panorama do antigo testamento

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Page 1: PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO

I G R E J A

P A TP A N O R A M A

DO ANTIGOTESTAMENTO

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Panorama do Antigo Testamento www.igrejabiblica.pt

1

PanoramaPanorama11 do Antigo Testamentodo Antigo Testamento

Plano de Estudos

Descrição: Estudo baseado numa visão geral do AT, no qual se procura destacar a autoria, data

aproximada e enquadramento histórico de cada livro, bem como a sua mensagem, o seu propósito e seu

desenvolvimento (esboço).

Propósito: Proporcionar uma visão panorâmica do AT e o entendimento da mensagem de cada livro.

Oferecer uma fonte de outras informações relevantes para o estudo da Bíblia. Incentivar o estudo da

Palavra de Deus baseado em informações enquadradas historicamente.

Objetivos: No final deste curso o aluno deverá ser capaz de:

V Citar, pela ordem bíblica, todos os livros do AT.

V Identificar as principais divisões (género literário) dos livros e a sua importância na interpretação da

Bíblia.

V Expor o panorama da história (pano de fundo) e da mensagem dos livros destacando alguns factos

importantes sobre cada um.

V Identificar os principais eventos, propósitos e mensagens dos livros do AT.

V Ter uma visão geral do período intertestamentário, especialmente a sua importância no contexto

político-económico-social do mundo do NT.

Bibliografia:

ARCHER Jr., Gleason L. Merece confiança o AT? São Paulo: Vida Nova, 2000

COLE, R. Alan. Êxodo – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996

COLEMAN, William L. Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos. Venda Nova - MG: Editora Betânia, 1991

FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro: Juerp, 1985

GEISLER, Norman. Christ, the theme of the Bible. Chicago: Moody Press, 1968

GEISLER, Norman. NIX, William. Introdução Bíblica. São Paulo: Vida, 1997

KIDNER, Derek. Génesis – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999

LASOR, William S. HUBBARD, David A. BUSH Frederic W. Introdução ao AT. São Paulo: Vida Nova, 1999

MERKH, David. Síntese do Antigo Testamento. São Paulo: SBPV, 1998.

MORRIS, Leon. Rute – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1992

PACKER, J. I. TENNEY, Merril C. WHITE JR., William. O Mundo do AT. São Paulo: Vida, 2002

PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento no AT. São Paulo: Hagnos, 2006

TENNEY, Merril C. PACKER, J. I. WHITE JR., William. Vida Cotidiana nos Tempos Bíblicos. São Paulo: Vida,

2001

WALTON, John H. O Antigo Testamento em Quadros. São Paulo: Vida, 2001

YANCEY, Philip. A Bíblia que Jesus Lia. São Paulo: Vida, 2000

1 Vocábulo formado a partir das palavras gregas pavn (pan) “todo, total” e o{rama (horama) ”visão, vista”.

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2

Plano de Aulas:

Aula Conteúdo

1 Introdução; Prova 1; Inspiração; Canonicidade

2 Génesis

3 Êxodo

4 Levítico

5 Prova 2; Números

6 Deuteronómio

7 Josué

8 Juízes, Rute

9 Prova 3; 1 e 2 Samuel

10 1 e 2 Reis; 1 e 2 Crónicas

11 Esdras; Neemias

12 Prova 4; Ester; Jó

13 Salmos

14 Provérbios; Eclesiastes; Cantares

15 Prova 5; Isaías; Jeremias

16 Lamentações; Ezequiel

17 Daniel

18 Prova 6; Oséias; Joel

19 Amós; Obadias; Jonas

20 Prova 7; Miquéias, Naum

21 Habacuque; Sofonias; Ageu

22 Prova 8; Zacarias; Malaquias

23 Prova 9; Período Intertestamentário; Prova 10; Exerc. Mens. dos livros do AT

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3

INTRODUÇÃO

A Bíblia é um livro singular. Trata-se de um dos livros mais antigos do mundo e, no

entanto, ainda é o bestseller mundial por excelência. É produto do mundo oriental antigo;

moldou, porém, o mundo ocidental moderno. Tiranos houve que já queimaram a Bíblia, e os

crentes a reverenciam. É o livro mais traduzido, mais citado, mais publicado e que mais

influência tem exercido em toda a história da humanidade.2

A Bíblia compõe-se de duas partes principais: o ANTIGO TESTAMENTO (AT) e o NOVO

TESTAMENTO (NT). O AT foi escrito em Hebraico e Aramaico3 pela comunidade judaica, e por ela

preservado um milénio ou mais antes da era de Jesus. O NT foi escrito em grego e composto

pelos discípulos de Cristo ao longo do século I d.C.

