o poder
estadunidense no século XXI advém, sobretudo, de dois métodos centrais, uma
evidentemente em foco na sobrevivência e, logo a seguir, no provimento de bens públicos
globais. Em vista disso, “ganhamos duplamente com semelhante estratégia: pelos próprios
bens públicos e pelo fato de eles legitimarem o nosso poder aos olhos dos outros” (NYE,
2002, p. 234). Uma vez que, “em um número crescente de questões no século XXI, a guerra
não é o arbitro final” (NYE, 2012, p. 30). E, ainda, ressalta:
2 Tradução nossa: “Power is the ability to achieve one’s purposes or goals. More specifically, is the
ability to affect others to get the outcomes one wants” (NYE, 2007, p. 60).
Se, por um lado, os novos unilateralistas tentarem elevar a tática ocasional e provisória do unilateralismo a uma estratégia total, é bem provável que fracassem por três motivos: (1) a natureza intrinsicamente multilateral de diversas questões transnacionais importantes na era global, (2) o custo das consequências para o nosso poder brando e (3) a natureza cambiante da soberania (NYE, 2002, p. 262).
Figura 1
A partir da apreensão do poder enquanto comportamento ou comportamental
estabelece-se parâmetros relacionais, ou também descritos como as três faces do poder
(Figura 2.), Estes são concebidos como: “comando da mudança, controle das agendas e
estabelecimento das preferências” (NYE, 2012, p. 32). Nota-se o contraste entre comando
da mudança e estabelecimento das preferências e, entretanto, ambos correlacionam-se e
tanto a capacidade e habilidade de comando quanto de cooptação e atração podem produzir
resultados desejados, a depender dos contextos em que estão inseridos e a figurar ações
tanto soft quanto hard.
Nessa compreensão, deve-se evitar o erro de supor que o soft power se encontra
somente nas faces 2 e 3 do poder. Pois, como bem evidenciado em Nye (2012), o poder
brando vai depender da capacidade de persuasão, atração e confiança, e estes do contexto
em que está inserida a ação.
PODER
Posse de recursos ou comportamento:
(tangíveis ou intangíveis) Ex.: população, território,
economia, defesa, valores políticos, política
externa, cultura etc.
Contextos e Estratégias: Incide sobre a pontencialidade
dos recursos e o modo comportamental.
Conversão: variável crucial da transição do poder
em influência efetiva.
Poder potencial: a posse de recursos
mensuráveis ou não mensuráveis.
Poder realizado: habilidade para produzir resultados pretendidos. Podem ser sentidos ou
mensurados pelos meios tangíveis e intangíveis.
Figura 2
A despeito da Figura 2, observa-se a influência e a referência em que Nye (2012)
se alicerça para empreender seu entendimento de poder, além de que, entende-se
sucintamente a ideia central das três faces do poder. A 2ª e a 3ª, ademais, também são
identificadas com os “aspectos do poder estrutural” (NYE, 2012, p. 36). Em resumo, Nye
(2012) estabelece que:
O poder de comando (a primeira face) é muito visível e prontamente captado. Ele é a base do poder duro – a capacidade para conseguir os resultados desejados mediante a coerção e o pagamento. O poder cooptativos das faces dois e três é mais sutil e, por isso, menos visível. Ele contribui para o poder brando, a capacidade para conseguir resultados preferidos pela utilização dos meios cooptativos de estabelecimento da agenda, persuasão e atração (NYE, 2012, p. 38).
Por fim, cabe sublinhar alguns aspectos importantes do bem conhecido conceito de
Soft Power ou poder brando. O soft power pode deter inúmeros meios de recursos, mesmo
o militar, porém o que vai defini-lo como poder brando são certos comportamentos
específicos. Estes são, segundo Nye (2012), “o ajuste da agenda que é encarado como
legítimo pelo alvo, a atração positiva e a persuasão” (NYE, 2012, p. 44). Portanto, o poder
brando “é a capacidade de afetar outros utilizando meios cooptativos de ajuste da agenda,
persuasão e produção de atração positiva para a obtenção de resultados preferidos” (NYE,
2012, p. 44).
