[pediatria] aula 24.04.2015 - febre reumática.pdf
TRANSCRIPT
-
1
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
Aula 24.04.2015: Febre Reumtica
Prof. Teresa Robazzi
A aula comea com um caso Clnico MSN, menino, 9 anos e 10 meses com queixa de
dor intensa em joelho esquerdo e dificuldade para deambular h 1 semana, associado a febre
baixa diria e anorexia. Ao exame fsico foi visto artrite, edema e limitao lgica em joelhos,
febre, ausculta cardaca c/ BRNF em 2 tempos, sem sopros, com frequncia cardaca de 120
bpm, e evoluiu com artrite de joelho direito, tornozelos e cotovelos por duas semanas.
Essa seria uma forma fcil de diagnosticar, quando se observa o joelho, os segmentos
que foram acometidos nessa criana, quando se observa essa diferena gritante, esse edema.
Essa uma artrite fcil de diagnosticar. Mas em pediatria como que a gente diagnstica
artrite? s o edema? Como que funciona?
Se voc tem um edema volumoso desse, isoladamente, voc j pode considerar como
se fosse um critrio maior, voc j considera paciente com artrite. Mas se voc no tiver o
edema, principalmente naquelas patologias mais crnicas como AIJ (artrite idioptica juvenil),
se voc tiver dois critrios menores que um espessamento e uma dor lgica, uma limitao
lgica, um aumento da temperatura, que a gente percebe que t tendo sinais de flogose a gente,
voc tambm pode d o diagnstico de artrite.
Ai a continuao do caso Exames complementares: Hemograma (Hb de 10,9 g/dL,
Leuco:17.000 e Plaqueta:435.000), PCR: 35 (vr < 0,5) e VHR:61.
Tem alguma outra prova de atividade inflamatria que a gente pode pedir? Pode ser a
mucoprotena, e dentro das mucoprotenas voc pode pedir a alfa1-glicoprotena cida, que o
mais sensvel mesmo e demora mais pra aumentar. O VSH aumenta com tudo. A alfa1-
glicoprotena cida no. A gente no pede de rotina porque o SUS no faz, mas se voc tiver
como pedir..., so essas as 3 provas de atividade inflamatria (VSH, PCR e alfa1).
Existe a ferritina tambm, que alm de marcador do depsito de ferro, funciona tambm
como marcador inflamatrio para doenas crnicas, como artrite crnica. Aqui no caso da febre
reumtica no um marcador importante.
O ASLO como que est? (2.180) - T bem maior n? Se a gente for observar o valor de
referncia pelo critrio de Jones 200, mas como o ASLO a gente tem que regionalizar de acordo
com a prevalncia local, no nosso meio existe um estudo da Sociedade Brasileira de
Reumatologia que criou um ponto de corte de 320, porque um pas tropical, a gente tem
incidncia de streptococcia cutnea que d um vis, falso positivo. Mas 2.180 t muito disparado
n?
Continuando...Cultura de orofaringe negativo. Ecocardiograma com doppler normal,
FAN e FR negativos. Radiografia de trax normal. Paciente evoluiu com localizao dos
-
2
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
sintomas e sem sequelas aps o incio do tratamento. O ttulo j sugere que isso vai ser febre
reumtica, mas com essa histria vocs pensariam nisso? Fazendo um resuminho, o que o
paciente tem? Apresentou uma artrite aguda... (parou o resuminho)
O que artrite aguda e crnica? Ento habitualmente em reumato nossos critrios so
sempre um pouquinho mais longos. Ento a gente considera um quadro agudo aquele que vai
at seis semanas de durao. Acima de seis semanas crnica, mas de uma forma contnua
gente. Pra gente considerar um paciente com artrite crnica naquele joelho, ele tem que ter
mais de seis semanas continuamente naquele joelho, porque as vezes ele tem uma histria at
de dois anos, artrite aqui, ali e acol e quando voc vai ver uma aguda, ento ele tem que est
na mesma articulao continuamente por mais de seis semanas.
Artrite dolorosa, isso importante? redundante eu ter colocado ai? No!
importante! A forma como voc encontra artrite vai referir a possibilidade de algumas doenas
ou no. Por exemplo, a artrite da febre reumtica uma artrite extremamente dolorosa, uma
coisa bem conhecida. Voc at se assusta, o paciente tem muita dor. Uma artrite de doena
crnica, como na AIJ, no to dolorosa. Engraado que os meninos vm todos inchadinhos,
mas conseguem subir do jeitinho deles, eles se adaptam a doena. Uma artrite de uma doena
neoplsica muito dolorosa. Ento, o fato de voc ir organizando dentro dessas situaes se
aguda ou crnica, se doloroso ou no , isso j vai abrir seu raciocnio.
O que que mono, o que pauci e o que poli articular? Pauci at 4 articulaes.
