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PLANEJAMENTO, GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL MELISSA CAMARGO GONÇALVES THAÍS DAHER PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO EMPREENDIMENTO TURÍSTICO CHÁCARA MARABÚ, NO MUNICÍPIO DE ROLÂNDIA-PR Londrina 2011

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Page 1: PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO … · Especialização em Planejamento Gestão e Auditoria Ambiental. Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL. Londrina, 2011

PLANEJAMENTO, GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL

MELISSA CAMARGO GONÇALVES THAÍS DAHER

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO EMPREENDIMENTO TURÍSTICO CHÁCARA MARABÚ, NO

MUNICÍPIO DE ROLÂNDIA-PR

Londrina 2011

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MELISSA CAMARGO GONÇALVES

THAÍS DAHER

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO EMPREENDIMENTO TURÍSTICO CHÁCARA MARABÚ, NO MUNICÍPIO DE

ROLÂNDIA-PR

Monografia apresentada ao curso de

Especialização em Planejamento Gestão e

Auditoria Ambiental do Centro Universitário

Filadélfia – UNIFIL, como requisito parcial para

obtenção do título de Especialista.

Orientador: Prof. Dr. Mário Orsi

Londrina

2011

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MELISSA CAMARGO GONÇALVES

THAÍS DAHER

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO EMPREENDIMENTO TURÍSTICO CHÁCARA MARABÚ, NO MUNICÍPIO DE ROLÂNDIA-PR

Banca Examinadora:

_________________________________________

Prof. Dr. Mário Orsi (Orientador)

_________________________________________

_________________________________________

Londrina, ___ de __________ de 2011.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos coordenadores do curso, João Zequi e Mirian Maiola, pela

atenção e disponibilidade em nos atender sempre que os procuramos.

À professora Damares Biazin pela profunda compreensão diante de

situações inesperadas e pelo empenho em ajudar nossa turma a colocar em prática

a teoria vista em sala.

Ao professor Mário Orsi por ter aceitado nosso pedido de orientação e

também por nos dedicar parte de seu tempo e conhecimento.

Sem a boa vontade de Adrian Saegesser em abrir sua propriedade esse

trabalho não existiria! Muitíssimo obrigada!

Aos nossos familiares por entenderem que essa era uma importante etapa

em nossas vidas, mais uma vez, obrigada!

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo de resíduo reciclável p. 15

Figura 2: Exemplo de resíduo reciclável p. 16

Figura 3: Exemplo de resíduo reciclável p. 16

Figura 4: Lixeira para recicláveis (plástico) sem identificação p. 17

Figura 5: Lixeira para recicláveis (plástico) com identificação p. 18

Figura 6: Recipiente primário de armazenamento de orgânicos p. 19

Figura 7: Recipiente secundário de armazenamento de orgânicos p. 20

Figura 8: Interior do recipiente secundário de armazenamento de orgânicos p. 20

Figura 9: Composteiras de madeira antes do abastecimento p. 21

Figura 10: Composteiras de madeira após abastecimento p. 22

Figura 11: Composteiras diretamente no solo p. 22

Figura 12: Composteiras diretamente no solo p. 23

Figura 13: Horta orgânica p. 23

Figura 14: Horta orgânica p. 24

Figura 15: Rejeitos p. 26

Figura 16: Rejeitos p. 27

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GONÇALVES, Melissa Camargo; DAHER, Thaís. Plano de gerenciamento de resíduos sólidos do empreendimento turístico chácara Marabú, no município de Rolândia-PR. Monografia. 38 fls. Especialização em Planejamento Gestão e Auditoria Ambiental. Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL. Londrina, 2011.

RESUMO

Todas as atividades humanas são ambientalmente impactantes e uma de suas conseqüências é a geração de resíduos sólidos. Sua gestão é imprescindível para diminuir a exploração de recursos naturais renováveis e não renováveis, a exploração e poluição do solo, a proliferação de doenças, etc. Os resíduos sólidos podem ser classificados quanto a sua origem e periculosidade. Há, ainda, legislações que versam sobre o assunto a fim de promover uma gestão adequada dos mesmos. Objetivando-se conhecer e gerir de forma ambientalmente correta os resíduos sólidos de um empreendimento turístico na zona rural de Rolândia-PR, o presente trabalho constitui-se em um plano de gerenciamento de resíduos sólidos do supracitado estabelecimento. Através do acompanhamento e registro dos resíduos gerados foi possível perceber que boa parte deles, os orgânicos, tem potencial de serem transformados em adubo por meio da compostagem, os recicláveis de serem encaminhados para a coleta seletiva realizada por empresa terceirizada e os rejeitos devem ser encaminhados para aterro sanitário. Recomenda-se a instalação de coletores coloridos e da implantação de um programa de conscientização ambiental, mas, a despeito disso, é possível afirmar que o local se caracteriza como exemplar no quesito práticas sustentáveis e educação ambiental.

Palavras-chave: resíduos sólidos, gestão de resíduos, compostagem.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

2. APRESENTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ....................................................... 12

2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................... 13

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 13

3.1 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS ............................................................. 14

3.2 RESÍDUOS SÓLIDOS RECICLÁVEIS: SEPARAÇÃO, ARMAZENAMENTO,

ACONDICIONAMENTO E DESTINAÇÃO .............................................................. 15

3.3 RESÍDUOS ORGÂNICOS: COMPOSTAGEM / VERMICOMPOSTAGEM ...... 18

3.3.1 Compostagem ............................................................................................ 19

3.3.2 Vermicompostagem.................................................................................... 24

3.3.3 Compostagem x Vermicompostagem ......................................................... 25

3.4 RESÍDUOS NÃO-RECICLÁVEIS (REJEITOS): ATERRO SANITÁRIO /

COLETA PÚBLICA ................................................................................................. 25

4. INSTALAÇÃO DOS COLETORES DE RESÍDUOS .............................................. 28

5. PROGRAMA DE CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL ........................................... 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32

ANEXO ...................................................................................................................... 34

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INTRODUÇÃO

A qualidade de vida da população está diretamente ligada às suas atividades

e respectivas conseqüências. A geração de resíduos sólidos é resultado de

inúmeras ações humanas e sua gestão se faz necessária além de ser um dos

setores do saneamento básico sendo seu manejo reconhecido como um princípio

fundamental da Lei Federal 11445/07, haja vista que a ação antrópica é responsável

por impactos ambientais em diferentes proporções e se configura como uma das

grandes preocupações mundiais atuais (LAGO, ELIS, GIACHETI, 2006), essa

administração se justifica por diferentes razões, a saber: diminui a exploração de

recursos naturais renováveis e não-renováveis, reduz a proliferação de doenças e a

contaminação de alimentos; o consumo de energia decresce; diminui a exploração e

poluição do solo, água e ar; prolonga a vida útil dos aterros sanitários; entre outros.

O baixo grau de dispersão dos resíduos sólidos os fazem mais evidentes, o

que é muito preocupante. Somado a isso o fato de que não há destinação correta

dele e que 59% dos municípios depositam seus resíduos em lixões, fica evidente a

importância de se tratar o assunto, conforme dispõe Demajorovic (1995).

No que tange a definição de resíduo e lixo, percebe-se que não há consenso

entre autores que, muitas vezes, igualam e misturam os termos. No presente

trabalho, adota-se o termo resíduo sólido como é definido na Política Nacional de

Resíduos Sólidos, conforme a Lei Federal 12305/10, Título I, Capítulo II, Art. 3º, Item

XVI, a saber:

Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semi-sólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

É possível perceber aí certa semelhança com a definição que a NBR

10004/04 traz:

Resíduos sólidos: Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para

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isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Dada a quantidade de resíduos existentes, eles recebem diferentes

classificações quanto à origem (domiciliares, urbanos, de limpeza urbana, de

estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, de serviços de saúde, de

construção civil, agrossilvopastoris, de serviços de transportes, de mineração), à

periculosidade (perigosos e não perigosos) conforme artigo 13 da LF 12305/10.

Há, ainda, a classificação da NBR 1004/04 que traz a classificação de

resíduos da classe I (perigosos), da classe II (não perigosos) sendo II A (não inertes)

e II B (inertes). No presente trabalho, os resíduos gerenciados foram os de classe II

A.

No Brasil, encontra-se amparo legal à proteção do meio ambiente em

diferentes escalas hierárquicas. De acordo com a legislação brasileira, a considerar

nossa Carta Magna (BRASIL, CF/88), em seu artigo 23, designa-se como

competência da União, Estados, Distrito Federal e Municípios: “VI - proteger o meio

ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.”

Já o artigo 24, da CF/88, imputa à União, aos Estados e ao Distrito Federal

legislar concorrentemente sobre: “VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da

natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e

controle da poluição.”

O artigo 225 assegura-nos um “meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações” (BRASIL, CF/88).

A Lei Federal 6938/81, conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente

em seu artigo 3º, inciso I, define meio ambiente como sendo: “o conjunto de

condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que

permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Quando se considera um meio ambiente ecologicamente equilibrado, é

importante notar que variados fatores contribuem para isso. A CF/88 prevê que a

defesa e a preservação dele deve ser compartilhada e se mostra avançada ao

considerar, de forma holística, as condições necessárias na definição de ambiente.

Algumas Leis Federais versam sobre o assunto, em especial a 9605/98 e a

12305/10. A Lei Federal 9605/98, em seu artigo 54, conhecida por Lei de Crimes

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Ambientais, entende como crime contra o meio ambiente a poluição: “de qualquer

natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde

humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa

da flora.”

