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1 Anglicanos, quem somos Pelo Bispo Josep M. Rossello Ferrer Um anglicano é, em primeiro lugar, um discípulo de Cristo. Um Anglicano é uma pessoa que tem entendido a necessidade de ter Cristo como Senhor e Salvador, tem recebido nova vida do Espírito Santo, além do perdão dos pecados pela Cruz de Cristo, e a possibilidade de reconciliação e uma vida abundante de comunhão com Deus. Portanto, o Anglicano é um Cristão. Um anglicano é, também, uma pessoa que crê e valoriza em sua vida cristã a obra e o agir do Espírito Santo na salvação, santificação e capacitação da Igreja de Cristo. Igualmente, um anglicano crê que o Evangelho do Reino se preocupa com o ser humano como um todo e que a Sua salvação nos alcança integralmente, não somente as pessoas, mas também as cidades e as nações. Da mesma forma, ser um anglicano é ser apaixonado pela evangelização e a missão de Deus no poder do Espírito Santo, promovendo o crescimento do Reino, por intermédio do fazer discípulos em todas as nações. Finalmente, ser anglicano é participar integralmente da vida da igreja, por meio do exercício dos dons, do compromisso de ser dizimista e bom mordomo não só dos bens materiais, como também da vida de modo geral. ‘Ser Anglicano’ é ser parte de uma igreja anglicana. O nome "Anglicano" deriva da palavra Anglo, Inglês. Porém, isso somente aponta a origem da tradição Anglicana que foi na Inglaterra, porém, diz pouco a respeito do Anglicanismo. Ser anglicano nos lembra de que não somos uma seita moderna, fundada pelos homens, aqui ou ali com a finalidade de ressaltar este ou aquele costume ou prática, em detrimento de outros. Antes, considera-se como uma jurisdição evangélica da Santa Igreja Católica, no sentido básico do termo, isto é, da Igreja única no mundo todo que é o Corpo de Cristo, porquanto, possui as credenciais da missão, tradição, sucessão e doutrina dos apóstolos, preserva e ensina toda a verdade cristã, as doutrinas da graça e se destina a todos os homens de todos os tempos. Ser anglicano é ser parte da rica herança protestante e reformada que começou a partir de Wycliff e Tyndale, para reformar os erros doutrinários e os costumes ilícitos que tinham sido incorporados na Igreja Católica Romana por vários séculos que levou a necessidade de uma Reforma Protestante através de homens como Robert Barnes, Hugh Latimer, John Frith, Thomas Bilney e Tomás Cranmer. Estes reformadores entenderam a necessidade de reformar a Igreja Inglesa através de uma conscientização do problema e despertar espiritual. Muitas pessoas entendem que o Anglicanismo foi uma divisão do catolicismo romano por causa do casamento de Henrique VIII. Não é bem assim. Henrique VIII separou a Igreja Inglesa do poder e influência do Papado, porém, não mudou nada. A responsabilidade de reformar a Igreja Inglesa foi do arcebispo Tomás Cranmer e os Reformadores Protestantes, como temos lido. Eles nunca tiveram em mente fazer uma nova igreja. A ideia era levar adiante uma reforma litúrgica, teológica e eclesiástica devido à corrupção e erros existentes na Igreja Católica Romana. Não era uma reforma para introduzir inovações doutrinarias, mas era exatamente para recuperar algumas doutrinas esquecidas e abandonadas, e voltar à simplicidade da igreja primitiva dos primeiros cinco séculos.

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Anglicanos, quem somos

Pelo Bispo Josep M. Rossello Ferrer

Um anglicano é, em primeiro lugar, um discípulo de Cristo. Um Anglicano é uma pessoa que tem entendido a necessidade de ter Cristo como Senhor e Salvador, tem recebido nova vida do Espírito Santo, além do perdão dos pecados pela Cruz de Cristo, e a possibilidade de reconciliação e uma vida abundante de comunhão com Deus. Portanto, o Anglicano é um Cristão.

Um anglicano é, também, uma pessoa que crê e valoriza em sua vida cristã a obra e o agir do Espírito Santo na salvação, santificação e capacitação da Igreja de Cristo.

Igualmente, um anglicano crê que o Evangelho do Reino se preocupa com o ser humano como um todo e que a Sua salvação nos alcança integralmente, não somente as pessoas, mas também as cidades e as nações.

Da mesma forma, ser um anglicano é ser apaixonado pela evangelização e a missão de Deus no poder do Espírito Santo, promovendo o crescimento do Reino, por intermédio do fazer discípulos em todas as nações.

Finalmente, ser anglicano é participar integralmente da vida da igreja, por meio do exercício dos dons, do compromisso de ser dizimista e bom mordomo não só dos bens materiais, como também da vida de modo geral.

‘Ser Anglicano’ é ser parte de uma igreja anglicana. O nome "Anglicano" deriva da palavra Anglo, Inglês. Porém, isso somente aponta a origem da tradição Anglicana que foi na Inglaterra, porém, diz pouco a respeito do Anglicanismo. Ser anglicano nos lembra de que não somos uma seita moderna, fundada pelos homens, aqui ou ali com a finalidade de ressaltar este ou aquele costume ou prática, em detrimento de outros. Antes, considera-se como uma jurisdição evangélica da Santa Igreja Católica, no sentido básico do termo, isto é, da Igreja única no mundo todo que é o Corpo de Cristo, porquanto, possui as credenciais da missão, tradição, sucessão e doutrina dos apóstolos, preserva e ensina toda a verdade cristã, as doutrinas da graça e se destina a todos os homens de todos os tempos.

Ser anglicano é ser parte da rica herança protestante e reformada que começou a partir de Wycliff e Tyndale, para reformar os erros doutrinários e os costumes ilícitos que tinham sido incorporados na Igreja Católica Romana por vários séculos que levou a necessidade de uma Reforma Protestante através de homens como Robert Barnes, Hugh Latimer, John Frith, Thomas Bilney e Tomás Cranmer. Estes reformadores entenderam a necessidade de reformar a Igreja Inglesa através de uma conscientização do problema e despertar espiritual.

Muitas pessoas entendem que o Anglicanismo foi uma divisão do catolicismo romano por causa do casamento de Henrique VIII. Não é bem assim. Henrique VIII separou a Igreja Inglesa do poder e influência do Papado, porém, não mudou nada. A responsabilidade de reformar a Igreja Inglesa foi do arcebispo Tomás Cranmer e os Reformadores Protestantes, como temos lido. Eles nunca tiveram em mente fazer uma nova igreja. A ideia era levar adiante uma reforma litúrgica, teológica e eclesiástica devido à corrupção e erros existentes na Igreja Católica Romana. Não era uma reforma para introduzir inovações doutrinarias, mas era exatamente para recuperar algumas doutrinas esquecidas e abandonadas, e voltar à simplicidade da igreja primitiva dos primeiros cinco séculos.

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Este movimento atingiu toda Grã-Bretanha, especialmente Inglaterra, Irlanda e País de Gales, e teve influência cultural e social no mundo inteiro, principalmente na América do Norte, África, Ásia, Austrália, e Nova Zelândia. Na atualidade, existem mais de 110 milhões de Anglicanos espalhados pelo mundo, distribuídos em diversas organizações e denominações anglicanas. Isto faz do Anglicanismo a maior tradição evangélica na atualidade.

O QUE E A FREE CHURCH?

A Free Church é uma igreja evangélica, litúrgica e episcopal dentro da tradição e herança Anglicana, que prega o Cristo ressurreto, trabalha para a expansão do Reino de Deus, proclama o Evangelho da Graça e mantem firmemente a sã doutrina e o ministério da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Em outras apalavras, somos uma igreja anglicana.

Acreditamos, portanto, que é responsabilidade de cada pessoa que tem sido transformada pelas boas novas de Cristo acreditar que Deus quer mudar o mundo através da sua vida, procurando fazer discípulos de Cristo e vivendo a nova vida na manifestação do Reino de Deus, a Santa Igreja de Cristo.

SOMOS UMA IGREJA EVANGÉLICA

Muitas pessoas desconhecem que o movimento evangélico moderno surge dentro da Igreja Anglicana no século 18 através do avivamento espiritual liderado por John Wesley e George Whitefield, ambos anglicanos. De fato, as origens históricas da Free Church se encontram nas capelas estabelecidas pelas pessoas alcançadas pelo evangelho através de George Whitefield. Infelizmente, as pessoas quando pensam na igreja evangélica, somente pensam nas igrejas neopentecostais que pouco ou nada têm a ver com o verdadeiro evangelho de Cristo.

O termo Evangélico tem sua origem no grego euangelion, que se traduz Evangelho, ou (literalmente) Boas Novas. Nós evangélicos enfatizamos a salvação pela fé na morte expiatória de Jesus Cristo através da conversão pessoal; a autoridade da Escritura; a importância dos princípios protestantes e reformados; a ênfase saudável no evangelismo e missões globais; a importância da pregação expositiva em oposição ao ritualismo morto; e a vida pessoal de oração e devoção ao nosso Senhor Jesus Cristo.

Ser evangélico é, portanto, crer no poder do Evangelho para transformar a vida de cada pessoa. Isto nos leva a ter o desejo de proclamar as Boas Novas de Cristo em palavras e ações. Ser evangélico é viver e adorar de acordo com o Evangelho e, assim, mudar o mundo. Isto é claramente refletido no valor dado ao ministério da proclamação do Evangelho, com uma clara proeminência à proclamação da verdade bíblica às nações.

