pegoraro capitulo 3

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CAPÍTULO I 3 PREPAROS DE DENTES COM FINALIDADE PROTÉTICA LUIZ FERNANDO PECORARO

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Page 1: Pegoraro capitulo 3

C A P Í T U L O I

3

PREPAROS DE

D E N T E S COM

FINALIDADE

PROTÉTICA

L U I Z F E R N A N D O PECORARO

Page 2: Pegoraro capitulo 3

PBEMROS CE D E I T E I COM F l RI L l D » D Ê PROTETlC*

INTRODUÇÃO

O sucesso do tratamento com prótese fixa é determinado através de três critérios: longevidade da prótese, saúde pulpar e genital dos dentes envolvidos e salisfa-<,;ào do paciente.

Para alcançar esses objelivos. o cirurgiáo-denlisla deve saber executar Iodas as fases do tratamento, lais como exame, diagnóstico, planejamento e cimenliçâo da prúlese. Todas as fases principais e intermediaria» *io importantes e uma depende da outra. De nada adianlj o dcnle cslar preparado eorrelamenle se as outras fases são negligenciadas. I como uma corrente extrcniainentc resistente • a ruptura de um dos elos leva á sua destruição.

Assim é o preparo de um dente com finalidade pro-tética. Como a prótese pode apresentar longevidade satisfatória se o dente preparado não apresenta condições mecânicas de manlê-la em posição, se o desgaste foi exagerado e alterou a biologia bulpar. se o término cervical foi levado muito subgengi vai mente quebrando a lio-meoslasia da área e se a estética foi prejudicada devido a um dcvgailc inadequado?

Portanlu. o preparo dental não dev e ser iniciado sem que o protUtiuruI Njiha quando indicá-lo e como execili-lo. buscando preencher os três princípios fundamentai* para u»n*'-guu preparos correios: mecânicos, biológicos e estéticos.

I - P R I N C Í P I O S M E C Â N I C O S

Os seguintes princípios serão comentados:

• Retenção.

* Resistência ou estabilidade. • Rigidez estrutural. * Integridade marginal.

RETENÇÃO

O preparo deve apresentar cenas característica* que impeçam o deslocamento axial da restauração quando \ubmctida is forças de i n ç i o .

A retenção depende basicamente do contato existente entre as superfícies internas da restauração c as

externas do dente preparado. Isto é denominado retenção friccionai. Quanto mais paralelas as paredes axiais do dente preparado, maior será a retenção friccionai da restauração.

A principio pode parecer que os preparos deveriam apresentar sempre paredes axiais paralelas, para não se corra o risco de a prótese desloear-sc do denle preparado durante a função masligalúna pelas forças de iraçio exercidas por alimentos pegajosos. Porém, o aumento exagerado da retenção friccionai irá dificultar a cimentaçáo da restauração pela resistência ao escoamento do cimento, impedindo o seu assentamento final e. consequentemente, causando o desajuste oclu-sal e cervical da restauração.

Tanto a retenção friccionai da restauração quanto a açáo do agente cimentante. isoladamente, não são capazes de manter a restauração em posição. A açáo Conjunta desses dois fatores será responsável pela retenção mecânica da restauração, através da interposição da película de Cimento nas irregularidades existentes entre as paredes do preparo e a superfície interna da restauração.

Para isso é importante que. além do cimento e técnica de cimenlaçâo correios, as paredes do preparo apiesenlein inclinações capazes de suprir as necessidades de retenção e de escoamento do cimento, como comentado anteriormente, e que podem variar de acordo com as dimensões da coroa.

Assim, quanto maior a coroa clinica de um dente preparado, maior a superfície de conlalo c maior a retenção final. Desta forma, quando se têm dentes longos, como ocorre após tratamento pcrtodonlal. pode-se aumentar a inclinação das paredes para uma convergência oclusal de mais de 10".

Por outro lado. coroas curtas devem apresentar paredes com inclinação próxima ao paralelismo c receberem meios adicionais de retenção para possibilitar um aumento nas superfícies de contato. como confecção de sulcos nas paredes axiais (Figs. 3.1 A a 3.1 Dl .

A presença de sulcos também é importante em preparos excessivamente cónicos, portanto sem um plano de inserção definido, para limitar a inserção e remoção da coroa em uma única direção e. assim, i i,lu/ ii a possibUidade de deslocamento.

A determinação de um plano de inserção único dos dentes pilares de uma prótese fixa é essencial para

Page 3: Pegoraro capitulo 3

PIO J IA

• f IGURAS 3 IAE ) IB lA)Vista vestferiar dlmca e(B) no modelo doa o****» preparados. Aores. para aumenta» a f»t«oçfto da prótese.

eanponanie

n a J C

a FIGURAS 3 . IBa 3.1 D

(C)Vtsiasocluaaldomodetode uaoa no a (D), do caso concluído.

*ua retcncio. Para iiio. a po* icio c ínclinacio do. dente» no arco devem MX. inicialmente. anab>ada> em modelo de aludo, paia que o pcoTiuioa •) possa controlar melhor a qualidade dc de.f a.K das face* dentária* COM O oèfctlto de preservai a .ande palpar, sem. porem, perder «caiaeKrúiKaidvieltfiKJoííWéCica. "X A picaenaejo c a manulcncio da vitalidade pulpar devem «rmpie icr o ofcjclivo principal dc qualquer dente pieparado. At v«»». iuo nio é poulvcl devido ao grau de Ínclinacio dos

denic*. Porem, cise ittco tempte seca diminuído com a anal k H prév ia no —'tília át • • i à i I 11 lllll l l i l i i r j i i f i i

Apos o prepaio do, dentei, l i / - uma molda*cm com ale inalo < avalia-** o paralelismo caire O . de «lei preparados no modelo dv poso. Pan U M . delimita-ve com grafite a juneao da. paredes axiau com a itengival de lodoi o» dente, pi, I) opciadoi deve visualizai ioda a marca de grafilc em todo, o, dente.

pieparadoa com apenas um do> olho. e a uma dislin-cia aproximada de ÍOcm. Se i.io nio ocorrer, exiiicm área» rcicntivai no preparo < F i f i . • .' \

A arca do preparo e >ua levlura • •pcrficiai tio aspecto, lambem importantes na Kicacno. quanio maior a área preparada, maior será a retcncio No* dente * que .e apreentam cariados ou rolauradot. as caixas proveniente, da i e la ura cá o também SÊÊÍmm capacidade' ictcntiva ao preparo. A*»im. meios adicionais de letciw» V.UV1- cdiialcU*. pui.". ,«ill.io.. m . sio importante» paia compensai I. .. .• tipo de defici-êaeia cxiilcafc ao denlc a ser preparado

Em reboto á tentara saperfkial lem qn* *e considerar que a capacidade de ade.au do. cimento, denia-i i . " depende basicamente do eonialo deite, com a. microrrclcncoc, existente, na> .upeitkici do dente pieparado e da prólcic.