A palavra testamento, que seria melhor traduzida por “aliança”, é a tradução de palavras

hebraicas e gregas que significam “pacto” ou “acordo” celebrado entre duas partes (“aliança”).

Portanto, no caso da Bíblia temos o contrato antigo celebrado entre Deus e seu povo, os judeus,

e o pacto novo celebrado entre Deus e os cristãos (Jr 31.31-33; Ez 36.26ss; Hb 8.6-8; Mt 26.28;

Lc 22.20; 1Co 11.25).

Estudiosos cristãos frisaram a unidade existente entre esses dois testamentos da Bíblia

sob o aspeto da Pessoa de Jesus Cristo, que declarou ser o tema unificador da Bíblia.4 Agostinho

dizia que o NT se acha velado no AT, e o AT, revelado no NT. Outros autores disseram o mesmo

em outras palavras: “O NT está no AT ocultado, e o AT, no NT revelado”. (O NT contém 260

capítulos; 209 citam o AT). Assim, Cristo esconde-se no AT e é desvendado no NT. Os crentes

anteriores a Cristo olhavam adiante com grande expectativa, ao passo que os crentes dos nossos

dias vêm em Cristo a concretização dos planos de Deus.

V Lc 24.25-27, 44-45; 1Co 10.11-12.

2 GEISLER, Norman. NIX, William. Introdução Bíblica. São Paulo: Vida, 1997. 3 Ed 4.8–6.18; 7.12-26; Jr 10.11; Dn 2.4-7,6 4 GEISLER, Norman. Christ, the theme of the Bible. Chicago: Moody Press, 1968.

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AS SECÇÕES DA BÍBLIA

A Bíblia divide-se habitualmente em oito secções; quatro do AT e quatro do NT:

LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO

A Lei (Pentateuco) – 5 livros Poesia – 5 livros

1. Génesis

2. Êxodo

3. Levítico

4. Números

5. Deuteronómio

(Até 1406 a.C.)5

1. Jó

2. Salmos

3. Provérbios

4. Eclesiastes

5. Cântico dos cânticos

(Não correspondem a nenhum período

histórico específico)

História – 12 livros Profetas – 17 livros

1. Josué (1406 a.C. – 1380 a.C.)

2. Juízes (1380 a.C. – 1050 a.C.)

3. Rute (1200 a.C. – 1150 a.C.)

4. 1 Samuel (1100 a.C. – 1010 a.C.)

5. 2 Samuel (1010 a.C. – 971 a.C.)

6. 1 Reis (971 a.C. – 853 a.C.)

7. 2 Reis (853 a.C. – 560 a.C.)

8. 1 Crónicas (1010 a.C. – 971 a.C.)

9. 2 Crónicas (971 a.C. – 539 a.C.)

10. Esdras (539 a.C. – 450 a.C.)

11. Neemias (445 a.C. – 410 a.C.)

12. Ester (465 a.C.)

A. Maiores

1. Isaías (740 a.C. – 680? a.C.)

2. Jeremias (627 a.C. – 580 a.C.)

3. Lamentações (586 a.C.)

4. Ezequiel (592 a.C. – 570 a.C.)

5. Daniel (606 a.C. – 530 a.C.) B. Menores

1. Oséias (760 a.C. – 730 a.C.)

2. Joel (830-825 a.C.)

3. Amós (760 a.C.)

4. Obadias (845 a.C.)

5. Jonas (785-760 a.C.)

6. Miquéias (737 a.C. – 710 a.C.)

7. Naum (663-612 a.C.)

8. Habacuque (607 a.C.)

9. Sofonias (625 a.C.)

10. Ageu (520 a.C.)

11. Zacarias (520 a.C. – 518 a.C.)

12. Malaquias (430-400 a.C.)

5 Data aproximada do conteúdo

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LIVROS DO NOVO TESTAMENTO

Evangelhos História

1. Mateus (década de 60 d.C.)

2. Marcos (Final da década de 50 ou início de 60 d.C.)

3. Lucas (60 d.C.)

4. João (Final da década de 80 ou início de 90 d.C.)

1. Atos dos Apóstolos (61 d.C.)

Epístolas (Cartas)