Existe a necessidade de estabelecer dois modos como os alvos são afetados pelo
Soft Power, que são os modos direto e indireto. “Na forma direta, os líderes podem ser
atraídos e persuadidos pela benignidade, competência ou carisma de outros líderes” (NYE,
2012, p. 130). A forma indireta, e mais comum, “é um modelo de dois passos em que o
público e terceiros são influenciados, e por sua vez afetam os líderes de outros países”
(NYE, 2012, p. 130-131). Desse modo, se pode vislumbrar inúmeros exemplos de produção
1ª Face: Robert Dahl. Mudança de comportamento.
"[...] a capacidade de conseguir que os outros ajam contra suas preferências e estratégias iniciais, e ambos os lados percebem esse poder" (NYE, 2012, p. 33).
2ª Face: Peter Bachrach e Morton Baratz. Controle da agenda.
"É a aquiescência do alvo à legitimidade da agenda que torna essa face do poder cooptativa e em parte constitutiva de poder brando - a capacidade de conseguir o que você quer pelos meios cooptativos de ajustar a agenda, persuadindo e suscitando uma atração positiva" (NYE, 2012, p. 34).
3ª Face: Steven Lukes. Criação ou modelagem das preferências.
"Se conseguir que os outros queiram os mesmos resultados que você, não será necessário anular seus desejos iniciais" (NYE, 2012, p. 35).
efetiva ou não de soft power na política internacional, como, também, compreender como
ações diretas do governos podem ser bem sucedidas ou não.
Por intermédio dessa análise preliminar, em que se estrutura brevemente aspectos
relevantes do soft power, o exame progride para o debate acerca do conceito na política
internacional contemporânea.
3. O Soft Power na era global
Um Estado pode obter ‘n’ resultados desejados na política internacional por meio da
tentativa de seus outros pares “replicarem suas atitudes, admirando seus valores, emulando
seus exemplos, aspirando aos seus níveis de prosperidade e abertura” (NYE, 2004a, p.3).
Uma sociedade baseada somente com hard power nunca de fato existiu, se qualquer
relacionamento que seja dependesse unicamente em coerção ou ameaça da mesma,
mesmo as alianças seriam impraticáveis. Hard Power e Soft Power estão correlacionados, já
que ambos nos revelam suas habilidades em atingir propósitos por meio de sensibilizar o
comportamento alheio – as nuances se apresentam nos graus de natureza dos
comportamentos e a concretude em que os recursos de poder são medidos (COOPER,
2004).
Assim sendo, o poder de comando e de cooptação também se diferenciam, no qual o
primeiro é a mera atuação para faculdade de mudar o que os outros fazem e o segundo é
moldar outrem para com seus interesses. Os recursos, que projetam os poderes brandos na
política internacional, nascem dos valores que uma organização ou país expressam em sua
cultura, práticas internacionais, políticas internas e como se relacionam com seus pares:
“quando os países fazem de seu poder legítimo aos olhares dos outros, acabam por
encontrar uma menor resistência para com seus interesses" (NYE, 2004a, p.5). Em suma,
os esforços que podem levar a habilidade de um Estado em afetar outros em medidas
cooperativas ou cooptando-os em medidas de agenda, persuadindo e promovendo
elicitações para com atrações positivas em busca de resultados preferíveis (GALLAROTTI,
2011).
Sobre três pilares se debruçam as principais faculdades do soft power: a cultura do
país em questão – no quesito de quão atrativa ela é perante outras – um rol de valores
políticos – consistindo parâmetros de ordem doméstica e padrões em sua atitude externa –
e, a política externa propriamente dita – dando referências em sua legitimidade e moralidade
imposta/apresentada (NYE, 2004). A cultura aqui se apresenta, segundo Nye (2004a) e
Gallarotti (2011), como um rol de valores e práticas que dão um sentido a sociedade.