O parágrafo 2º (alínea V) prevê pena de reclusão de um a cinco anos: § 2º

Se o crime: “V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou

detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências

estabelecidas em leis ou regulamentos” (LEI FEDERAL 9605/98).

A Lei Federal 12305/10, e o Decreto Federal 7404/2010 que a regulamenta,

é um marco no que tange o assunto. Ela institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos (PNRS), dispõe sobre gestão integrada e o gerenciamento dos mesmos.

Também estabelece, entre outros, as definições de termos, instrumentos,

responsabilidades (dos geradores e do poder público) e resíduos perigosos. Além

disso, imputa aos geradores as suas responsabilidades, sendo elas diretas ou

indiretas.

A PNRS integra a Política Nacional do Meio Ambiente e articula-se com a

Política Nacional de Educação Ambiental, regulada pela Lei no 9.795, de 27 de abril

de 1999, com a Política Federal de Saneamento Básico, regulada pela Lei nº 11.445,

de 2007, e com a Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005.

A mesma Lei define, em seu artigo 3, item X, o gerenciamento de resíduos

sólidos como sendo um:

Conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei.

A gestão ambiental dos resíduos sólidos prevê a adoção de novas rotinas

que visem à minimização, manuseio, segregação na fonte, reutilização, reciclagem,

compostagem, acondicionamento/armazenamento, coleta, transporte, tratamento e

disposição final desses resíduos. De acordo com Le Sann e Garabini (2008), todas

essas etapas devem ser registradas, monitoradas e avaliadas com a finalidade de

melhorar continuamente essa administração.

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Segundo Garabini (2008), a redução ou tratamento de resíduos por meio da

adoção de um gerenciamento integrado é um método preventivo da poluição, da

contaminação e da degradação ambiental.

Prevenir é a melhor escolha quando é sabido que a contaminação da água e

do solo pode ocorrer no descarte incorreto de resíduos.

Haja vista que os estabelecimentos de hospedagem rural interagem

diretamente com o ambiente, preservar o patrimônio ambiental se faz necessário

além de urgente (LE SANN, GARABINI, 2008). Eles estão na interface do turismo,

do ambiente e do gerenciamento integrado de resíduos sólidos (GARABINI, 2008).

De acordo com (De Conto, 2005, apud GARABINI, 2008), os tipos mais

comuns de resíduos sólidos gerados em um meio de hospedagem são: matéria

orgânica putrescível, plásticos de diversos tipos, papel e papelão, vidro, metal ferro e

não ferroso, madeira, pano, trapo, couro e borracha, contaminantes químicos

(pilhas, medicamentos, embalagens com medicamentos, lâmpadas fluorescentes,

produtos de limpeza e outros), contaminantes biológicos (papel higiênico, curativos,

gazes, absorventes higiênicos, fraldas descartáveis), mistos (embalagens longa

vida, papel aluminizado, fiação elétrica, papel de sabonete, embalagens

impermeabilizadas) e diversos (pontas de cigarro, rolhas, gomas de mascar, papel

celofane, e pó de aspirador).

O desenvolvimento turístico local se faz presente na mentalidade de

administradores de empreendimentos turísticos rurais de pequeno porte que

apresentam, ainda, motivação e interesse em implantar um gerenciamento de

resíduos sólidos segundo constatou em sua dissertação Garabini (2008).

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2. APRESENTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A Chácara Marabú é uma empresa familiar e está sob os cuidados da família

Saegesser há mais de setenta anos. Localiza-se no município de Rolândia-PR e

possui uma área de três alqueires, sendo um deles destinado à preservação da

mata nativa, onde existem árvores centenárias como perobas e figueiras. O Ribeirão

Cafezal abastece a propriedade que ainda possui uma mina de água pura e

cristalina, onde foi instalada uma bomba que permite que essa água seja captada e

utilizada pelos moradores e hóspedes já que existe ali o serviço de hotelaria.

A partir da necessidade de geração de renda para preservar a mata nativa e

garantir a manutenção da propriedade, surge a idéia de transformar a chácara em

uma pousada rural e produzir de forma artesanal geléias, patês e licores para

comercialização.

Além das instalações de moradia do proprietário, nas quais uma parte é

destinada à recepção, preparação das refeições e local onde elas são servidas, a

pousada possui dois chalés para acomodação dos hóspedes. Esses chalés tiveram

suas instalações elétricas e hidráulicas reformadas para receber turistas, tendo o

cuidado de manter suas características construtivas originais.

Algumas atividades são desenvolvidas na propriedade, a saber:

Trilhas Ecológicas;

Banho de cachoeira;

Cursos de cozinha vegetariana;

Permacultura (em implantação);

Participação nas tarefas diárias como colher frutas e fazer

geléias, licores e patês.

Cursos de Artesanato com fibra de bananeira;

Projeto de Educação Ambiental em parceria com as

escolas da região.

A Chácara Marabú é um dos atrativos do projeto Rota do Café desenvolvido

pelo Sebrae – Regional Norte, que contempla outros atrativos em diversas cidades

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do norte do Paraná. A Rota do Café obteve em Julho de 2011, o primeiro lugar no

troféu Roteiros do Brasil do Ministério do Turismo.

O objeto de estudo desse trabalho foram os resíduos sólidos gerados pela

Chácara Marabú. Pensando em minimizar os impactos ambientais que os resíduos

sólidos gerados nesse empreendimento possam causar, propõe-se o Plano de

Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).

Por meio dele, objetivou-se diagnosticar as fontes geradoras de resíduos

dentro do empreendimento, minimizar essa geração e indicar a correta destinação

dos diferentes tipos gerados em todo o processo de produção das geléias e patês,

bem como os outros gerados através do serviço de hospedagem. Sendo necessária

qualquer adequação nesse sentido, o trabalho apontou a necessidade de uma

consultoria especializada para sanar eventuais não conformidades.

2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para elaboração do PGRS foi levantada a legislação relacionada ao assunto

(em âmbito federal), foram realizadas visitas técnicas no local para diagnóstico das

fontes geradoras, acondicionamento, segregação e destinação dos resíduos

atualmente adotada. O trabalho todo foi documentado por meio de fotografias e

coletas de depoimentos e registros do processo juntamente com o proprietário do

empreendimento.

Uma tabela de geração de resíduos, disponível no anexo deste trabalho,

com campos para preenchimento do tipo de resíduo gerado, bem como sua

quantidade (em quilogramas ou litros) foi disponibilizada para registro dos tipos de

resíduos e suas respectivas quantidades geradas no período de um mês. Junto a

essa tabela foram elaboradas instruções de preenchimento da mesma e orientações

também foram transmitidas ao responsável pessoalmente.

A análise da tabela foi realizada a fim de calcular a média de cada espécie

de resíduo gerado durante o período analisado. A partir disso foi possível

diagnosticar a atual situação e elencar sugestões de melhorias.

Tendo em vista o fato de que este trabalho tem como proposta analisar os

resíduos gerados no período de maior atividade do empreendimento, não houve

necessidade de realizar uma réplica da coleta de dados.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS

A geração de resíduos é uma realidade cada vez mais preocupante. A forma

inadequada de destinação final dos resíduos tem gerado grandes impactos

ambientais, sendo assim a coleta seletiva de resíduos ajuda a reverter esse quadro

através da implantação de sistemas de reciclagem e compostagem.

Conforme a Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001, do CONAMA: “a

reciclagem de resíduos deve ser incentivada, facilitada e expandida no país, para

reduzir o consumo de matérias-primas, recursos naturais não-renováveis, energia e

água.”

Os resíduos sólidos produzidos diariamente apresentam uma grande

diversidade de materiais e substâncias constituintes, os quais podem ser

classificados em três grupos de acordo com suas características para o

gerenciamento, conforme abaixo:

Resíduos Recicláveis: constituído por materiais que apresentam a

possibilidade de se tornarem matéria prima para a fabricação de novos produtos

como: papéis, plásticos, metais, vidros, embalagens longa vida, entre outros.

Resíduos Orgânicos: corresponde à parte “úmida” dos resíduos e são

caracterizados pelas sobras de alimentos, frutas e legumes, folhas, gramas, sobras

de cultura, podas, serragem, entre outros.

Resíduos Não-recicláveis (Rejeito): são os resíduos que não podem ser

reaproveitados ou valorizados em virtude de suas características ou devido à

inexistência de tecnologias apropriadas. Alguns exemplos como os resíduos de

banheiros, restos de varrição, embalagens cuja composição não permite reciclagem

ainda, entre outros.

Segue abaixo as medidas que devem ser tomadas referente aos resíduos

gerados na propriedade Chácara Marabú.

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3.2 RESÍDUOS SÓLIDOS RECICLÁVEIS: SEPARAÇÃO, ARMAZENAMENTO, ACONDICIONAMENTO E DESTINAÇÃO

Os principais resíduos recicláveis gerados na chácara Marabú são caixas de

papelão, plásticos (embalagens e sacolas) e vidro: pratos e copos quebrados,

garrafas, entre outros (Figuras 1 a 3). Atualmente, os recicláveis, bem como os

rejeitos, são acondicionados em lixeiras com sacolas plásticas de supermercados e

depois transportados de veículo até a cidade de Rolândia, pois não há coleta pública

na zona rural. Conforme as informações retiradas na Prefeitura de Rolândia e com

os moradores, a cidade não possui sistema de coleta seletiva, sendo todos os

resíduos destinados para o lixão a céu aberto.

Figura 1: Exemplo de resíduo reciclável

Fonte: as autoras, 2011.

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Figura 2: Exemplo de resíduo reciclável

Fonte: as autoras, 2011.

Figura 3: Exemplo de resíduo reciclável

Fonte: as autoras, 2011.

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No entanto, os resíduos sólidos recicláveis devem ser separados, lavados e

armazenados secos no depósito de madeira localizado ao lado da casa principal. A

cada duas semanas eles devem ser destinados para uma empresa terceirizada que

realiza corretamente a coleta/destinação dos mesmos.

Essa empresa terceirizada tem que ser licenciada pelo Instituto Ambiental do

Paraná (IAP), considerando que a propriedade Chácara Marabú deve manter

registros (documentos) que comprovem que o estabelecimento realizou a destinação

final dos resíduos de forma adequada. Estes documentos são fornecidos pelas

empresas que realizam a coleta/destinação de resíduos.

A adequação das lixeiras disponíveis na pousada já foi realizada por meio de

sinalização com etiquetas adesivas (Figuras 4 e 5).

Figura 4: Lixeira para recicláveis (plástico) sem identificação

Fonte: as autoras, 2011.

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Figura 5: Lixeira para recicláveis (plástico) com identificação

Fonte: as autoras, 2011.

3.3 RESÍDUOS ORGÂNICOS: COMPOSTAGEM / VERMICOMPOSTAGEM

A compostagem de resíduos orgânicos é um dos métodos mais antigos de

reincorporação da matéria orgânica aos ciclos da natureza. Atualmente esta prática,

em virtude de seus benefícios ambientais, constitui-se num elemento fundamental

para a sustentabilidade das ações voltadas para o gerenciamento de resíduos

(reduzindo as quantidades e o potencial de poluição do fluxo de resíduos) e para a

agricultura orgânica (contribuindo para a manutenção e recuperação da fertilidade

das terras de cultivo).

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3.3.1 Compostagem

No caso da Chácara Marabú a compostagem já faz parte da rotina de

trabalho, onde todos os resíduos orgânicos gerados na propriedade têm esse fim.

Os resíduos são acondicionados em recipientes específicos para isso tão logo são

gerados (Figura 6) e depois acumulados em recipiente de polietileno maior (Figuras

7 e 8) que armazena esses resíduos por cerca de três dias para, na sequência,

serem encaminhados para compostagem na propriedade (Figuras 9 e 10). O

transporte não requer veículo de qualquer tipo e é realizado de forma braçal pelos

funcionários do estabelecimento.

Figura 6: Recipiente primário de armazenamento de orgânicos

Fonte: as autoras, 2011.

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Figura 7: Recipiente secundário de armazenamento de orgânicos

Fonte: as autoras, 2011.

Figura 8: Interior do recipiente secundário de armazenamento de orgânicos

Fonte: as autoras, 2011.

Há duas composteiras que foram confeccionadas artesanalmente de

madeira e são abastecidas cada uma semanalmente com cerca de 8 kg de resíduos

orgânicos acrescentando galhos, folhas, um pouco de terra e borra de café (Figuras

9 e 10). Essa quantidade depende da produção das geléias e patês. Em agosto foi

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confeccionada nova composteira, dessa vez diretamente no solo e com maior área

(Figuras 11 e 12). A cada três meses o adubo formado através da compostagem é

utilizado na horta orgânica cultivada no local (Figuras 13 e 14).

Os principais resíduos orgânicos gerados na Marabú são restos de frutas e

legumes, provenientes da produção de geléias e patês além de cascas de ovos,

sementes e restos de comida em geral gerados pelo serviço de hospedagem e

almoço vegetariano servido aos domingos para turistas não hospedados na chácara.

Os resíduos não possuem nenhum tipo de carne, pois a propriedade cultua a

filosofia do vegetarianismo.

Figura 9: Composteiras de madeira antes do abastecimento

Fonte: as autoras, 2011.

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Figura 10: Composteiras de madeira após abastecimento

Fonte: as autoras, 2011.

Figura 11: Composteiras diretamente no solo

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Fonte: as autoras, 2011.

Figura 12: Composteiras diretamente no solo

Fonte: as autoras, 2011.

Figura 13: Horta orgânica

Fonte: as autoras, 2011.

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Figura 14: Horta orgânica

Fonte: as autoras, 2011.

3.3.2 Vermicompostagem

A utilização de minhocas para a produção do composto orgânico é outra

alternativa para o processo de compostagem, chamado de vermicompostagem.

O processo funciona da seguinte forma: a matéria orgânica constitui o

alimento das minhocas e ao passar através do tubo digestivo desses animais, é

decomposta e enriquecida pela ação de bactérias presentes ali. Os excrementos das

minhocas mais a matéria orgânica que os acompanha, constituem o composto

orgânico, geralmente denominado como húmus de minhoca ou vermicomposto.

As minhocas consomem, diariamente, o equivalente ao seu próprio peso. De

todo material ingerido pela minhoca, cerca de 60% é transformado em húmus ou

vermicomposto. Trata-se, portanto, de um processo rápido de produção de

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composto orgânico, que demanda apenas algumas horas, ou seja, o tempo

necessário para o material percorrer o intestino da minhoca.

Os requisitos básicos para implantação dessa atividade são: disponibilidade

de terreno, resíduos orgânicos e minhocas.

Alguns cuidados devem ser tomados com relação ao material a ser

vermicompostado, em virtude da possibilidade (caso o mesmo esteja contaminado)

de acúmulo de metais pesados nas minhocas e de microorganismos patogênicos

sobreviverem nos excrementos destas. Estes problemas são evitados através da

prática de separação dos resíduos na fonte geradora (evitando processos posterior

de triagem dos resíduos misturados) e do controle dos parâmetros operacionais do

processo de compostagem de maneira a atingir temperaturas necessárias para

eliminação dos microorganismos patogênicos.

3.3.3 Compostagem x Vermicompostagem

Ambos os processos são eficientes para resolução dos problemas referente

aos resíduos orgânicos, inclusive na propriedade que utiliza o adubo gerado desse

processo para a horta orgânica da chácara.

A opção do proprietário em utilizar o processo de compostagem em vez da

vermicompostagem (processo mais rápido), é devido à mistura dos resíduos

orgânicos que contém restos de frutas cítricas (limão, laranja entre outras) e cebola,

pois no processo de vermicompostagem esses tipos de resíduos têm de ser

retirados, pois não são aceitos pelas minhocas. Como a quantidade de restos de

frutas cítricas é bastante considerável, fica mais fácil trabalhar com o processo de

compostagem.

3.4 RESÍDUOS NÃO-RECICLÁVEIS (REJEITOS): ATERRO SANITÁRIO / COLETA PÚBLICA

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Os rejeitos gerados na propriedade são em menor quantidade (Figuras 15 e

16), gerando cerca de um saco de 100L a 900L por semana, dependendo da

quantidade de hóspedes na pousada. Atualmente são destinados para a coleta

pública da Prefeitura de Rolândia, onde são encaminhados para o lixão da cidade.

Garabini (2008) afirma que a participação dos hóspedes é importante para a

eficiência da segregação de resíduos na fonte, mas, no presente trabalho, a fim de

preservar a privacidade dos mesmos, não foi possível diagnosticar possíveis

equívocos na separação de resíduos por parte deles. Dessa forma, espera-se que

parte dos resíduos descartados como rejeitos poderia ter sido destinada como

recicláveis, por exemplo.

A destinação correta para esse tipo de resíduos é o aterro sanitário ou

incineração. No caso da cidade de Rolândia, por não possuir o devido local para o

envio dos rejeitos, deve-se contratar uma empresa terceirizada e licenciada pelo

Instituo Ambiental do Paraná (IAP) que realize esse tipo de coleta. O aterro sanitário

utilizado por essa empresa deve estar de acordo com a ABNT NBR 13.896/97.

Figura 15: Rejeitos

Fonte: as autoras, 2011.

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Figura 16: Rejeitos

Fonte: as autoras, 2011.

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4. INSTALAÇÃO DOS COLETORES DE RESÍDUOS

A instalação de kits de coletores de resíduos adequados para o

turista/visitante identificar onde cada resíduo deve ser descartado. Estes recipientes

deverão ser adequados à separação e armazenamento dos resíduos recicláveis,

com cores diferenciadas para facilitar a separação do material.

As cores dos coletores de resíduos devem ser de acordo com a Resolução

CONAMA nº 275/2001, utilizando: azul (papel/papelão); vermelho (plástico); verde

(vidro); amarelo (metal); marrom (resíduos orgânicos); cinza (resíduo geral não

reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação).

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5. PROGRAMA DE CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

A elaboração e implementação do Programa de Conscientização

Ambiental com os visitantes e turistas que passam pela Chácara Marabú, tem

como objetivo educar e conscientizar sobre a importância dos cuidados com o

meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida. A prática desse programa

consta na integração direta com a natureza e através das seguintes ações:

Elaboração de materiais educativos como: folders explicativos feitos

em material reciclado, sobre a importância da separação dos resíduos,

processos de compostagem, entre outros;

Instalação de painéis informativos sobre o processo de separação dos

resíduos;

Frases em placas de madeira sobre o cuidado com o meio ambiente

espalhadas pela propriedade. (Ex: No caminho da trilha ecológica);

Elaboração de um tour pela propriedade passando pela colheita da

matéria-prima utilizada para a produção das geléias/patês, processo

produtivo, separação de resíduos, composteiras, horta orgânica (onde

é utilizado adubo feito através do processo de compostagem) e a mata

nativa da propriedade que possui árvores de até 400 anos.

Elaboração de um texto a ser divulgado em mídias sociais e sítio

eletrônico do empreendimento, por exemplo, sobre a oportunidade que

o visitante/turista da Chacará Marabú tem de vivenciar um contato

maior com a natureza preservada, mas, muito mais importante,

promover uma sensibilização quanto à necessidade de cuidar e

preservar o meio ambiente que possa resultar em uma mudança de

atitude no dia-a-dia dessas pessoas;

Treinamento dos funcionários para distinguirem os diferentes tipos de

resíduos e tomarem conhecimento da importância da segregação e da

redução da geração na fonte para que possam colaborar ativamente

na administração dos resíduos.

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Através deste programa, a chácara Marabú pode se tornar exemplo para as

pessoas sobre os métodos de buscar as melhores formas de interação com a

natureza e a redução dos impactos ambientais gerados através da atividade

humana. Deste modo, é possível uma interação do homem com a natureza

minimizando os efeitos negativos desta convivência e buscando um equilíbrio

harmônico.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste trabalho foi possível identificar o potencial da Chácara Marabú

para se tornar um local exemplar de práticas sustentáveis e educação ambiental.

Por ser um local que recebe diferentes tipos de visitantes e turistas o ano todo, é

necessário que as diversas etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos

sejam corretamente seguidas e as medidas descritas nos itens 4 e 5 acima sejam

implantadas a fim de disseminar e esclarecer informações para as pessoas que

trabalham e passam pela propriedade.

Conforme Neiman (2002), a complexa questão ambiental e os problemas

enfrentados pelo homem contemporâneo muitas vezes causam um sentimento de

impotência. A sociedade está em busca de soluções e somente com um verdadeiro

“mutirão de todos” será possível vislumbrar um futuro melhor para as próximas

gerações.

O setor hoteleiro tem importante função na mudança de paradigmas em

termos ambientais. No caso em questão, é notável a disposição e interesse do

proprietário em incorporar novas atitudes que atinjam os demais geradores de

resíduos: funcionários e hóspedes. Os benefícios de novas posturas poderão ser

notados na economia e otimização de insumos.

O desenvolvimento do turismo sustentável e de base local, aliado à melhoria

da qualidade ambiental, também podem ser considerados como pontos positivos

que surgirão em conseqüência de uma nova postura diante de aspectos ambientais.

Uma questão muito importante referente a este trabalho vai além da

implantação de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos e sim uma forma de

auxiliar o proprietário a utilizar sua propriedade como um local de aprendizado e

disseminação da consciência ecológica e futuramente se tornar um Centro Ecológico

de Aprendizagem.

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REFERÊNCIAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004. ______. NBR 13.896/97: Aterros de resíduos não perigosos: critérios para projetos, implantação e operação. Disponível em http://www.cetesb.sp.gov.br/solo/residuos/base3.pdf. Acesso em: 28/11/11. BRASIL. Lei Federal 6938/81. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=313. Acesso em 16/10/11.

______. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 05 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm Acesso em 13/07/11. ______. Lei Federal 9605/98. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/fauna/legislacao/lei_9605_98.pdf. Acesso em 16/10/11. ______. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, CASA CIVIL, SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS. Lei Federal nº 12305. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em 10 de março de 2011. ______. Lei Federal 11445/07: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445.htm. Acesso em 20/11/11. ______. Decreto 7404/10. Disponível em: http://WWW.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010Decreto/D7404.htm. Aceso em 07/12/11. CONAMA – Resolução nº 275, de 25 de Abril 2001. Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/res27501.html. Acesso em: 28/11/11. DECONTO, Suzana Maria. Gerenciamento de Resíduos Sólidos em Meios de Hospedagem. In: NETTO, Alexandre Panosso et all (org.). Análises Regionais e Globais do Turismo Brasileiro. São Paulo: Rocca, 2005. DEMAJOROVIC, Jacques. Da política tradicional de tratamento do lixo à política de gestão de resíduos sólidos: as novas prioridades. In: Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, nº 3, p. 88-93, mai/jun. 1995. Disponível em: http://www.lapa.ufscar.br/bdgaam/residuos_solidos/Gest%E3o/Demajorovic_2.pdf Acesso em 16/10/11.

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GARABINI, Patrícia Pedrosa. Turismo, sustentabilidade e meio ambiente: o gerenciamento dos resíduos sólidos dos meios de hospedagem em área rural – o caso de Caeté/ MG. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte. Centro Universitário/ UMA Julho/2008. Disponível em: http://www.mestradoemtma.com.br/wp-content/uploads/2010/06/TURISMO-SUSTENTABILIDADE-E-MEIO-AMBIENTE.pdf. Acesso em 02/11/11. LAGO, Alexandre Lisboa; ELIS, Vagner Roberto; GIACHETI, Heraldo Luiz. Aplicação integrada de métodos geofísicos em uma área de disposição de resíduos sólidos urbanos em Bauru-SP. In: Revista Brasileira de Geofísica. ISSN 0102-261X n. 24, v. 3, p. 357-374. Sociedade Brasileira de Geofísica, 2006. LE SANN, Janine Gisele; GARABINI, Patrícia Pedrosa. Gestão Ambiental de resíduos sólidos dos meios de Hospedagem em Área Rural – uma visão sistêmica e normativa. In: Reuna. Belo Horizonte, v.13, nº 1, p. 19-31, 2008. Disponível em: http://revistas.una.br/reuna/index.php/reuna/article/viewFile/145/176 Acesso em 01/12/11. NEIMAN, Zysman. Meio Ambiente Educação e Ecoturismo. Barueri - SP, Manole, 2002. RODRIGUES, Efraim. CARTILHA: Compostagem em Escola. Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2011. SEBRAE Paraná – Coleta Seletiva e Educação Ambiental – Documento referencial e material multimídia, 2011.

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ANEXO

TABELA DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS – CHÁCARA MARABÚ Orientações quanto ao preenchimento correto da tabela:

Anotar a data em que cada tipo de resíduo é retirado da propriedade e sua quantidade podendo ser em quilogramas ou em litros. Quando se utilizar sacolas plásticas de mercado, anotar o quanto elas estão cheias, por exemplo: cheia até a metade, totalmente cheia.

Se houver mais de uma retirada de resíduos no mesmo dia, não há problema em anotar em mais de uma mesma linha. O importante é que tudo que sair como resíduo (orgânico, reciclável ou rejeito) deverá ser anotado. Na última coluna, escrever o nome do responsável pelas anotações.

INÍCIO: 16/09/2011 (sexta-feira)

TÉRMINO: 16/10/2011 (domingo)

Período: 30 dias

DATA ORGÂNICO – Kg ou Litros (Ex: Restos de comidas, sementes e cascas de frutas)

RECICLÁVEL– Kg ou Litros (Ex: Embalagens plásticas limpas, papelão, papel)

REJEITO – Kg ou Litros (Ex: Papel higiênico e guardanapo, usados)

RESPONSÁVEL (NOME)

16/09 2.100 Kg 1.800 Kg 0.200 Kg Daniele

17/09 2.300 Kg 1.900 Kg 0.100 Kg Daniele

19/09 3.000 Kg 1.000 Kg 0.162 Kg Daniele

20/09 2.700 Kg 0.700 Kg 0.200 Kg Daniele

21/09 4.500 Kg 0.900 Kg 0.220 Kg Daniele

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22/09 2.000 Kg 0.300 Kg 0.210 Kg Daniele

23/09 1.800 Kg 0.600 Kg 0.300 Kg Daniele

24/09 2.000 Kg 0.400 Kg 0.300 Kg Daniele

25/09 3.000 Kg 1.200 Kg 0.965 Kg Daniele

26/09 2.500 Kg 0.900 Kg 0.400 Kg Daniele

27/09 2.600 Kg 0.820 Kg 0.835 Kg Daniele

28/09 2.100 Kg 0.500 Kg 0.205 Kg Daniele

29/09 1.500 Kg 3.700 Kg 0.560 Kg Daniele

30/09 3.290 Kg 4.100 Kg 0.470 Kg Daniele

01/10 2.200 Kg 1.215 Kg 0.380 Kg Daniele

02/10 3.200 Kg 1.900 Kg 0.720 Kg Daniele

03/10 4.800 Kg 1.100 Kg 0.585 Kg Daniele

04/10 2.300 Kg 0.600 Kg 0.325 Kg Daniele

05/10 4.100 Kg 0.800 Kg 0.850 Kg Daniele

06/10 3.100 Kg 0.720 Kg 0.980 Kg Daniele

07/10 3.800 Kg 4.000 Kg 1.200 Kg Daniele

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08/10 4.295 Kg 2.300 Kg 0.800 Kg Daniele

09/10 3.720 Kg 1.050 Kg 1.100 Kg Daniele

10/10 3.000 Kg 0.200 Kg 0.250 Kg Daniele

11/10 6.200 Kg 0.800 Kg 0.330 Kg Daniele

12/10 4.350 Kg 1.200 Kg 0.300 Kg Daniele

13/10 3.450 Kg 0.740 Kg 0.630 Kg Daniele

14/10 2.300 Kg 0.990 Kg 0.935 Kg Daniele

15/10 4.200 Kg 1.240 Kg 1.200 Kg Daniele

16/10 4.500 Kg 1.260 Kg 1.100 Kg Daniele

TOTAL (30 dias)

94.905 Kg 38.935 Kg 16.812 Kg -