A Salvação, pois, é um dom maravilhoso de Deus, independentemente de nós, e baseia-se somente no amor de Cristo expressado na Sua morte na Cruz. Confessamos Jesus Cristo, assim recebemos a nova vida pela fé e começamos a explorar a vida plena, aqui e agora.

Como evangélicos, acreditamos que as Sagradas Escrituras são a Palavra de Deus inspirada e a máxima autoridade. Como tal, a Bíblia contém todas as coisas necessárias para a salvação e instrução na vida cristã. Estamos comprometidos com a leitura, estudo, ensino e pregação fiel da Escritura. Acreditamos que as Sagradas Escrituras são o manancial para a maturidade espiritual. Através do conhecimento bíblico, seremos capazes de viver os outros distintivos evangélicos que são a importância de uma relação pessoal com Jesus Cristo, uma vida santificada, de constante oração, e de compromisso com a evangelização e com as missões.

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SOMOS UMA IGREJA LITÚRGICA

A Free Church está alicerçada e centrada no Evangelho. E o Evangelho encontra-se no centro do Livro de Oração Comum. Nossa liturgia é vida e oração, comunidade e comunhão, centrada no Evangelho e em Cristo, dando forma à doutrina da graça e à fé em Jesus Cristo.

Temos sido criados para adorar ao Senhor na Santidade do Seu Nome. O povo de Deus é reunido para servir ao Senhor. Isto é o significado da palavra liturgia. Nós acreditamos que o poder de mudar o mundo não surge de nós mesmos, mas do Espírito Santo que tem agido de forma miraculosa em cada geração. A Igreja de Cristo sempre foi uma igreja litúrgica, até mesmo no Novo Testamento, com referência a adoração cristã. Assim, dizemos hoje que Liturgia é a forma que nos conforma a imagem de Cristo através do culto ao Senhor. Faz-nos autênticos adoradores em espírito e verdade. O culto cristão é um estilo de vida que tem suas raízes no Antigo Testamento, vivido nas Sinagogas e transformado no Novo Testamento. A Liturgia tem moldado o padrão de culto da Igreja através dos séculos. Os Salmos de Davi são uma forma de culto litúrgico que era praticado no Templo de Jerusalém. Jesus deu aos seus discípulos uma forma simples de liturgia quando os ensinou o “Pai Nosso” e também ao instituir a Ceia do Senhor na noite em que foi traído. No Apocalipse nos é revelado um culto diante do Trono de Deus, e é claramente litúrgico.

O culto cristão nos dá uma maior segurança de que tudo seja feito com “ordem e decência” (I Co 14:40), como o apóstolo instruiu a Igreja, mas isso não significa que seja sem vida, nem espírito. O verdadeiro culto ao Senhor evitará erros do Ministro, ou pelo grupo de música, ou por outras pessoas, pois assegura que todos os cristãos participem juntos do culto de adoração, louvor e ação de graças a Deus.

Ser uma igreja litúrgica significa que os sacramentos (Ceia do Senhor e Batismo) são centrais na vida da Igreja de Cristo. Expressamos o evangelho através da ordem de culto e ritos, simbolismos e sinais. Desejamos ser uma igreja focada em adorar ao Senhor na beleza da Sua santidade.

Do centro de nosso culto nós extraímos toda a riqueza e profundidade dos elementos bíblicos, históricos, litúrgicos e sacramentais. Nossa liturgia e prática litúrgica surgem da grande riqueza do Livro de Oração Comum. Compreendemos os sacramentos da Igreja como “sinais visíveis e externos da graça invisível e espiritual”, dados àqueles que têm fé, conforme a graça e méritos de nosso Senhor Jesus Cristo, que é feito espiritualmente acessível a todos os seus filhos através dos sacramentos que manam da Sua obra redentora para a nossa salvação.

A Free Church segue o padrão litúrgico adotado pela Igreja da Inglaterra nos dias da Reforma Protestante. Encontra-se em conformidade com a Bíblia e foi compilada por Cranmer, Ridley e outros Reformadores Ingleses, contando ainda com a ajuda de grandes teólogos reformados como Martin Bucer, Pedro Martyr, John Knox, dentre outros.

SOMOS UMA IGREJA EPISCOPAL

A Free Church acredita que há somente “uma fé, um batismo, um Deus, e Pai de todos” (Efésios 4:5–6a). Jesus Cristo é o Cabeça da Igreja, e existe somente um corpo de Cristo, a Igreja, nutrida e capacitado pelo Espírito Santo. Assim, somos dedicados a manter a comunhão, paz, e colaboração com as outras igrejas cristãs, como Deus nos conduza e permita em Sua providência.

Reconhecemos e aderimos ao Episcopado histórico que Deus tem orientado à Igreja a adotar desde os tempos primitivos como “sucessores históricos dos apóstolos” e que acreditamos ser essencial para a plenitude da ordem apostólica e o bem da vida da Igreja e sua missão.

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Na Free Church os bispos têm a linha de sucessão histórica através da nossa igreja irmã, a Igreja Episcopal Reformada de América do Norte. A sucessão histórica em si mesma não assegura a catolicidade ou apostolicidade. Porém, onde há a sã doutrina e a prática da fé é mantida em continuidade com “a fé que uma vez foi entregue aos santos” (Judas 3b, veja também 2 Timóteo 2:2) a sucessão histórica provê um testemunho poderoso para a continuidade histórica do governo da Igreja militante de Cristo nos últimos 2.000 anos. A sucessão histórica também nos lembra da confiança que tem sido entregue aos anglicanos e a responsabilidade que temos para crescer no presente e futuro, mantendo a igreja viva. Lembra-nos, do mesmo modo, da grande multidão de testemunhas que têm vivido antes de nós, de tal modo que desperta em nós um desejo de sermos fiéis em nosso tempo.

Sob a liderança episcopal, fiel à Escritura e ao Espirito, os ministros ordenados (presbíteros e diáconos) encontram seu contexto para o serviço efetivo, como também o ministério de todo o sacerdócio universal do povo de Deus, como membros da Igreja de Cristo. O bispo exerce sua autoridade apostólica sobre uma diocese (grupo de congregações locais de uma determinada região). Ele desempenha a função do pastor principal da igreja, cuida e mentoreia os presbíteros, defende a doutrina e promove a visão e a missão. As funções de supervisão eclesiástica e de administração da Confirmação e Ordenação estão investidas somente no Bispo. O Bispo é escolhido entre os Presbíteros da Igreja e consagrado ao ofício e ministério de Bispo.

A Free Church celebra e afirma o ministério histórico e bíblico de todos os membros da Igreja de Cristo. Ainda que mantenhamos os credos universais, o Episcopado Histórico e o ministério ordenado de bispos, presbíteros e diáconos, também reconhecemos e adotamos o “sacerdócio real” de todos os crentes, chamados por Deus em Cristo como um “reino de sacerdotes” (Ex. 19:6). Portanto, apoiamos e sustentamos a mobilização e envio dos membros (o ministério dotado de todo o povo de Deus) sobre a supervisão e capacitação dos bispos e outros ministros. Todos os cristãos têm sido chamados a exercer seu ministério de uma forma relevante, sendo essencial para a saúde da Igreja que cada membro cumpra seu ministério.

NÓS ANGLICANOS SOMOS CATÓLICOS

Apesar de termos o nome anglicano e de termos surgidos historicamente da Reforma Protestante da Igreja Inglesa, o nosso ensino é conformado à doutrina ensinada pela antiga Igreja Cristã dos primeiros cinco séculos. Nós anglicanos não inventamos novos ensinamentos ou criamos uma nova igreja. Pelo contrário, pela graça de Deus, simplesmente tentamos reformar a Igreja Católica Romana do Século 16 para conformar-se ao Antigo Evangelho, ensinamos novamente a sã doutrina que a santa Igreja Cristã já tinha acreditado, mas que havia perdido. Somos católicos, não católicos romanos. Muito antes de haver uma “Igreja Católica Romana” ou papa, a palavra católica foi utilizada nos primeiros séculos da história da Igreja, querendo significa “universal”, ou seja, a Igreja que está espalhada por todo o mundo, que não está restrita a um lugar. Somos um com e fazemos parte desta santa igreja católica que existe desde o princípio.

NÓS ANGLICANOS SOMOS PROTESTANTES

Acreditamos nas colunas estruturais da Reforma Protestante do Século 16: Sola Gratia, Sola Scriptura, Solus Christus, Soli Deo Gloria e Sola Fide. Nós anglicanos não somente acreditamos nos princípios apresentados pelos 5 Solas da Reforma, como também participamos da própria Reforma Protestante no século 16. Inclusive, dispostos a pagar um alto preço pela verdade do evangelho ao levar adiante a Reforma Protestante na Inglaterra, muitos de seus participantes tiveram seu próprio sangue derramado

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quando foram perseguidos e mortos devido a sua fé.

NÓS ANGLICANOS SOMOS REFORMADOS

Somos reformados, porque somos anglicanos. As igrejas anglicanas são fruto da Reforma Protestante e subscrevem os 39 Artigos de Religião como padrão doutrinário – neles estão as doutrinas essenciais da teologia reformada. Como reformados, nós Anglicanos, aceitamos ainda os princípios teológicos e litúrgicos do Livro de Oração Comum, a liturgia reformada mais usada no mundo nos últimos 500 anos.