Apresentada comumente como alta cultura – o que é consumido e perpetrado pelas elites –
e a cultura de massa, para utilizações populares como entretenimento.
O que aqui não pode ser confundido é que o soft power se apresenta diferentemente
de uma redução para poder cultural, confundido o poder da força convergente com recursos
culturais. A efetividade do impacto cultural, consequentemente seu soft power, irá depender
do contexto que está inserido. Atitudes, por exemplo, de políticas específicas, empresas e
empreendimentos ao redor do globo podem, ou não, trazer bons dividendos em longo prazo
(GALLAROTTI, 2011).
Coesão social, elevados índices de qualidade de vida, oportunidades laborais,
tolerância e liberdades de expressão constituem, de igual forma, em fontes domésticas de
soft power– concomitantemente ao respeito institucional, apreço pela democracia,
pluralismo e a leveza do sistema burocrático (GALLAROTTI, 2011; NYE, 2002). Um
mecanismo para a atração ocorre quando políticas de sucesso são copiadas, assim como o
difusionismo de boas práticas (ROTHMAN, 2011). A dispersão do poder consiste em um
fator importante em maior grau quando o mesmo é concentrado. Esse processo de difusão,
essencialmente, caracteriza um rol variado de possíveis casos a serem estudados.
O que Nye desenvolve com maior propriedade (2002), e como fizera anteriormente
com Keohane (1998) acerca do advento das comunicações em massa facilitadas pelo
barateamento da eletricidade e demais avanços tecnológicos em que chegaram à sociedade
civil, proveram algumas lições sobre possíveis efeitos políticos contemporâneos,
desafixando a imagem unicamente do protagonismo Estatal. Ascendendo
o empoderamento da sociedade civil através das redes e informação na mão de mais
pessoas, retirando o monopólio burocrático tradicional dos governos. Isto é, os governos
estarão mais pressionados com o policiamento da agenda internacional pela sociedade civil
e gozarão de menores liberdades para com a prestação de contas dos acontecimentos e
decisões tomadas.
Um dos conflitos que os Estados que operacionalizam o soft power consiste na
dificuldade em descrever a habilidade de atração da sociedade enquanto poder, enquanto
influência, e o desejo de retorno em cada caso. Por exemplo, Cooper (2004) cita que ambos
os ex-presidentes Saddam Hussein (Iraque) e Kim Jong-il (República Democrática da
Coreia) eram, assumidamente, apreciadores de filmes estadunidenses. Neste caso, o soft
power notadamente não pesou em ações de ambos os episódios, para ambos os lados.
Nye (2004a) complementa que alguns são “céticos perante a ideia do soft power
[justamente] porque têm o pensamento estreito sobre o poder em termos de comando ou
controles ativos [...]” (NYE, 2004a, p.15). Ademais, enfatiza que “a simples imitação das
boas táticas de um Estado não necessariamente indicará o total sucesso” (idem, p.15). O
exemplo aqui traçado pelo autor é do Japão na década de 1980, quando o Estado japonês
se tornou vanguarda na tecnologia de ponta, sendo alvo de engenharias reversas por todo o
mundo. Desse modo, angariou atração devido ao sucesso de suas políticas de
desenvolvimento industrial ou, até mesmo, por empresas estrangeiras (NYE, 2004a, p15).
