para onde vai o mercado

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Para onde vai o mercado Marcos Gouvêa de Souza ( [email protected] ), diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza O início do último trimestre é um momento em que convergem as dúvidas sobre o comportamento do consumo no final do ano e as previsões possíveis  para o ano seguinte, com cores especiais, no quadro atual, por conta do impacto possível das consequências do agravamento da crise global no mercado brasileiro. De uma forma um pouco mais pragmática, eis alguns pontos que os estudos e  pesquisas que realizamos têm mostrado: * Existe uma desaceleração no crescimento do consumo e das vendas no varejo, pela conjugação de dois fatores: redução do Í ndice de Confiança do Consumidor, como reflexo principalmente do noticiário da grave situação econômica e financeira dos países europeus, especialmente; e o efeito estatístico de uma base de comparação m ais elevada por conta das vendas deste período no ano passado; * Essa maior cautela com o consumo é mais claramente percebida junto aos consumidores dos segmentos de classe mais altos, e os mais educados, em especial nas maiores cidades das r egiões Sul e Sudeste do Brasil. Para os segmentos de classe mais baixos e os menos educados esse impacto é menor; * A continuidade do aumento da massa salarial, num patamar próximo a 6%,  provocada pelo nível de emprego e aumento da r enda, além da oferta de crédito, estimula a manutenção de uma elevada propensão ao consumo. Ela,  porém, se desloca um pouco m ais dos bens duráveis, aqueles que demandam mais confiança no longo prazo, para os semiduráveis; * A inadimplência tem mostrado tendência de leve crescimento nos últimos meses, por conta do aumento do consumo nos períodos anteriores, o que determinou uma cautela adicional na análise e concessão de cr édito como medida preventiva, gerando dificuldades adicionais para alguns segmentos de classe. E afeta também, mais diretamente, os bens duráveis e semiduráveis, mais dependentes do crédito para suas vendas; * Da mesma form a como ocorreu no último trimestre de 2008, quando houve o agravamento do quadro econômico global, a “internalização” da crise

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Para onde vai o mercado

Marcos Gouvêa de Souza ([email protected] ), diretor-geral da GS&MD – Gouvêa deSouza

O início do último trimestre é um momento em que convergem as dúvidassobre o comportamento do consumo no final do ano e as previsões possíveis

 para o ano seguinte, com cores especiais, no quadro atual, por conta doimpacto possível das consequências do agravamento da crise global nomercado brasileiro.De uma forma um pouco mais pragmática, eis alguns pontos que os estudos e

 pesquisas que realizamos têm mostrado:

* Existe uma desaceleração no crescimento do consumo e das vendas no

varejo, pela conjugação de dois fatores: redução do Índice de Confiança doConsumidor, como reflexo principalmente do noticiário da grave situaçãoeconômica e financeira dos países europeus, especialmente; e o efeitoestatístico de uma base de comparação mais elevada por conta das vendasdeste período no ano passado;

* Essa maior cautela com o consumo é mais claramente percebida junto aosconsumidores dos segmentos de classe mais altos, e os mais educados, emespecial nas maiores cidades das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Para ossegmentos de classe mais baixos e os menos educados esse impacto é menor;

* A continuidade do aumento da massa salarial, num patamar próximo a 6%, provocada pelo nível de emprego e aumento da renda, além da oferta decrédito, estimula a manutenção de uma elevada propensão ao consumo. Ela,

 porém, se desloca um pouco mais dos bens duráveis, aqueles que demandammais confiança no longo prazo, para os semiduráveis;

* A inadimplência tem mostrado tendência de leve crescimento nos últimosmeses, por conta do aumento do consumo nos períodos anteriores, o que

determinou uma cautela adicional na análise e concessão de crédito comomedida preventiva, gerando dificuldades adicionais para alguns segmentos declasse. E afeta também, mais diretamente, os bens duráveis e semiduráveis,mais dependentes do crédito para suas vendas;

* Da mesma forma como ocorreu no último trimestre de 2008, quando houveo agravamento do quadro econômico global, a “internalização” da crise

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externa gera, no momento, algumas medidas de cautela no setor empresarial, porém em escala menor em relação ao que ocorreu naquele período. Essecomportamento mais maduro tem o poder de evitar um agravamento docenário econômico interno e o governo tem também contribuído para isso,com a redução das taxas de juros, sinalizando sua preocupação com amanutenção de um nível saudável de atividade econômica interna;

* As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país são menos afetadas por esse comportamento mais cauteloso de consumo e tendem a manter um ritmode crescimento mais próximo daquele que prevaleceu nos primeiros trêstrimestres. Para o ano de 2012 esse quadro deverá se manter, sendo essas trêsregiões aquelas que tenderão a apresentar maior expansão, por conta doaumento de participação de seu potencial de consumo;

* O crescimento das vendas no varejo para o fechamento do ano de 2011deverá registrar expansão entre 6,5% e 6,8%, tomando por base os dados daPesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, caso nenhum fator excepcional ocorra no período;

* Para o ano de 2012, até onde é possível antecipar expectativas, deverá haver a continuidade do crescimento positivo das vendas do varejo, porém em

 patamar um pouco menor do que em 2011. O setor, porém, deverá continuar  puxando o crescimento do PIB, que também deverá ficar abaixo do nível de2011;

* O Brasil continuará a ser nos próximos anos um dos cinco países do mundocom maior expansão do consumo interno e das vendas do varejo, continuandoa atrair o interesse de operadores internacionais de varejo para investimentosna implantação ou aquisição de negócios, aumentando o potencial competitivodo mercado;

* Dentre as áreas de maior interesse estão os setores de lojas ligadas à moda,redes de material de construção, farmácias e drogarias, operações dealimentação fora do lar e no segmento de ecommerce.

O conjunto desses elementos caracteriza a continuidade de um cenário positivo para a expansão dos negócios, através do crescimento orgânico deformatos e operações já existentes; desenvolvimento de novos formatos, emespecial para atuação em mercados emergentes; implantação de novos canaisde vendas, particularmente no comércio digital; e também novos conceitos e

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marcas para atendimento de segmentos e nichos que tiveram uma valorizaçãode seu potencial de consumo.Ou seja, tudo bem no ano que vem. E nos próximos também.