perfil dos pacientes adultos hipertensos e diabéticos usuários de unidades básicas de saúde do...
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Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de
Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III da Cidade do
Recife/PE: Estudo Quantitativo/Qualitativo.
Machado, MCTBA
1, Albuquerque, DA
2, Freitas, MSG
2, Leite, FBM
2, Santos, LX
2, Coelho,FGS
2, Assis, SM
2, Oliveira,
MBB2.
e-mail: [email protected]
1Profª. Dra. Adjunta 3/ D.E e Tutora do Programa de Educação pelo Trabalho (PET) para Saúde, Universidade de
Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil. 2Profissionais de Unidades Básicas de Saúde e Preceptoras do Programa de Educação pelo Trabalho (PET) para Saúde,
Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil. *Participaram da pesquisa os alunos da Universidade de Pernambuco e do Programa de Educação pelo Trabalho (PET)
para Saúde, Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil.
RESUMO
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e
Diabetes mellitus (DM) constituem os
principais fatores de risco para doenças
cardiovasculares, cujo tratamento e controle
exigem conhecimento da doença, alterações de
comportamento e mudanças de estilo de vida.
Neste contexto este estudo tem como
objetivo, conhecer o que o paciente sabe sobre
sua doença, as causas da pouca ou não adesão
ao tratamento e o perfil desses pacientes
usuários das Unidades de Saúde do Distrito
Sanitário III. Utilizou-se de diários de campo,
ficha de identificação e questionários para
verificar a compreensão do usuário sobre:
doença, causas e adesão ao tratamento. Da
análise dos resultados do estudo pôde-se
verificar que dos 581 usuários entrevistados, a
média de idade foi de 60-69 anos (27%),
sendo 71,9% do gênero feminino. 43,7%
possuíam ensino fundamental incompleto,
23,9% eram analfabetos, 36% tinham
conhecimento sobre a HAS e 65% não
souberam responder sobre DM, sendo o
estresse/emocional (19,4%) apontado como a
principal causa para elevação das taxas de
pressão e glicose. Em relação aos
medicamentos prescritos, 33,3% relataram
por vezes esquecer-se de tomá-los e 19,1 %
não gostam de fazê-lo. Verificou-se que
50,4% não fazem dieta e 77,3% não fazem
exercícios, mesmo com 60,6% relatando a
existência de programas que envolvam a
participação dos hipertensos e diabéticos na
comunidade, enfatizando que 76,1% relatam a
disponibilidade do médico ao atendimento.
Palavras Chave: Hipertensão, Diabetes, Perfil.
INTRODUÇÃO
No Brasil, os altos índices de doenças
crônicas decorrem do estágio atual da
transição demográfico/epidemiológica pela
qual passa a população brasileira. Dentre as
doenças crônicas, a Hipertensão Arterial e o
Diabetes mellitus são as mais comuns, cujo
tratamento e controle exigem alterações de
comportamento e mudança de estilo de vida
(MIRANZI et al. 2008).
Segundo Zaitune et al (2006), a
Hipertensão Arterial e o Diabetes mellitus
constituem um dos problemas de saúde de
maior prevalência na atualidade. Estima-se
que atinjam em torno de 22% da população
brasileira acima dos vinte anos.
As doenças cardiovasculares no Brasil
são responsáveis 33% dos óbitos com causas
desconhecidas. Além disso, essas doenças
foram a primeira causa de hospitalização no
setor público, entre 1996 e 1999, e
responderam por 17% das internações de
pessoas com idade entre 40 e 59 anos e 29%
daquelas com 60 ou mais anos (PASSOS et
al, 2006). Agravante também por possuir um
caráter crônico e incapacitante gerando
aposentadorias precoces, longo período de
internação, alto custo para o tratamento (com
grande encargo para o SUS), além alterações
na autoestima e autoconceito do indivíduo
(PIRES e MUSSI, 2009)
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) define a Hipertensão Arterial (HAS)
como sendo uma doença de natureza
multifatorial, freqüentemente associada a
alterações metabólicas e hormonais e
fenômenos tróficos. É caracterizada pela
elevação da pressão arterial, considerada
como um dos principais fatores de risco
cardiocérebrovascular e para complicações
renais. Define também o Diabetes mellitus
(DM) como sendo uma síndrome de etiologia
múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou
incapacidade da insulina exercer
adequadamente suas ações, caracterizada pela
hipoglicemia crônica e alterações no
metabolismo dos carboidratos, lipídeos e
proteínas (MIRANZI et al, 2008).
A abordagem conjunta da Hipertensão
Arterial e do Diabetes mellitus, para Paiva et
al (2006) deve-se a aspectos comuns às duas
patologias: etiopatologia, fatores de risco,
importância do tratamento não
medicamentoso, cronicidade, complicações,
ocorrência geralmente assintomática, difícil
adesão ao tratamento, necessidade de controle
rigoroso para evitar complicações e de
acompanhamento por equipe multidisciplinar.
Para Santos e Lima (2008), vários são
os fatores que dificultam o controle e o
tratamento da HAS e do DM, entre eles estão
o não conhecimento da doença e a não adesão
ao tratamento, fato que é muito observado
pelos profissionais de saúde. Alguns fatores
que podem dificultar a adesão são a pouca
informação, hábitos e comportamentos de
saúde inadequados e muitas vezes, a ausência
de sintomas; pois apenas uma parcela das
pessoas que sofrem de pressão alta e/ou
glicemia alterada sabem sobre o seu
diagnóstico e causas, favorecendo a
permanência de elevadas taxas.
A vivência da educação em saúde,
para Santos e Lima (2008), através de grupos,
favorece a participação como forma de
garantir ao indivíduo e à comunidade a
possibilidade de decidir sobre seus próprios
destinos, e a capacitação destes sujeitos para
atuarem na melhoria do seu nível de saúde. O
trabalho educativo em grupos consiste numa
valiosa alternativa para se buscar a promoção
da saúde, que, permite o aprofundamento de
discussões e a ampliação de conhecimentos,
sobre sua doença, tratamento e as formas de
prevenção, de modo que as pessoas superem
suas dificuldades e obtenham maior
autonomia, melhores condições de saúde e
qualidade de vida.
Nos últimos anos, a Estratégia da
Saúde da Família (ESF), enquanto Política
Pública Nacional, tem se destacado com a
reorganização da atenção básica,
representando uma concepção de qualidade
no serviço, centrada na prevenção, promoção
e na recuperação da saúde. Permite o
conhecimento da realidade social que
acoberta as condições: sócio-econômica,
alimentar, sanitária, bem como, a estrutura
familiar dos indivíduos com hipertensão e/ou
diabetes (MIRANZI et al, 2008).
A presente pesquisa tem como
interesse conhecer quem são os pacientes
portadores de Hipertensão e/ou Diabetes
mellitus, residentes nas comunidades
assistidas pelas Equipes de Saúde da Família
(ESF’s) pertencentes ao Distrito Sanitário
(DS) III, da Cidade do Recife, considerando
como variáveis: faixa etária, gênero, situação
socioeconômica, interação com a Unidade de
Saúde, a compreensão sobre estas patologias e
quanto aos riscos a que estão expostos, as
dificuldades de adesão ao tratamento e ao
acesso à prevenção de potenciais
complicações. Tem como propósito servir de
base para as ações dos profissionais bem
como para a tomada de decisão dos gestores
do SUS, de forma a fortalecer o aumento da
adesão ao tratamento destes pacientes.
METODOLOGIA
Tipo de Estudo
Estudo analítico, descritivo e
exploratório, de abordagem qualitativa e
quantitativa. Segundo Lakatos e Marconi
(2010), o estudo analítico é uma forma de
apresentação condensada do texto, que
informa o conteúdo e as principais idéias do
autor. Para Gil (2002), a pesquisa descritiva
aborda características de determinada
população ou fenômeno ou estabelecimento
de relações entre as variáveis e a pesquisa
exploratória aprimora as idéias ou descobertas
de intuições, tornando o problema mais
familiarizado com o autor. Ainda para
Lakatos e Marconi (2010) na abordagem
quantitativa, a coleta será sistemática e com
base em dados sobre populações, programas
ou amostras e a qualitativa baseia-se na
acumulação de informações detalhadas, como
as obtidas por intermédio da observação do
participante.
Cenário da Pesquisa
Unidades Básicas de Saúde,
pertencentes ao Distrito Sanitário III,
Recife/PE: USF Alto da Brasileira, USF
Morro da Conceição, USF Alto Santa Tereza,
USF União das Vilas, USF Sítio dos Macacos
e USF Passarinho Alto.
População e Amostra
A população foi constituída por
adultos hipertensos e/ou diabéticos usuários
das Unidades de Saúde referidas, no período
de Agosto/2010 a Abril/2011, com total de
581 participantes, sendo 394 hipertensos, 36
diabéticos e 151 hipertensos e diabéticos
simultaneamente.
O tamanho da amostra foi estimado
tendo-se, como referência, os diversos
desfechos explorados pelo estudo. Para
cálculo da amostra utilizou-se de 40% a 50%,
com uma margem de erro de 10%. Assim, a
amostra necessária para o estudo totalizou-se
em 581 usuários.
A inclusão dos usuários foi realizada
através de visitas domiciliares e participação
em grupos de Hiperdia e grupos de conversa
em seis (06) comunidades, selecionados
aleatoriamente. Só foram incluídas na amostra
hipertensos e/ou diabéticos, com idade acima
de 20 anos e usuários das referidas Unidades
de Saúde da Família em estudo.
Fonte e Coleta de Dados
A coleta dos dados foi realizada com a
utilização de três instrumentos de pesquisa:
fichas de identificação, questionários
estruturados, padronizados e pré-validados
para averiguar o conhecimento da doença,
avaliação dos fatores de risco e do grau de
adesão dos usuários ao tratamento
medicamentoso e não medicamentoso,
contendo perguntas objetivas e subjetivas, de
fácil entendimento.
Foi realizada análise com intuito de
verificar o conhecimento do usuário sobre sua
doença e se aderiam ou não ao tratamento.
Foram incluídas variáveis independentes
referentes às características demográficas,
socioeconômicas, comportamentais e
utilização do serviço de saúde. Todas as
variáveis incluídas no modelo estavam
associadas ao acesso e à qualidade dos
cuidados em saúde.
As variáveis demográficas incluídas
no estudo foram: gênero
(masculino/feminino), faixa etária
(categorizada em grupos de dez anos), estado
civil (casado/estável/separado/solteiro) e cor
(categorizada na definição de cada usuário).
Entre as variáveis sócio econômicas
foram incluídas: escolaridade (analfabeto
funcional/analfabeto/fundamental incompleto/
fundamental completo, médio incompleto/
médio completo/ superior incompleto/
superior completo), classificação econômica,
renda familiar em salários mínimos (menor
que 1 salário/ de 1 a 2 salários/ de 2 a 3
salários/ de 3-4 salários/ superior a 4 salários),
profissão (categorizada na definição do
usuário).
As variáveis comportamentais que
incluíam alguns fatores de risco para as
doenças como condição da doença, ingestão
de sal e açúcar em excesso, prática de
atividade física e administração de
medicamentos prescritos.
A ingestão de sal e açúcar em excesso
foi medida a partir de questões relativas às
causas de elevação da pressão arterial e níveis
de glicose e o tipo de dieta assumida pelos
usuários.
A prática de atividade física foi
analisada através do desempenho do usuário
em realizar ou não.
A condição da doença incluída no
estudo foi se o usuário apresentava
hipertensão ou diabetes ou hipertensão e
diabetes.
As variáveis relacionadas à utilização
do serviço de saúde foram: disponibilidade do
médico e outros profissionais na unidade,
fornecimento de medicamentos e existência
de programas para hipertensos e diabéticos.
Os dados foram analisados
manualmente através de tabelas e gráficos do
Excel versão 7.0.
RESULTADOS
Características dos Usuários
No presente estudo, 27% dos usuários
entrevistados eram idosos (≥ 60 anos), sendo
que 441 (75,9%) pertenciam ao gênero
feminino.
Com relação ao nível de escolaridade,
254 (43,7%) dos entrevistados possuíam
apenas o ensino fundamental incompleto, 31
(5,3%) possuíam o ensino médio completo, 6
(1%) possuíam ensino superior incompleto,
sendo alto também o percentual para
analfabetos funcionais (13,2%) e de
analfabetos (23,9%), tendo-se verificado que
poucos chegavam a cursar o ensino médio ou
superior (5,3% e 1%, respectivamente)
(Figura 1). Outro resultado relevante
observado foi que 68% eram portadores de
hipertensão arterial e 26% de hipertensos e
diabéticos (Figura 2).
Figura 1 - Distribuição dos Hipertensos e/ou Diabéticos segundo Escolaridade. Recife/PE, 2011
Figura 2 - Distribuição dos Hipertensos e/ou Diabéticos segundo a Condição da Doença. Recife/PE, 2011
Adesão, Conhecimento da doença e do
tratamento farmacológico
Observou-se no estudo, que dos 581
usuários entrevistados, 209 (36,0%) e 11
(2,0%), responderam corretamente aos
questionários sobre o significado de
hipertensão e diabetes, enfatizando que 329
(56,6%) e 377 (65%), respectivamente, não
sabiam o significado sobre as patologias
citadas acima (Figura 3 e 4); 332 (44,5%) dos
usuários relataram que o excesso de sal e
açúcar e o fator emocional/estresse 145
(19,4%) são causas para elevação da pressão
arterial e glicose; 164 (24,0%) e 85 (12,4%)
informaram que o coração e o cérebro,
respectivamente, são os órgãos mais afetados
pela pressão e glicose elevadas, enfatizando
que 275 (40,1%) desconheciam tal dado.
Foi observado, que 442 (76,1%)
informaram a disponibilidade e presença do
médico e outros profissionais no atendimento
ao usuário (Figura 5); destacando-se que 113
(8,3%) relataram que a indisponibilidade do
médico ocorre pela falta de profissional na
rede. 508 (87,4%) fazem uso diário das
medicações e dentre estas as mais utilizadas
são: Hidroclorotiazida 240 (25,2%), Enalapril
183 (19,2%) e Glibenclamida 63 (6,6%).
Observou-se o uso de insulina em 3,6% dos
usuários. De acordo com o fornecimento
desses medicamentos
Figura 3 - Distribuição da Amostra quanto ao Conhecimento do significado de Hipertensão Arterial. Recife/PE, 2011
558 (96,0%) informaram que recebem as
medicações na unidade de saúde, e 23 (4,0%)
procuram seus medicamentos em outros
locais.
Esse estudo constatou que metade dos
usuários não faz dieta balanceada (Figura 6) e
mais da metade não praticam nenhuma
atividade física (Figura 7); enfatizando que 21
(1,5%) relataram um aumento no consumo de
alimentos gordurosos, 62 (4,5%) com excesso
de sal e açúcar e 762 (51,7%) continuavam
consumindo o trivial arroz, feijão e carnes. Ao
procurar saber o porquê da não realização da
prática de exercícios físicos foi observado que
144 (32,1%) indicaram a falta de tempo como
fator contribuinte para a não realização de
exercício. Quanto aos programas existentes
nas comunidades em estudo, 312 (53,7%)
usuários relataram a presença de programas
que envolvem os hipertensos e diabéticos e
189 (60,6%) responderam que são usuários
participantes.
Fi Figura 4 - Distribuição da Amostra quanto ao Conhecimento
do significado do Diabetes Mellitus. Recife/PE, 2011.
Disponibilidade do Médico da
Unidade de Saúde
N =581
%
Sim 442 76,1
Não 92 15,8
As vezes 47 8,1
Se não ou as vezes, por quê? N =139 %
Atende nas horas vagas 5 3,6
Falta de médico 113 81,3
Funcionários em Reunião 1 2,9
Dificuldade de Acesso a Unidade 4 2,9
Muito Paciente para
Atendimento
12 8,6
Nunca procura 3 3
Quando estão de Bom Humor 1 0,7
Figura 5 - Distribuição da Amostra segundo a Disponibilidade do Médico na Unidade de Saúde da Família. Recife/PE, 2011
Realização de Dieta N= 581 %
Sim 288 49,6
Não 293 50,4
*Tipo de Alimentação N = 1449 %
Come Tudo 62 4,5
Arroz/ feijão/carnes 762 51,7
Frutas/Verduras 102 7,1
Muita Fritura e Gordura 21 1,5
Café 43 3,1
Comida com pouco sal 73 5,0
Produtos Integrais 56 4,0
Refrigerante 05 0,4
Leite e Derivados 42 3,0
Cuscuz 34 2,4
Massa 124 8,5
Sucos/Vitaminas 21 1,5
Ovos 14 1,0
Outros 90 6,3
*Respostas Múltiplas
Figura 6 - Distribuição dos Hipertensos e/ou Diabéticos quanto à realização de Dieta correlacionando ao tipo de Alimentação. Recife/PE, 2011
Prática de Atividade Física N= 581 %
Sim 132 22,7 Não 449 77,3
Se não por quê? N = 449 %
Falta de tempo 144 32,1 Cansativo 70 15,6 Preguiça 70 15,6 Dores ao exercitar-se 45 10,0 Não gosta 40 9,0 Impossibilidade física 35 7,8 Não precisa 15 3,3 Outros 30 6,6
**Tipos de Atividades Físicas realizadas
N = 160 %
Academia da cidade 2 1,2 Afazeres domésticos 27 16,9 Andar de bicicleta 2 1,2 Caminhada 103 64,5 Hidroginástica 4 2,5 Joga bola 22 13,7 * Sem local específico, não sabe, acomodação, vergonha, já sobe ladeira. **múltiplas respostas.
Figura 7 - Distribuição dos Hipertensos e/ou Diabéticos segundo a prática e Tipos de Atividade Física. Recife/PE, 2011
DISCUSSÃO
Os resultados corroboram com outros
estudos que associam o aumento da pressão
arterial e do diabetes com o avanço da idade,
sendo assim mais frequente entre os idosos
(ELLIOT e BLACK, 2002).
Segundo Oliveira et al. (2008), no
processo de envelhecimento, inúmeros
agravos à saúde poderão surgir em
decorrência das várias alterações fisiológicas
e funcionais. Outro aspecto a ser considerado
na população de idosos é o contingente maior
do sexo feminino. O aumento da expectativa
de vida no sexo feminino é mais significativo
do que no masculino, o que pode ser
justificado por fatores biológicos e pela
diferença de exposição aos fatores de risco de
mortalidade.
Níveis socioeconômicos mais baixos
também se associam a maior prevalência de
HAS e de fatores de risco para a elevação da
pressão arterial e glicose (BEZERRA et al.,
2009).
São atribuídos como riscos ou causas
para elevação da pressão arterial fatores
constitucionais (idade, sexo, raça); fatores
ambientais (ingestão de sal, álcool, gorduras e
tabagismo); fatores ambientais ligados ao
trabalho (estresse, agentes físicos e químicos)
e fatores ligados à classe social a qual o
indivíduo pertence (LIMA et al., 2004).
Segundo este mesmo estudo, a
prevalência do desconhecimento sobre a
doença, leva a uma baixa adesão ao
tratamento; e segundo Silva et al. (2006), o
conhecimento das doenças pode estar
relacionado à melhoria da qualidade de vida, à
redução do número de descompensações, ao
menor número de internações hospitalares e à
maior aceitação da doença.
É interessante o destaque na precoce
identificação, a assistência oferecida pelos
profissionais, sua disponibilidade e o
acompanhamento adequado aos portadores de
hipertensão e diabetes, e o estabelecimento do
vínculo com as unidades básicas de saúde,
comprovam serem essenciais para o sucesso
do controle desses agravos (COTTA et al.,
2009).
Para o tratamento do diabetes mellitus
e da hipertensão arterial, são imprescindíveis
a vinculação do paciente às unidades de
atendimento, a garantia do diagnóstico e o
atendimento por profissionais atualizados,
uma vez que seu diagnóstico e controle
evitam complicações ou, ao menos, retardam
a progressão das já existentes. Além disso, o
maior contato com o serviço de saúde
promove maior adesão ao tratamento (PAIVA
et al., 2006).
Observou-se também que a
intervenção não farmacológica é uma
estratégia importante para o controle dos
fatores de risco e para as modificações no
estilo de vida, a fim de prevenir ou deter a
evolução das doenças como hipertensão e
diabetes (ZAITUNE et al., 2006). Assim, o
sucesso do controle das taxas de glicemia e
pressão arterial depende da adesão adequada
do paciente ao tratamento e de práticas de
saúde que estimulem ou facilitem a mudança
do estilo de vida (SILVA et al., 2006).
A associação de uma alimentação rica
em frutas e vegetais, a prática regular de
atividade física e a redução do peso corpóreo
e o abandono dos hábitos de alcoolismo e
tabagismo podem reduzir a incidência da
Hipertensão e do Diabetes Tipo 2 (COTTA et
al., 2009). Além do tratamento
medicamentoso e de mudança de hábitos
alimentares, são necessários apoio e
orientação, de modo que seja possível
desenvolver a autonomia para o cuidado,
tornando mais fácil a convivência com a
condição que, não sendo transitória, acarreta
uma série de mudanças em suas vidas, tanto
em relação à sua rotina, aos seus hábitos, bem
como a aceitação da própria condição
(THAINES et al., 2009).
A educação em saúde, para Silva et al.
(2006), associada ao autocontrole dos níveis
de pressão e/ou glicemia, à atividade física e à
dieta alimentar, é importante instrumento para
aumentar a procura por tratamento e controlar
os índices de pacientes hipertensos e/ou
diabéticos.
A dinâmica proposta pela Estratégia
de Saúde da Família (ESF), centrada na
promoção da qualidade de vida e intervenção
nos fatores que a colocam em risco, permite a
identificação mais acurada e um melhor
acompanhamento dos indivíduos diabéticos e
hipertensos (PAIVA et al., 2006).
Segundo Francisco et al. (2010) em
face desse quadro, em que a hipertensão e o
diabetes assume crescente importância na
saúde pública no Brasil, delineiam-se
políticas, programas e campanhas específicas
que propõem medidas terapêuticas e de
promoção de hábitos saudáveis para a
prevenção, o controle e de suas complicações.
Assim sendo a ESF pretende promover a
saúde através de ações básicas que
possibilitam a incorporação de ações
programáticas de forma mais abrangente
(PAIVA et al., 2006).
CONCLUSÃO
Os resultados evidenciaram que a
maioria dos entrevistados é idosa, do gênero
feminino. Durante o estudo foi observado que
os usuários não conheciam o significado das
doenças e também não dispunham de
informação sobre os órgãos que são afetados
pela hipertensão e diabetes e em relação às
causas de elevação das taxas, obteve-se um
resultado positivo, satisfatório.
A adesão dos usuários à terapia
medicamentosa foi considerada positiva, pois
a maioria relata o recebimento de seus
medicamentos no posto de saúde e enfatiza a
disponibilidade do profissional médico para o
atendimento, relatando fazerem uso diário das
medicações sem maiores dificuldades na
realização do tratamento.
Os resultados obtidos em relação à
dieta e a prática de atividade física foram
considerados deficientes, mesmo existindo
programas que envolvam os hipertensos e
diabéticos na comunidade e também sua a
participação nesses programas (Hiperdia e
grupos).
Desta forma, estratégias voltadas para
educação em saúde dos usuários e
implantação de um serviço de
acompanhamento, parece ser uma alternativa
para aumentar a adesão ao tratamento, bem
como o conhecimento sobre as doenças. O
incentivo tem que ser baseado associando-se
uma ingestão alimentar balanceada e rigorosa,
uma prática de atividade física e um
acompanhamento farmacoterapêutico mais
intenso, com tentativa de trazer o usuário para
junto da equipe fortalecendo o vínculo, com
intuito de reduzir suas taxas de pressão e
glicose e estimular o autocuidado melhorando
sua saúde e condições de vida.
ABSTRACT Hypertension and diabetes
mellitus are major risk factors for
cardiovascular disease, whose treatment
requires knowledge and control of disease,
behavior changes and changes in lifestyle.
Therefore, this study aims, to know what the
patient knows about his illness, the causes of
little or no adherence to treatment and profile
of these patients using the Health Units of
District Health III. It was used in field diaries,
sheet and questionnaires to verify the user's
understanding about: disease, causes and
treatment adherence. From the analysis of
study results could be verified that the 581
users surveyed, the average age was 60-69
years (27%), and 71.9% female. 43.7% had
incomplete primary education, 23.9% were
illiterate, 36% had knowledge about
hypertension and 65% could not answer about
diabetes, and stress / emotional (19.4%)
identified as the main cause for raising rates
of pressure and glucose. Regarding
prescription drugs, 33.3% reported sometimes
forgetting to take them and 19.1% do not like
to do it. It was found that 50.4% do not diet
and 77.3% do not exercise, even with 60.6%
reporting the existence of programs that
involve the participation of hypertension and
diabetes in the community, emphasizing that
the 76.1% reported the availability of medical
care.
Keywords: Hypertension, Diabetes, Profile.
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