1. Romanos (55 d.C. 3ª viagem)

2. 1 Coríntios (54 d.C. 3ª viagem)

3. 2 Coríntios (55 d.C. 3ª viagem)

4. Gálatas (49 d.C.)

5. Efésios (60 d.C.)

6. Filipenses (61 d.C.)

7. Colossenses (60 d.C.)

8. 1 Tessalonicenses (50-51 d.C. 2ª viagem)

9. 2 Tessalonicenses (50-51 d.C. 2ª viagem)

10. 1 Timóteo (62 d.C.)

11. 2 Timóteo (63 d.C.)

12. Tito (62 d.C.)

13. Filemom (60 d.C.)

14. Hebreus (década de 60 d.C.)

15. Tiago (Na década de 40 ou 50 d.C.)

16. 1 Pedro (63 d.C.)

17. 2 Pedro (63-64 d.C.)

18. 1 João (Final da década de 80 ou início de 90 d.C.)

19. 2 João (Final da década de 80 ou início de 90 d.C.)

20. 3 João (Final da década de 80 ou início de 90 d.C.)

21. Judas (década de 60 ou 70 d.C.)

Profecia

1. Apocalipse (Final da década de 80 ou início de 90 d.C.)

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A divisão do AT em quatro secções baseia-se na disposição dos livros por tópicos, com

origem na tradução das Escrituras Sagradas para o grego. Essa tradução, conhecida como a

Septuaginta (LXX), iniciara-se no século III a.C. A Bíblia hebraica não segue essa divisão tópica

dos livros em quatro partes. Antes, emprega-se uma divisão de três partes, talvez baseada na

posição oficial de seu autor. Os cinco livros de Moisés, que entregou a lei aparecem em primeiro

lugar. Seguem-se os livros dos homens que desempenharam a função de profetas. Por fim, a

terceira parte contém livros escritos por homens que, segundo se cria, tinham o dom de profecia,

sem serem profetas oficiais. É por isso que o AT hebraico apresenta a estrutura do quadro

seguinte:

DISPOSIÇÃO DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO HEBRAICO

A Lei

תורה(Tôra)

Os profetas

נביאים(Nebî’îm)

Os escritos

כתובים(Ketûbîm)

1. Génesis

(No princípio) 2. Êxodo

(Estes são os nomes) 3. Levítico

(E Ele chamou) 4. Números

(No deserto) 5. Deuteronómio

(Estas são as palavras)

A. Profetas Anteriores

1. Josué 2. Juízes 3. Samuel 4. Reis

B. Profetas posteriores

1. Isaías 2. Jeremias 3. Ezequiel 4. Os Doze

A. Livros poéticos 1. Salmos (Louvores)

2. Provérbios 3. Jó

B. Cinco rolos

1. Cântico dos cânticos 2. Rute 3. Lamentações (Como!) 4. Ester 5. Eclesiastes (O pregador)

C. Livros Históricos

1. Daniel 2. Esdras – Neemias 3. Crónicas

(Os eventos / factos dos dias)

A razão dessa divisão das Escrituras hebraicas em três partes encontra-se na história

judaica. É provável que o testemunho mais antigo dessa divisão seja o prólogo ao livro de

Siraque, ou Eclesiástico, durante o século II a.C. O Mishna (ensino) judaico, Josefo, primeiro

historiador judeu e a tradição judaica posterior também deram prosseguimento a essa divisão

tríplice de suas Escrituras. O NT faz uma possível alusão a uma divisão em três partes do AT

quando Jesus disse: “… era necessário que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei

de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44).