Somos a igreja de Tomás Cranmer, Ridley, Latimer, Richard Hooker, John Davenant, Lancaster Andrewes, George Whitefield, J. C. Ryle, C. S.Lewis, John Stott, J. I. Packer, Alastair McGrath, N.T. Wright, Gerald Bray, dentre outros. Temos percorrido um longo caminho, contudo, continuamos trabalhando no presente e olhamos para o futuro.

OS CREDOS

Nós anglicanos ensinamos que um credo, como a palavra mesmo diz e significa (credo = eu creio), é simplesmente uma afirmação daquilo que se crê; que todo cristão professo tem um credo, quer ele admita ou não; que um credo verdadeiro não é um complemento à Bíblia, mas somente uma ênfase necessária de verdade contra aqueles que usam erroneamente a Bíblia para a defesa dos seus falsos ensinos; que em diferentes momentos históricos da Igreja as verdades bíblicas foram reafirmadas na elaboração dos Credos Apostólico, Niceno e Atanasiano, e na Cristologia afirmada pelo Concílio de Calcedônia; e que sem um credo a igreja está sujeita a ser envolvida por um dilúvio de erros. (1 Pe 3.15; Mt 10.32).

Os Credos Universais são símbolos da fé Cristã, expressam claramente nossa fé na Santíssima Trindade. São chamados de universais porque foram escritos pela Igreja indivisa e são aceitos por todos os cristãos.

A natureza confessional do Anglicanismo está baseada na Bíblia Sagrada. Como exposição correta da Bíblia Sagrada o Anglicanismo adota os 39 Artigos de Religião e o Catecismo.

CREDO APOSTÓLICO

Por ser parte do Batismo e ensinado no Catecismo, o Credo Apostólico é o credo mais usado. Com exceção do Pai Nosso não há na Igreja Cristã conjunto de palavras que os cristãos mais pronunciem. Ele é o primeiro dos credos. As igrejas protestantes e reformadas para demonstrar que não eram uma seita incorporaram os três credos em suas confissões afirmando a catolicidade da Igreja de Cristo.

CREDO NICENO

Enquanto a Igreja se desenvolvia passou a sofrer oposição do Império Romano e dos judeus em forma de perseguições, prisões e morte aos que professavam a Fé Cristã. Mas, este não foi o único tipo de perseguição sofrida, outro tipo de perseguição começou a se infiltrar na Igreja – o da oposição à fé como revelação direta da verdade por parte de Deus. A origem do Credo Niceno se encontra na necessidade de defender a doutrina apostólica da divindade de Cristo contra as pregações e ensinos de Ário e da divindade do Espírito Santo contra os seguidores de Macedônio. O Credo Niceno não procura apresentar todos os artigos da fé cristã, mas confessa e defende as verdades fundamentais da

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doutrina bíblica acerca de Deus.

CREDO ATANASIANO

O Credo Atanasiano é uma confissão magnífica sobre o Deus Trino. O Credo Atanasiano nunca teve um uso generalizado como os outros credos. Mas se há um momento no Ano Cristão que ele deveria receber atenção este é o Domingo da Santíssima Trindade, pois, essa doutrina é especialmente a da divindade de Cristo e de sua obra redentora, é o fundamento sobre o qual está edificada a igreja (Ef. 2:20).

O QUE CREMOS SOBRE...

“No essencial unidade, no não essencial liberdade, em tudo caridade” (Agostinho de Hipona)

As principais características do Anglicanismo são suas doutrinas bíblicas que se diferem de muitas denominações que confundem doutrinas com costumes. Portanto, as doutrinas cristãs que afirmamos são totalmente fundamentadas na Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada.

A BÍBLIA

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a Bíblia é, em todos os seus termos, a verdadeira Palavra de Deus e que, consequentemente, todos os fatos nela relatados são absolutamente verdadeiros; que ela não contém erros,que ela se interpreta a si mesma,que ela é a única verdade divina conhecida sobre a terra,que ela deveria ser diligentemente ouvida e estudadae que ela anuncia a salvação pela fé em Jesus Cristo, sendo a única Regra de Fé e Prática. Referências bíblicas: 2 Pedro 1.21; 1 Coríntios 2.13; João 5.39; Lucas 11.28.

A SANTÍSSIMA TRINDADE

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que Deus é Trino, isto é, um Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; que estas três pessoas são iguais, que ignorar ou negar uma é rejeitar todas, e que ele é Criador, Redentor e Santificador.

DEUS PAI – Deus é amor, também é justo, infinito, soberano, todo-poderoso, bondoso, que tem um propósito para o homem e que é revelado na criação do mundo, na encarnação do seu Filho e na Bíblia Sagrada.

DEUS FILHO – Deus se fez homem para nossa salvação. Sua vida, morte e ressurreição nos liberta das limitações do pecado e da morte.

DEUS ESPÍRITO SANTO – Deus que habita em nós; que regenera, redime, dá vida aos homens, renova, mantém e aviva a Igreja, e nos capacita para seguir a Cristo como Senhor e obedecer aos mandamentos de Deus.

Referências bíblicas: Dt 6.4; Mateus 28.19; João 1.3; 5.23; 1 João 2.23; Gê 1.1; Jó 12.13; Ro 15.13.

O HOMEM E O PECADO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que Deus criou o homem a Sua própria imagem, santo e justo; o homem não é produto de uma pretensa evolução, mas foi feito por Deus por meio de um ato direto de criação e que lhe foi dado uma alma imortal, dotada de perfeita santidade e criada para a vida eterna. Entretanto, o homem pecou, rompeu a comunhão amorosa com Deus, trazendo

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sobre si a morte e a condenação, tornou-se morto em delitos e sujeito à morte; e agora em seu estado natural o homem não pode, por qualquer poder ou força de sua própria razão ou obra, salvar-se ou restabelecer a relação de comunhão com Deus. Referências bíblicas: Gê 1.27; 2.7; 3; Salmos 14.3; 51:5; 143.2; Is 64.6; Ro. 3.23; 5.12; 1 Co 2.14.

A LEI

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a Lei de Deus exige corações, pensamentos, palavras e ações perfeitas; que ela condena inteiramente a todos aqueles que a transgredem; que ela não pode salvar os pecadores e que sua função principal desde a queda em pecado é a de levar o homem ao conhecimento de sua depravada condição e mostrar que todo homem necessita da ajuda de Deus. Referências bíblicas: Mateus 5.48; Lv 19.2; Dt 27.26; Ro 3.20.

O PECADO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que cada pensamento, palavra e ato cometido contrário à lei de Deus é pecado; que cada ser humano é pecador por nascimento; que todo o mal no mundo é consequência do pecado do homem; que o pecado leva a condenação e ao inferno; esomente Cristo nos liberta do pecado e da morte. Referências bíblicas: 1 João 3.4; João 3.6; Ro 5.12; Salmos 5.4; 51.5.

O EVANGELHO DE CRISTO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que o evangelho é Jesus. Jesus é a revelação especial aos homens de quem é Deus verdadeiramente. Também é a demonstração do que um Deus amoroso e misericordioso fez, e continua fazendo, através de Jesus Cristo para a salvação da humanidade; que ele gratuitamente oferece a todos os pecadores a justiça que está em Cristo Jesus; e que salvará eternamente aqueles que, com fé, aceitarem as suas promessas. Referências bíblicas: Ez 33.11; 1 Tim 2.4; Lucas 4.18-19; João 3.16; Ro. 3.21-24; 1.16.

JESUS CRISTO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que Jesus Cristo é o Filho de Deus e que é igual ao Pai em todos os sentidos, é da mesma natureza que o Pai e o Espírito Santo; que Ele é também o filho da virgem Maria e que foi feito homem a fim de que pudesse salvar o mundo; que Ele satisfez as exigências da Lei divina em lugar dos homens, cumprindo os mandamentos de Deus em nosso lugar; que Ele arcou com a punição dos nossos pecados sofrendo e morrendo em nosso lugar na cruz; que Ele ressuscitou corporalmente dentre os mortos e hoje vive; que Ele é o único caminho que nos conduz aos céus; e que Ele virá visivelmente pela segunda e última vez no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos. Referências bíblicas: João 5.20,23; 10.30; 14.9; Mateus 1.18-25; 1 Pe 2.22-24; Gl 4.4-5; 3.13; Ro 4.25; Atos 1.11; 10.42.

PAZ COM DEUS

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que tudo quanto era necessário para que houvesse reconciliação do mundo com Deus foi feito quando Jesus Cristo deu sua vida sobre a cruz; que Deus, por causa de Jesus Cristo, declarou o povo de Deus livre da dívida e da culpa do pecado, declarou-o justo; que essa justificação (salvação) torna-se realidade através da aceitação pessoal da mesma; que todos que assim, pela fé, aplicaram para si mesmos a graciosa declaração divina de reconciliação, são justificados diante de Deus; e não por qualquer mérito ou dignidade, mas somente pelo amor

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imerecido que Cristo nós dá através da fé. Referencias bíblicas: 2 Co 5.19; Ro 3.22-24, 28; 5.18-19; Atos 10.43; Ef 2.8-9.

O ARREPENDIMENTO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que o arrependimento, no sentido bíblico do termo é o reconhecimento do pecado e o sincero lamentar por causa dele – juntamente com o confiante pedido de perdão a Deus, em nome de Cristo; que ele é uma condição do coração sem o qual homem algum pode ter a esperança de ser Salvo; e que a todo pecador verdadeiramente arrependido é assegurado o perdão gratuito e completo de Deus. Referências bíblicas: Is 55.6-7; Mateus 4.17; Marcos 1.15; Lucas 10.13-14; Atos 2.38; 2 Co 7.10.