Como a maioria dos mater ia i. de moldagem apre-

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P R E P A R O S OE D E N T E S C O U F I N A L I D A D E P A O I É T I C A

• F I G U R A 3 .2A

Vista oclusal mostrando áreas retentivas nas faces distai do pré-molar e disto-vestibular do molar

a i F I G U R A 3.2B

Vista oclusal dos dentes preparados no modelo de estudo após correçâo do paralelismo, demonstrado pela visualização de toda linha demarcada com grafite na regâocervicaí.

senta boa qualidade de reprodução de detalhes, o acabamento superficial do dente preparado deve ser realizado com o objetivo de torná-lo mais nítido e com uma textura superficial regularizada. Não há necessidade de a superfície estar altamente polida para conse-guir-se uma prótese bem adaptada e com retenção adequada. Aliás, o polimento pode até contribuir para diminuir a capacidade de retenção da prótese.

2 RES ISTÊNCIA OU ESTABILIDADE

A forma de resistência ou estabilidade conferida ao preparo previne o deslocamento da restauração quando submetida às forças oblíquas, que podem provocar a rotação da restauração. Por isso. é impoitante que se saiba quais são as áreas do dente preparado da superfície interna da restauração que podem impedir este tipo de movimento.

Quando da incidência de uma força lateral na restauração, como ocorre durante o nc\a ma.stigar.orjo ou quando há parafunção. a restauração tende a girar em torno de um fulcro, cujo raio forma um arco tangente nas paredes opostas do preparo, deixando o cimento sujeito às forças de cisalhamento. que podem causar sua ruptura e. consequentemente, iniciar o processo de deslocamento da prótese. A área do preparo envolvida por esta linha tangente ê denominado de área de resistência ao deslocamento (Figs. 3.3A a 3.3C).

Existem vários fatores diretamente relacionados com a forma de resistência do preparo:

- Magnitude e direção da força. Forças de grande intensidade e direcionadas lateralmente, como ocorre nos pacientes que apresentam bruxismo. podem causar o deslocamento da prótese;

- Relação altura/largura do preparo. Quanto mai or a altura das paredes, maior será a área de resistência do preparo que irá impedir o deslocamento da prótese quando submetida às forças laterais. Por outro lado. se a largura for maior que a altura, maior será o raio de rotação e. portanto, as paredes do preparo não ofere ceráo uma forma de resistência adequada. Assim, é importante que a altura do preparo seja pelo menos igual à s u a largura. Quando isto não for possível.

\uinu nos casos dc tk-.Ho u . m wuroas uirlas, d . u ^ c confeccionar sulcos, canaletas ou caixas para criarem-se novas áreas de resistência ao deslocamento;

- Integridade do dente preparado. Coroas ínte gras, seja em estruturas dentárias ou em núcleos metá licos. resistem melhor à açáo das forças laterais do que aquelas parcialmente restauradas ou destruídas.

Portanto, nos casos de coroas curtas, a forma de resistência pode ser melhorada pela diminuição da inclinação das paredes laterais e/ou confecção de canaletas axiais. Do mesmo modo. nos dentes que se apresentam cariados ou restaurados, as próprias caixas das faces oclusais ou proximais podem atuar como elementos de estabilização, contrapondo-se à açáo das forças laterais. (Figs. 3.3D a 3.3F)

J* RIGIOEZ ESTRUTURAL

O preparo deve ser executado de tal forma que a restauração apresente espessura suficiente de metal (para as coroas totais metálicas), metal e porcelana (para as coroas metalocerarnicas) e de porcelana (para as coroas de porcelana pura), para resistir às forças mastigatórias e não comprometera estética e o tecido periodontal. Para isso. o desgaste deverá ser feito sele-

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P R Ó IL S 6 T IX A

FIGURA 3.3A A forma de resistência do preparo deve impedir a movimentação da coroa quando esta é submetida à ação de (orças laterais (F) que tendem a movimentá-la em torno do fulcro s. A ação do cimento interposto entre as superfícies do dente e coroa do lado oposto, auxiliada pelo paralelismo das paredes no terço médio-cervical. evitarão a movimentação da coroa.

f 16 ! !A

FIO í Í B

• FIGURAS 3.3Be 3.3C Para impedir o deslocamento da coroa, a largura do dente preparado tem que ser no mínimo igual à sua altura. Estas figuras mostram o dente preparado com altura menor que o da figura 3.3A. Entretanto, como a largura é semelhante á altura e a inclinação das paredes oferece for ira cie resistência, o coroa e impedida de rr.ovirr.enlar-se ccir.c ir.ostra o figura 3.3C.

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• FIGURAS 3.3Da 3.3F Dente preparado com coroa curta e inclinação acentuada das paredes. A ausência da área de resistência não impedirá a rotação da coroa quando submetida às (orças laterais. D/E) Nesses casos, a presença de canaletas compensará as deficiências do preparo minimizando a tendêrvcia. de. rotação da coroa (F).

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PREPAROS OE DENTES COM FINALIDADE P R O I E I I C A

tivamente de acordo com as necessidades estética e funcional da restauração (Figs. 3.4A e 3.4B), como será discutido posteriormente.

5 4 ' INTEGRIDADE MARGINAL

O obj clivo básico de toda restauração cimentada é estar bem adaptada e com uma linha mínima de cimento, para que a prótese possa permanecer em função o maior tempo possível, num ambiente biológico desfavorável que é a boca.

Mesmo com as melhores técnicas e materiais usados na confecção de uma prótese, sempre haverá algum desajuste entre as margens da restauração e o término cervical do dente preparado. Esse desajuste será preenchido com cintentos que apresentam diferentes graus

de degradação marginal. Com o passar do tempo, cria-se um espaço entre o dente e a restauração que vai permitir, cada vez mais, retenção de placa, recidiva de cárie e, consequentemente, perda do trabalho.

O cirurgião-dentista deve ter em mente que a maior porcentagem de fracassos das próteses fixas deve-se á presença da cárie, que só se instala na presença da placa bacteriana. O desajuste marginal desempenha um papel fundamental neste processo, bem como na instalação da doença periodontal (Figs. .V5A e 3.5B).

Margens inadequadas facilitam a instalação do processo patológico do tecido gengiva! que. por sua vez, irá impedir a obtenção de próteses bem adaptadas. Assim, o controle da linha de cimento exposta ao meio bucal e a higiene do paciente são fatores que aumentam a expectativa de longevidade da prótese.

FIGURA 3.4A

Porcelana (raturada na região médio-cervical da face vestibular do canino causada, provavelmente, pela flexão da estrutura metálica muita fina nessa região.

• FIGURA 3.4B Reparo realizado em resina composta.

FIGURA 3.5A

Vista vestibular dos dentes 10,11,21 com coroas metalo-plásticas. A falta de adaptação, ausência de contato proxi-mal e perfil de emergência inadequado, causaram inflamação do tecido gengiva).

FIGURA 3.5B Vista vestibular após cirurgia periodontal, mostrando a netração da sonda na interface dente/coroa.

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P R Ó T E S E F I X A

II - P R I N C Í P I O S B I O L Ó G I C O S

1. PRESERVAÇÃO DO ORGAO PULPAR

A literatura tem mostrado que os elementos dentários restaurados com coroas totais podem sofrer danos pulpares. pois aproximadamente I a 2 milhões de tú-bulos dentinános (30 a 40.000 túbulos por mm 2 de dentinal sâo expostos quando um dente posterior é preparado. O potencial de irritação pulpar com esse tipo de preparo depende de vários fatores: calor gerado durante a técnica de preparo, qualidade das brocas e turbina de alta rotação, quantidade de dentina remanescente, permeabilidade dentinária. procedimentos de moldagem, reação exotérmica dos materiais empregados, principalmente as resinas, quando da confecção das coroas provisórias e grau de infiltração marginal.

Assim, o profissional deve ter sempre a preocupação de preservara vitalidade do órgão pulpar e. nesse sentido, uma técnica de preparo que possibilite desgastes seletivos das faces dos dentes, em função das necessidades estética e funcional da prótese planejada, tem um papel imprescindível.

Com o objetivo de "evitar" esse tipo de preocupação, muitos cirurgiões-dentistas que se intitulam prote-sistas ou reabilitadores orais, adotam como procedimento padrão, prévio à confecção de qualquer prótese, o tratamento endodòntico. preferindo a opção de trabalhar em dentes despolpados. Com isso. seus desajustes não são sensíveis, sua anestesia não é necessária, seu jato de ar não é danoso. Seus dentes pilares são reconstruídos com núcleos metálicos fundidos, sem levar em consideração o custo desse sob retrata mento (endo * núcleo); o cirurgião-dentista ignora que quase 100% dos dentes que se fraturam no sentido do longo eixo. provocando a perda do próprio dente e da prótese, têm núcleos metálicos. Em outras palavras, o paciente paga um preço muito maior por um trabalho ruim. do ponto de vista biológico. Em reabilitação oral. aproximadamente 50% dos dentes envolvidos têm tratamento endodòntico e o máximo de esforço deve ser despendido para manter saudáveis os outros 50%.

O desgaste excessivo está diretamente relacionado á retenção e saúde pulpar. pois além de diminuir a área preparada prejudicando a retenção da prótese e a própria resistência do remanescente dentário, nos dentes anteriores, principalmente, pode trazer danos irreversíveis à polpa, como inflamação, sensibilidade, etc.

Por outro lado. o desgaste insuficiente está diretamente relacionado ao sobrecontorno da prótese e. consequentemente, aos problemas que isso pode causar em termos de estética e prejuízo para o periodonto.

2,PRESERVAÇÃO DA SAÚDE PERIODONTAL

Um dos objetivos principais de qualquer tratamento com prótese fixa é a preservação da saúde periodontal. Vários são os fatores diretamente relacionados a esse objetivo: higiene oral. forma, contorno e localização da margem cervical do preparo.

A melhor localização do término cervical é aquela em que o profissional pode controlar todos os procedimentos clínicos e o paciente tem condições efetivas para higienização. Assim é vital, para a homeostasia da área. que o preparo estenda-se o mínimo dentro do sulco gengival, exclusivamente por razões estéticas e suficiente apenas para esconder a cinta metálica da coroa metalocerãmica ou metaloplástica. sem alterar significantemente a biologia do tecido gengival. Alternativas como coroas meta lo cerâmicas sem colar metálico ou de porcelana pura devem também ser levadas em consideração.

De uma maneira genérica, a extensão cervical dos dentes preparados pode variar de 2mm aquém da gengiva marginal livre até Imm no interior do sulco, embora existam autores que recomendem extensões diferentes destas.

Do ponto de vista periodontal. o término cervical deve localizar-se 2mm distante do nível gengival. pois o tecido gengival estaria em permanente contato com o próprio dente, sem a alteração de contorno que ocorre mesmo com uma prótese com forma e contorno correios, preservando assim a saúde do tecido gengival. É lógico, porém, que a localização do término neste nível só é possível se não ocorrer comprometimento da retenção e estabilidade da prótese e não pode também ser utilizada nos casos em que a estética seja um fator a considerar, devido á presença da cinta metálica presente na face vestibular das coroas metal o-plásticas ou meta lo cera mie as. Mesmo os pacientes que apresentam linha de sorriso baixa, ou seja, nunca mostram o terço cervical de seus dentes, devem ser consultados sobre a possibilidade de ter o término cervical aquém do nível gengival.

Em dentes tratados periodontalmente. o término cervical localizado supragengivalmente pode deixar uma quantidade razoável de dentina e eemento expostos, que podem ser facilmente desgastados pela ação da escova, além de sensibilidade às trocas térmicas e desconforto para o paciente. Por outro lado. a extensão subgengival do preparo em dentes longos pode causar comprometimento do órgão pulpar e enfraquecimento do remanescente preparado. Assim, o profissional deve fazer uma análise prévia no modelo de estudo e a fase de enceramento diagnóstico é importante para decidir nesses caso:

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qual deve ser a melhor localização do término. Os pacientes que pertencem ao grupo de risco à

carie não devem ter o término cervical colocado aquém do nível gengival. Embora nao existam comprovações definitivas que o suko gengival seja auto-imune ao processo carioso, nesses pacientes o término cervical deve ser estendido subgengi vai mente, pois é na área cervical dos dentes onde a placa se deposita com maior intensidade e, consequentemente, a insta lação da cárie pode ocorrer com maior facilidade. Este também é o motivo pela nao indicação do término cervical ao nível gengival.

Às razoes mais frequentes para a colocação intra-sulcular do término gengival são: 1) razões estéticas, com o objetivo de mascarar a cinta metálica de coroas metalocerãmicas ou metaloplásticas; 2) restaurações de amálgama ou resina composta cujas paredes gengivais j á se encontram nesse nível; 3) presença de cáries que se estendem para dentro do sulco gengival; 4) presença de fraturas que terminam subgengi-valmente: 5) razões mecânicas, aplicadas geralmente aos dentes curtas, para obter-se maior área de dente

preparado e, conseqiientemente, maior retenção e estabilidade, evitando se a necessidade de procedimento cirúrgico periodontal de aumento da coroa clínica; 6) colocação do término cervical em área de relativa imunidade ã cárie, como se acredita ser a região correspondente ao suko gengival.

Assim, quando se indicar o término cervical no interior do sulco gengival, o profissional deve estar consciente que, quanto mais profunda for sua localização, mais difíceis serão os procedimentos de moldagem, adaptação, higienização, etc. c consequentemente, mais facilmente ocorrerá a instalação do processo inflamatório nesta área. Se a extensão subgengi-val for excessiva, provocará danos mais sérios em função do desrespeito às distancias biológicas do perio-donto (Figs. 3.6A a 3.6C).

A O preparo subgengival dentro dos níveis convencionais de 0.5 a I.Omm não traz problemas para o tecido gengival desde que a adaptação, forma, contorno e polimento da restauração estejam satisfatórios e o paciente consiga higienizar corretamen-te essa área.

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P R O T É S É F I X A

III - E S T É T I C A

À estética depende, basicamente, da saúde periodontal, forma, contorno e cor da prótese. Para atingir esses objetivos, há que se preservar o estado de saúde do periodonto, confeccionar restaurações com forma, contorno e cor correios, fatores esses que estão diretamente relacionadas com a quantidade de desgaste da estrutura dentária. Se o desgaste é insuficiente para uma coroa metalocerarnica, a porcelana apresentará espessura insuficiente para esconder a estrutura metálica, o que pode levar o técnico a compensar essa deficiência aumentando o contorno da restauração (Figs. 3.7Ae3.7B).

• FIGURA 3.7 A Prótese fixa anterior com alterações de fornia, contorno e cor

ti FIGURA 3.7B Relação incorrcta entre o contato do pòntico com o tecido gengvai

IV - T I P O S D E T É R M I N O C E R V I C A L

O término cervical das preparos pode apresentar diferentes configurações de acordo com o material a ser empregado para a confecção da coroa.

1- O M B R O OU D E G R A U

E um tipo de término em que a parede axial do preparo forma um ângulo de aproximadamente 90° com a parede cervical (Fig.3.8).

Está indicado nos preparas para coroas de porcelana pura (jaqueta) com l,0 a l,2mm de espessura uniforme e contra-indicado nos preparas para coroas com estrutura metálica. O degrau proporciona espessura suficiente á porcelana para resistir aas esforços mastiga tórios, reduzindo a passibilidade de fratura. Embora proporcione uma linha nítida e definida, exige maior desgaste dentário e resulta num tipo de junção em degrau entre as paredes aviais e cervical, dificultando o escoamento do cimento e acentuando o desajuste oclusal e cervical com maior espessura de cimento exposto ao meio oral (Fig. 3.9).

2 * O M B R O OU D E G R A U B I S E L A D O

E um tipo de término em que ocorre formação de ângulo de aproximadamente 90° entre a parede axial e a cervical, com blselamento da aresta cavo-superficial (Fig. 3.10)

Esse tipo de término cervical está indicado para as coroas metalocerâmicas com ligas áureas, nas suas faces vestibular e metade vestíbulo-próxima is.

Como o término em ombro, resulta também em desgaste acentuado da estrutura dentária para permitir espaço adequado para colocação da estrutura metálica e da porcelana. O bisel deverá apresentar inclinação mínima de 45°, o que irá permitir um melhor sela-mento marginal e escoamento do cimento que o proporcionado pelo término anteriormente comentado. O degrau ou ombro biselado proporciona um colar de reforço que reduz as alterações dimensionais provocadas durante a queima da porcelana e, consequentemente, o desajuste marginal (Fig. 3.11).

Como este tipo de término tem também a (unção de acomodar, sem sobrecontomo, o metal e a porcelana nas coroas metalocerâmicas, toma-se claro que este deverá ser realizado exclusivamente nas faces em que a estética toma-se indispensável, ou seja, nas faces vestibular e metade das proximais (Fig. 3.12).

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PREPAROS K DENTES Í o i: FINALIDADE PROTETICA

PORCfcLANA

• FIGURA 3.8 Término em degrau.

FIGURA 3.10 Término em degrau biselado.

FIGURA 3.9 Área de resistência ao escoamento do cimento.

(OL\Ri>: REFORÇO FIGURA 3.11

Colar de reforço em metal.

Dll ik I

FIGURA 3.12 Preparo para metalocerâmica - término cervical dade de desgaste.

quanti-

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P R Ó T E S E F I X A

É um tipo de término em que a junção entre a parede axial e gengival é feita por um segmento de círculo, que deverá apresentar espessura suficiente para acomodar metal e faceta estética (Fig. 3.13).

É considerado pela maioria dos autores como sendo o tipo de término cervical ideal, porque permite espessura adequada para facetas estéticas de porcelana ou resina, com seus respectivos suportes metálicos, facilitando a adaptação da peça fundida e o escoamento do cimento.

Está indicado para confecção de coroas metalocerâmicas com ligas básicas (não áureas) por apresentarem maior resistência e dureza que as ligas á base de ouro. Assim, as infra-estruturas podem ser mais finas, sem sofrer alterações por contraçáo durante a cocção da porcelana. É indicado também para coroas metaloplásticas. independente do tipo de liga utilizada e para as coroas MOD. quando indicada a proteção de cúspides por vestibular ou lingual.

Como o anterior, o término em chanfrado deverá ser realizado apenas nas faces envolvidas esteticamente, pois não se justifica maior desgaste exclusivamente para colocação de metal.

É um tipo de término em que a junção entre a parede axial e a gengiva é feita por um segmento de círculo de pequena dimensão (aproximadamente a metade do chanfrado), devendo apresentar espessura suficiente para acomodar o metal (Fig. 3.14).

Também como o anterior, por apresentar a mesma configuração, facilita a adaptação da peça fundida e o escoamento do cimento, permitindo uma visualização nítida da linha de acabamento e preservação da estrutura dentária.

Está indicado para coroa total metálica e como término cervical nas faces lingual e linguo-proximal. das coroas metaloplásticas e metalocerámicas, independente da liga a ser utilizada; está indicado ainda como término cervical das coroas parciais dos tipos V4 e 4 / s .

Dentes que sofrem tratamento periodontal ou recessão gengival. resultando em aumento acentuado da coroa clínica, podem receber também este tipo de término cervical visando maior conservação da estrutura dentária e do próprio órgão pulpar: nestas situações a estética fica parcialmente prejudicada, pois não se consegue limitar a cinta metálica da coroa metaloplástica ou metaloccrâmi-ca ao nível subgengival. devido ao pouco desgaste.

Outros fatores podem modificar a configuração do

METAL

pnRl K l \ N . \

MliTAL

RESINA

F I G U R A 3.13

Término em chanfrado • F I G U R A 3.14

Término em chunfereie

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FINALIDADE M O 1 E 1 I C '

término cervical, como a presença de cáries ou restaurações subgengivais. Assim, uma coroa melaloplástica que deveria apresentar término em chanfrado por vestibular e metade vestíbulo-proximal. na presença de restauração ou cárie subgengival. poderá obter somente neste local um término em degrau biselado, para evitar aprofundamento subgengival que seria o término convencional para esse tipo de coroa.

conhecimento do diâmetro ou parte ativa das brocas utilizadas é primordial para o controle da quantidade de dente desgastado, em função do preparo realizado.

V I - T É C N I C A D E P R E P A R O P A R A C O R O A M E T A L O C E R À M I C A ( T É C N I C A DA S I L H U E T A )

V - S I M P L I C I D A D E DA T É C N I C A D E PREPARO

Um dos objetivo básicos de qualquer técnica de preparo com finalidade protética deve ser a simplificação dos procedimentos. Isto significa racionalização da sequência de preparo e das brocas utilizadas.

A técnica preconizada pelo Departamento de Prótese da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo procura cumprir esses objeti-vos e tem caráter eminentemente didático. ou seja, orientar o aluno a preparar dentes com finalidade profética, de forma a preencher satisfatoriamente os princípios envolvidos. Uma vez compreendidos e assimilados, esses princípios podem ser conseguidos por adaptações dessa técnica ou mesmo pelo uso de outras, sem influir significativamente no resultado final: o dente adequadamente preparado para receber uma prótese. Esta técnica, denominada Técnica da Silhueta, permite ao operador uma noção real da quantidade do dente desgastado, pois executa-se inicialmente o preparo da metade do dente, preservando-se a outra metade para avaliação.

Essa técnica também parte do princípio de que o

FIGURAS 3 .1 5 Ae 3 15 B Vistas vestibular (A) e palatina (B) do I 3 que irá receber

A " PARA DENTES ANTERIORES

O preparo para coroa met a lo cerâmica utilizando metais básicos (ligas de Ni-Cr) apresenta as mesmas características do preparo para coroa metaloplástica. tanto em relação á quantidade de desgaste quanto ao tipo de término cervical empregado.

A execução da técnica é realizada por meio de uma sequência de procedimentos padronizados que serão descritos a seguir:

1 } SULCO MARGINAL CERVICAL

A função básica de iniciar o preparo pela confecção deste sulco é estabelecer, já no início do mesmo, o término cervical.

Com a broca esférica 1014, o sulco é realizado nas faces vestibular e lingual até chegar próximo ao contato do dente vizinho. Na ausência de contato próxima), o sulco também deverá estender-se para as faces proximais.

A profundidade do sulco de • 0.7mm (metade do dianteiro da broca) é conseguida introduzindo a broca a 45° em relação à superfície a ser desgastada (Figs. 3.1SAa3.1SD).

para coroa metaloceràmica

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" O T I I I • IX»

Sc o limite cervical do preparo for estender-se subgengival mente, o sulco marginal deve ser confeccionado ao nível da margem gengival. Por outro lado. se a margem cervical do preparo apresentar indicação de término aquém do nível gengival. o sulco marginal deve ser localizado supragengivabnente e no nível desejado.

2) SULCOS OE ORENTACÃO: NAS FACES VESTIBULAR. INCISAL E UNCUO-CERVICAL

As coroas metalocerâmicas necessitam de 1 5rum de desgaste nas faces vestibular e metade das proxí-mais e 2mm na incisai, para acomodar o metal e porcelana dentro do contorno anatómico normal que o dente apresentava.

Assim, a melhor maneira para controlar a quantidade dc desgaste, em função das necessidades estéticas e mecânicas do preparo, é através da confecção de sulcos de orientação, que inicialmente, deverão ser realizados em uma das metades do dente.

Inicialmente, com a broca 3216 ou 22IS. em aha rotação, faz-se dois sulcos na face vestibular correspondentes ao diâmetro da broca | l2mm|, um no meto e outro próximo á face proximal. Os sulcos devem ser realizados seguindo os planos inclinados dev sas faces, um correspondente ao terço médio-cervical e o outro, ao terço médio-incisal. Assim, evitam-se

desgastes desnecessárias ou insuficientes que passam por em risco a integridade do órgão pulpar e. ao mesmo tempo, proporciona o desgaste ideal para acomodar o metal e porcelana. Os sulcas ficam delimitados na área marginal cervical pelo desgaste prévio realizado com a broca esférica.

Os sulcos incisais, lambem em número de dois. seguem a mesma direção dm wMíbubres e são feitos com a mesma broca, inclinada aproximadamente a 45 : em relação ao longo eixo do dente c dirigida para a face lingual nos dentes superiores e para vestibular no preparo de dentes ántcro-inferiores. Sua profundidade deve ficar por volta de 2.0mm. o que corresponde a uma vez e meia o diâmetro da broca. Esse desgaste possibilita a obtenção de resultados estéticos satisfatórias para a porcelana, permitindo a transluci-de/ característica do esmalte nesse local

Na região linguo-cervical, as sulcos deverão apresentar profundidade de * O.ómm. o que corresponde à metade do diâmetro da broca e permite espessura suficiente para o metal.(Figs. 3.I6A a 3.I6E)

Os sulcos vestibulares e linguais devem ser orientados, tomando-se o cuidado de verificar previamente em um modelo de estudo a relação de inclinação dos dentes envolvidos na prótese para que esses sulcos tenham uma relação de paralelismo. Para a confecção destes em dentes com coroas curtas, pode-se utilizara broca nD 2215.

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PR O TÊ S Ê F l X

A - U N I Ã O D O S S U L C O S D E

ORIENTAÇÃO

Com a broca 3216 ou 2215, faz-se a união das sulcos das laces vestibular, incisai e lingual, mantendo-se a relação de paralelismo previamente obtida. Nesta fase acentua-se o desgaste de l,3mm até a metade das laces proximais, por serem também consideradas importantes na estética

Após esses desgastes, a metade do dente está preparada, o que permite fazer uma avaliação dos procedimentos realizadas até o momento, pois a outra metade está intacta. Toma-se, desta maneira, muito fácil ao operador controlar os requisitos mecânicos, biológicos e estéticos que requerem um preparo com finalidade protética (Figs, 3.17Ae 3.17B).

4- DkSGASJts P R O X I M A I S Com o dente

vizinho protegido por matriz de

aço, procedesse à eliminação da convexidade natural desta área com a broca 3203 )FÍg. 3.18). A proteção do dente vizinho é importante porque existem trabalhos na literatura que mostram que 75% dos dentes contíguos aas preparados sofrem algum dano, como desgaste inadvertido do esmalte ou das restaurações existentes. A finalidade deste passo é criar espaço para a realização do desgaste definitivo com a broca 3216. Os desgastes proximais devem terminar no nível gengival e deixar as paredes proximais paralelas entre si. Hsse desgaste deve ser realizado até que se tenha distancia mínima de Imm entre o término cervical do dente preparado e o dente vizinho. Esse espaço é indispensável para passibilitar acomodação da papila interproximal e, se houver dois retentores a serem unidos, o espaço ideal deve ser até maior, de 1,5 a 2,0mm, o que possibilita espaço para a papila e acesso aos meios convencionais de higienizaçào como a agulha passafio.

F I G 3 . R A

• FIGURAS 3,17A e 3.I7B Vistas vestibular e proximal da metade do dente preparado

F I G U R A 3 .18

3roca utilizada no desgaste da (ace proximal

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P R E P A R O S DE D E N T E S C O M F I N A L I D A D E M O 1 E 1 IC A

D E S G A S T E LINCUAL

Com a broca diamantada em forma de pêra n 31 IS. procede-se ao desgaste desta face. seguindo-se a anatomia da área (Fig. 3.19A).

A região lingual correspondente ao terço médio-incisai deve ser desgastada no mínimo em 0.6mm para acomodar apenas o metal nas coroas de dentes anteriores que apresentam um sobrepasse verlical muito acentuado. Evita-se. assim, deixara região incisai muito tina esujeita à fratura. Para os casos com sobrepasse verlical normal, essa região também pode ser coberta com porcelana e, para Uso. deve ter um desgaste de 1.3mm. O restante das faces proximais deve apresentar um desgaste de 0.6mm. pois nessas áreas a coroa metaloceràmica deverá apresen-tar-se somente em metal, estendendo-se para incisai (poste próxima!! para dar sustentação á porcelana.

Desgaste da (ace palatina mostrando a posição da broca 3118.

O desgaste do cervical é realizado com brocas 3215 ou 2214. com o objetivo básico de formar o término cervical em chanfrete (0.6mm), suficiente para a resistência do metal (Fig. 3.19B)

Devido à dificuldade ou impossibilidade de confecção de sulcos de orientação nas faces linguais dos dentes anteriores, utiliza-se como elemento de referência a metade íntegra do dente, a oclusão com os antagonistas e, numa etapa posterior, a espessura da face lingual das coroas provisórias.

Após a realização dos desgastes, avalia-se o espaço conseguido consultando-se os movimentos de lateralidade, latero-protrusão e protrusão executados pelo paciente.

O desgaste da metade íntegra é realizado era seguida, repetindo-se todos os passos citados anteriormente (Fig. 3.19C).

FIGURA 3.I9B Término cervical em chanferete. Observar a posição da broca: metade no dente, metade no sulco gengival.

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P R Ó T E S E F I X A

6- PREPARO SUBCENCIVAL

Para se obter um término cervical do preparo no interior do sulco gengival. nítido e num nível compatível com a fisiologia do sulco gengival. o primeiro pomo que deve ser muilo bem entendido é que a obtenção do término em chafrado faz-se usando apenas a metade da ponta ativa da boca.

Assim, o posicionamento correio da broca para estender o término do preparo dentro do sulco gengival deve ser feito deixando metade de seu diâmetro em contato com o dente e a outra metade fora do dente e. consequentemente, cm contato com o epité-lio sulcular. Procedimentos frequentemente aconselhados de colocação de fios retratores gengivais nos términos cervicais, previamente ã extensão subgengival. são mais danosos que a própria ação da broca, por sua ação mecânica de pressão e pela presença de elementos químicos, responsáveis pela retração gengival. o que comumente resulta em recessão gengival e exposição precoce da cinta metálica que se pretendia esconder dentro do sulco. Não se deve encostar a bloca nas paredes axiais para a execução desse procedimento. pc4s corre-se o nsco de obter-se ura término

irregular, semelhante á forma de toda a extremidade da broca, visto que a quantidade desgastada nas faces vestibular e metade das proximais correspondeu ao diâmetro da broca (Fig. 3.20A e 3.20B).

Fica fácil entender agora a importância da realização do sulco cervical marginal, utilizando a metade do diâmetro (t 0.7mmí da broca esférica, pois. além de ter delineada a forma do chanfrado, também auxilia no posicionamento correio da broca 3216 ou 2215 para preparo subgengival.

A profundidade do término cervical deve ser de 0.5 a l,0mm. suficiente para esconder a cinta metálica da coroa metaloceràmica. A área interproxi-mal constitui-se no aspecto mais critico desta fase. razão pela qual cuidados adicionais devem ser observados com a extensão do término dentro do sulco gengival.

Busca-se, nesta etapa, realizar uma pequena inclinação {2 a 5"> das paredes em direção incisai, a partir do término cervical, que pode ser aumentada )5 a 10°) a partir do cervical, principalmente se o dente apresentar coroa clinica longa. (Figs. 3.2IA c 3.21 B)

FIG32IA

Posicionamento correio da broca para o preparo subgengival.

F I G U R A 3 20B

Vista palatina do dente pmparado.

-FIGURAS 3.21 A e 3.2IB

(A) Inebriação das paredes vestfcutar. pala Una e (B) próximas

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» 11 P 11 O S Dí S l l l i ! C 11 F i 11 | i D * D E M l l i l i C t

As ligas dc Ni-Cr usadas nas coroas metalocerâmicas apresentam características tísicas que possibilitam a obtenção de margens cervicais finas (de 0,1 a OJmm). sem prejuízo de adaptação decorrente do processo de cocção da porcelana. Por esta razão, o término cervical colocado a O.Smm dentro do sulco é capa/ de esconder a cinta metálica, principalmente se o tecido gegival for constituído de mucosa ceratinizada. Gengiva fina pode exigir extensão cervical maior dentro do sulco para mascarar a translucidez da cinta metálica.

As ligas dc ouro cerâmico, por outro lado, exigem maiores espessuras (0J a 0.5mmt para não sofrer deformações decorrentes da coação da porcelana Asam. nos preparos para coroa metaloceràmica em liga de oura a estrutura dentária deve sofrer maior desgaste

nessa região para acomodar o metal e a porcelana. Outra diferença em relação ao preparo para me

taloceràmica com ligas de Ni-Cr está no término cervical, que deve ser em degrau biselado para configurar maior resistência à estrutura metálica. Como consequência, torna-se necessário maior aprofundamento gengival (0.7 a I.Omm), notadamente nas dentes de relevante importância estética, para mascarar o bisel metálico.

Para a obtenção do término em degrau biselado nas faces vestibular e metade das proximais. utiliza-se a broca n° 3069 de ponta reta para a confecção do degrau, que é levado 0.5mm dentro do sulco (Fig. 3.22A1 e ò brocaem forma de chama, n ; 1112 para o bise la mento do degrau (Fig. 3.22B). O restante do preparo continua em chanferete (Fig. 3.22C).

FIGURA 3.22A FIGURA 3.22B

Término em degrau Termino em degrau biselado

FIGURA 3.22C

Tómimo em chanferete.

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PR O T £ S Ê F I X A

7 - ACABAMENTO

Como o término cervical obtido com as brocas diamantadas 3216 ou 2215 é um chanfrado longo (Fig. 3.23A), torna-se necessário aumentar um pouco mais a quantidade de desgaste na região cervical das faces estéticas, vestibular e metade das proximais, para acomodar o metal e a porcelana e não haver sobrecontornos.

Para isso, utiliza-se para este desgaste a broca diamantada tronco-cônica com extremidade arredondada (4138), totalmente apoiada na parede axi

al, acentuando o desgaste nessa região (Fig. 3.23B). A regularização do preparo deve ser feita com as mesmas brocas anteriormente usadas, em baixa rotação, arredondando-se todas as arestas formadas e eliminando áreas de esmalte sem suporte ou irregularidades que possam ter permanecido na região do término cervical. Recomenda-se também a utilização de brocas de aço muitilaminadas em baixa rotação, para definir melhor o término cervical, facilitando a adaptação da coroa provisória, moldagem e demais passas subsequentes. Verifica-se com sonda exploradora se esses objetivos foram atingidos. (Figs. 3.24A e 3.24B)

FIGURA 3.23A

Posicionamento correto da broca para obtenção do chanfrado.

FIGURA 3.23B

Aumento do desgaste cervical

FIGURA 3.24B

Preparo concluído

f̂Otfôc alentada

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M E P U O S DE D E I I E S COM F I N A L I D A D E P RO I É I I C *

B * PREPARO PARA COROA METALOCERÀMICA

SEM CINTA METÁLICA NAS FACES VESTIBULAR E

METADE DAS PROXIMAIS [COLARLESS)

A única diferença desle preparo para o descrito antcriomicnle está no ter mi IH» cervical das faces ves-

• F I G U R A 3 . 2 5 A

Vista vestibular das coroas metaloplásticas

no

tibular e metade das proximais que deve ser em ombro realizado com a broca 3069, em substituição ao chanfrado. Este tipo de preparo está indicado para elementos isolados ou próteses fixas pequenas, quando o tecido gengival é muito fino e permite a transparência da cinta metálica (Figs. 3.25A a 3.25D).

F I G U R A 3 . 2 5 B

Vista vestibular dos dentes preparados com término cervical em degrau nas faces vestibular e metade das proximais.

• F I G U R A 3 . 2 5 C • F I G U R A 3 . 2 5 D

Vista cervical das coroas metalocerâmicas mostrando o Vista vestibular das coroas cimentadas término em porcelana e metal.

C " PREPARO PARA COROA METALOCERÀMICA PARA

DENTES POSTERIORES:

1 - SULCO MARGINAL CERVICAL-VESTISULAR E

LINCIW.

O desgaste marginal ê feito seguindo os mesmos procedimentos descritos anteriormente no preparo para dente anterior (Figs. 3.26A a 3.26D).

2- SULCOS DE ORIENTAÇÃO: VESTIBULAR, OCLUSAL E

UNCUAL

Para os dentes superiores, a profundidade dos sulcos vestibulares deve ser de l,2mm (diâmetro da broca) em função da estética. Os sulcos da face palatina, no terço médio cervical, devem ter um desgaste de ± 0,6mm e, na região médio oclusal, uma espes-

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P R Ó T E S E F I X A

i FIGURAS 3.26Aa 3.26B

Vistas vestibular (A) e palatina (B) do 27 com indicação para coroa motalocerâmica

HG 3.2ÉC

• FIGURAS 3 26C e 3.26D Vistas vestibular (C) e palatina (D), mostrando o sulco marginal.

sura de ± I5mm. por Iralar-se de área funcional das cúspides de contenção cénlrica. Na face oclusal. os sulcos devem ser feitos acompanhando os planas inclinados das cúspides • com uma profundidade aproximada de l.5mm. Se os denies apresentarem coroa clinica curta, o desgaste oclusal poderá ser reduzido para I.Omm. Nesses casos, a superfície oclusal da coroa deverá ser metálica.

Nos dentes inferiores os sulcos da face vestibular devem ser realizados aprofundando-se o diâmetro da broca, para se obter o desgaste de 1,2mm. Esta quantidade de desgaste é necessária para proporcionar es

paço para os materiais metálico e estético, pois se o desgasle for insuficiente haverá pouca espessura de porcelana, alterando a estética I suas propriedades físicas. Na região mcdw-odusal esta quantidade de desgaste também é necessária, para proporcionar resistência á coroa metaloceràmica. pois essa região faz parte da área funcional da cúspide de contenção cénlrica e. consequentemente, parlicipa aú\amenle do eido mastigaló-rio. Os sulcos da face lingual deverão também ser realizados acompanhando a sua inclinação e com profundidade correspondeule à metade do diâmetro da broca, ou seja. ± 0.6mm (Figs. 3.27A e 3.27B).

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I I H * • U I 1)1 U I H I I I I U N I I I K * U U * U I f l t l l l «

: G 127A - G i

FIGURAS 3.27Ae 3.2/B Vistas vest*uáar (A)e palatata (8) moscando os suKosde «tentação.

O desgaste proximal c l e i t o . - C L u n i d o o s mesmos p r Í U C Í p Í O S C b t U O dcSCTÍIOS IH) p r e p a r o j n l c r i o f .

4 - UNIÃO OOS SULCOS OE ORCNTACAO

A i.i dos >u lcos deve M I f e h a c o m a * b r o c a s

3216 o u 2215. Apus a u n i ã o dos s u l c o s tem-se a me

tade do Ucntc pieparado. o que permite uma avaliação da quantidade da área desgastada em ielação á metade tnlcgra. Se necessário, as concçòes deverão ser realizadas antes de proceder-se ao desgaste da outra metade (Figs. 3.28A e • J . Compare como dente antagónico para certifícai-se de que existe espaço sulicieute para o metal ou metal e porcelana.

Em seguida, prepara-sea metade integra, repetindo todos os passos citados anteriormente (Fig. 3.2 o ) .

• FIGURAS 3.28Ae 328B Vistas vesicular (A) e proxanai da metade do dente preparado.

FIGURA 3.29 Confecção dos sulcos de «tentação na metade Integra.

Page 25: Pegoraro capitulo 3

PRÓTESE FIXA

5 - PREPARO SUBCENCIVAI E ACABAMENTO

Para a realização desses procedimentos, os princípios e brocas descritos no preparo anterior são os mesmos.

É indispensável que as faces axiais apresentem inclinações adequadas para propiciar ao preparo características de retenção e estabilidade. Para Uso. a inclinação do terço cervical (primeira inclinação) deve ficar entre 2 a

5" para determinar uma área de retenção friccionai para a prótese e inclinação de 5 a 10° nos terços médio e oclusal (segunda inclinação!, com o objetivo de facilitar os procedimentos de colocação, remoção e adaptação das coroas provisórias e definitivas. Uma inclinação exagerada nessas áreas poderá comprometer a estabilidade da coroa, pois serão eliminadas áreas importantes de neutralização das forças obliquas que incidem durante o ato mastigatório (Figs. 3.30A a 3.30C).

IFIGURA3.30A Primeira e segunda inclinação das faces axiais.

• FIGURA 3.30B Preparo concluído.

FIGURA 3.30C Prótese cimentada

VII - P R E P A R O PARA C O R O A TOTAL METÁLICA

A coroa total metálica é indicada onde o fator estético não precisa ser considerado ( 2 o s e 3 U s molares).

A única diferença deste tipo de preparo para o de coroa metaloceràmica está na quantidade de desgaste que é realizado na face vestibular, visto que esta será recoberta somente com metal. Assim, o desgaste na face vestibular deve apresentar i 0.6mm. ou seja. metade do diâmetro da broca 3216 ou 2215.

A quantidade de desgaste das faces oclusais e áreas funcionais das cúspides de contenção cêntrica (médio-oclusal da face vestibular dos dentes inferiores e médio-oclusal da face palatina dos superiores) deve ser de i 1.2mm. ou seja, correspondente ao diâmetro da broca. Esse maior desgaste é importante para dar rigidez á estrutura metálica e resistir á ação das forças mastigatórias que incidem nessas faces da coroa.

Todo o término cervical apresentará configuração uniforme em chanferete. que pode ser determinado pelas brocas citadas anteriormente (Figs. 3.3IA a 3.3 I O .

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M E M Í O S DE D E I T E S C O V M d t 1 i D ' D E M D T E T l C *

• FIGURA 3.3IA

Os domes 17 o 14 lotam preparados para receber coroa ** total metâbca o restauração parcial tipo . respectivamente.

FIGURA 3.3 IB

Vista oclusal do preparo para coroa total metálica

FIGURA 3.3 IC Prótese cimentada com Panavia Ex.

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