pneumonia enzoótica suína

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UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC – FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE DOENÇAS INFECCIOSAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS – PNEUMONIA ENZOÓTICA SUÍNA – Grupo: Elizabete Oliveira Alves José Rafael Freitas Marylin Janypher de Souza Arleu Rayssa Helena Hasters Vanessa Esperandiu Williane Oliveira

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Page 1: Pneumonia Enzoótica Suína

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC –

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO DE DOENÇAS INFECCIOSAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

– PNEUMONIA ENZOÓTICA SUÍNA –

Grupo:

Elizabete Oliveira Alves

José Rafael Freitas

Marylin Janypher de Souza Arleu

Rayssa Helena Hasters

Vanessa Esperandiu

Williane Oliveira

JUIZ DE FORA

2013

Page 2: Pneumonia Enzoótica Suína

SUMÁRIO

Página

INTRODUÇÃO E ETIOLOGIA 3

EPIDEMIOLOGIA 4

SINAIS CLÍNICOS 5

DIAGNÓSTICO 6

TRATAMENTO 6

PREVENÇÃO E CONTROLE 7

CONCLUSÃO 8

ILUSTRAÇÕES 9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 10

Page 3: Pneumonia Enzoótica Suína

TRABALHO DE DOENÇAS INFECCIOSAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

– PNEUMONIA ENZOÓTICA SUÍNA –

1. INTRODUÇÃO E ETIOLOGIA

A Pneumonia Enzoótica Suína (PES), também conhecida como Pneumonia

Micoplásmica Suína (MPS), é uma doença crônica e muito contagiosa, de

distribuição cosmopolita, caracterizada por alta morbidade, baixa mortalidade, tosse

crônica e retardo do crescimento (RIBEIRO, 2002).

A doença é causada pela bactéria Mycoplasma hyopneumoniae (M.h.), uma

bactéria extracelular, gram-negativa fracamente corada, sem parede celular e que

por esse motivo, antibióticos que atuam nesse sítio apresentam-se ineficazes contra

o agente, sendo necessário o emprego de produtos que interfiram na síntese

proteica ou dos ácidos nucleicos da bactéria. Essa característica colabora para o

controle do M.h. no ambiente de criação, já que são organismos extremamente

sensíveis ao calor, detergentes e desinfetantes (HEIN, 2011).

A infecção provoca perda de mobilidade dos cílios respiratórios e danifica a

integridade dos brônquios, resultando numa redução das defesas naturais do trato

respiratório superior, aumentando assim a susceptibilidade a infecções secundárias.

O curso é crônico e a morbidade é alta, com baixa mortalidade (SCOFANO, 2006;

HEIN, 2011).

Por ser uma doença com alta prevalência, as perdas econômicas decorrentes

da Pneumonia Enzoótica estão relacionadas ao baixo rendimento dos animais,

demonstrado pela pior conversão alimentar e consequentemente ao menor ganho

de peso diário, aumentando assim o tempo de alojamento dos animais nas granjas

(HEIN, 2011).

A infecção é frequente em todas as regiões do mundo onde a suinocultura é

desenvolvida, tornando-se uma das mais importantes enfermidades respiratórias

relacionadas aos suínos (SCOFANO, 2006).

Este trabalho tem como objetivo a apresentação do curso da doença, bem

como os seus sinais clínicos, métodos de diagnóstico, tratamento, controle e

profilaxia.

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Page 4: Pneumonia Enzoótica Suína

2. EPIDEMIOLOGIA

O acometimento de suínos pela doença altamente contagiosa não depende

exclusivamente da presença da bactéria no ambiente de criação. Assim, variáveis

como manejo (instalações, animais aglomerados, condições de higienização -

biosseguridade), o ambiente de criação dos suínos (cita-se a ventilação, umidade

relativa do ar e oscilações de temperatura), e por fim, os próprios animais no que

tange à sua raça, seu estado imunológico, sua idade, são todos tidos como fatores

de risco que predispõem os animais à doença. (CARLTON, 1998).

Sucintamente, a Pneumonia Enzoótica dos Suínos (PES) inicia-se

principalmente pelo contato direto, do suíno susceptível, com secreções respiratórias

e via aerossóis eliminados em crises de tosse seca do animal contaminado. A

transmissão pela via aerógena é uma via potencial de contaminação dentro do

plantel e entre plantéis diferentes, dada a sua translocação por meio de

equipamentos, vestimentas, veículos de transporte (SCOFANO, 2006).

A forma indireta do contágio, muito embora menos viável à bactéria, dada a

sua baixa resistência ao ambiente, ocorre através dos fômites (HEIN, 2011 apud

BATISTA et al., 2004).

De modo geral, a mãe e os animais mais velhos são os que transmitem o

agente para os animais mais jovens, teoricamente, imunosusceptíveis. Essa relação

direta é algo que varia de acordo com a quantidade de Ig adquiridos pelos animais

via colostro, a quantidade de carga bacteriana a que foi exposto, ao sistema de

criação estabelecido na granja, etc.

Fêmeas parturientes que foram expostas à bactéria da PES, tendo sido

produzido anticorpos contra a mesma, transmitem no colostro as macromoléculas

aos seus filhotes, ficando estes também imunizados. Desta forma, vê-se que os

animais mais jovens são o foco de programas de erradicação, já que são mais

vulneráveis a diferentes fatores de estresse (desmame, mudança de baias

maternidade para crescimento, etc), o que os deixa com o sistema imunológico

baixo (HEIN, 2011 apud MAES et al., 2008).

Importante constar que a ocorrência da transmissão numa granja está

intimamente relacionada ao sistema de criação elegido por ela, ou seja, se trata-se

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Page 5: Pneumonia Enzoótica Suína

de uma granja produtora de leitões em creche ou em terminação, assim como há

aquelas que optam pela criação em ciclo completo.

Quanto maior o número de classes de animais dentro de um sistema de

criação, maior a ocorrência, pois temos uma variação de capacidade imunológica

(uns mais imunes, outros nem tanto). Assim, os sistemas que mantém maior

uniformidade entre o sistema de criação, por apresentarem uma “uniformidade

imunológica” entre os indivíduos ali confinados, têm índices menores da infecção.

3. SINAIS CLÍNICOS

Suínos de todas as idades podem adoecer, dependendo da imunidade do

rebanho em relação ao agente, mas nos rebanhos onde a doença é endêmica, os

sinais clínicos são vistos, principalmente, nos animais em crescimento-terminação,

já que estes tem uma baixa concentração de anticorpos contra o agente (HEIN,

2011).

O quadro clínico geral é influenciado pela presença de outras infecções

respiratórias e pelos fatores de risco existentes no rebanho. Quando temos apenas o

agente da Pneumonia Enzoótica atuando, podem ser evidenciados casos

assintomáticos, pois a bactéria não é eliminada completamente do trato respiratório

dos animais, os quais são capazes de manter a infecção persistente no rebanho

(HEIN, 2011; SCOFANO, 2006).

O principal sinal da doença é a tosse seca e crônica não produtiva que

geralmente é observada quando os animais são forçados a fazer exercícios. Essa

tosse inicia na maioria das vezes de 2 a 3 semanas após o início da infecção.

Havendo contaminação por agentes secundários, outros sinais como febre, tosse

produtiva, respiração abdominal (“batedeira”) e prostração podem ocorrer.

Em alguns casos ocorre corrimento nasal mucoso. Posteriormente, observam-

se animais com pouco desenvolvimento, pêlos arrepiados e sem brilho, sendo em

comum a desconformidade de peso entre leitões da mesma idade, devido à falta de

apetite (Figura 1).

Na necropsia observa-se consolidação pulmonar com áreas de coloração

púrpura a cinzenta, encontradas bilateralmente nos lobos apical, cardíaco,

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Page 6: Pneumonia Enzoótica Suína

intermédio e na parte anterior do lobo diafragmático (Figura 2 e Figura 3). À medida

que as lesões se vão resolvendo, formam-se cicatrizes interlobulares (SCOFANO,

2006).

4. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da PES é feito com base nos sinais clínicos, achados de

necropsia e exames histopatológicos. A rapidez e precisão do diagnóstico são

essenciais para prevenir a disseminação do Mycoplasma hyopneumoniae (RIBEIRO,

2002).

Os exames complementares mais utilizados no diagnóstico da pneumonia

enzoótica suína são:

Exame de imunofluorescência : consiste numa técnica operacionalmente

simples, barata e prática, que revela antígenos presentes em uma estrutura celular,

a partir da aplicação de um anti-soro fluorescente nos tecidos ou células;

ELISA : é um exame mais indireto, mediante o qual procura-se anticorpos

produzidos pelo organismo em resposta à presença da bactéria no organismo;

PCR : por sua vez, procura diretamente a sequência do DNA da bactéria,

mediante a reação de polimerização em cadeia, sendo mais eficiente que o ELISA;

TFC (Teste de fixação do complemento) : assim como o ELISA, faz titulação

de anticorpos, sendo, porém, menos sensível;

Exame de cultura do microrganismo : consiste num teste definitivo, sendo o

mais confiável, porém complexo, entre os exames complementares.

Saliente-se que, devido ao fato da taxa de crescimento do microrganismo ser

muito lenta, exigindo meios de cultura especializados, o exame de cultura do

microorganismo não se mostra prático (RIBEIRO, 2002).

5. TRATAMENTO

A pneumonia enzoótica suína é tratada com base em antibioticoterapia, sendo

entre os princípios ativos mais usados as tetraciclinas, quinolonas, pleuromutilinas,

lincosamidas, macrolídios e florfenicol (LIPPKE el al, 2010).6

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Vale ressaltar, porém, que o tratamento da pneumonia enzoótica suína por

meio do uso de antibióticos tem como objetivo apenas e tão somente o controle

parcial da doença, mediante a diminuição dos sintomas e lesões, as quais, uma vez

cessado o uso do medicamento, tendem a se desenvolver novamente. Por isso

mesmo, podemos concluir que o melhor tratamento para a pneumonia enzoótica

suína é a prevenção.

6. PREVENÇÃO E CONTROLE

Para se recomendar qualquer medida de controle, é importante que seja

conhecida a gravidade da doença no rebanho através de avaliações clínicas na

granja e de pulmões no abate. Isto deve ser feito para racionalizar a decisão das

medidas a serem tomadas, pois muitas vezes a relação custo-benefício não é

compensatória. Desta forma, para se conseguir um controle efetivo da doença deve-

se levar em consideração fatores de risco, como a qualidade do ar, ventilação,

amplitude térmica diária e a quantidade de animais por baias.

Deve-se utilizar sistemas de produção, respeitando o sistema todos dentro

todos fora, com vazio sanitário entre os lotes no crescimento e na terminação, essa

é uma das formas mais eficazes para controle da Pneumonia Enzoótica. Além disso,

deve-se procurar adquirir animais de outras granjas que possuam esse mesmo

sistema de produção, além de manejo e higiene adequados à criação, a fim de se

evitar a contaminação da granja com a introdução de animais aparentemente

assintomáticos, porém portadores da bactéria e/ou, também, com a introdução de

animais que não disponham da mesma resistência imunológica ao agente que os

animais já presentes na granja, correndo o risco de serem infectados e contaminar o

ambiente antes considerado seguro (HEIN, 2011).

Levando em conta que suínos sadios se infectam através de contato com

animais mais velhos, a presença de suínos de diferentes idades em uma mesma

instalação, faz com que a doença se torne persistente. Conforme Lippke et al 2010

animais de diferentes idades deverão permanecer em uma mesma sala por no

máximo 3 semanas.

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Utilizar um programa eficiente de vacinação contra Mycoplasma

hyopneumoniae, apresenta bons resultados para redução de sinais clínicos e lesões

provocadas pela Pneumonia Enzoótica. No mercado brasileiro atualmente existem

diversas marcas de vacinas contra a doença. Antes de estabelecer o momento ideal

para a vacinação, deverão ser observados alguns princípios:

A principal fonte de contato do M.h. é o contato direto através de secreções

do trato respiratório de suínos portadores com sadios.

Os anticorpos passivos frente ao M.h. decrescem quando os leitões têm

aproximadamente 6 semanas de idade, todavia essa idade é bastante variável.

Sabe-se que os anticorpos maternos presentes no leitão interferem na

resposta da vacinação. Assim, leitões que apresentam altos níveis de anticorpos

maternos no momento da vacinação podem apresentar uma indução de anticorpos

deficiente.

Em alguns casos pode ser recomendada a vacinação de porcas e leitoas

com duas doses. Alguns autores defendem a vacinação das porcas nulíparas.

Fazer uma correta armazenagem e aplicação da vacina no rebanho são

fatores determinantes para a obtenção do sucesso. A erradicação somente é

possível, através da eliminação total do rebanho, seguida de repovoação com

animais ou por um programa de desmame precoce segregado.

7. CONCLUSÃO

Sabemos que a Pneumonia Enzoótica é uma doença multifatorial que se

restringe ao aparelho respiratório. Por isso é importante salientar que não existe

uma medida de controle que atue isoladamente contra a doença. As medidas de

controle incluindo vacinação, medicação estratégica e redução de riscos é que irão

fazer com que o Mycoplasma hyopneumoniae atinja níveis mínimos de infecção

dentro do rebanho.

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8. ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Lote de recria com leitões de pesos desuniformes.

(Fonte: http://www.suinotec.com.br/principal.php?id=46&id_p=1)

Figura 2 – Lesões de consolidação nos lobos anteriores do pulmão de um porco com Pneumonia Enzoótica.

(Fonte: http://www.suinotec.com.br/principal.php?id=46&id_p=1)

Figuras 3 – Lesões presentes em um pulmão de um porco infectado pelo M. hyopneumoniae.

(Fonte: http://www.respig.pt/diseases/m-hyo.asp)

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Page 10: Pneumonia Enzoótica Suína

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE SUINOS. Pneumonia

Enzoótica. ABCS. 2011/13. Disponível em:

<http://www.abcs.org.br/producao/sanidade/158-pneumonia-enzootica>. Acesso em:

10 de Nov. de 2013.

CARLTON, W. W.; MCGVIN, M. D. Patologia Veterinária Especial de Thomson.

Tradução Cláudio S. L. de Barros – 2. ed. – Porto Alegre: ArtMed, 1998.

HEIN, H. E. Pneumonia Enzoótica Suína. 2011/12. 35 f. Trabalho de conclusão de

curso (Graduação em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. Disponível em: <

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/60799/000860469.pdf?

sequence=1>. Acesso em: 09 de Nov. de 2013.

LIPPKE, R. et al. Pneumonia Enzoótica . Suinotec – Educação

continuada em Suinocultura. 2010. Disponível em:

<http://www.suinotec.com.br/principal.php?id=46&id_p=1>. Acesso em: 06 de

Nov. de 2013.

RIBEIRO, F. C. Diagnóstico de Pneumonia Enzoótica pela Técnica de

Imunoperoxidase em Suínos Naturalmente Infectados. 2002. 72 f. Tese (Pós-

graduação em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária,

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2002. Disponível em:

<http://alexandria.cpd.ufv.br:8000/teses/medicina%20veterinaria/2002/171335f.pdf>.

Acesso em: 09 nov 2013.

SCOFANO, A. S. Pneumonia Enzoótica Suína: diagnóstico anatomopatológico,

prevalência e efeitos sobre o desenvolvimento de carcaça. 2006. 55 f.

Dissertação (Pós-graduação em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina

Veterinária, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2006. Disponível em: <

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Page 11: Pneumonia Enzoótica Suína

http://www.uff.br/higiene_veterinaria/teses/agostinho_sergio_completa_mestrado.pdf

>. Acesso em: 08 de Nov. de 2013.

ZOETIS. Pneumonia Enzoótica – Mycoplasma hyopneumoniae. Zoetis. 2013.

Disponível em: <http://www.zoetis.com.pt/suinos/produtos-condicoes/pneumonia-

enzo%C3%B3tica%E2%80%93mycoplasma-hyopneumoniae%20>. Acesso em: 08

de Nov. de 2013.

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