A VERDADEIRA FÉ

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a fé é a aceitação de Jesus Cristo, por parte do pecador arrependido, como seu real e único Salvador e sua completa confiança na obra de Cristo para o perdão dos pecados e a Salvação; que a fé não é apensa um conhecimento intelectual da história de Jesus Cristo, mas crer, confiar e receber o que é oferecido nesta história, ou seja, o perdão dos pecados e a vida eterna; que aquele que é eleito de Deus nesta fé, até o fim, será real, plena e eternamente salvo; e que sem ela, a Salvação é impossível. Referências bíblicas: João 1.12,16; 3.36; At 10.43; 16.31; Ro 10.17; Hb 11.1; 1 Co 12.3; 1 Pe 1.5; Mateus 24.13.

A CONVERSÃO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a conversão não é uma mera mudança de hábitos, mas uma mudança do coração – um “nascimento espiritual” do homem; que ela é realizada pelo poder de Deus Espírito Santo; que ela acontece quando Jesus nos chama para nos arrependermos e crermos; a conversão é o que acontece quando Deus chama e capacita as pessoas a se arrependerem de seus pecados e a terem fé em Cristo. Referências bíblicas: Ez 11.19; Jr 31.18; João 1.12-13; 1 Jo 5.1; Is 55.3; Hb 4.12; 1 Pe 2.25; Ef 2.1, 8; Rm 6.17; Cl 2.13; 2 Tm 2.25).

A SALVAÇÃO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a salvação significa o fim da nossa separação de Deus e o começo de uma vida nova de acordo com Sua vontade. A salvação é inteiramente pela Graça de Deus, por intermédio da redenção em Jesus Cristo. Todos os seres humanos pecaram (Rm 3:23), sendo, por isso, culpados diante de Deus (Rm 3:19) e estão debaixo da maldição da lei (Gl 3:10), merecendo a morte (Rm 6:23). Abandonado a sua própria sorte é absolutamente impossível ao ser humano alcançar sua própria salvação, pois, pelas obras da lei nenhuma carne será justificada (Rm 3:20).

Salvação pelo mérito de nossas próprias obras é impossível. Logo, a graça divina é necessária para que sejamos salvos.

O Espírito Santo nos dá vida. Ele, também, nos leva ao arrependimento de nossos pecados, em outras palavras, nos leva a mudar de vida e a nos voltarmos a Deus. E a confessar pela fé a Jesus como Salvador e viver seguindo ao Senhor. Assim, somos capazes de conhecer e experimentar o amor e propósito de Deus para nossas vidas. Somos eleitos e escolhidos em Deus, chamados a seguir a Cristo e a viver na Igreja pelo Espírito Santo.

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A JUSTIFICAÇÃO E A ELEIÇÃO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que Deus, graciosamente, por causa de Jesus Cristo, justifica os pecadores mediante a fé; esta fé justifica, sem qualquer mérito da nossa parte, mas por causa de Jesus Cristo (Rm. 1:17; Ef. 2: 8-9). A eleição e um ato amoroso de Deus que e feito por Sua bondade e eterna vontade pela Igreja de Cristo. Referências bíblicas: Ef. 1:4; 3:11; 2 Ts. 2:13; 2 Tm 1:9; Ro 9:11.

A SANTIDADE

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a santidade é a vida que o cristão levará após a conversão; este viver produzirá bons frutos como consequência da fé em Jesus Cristo; que todos os cristãos autênticos produzem boas obras em gratidão e louvor pelo perdão recebido de Deus e para a glória do Seu Santo Nome; e que, embora a santificação seja um processo gradual, nós só alcançaremos a perfeição na eternidade.

A Santidade, ou santificação, da vida começa no coração. Por natureza, o ser humano tem mente carnal e é inimigo de Deus (Rm 8:7). Mas pela fé aprecia e aceita as bênçãos da Graça de Deus. Cria-se, assim, em seu coração a gratidão e o amor a Deus. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (I Jo 4:19). Sua atitude para com Deus é transformada.

Essa mudança de coração, de inimizade em amor, também traz mudança da mente em relação às coisas da vida. Sua visão da vida e sua valorização das coisas terrenas estão mudadas (Fp 3:7-8) e sua afeição se dirige às coisas do alto (Cl 3:2).

Por amor a Deus sua mente não esta mais posta nas obras da carne, que a Deus aborrece, mas nas coisas do Espírito que são agradáveis a Deus (Rm 8:5). Odeia o que antes amava; ama o que antes odiava. Por causa das bênçãos recebidas de Deus não se conformara mais ao mundo, mas transformar-se-á pela renovação de sua mente, para experimentar qual seja a boa e agradável vontade de Deus (Rm 12:2). Assim, a atitude moral do ser humano e radicalmente transformada. Moralmente ele se tornou nova criatura (2 Co 5:17). Esta mudança e renovação interior são a essência da santificação. Referências bíblicas: João 3.3; 2 Co 7.1; Gl 5.6,25; 1 Ts 4.3; Ef 2.10; 1 Pe 1.15; Ro 7.15-25; Fp 3.12-14.

A IGREJA DE CRISTO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que há uma IGREJA triunfante e militante, que consiste de todos aqueles que em seus corações, verdadeira e sinceramente, aceita Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador; que esta Igreja é única; que Jesus Cristo é seu único Cabeça e Senhor; que todos os seus membros possuem direitos iguais;que ela pode ser encontrada onde quer que o Evangelho de Cristo seja conhecido e seus sacramentos celebrados, e que durará para sempre;que há uma Igreja Cristã visível, que se compões de todos aqueles que professam a fé cristã e se reúnem em torno da Palavra de Deus e dos sacramentos; que, por causa da inerente inclinação do homem ao mal, sempre há, na igreja como um todo, os hipócritas, os defensores de falsas doutrinas e de práticas não-cristãs; eque é dever de todo cristão sincero buscar e ser parte da igreja visível que retém o puro evangelho, a sã doutrina, os santos sacramentos e a correta prática.

Todos os batizados são membros da Igreja. Todos os cristãos são sacerdotes e reis diante de Deus. Todos os crentes têm acesso direto e igual à Graça de Deus, por intermédio de Cristo, nosso único Mediador. A Igreja é a sociedade na qual os cristãos são nutridos na vida, comunidade e esperança

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crista pela proclamação do evangelho, o Batismo, a participação da Ceia do Senhor, Oração Comum e outros atos sacramentais. Pelo Espírito Santo, os membros da Igreja compartilham da comunhão dos Santos. Assim, a Igreja é verdadeiramente:

UNA – Porque é um só corpo com uma só Cabeça: Cristo. (Ef 4:4-6)

SANTA – Porque é separada pelo próprio Deus para ser a noiva de Cristo, pelo Espírito Santo que habita nela e nos seus membros que são chamados a serem o Seu povo no mundo.

CATÓLICA – Universal, Cristã e Ortodoxa. Porque mantém e confessa a fé sustentada “em todo lugar, sempre, e por todos” [Vicente de Lerins], afirmada nos Credos e vivida nos Sacramentos e no Ministério Ordenado. Ela é para todos os povos, em todos os tempos, mantendo a Fé Cristã em plenitude.

APOSTÓLICA – Porque é a continuidade do ensino dos Apóstolos e mantém o Ministério de Bispos, Presbíteros e Diáconos, na continuidade do Episcopado Histórico fundamentados na Missão confiada por Cristo aos Apóstolos. Enviados a pregarem o Evangelho no mundo e proclamarem o Senhorio de Cristo sobre o mundo, recebendo sua autoridade de Jesus Cristo através dos apóstolos.

Referências bíblicas: João 18.36; 9.31-32; Lucas 17.20-21; Is 55.10-11; Mateus 16.18; 13.47-48; 22.2-14; 15.9; 1 Co 12.13; Ef 1.22-23; 2.19-22; Ro 16.17; 2 Ts 3.6,14; 2 Co 6.14-18.

O CULTO E ORAÇÃO COMUM

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que o Culto Cristão é uma resposta cheia de alegria ao amor de Deus. Expressa a alegria da salvação e nos dá uma oportunidade de adorarmos a Deus, recebermos o perdão e sermos fortalecidos. Confessamos assim nossa fé juntamente com outros cristãos. O culto no Anglicanismo se remonta aos primeiros séculos e foi desenvolvido na forma atual no século XVI quando o arcebispo Tomás Cranmer simplificou a liturgia medieval e elaborou o Livro de Oração Comum.

Nós Anglicanos ensinamos que a oração é uma comunhão dos cristãos com Deus; que, embora não seja um ato pelo qual se obtenha méritos ou recompensas, ela é divinamente ordenada; que deveria ser regularmente praticada por todo cristão para proveito próprio e para beneficio de outros;e que, se feita com fé, conforme a vontade de Deus, tem clara e segura promessa de graciosa aceitação e resposta divina.

A Bíblia Sagrada é lida e ensinada de forma expositiva através das leituras bíblicas. O Livro de Oração Comum contém as ordens do culto e cerimônias. O Hinário e Cânticos nos ajudam a adorar e louvar a Deus através da música. Os cultos podem ser desde bem simples até solenes e contemporâneos. Referências bíblicas: Sl 19.14; Mateus 7.7-8; 21.22; Sl 50.15; 1 Tm 2.1-2,8; 1 João 5.14; Is 65.24.

