parte ii: o agricultor na natureza e na sociedade

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Ana Valéria Freire Allemão Bertolino

Luiz Carlos Bertolino

Agricultura Migratória e seus Efeitossobre o Solo

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AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do planeta, tendo 93% da

sua formação vegetal original já devastada (SOS Mata Atlântica). Este bioma vem

sofrendo uma diminuição de seus remanescentes florestais associado de uma ma-

neira geral à expansão da urbanização e da agropecuária.

A vegetação possui um papel importante nos processos hidrológicos e erosivos

de uma bacia hidrográfica, pois parte da água é interceptada pela vegetação e o restante

é direcionado como fluxo de atravessamento, fluxo de tronco, infiltração e escoamen-

to. O uso do solo a partir de atividades agrícolas que promovam a retirada da cobertura

vegetal pode provocar modificações no comportamento hidrológico e erosivo na ba-

cia acarretando a perda de nutrientes e de solo.

A cada dia torna-se essencial entender o balanço de entradas e saídas da

água em uma bacia hidrográfica, com vistas a minimizar a escassez de água, bem

como planejar o seu uso adotando técnicas de manejo agrícola adequado para cada

realidade.

Na região serrana do Estado do Rio de Janeiro há ainda alguns remanescen-

tes florestais de Mata Atlântica, principalmente nas áreas que compõem a bacia

hidrográfica do rio Macaé de Cima - Nova Friburgo. Esta área é essencialmente

agrícola e apresenta um percentual expressivo de áreas florestadas, onde ocorre

uma forte pressão conservacionista para que não haja desenvolvimento de ativida-

des agrícolas.

Alguns agricultores de Nova Friburgo ainda têm uma tradição de praticar

agricultura migratória ou itinerante. Essa prática de lidar com a terra é conhecida por

nomes como: roça caiçara ou coivara e roça de toco, apresentando, cada uma, varia-

ções locais.

Algumas de suas característica gerais são:

• o tamanho da área plantada varia de acordo com a fertilidade do solo, a

duração do pousio e a intensidade de comercialização;

• os métodos de cultivo são baseados em força humana e animal;

AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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• as técnicas de cultivo são restritas e com pouco uso de instrumentos e

mecanização;

• a fertilidade do solo é mantida com aportes de esterco animal e pelos

nutrientes provenientes das cinzas e da decomposição vegetal.

A agricultura migratória está relacionada a qualquer sistema agrícola no qual

os campos são desmatados e cultivados por períodos curtos, seguidos de um perío-

do de descanso dos solos (Conklin, 1957). É entendida também como "uma estratégia

de manejo dos recursos mediante a qual os agricultores saem de uma área para outra

a fim de aproveitar a fertilidade do novo terreno". (McGrath, 1987).

A estratégia de subsistência da agricultura migratória, de uma maneira geral,

não tem tido a aprovação de governos e organismos internacionais. A justificativa

para a não-aprovação desse sistema agrícola está baseada no desperdício de terras e

recursos humanos e na deterioração dos solos. (Warner, 1996). É importante salientar

que há distinção entre a agricultura migratória, realizada por populações tradicionais

que possuem vínculos históricos, culturais e religiosos, com a agricultura praticada

pelas populações não-tradicionais.

Alguns pesquisadores consideram que o cultivo migratório é um sistema

agrícola completo que necessita do conhecimento das limitações ambientais da

área. Nesse sentido, não se trata de uma prática primitiva e nem necessariamente

destrutiva, pelo contrário, necessita de um conhecimento profundo das condições

ambientais e de uma boa capacidade de gestão. (Warner, 1996).

Por que pesquisar agricultura migratória?

Há muito tempo a agricultura migratória é utilizada na Região Serrana do

estado do Rio de Janeiro, principalmente na área de Nova Friburgo, sendo o manejo

de pousio a forma como os agricultores trabalham a terra. Entretanto, existe ainda

uma série de questionamentos a respeito das repercussões ambientais que uma

agricultura migratória pode provocar em áreas com presença de remanescentes flo-

restais.

Assim, busca-se entender dentre vários questionamentos: Quais serão as

modificações provocadas no ambiente a partir do manejo de pousio? Quais são as

modificações causadas pelo pousIo na dinâmica hídrica de uma área? Quais são as

propriedades do solo mais afetadas? Como o manejo de pousio afeta a erosão hídrica?