Se viu que o conceito de soft power é deveras complexo, assim como a dificuldade
em descrevê-lo como um poder, que irá depender muito das circunstâncias conjunturais em
questão. Inúmeras variáveis podem ser atribuídas ao crescente processo de
interdependência dos Estados. Quando o poder é definido somente por uma deliberação de
ações de comando e controle acaba ignorando a segunda face do poder, a face estrutural. A
faculdade de conseguir os resultados almejados, sem necessitar forçar outrem através de
ameaças ou pagamentos, culmina ao ser útil em momentos em que existam conflitos de
objetivos, na qual a persuasão e a atração sejam empregadas com um comportamento
influenciável (FAN, 2008). Na mesma medida, as atrações devem ser mensuradas para com
seus propósitos requisitados. A título de exemplo: a cultura popular tem o âmago de atrair
pessoas e produzir o SP quando as culturas são similares. O SP se apresenta de maneira
difusa, sendo difícil a sua assimilação direta, no entanto, isso acarreta em grandes poderes
de barganha. Visto que, de outra maneira, os líderes insistiriam unicamente em retornos
imediatos (NYE, 2002; 2004; ROTHMAN, 2011).
O impacto da interdependência estatal contemporânea, e o penetrante processo que
compõe suas relações com poder, deposita o soft power mais como um produto de ações
sociais e econômicas do que um efetivo resultado oficial de ação governamental –
dependendo, novamente, do contexto. Organizações Não Governamentais com soft power
construído por si complicam e obstruem os efeitos desejados pelos governos em obter
esforços para seus resultados almejados. Nesse sentido, tornando-os, da mesma forma,
difíceis de serem mensurados.
No entanto, em termos de longo prazo, os Estados ainda detêm poder e
protagonismo a seu favor. Isso acarreta, do mesmo modo, problemas em permear seus
valores por mensagens de arrogância e unilateralismo. A alta cultura ou a cultura de massas
auxiliam na produção e construção de soft power na era da informação, porém, as
ações governamentais têm um papel crucial da mesma forma, como veremos em exemplos
a seguir (KEOHANE, NYE, 1998; NYE, 2002).
4. Ponderações sobre alguns casos de Soft Power
Añorve e Burt (2016) traçam uma progressão desde que a promoção dos valores
democráticos ficou intrínseca à política externa estadunidense após a fase final da Guerra
Fria. Os EUA utilizaram o seu soft power para minar os cambaleantes regimes comunistas
do final da década de 1980 em todo o globo e, embora o uso do hard power foi
operacionalizado em algumas situações, o poder brando foi crucial na promoção do espelho
americano como melhor forma de organização da sociedade. O que Nye (2004b) classifica
como “declínio do soft power americano”, se caracteriza como uma recente inabilidade dos
Estados Unidos da América (EUA), em inúmeros eventos, de organizar seus esforços com
aquilo que os estadunidenses construíram durante décadas. O autor discorre sobre os
acontecimentos após a invasão do Iraque em 2003 e como isso afetou o governo na sua
capacidade de ouvir. Ou seja, por vezes o soft power pode se apresentar por uma via
unilateral de promoção de valores íntimos ao âmago do Estado, não representando na total
aceitação pelos pares em que se relaciona.
Anos após, Nye (2010) volta suas análises para a política externa estadunidense
contrastando os posicionamentos do ex-presidente George W. Bush sobre a prospecção
dos valores democráticos internacionalmente. Nesse ponto de vista, Nye (2010) afirma que:
“[...] é mais simples para um país alterar políticas do que sua cultura, o que implica a
possibilidade de que um futuro líder estadunidense poderia escolher políticas que poderiam
auxiliar a recuperação de um país (NYE, 2010, p.4)”. A Guerra contra o Terror promovida
após os ataques de 11 de setembro de 2011, bem como toda a retórica belicosa em que a
política externa de Bush se pautou, inflamou a opinião pública nacional com a necessidade
eminente de conter o avanço de grupos extremistas. Por outro lado, desconsiderou as
externalidades decorrentes em outros cantos do mundo, servindo, portanto, como poder
catalisador pelos grupos com quem o governo e seus aliados combatiam (NYE, 2010).