O MUNDO E A IGREJA

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que o mundo, que foi criado para a Glória de Deus e que é objeto do Seu amor, é a missão da Igreja. Deus chamou homens para usarem todos os Seus dons de acordo com Seu propósito criador. O mundo em que vivemos mostra evidências claras da separação entre Deus e o homem, assim como todos os abusos de pecado humano. Ainda assim Jesus Cristo é Senhor sobre toda a vida, sociedade, nações e povos e a Igreja e o Seu povo servidor, chamado em um mundo caído para declarar o Evangelho, compartilhar o ministério da reconciliação e fazer visível o Reino de Deus. Sua vocação é transformar o mundo através do Evangelho e preparar o

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caminho da volta do Senhor.

O DIABO E O INFERNO EXISTEM?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que há um grande número de espíritos (chamados de ‘demônios’ na Bíblia) dotados de poder, que são inimigos implacáveis de Deus e de sua igreja; que estes foram lançados ao inferno; que no dia do julgamento final todos os homens que morreram sem fé em Cristo serão destinados ao mesmo inferno de tormento e condenação eternos; e que ao permanecermos com Cristo Jesus, estamos protegidos das ações e do poder desses espíritos. Referências bíblicas: Ef 6.12; 1 Pe 5.8-9; Judas 6; Mateus 25.41; Is 66.24.

QUAL É A CONSEQUÊNCIA DA MORTE?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que após a morte física, o ser humano será ressuscitado no dia do juízo final e lá viverá novamente; que todas as pessoas serão julgadas por Jesus Cristo; e que a todos os crentes em Cristo será dada a vida eterna no céu, enquanto os descrentes serão lançados à condenação eterna. Referências bíblicas: João 5.28-29; Mateus 25.31,46.

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

Nós Anglicanos esperamos com alegria a volta de Jesus Cristo em glória, no fim dos tempos, para julgar os vivos e os mortos. Deus criará então Novos Céus e Nova Terra, onde viverão os salvos eternamente na presença de Deus.

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que Deus determinou um dia, no qual julgará o mundo com justiça. Ninguém sabe quando será este dia. Naquele dia Jesus voltará visível e glorioso. Céu e terra se desfarão. Todos serão julgados por Jesus. Aos incrédulos, Jesus dirá: Apartai-vos de mim, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus seguidores. Aos fiéis, que terão um corpo glorioso, dirá: Vinde benditos de meu Pai e entrai no gozo de vosso Senhor que vos está preparado desde a fundação do mundo. Então serão criados novos céus e a nova terra, nos quais habitará a justiça. Referências bíblicas: João 5.28-29; 19.25-27; Atos 10.42; 1 Co 15.51-52; Ro 8.18; Mateus 10.28; 26.31-46; 2 Pe 3.10-13; Ap 1: 7-8; 21.1-8.

A ESPERANÇA CRISTÃ

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que o homem é criado para glorificar a Deus e compartilhar da Sua vida divina. A plenitude deste propósito é garantida pela ressurreição de Jesus Cristo da morte. Para aqueles que estão em Cristo a vida eterna começa aqui na terra e continua eternamente na presença de Deus e na companhia de todo o Seu povo. Na plenitude do tempo Deus cumprira tudo o que Ele começou. O próprio Cristo será revelado em poder, vitória e glória. Todos os homens serão julgados por Deus em Cristo na luz do Seu conhecimento, santidade e amor perfeito. O destino daqueles que rejeitam a Cristo será decidido por Deus no juízo final. O fim da história será a vitória de Cristo, a ruína de Satanás e o triunfo do amor de Deus.

A ÉTICA CRISTÃ PARA A VIDA A Bíblia ensina que somos salvos para fazer boas obras, não pelas boas obras (Efésios 2: 8-10). Portanto, os Anglicanos ensinam e enfatizam uma vida plena de fé, esperança e amor. Dito de outra forma, nós esforçamo-nos para ser como Jesus em tudo o que dizemos, fazemos ou pensamos, evitando

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o pecado e buscando a santidade. Fazemos isso não para sermos salvos por estas obras (apenas as obras de Cristo podem nos salvar); fazemos porque já fomos salvos pela graça de Deus em Cristo.

Nós seguimos a mesma ética que a Cristandade tem seguido nos últimos 1.000 anos, uma ética bem resumida pelos Dez Mandamentos, como a boa e perfeita lei de Deus. Defendemos e lutamos para defender a santidade e o valor de toda a vida humana, desde a concepção até a morte.

Nós vemos a família como um dom de Deus e como o alicerce da nossa sociedade. Entendemos a sexualidade, no sentido bíblico, como dom de Deus para ser desfrutado somente por um homem e uma mulher no casamento. Não aprovamos os casamentos de pessoas do mesmo sexo, nem consideramos que tal prática esteja em conformidade com as Escrituras, nem com a catolicidade da Igreja de Cristo.

DEUS ACEITA O DIVÓRCIO?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que o vínculo matrimonial deve ser preservado inviolável; que, diante de Deus, divórcio algum é válido, a não ser em casos de adultério, abandono ou conduta maliciosa; que a atual tendência em se menosprezar o matrimônio só poderá resultar em danos incalculáveis ao lar, aos filhos, à igreja, ao Estado, enfim, a toda estrutura da sociedade humana; que Deus jamais incentiva o divórcio, mas que o permitiu pela dureza de nossos corações; e que Deus sempre nos dá uma nova oportunidade de recomeçarmos a nossa vida, e isso também vale aos divorciados. Referências bíblicas: Gn 2.24; Mateus 19.8; 1 Co 7.15.

TEMOS O DIREITO DE TIRAR A PRÓPRIA VIDA?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a vida é um presente dado por Deus, e que tentar tirá-la é um pecado gravíssimo contra o quinto mandamento; que a causa de muitos suicídios tem origens espirituais e psicológicas; que pessoas que apresentem características e tendências suicidas precisam ser levadas a compreenderem o valor da vida e a buscar ajuda profissional; que precisamos estar atentos aos sofrimentos e angústias dos amigos, colegas e familiares, pois, com a ajuda de Deus somos capazes de evitar que estes decidam acabar com as suas próprias vidas;e que o amor de Deus, demonstrado em seu filho Jesus, revela o quanto Deus ama a cada um de nós. Referências bíblicas: Dt 30.19b-20; Jr 31.3; Salmos 23.4; 119.105; Mateus 11.28.

É PECADO BEBER ÁLCOOL?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que não é pecado beber álcool, porque a Bíblia não proíbe o consumo de álcool. A Bíblia condena a bebedeira e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, mas não o seu uso moderado (1 Coríntios 6:9, 10). Desde os tempos antigos homens e mulheres que adoravam a Deus bebiam vinho. Essa bebida é mencionada mais de 200 vezes na Bíblia. (Gênesis 27:25). O vinho provoca uma sensação de prazer e alegria, por esse motivo costumava ser servido em comemorações como casamentos. Foi numa festa de casamento que Jesus fez seu primeiro milagre: transformou água em “vinho excelente” (João 2:1-11). O vinho também era usado para fins medicinais (Lucas 10:34; 1 Timóteo 5:23). A Free Church condena a embriaguez e o alcoolismo, e devemos nos precaver contra tais atitudes perigosas de abuso e uso excessivo de álcool, e advertimos constantemente sobre o perigo do mesmo. Referências bíblicas: Ecl. 9:7; Salmo 104:15; 1 Coríntios 6:9, 10; João 2:1-11.

É PERMITIDO LER HORÓSCOPOS?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que os horóscopos são incompatíveis com a fé cristã.

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Depender da leitura de horóscopos ou outras práticas ocultas para ver o futuro é considerado artes satânicas e vão contra o segundo mandamento da lei de Deus.

Nós anglicanos somos chamados a confiar as nossas vidas somente a Deus Todo-poderoso, como diz o salmista, “meu tempo estão nas Suas mãos” (Salmo 31:15; veja Ecl. 7:14).

Temos que lembrar que nem os eventos diários da nossa vida, nem o futuro, se encontram nas mãos de forças invisíveis ou movimento de planetas. Em vez disso os cristãos precisam acreditar que todas as coisas na vida são dirigidas em conformidade com o propósito eterno de Deus (Rm. 8:28). Por esta razão, desaconselhamos aos cristãos consultar os horóscopos como “entretenimento”, percebendo o perigo espiritual envolvido em tais práticas e a possibilidade de serem enganados através dos mesmos. Referências bíblicas: Dt. 18:9-14; Is. 47:14-15; Salmo 31:15; Ec. 7:14; Ro. 8:28.

PODEMOS CONCILIAR AS VERDADES BÍBLICAS E OS ENSINOS DA CIÊNCIA?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que, visto que o Deus que se revelou na grandeza e complexidade do universo que criou é o mesmo Deus que se revelou como um Deus de misericórdia e amor na obra redentora de Cristo, o Salvador, é certo que não pode haver conflito entre a verdadeira ciência e as verdades da Bíblia; que teorias evolucionistas e filosóficas que negam o lugar de Deus no universo ou que tentam negar a sua revelação salvadora e santificadora são rejeitadas; e que a ciência pode ser, e tem sido, uma forma de manifestação das grandes bênçãos de Deus sobre a humanidade. Referências bíblicas: Salmos 8; 19.1;24.1-2; Hb 1.10; 11.3; Gn 1.28.

QUEM É RESPONSÁVEL PELA EDUCAÇÃO RELIGIOSA?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a educação cristã na juventude não é função do Estado, mas dos pais; que cabe à igreja organizar escolas dominicais e planejar outras atividades que auxiliem os pais a educar os seus filhos na disciplina e ensinamentos do Senhor; e que as atividades referentes à educação cristã e instrução de crianças e jovens é uma obrigação que os pais cristãos devem a si mesmos, aos seus filhos, à sua igreja e à pátria. Referências bíblicas: Marcos 10.14; João 21.15; Ef 6.4.

QUEM DEVE FAZER E APLICAR AS LEIS DE UM PAÍS?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos o princípio que estabelece a separação entre a Igreja e o estado está em harmonia com a espírito e a Bíblia; que, diante disso, a execução das leis civis compete ao Estado e não à igreja; que o estado deve buscar obedecer aos mandamentos da Lei de Deus;que a Igreja se endereça ao coração do homem e age através do convencimento, não por obrigação;e que a interferência da religião no estado e vice-versa só resultará em perseguições religiosas e na destruição do sistema de governo democrático. Referências bíblicas: João 18.36; Mateus 22.21; Ro 13.1-7.

É POSSÍVEL A UNIDADE DA IGREJA CRISTÃ?

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que a divisão que reina no seio da igreja cristã visível é uma condição deplorável, mas que não são os defensores da verdade divina os responsáveis por ela, mas sim os que defendem e professam falsas doutrinas; que não pode haver verdadeira união exterior onde não há união interior na fé em Cristo Jesus; que a esperança de uma cristandade unida se tornará realidade somente quando todos os cristãos professos se unirem na rejeição de todo erro e na aceitação de todas as doutrinas apresentadas na Palavra de Deus; que o respeito a outras igrejas cristãs se torna

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necessário e que a verdadeira Igreja de Cristo buscará a sua unidade na obra salvadora de Jesus Cristo. Referências bíblicas: João 17; Ro 16.17; Ef 4.3-6.

AS FONTES DA DOUTRINA CRISTÃ “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pelo que há em Cristo Jesus” (I Tm 3:14-15).

Richard Hooker foi um dos primeiros reformadores a tratar desta questão. Em seu livro sobre governo e ordem da Igreja escreve defendendo a autoridade da Igreja para estabelecer governo e ordem, Hooker escreve: “Seja em questões de um tipo ou outro, a Escritura apresenta claramente nesta questão o primeiro lugar tanto o crédito e obediência é devida; o seguinte, até onde um homem possa necessariamente concluir qualquer coisa pela força da razão; depois destas a voz da Igreja segue. Aquilo que a Igreja pela sua autoridade eclesiástica provavelmente pensa e define ser verdade ou bom deve em causa da razão anular todos os outros juízos inferiores que sejam” (As Leis de Governo Eclesiástico, livro V, 8:2).

Hooker acreditava que há um significado claro e simples nas Escrituras. Porque é claro, não necessita interpretação e deveria simplesmente ser crido. Então, ele diz que a razão e a Igreja têm autoridade sempre que não sejam contrárias a Escritura. Quando a Igreja regula sobre uma questão que está em conformidade com a razão, esta anula qualquer outra opinião ou teorias oferecidas.

As Escrituras, a tradição e a razão formam juntas uma torre. A Escritura é o fundamento e alicerce de toda verdade. A tradição descansa na Bíblia e é construída sobre ela, mas não pode ir onde não exista o alicerce. A razão descansa na Bíblia e tradição, e se desenvolve sobre eles, igualmente não pode ir onde não há alicerce.

Nós anglicanos afirmamos a tomada de decisões baseada nas Escrituras, a tradição confirmada pelas Escrituras, e a razão instruída pelas Escrituras. Deste modo, nossa interpretação da Escritura está orientada pelo consenso exegético da Igreja através da história, como pela razão, dentro do contexto da ortodoxia histórica, como delineados nos credos universais.

A BÍBLIA SAGRADA

As Escrituras são a infalível e única Palavra de Deus, nos 39 livros do Antigo Testamento e os 27 livros do Novo Testamento. Neles encontramos a história da criação, o amor de Deus pelo Seu povo escolhido, a lei de Deus, os ensinos de Cristo, o início da igreja cristã e os ensinos dos apóstolos.

Ela é a autoridade final e suprema de todas as questões de fé e vida, escrita por homens inspirados unicamente pelo Espírito Santo. Nós Anglicanos acreditamos que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus e nela contém todas as doutrinas necessárias para a salvação e nada que não esteja explícita ou implicitamente nela poderá ser considerado como artigo de fé e nem necessário para a salvação.

As Escrituras sagradas são verdades testadas que requerem nossa submissão sem reservas em todas as áreas da nossa vida. A Palavra de Deus escrita é infalível, confiável e com autoridade, sendo o testemunho completo e unificado dos atos redentores de Deus, que culminam na encarnação da Palavra Viva, Jesus Cristo, nosso Senhor.

A TRADIÇÃO

A tradição nos ajuda a interpretar a Escritura e está subordinada a Palavra de Deus, necessitando da

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confirmação da Bíblia. A tradição é a experiência e o testemunho do desenvolvimento e crescimento da fé, orientada e guiada pelo Espírito Santo através dos séculos em diferentes nações e culturas.

Permite-nos compartilhar as experiências dos primeiros cristãos e dos crentes de todas as épocas e povos. Preserva hinos, sermões, teologia, biografias, etc., que mantêm viva nossa fé e a fortalece a cada dia. Por sua continuidade e consistência a tradição nos ajuda a preservar a sã doutrina na vida da igreja. Por este motivo temos um grande respeito pelos ensinos dos Pais da Igreja, os Reformados Protestantes e os teológicos evangélicos modernos.

A primeira fonte para aprender e participar da tradição Anglicana é o Livro de Oração Comum. A tradição da Igreja é contida na liturgia, orações, hinos, credos e artigos de fé. Estes proveem o contexto para as pessoas encontrarem Deus e crescerem em Cristo através da ação do Espírito Santo nos sacramentos, na pregação e na oração.

A tradição norteia para nos ajudar a interpretar as Escrituras, nunca será uma fonte de autoridade igual à Bíblia. Ajudando-nos a evitar ventos novos de doutrina e falsos ensinos, deste modo, nos permite seguir o principio da catolicidade da Igreja, “a fé crida em todos os lugares, sempre e por todos”, como expressado por Vicente de Lerins.

A tradição nos traz à presença de Deus e nos envia ao mundo para caminhar e servir com Cristo na sua missão de proclamar a fé, anunciar a esperança e expressar o amor.

A RAZÃO

Ajuda o homem a entender as profundezas da verdade divina, sendo instruída pela própria Bíblia. O Anglicanismo fomenta nos seus membros o uso da razão para compreender e entender a Palavra de Deus.

Deus nos ajuda a interpretar a Bíblia Sagrada através da razão e a sabedoria. Deus nos dá a liberdade para questionar, pensar e ensinar a vivermos juntos em amor. A razão permite apresentar a fé Cristã de forma que possamos compreender e explicar a outros.

A Razão nos ajuda a glorificar a Deus ao reconhecermos a presença de Deus em ação no mundo e nas nossas vidas, nos capacitando a perceber o quão pouco sabemos.

A razão é o guia para aplicar as Escrituras no contexto contemporâneo. A razão não é uma fonte independente de autoridade que deveria ser considerada como a régua da verdade, mas é uma ferramenta e método pelo qual aplicamos a verdade no contexto pastoral e cultural no presente.

OS SACRAMENTOS Um sacramento é um sinal externo e visível de uma graça interna e invisível. Há somente dois sacramentos instituídos pelo próprio Jesus que são meios de graça essencial para todo cristão:

SANTO BATISMO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que o sacramento do Batismo foi instituído por Cristo para ser administrado na Igreja até o fim dos tempos, como meio da graça pelo qual recebemos a promessa da salvação e somos iniciados na vida cristã; que ele se destina a adultos e crianças, sem exceção e que pode ser ministrado por aspersão ou por imersão. O Batismo, como instituição divina é permanente. Em Mateus 28.18-20, vemos que Cristo ordenou o batismo, que deve ser administrado

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por seus discípulos, com os quais prometeu estar “até a consumação dos séculos”. O Batismo é, pois, ordenança permanente e as igrejas que abandonaram o batismo alegando que se destinava apenas à igreja primitiva anulam uma clara ordem de Jesus e violam uma instituição fundamental de Deus.

É a porta de entrada à família de Deus. Administra-se uma só vez a cada pessoa, geralmente na infância. Pelo Batismo, as crianças são recebidas na igreja, como membros do Pacto da Graça. Realiza-se com água, simbolizando a limpeza do pecado, e em nome da Santíssima Trindade. O dom interior e espiritual é a união com Cristo na sua morte e ressurreição, o perdão dos pecados e a iniciação cristã na Igreja. O Batismo deve ser administrado uma vez só e realizado sempre em nome do Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

As crianças devem ser batizadas porque certamente estão incluídas em “todas as nações”. Assim como não podem ser excluídas do termo “nações”, tão pouco, devemos ousar excluí-las do batismo. Deus não as excluiu na antiga aliança pela circuncisão, por que as excluiria na nova aliança pelo batismo? Referências bíblicas: Mt 28.19; Tt 3.5; Mc 10.14; Mc 7.4; 16.16; At 22.16.

CEIA DO SENHOR OU SANTA COMUNHÃO

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que o corpo e sangue de Jesus Cristo estão espiritualmente presentes no sacramento da Ceia do Senhor; que a Santa Comunhão não é um ato simbólico, mas um meio pela qual Jesus oferece alimento espiritual, renovação da Nova Aliança e fortalecimento da fé; que o corpo e sangue de Cristo são recebidos espiritualmente pelos cristãos pela fé para fortalecimento espiritual e crescimento na vida cristã; e que aqueles que participam da Ceia sem se arrepender dos seus pecados e sem fé em Jesus Cristo não recebem as bênçãos divinas prometidas por Deus e pecam contra o corpo e o sangue de Cristo.

Trata-se da celebração e ação de graças pela morte e ressurreição de Cristo. Usa-se o pão e o vinho. O corpo de Cristo é entregue, recebido e comido de um modo celestial e espiritual, e a maneira pelo qual se recebe e se come é a fé. O mesmo se dá com o cálice. Através da Ceia do Senhor os membros da Igreja se oferecem a si mesmos a Deus em arrependimento, amor e fé, lembram a morte, testemunham seu sacrifício e renovam sua esperança na comida celestial. A Free Church pratica uma política de comunhão aberta aos membros comungantes das outras igrejas cristãs. Referências bíblicas: Mateus 7.6; 26.26-28; 1 Co 10.16; 11.26-29.

ATOS SACRAMENTAIS

Há cinco atos sacramentais que têm sido adotados pela Igreja seguindo a orientação do Espírito Santo nas Escrituras, mas que não tem a mesma natureza que os Sacramentos. Eles não foram ordenados pelo próprio Cristo e nem se aplicam a todos os cristãos. Os atos sacramentais são:

CONFIRMAÇÃO – Uma Profissão de Fé pública que vai acompanhada da oração e imposição de mãos pelo bispo e com a ação do Espírito Santo se renova, confirma e fortalece o compromisso com Cristo feito no Batismo.

SANTO MATRIMÔNIO – Nesta cerimônia o homem e a mulher entram em união para toda a vida, fazem suas promessas diante de Deus, trocam seus votos e alianças, e pedem a graça e a bênção de Deus para cumprir suas promessas e votos.

MINISTÉRIO DE ABSOLVIÇÃO – Reconhecimento e confissão pública a Deus pelos pecados, feitos livre e voluntariamente pela congregação na presença de um Ministro e com o sincero desejo de mudar sua atitude. Por meio da absolvição o ministro declara o perdão de Deus e a reconciliação com

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Deus. Não deve ser confundido com a confissão auricular, particular e privada.

ORDENAÇÃO – Pela imposição de mãos do bispo e oração se ordena e consagra cristãos ao serviço de Deus. Recebem a autoridade e ministério que capacita e ajuda a dedicar suas vidas para ensinar e pregar a Bíblia Sagrada, administrar os sacramentos e governar a Igreja.

MINISTÉRIO DE CURA – Pela imposição das mãos dos Ministros e/ou a unção com azeite e oração se agradece pela graça de Deus pela cura interior, física e espiritual em resposta a fé, arrependimento e oração. Na visita aos enfermos, existe uma possibilidade para fazer confissão de pecados e o ministro dar conselho pastoral e a absolvição. Isto não deverá ser considerado um rito de confissão auricular, mas sendo parte do ministério de visitação aos enfermos.

O MINISTÉRIO CRISTÃO O ministério Cristão deriva de Jesus Cristo, o Cabeça da Igreja. O ministério de Cristo é profético, sacerdotal e régio, é continuado pelo Espírito Santo através dos apóstolos. Por virtude de ser membro da Igreja de Cristo o povo de Deus é chamado e enviado para compartilhar o ministério no mundo.

Nós Anglicanos cremos, ensinamos e confessamos que para a boa ordem deste Ministério Deus tem dado à Igreja vários ministérios e ofícios. Os ministros são separados, ordenados e enviados como foram os Apóstolos, para um ministério particular dentro da Igreja, para edificar a Igreja e capacitar todos os membros para a missão de Deus. Os diáconos, presbíteros e bispos são ordenados para exercer publicamente as ordens sagradas (ofício e ministério), conforme as Escrituras e a igreja primitiva e exercem as funções de proclamação, serviço e supervisão. Os ministros ordenados não constituem uma classe especial de pessoas como os sacerdotes do Antigo Testamento. Sendo todos os cristãos sacerdotes reais, ninguém tem o direito de sobrepor-se aos outros. Por isso, só o chamado de Deus, o reconhecimento da igreja e a ordenação válida tornam alguém um ministro válido. O clero exerce publicamente as funções que todos os cristãos exercem em particular e, também, funções particulares da sua ordenação, conforme as Escrituras.

O tríplice ministério é o centro da estrutura da Igreja exprimindo, assim, a sua unidade em Cristo e a comunhão da comunidade cristã pelo Espírito Santo:

O BISPO - O Bispo é o ministro, o guardião da fé e o pastor principal de uma diocese (grupos de paróquias e missões) que escolheram um Presbítero para cumprir este ofício e ministério. Atua como governante da Igreja e conselheiro do clero; tem o poder de ordenar presbíteros e diáconos, consagra a outros bispos e administra a confirmação. Os bispos são os sucessores históricos dos apóstolos e assim mantém o Episcopado Histórico.

PRESBÍTEROS - O Presbítero (reitor ou ministro titular) é o Ministro que dirige a paróquia. Suas funções incluem aspectos pastorais, espirituais e educativos; ensina e batiza, celebra a Ceia do Senhor ou Santa Comunhão, pronuncia a absolvição e abençoa em nome de Deus, entre outras atividades.

DIÁCONOS - O Diácono é o Ministro que assiste ao Presbítero no seu trabalho na congregação ou ministra sob a direção do bispo em uma missão ou paróquia não organizada. Ele desenvolve trabalho de assistência social, compaixão, pregação e evangelismo.

OUTROS MINISTÉRIOS - Além destes ministérios ordenados podem existir na Igreja outros ministérios ou associações com finalidades especiais de trabalho, como grupos de mulheres, homens, jovens, entre outros. Também se encoraja os ministérios de todos os membros, seja na instrução de

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crianças, adultos, jovens, evangelização, ação social, plantação de igrejas, entre outros. Referências bíblicas: Atos 6.2; 20.17,28; 1 Pe 2.9; Tt1.5-7; 1 Co 14.34ss; 1 Tm 2.11.

ESTRUTURA DE GOVERNO A Igreja Anglicana, desde o século XVI, tem uma estrutura profundamente democrática e parlamentar. O Bispo preside uma diocese (ou grupo de paróquias) e é o seu pastor principal. Não é uma igreja hierárquica como a Católica Romana ou algumas igrejas evangélicas. A Free Church, como igreja anglicana, é governada por um Bispo juntamente com um Sínodo formado pelos representantes leigos das congregações locais e o clero. Em outras palavras, o Sínodo sem o Bispo não pode fazer algo e nem o Bispo sem o Sínodo.

A PARÓQUIA

Cada paróquia está dirigida pelo seu Presbítero o qual esta assistido pela Junta Paroquial. A Junta Paroquial é composta por leigos membros da congregação local. É eleita na Assembleia Geral e sua missão é aconselhar ao Ministro e administrar os bens e recursos financeiros da paróquia. Os leigos têm um papel essencial na vida da Igreja, tomam parte dos cultos da igreja e exercem outras funções, tanto administrativas como ministeriais.

Os cristãos se relacionam com toda a Igreja através da sua paróquia que é a congregação local. As paróquias elegem delegados leigos e guardiões para participarem como membros do Sínodo Diocesano.

O SÍNODO

O Sínodo Geral (ou Convocação), sujeito somente à autoridade de Cristo, que é o Cabeça da Igreja, tem o máximo poder legislativo e administrativo na Igreja. Também existe um Sínodo em cada diocese. Proporciona as linhas gerais para toda a Igreja, do trabalho realizado em relação com os programas de educação cristã, evangelismo, ação social, entre outros.

O Sínodo é um colegiado composto pelos bispos, presbíteros, diáconos e os delegados leigos das paróquias, todos com voz e voto.

O COMITÊ PERMANENTE

É eleito pelo Sínodo. E formado por clérigos e leigos em igual número. O bispo preside também este comitê. Sua função é tratar os assuntos da Igreja que surgem entre as reuniões do Sínodo. Tem igualmente a responsabilidade de cuidar da execução, em tempo e forma, dos acordos adotados pelo Sínodo.

O QUE DISTINGUE OS ANGLICANOS DOS CATÓLICOS? Há muitas coisas que os Anglicanos e Católicos Romanos têm em comum: a Bíblia, os Credos, o Pai Nosso, o ministério episcopal e o uso da liturgia para o Culto. Depois da separação da Igreja Inglesa da Igreja Católica, os que o seguiram decidiram manter da Igreja Católica as coisas que estavam corretas e verdadeiras. Os Reformadores Ingleses apenas rejeitaram as crenças e práticas que não eram bíblicas.

Uma porcentagem significativa dos crentes da Free Church são ex-católicos, o que mostra que não

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temos nenhum sentimento negativo em relação aos católicos. O que nós não concordamos é com os ensinamentos da Igreja Católica sem fundamentos bíblicos.

Diferenças significativas entre a Igreja Católica e a nossa incluem: o papado e governo da igreja; a natureza da sucessão apostólica; os presbíteros como sacerdócio separado dos leigos; o celibato obrigatório do clero; a veneração e o papel da Virgem Maria; a invocação dos santos; a confissão auricular dos pecados; a natureza, significado e número de sacramentos; a doutrina da transubstanciação; o sacrifico eucarístico; a ideia do purgatório; nem oramos pela alma dos mortos; o uso dos livros apócrifos e da tradição como fonte de doutrina; assim como a justificação por meio de uma combinação da fé em Cristo e das boas obras.

Como anglicanos gostamos de falar sobre o perdão dos pecados que temos em Cristo. Se as pessoas perceberem que têm completo perdão através de Cristo vão ver porque não pode haver purgatório para os cristãos. Se eles compreenderem que todos nós somos filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo vão entender por que nós não precisamos orar tendo santos como mediadores.

A Free Church, como herdeira da Igreja da Inglaterra, na sua liberdade cristã e para que tudo se faça com decência e ordem, mantém e observa certos costumes históricos como: padrinhos no batismo; confissão e absolvição pública; vestes litúrgicas; o sinal da cruz no batismo; a cruz; e a observância do ano eclesiástico.

A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

Os Anglicanos cremos na suficiência das Escrituras, enquanto a Igreja Católica dá essa autoridade também ao Papa, ao Magistério da Igreja e a Santa Tradição da Igreja. A centralidade das Escrituras é claramente observada na Free Church, enquanto a Igreja Católica considerada a Bíblia de igual autoridade que a Santa Tradição.

A DOUTRINA DA JUSTIFICACAO

Os Anglicanos cremos que uma pessoa é salva pela Graça de Deus somente através da Fé em Cristo e pelos méritos do Senhor e não pelas boas obras. A Igreja Católica, embora às vezes use uma linguagem parecida, oficialmente ainda sustenta que a fé, a fim de salvar, deve ser acompanhada por alguma "obra" ou "amor" ativo dentro de um cristão.

A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

Enquanto os Anglicanos acreditamos que qualquer erro doutrinário tem o potencial de distorcer ou negar o ensino da Escritura a respeito da salvação, também acreditamos que alguém, independentemente da sua filiação denominacional, que verdadeiramente crê em Jesus Cristo como Salvador será salvo, enquanto a Igreja Católica Romana acredita que não existe salvação fora dela.

A Igreja Católica exige o batismo como qualificação para receber a graça de Deus. A graça pode ser perdida com o pecado e a penitência é necessária para retificar-se deles e receber a graça divina. Se o indivíduo morrer antes de cumprir as penitências, a sua alma vai ao purgatório, um local entre o inferno e o céu. Lá, a reconciliação pode ser cumprida para entrar no céu. Os anglicanos, em contrapartida afirmam que não há nada além do amor de Cristo, as boas ações são fruto de uma nova vida em Cristo e as penitências não são necessárias.

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A AUTORIDADE DO PAPA

Ao contrário da Igreja Católica Romana, os Anglicanos não acreditamos que o ofício do papado, como tal, tenha qualquer autoridade divina, ou seja, sendo o vigário de Cristo, ou na infalibilidade papal, ou que os cristãos precisem se submeter à autoridade do Papa como “verdadeiros” membros da igreja visível.

O NÚMERO E A NATUREZA DOS SACRAMENTOS

Os Anglicanos acreditamos que o corpo e o sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes espiritualmente na Ceia do Senhor, mas eles não acreditam como creem os Católicos, que o pão e o vinho são permanentemente "transformados em" corpo e sangue de Cristo [transubstanciação], nem tampouco que o sacrifício do altar é “um verdadeiro e propriamente dito sacrifício”.

Os anglicanos creem em dois sacramentos e cinco atos sacramentais, a Igreja Católica Romana acredita em sete sacramentos. Também diferimos na compreensão e efeitos dos mesmos na vida do crente.

O PAPEL DA VIRGEM MARIA E DOS SANTOS

Ao contrário dos Católicos, os anglicanos não acreditamos que seja bom ou bíblico oferecer orações a santos ou a Virgem Maria ou ainda considera-la como Mãe da Igreja ou uma "mediadora" entre Deus e os seres humanos ou “co-redentora” com Cristo. Nem veneramos a Virgem Maria, nem os santos. Não acreditamos na Imaculada Concepção, nem na Assunção de Maria, tampouco na virgindade perpétua de Maria.

Os anglicanos agradecemos a Deus pela vida de homens e mulheres que foram exemplos de vida e por terem sido usados por Deus para ensinar, enquanto os Católicos fazem pedidos aos santos para rezarem em prol de outros para certas bênçãos ou auxílios. Os anglicanos focam a sua devoção e veneração apenas na Trindade (Pai, Filho e o Espírito Santo), há uma linha direta de oração entre o crente e Deus, em nome de Cristo pelo auxilio do Espírito Santo.

O GOVERNO DA IGREJA

Na Free Church as decisões são tomadas de forma democrática por toda a igreja reunida em sínodos anuais. Todos os membros participam na tomada de decisões. Existem reuniões anuais, concílios, comitês e sínodos, onde o clero e os leigos estão representados com voz e voto. Os próprios bispos são escolhidos entre os presbíteros e eleitos por votação dos leigos e do clero. Este não é o caso da Igreja Católica onde a autoridade reside no Papa, o colégio cardinalício e os bispos. Os Concílios da Igreja Católica raramente são reunidos, sendo o último o Concilio Vaticano II.

OUTRAS DIFERENCAS

Na sequência do que está escrito anteriormente, a Free Church ensina e promove a leitura da Bíblia Sagrada, permite o casamento dos seus Ministros e distribui na Comunhão as duas espécies, isto é, o pão e o vinho, a todos os seus membros.

Não aceitamos os livros Apócrifos como inspirados; acredita que a Igreja deve submeter-se a autoridade das Escrituras; rejeita a ideia da existência do purgatório e o conceito de que os Ministros sejam sacerdotes em qualquer outro sentido diferente daquele em que todos os crentes são um sacerdócio real; e que exista qualquer sacrifício perpétuo na celebração da Ceia do Senhor, e que a Regeneração é inseparavelmente ligada ao Batismo.

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O QUE UNE OS ANGLICANOS COM A IGREJA EVANGÉLICA? Tem-se que apresentar de forma clara o que une os anglicanos aos outros evangélicos, acredito que a melhor forma de esclarecer é lendo as palavras publicadas pelo Rev. G. Hugh Jones, em 1916, na revista diocesana da Free Church of England: “a seguinte declaração, que coletivamente forma base da “Aliança Evangélica”, pode ser citado como um sumario breve dos pontos doutrinários principais da Free Church of England”.

1. Cremos na existência de um único Deus eterno, pessoal, inteligente e espiritual, eternamente existente em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.

2. Cremos na soberania e sabedoria de Deus na criação e sustento do Universo, na providência, na revelação e na redenção.

3. Cremos no Senhor Jesus Cristo como Filho Unigênito de Deus e coexistente com o Pai, na Sua encarnação humana, no Seu nascimento virginal, na Sua vida sem pecado, nos seus milagres divinos, no Seu sacrifício redentor, na Sua ressurreição e ascensão corporal, na Sua mediação junto de Deus, na Sua segunda vinda pessoal visível em poder e glória.

4. Cremos no Espírito Santo, sua personalidade, divindade e atividade, que opera a conversão e regeneração do pecador e lhe concede poder para testemunhar do Evangelho e exercitar dons.

5. Cremos na inspiração divina e total das Escrituras Sagradas, na Sua suprema autoridade como única e suficiente regra em matéria de fé e de conduta e que não existe qualquer erro ou engano em tudo o que ela declara.

6. Cremos que o homem foi criado por Deus a Sua imagem, que pecou em Adão, que caiu do seu primitivo estado de santidade por transgressão voluntária e que e atualmente um pecador por natureza e escolha, estando, por isso, sob a condenação de Deus.

7. Cremos na salvação e justificação do pecador pelo sacrifício expiatório de Jesus Cristo, que se adquire pela Fé nEle, como uma Graça de Deus, independente do mérito humano, de boas obras ou de cerimônias.

8. Cremos na imortalidade da alma, na ressurreição corporal de todos os mortos, no juízo final do mundo pelo Senhor Jesus Cristo, na eterna condenação dos não crentes.

9. Cremos que a igreja é o corpo universal e espiritual de Cristo, cuja cabeça é Ele, com a missão de pregar o Evangelho no mundo inteiro e que, na sua expressão local, ela e um corpo vivo, uma comunhão de crentes congregados para a sua edificação, adoração e proclamação do evangelho. Cremos também que Cristo conferiu a sua Igreja, com caráter de permanência, duas ordenanças: o Batismo e a Ceia do Senhor.

10. Cremos que é dever de todas as igrejas locais e de cada crente em particular esforçarem-se por fazer discípulos em todas as nações e proclamarem a toda a criatura a grande salvação de Deus.

11. Cremos que e dever de todo o cristão servir a Deus em boa mordomia, promover a paz entre todos os homens e a cooperação entre as igrejas e os irmãos, tendo em vista a concretização dos grandes objetivos do Reino de Deus.

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A Igreja Anglicana Reformada do Brasil é a Diocese Sul-americana da Igreja Livre da Inglaterra. Buscamos glorificar a Deus proclamando o Evangelho da Graça; fazendo discípulos através das comunidades anglicanas estabelecidas em cada cidade e, finalmente, formando e enviando lideres que façam visível o Reino de Deus no Brasil.