ANA VALÉRIA FREIRE ALLEMÃO BERTOLINO E LUIZ CARLOS BERTOLINO

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Visa-se assim analisar o manejo de pousio praticado em área agrícola serra-

na de Mata Atlântica, especificamente em São Pedro da Serra (Figura 1), como uma

prática conservacionista ou não, bem como as suas repercussões nas principais

propriedades dos solos.

A prática de manejo de pousio em São Pedro da Serra

O conceito de pousio é definido como uma forma de agricultura marcada

pela rotação de pequenas áreas de cultivos (3 a 5 hectares), alternando períodos

curtos (2 a 4 anos) com períodos maiores de descanso (10 a 12 anos). (Silva, 1996).

No sistema de pousio, o solo é deixado em repouso por um período que

pode variar de 4 a 10 anos, em média. Durante esse tempo ocorre o desenvolvimen-

to gradual de uma vegetação de capoeira com a incorporação de nutrientes, poden-

do chegar à formação de uma floresta secundária mais avançada. A capoeira que se

desenvolve na área de pousio tem a capacidade de ampliar a regeneração do solo

de forma natural, gradual e espontânea. Há necessidade da terra ficar parada por um

Figura 1. Localização de São Pedro da Serra e da área estudada (Queiroz, 2007)

AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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tempo para que ocorram, naturalmente, modificações nas propriedades físicas e quí-

micas do solo. O período em que a área fica em pousio é essencial para a

sustentabilidade do sistema.

Conforme discutido na primeira parte, os órgãos de fiscalização passaram a

agir com rigor nas áreas de pousio, multando os agricultores que derrubavam as

capoeiras. Para fugir da fiscalização, vários agricultores têm abandonado a agricultu-

ra migratória e se adaptado à agricultura convencional, deixando o solo descoberto

quando não é cultivado e fazendo uso de queimadas, capinas e aplicações freqüen-

tes de agrotóxicos e fertilizantes. Os agricultores vêm deixando de praticar uma

agricultura mais conservacionista, que realizavam há anos, para praticar a agricultura

convencional, muito mais nociva ao meio ambiente.

Em São Pedro da Serra (Nova Friburgo - RJ), o tempo de pousio vem sendo

diminuído (com duração máxima de 3 anos) para que as árvores presentes na rege-

neração vegetal não ultrapassem 5 cm de diâmetro de tronco (DAP), pois este é um

dos parâmetros utilizados pela legislação para que a área seja considerada intocável

e de preservação .

Conforme relato de agricultores locais, atualmente a cada três ou quatro

lavouras, a terra fica parada por 1 ou 2 anos. O preparo do terreno para o início do

cultivo se dá da seguinte maneira: limpeza do terreno, com a queimada dos resíduos

da lavoura anterior, seguida da aração, feita conforme as curvas de nível, utilizando

arado de boi, e aplicação do calcário. Depois disso há a abertura de covas e aduba-

ção com esterco de galinha ou adubo químico. A “irrigação” (molhamento) é feita

com auxílio de moto-bomba e varia conforme as condições meteorológicas, tipo de

cultivo e natureza do terreno.

Anteriormente, o período de pousio era de 5 a 6 anos. Esse período era

suficiente para formar uma capoeira que auxiliava na recuperação da fertilidade do

solo a partir da incorporação da matéria orgânica e da reestruturação das proprieda-

des do solo. Enquanto no pousio de 1 ou 2 forma-se apenas uma vegetação rasteira

de pequeno porte, não havendo tempo suficiente para a regeneração do solo.

Na contramão da legislação vem se verificando, no distrito de São Pedro da

Serra, o aumento da agricultura convencional, sem o manejo da terra com o período

de pousio. O sistema convencional pratica o revolvimento do solo e deixa a super-

fície praticamente descoberta na fase de implantação e durante o desenvolvimento

inicial das culturas. O manejo do solo nesses moldes traz modificações na sua

ANA VALÉRIA FREIRE ALLEMÃO BERTOLINO E LUIZ CARLOS BERTOLINO

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estrutura natural e promove uma série de transformações (deterioração da estrutura

do solo, redução da matéria orgânica e favorecimento à ocorrência de erosão).