A despeito do facto de o Judaísmo ter mantido uma divisão tríplice até à presente data, a

Vulgata latina, de Jerónimo e as Bíblias posteriores a ela seguiram o formato mais tópico das

quatro partes em que se divide a Septuaginta. Se combinarmos essa divisão com outra, mais

natural e largamente aceita, também de quatro partes, do NT, a Bíblia pode ser dividida na

estrutura geral e cristocêntrica apresentada no quadro seguinte:

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ANTIGO TESTAMENTO

Lei História Poesia Profecia

Fundamento da chegada de Cristo Preparação para a chegada de Cristo Anelo pela chegada de Cristo Certeza da chegada de Cristo

NOVO TESTAMENTO

Evangelhos Atos Epístolas Apocalipse

Manifestação de Cristo Propagação de Cristo Interpretação e aplicação de Cristo Consumação em Cristo

Ainda que não existam razões de ordem divina para dividirmos a Bíblia em oito partes, a

insistência cristã em que as Escrituras devam ser entendidas tendo Cristo por centro baseia-se

nos ensinos do próprio Cristo. Cerca de cinco vezes no NT Jesus afirmou ser Ele próprio o tema

do AT (Mt 5.17, Lc 24.27, Jo 5.39, Hb 10.7). Diante dessas declarações é natural que analisemos

essa divisão das Escrituras em oito partes, por tópicos, sob o aspeto de seu tema maior – Jesus

Cristo.

OS DOIS TESTAMENTOS: COMPARAÇÃO E CONTRASTE

ANTIGO NOVO

Antecipação Consumação

“Sombra” “Realidade”

Repetição de sacrifício Sacrifício Uma Vez…

Monte Sinai Monte do Calvário

Início: Páscoa Início: Ceia do Senhor

Lei Externa – Mata Lei Interna – Vivifica

Fracasso garantido Sucesso garantido

Sinal da participação: circuncisão Sinal da participação: Batismo

Salvação pela Graça Salvação pela Graça

Recetáculos: Israel (prosélitos por extensão) Recetáculos: Israel (Igreja por extensão)

Elementos: Leis civis, morais e cerimoniais Elementos: A lei de Cristo (Amor)

Condicional: Bênção e Maldição Incondicional: pela Graça mediante a Fé

Acesso restrito ao Pai: Dia da Expiação Acesso direto ao Pai: Trono da Graça (rasgou-se o véu)

Sacrifício de cordeiros por sacerdotes Sacrifício do Cordeiro pelo Sumo-Sacerdote

CAPÍTULOS E VERSÍCULOS DA BÍBLIA

As Bíblias mais antigas não eram divididas em capítulos e versículos. Essas divisões foram

feitas para facilitar a tarefa de citar as Escrituras. Stephen Langton, professor da Universidade de

Paris e mais tarde arcebispo da Cantuária, dividiu a Bíblia em capítulos em 1227. Robert

Stephanus, impressor parisiense, acrescentou a divisão em versículos em 1551.

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A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

A característica mais importante da Bíblia não é a sua estrutura e sua forma mas o facto

de ter sido inspirada por Deus. Não se deve interpretar de modo erróneo a declaração da própria

Bíblia a favor dessa inspiração. Quando falamos de inspiração, não se trata de inspiração poética

mas de autoridade divina. A Bíblia é singular. Ela foi literalmente “soprada por Deus”.

(Anexo sobre Inspiração Bíblica)

EVIDÊNCIAS DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

A CAPACIDADE TRANSFORMADORA DA BÍBLIA

Evidência denominada “interna”, pois refere-se à capacidade que a Bíblia tem de converter

o incrédulo e de o edificar na fé cristã. Assim lemos em Hebreus: “A palavra de Deus é viva e

eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes…” (4.12). Milhares e milhares têm

experimentado esse poder. Viciados em drogas têm sido libertos pela Palavra; delinquentes têm

sido transformados; o ódio tem cedido lugar ao amor (etc.); tudo isso pela leitura da Palavra de

Deus (1Pe 2.2). Os entristecidos recebem conforto, os pecadores são repreendidos, os

negligentes são exortados pelas Escrituras. A palavra de Deus tem o poder, o dinamismo

transformador de Deus. A evidência de que Deus atribuiu sua autoridade à Bíblia está em seu

poder evangelístico e edificador. “O melhor argumento de Deus é o Homem ressurrecto”.