O sucessor de Bush, Barack Obama, muito embora tenha notadamente utilizado do
hard power em sues dois mandatos – mantendo a presença no Afeganistão, enfrentando o
Estado Islâmico na Síria, entre outros movimentos (BIOS, 2011) –, almejou manter uma
posição de distanciamento e uma proposta de recomeço das abaladas relações com o
mundo árabe. Pautamos aqui o discurso feito na Universidade do Cairo em 2009, onde se
apropriou de referências da cultura local para neutralizar uma possível má impressão que a
administração anterior possa ter calcado. Dessa maneira, de acordo com Honneth (2010):
“desde a saudação feita em árabe até repetidas menções às realizações do islã [...] tudo
estava orientado a neutralizar a impressão do desprezo que pode ter surgido em muitos
países árabes” (HOUNNETH, 2010, p. 142). Portanto, ao assumir essa posição de
reinvenção, a administração de Obama buscou uma participação menos incisiva com
aspectos do hard power mas auxiliadas dos poderes brandos (NYE, 2010; LAGON, 2011).
Já os caminhos recentes da China têm se pautado por possuir uma “ascensão
pacífica” (BIJAN, 2005)3, ou seja, o soft power está em evidência. Embora existam teses em
que argumentem que a China não se pauta somente por vias pacíficas (MEARSHEIMER,
3 Tradução nossa: “Peaceful rise” (BIJAN, 2005).
2014), ainda assim, o papel do poder brando na sua política externa é de grande
eloquência.
A China da moderna se tornou um player vital para cadeias de produção global e,
ciente dos benefícios do soft power, adentraram por todos os continentes (ZHENG, 2009). O
país tem um estilo distinto na abordagem da política externa, que já na antiguidade se
demonstrava como o soft power acabava por ser mais almejado que questões de hard
power (FAN, 2008). Conforme salienta Zheng (2009), a pratica chinesa contemporânea trata
de “políticas de amizades omnidirecionais que enfatizam a importância da soberania estatal
e da não interferência com o objetivo de assegurar acesso a recursos e expandir os
mercados exportadores” (ZHENG, 2009, p. 2)4.
Nye (2012b), levantou a hipótese que o soft power embora efetivo para a China
estaria mal direcionado, argumentando que as “grandes potências tentam se utilizar da
narrativa do soft power para promover seus interesses, mas não é fácil vender a ideia
quando a mensagem é inconsistente com as realidades domésticas” (NYE, 2012b)5. Niu
(2013), pontua que essa visão do direcionamento equivocado de esforços não se comprova,
tendo em conta que a China figura como líder em fóruns de grande expressão, como é o
caso dos BRICS e o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nesse processo, a China
valoriza a cooperação entre países emergentes, notadamente com os países BRICS e
parceiros africanos (NIU, 2013).
No caso brasileiro, é exemplar como um Estado possui possibilidades de exercer
prospecção e almejar certo protagonismo sem invocar táticas de coerção tradicionais, ou de
hard power (DAUVERGNE, FARIAS, 2012). Diferente do caso chinês, o Brasil tem a
integridade de sua ação de player regional e global por meio da inserção do soft power. O
lócus como regional player, assim como outras potências do Sul global, não apresenta
saídas para a atuação tão dominante como grandes potências (União Europeia, EUA ou
China), mas o esforço em que as políticas dos dois mandatos do ex-presidente Luís Inácio
Lula da Silva reforçaram o caráter da expansão do grau de influência brasileiro pode ser
explicado através do soft power (FLEMES, 2010).