Outro agravante que torna ainda mais preocupante o manejo convencional

na região, é que o cultivo da terra se dá em um relevo predominantemente acidenta-

do, na linha de maior declive das encostas. Isto faz com que ocorram altas taxas de

erosão e perda de solo. Além disso, as chuvas intensas que ocorrem na região e a

constante irrigação das culturas facilitam a lixiviação do solo e o carreamento dos

insumos agrícolas para os rios da área.

A área é formada por uma das principais microbacias hidrográficas do muni-

cípio de Nova Friburgo, a bacia hidrográfica do Rio Macaé, que divide os distritos

de Lumiar e São Pedro da Serra. (Morett & Mayer, 2003). Apresenta uma vegetação

inserida no ecossistema florestal denominado Mata Atlântica ou Mata mesófila, é

constituída por uma formação intermediária entre as formações florestais perenes da

encosta e as formações não florestais do interior. (CIDE, 2000)

A morfologia da região de São Pedro da Serra é caracterizada pela presença de

serras proeminentes de relevo irregular, com morros de vertentes íngremes, com vales

profundos e pequenas várzeas, cortados por córregos e pequenos rios (Figura 2).

Figura 2. Visão geral da região de São Pedro da Serra. (Foto: L. C. Bertolino)

A AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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O clima é ameno e varia de mesotérmico brando superúmido, que é ca-

racterizado por altos índices de pluviosidade (2250 mm anuais) ao subseqüente

úmido, que ocorre nas regiões menos elevadas com pluviosidade inferior à pri-

meira (1000 a 1500 mm anuais). As temperaturas médias variam de 18ºC a 24ºC

no inverno e verão respectivamente. O índice pluviométrico e a umidade relati-

va do ar são bastante elevados, com o período de chuva entre os meses novem-

bro a março. ( DNPM-CPRM, 1980).

Na região há predomínio de rochas ígneas e metamórficas pré-cambrianas.

Ocorrem também diques de rochas básicas de espessura variada, Esses tipos de

rochas vão resultar em diferentes tipologias de solos. Segundo a Embrapa, os solos

na região serrana de Nova Friburgo são dominantemente de Cambissolos, seguida

de Latossolos associados ao relevo montanhosos e fortemente ondulado, e ainda

de Neossolos e afloramentos de rocha comuns em topografia mais acidentada.

(EMBRAPA, 1999)

MODIFICAÇÕES NA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO E NAS

PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DO SOLO EM ÁREAS COM

DIFERENTES MANEJOS E USOS

Os estudos foram realizados em uma microbacia com área de aproximada-

mente 2,12 km2 situada no distrito de São Pedro da Serra - Nova Friburgo/RJ, e nos

Laboratórios de Geociências (Departamento de Geografia/UERJ/SG) e de Análises de

Solo, Água e Plantas (EMBRAPA/Solos). Esta área vem sendo estudada desde 2002,

pois existem poucos estudos voltados para as questões relacionadas ao manejo de

pousio, especificamente no distrito de São Pedro da Serra. A área estudada é compos-

ta por quatro diferentes sistemas de manejo (Figura 3):

• Área Florestal (FLO) – sistema com presença de cobertura vegetal, entre

60-70 anos;

• Área de Pousio I (PO I) – sistema com presença de capoeira entre 4-7 anos;

• Área de Pousio II (PO II) – sistema com presença de capoeira entre 10-12

anos e

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Figura 3. Áreas com diferentes sistemas de manejo

• Área de Plantio Convencional (PC) – sistema de preparo convencional,

com utilização de queimada de resíduos da cultura anterior, arado com junta de boi

e plantação em nível. Não ocorre pousio. Plantio de olerícolas (couve-flor, pimentão,

tomate, etc).

Em cada sistema (FLO, PO I, PO II e PC) foram dispostos coletores de água

para avaliar a precipitação acumulada no intervalo de 24 h (Figura 4). A obtenção

desse parâmetro é importante na correlação com os valores de precipitação em área

sem presença de cobertura vegetal (PA/precipitação em aberto), a fim de avaliar o

papel da interceptação da vegetação.

Figura 4. Coletores de água para avaliar a precipitação terminal

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A estrutura da vegetação (fitossociologia) das áreas (FLO, PO I e PO II), foi

determinada com uso em cada uma de 3 parcelas com dimensões de 50 m x 4 m

possuindo uma área de 200 m². No sentido de padronizar as áreas de estudo para

fins de comparação, a área total de cada estágio sucessional estudado foi definida a

partir da menor área que se dispunha (600 m²). Em cada área foram amostrados todos

os indivíduos com DAP (diâmetro à altura do peito, ou a 1,3 m do solo) igual ou

superior a 5 cm. (Figura 5).

Além disso, foram também coletadas amostras de cada indivíduo para poste-

rior identificação botânica. As alturas foram estimadas com o uso de vara e trena. O

material botânico foi coletado com podão, prensado e sofreu pré-secagem em estu-

fa no campo. Esses dados são fundamentais para se avaliar como a estrutura da

vegetação interfere no regime hídrico de uma área, além de caracterizar a distribui-

ção de espécies vegetais na área.

Amostras de serrapilheira foram coletadas em cada sistema (FLO, PO I e PO

II), visando avaliar a produção e a biomassa de serrapilheira (folhas, galhos e

frutos, etc).

A produção de serrapilheira foi monitorada utilizando-se coletores de resí-

duos florestais (litter traps). (Proctor, 1983). Os coletores são de madeira com 0,50 m

de lado, tendo no fundo tela de polietileno com malha de 1 mm. Os coletores foram

instalados a uma altura mínima de 0,70 m do solo. A distribuição dos coletores foi

feita de forma aleatória, respeitando sempre as posições de alta, média e baixa encosta,

sendo colocados cinco coletores em cada sistema (FLO, PO I e PO II). O material

armazenado nas caixas foi coletado mensalmente e devidamente identificado. Após

Figura 5. Medição do diâmetro à altura dopeito e identificação do indivíduo

ANA VALÉRIA FREIRE ALLEMÃO BERTOLINO E LUIZ CARLOS BERTOLINO

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o material foi submetido à secagem em estufa, até atingir peso constante. O material

foi triado nas seguintes frações: folhas, galhos, flores, sementes e resíduos.

A biomassa de serrapilheira acumulada sobre o solo foi realizada ao longo

das estações, tendo sido coletadas cinco amostras aleatórias por sistema, a saber: na

parte alta, média e baixa da encosta. Para delimitar a área de coleta, utilizou-se um

quadrado de ferro com medida interna de 0,50 m. O quadrado foi lançado sobre o

solo, fixado com grampos e em seguida coletou-se a parte da serrapilheira existente

no interior do quadrado (Figura 6). Todas as amostras foram identificadas e secas ao

ar para posterior secagem a 60° C até atingir peso constante.

Após obter-se o peso constante das amostras, estas foram submetidas à triagem

em laboratório com objetivo de separar e pesar as frações correspondentes a folhas,

galhos, flores, sementes e resíduos (Figura 7).

Figura 7. Coleta de serrapilheira sazonal comquadrado de ferro de 25 cm de lado

Figura 6. Caixas coletoras de serrapilheira

A AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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Após passarem pelos processos de separação e quantificação, as amostras foram

avaliadas em relação a capacidade de retenção hídrica da serrapilheira ( Vallejo 1982).

Nesta etapa, as amostras que foram secas em estufa foram colocadas em recipientes

com água e imersas por um período. Em seguida, foram transferidas para peneiras para

que pudesse escoar o excesso de umidade e pesadas novamente (Figura 8).

Esses dados são relevantes na avaliação da distribuição espacial e tempo-

ral com vistas ao entendimento do estágio de desenvolvimento do ecossistema e,

também em relação aos distúrbios que podem ter sido promovidos numa área. A

serrapilheira, camada superficial do solo, apresenta um papel fundamental pois auxi-

lia na melhoria das propriedades físicas e químicas do solo. Desempenha também

um importante papel hidrológico, auxiliando na minimização do escoamento super-

ficial e na retenção de umidade do piso florestal além de servir como um reservató-

rio de nutrientes (Figura 9).

Figura 8. Frações obtidas a partir daserrapilheira coletada: A) folhas, B) galhose C) material reprodutivo/ resíduos animaise outros

Figura 9. Amostras de serrapilheirasubmetidas ao método de capacidadede retenção hídrica

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Figura 10. Coleta de amostras nãodeformadas no sistema de Pousio II(10-12 anos)

Para caracterização do solo foram coletadas amostras indeformadas e defor-

madas. Para os ensaios de porosidade total, macroporosidade, e microporosidade

e grau de compactação foram coletadas amostras indeformadas com anéis de 50

cm3 nos diferentes sistemas (FLO, PO I, PO II e PC). (EMBRAPA, 1997). (Figura 10).

Para os ensaios de granulometria foram coletadas amostras deformadas, com auxílio

de trado, em diferentes posições topográficas e profundidades nos diferentes

sistemas (FLO, PO I, PO II e PC). (EMBRAPA, 1997). (Figura 11).

Figura 11. Coleta de amostrasdeformadas no sistema de Pousio II(10-12 anos)

A AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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As propriedades físicas (porosidade total, macroporosidade, microporosidade,

grau de compactação e granulometria) são importantes no diagnóstico do tipo de

solo e as propriedades químicas do solo (carbono, potássio, magnésio, sódio e

cálcio) são essenciais para o entendimento da fertilidade do solo. Essas proprieda-

des auxiliam na identificação de modificações ocorridas temporalmente a partir do

manejo e uso do solo.

Resultados e Análises

A partir dos resultados, busca-se discutir a sustentabilidade ou não de siste-

mas agrícolas tradicionais a partir do manejo de pousio. Conforme exposto, esta

prática promove modificações nas propriedades do solo tornando-o mais produtivo

e, também, corrobora com a minimização do uso de agroquímicos que é muito

nocivo ao ambiente.

Busca-se a partir dos dados elucidar a prática de pousio utilizada na região

confrontando com os parâmetros da legislação vigente (Lei 11.428 de 22 de dezem-

bro de 2006) que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do

Bioma Mata Atlântica.

Conforme já relatado na primeira parte deste livro, a Lei da Mata Atlântica

trouxe algumas modificações mais favoráveis à população tradicional e aos pequenos

agricultores de São Pedro da Serra, pois incorpora a prática de pousio, conforme:

Art 3 - III - dispõe sobre pousio: prática que prevê a interrupção de atividades ou

usos agrícolas, pecuários ou silviculturais do solo por até 10 (dez) anos para possibilitar

a recuperação de sua fertilidade;

Além disso, no item relacionado à "Proteção da vegetação secundária em

estágio inicial de regeneração" define que:

Art. 25. O corte, a supressão e a exploração da vegetação secundária em

estágio inicial de regeneração do Bioma Mata Atlântica serão autorizados pelo órgão

estadual competente.

Parágrafo único. O corte, a supressão e a exploração de que trata este artigo,

nos Estados em que a vegetação primária e secundária remanescente do Bioma Mata

Atlântica for inferior a 5% (cinco por cento) da área original, submeter-se-ão ao regime

jurídico aplicável à vegetação secundária em estágio médio de regeneração, ressalvadas

as áreas urbanas e regiões metropolitanas.

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Art. 26. Será admitida a prática agrícola do pousio nos Estados da Federação

onde tal procedimento é utilizado tradicionalmente.

O artigo 25 frisa bem que será concedido o corte via autorização do órgão

estadual competente. A Resolução CONAMA n0 006 de 04 de maio de 1994 normatiza

os critérios que indicam o estágio inicial de regeneração da vegetação são:

§1º. Estágio Inicial:

a) fisionomia herbáceo/arbustiva, cobertura aberta ou fechada, com a pre-

sença de espécies predominantemente heliófitas; plantas lenhosas, quando ocor-

rem, apresentam DAP médio de 5 centímetros e altura média de até 5 metros;

b) os indivíduos lenhosos ocorrentes pertencem a, no máximo, 20 espécies

botânicas por hectares;

c) as espécies são de crescimento rápido e ciclo biológico curto;

d) a idade da comunidade varia de 0 a 10 anos;

e) a área basal média é de 0 a 10 metros quadrados/hectare;

f) epífitas raras, podendo ocorrer trepadeiras;

g) ausência de subosque;

h) serrapilheira, quando existente, forma uma camada fina pouco decompos-

ta, contínua ou não;

Buscando-se confrontar os dados da pesquisa com a realidade local serão

descritos primeiramente os dados de estrutura e alguns parâmetros de fitossociologia.

Inicialmente, procura-se entender a estrutura da vegetação com a finalidade

de avaliar quais são as modificações que ocorrem na vegetação em cada um dos

domínios (PO I, PO II e FLO). Por intermédio dos resultados apresentados na Tabela I

pode-se ter uma síntese dos dados da estrutura da vegetação. (As informações sobre

a estrutura da vegetação foram extraídas de Santos e Chaves (no prelo) e de fitossociologia

Costa (no prelo).

FLO PO II PO I

Indivíduos amostrados 2.733,3 ind./ha 1.575 ind./ha 527,7 ind./haÁrea basal total 40,7 m2/ha 19,8 m2/ha 3,6 m2/haDiâmetro médio 10,8 m 9,7 m 5,9 mAltura média 5,8 m 4,7 m 4,0 mMaior altura 14 m 12,5 m 7 m

AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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ANA VALÉRIA FREIRE ALLEMÃO BERTOLINO E LUIZ CARLOS BERTOLINO

A área de FLO apresentou a maior densidade total de espécies (2.733,3) por

área. Depois vem PO II com 1575 ind./ha e em seguida o PO I com 527,7 ind./ha. A

área de floresta apresentou uma densidade de indivíduos relacionada a áreas bem

preservadas de Mata Atlântica da região sudeste que fica em torno de 2.0000 ind./

ha. Dentre todas as áreas estudadas, o sistema de manejo PO I foi o que apresentou

a menor relação de indivíduos por área.

A área basal apresenta valores crescentes de 3,6 m2/ha, 19,8 m2/ha e 40,7 m2/

ha respectivamente nas áreas de 4-7 anos, 10-12 anos e 50-70 anos, o que está de

acordo com uma caracterização de sucessão ecológica. A área de POI apresenta

valores baixos de área basal e de indivíduos.

Comparando-se os valores das áreas basais entre os três sistemas verifica-se

que há um aumento de 5,4 vezes da área de PO I para a área de PO II e de 2,1 vezes

da área de PO II para a área de FLO. Isto denota que o maior incremento de área

basal ocorreu entre o período de 4 a 10 anos, demonstrando que até quatro anos

não há um desenvolvimento expressivo da vegetação.

Os valores de altura média e DAP médio da área de FLO são respectivamen-

te 5,8 m e 10,8 m, de PO II 4,7 m e 9,7 m e PO I 4,0 e 6,1 m. Os maiores valores

médios de DAP e altura também estão relacionados à área de FLO.

Nas três áreas foram amostrados 265 indivíduos, os sistemas FLO, PO II e PO

I apresentaram respectivamente 164 indivíduos no total, sendo 149 indivíduos vi-

vos e 15 indivíduos mortos; 63 indivíduos no total, 58 indivíduos vivos e 05 mor-

tos; 38 indivíduos no total, 33 vivos e 05 mortos. No trecho conservado (FLO), o

percentual de árvores mortas é de 9%, indicando baixa taxa de mortalidade dos

indivíduos. Isto demonstra que esta área representa um estágio sucessional avança-

do, onde existem indivíduos com alta longevidade e baixa taxa de mortalidade. Já

na área de PO I o percentual de indivíduos mortos é de 13% representando que há

uma quantidade significativa de indivíduos mortos.

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Em relação à fitossociologia não se pretende aqui nomear espécies e, sim,

demonstrar apenas a quantidade de famílias obtidas em cada domínio, até mesmo

porque nem todas as espécies foram identificadas até o presente momento. Na área

de FLO, até agora foram identificados somente 21 indivíduos distribuídos em 04

espécies. O PO II com um total de 63 indivíduos foram identificados 13 indivíduos,

distribuídos em 04 famílias e o PO I com 38 indivíduos foram identificadas 14

indivíduos distribuídos em 03 espécies. Na área de PO I constata-se a presença de

espécies associadas a um estágio inicial de regeneração.

Os dados de estrutura da vegetação verificados neste estudo demonstram

que a área de PO I está inserida em estágio inicial de vegetação, pois apresenta um

DAP médio em torno de 5,9 cm e, altura média menor que 5 m. Além disso, consta-

tou-se também que o PO I encontra-se em um estágio inicial de regeneração.

Na micro bacia estudada, verificou-se que a média anual pluviométrica está

em torno de 1.600mm. Os resultados de interceptação (quantidade de água retida

pelo dossel florestal) demonstram que a área de FLO interceptou 30% da chuva, PO

II, 27 % e PO I 19% . Os dados demonstram que a interceptação foi maior no sistema

que apresenta dossel florestal mais alto e estruturalmente mais complexo, diminuin-

do a quantidade de chuva que incide diretamente sobre o solo. Já na área de PC,

onde a cobertura vegetal está presente somente no período de desenvolvimento do

plantio, há uma baixa interceptação da água expondo o solo a uma maior ação das

gotas da chuva. O impacto das gotas de chuva no solo será maior no PC do que nos

outros sistemas, o que pode provocar uma destruição dos agregados, ocasionando o

fechamento dos poros superficiais resultando na diminuição da capacidade de infil-

tração.

Em relação à produção de serrapilheira e retenção de umidade a área de FLO

apresenta os maiores valores, em detrimento das áreas de PO I e II. A área de FLO

alcança valores de retenção hídrica acima de 300% em relação ao peso seco. Isto

significa dizer que a serrapilheira pode ser justificada como um parâmetro de avali-

ação da recuperação deste ecossistema, visto que sua capacidade de retenção hídrica

é responsável pelo estoque de umidade no solo. A não presença de serrapilheira, tal

como na área de PC, pode ocasionar a selagem dos poros superficiais, escoamento

superficial e a diminuição da capacidade de infiltração da água no solo.

AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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ANA VALÉRIA FREIRE ALLEMÃO BERTOLINO E LUIZ CARLOS BERTOLINO

É extremamente relevante discutir e caracterizar as propriedades físicas do

solo para que se entendam os efeitos dos diferentes tipos de manejo e uso em

relação às diferenciações do comportamento hidrológico de cada sistema. Sendo

assim, a caracterização da textura do solo apresenta importância por indicar as dife-

renças na capacidade de retenção de água, bem como na diferenciação da distribui-

ção da porosidade e do grau de agregação dos diferentes tipos de materiais.

Em relação às propriedades físicas (textura) verificou-se que os solos das

áreas (FLO, PO I, PO II e PC) se enquadram sob a mesma classe de textura, denomina-

dos de solo franco. Esta classe corresponde a uma mistura em partes proporcionais

de areia, silte e argila. Este tipo de solo, de uma maneira geral, apresenta uma boa

capacidade de infiltração.

Outra propriedade física que interfere na entrada de água no solo é a

porosidade. Os poros são os espaços vazios do solo, ou seja, por onde a água

infiltra. A porosidade pode variar em quantidade e tipo de poros dependendo do

manejo e uso do solo.

Em relação à quantidade total de poros, verifica-se que o sistema de FLO

apresenta 60%, as áreas PO I e PO II, 57%, e PC 56%l. No sistema PC há um declínio da

porosidade total com o aumento da profundidade. A área de FLO apresentou os

maiores percentuais de macro porosidade (26%), seguida pelos sistemas de POI e II

(23%) e, por último, o sistema de PC (19%). Esses valores indicam que as áreas de POI e

II vem apresentando uma provável reestruturação das suas propriedades físicas, a

partir do aumento da sua porosidade. Isto pode favorecer a infiltração da água no solo

e a minimização de processos erosivos.

Outra variável que interfere na capacidade de infiltração do solo é o grau de

compactação. Os sistemas de FLO e PO apresentaram os menores valores de

compactação do solo, em contraposição ao de PC. Esses resultados associados ao

de porosidade demonstram que o sistema de pousio favorece a minimização dos

processos erosivos, estando isto associado ao desenvolvimento da vegetação e à

incorporação de material orgânico no solo.

Em relação às propriedades químicas o sistema de FLO apresentou a maior

concentração de carbono orgânico. Os sistemas PO I e PO II apresentaram valores

intermediários, aumentando os valores de carbono orgânico da área de PO I para PO

II. Estes resultados demonstram que o sistema PO II apresenta uma regeneração em

relação ao PO I.

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69

O PO II é uma área em que o tempo de pousio é maior, logo, o crescimento

dos vegetais e a decomposição da matéria orgânica já se encontram em estados

mais avançados. A área de FLO apresenta-se como o ambiente menos perturbado,

por possuir uma comunidade vegetal muito mais desenvolvida e diversificada, o

que resultou em valores mais expressivos de carbono orgânico. Em contraposição,

o PC é o ambiente mais afetado, por apresentar solo desnudo antes e depois do

plantio, incidência de insolação, utilização de aração e não incorporação de resídu-

os vegetais, entre outras, resultando em baixos valores de carbono orgânico.

Os valores de cálcio e magnésio tendem a diminuir gradativamente da amostra

de PC passando pelo estágio de PO I até a amostra de PO II. Na área de FLO, o valor

destes elementos apresentou um leve aumento. Com exceção da amostra do PC,

onde ocorre o inverso, os valores tendem a diminuir com o aumento da profundida-

de nas outras três áreas analisadas. Isso decorre do fato de que no sistema de PC há

utilização de adubos químicos. Os valores encontrados são considerados médios

para a área de Plantio Convencional, nas profundidades de 0-5cm das áreas de PO I,

PO II e FLO. Na profundidade de 5-10cm as amostras de PO I, PO II e FLO apresentam

baixas concentrações destes elementos.

O teor de potássio em todas as quatro áreas estudadas diminui com o au-

mento da profundidade. A concentração de potássio se apresenta da seguinte ma-

neira nas áreas analisadas: Convencional > Pousio I > Pousio II < Florestal. A quei-

ma da vegetação sobre o solo no processo de preparo para o início do plantio

contribui para maiores concentrações desse elemento na área de PC, profundidade

de 0-5 cm.

A concentração de sódio se mantém constante, não variando nem mesmo

com a profundidade, em três das quatro áreas analisadas (PO I, PO II e FLO). Com

relação à saturação de bases (valor V), que está associado à fertilidade do solo,

verifica-se que a área de PC apresenta solo mesotrófico nas duas profundidades

analisadas. Em PO I, na profundidade 0-5 cm, o solo se apresenta como mesotrófico,

e distrófico na profundidade de 5-10 cm. Em PO II, o solo se apresenta como distrófico

em ambas as profundidades analisadas. Na área de mata, encontramos um solo

mesotrófico de 0-5 cm e distrófico de 5-10 cm.

AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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ANA VALÉRIA FREIRE ALLEMÃO BERTOLINO E LUIZ CARLOS BERTOLINO

Estudos futuros

Pretende-se dar continuidade aos estudos buscando-se entender outras vari-

áveis que sejam importantes na avaliação da sustentabilidade de áreas de pousio.

Para tal, foram instaladas 02 parcelas de erosão (PC e PO I) (Figura 12) buscando-se

entender a funcionalidade hidrológica destes sistemas, bem como as suas repercus-

sões na erosão.

CONCLUSÕES

A partir dos resultados verifica-se que o sistema de plantio convencional

apresentou maiores fluxos de atravessamento, homogeneidade da porosidade total,

decréscimo da macroporosidade e do percentual de carbono e aumento do grau de

compactação. Estes resultados indicam que o solo neste sistema apresenta proprie-

dades que respondem diferentemente do sistema de florestal, o que pode vir a

propiciar um desgaste maior do solo, bem como um aumento do processo erosivo.

Figura 12.Parcela de erosão no sistema PO I

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71

Já nos outros sistemas de pousio, as propriedades físicas e químicas responderam

com valores mais próximos da área de FL. Isto vem demonstrar que a prática de

manejo tradicional de pousio, amplia a capacidade de regeneração do solo de forma

natural e espontânea, ao contrário da prática de Plantio Convencional que causa

maior desgaste do solo e diminuição significativa da contribuição das propriedades

físicas e químicas do solo.

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AGRICULTURA MIGRATÓRIA E SEUS EFEITOS SOBRE O SOLO

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