P e r s o n a g e m

Professor do Mackenzie Poucas cons-

truções nacidade têm

mais a cara de SãoPaulo que o Edi-fício Itália. Idea-lizado pelo Cir-colo Italiano, comprojeto de umsuíço, ele ganhoustatus de pontoturístico e tornou-se marco da ci-dade. Além da ar-quitetura vanguar-dista e do visualprivilegiado que

oferece — principalmente à noite,quando se olha do últi-mo andar — conquistou o paulistano, e até os estran-geiros,com a gastronomia italiana do restaurante TerraçoItália, especializado em comida italiana, claro. Símbolo daimigração italiana, o edifício — inaugurado em 1965 —foi projetado por Adolf Franz Heep que passou no Brasilboa parte da sua vida, deixou sua marca em vários edifí-cios da cidade e a influência do seu estilo em muitos ou-tros arquitetos, pois deu aulas de 1958 a 1965, na cadeirade Projetos da Faculdade de Arquitetura da UniversidadeMackenzie.

O Itália, com torre projetada por Heep na esquina daAvenida Ipiranga com Rua São Luiz, tem 168 metros dealtura, 46 pavimentos (e subsolo), 245 salas comerciais, 14elevadores (para 20 pessoas) que servem todos os andares,mais dois exclusivos do Circolo Italiano.Tem 52.000 m2 deárea construída — em lote de 2.382 m2 —, 4.003 janelas,6.000 m2 de vidro, e abriga população flutuante de 25.000pessoas — 1.000 visitantes, em média, por dia. O edifícioabriga também a sede do

Circolo Italiano e o Teatro Itália, com 350lugares. Segundo dados fornecidos peloengenheiro Renato Cecchi, o síndico doedifício que participou da construção,foram utilizados na obra 14.000 m3 deconcreto, 150.000 sacos de cimento,3,5 milhões de tijolos e 20.000toneladas de ferro. A obra de Heepnunca foi muito difundida na-cionalmente mas ganhou tese demestrado em 2002 — “A Obrade Adolf Franz Heep no Brasil”— do arquiteto Marcelo Bar-bosa, formado em 1984, naFAU do Mackenzie. Podeser considerada uma dasmaiores pesquisas dotrabalho de Heep. É amelhor fonte paraquem quer sabersobre o arquiteto esua obra.

Heep nasceuem Fachbach(1902) e estu-dou ar-quiteturana Escolade Artes

Professor do Mackenzie O arquiteto suíço Adolf Franz Heep deixou sua marca em São Paulo

e Ofícios de Frankfurt, Alemanha, onde foi aluno deAdolf Meyer. No final dos anos 20, participou de pro-jetos em que já se usavam paredes e painéis pré-fab-ricados, tecnologia avançada para a época. Em1928 mudou-se para Paris e conheceu LeCorbusier, de quem sofre forte influência.Depois da Segunda Guerra Mundial, em vistadas dificuldades de viver na Europa, fez partedo batalhão de arquitetos europeus que imi-graram para o Brasil.Chegou a São Paulo em1947, cidade que já começava, às vésperasdos anos 50,a efervescer em todos os sen-tidos. Trabalhando no escritório dofrancês Jacques Pilon, tomou parte noprojeto da sede do Jornal O Estado deS. Paulo, na Rua Major Quedinho,fazendo alterações nas linhas origi-nais de 1946 e dando novo visual àfachada.Tomou parte em estudosde vários edifícios e abriu opróprio estúdio em 1952, tra-balhando basicamente naconstrução de apartamentosresidenciais, em duas di-reções antagônicas: mora-dias de alto luxo, naregião de Higienópolis,epopulares, no Centrode São Paulo.

projetou o Edifício Itália

Imponente, o Itália está no Centro de São Paulo, entre aAvenida Ipiranga e a Rua São Luís. O arquiteto Adolf Heep

aparece no alto da página anterior.

projetou o Edifício Itália

P e r s o n a g e m

Mackenzie22

Profissional reconhecido, Heepdespertava admiração pelo gosto aodetalhe e pelo rigor tecnológico nocanteiro de obras. Foi um dospreferidos das grandes personali-dades estrangeiras da cidade, con-cebendo suas residências, semprecom sua marca introspectiva, fe-chadas para a rua e voltadas para ojardim interno e muito bem detalha-das. Outro projeto inusitado deHeep foi a igreja São Domingos, emPerdizes, São Paulo. Despojada ecom os pisos interno e externo domesmo material, propõe integraçãodos espaços. A volumetria da igrejase baseia no conceito de nave única,com grandes aberturas e farta pro-jeção de luz natural. Em 1972, Heepteve problemas no coração e mu-dou-se para o Guarujá onde aindatrabalhou por mais três anos, atécontrair arteriosclerose. Em 1978, aesposa o levou de volta a Paris. Nomês de março, Heep morreu na ca-pital francesa.

Do Terraço Itália avista-sea Rua da Consolação eparte do Edifício JoãoCalvino, onde o M doMackenzie se destaca.No detalhe, o emaranhadode concreto quecaracteriza a cidade.