Dentro desse pauci, tambm chamado de oligoarticular, voc pode ter a forma mono, que est
muito associado a forma sptica. Maior ou igual a 5 a gente j considera poliarticular, isso
tambm importante, no preciosismo acadmico, porque a gente vai pensando assim: Ah,
estou suspeitando de uma artrite sptica, ai voc v 4 ou 5 articulaes j no o habitual, a
no ser que o menino esteja no quadro de meningococcemia ai outra histria, mas aquelas
artrites que vocs vm em ortopedia, voc pensar que uma pioartrite dificilmente vai acometer
3 ou 4 articulaes, ento tudo isso vai fazendo o diagnstico. Artrite da neoplasia geralmente
acomete 1 ou 2. E dentro da artrite idioptica juvenil, por exemplo, o nmero de articulaes
varia de acordo com o subtipo da doena e a gente tem vrios subtipos - tem a forma sistmica,
a forma oligo, a forma poli, a gente j vai deve ser a forma tal e muda o tratamento e tambm
importante classificar. Vocs vo ver que no final j clareia mais o raciocnio.
Grandes articulaes. Tem importncia dizer se grande, pequena, mdia, axial? Tem!
Tem artrites que acometem o esqueleto axial como as artrites reacionais, espondilites, ento
tudo isso a gente vai...
Habitualmente pelo critrio de Jones, que o clssico (eu falo clssico porque a gente
vai comentar da forma no clssica da doena). Ela acomete o que? grandes articulaes,
muitas articulaes. O carter migratrio, como isso? que as vezes vocs se atrapalham. O
migratrio vai e o outro desaparece e o aditivo no, ele vai e fica. Ento ele (o menino do caso)
tem isso ai, o padro articular dele e junto a isso ele tem febre, anemia discreta, leucocitose,
as atividades inflamatrias aumentadas e um ASLO aumentado, e uma coisa importante, depois
de todo esse processo, eu destaquei ali, que ele no teve sequelas, isso tambm faz uma
diferena porque habitualmente doenas crnicas, e mais uma vez eu falo de AIJ porque
-
3
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
estamos falando de criana, se fosse na reumato adulto seria a artrite reumatoide, mas a AIJ
habitualmente se no tratado vai evoluir com sequela articular, com espessamento sinovial,
sinovite crnica, e ai um dado importante da febre reumtica, porque o estrago o quadro
articular no vai evoluir.
O que febre reumtica?
Pergunta: na histria eu deveria investigar amidalite?
Resposta: Boa pergunta; nem sempre as mes lembram, 40% dos pacientes que
desenvolvem FR no lembram que desenvolveram amidalites, e uma parte disso porque se
tratava de uma amidalite subclnica (sem febre, odinofagia, adenopatia). As vezes pergunta
teve infeco? ela diz que no, porque no foi ao mdico. At pra voc fazer diagnstico
diferencial, voc tem que saber que existe a artrite reacional a vrias doenas, e na fase aguda
isso tudo muito parecido.
Pergunta: e o tempo da amidalite professora?
Resposta: da forma clssica, habitualmente 3 semanas, que o tempo de latncia pra
que voc desenvolver a reao imunolgica.
Ento a gente entra na definio - a febre reumtica, muita gente diz assim uma
patologia infecciosa e no ! A patologia infecciosa a amidalite. A FR uma doena auto-
imunolgica e uma artrite reacional. Voc no vai encontrar bactria em nenhum foco de
acometimento, seja articular, SNC, pele, ento uma reao mediada distncia. Isso
importante certo? uma reao imunomediada, causada por uma sensibilidade distncia. Ela
reacional a uma doena infecciosa e no uma doena infecciosa. uma patologia auto-imune
aps uma infeco pelo estreptococo beta-hemoltico do grupo A (EBHGA). Essa cepa especfica
do grupo A, no qualquer estrepto, e que atinge preferencialmente tecido cardaco, articular,
neurolgico e subcutneo, e pode dar todo esse desenvolvimento de acordo com a sensibilidade
e predisposio gentica do indivduo.
Ento lembrar tambm umas coisas que as vezes as pessoas confundem. A infeco
estreptoccica de pele no vai dar febre reumtica, s a de orofaringe. A de pele d o que?
Glomerulonefrite. A pesar de que, a infeco de pele pode mascarar o nosso ASLO, ser um vis
da nossa interpretao. Pode estar aumentado, o cara tem artrite por outra coisa e vai confundir
o diagnstico, at porque em nosso meio muito complicado n, o menino cheio de perebinha
n? aquilo ali provavelmente se voc dosar o ASLO vai estar aumentado, nas piodermites.
Como que ocorre: No tem predileo por raa, mais prevalente entre 5 e 15 anos de
idade, muito raro, a pesar das formas atpicas, voc ter FR em uma criana abaixo de 3 anos.
No tem na verdade predileo pelo gnero no, o que a gente observa esse aumento nas
meninas, porque a coreia ocorre mais em meninas, ento isso acaba aumentando essa
estatstica, mas a doena em si no tem essa predileo.
Pergunta: se o paciente nessa idade apresenta coreia sem outro sintoma, j pode falar
que ele...
-
4
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
Resposta: se for a forma clssica... (no entendi o que ela falou). Porque a coreia a
manifestao mais tardia, normalmente 6 meses ou at um ano depois; ento nem sempre voc
vai evidenciar a estreptoccica que pedida no critrio de Jones. Ento habitualmente voc faz
o diagnstico de coreia (inaudvel). o nico critrio que voc usa independente da
estreptoccica comprovada. Ai voc vai ter que olhar sua experincia clnica, porque coreia
muito (???) e quando voc v coreia voc no esquece. Voc tria histrias de infeco
episdicas, mas se voc no tiver nada mesmo, at que prove o contrrio voc trata como
coreia, por voc no conseguir comprovar.
A FR ocorre em situaes epidmicas de amidalite em 3% da populao e nas situaes
endmicas de 0,1 a 0,5%. No todo mundo que teve amidalite estreptoccica que vai ter FR.
No toda criana que teve ASLO elevado que vai ter FR. O ASLO s vai t mostrando ai que
houve uma infeco estreptoccica, mas no a predisposio desse indivduo de ter ou no a
FR.
um problema de sade pblica ainda, a gente observa que no Brasil a primeira causa
cardiopatias e valvulopatias adquiridas, em pases desenvolvidos a principal a doena de
Kawasaki. Ainda tem um gasto pblico muito grande por trocas valvar, internao.
Pergunta: Voc pode fazer quimioprofilaxia com amoxicilina?
Resposta: voc no vai conseguir! Voc est propondo usar amoxicilina de 12-12h, 365
dias no ano, a aderncia pssima, ningum usa.
Pergunta: No lugar da amoxicilina eu poderia usar outro antibitico oral?
Poderia usar a Eritromicina, a Sulfadiazina, mas olhe, na verdade eu nunca dou essa
esperana ao paciente, mesmo que ele j venha com informaes da internet, a gente tem que
cortar logo, via oral sem perspectiva. A nica possibilidade de uso do ATB oral se esse
paciente for comprovadamente alrgico e isso um problema, porque as vezes tem muitos
casos de alergia que so mal diagnosticadas. Teve uma virose, fez uso de amoxicilina (acho que
ela quis dizer penicilina benzatina), e fez um rash da prpria virose e disseram que era alergia.
Se tiver alergia mesmo, a gente faz o alternativo, que ai no vai ser derivado de penicilina. E em
casos de recidiva a frequncia de leso cardaca alta.
Pergunta: e no quadro agudo?
Resposta: no quadro agudo voc faz a profilaxia primria, ai voc pode (usar ATB oral),
porque a profilaxia primria o tratamento da amidalite bacteriana, que voc faz em
qualquer indivduo, porque voc no sabe se o paciente vai desenvolver a FR. No obrigado
a fazer benzetacil, a gente usa por que as vezes com ATB oral a me no conclui o tratamento
quando a criana melhora, a criana cospe, entre outras coisas ela se torna mais segura, mas
podemos usar amoxicilina sem problemas.
A profilaxia secundria aquele paciente que j desenvolveu a FR e voc vai ficar
usando a medicao para manter nvel srico todos os dias do ano, e ele entrando em contato
-
5
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
com pessoas portadoras..., ento a secundria seria para prevenir numa pessoa que voc j
sabe que tem.
Amanda conta uma histria de uma amiga numa emergncia particular. A prof comenta
que se observa as vezes que em servios particulares h uma resistncia no uso da benzetacil
por parecer uma terapia popular, mas que isso bobagem. Abstra essa parte que era um bate
papo informal.
Isso pode ser uma estratgia agora assim eu dou uma dica: quando voc mistura com leite e eu dou uma dica com leite condensado que criana no gosta de leite condensado n, um sorvete, um iogurte bem grosso. Mas se voc for dar o leite, voc no pode colocar o remdio ali porque voc no sabe se ela vai tomar tudo. O que que voc tem que fazer voc tem que colocar um volume pequeno e colocar o remdio ali mas normalmente sorvete Iogurte leite condensado uma estratgia boa. Porque agora o seu no d pra senso porque esses remdios normalmente tem granulaes se voc colocar no Suco coisas eles percebem e no tomam. Por isso que eu gosto de leite condensado porque grosso. uma estratgia mas no misturar na comida no suco inteiro porque no vais saber quanto absorveu porque ele sempre larga.
A vem essa perguntinha: tendo amidalite de repetio suficiente para o
desenvolvimento da febre reumtica? No suficiente voc tem que ter a predisposio.
Voc tem que ter duas coisas: A predisposio gentica de ter a doena e alguns antgenos
HLA voc j consegue identificar na febre reumtica. Esses antgenos no so universais
percebemos variaes de pas para pas. Ento, assim voc tem que ter o hospedeiro
suscetvel e a infeco pelo estreptococo hematognico alfa hemoltico. Para vocs no
entrarem na paranoia achando que toda amidalite dar a febre reumtica e que todo HLA
tambm significa febre reumtica.
Etiopatogenia: Aqui na febre reumtica existe agente etiolgico. A gente sabe que o que
desencadeia a bactria e os fatores do hospedeiro. A gente viu aquela prevalece maior
entre 3 e 05 anos e sexo que no tem muita importncia. Fatores genticos, vimos o HLA;
no raro ter famlias com mais de um. Fatores scio econmicos so bem bvios porque
voc tem casas com colchonete todo mundo junto. Dificuldade de acesso ao posto de sade,
dificuldade de incio de um tratamento. Profilaxia secundria e o paciente no adere.
E aqui os principais que so os fatores ligados ao estreptococo beta-hemoltico. (No! O
sexo no tem importncia!)
Ento em relao a bactria a gente teria a cpsula, o cido hialurnico que d
virulncia, fagocitose, vrias substncias extra celulares e estreptomicina que a gente dosa
atravs do ASLO, que liberado na circulao porque uma reao imunolgica. Por isso
que a gente fala que o ASLO na infeco aguda vai estar baixinho. O ASLO no aumenta logo,
porque como uma reao imunolgica ele s vai aumentar l na frente.
E uma coisa que tem um papel muito importante a protena M da bactria. Tem
esse papel de mimetismo molcula que a base da doena. E o que o mimetismo
molecular? a reatividade cruzada entre o estreptococo e o tecido humano. como se o
nosso organismo no interpretasse que tecidos seja na cartilagem no corao na pele no
cutneo no faz parte da bactria E aquela reao imunolgica que desencadeada contra
-
6
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
bactria vai para esses tecidos tambm e esses danos ocorrem por essa reao imunolgica
e no simplesmente pelo estreptococo.
E esse mimetismo no ocorre em todo mundo por isso s ocorre nessa determinada
populao. A gente v um paciente com a forma articular e temos um paciente aqui febrs.
Critrios de febre reumtico feito pelos EUA (tem que ter cuidado. A clnica prevalecer e
descartar outras coisas):
Critrios maiores - decorar CANECO: cardite, artrite, ndulos, eritema e coreia.
Diagnstico: presena de dois critrios maiores ou um maior e dois menores. E se
voc tiver artrite como maior, no vale artralgia como menor. A artrite da febre reumtica
extremamente dolorosa e artralgia dor articular sem artrite. O que muito doloroso a
artrite, os ndulos no. Os ndulos e o eritema so bem inespecficos e no so to
frequentes. Mas a gente tem que ficar atento porque quando eles aparecem podem ter
alguma relao com o surgimento de cardite. No se sabe porque talvez por aparecer nas
formas mais graves.
E a junto com esses critrios clnicos temos que ter alguma evidncia de
estreptoccica, que pode ser a cultura e atualmente se aceita os testes rpidos pra
deteco de estrepto, que um teste imunoenzimtico e que sai em 2 a 3h. Falso positivo
muito raro, ento quando voc tem estrepto positivo porque h a infeco. Voc pode
ter um falso negativo principalmente na fase inicial nas primeiras 24 horas.
A Coria uma manifestao tardia. Na literatura, cardite vem antes da artrite. Mas
os pacientes chegam muito mais pela artrite.
Formas clssicas de manifestaes articulares, critrios de Jones: a manifestao
clnica mais comum; poliartrite aguda, migratria, grandes articulaes, muito dolorosa,
uma a trs semanas aps a infeco, excelente resposta a AINHES. Durao total de menos
de um ms.
Prognstico excelente porque no deixa sequela. Pode acontecer na primeira
semana aps a infeco. Artrite em quadril uma coisa rara na febre reumtica. Pode
acometer coluna cervical, pequenas articulaes de mos. Pode dar rigidez matinal.
Durao do surto at nove meses, ou seja, at nove meses intermitente. Se houver
resposta insatisfatria temos que considerar mudana do anti-inflamatrio. No final do
quadro articular o paciente vai evoluir sem sequela nenhuma. Uma coisa que vai ajudar
muito no diagnstico diferencial o Ecocardiograma.
A entesite seria a insero de determinados tendes em tuberosidades sseas, que
existe na patela por exemplo. Ento quando h essa insero e uma inflamao, chamamos
de entesite. Isso muito comum na forma inicial da espondilite anquilosante, nas formas
reativas ps gastrointestinais, ps infeco urinria, sacrolete. Na FR no muito comum.
O paciente normalmente com febre reumtica no refere essa dor ento o que voc
vai fazer uma digitou presso nesses pontos na fscia plantar das cabeas do primeiro ao
quinto metatarso. Quando esta inflamado di mesmo e a criana reage. Criana
normalmente que tem dor nessa regio ou ela estar com uma entesite que faz parte de
outro quadro sistmico, a tem que pesquisar doenas sistmicas; ou ela est com uma
doena ortopdica, a doena de "Sav", que uma osteocondrite, que uma dor localizada
-
7
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
por excesso de peso E a um raio X vai mostrar aquela rea necrosante dissecando. Faz essa
digitopresso na insero do quadrceps na pelve e tuberosidade anterior tbia e tendo de
Aquiles.
CASO CLNICO:
Adolescente de 14 anos apresentou odinofagia positiva para HLA e oito dias aps
iniciou cervicalgia e artralgia na articulao costocondral direita e artrite simtrica em
joelhos e pequenas articulaes. Iniciado AINHE, com resposta insatisfatria, sendo
necessrio seu uso prolongado. Aps seis meses de evoluo, o paciente desenvolveu uma
resposta insatisfatria com o anti-inflamatrio (normalmente responde bem).
preciso sempre acompanhar o paciente para acompanhar a possibilidade de cardite,
pois apesar de o que mais preocupar as mes geralmente ser a artrite, a cardite pode ser
silenciosa e causar muitos problemas. Importante tambm aderir medicao. Se o paciente
tem predisposio e est na fase de profilaxia, a cardite pode ocorrer tempos depois, quando o
paciente faz uso irregular da medicao e quando possui outra recada, volta com leses, que
at no tinha antes. Ou seja, se tiver recada, a chance grande de ter uma leso que no existia.
Isso geralmente ocorre em crianas/adolescentes. Para ocorrer isso em adultos, mais difcil,
pois a faixa etria ao redor no de risco, exceto se o adulto em questo fizer pediatria, ou virar
professor e lidar com crianas, por exemplo nesses casos, a recomendao no suspender
a profilaxia com a idade que normalmente se suspenderia, devido exposio contnua que
pode ocorrer.
Manifestaes cardacas: No so os problemas mais prevalentes, mas so os mais
importantes. Porque no caso da artrite, sendo tpica ou atpica, no ir deixar sequelas, mas no
caso aqui das manifestaes cardacas, os pacientes iro ter sequela.
Os pacientes podem ter sopro, aumento da rea cardaca (podem gerar quadros de
ICC), taquicardia em repouso desproporcional febre (nesses casos, o paciente pode estar
bem, sem febre e ter frequncia cardaca alta um sinal de alerta), pericardite (pode at
mesmo ter pancardite).
Hoje em dia, j sabemos que existe a cardite subclnica (nesses casos, muito difcil
ouvir o sopro sopro no audvel e que o paciente pode estar desenvolvendo). Na nova
classificao para critrios de indicar o ecocardiograma, esse tipo de cardite subclnica entrou
como critrio ajuda a dar o diagnstico. Antes no inclua, agora j inclui. Por exemplo,
paciente com coreia, mesmo que no se oua nenhum sopro, se deve fazer um ecocardiograma.
Os subtipos de cardite: Leve (que pode ser tratada em casa), moderada e grave (ambas
tratar em ambiente hospitalar).
A evoluo da cardite vai depender do seu grau, da gravidade inicial e das recorrncias
que ocorrem, que por sua vez, dependem da profilaxia que foi feita. Pode haver regresso da
cardite (especialmente nos casos leves), assim como pode haver piora. J est comprovado que
se ocorre recorrncia em indivduo que tem doena cardaca prvia, ter em cerca de 5 anos,
-
8
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
100% de ocorrncia de sequelas se tinha a forma leve, pode evoluir para a moderada, por
exemplo; e se ele no tinha, pela recorrncia, passa a ter grande chance de desenvolver uma
leso que no existia. Mas em 80% dos pacientes com cardite leve pode evoluir para a cura em
cerca de 5 anos por isso a importncia de estimular a profilaxia.
Coreia:
- Prevalncia de 2:1 para mulheres em menores de 15 anos Isso faz aumentar a prevalncia
da febre reumtica em meninas, pois a coreia ocorre mais neste grupo;
- Incio entre 1 e 6 meses aps a infeco estreptoccica quando a curva do ASLO cai;
- Durao de 1 semana a 2 anos (mdia de 3,5 meses);
- Isolada ou associada cardite;
- Alm do eritema marginado e dos ndulos subcutneos, se o paciente tem coreia, deve
monitorizar a funo cardaca;
- Labilidade emocional, fraqueza muscular, movimentos abruptos involuntrios e desordenados
(especialmente nas extremidades e na face), cessam durante o sono, uni ou bilateral, distrbio
da fala, sinais de incoordenao motora;
- Recorrncia entre 20 e 30% e o curso sem sequelas. Esse curso sem sequelas tambm uma
informao que um blsamo para a famlia, pois ficam desesperadas. A criana possui
movimentos abruptos e espontneos so devido a alteraes nos ncleos da base.
A labilidade emocional tem a ver com tudo isso. A criana fica chorosa, se ouvir qualquer
reclamao, chora. E quando ela est sendo observada, piora. Quando ocorrem os movimentos,
do brao, por exemplo, se algum olhar muito em sua direo, a criana chega a segurar o brao
para tentar impedir os movimentos. A mesma coisa se pedirmos para escrever, se observarmos
muitos, eles comeam a errar pede para desenhar, escrever, para ver a coordenao motora.
Inclusive podem ocorrer quedas de rendimento em ambiente escolar e as mes, muitas vezes,
no sabem o que est acontecendo. Recebem reclamaes da escola, e isso diminui ainda mais
a autoestima da criana. Assim como a coreia fica muitas vezes sem ser diagnosticada,
especialmente nos quadros leves; na escola pode ser interpretada como brincadeira. Pode
ocorrer tambm fasciculao de lngua. Contudo, felizmente, no possui sequelas.
Ndulos subcutneos muito inespecficos, so raros. Podem aparecer em vrias
outras doenas dermatolgicas e no dermatolgicas. Tem as formas idiopticas tambm. Tem
que ficar observando. Semelhante ao eritema marginado, pois este tambm no frequente
(tambm pode surgir em outras doenas) e pode ter associao com a cardite.
Avaliao laboratorial: Depois da suspeita clnica, existe a cultura. Cultura positiva seria
considerada padro-ouro, mas no de frequncia, porque a positividade muito baixa; seria,
caso se tenha uma cultura positiva na vigncia de uma amigdalite 100% de positividade, de
confiana.
-
9
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
Para amigdalite primria se voc atende um paciente e pede uma cultura e esta der
positivo, diferente. Vai acompanhar. Se posteriormente tiver uma febre reumtica, tem essa
cultura. Mas para o diagnstico de febre reumtica mesmo, cai muito a positividade Os sinais
clnicos contribuem. Ou seja, a cultura negativa no descarta o diagnstico.
O ASLO no muito bom para diagnstico primrio de amigdalite (pois no comeo,
seu valor est bem baixo), pois vem de uma reao imunolgica, ocorrendo seu aumento
somente depois de um tempo. O ideal seguir acompanhando sua elevao, pedindo
novamente com alguns dias, semanas se estiver aumentando, mostra que houve um contato
com o estreptococos, que teve a infeco (ele no significa que o paciente tem estreptoccica
naquele momento).
Tem gente que fez o ASLO e dois meses depois fez de novo e aumentou mais ainda.
Porque a reao imunolgica aumenta. A o menino est to tratado tomando a benzetacil para
a amidalite dele, a primria. E a fica o pediatra colocando benzetacil fora de poca. A: bora
fazer outra. J tem febre reumtica. Vamos fazer outra porque est piorando. O ASLO tambm
no critrio de melhora. Se vocs entenderem o que que acontece com ele. Vocs vo
entender.
Mesmo que esteja 300 hoje e v para 2000, e o paciente est bem tratado, clinicamente
est bem, voc no vai fazer nada. Voc precisa da clnica, e no ficar s baseado nesse
laboratrio. Tem vrios valores. Mas temos um valor brasileiro feito em So Paulo. O ideal seria
ter um baiano. Mas foi uma tese de doutorado que envolveu vrias escolas pblicas de l. de
320. 200 no Brasil muito baixinho. O ASLO no deve ser usado exclusivamente. Precisa de
clinica ao mesmo tempo para interpretar. O ASLO no nem o viro nem o heri. Ele uma
ferramenta.
Diagnstico diferencial: Isso aqui s para ilustrar a vocs porque a gente tem... Se a
gente fosse falar de diagnstico diferencial, a gente entraria em uma aula: Diagnstico
Diferencial das Artrites Agudas. s para mostrar a vocs que temos vrias outras doenas. Aqui
chamo ateno para vocs em relao a neoplasias. Se voc no sabe e est diante de um
quadro de artrite, a no futuro estiver trabalhando no interior, pede ajuda. NO INTRODUZIR
CORTICOIDE. Ah! Reumato s corticoide. No assim no. Isso aqui um diagnstico
diferencial da artrite: leucemia linfoide aguda. s vezes comea mesmo com quadro de artrites
dolorosas e o menino pode ter um ASLO a por acaso. O mdico conversou e teve infeces.
Antes mesmo do corticoide, deixa com analgsicos comuns (paracetamol, dipirona) se voc no
tem certeza. Por que isso? O corticoide o tratamento para a neoplasia, a LLA. S que no nessas
doses, em doses muito maiores. Se a gente d, a mimetiza. Trata e d uma acalmada na doena.
Quando vai reavaliar, a doena j est disseminada.
Pergunta: e mesmo com o AINE, o paciente tem s uma articulao acometida, a trata
ou espera evoluir? J ouvi dizer que espera a doena evoluir com mais de uma artrite para
iniciar...
Colhe tudo. colhe antes porque s vezes o tratamento interfere. s vezes o VHS baixou
e voc fica: e agora, n? interessante voc segurar o analgsico. Agora... s vezes a gente fica
-
10
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
pesando o risco X benefcio. Ento se voc v uma criana que est dor, voc tenta agilizar. Colhe
tudo. Porque no o fato que ele deixa de evoluir. Ele evolui mesmo com o anti-inflamatrio.
Pergunta: d o paracetamol primeiro (no entendi) ou uma dipirona?
O paracetamol no l essas coisas para artrite. Melhor dipirona. Mas entre um AINE e
um hormonal, vai dar mais trabalho para a gente investigar. Mas no vai mimetizar. E tem vrios
pacientes que eram leucemia. Alguns na fase inicial e outros j tratando com doses alta.
Pergunta: trata com corticoide se tiver diagnstico?
Depende do que voc vai tratar. A da febre reumtica? Seria prednisona, mas varia do
que voc vai tratar. Aqui j comentamos. A infeco primria sempre a primeira opo a
penicilina benzatina. Se no tiver essa opo, pode usar amoxicilina, ampicilina. Se tem alergia
voc faz eritro, clinda. Se tem febre reumtica, usa AINE para artrite e para a febre. No usa
o corticoide s para isso. Se tiver alergia a AAS, voc pode usar corticoide ou a nimesulida a
crianas acima dos 12 anos.
O AAS o preconizado pelo ministrio da sade. Porque mais fcil e barato. Temos
receios com AAS, principalmente os daqui porque vem e tem dificuldade de voltar. E o nvel
srico, teraputico, que 80 100 por quilo, muito prximo ao nvel txico. E pode dar
salicilismo. A gente fica um pouco receoso. E temos hoje o ibuprofeno no posto. No consultrio
passvamos o naproxeno. Coloquei esses 3 porque so anti-inflamatrios os liberados pelo FDA
para uso crnico em crianas. So os 4 liberados para uso crnico. Esses a. At a nimesulida no
para uso crnico. A gente pode at usar em uma criana maiorzinha, usar aqui porque a
nimesulida no tem tanta reao cruzada com o AAS. Agora todos esses outros aqui vo ter. Se
um paciente que tem reao, usou o naproxeno. Teve reao de novo, a tem de usar o
corticide. por falta de opo. No por opo primria.
[Aqui no Brasil pela alta incidncia de Dengue recomendado o uso de AAS crnico?]
A FR voc no vai tratar cronicamente com analgsico. Voc usa por 4 semanas, no
mximo 2 meses. A profilaxia com penicilina benzatina. Mas no se iluda no. Todo anti-
inflamatrio por ter reao cruzada, a gente sempre orienta: teve varicela, dengue, suspende!
O que varicela faz? clssico. Sndrome de Reye. Uma encefalopatia heptica fulminante de alta
mortalidade. Pincipalmente com AAS, mas como faz reao cruzada com outros anti-
inflamatrios, no confio em nenhum. E quem atende nos postos do interior, acho que no tem
nenhuma familiaridade com essas doenas. J vi caso de Poliama usando TNF- ter varicela e o
mdico ter mandado para casa. No sei como morreu. Era para internar, usar aciclovir. Era
suspender imediatamente. A me que resolveu suspender. A gente tenta orientar, mas o risco
existe. Agora aqui pouco tempo. O perigo maior na AIJ (artrite idioptica juvenil), que longo
o tempo.
Pergunta: e como usa metilprednisolona?
-
11
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
Voc pode at usar. Metilprednisolona a relao 1 para 1. Ela retm menos clcio e
voc pode usar. Existe a suspenso que o predsin. Voc pode usar no lugar da prednisona. E a
relao do clculo 1 para 1. Corticide tem isso. Voc v a dose e calcula o clcio.
Pergunta: e em casos graves?
A e pulso, n. Se voc tem uma cardite que no grave a voc faz. O uso oficial de
corticoide na febre reumtica cardite. Atualmente tem um grupo de coreia que est pensando
em usar. Toda cardite voc vai usar prednisona. Habitualmente voc comea com a dose de 1 a
2 g. Normalmente fao logo 2. A voc vai reduzindo 20 % por semana. Para que entorno de 2 a
3 meses voc possa retirar toda a droga. S que casos muito graves, ICCs muito importantes,
voc pode internar e fazer pulso com metilprednisolona bem maiores 30 mg/kg hospitalar. E
tem de ser monitorizado poque o pulso de corticoide em altas doses retm muito sdio e o
paciente pode descompensar.
[Pergunta inaudvel] - Salicismo a intoxicao pelo salicilato. Alterao do sistema
nervoso central, insuficincia heptica. O nvel deixa de ser teraputico e passa a ser txico. E
prximo. Atualmente eu prefiro os AINEs. So mais seguros, n. Mas se estivssemos vendo
toda hora... Eles ficam pelo interior e at que se perceba algo isso pode custar a vida da criana.
coreia. O tratamento padro pela OMS o Haldol, o haloperidol. O haldol tambm
tem essa questo que tem de aumentar devagarzinho, no pode fazer grandes aumentos da
dose abruptamente. Existem j neuropediatras que partem j para o cido valproico ou para a
carbamazepina. A gente deixa essas mudanas quando a gente v essas coreias refratrias, que
no respondem ao haloperidol, tende a ficar recidivando, a a gente tende a ficar trocando.
Profilaxia secundria: por que de 21 em 21 dias? A gente tem de explicar ao paciente.
Se no ele vai pensar porque esse nmero mgico? A gente tem de explicar para eles o tempo
que o antibitico vai estar no seu sangue. Pense assim, um bucado de soldadinho que voc
precisa 365 dias por ano. Se um dia voc sem o soldadinho, vai que um coleginha seu est doente
e voc perde tudo o que j fez at agora. 30 em 30 dias a taxa de recorrncia de 5 -8 %, 15 em
15 e 21 em 21 dias so semelhantes. Por que coloquei a? s para vocs saberem. Hoje tudo
21 em 21 dias. Mas antes no era assim. Quando voc mede o nvel srico de penicilina em 3
semanas voc tem 100% do necessrio para a profilaxia. Mas em 4 semanas voc s tem 44%.
A corre o risco maior da cardiopatia.
Primeira opo para a profilaxia secundria, j depois do diagnstico de febre
reumtica: penicilina benzatina e a penicilina v, esta eu no dou a opo a no ser que no
tenha jeito. E se tiver alergia: sulfadiazina ou eritromicina. A eritromicina que d uma dor de
estmago danada e voc ter de usar isso duas vezes por dia, todo dia. Adere no.
Pergunta: Eu conheo um caso de uma pessoa que teve amidalite estreptoccica
recorrente e no teve febre reumtica, mas ficou depois fazendo um tempo de profilaxia de
benzetacil. Isso certo?
Existe uma linha, principalmente a da otorrino. Quando a amidalite est muito
recidivante eles fazem. Mas no por ano. Tipo assim, alguns meses de profilaxia na tentativa
-
12
PEDIATRIA 2015.1 - MATERIAL ORGANIZADO PELA TURMA 2012.1
DANIEL BARRETO, RENATA MEDRADO, TAMIRES CRISTINA, ROBSON LOGRADO.
SARAH BRASILEIRO (ORG).
de amenizar. E tem de ver se o paciente portador. Se ele portador so a a gente no faz. As
se for um paciente com febre reumtica que convive com um portador e ele est recidivando
muito a, nesse caso voc d ao portador.
O tempo de profilaxia que mudou. Antes de 2009, as orientaes era de at 18 anos
para quem no teve cardite. Se utilizava esse ponto de corte. De 2009 para c, vendo que
existiam muitos casos e que 18, 19, 20 anos ainda fica muito vulnervel (festa, tal e tal). Hoje
como funciona? O paciente teve FR e no teve cardite: vai fazer at 21 anos ou at 5 anos
depois do surto, valendo o maior perodo. Por exemplo: se ele teve com 18 anos. A voc vai
contar mais 5 anos. Se ele teve cardite prvia, mas conseguiu resolver aquela leso. A faz at
25 anos ou 10 anos depois do surto. Se ele teve uma leso valvar tecidual moderada a severa:
o correto que ele usasse a vida inteira ou pelo menos at 40 anos de idade. E se fez a cirurgia o
correto pela vida inteira.
Como que voc suspende essa profilaxia? Voc acompanha essa paciente at os 21
anos, tira a benzetacil se for o caso e acompanha por 1 ou 2 anos. Nesses dois anos voc tem
de ver se esse paciente vai ter amidalite, se ele no vai ter, se o ASLO est oscilando. Isso o
protocolo. Mas vai que isso no est dando certo. Um tipo de recidiva ou de recada.
Outra coisa: em relao a amigdalectomia. Primeiro, se a retirada resolveria o problema:
eu no preciso mais. Precisa. S resolve se tirar todo o pescoo porque tem um anel de tecido
linfoide. Segundo, o paciente est usando profilaxia (difcil acontecer com paciente usando 21
em 21), tem uma amigdalite e estava prevista a penicilina daqui a uma semana: voc est na
dvida se viral ou no : voc faz hoje e volta a recontar, voc antecipa a injeo. Terceiro,
gravidez no contraindica a profilaxia com penicilina, tem nada a ver com os dentinhos do
beb. Quarto, lembrar da profilaxia da endocardite: voc foi ao dentista, se internou, foi passar
uma sonda. A gente tem os protocolozinhos que voc faz o antibitico antes. Coisas mais
simples, dentrio, faz amoxicilina 1 g antes e 1 g depois. Se for coisas mais complicadas, a faz
intravenoso mesmo. LEMBRAR DISSO. s vezes o profissional que est atendendo no faz isso.
O mdico responsvel ento deve orientar n. Ou outro profissional.
E atualmente o que pode ser feito. No tem orao nem macumba, nada disso. O que
tem de fazer mesmo aderir a profilaxia e ter esperana que um dia uma vacina seja desenvolvida.