O soft power brasileiro pode se caracterizar com que White (2013) chama de “jeito
brasileiro de fazer política” (WHITE, 2013, p. 118). Iniciou pela batuta da política externa de
Lula a fins de remeter laços históricos das relações entre o Estado brasileiro e países
4 Tradução nossa: “[...] it practices an omnidirectional friendship policy that emphasizes the
importance of state sovereignty and noninterference with the objective of securing stable and sustainable access to resources and opening new export markets to fuel its economy” (ZHENG, 2009, p.2). 5 Tradução nossa: “great powers try to use culture and narrative to create soft power that promotes
their national interests, but it's not an easy sell when the message is inconsistent with their domestic realities” (NYE, 2012b).
africanos, aprofundando-os com quesitos culturais e econômicos, na qual a sua sucessora,
Dilma Rousseff, fez o papel de manter. Ademais, a diplomacia presidencial não foi a única
responsável por este feito, visto que, em inúmeras áreas sociais no meio nacional e
internacional (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, Embrapa, Fiocruz etc. [IGLESIAS
PONTE, 2010; IPEA, 2014]) as ações estatais e não estatais renderam forte influência
internacional no sentido característico do soft power (MILANI, 2014). Evidências de uma
diplomacia “proativa e pragmática” (HIRST; SOARES DE LIMA; PINHEIRO, 2010, p. 22).
Ou, ainda, “o Brasil procurou forjar nova identidade internacional, distinta das anteriores, e
que deveria servir como fator agregador para ampliar suas capacidades e ver-se respeitado
no cenário global.” (MIYAMOTO, 2011, p. 132).
Por derradeiro, cabe ainda trazer um exemplo que envolve tanto os Estados Unidos
e a China quanto o Brasil, frisado por Nye (2012), em que envolve recursos não tradicionais
de soft power e, ainda assim, comportamento efetivo no sentido de resultados preferidos, na
produção de bens públicos globais e ciente da anarquia internacional. Este é o caso em que
os “países aumentaram seu poder brando usando recursos militares para ajudar os
haitianos após o terremoto de 2010” (NYE, 2012, p. 122).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O esforço disposto neste estudo buscou produzir insights que possam auxiliar na
capilarização e na reflexão de um conceito em larga medida caro ao Brasil, especialmente
se assim a sociedade e o estado eximir-se dele.
O trabalho exposto, nessa perspectiva, pretendeu examinar e analisar, sob o
manto da epistemologia das relações internacionais, o soft power. Este, por sua vez, se viu
em uma escalada analítica e metodológica das estruturas inteligíveis das teorias
internacionais, passando pela compreensão do seu criador ao debate contemporâneo e, por
fim, a algumas ponderações casuais de seu emprego na política internacional. Através desta
perspectiva, pode-se discutir a importância do entendimento e da execução do soft power no
meio internacional como instrumento de acréscimo de poder das nações na era global,
mesmo considerando as características sistêmicas existentes.
O exame empreendido sobre o soft power demonstra como o poder é multifacetado
e complexo nas relações internacionais, mesmo que por opção metodológica tenha se
analisado somente este conceito da obra de Joseph Nye. A sua investigação revela um
emaranhado de interconexão entre proposições causais ou não, intencionais ou não,
estatais ou não, diretas ou não etc. No entanto, para além das profundas interligações que
produzem e conduzem o soft power no sentido de resultados desejáveis, é inegável que na
era global a sua importância é crescente e altiva.
A negação do soft power, como meio articulador de acréscimo e de legitimidade de
poder no meio internacional, é um provável erro que tanto as nações centrais quanto as
periféricas não se podem deixar ao acaso, ou à fortuna. Promovê-lo de modo que sustente a
coerência afirmativa em defesa dos direitos humanos e dos bens públicos globais, é
fundamental para exercer poder atrativo, persuasivo, cooptativo, afim de protagonismo e
direcionamento positivo na política internacional do século XXI.
Resta demonstrado que a margem de exercício afirmativo em que o soft power é
capaz de operar pode ser salutar para o Brasil, um país global de poder regional, como
também o é para os Estados Unidos e para a China, países globais e poderes globais.
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i Este trabalho é fruto de uma produção em parceria do Grupo de Estudos, Extensão e Pesquisa em Política Internacional Contemporânea/GEPPIC e do Núcleo de Estudos em Relações e Organizações Internacionais/NEROI. Os quais são vinculados, respectivamente, ao curso de Relações Internacionais da UFSM e a Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS.