perfil dos pacientes adultos hipertensos e diabéticos usuários de unidades básicas de saúde do...

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Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III da Cidade do Recife/PE: Estudo Quantitativo/Qualitativo. Machado, MCTBA 1 , Albuquerque, DA 2 , Freitas, MSG 2 , Leite, FBM 2 , Santos, LX 2 , Coelho,FGS 2 , Assis, SM 2 , Oliveira, MBB 2 . e-mail: [email protected] 1 Profª. Dra. Adjunta 3/ D.E e Tutora do Programa de Educação pelo Trabalho (PET) para Saúde, Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil. 2 Profissionais de Unidades Básicas de Saúde e Preceptoras do Programa de Educação pelo Trabalho (PET) para Saúde, Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil. * Participaram da pesquisa os alunos da Universidade de Pernambuco e do Programa de Educação pelo Trabalho (PET) para Saúde, Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil. RESUMO Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes mellitus (DM) constituem os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, cujo tratamento e controle exigem conhecimento da doença, alterações de comportamento e mudanças de estilo de vida. Neste contexto este estudo tem como objetivo, conhecer o que o paciente sabe sobre sua doença, as causas da pouca ou não adesão ao tratamento e o perfil desses pacientes usuários das Unidades de Saúde do Distrito Sanitário III. Utilizou-se de diários de campo, ficha de identificação e questionários para verificar a compreensão do usuário sobre: doença, causas e adesão ao tratamento. Da análise dos resultados do estudo pôde-se verificar que dos 581 usuários entrevistados, a média de idade foi de 60-69 anos (27%), sendo 71,9% do gênero feminino. 43,7% possuíam ensino fundamental incompleto, 23,9% eram analfabetos, 36% tinham conhecimento sobre a HAS e 65% não souberam responder sobre DM, sendo o estresse/emocional (19,4%) apontado como a principal causa para elevação das taxas de pressão e glicose. Em relação aos medicamentos prescritos, 33,3% relataram por vezes esquecer-se de tomá-los e 19,1 % não gostam de fazê-lo. Verificou-se que 50,4% não fazem dieta e 77,3% não fazem exercícios, mesmo com 60,6% relatando a existência de programas que envolvam a participação dos hipertensos e diabéticos na comunidade, enfatizando que 76,1% relatam a disponibilidade do médico ao atendimento. Palavras Chave: Hipertensão, Diabetes, Perfil. INTRODUÇÃO No Brasil, os altos índices de doenças crônicas decorrem do estágio atual da transição demográfico/epidemiológica pela qual passa a população brasileira. Dentre as doenças crônicas, a Hipertensão Arterial e o Diabetes mellitus são as mais comuns, cujo tratamento e controle exigem alterações de comportamento e mudança de estilo de vida (MIRANZI et al. 2008). Segundo Zaitune et al (2006), a Hipertensão Arterial e o Diabetes mellitus constituem um dos problemas de saúde de maior prevalência na atualidade. Estima-se que atinjam em torno de 22% da população brasileira acima dos vinte anos. As doenças cardiovasculares no Brasil são responsáveis 33% dos óbitos com causas desconhecidas. Além disso, essas doenças foram a primeira causa de hospitalização no setor público, entre 1996 e 1999, e responderam por 17% das internações de pessoas com idade entre 40 e 59 anos e 29%

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Page 1: Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III

Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de

Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III da Cidade do

Recife/PE: Estudo Quantitativo/Qualitativo.

Machado, MCTBA

1, Albuquerque, DA

2, Freitas, MSG

2, Leite, FBM

2, Santos, LX

2, Coelho,FGS

2, Assis, SM

2, Oliveira,

MBB2.

e-mail: [email protected]

1Profª. Dra. Adjunta 3/ D.E e Tutora do Programa de Educação pelo Trabalho (PET) para Saúde, Universidade de

Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil. 2Profissionais de Unidades Básicas de Saúde e Preceptoras do Programa de Educação pelo Trabalho (PET) para Saúde,

Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil. *Participaram da pesquisa os alunos da Universidade de Pernambuco e do Programa de Educação pelo Trabalho (PET)

para Saúde, Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil.

RESUMO

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e

Diabetes mellitus (DM) constituem os

principais fatores de risco para doenças

cardiovasculares, cujo tratamento e controle

exigem conhecimento da doença, alterações de

comportamento e mudanças de estilo de vida.

Neste contexto este estudo tem como

objetivo, conhecer o que o paciente sabe sobre

sua doença, as causas da pouca ou não adesão

ao tratamento e o perfil desses pacientes

usuários das Unidades de Saúde do Distrito

Sanitário III. Utilizou-se de diários de campo,

ficha de identificação e questionários para

verificar a compreensão do usuário sobre:

doença, causas e adesão ao tratamento. Da

análise dos resultados do estudo pôde-se

verificar que dos 581 usuários entrevistados, a

média de idade foi de 60-69 anos (27%),

sendo 71,9% do gênero feminino. 43,7%

possuíam ensino fundamental incompleto,

23,9% eram analfabetos, 36% tinham

conhecimento sobre a HAS e 65% não

souberam responder sobre DM, sendo o

estresse/emocional (19,4%) apontado como a

principal causa para elevação das taxas de

pressão e glicose. Em relação aos

medicamentos prescritos, 33,3% relataram

por vezes esquecer-se de tomá-los e 19,1 %

não gostam de fazê-lo. Verificou-se que

50,4% não fazem dieta e 77,3% não fazem

exercícios, mesmo com 60,6% relatando a

existência de programas que envolvam a

participação dos hipertensos e diabéticos na

comunidade, enfatizando que 76,1% relatam a

disponibilidade do médico ao atendimento.

Palavras Chave: Hipertensão, Diabetes, Perfil.

INTRODUÇÃO

No Brasil, os altos índices de doenças

crônicas decorrem do estágio atual da

transição demográfico/epidemiológica pela

qual passa a população brasileira. Dentre as

doenças crônicas, a Hipertensão Arterial e o

Diabetes mellitus são as mais comuns, cujo

tratamento e controle exigem alterações de

comportamento e mudança de estilo de vida

(MIRANZI et al. 2008).

Segundo Zaitune et al (2006), a

Hipertensão Arterial e o Diabetes mellitus

constituem um dos problemas de saúde de

maior prevalência na atualidade. Estima-se

que atinjam em torno de 22% da população

brasileira acima dos vinte anos.

As doenças cardiovasculares no Brasil

são responsáveis 33% dos óbitos com causas

desconhecidas. Além disso, essas doenças

foram a primeira causa de hospitalização no

setor público, entre 1996 e 1999, e

responderam por 17% das internações de

pessoas com idade entre 40 e 59 anos e 29%

Page 2: Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III

daquelas com 60 ou mais anos (PASSOS et

al, 2006). Agravante também por possuir um

caráter crônico e incapacitante gerando

aposentadorias precoces, longo período de

internação, alto custo para o tratamento (com

grande encargo para o SUS), além alterações

na autoestima e autoconceito do indivíduo

(PIRES e MUSSI, 2009)

A Organização Mundial de Saúde

(OMS) define a Hipertensão Arterial (HAS)

como sendo uma doença de natureza

multifatorial, freqüentemente associada a

alterações metabólicas e hormonais e

fenômenos tróficos. É caracterizada pela

elevação da pressão arterial, considerada

como um dos principais fatores de risco

cardiocérebrovascular e para complicações

renais. Define também o Diabetes mellitus

(DM) como sendo uma síndrome de etiologia

múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou

incapacidade da insulina exercer

adequadamente suas ações, caracterizada pela

hipoglicemia crônica e alterações no

metabolismo dos carboidratos, lipídeos e

proteínas (MIRANZI et al, 2008).

A abordagem conjunta da Hipertensão

Arterial e do Diabetes mellitus, para Paiva et

al (2006) deve-se a aspectos comuns às duas

patologias: etiopatologia, fatores de risco,

importância do tratamento não

medicamentoso, cronicidade, complicações,

ocorrência geralmente assintomática, difícil

adesão ao tratamento, necessidade de controle

rigoroso para evitar complicações e de

acompanhamento por equipe multidisciplinar.

Para Santos e Lima (2008), vários são

os fatores que dificultam o controle e o

tratamento da HAS e do DM, entre eles estão

o não conhecimento da doença e a não adesão

ao tratamento, fato que é muito observado

pelos profissionais de saúde. Alguns fatores

que podem dificultar a adesão são a pouca

informação, hábitos e comportamentos de

saúde inadequados e muitas vezes, a ausência

de sintomas; pois apenas uma parcela das

pessoas que sofrem de pressão alta e/ou

glicemia alterada sabem sobre o seu

diagnóstico e causas, favorecendo a

permanência de elevadas taxas.

A vivência da educação em saúde,

para Santos e Lima (2008), através de grupos,

favorece a participação como forma de

garantir ao indivíduo e à comunidade a

possibilidade de decidir sobre seus próprios

destinos, e a capacitação destes sujeitos para

atuarem na melhoria do seu nível de saúde. O

trabalho educativo em grupos consiste numa

valiosa alternativa para se buscar a promoção

da saúde, que, permite o aprofundamento de

discussões e a ampliação de conhecimentos,

sobre sua doença, tratamento e as formas de

prevenção, de modo que as pessoas superem

suas dificuldades e obtenham maior

autonomia, melhores condições de saúde e

qualidade de vida.

Nos últimos anos, a Estratégia da

Saúde da Família (ESF), enquanto Política

Pública Nacional, tem se destacado com a

reorganização da atenção básica,

representando uma concepção de qualidade

no serviço, centrada na prevenção, promoção

e na recuperação da saúde. Permite o

conhecimento da realidade social que

acoberta as condições: sócio-econômica,

alimentar, sanitária, bem como, a estrutura

familiar dos indivíduos com hipertensão e/ou

diabetes (MIRANZI et al, 2008).

A presente pesquisa tem como

interesse conhecer quem são os pacientes

portadores de Hipertensão e/ou Diabetes

mellitus, residentes nas comunidades

assistidas pelas Equipes de Saúde da Família

(ESF’s) pertencentes ao Distrito Sanitário

(DS) III, da Cidade do Recife, considerando

como variáveis: faixa etária, gênero, situação

socioeconômica, interação com a Unidade de

Saúde, a compreensão sobre estas patologias e

quanto aos riscos a que estão expostos, as

dificuldades de adesão ao tratamento e ao

acesso à prevenção de potenciais

complicações. Tem como propósito servir de

base para as ações dos profissionais bem

como para a tomada de decisão dos gestores

do SUS, de forma a fortalecer o aumento da

adesão ao tratamento destes pacientes.

Page 3: Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III

METODOLOGIA

Tipo de Estudo

Estudo analítico, descritivo e

exploratório, de abordagem qualitativa e

quantitativa. Segundo Lakatos e Marconi

(2010), o estudo analítico é uma forma de

apresentação condensada do texto, que

informa o conteúdo e as principais idéias do

autor. Para Gil (2002), a pesquisa descritiva

aborda características de determinada

população ou fenômeno ou estabelecimento

de relações entre as variáveis e a pesquisa

exploratória aprimora as idéias ou descobertas

de intuições, tornando o problema mais

familiarizado com o autor. Ainda para

Lakatos e Marconi (2010) na abordagem

quantitativa, a coleta será sistemática e com

base em dados sobre populações, programas

ou amostras e a qualitativa baseia-se na

acumulação de informações detalhadas, como

as obtidas por intermédio da observação do

participante.

Cenário da Pesquisa

Unidades Básicas de Saúde,

pertencentes ao Distrito Sanitário III,

Recife/PE: USF Alto da Brasileira, USF

Morro da Conceição, USF Alto Santa Tereza,

USF União das Vilas, USF Sítio dos Macacos

e USF Passarinho Alto.

População e Amostra

A população foi constituída por

adultos hipertensos e/ou diabéticos usuários

das Unidades de Saúde referidas, no período

de Agosto/2010 a Abril/2011, com total de

581 participantes, sendo 394 hipertensos, 36

diabéticos e 151 hipertensos e diabéticos

simultaneamente.

O tamanho da amostra foi estimado

tendo-se, como referência, os diversos

desfechos explorados pelo estudo. Para

cálculo da amostra utilizou-se de 40% a 50%,

com uma margem de erro de 10%. Assim, a

amostra necessária para o estudo totalizou-se

em 581 usuários.

A inclusão dos usuários foi realizada

através de visitas domiciliares e participação

em grupos de Hiperdia e grupos de conversa

em seis (06) comunidades, selecionados

aleatoriamente. Só foram incluídas na amostra

hipertensos e/ou diabéticos, com idade acima

de 20 anos e usuários das referidas Unidades

de Saúde da Família em estudo.

Fonte e Coleta de Dados

A coleta dos dados foi realizada com a

utilização de três instrumentos de pesquisa:

fichas de identificação, questionários

estruturados, padronizados e pré-validados

para averiguar o conhecimento da doença,

avaliação dos fatores de risco e do grau de

adesão dos usuários ao tratamento

medicamentoso e não medicamentoso,

contendo perguntas objetivas e subjetivas, de

fácil entendimento.

Foi realizada análise com intuito de

verificar o conhecimento do usuário sobre sua

doença e se aderiam ou não ao tratamento.

Foram incluídas variáveis independentes

referentes às características demográficas,

socioeconômicas, comportamentais e

utilização do serviço de saúde. Todas as

variáveis incluídas no modelo estavam

associadas ao acesso e à qualidade dos

cuidados em saúde.

As variáveis demográficas incluídas

no estudo foram: gênero

(masculino/feminino), faixa etária

(categorizada em grupos de dez anos), estado

civil (casado/estável/separado/solteiro) e cor

(categorizada na definição de cada usuário).

Entre as variáveis sócio econômicas

foram incluídas: escolaridade (analfabeto

funcional/analfabeto/fundamental incompleto/

fundamental completo, médio incompleto/

médio completo/ superior incompleto/

superior completo), classificação econômica,

renda familiar em salários mínimos (menor

Page 4: Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III

que 1 salário/ de 1 a 2 salários/ de 2 a 3

salários/ de 3-4 salários/ superior a 4 salários),

profissão (categorizada na definição do

usuário).

As variáveis comportamentais que

incluíam alguns fatores de risco para as

doenças como condição da doença, ingestão

de sal e açúcar em excesso, prática de

atividade física e administração de

medicamentos prescritos.

A ingestão de sal e açúcar em excesso

foi medida a partir de questões relativas às

causas de elevação da pressão arterial e níveis

de glicose e o tipo de dieta assumida pelos

usuários.

A prática de atividade física foi

analisada através do desempenho do usuário

em realizar ou não.

A condição da doença incluída no

estudo foi se o usuário apresentava

hipertensão ou diabetes ou hipertensão e

diabetes.

As variáveis relacionadas à utilização

do serviço de saúde foram: disponibilidade do

médico e outros profissionais na unidade,

fornecimento de medicamentos e existência

de programas para hipertensos e diabéticos.

Os dados foram analisados

manualmente através de tabelas e gráficos do

Excel versão 7.0.

RESULTADOS

Características dos Usuários

No presente estudo, 27% dos usuários

entrevistados eram idosos (≥ 60 anos), sendo

que 441 (75,9%) pertenciam ao gênero

feminino.

Com relação ao nível de escolaridade,

254 (43,7%) dos entrevistados possuíam

apenas o ensino fundamental incompleto, 31

(5,3%) possuíam o ensino médio completo, 6

(1%) possuíam ensino superior incompleto,

sendo alto também o percentual para

analfabetos funcionais (13,2%) e de

analfabetos (23,9%), tendo-se verificado que

poucos chegavam a cursar o ensino médio ou

superior (5,3% e 1%, respectivamente)

(Figura 1). Outro resultado relevante

observado foi que 68% eram portadores de

hipertensão arterial e 26% de hipertensos e

diabéticos (Figura 2).

Figura 1 - Distribuição dos Hipertensos e/ou Diabéticos segundo Escolaridade. Recife/PE, 2011

Figura 2 - Distribuição dos Hipertensos e/ou Diabéticos segundo a Condição da Doença. Recife/PE, 2011

Adesão, Conhecimento da doença e do

tratamento farmacológico

Observou-se no estudo, que dos 581

usuários entrevistados, 209 (36,0%) e 11

(2,0%), responderam corretamente aos

questionários sobre o significado de

hipertensão e diabetes, enfatizando que 329

(56,6%) e 377 (65%), respectivamente, não

sabiam o significado sobre as patologias

citadas acima (Figura 3 e 4); 332 (44,5%) dos

usuários relataram que o excesso de sal e

açúcar e o fator emocional/estresse 145

(19,4%) são causas para elevação da pressão

arterial e glicose; 164 (24,0%) e 85 (12,4%)

Page 5: Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III

informaram que o coração e o cérebro,

respectivamente, são os órgãos mais afetados

pela pressão e glicose elevadas, enfatizando

que 275 (40,1%) desconheciam tal dado.

Foi observado, que 442 (76,1%)

informaram a disponibilidade e presença do

médico e outros profissionais no atendimento

ao usuário (Figura 5); destacando-se que 113

(8,3%) relataram que a indisponibilidade do

médico ocorre pela falta de profissional na

rede. 508 (87,4%) fazem uso diário das

medicações e dentre estas as mais utilizadas

são: Hidroclorotiazida 240 (25,2%), Enalapril

183 (19,2%) e Glibenclamida 63 (6,6%).

Observou-se o uso de insulina em 3,6% dos

usuários. De acordo com o fornecimento

desses medicamentos

Figura 3 - Distribuição da Amostra quanto ao Conhecimento do significado de Hipertensão Arterial. Recife/PE, 2011

558 (96,0%) informaram que recebem as

medicações na unidade de saúde, e 23 (4,0%)

procuram seus medicamentos em outros

locais.

Esse estudo constatou que metade dos

usuários não faz dieta balanceada (Figura 6) e

mais da metade não praticam nenhuma

atividade física (Figura 7); enfatizando que 21

(1,5%) relataram um aumento no consumo de

alimentos gordurosos, 62 (4,5%) com excesso

de sal e açúcar e 762 (51,7%) continuavam

consumindo o trivial arroz, feijão e carnes. Ao

procurar saber o porquê da não realização da

prática de exercícios físicos foi observado que

144 (32,1%) indicaram a falta de tempo como

fator contribuinte para a não realização de

exercício. Quanto aos programas existentes

nas comunidades em estudo, 312 (53,7%)

usuários relataram a presença de programas

que envolvem os hipertensos e diabéticos e

189 (60,6%) responderam que são usuários

participantes.

Fi Figura 4 - Distribuição da Amostra quanto ao Conhecimento

do significado do Diabetes Mellitus. Recife/PE, 2011.

Disponibilidade do Médico da

Unidade de Saúde

N =581

%

Sim 442 76,1

Não 92 15,8

As vezes 47 8,1

Se não ou as vezes, por quê? N =139 %

Atende nas horas vagas 5 3,6

Falta de médico 113 81,3

Funcionários em Reunião 1 2,9

Dificuldade de Acesso a Unidade 4 2,9

Muito Paciente para

Atendimento

12 8,6

Nunca procura 3 3

Quando estão de Bom Humor 1 0,7

Figura 5 - Distribuição da Amostra segundo a Disponibilidade do Médico na Unidade de Saúde da Família. Recife/PE, 2011

Page 6: Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III

Realização de Dieta N= 581 %

Sim 288 49,6

Não 293 50,4

*Tipo de Alimentação N = 1449 %

Come Tudo 62 4,5

Arroz/ feijão/carnes 762 51,7

Frutas/Verduras 102 7,1

Muita Fritura e Gordura 21 1,5

Café 43 3,1

Comida com pouco sal 73 5,0

Produtos Integrais 56 4,0

Refrigerante 05 0,4

Leite e Derivados 42 3,0

Cuscuz 34 2,4

Massa 124 8,5

Sucos/Vitaminas 21 1,5

Ovos 14 1,0

Outros 90 6,3

*Respostas Múltiplas

Figura 6 - Distribuição dos Hipertensos e/ou Diabéticos quanto à realização de Dieta correlacionando ao tipo de Alimentação. Recife/PE, 2011

Prática de Atividade Física N= 581 %

Sim 132 22,7 Não 449 77,3

Se não por quê? N = 449 %

Falta de tempo 144 32,1 Cansativo 70 15,6 Preguiça 70 15,6 Dores ao exercitar-se 45 10,0 Não gosta 40 9,0 Impossibilidade física 35 7,8 Não precisa 15 3,3 Outros 30 6,6

**Tipos de Atividades Físicas realizadas

N = 160 %

Academia da cidade 2 1,2 Afazeres domésticos 27 16,9 Andar de bicicleta 2 1,2 Caminhada 103 64,5 Hidroginástica 4 2,5 Joga bola 22 13,7 * Sem local específico, não sabe, acomodação, vergonha, já sobe ladeira. **múltiplas respostas.

Figura 7 - Distribuição dos Hipertensos e/ou Diabéticos segundo a prática e Tipos de Atividade Física. Recife/PE, 2011

DISCUSSÃO

Os resultados corroboram com outros

estudos que associam o aumento da pressão

arterial e do diabetes com o avanço da idade,

sendo assim mais frequente entre os idosos

(ELLIOT e BLACK, 2002).

Segundo Oliveira et al. (2008), no

processo de envelhecimento, inúmeros

agravos à saúde poderão surgir em

decorrência das várias alterações fisiológicas

e funcionais. Outro aspecto a ser considerado

na população de idosos é o contingente maior

do sexo feminino. O aumento da expectativa

de vida no sexo feminino é mais significativo

do que no masculino, o que pode ser

justificado por fatores biológicos e pela

diferença de exposição aos fatores de risco de

mortalidade.

Níveis socioeconômicos mais baixos

também se associam a maior prevalência de

HAS e de fatores de risco para a elevação da

pressão arterial e glicose (BEZERRA et al.,

2009).

São atribuídos como riscos ou causas

para elevação da pressão arterial fatores

constitucionais (idade, sexo, raça); fatores

ambientais (ingestão de sal, álcool, gorduras e

tabagismo); fatores ambientais ligados ao

trabalho (estresse, agentes físicos e químicos)

e fatores ligados à classe social a qual o

indivíduo pertence (LIMA et al., 2004).

Segundo este mesmo estudo, a

prevalência do desconhecimento sobre a

doença, leva a uma baixa adesão ao

tratamento; e segundo Silva et al. (2006), o

conhecimento das doenças pode estar

relacionado à melhoria da qualidade de vida, à

redução do número de descompensações, ao

menor número de internações hospitalares e à

maior aceitação da doença.

É interessante o destaque na precoce

identificação, a assistência oferecida pelos

profissionais, sua disponibilidade e o

acompanhamento adequado aos portadores de

hipertensão e diabetes, e o estabelecimento do

vínculo com as unidades básicas de saúde,

comprovam serem essenciais para o sucesso

Page 7: Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III

do controle desses agravos (COTTA et al.,

2009).

Para o tratamento do diabetes mellitus

e da hipertensão arterial, são imprescindíveis

a vinculação do paciente às unidades de

atendimento, a garantia do diagnóstico e o

atendimento por profissionais atualizados,

uma vez que seu diagnóstico e controle

evitam complicações ou, ao menos, retardam

a progressão das já existentes. Além disso, o

maior contato com o serviço de saúde

promove maior adesão ao tratamento (PAIVA

et al., 2006).

Observou-se também que a

intervenção não farmacológica é uma

estratégia importante para o controle dos

fatores de risco e para as modificações no

estilo de vida, a fim de prevenir ou deter a

evolução das doenças como hipertensão e

diabetes (ZAITUNE et al., 2006). Assim, o

sucesso do controle das taxas de glicemia e

pressão arterial depende da adesão adequada

do paciente ao tratamento e de práticas de

saúde que estimulem ou facilitem a mudança

do estilo de vida (SILVA et al., 2006).

A associação de uma alimentação rica

em frutas e vegetais, a prática regular de

atividade física e a redução do peso corpóreo

e o abandono dos hábitos de alcoolismo e

tabagismo podem reduzir a incidência da

Hipertensão e do Diabetes Tipo 2 (COTTA et

al., 2009). Além do tratamento

medicamentoso e de mudança de hábitos

alimentares, são necessários apoio e

orientação, de modo que seja possível

desenvolver a autonomia para o cuidado,

tornando mais fácil a convivência com a

condição que, não sendo transitória, acarreta

uma série de mudanças em suas vidas, tanto

em relação à sua rotina, aos seus hábitos, bem

como a aceitação da própria condição

(THAINES et al., 2009).

A educação em saúde, para Silva et al.

(2006), associada ao autocontrole dos níveis

de pressão e/ou glicemia, à atividade física e à

dieta alimentar, é importante instrumento para

aumentar a procura por tratamento e controlar

os índices de pacientes hipertensos e/ou

diabéticos.

A dinâmica proposta pela Estratégia

de Saúde da Família (ESF), centrada na

promoção da qualidade de vida e intervenção

nos fatores que a colocam em risco, permite a

identificação mais acurada e um melhor

acompanhamento dos indivíduos diabéticos e

hipertensos (PAIVA et al., 2006).

Segundo Francisco et al. (2010) em

face desse quadro, em que a hipertensão e o

diabetes assume crescente importância na

saúde pública no Brasil, delineiam-se

políticas, programas e campanhas específicas

que propõem medidas terapêuticas e de

promoção de hábitos saudáveis para a

prevenção, o controle e de suas complicações.

Assim sendo a ESF pretende promover a

saúde através de ações básicas que

possibilitam a incorporação de ações

programáticas de forma mais abrangente

(PAIVA et al., 2006).

CONCLUSÃO

Os resultados evidenciaram que a

maioria dos entrevistados é idosa, do gênero

feminino. Durante o estudo foi observado que

os usuários não conheciam o significado das

doenças e também não dispunham de

informação sobre os órgãos que são afetados

pela hipertensão e diabetes e em relação às

causas de elevação das taxas, obteve-se um

resultado positivo, satisfatório.

A adesão dos usuários à terapia

medicamentosa foi considerada positiva, pois

a maioria relata o recebimento de seus

medicamentos no posto de saúde e enfatiza a

disponibilidade do profissional médico para o

atendimento, relatando fazerem uso diário das

medicações sem maiores dificuldades na

realização do tratamento.

Os resultados obtidos em relação à

dieta e a prática de atividade física foram

considerados deficientes, mesmo existindo

programas que envolvam os hipertensos e

diabéticos na comunidade e também sua a

Page 8: Perfil dos Pacientes Adultos Hipertensos e Diabéticos Usuários de Unidades Básicas de Saúde do Distrito Sanitário III

participação nesses programas (Hiperdia e

grupos).

Desta forma, estratégias voltadas para

educação em saúde dos usuários e

implantação de um serviço de

acompanhamento, parece ser uma alternativa

para aumentar a adesão ao tratamento, bem

como o conhecimento sobre as doenças. O

incentivo tem que ser baseado associando-se

uma ingestão alimentar balanceada e rigorosa,

uma prática de atividade física e um

acompanhamento farmacoterapêutico mais

intenso, com tentativa de trazer o usuário para

junto da equipe fortalecendo o vínculo, com

intuito de reduzir suas taxas de pressão e

glicose e estimular o autocuidado melhorando

sua saúde e condições de vida.

ABSTRACT Hypertension and diabetes

mellitus are major risk factors for

cardiovascular disease, whose treatment

requires knowledge and control of disease,

behavior changes and changes in lifestyle.

Therefore, this study aims, to know what the

patient knows about his illness, the causes of

little or no adherence to treatment and profile

of these patients using the Health Units of

District Health III. It was used in field diaries,

sheet and questionnaires to verify the user's

understanding about: disease, causes and

treatment adherence. From the analysis of

study results could be verified that the 581

users surveyed, the average age was 60-69

years (27%), and 71.9% female. 43.7% had

incomplete primary education, 23.9% were

illiterate, 36% had knowledge about

hypertension and 65% could not answer about

diabetes, and stress / emotional (19.4%)

identified as the main cause for raising rates

of pressure and glucose. Regarding

prescription drugs, 33.3% reported sometimes

forgetting to take them and 19.1% do not like

to do it. It was found that 50.4% do not diet

and 77.3% do not exercise, even with 60.6%

reporting the existence of programs that

involve the participation of hypertension and

diabetes in the community, emphasizing that

the 76.1% reported the availability of medical

care.

Keywords: Hypertension, Diabetes, Profile.

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