A UNIDADE DA BÍBLIA

Sendo constituída por 66 livros escritos ao longo de 1500 anos, por cerca de 40 autores,

em diversas línguas, com centenas de tópicos é muito mais que mero acidente que a Bíblia

apresente espantosa unidade temática – Jesus Cristo. Um problema – o pecado – e uma solução

– o Salvador Jesus – unificam as páginas da Bíblia, do Génesis ao Apocalipse. Se a compararmos

a um manual médico redigido sob tão grande variedade, a Bíblia apresenta marcas notáveis de

unidade divina. Essa é uma questão de inigualável validade, uma vez que nenhuma pessoa ou

grupo de pessoas engendraram a composição da Bíblia. Os livros iam sendo colecionados e

acrescentados à medida que iam sendo escritos pelos autores, os profetas. Eram guardados

simplesmente por serem tidos como inspirados. Só mediante reflexão posterior, tanto da parte

dos profetas (e.g. 1Pe 1.10,11) quanto de autores de gerações futuras é que se descobriu que na

verdade a Bíblia é um livro só, cujos “capítulos” foram escritos por homens sem conhecimento

visível de sua estrutura global. O papel desses autores da Bíblia seria comparável ao de

diferentes escritores que estivessem a escrever capítulos de uma novela sem que tivessem nem

mesmo um esboço geral da história. Toda a unidade que a Bíblia demonstre certamente adveio

de algo que se achava fora do alcance de seus autores humanos.

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A HISTORICIDADE DA BÍBLIA

Grande parte do conteúdo bíblico é história e, por isso mesmo, passível de constatação.

Existem duas espécies principais de apoio da história bíblica: os artefactos arqueológicos e os

documentos escritos. No que diz respeito aos artefactos desenterrados nenhuma descoberta

arqueológica invalidou um ensino ou relato bíblico.

A Bíblia é o livro do mundo antigo mais bem documentado que existe. É verdade que

nenhuma descoberta histórica representa evidência direta de alguma afirmação espiritual feita

pela Bíblia, como por exemplo a reivindicação de ser inspirada por Deus; no entanto, a

historicidade da Bíblia fornece com certeza uma comprovação indireta de sua inspiração. É que a

confirmação da exatidão da Bíblia em questões factuais confere credibilidade às suas declarações

e ensinos em outros assuntos. Disse Jesus: “Se vos falei de coisas terrenas e não crestes, como

crereis se vos falar das celestiais?” (Jo 3.12).

A INFLUÊNCIA DA BÍBLIA

Nenhum outro livro tem sido tão largamente disseminado, nem exercido tão forte

influência sobre o curso dos acontecimentos mundiais do que a Bíblia. Nenhuma outra obra

religiosa ou de fundo moral no mundo excede a profundidade moral contida no princípio do amor

cristão e nenhuma apresenta conceito espiritual mais majestoso sobre Deus do que o conceito

que a Bíblia oferece. A Bíblia apresenta ao homem os mais elevados ideais que já pautaram a

civilização.

Mc 13.31 “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.”

1Pe 1.25 “... mas a Palavra do SENHOR permanece para sempre.”

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10

CANONICIDADE (Cânon Bíblico) – É o resultado do estudo que trata do reconhecimento e da

compilação dos livros que nos foram dados por inspiração de Deus. É o processo pelo qual a

Bíblia recebeu a sua aceitação definitiva. É a inspiração de Deus num livro que determina sua

canonicidade. Deus dá autoridade divina a um livro e os homens o acatam. Deus revela e seu

povo reconhece o que o Senhor revelou. A canonicidade é determinada por Deus e descoberta

pelos homens de Deus. A Bíblia constitui o “cânon” ou “medida” pela qual tudo mais deve ser

medido e avaliado pelo facto de ter autoridade concedida por Deus.

OS PRINCÍPIOS DE DESCOBERTA DA CANONICIDADE

V A Autoridade de um livro: O livro é autorizado – afirma vir da parte de Deus? (Ex. “Assim

diz o Senhor…”, “e o Senhor me disse”, “veio a mim a palavra do Senhor”)

V A Autoria Profética de um livro: É profético – foi escrito por um servo de Deus? Os livros

proféticos só foram produzidos pela atuação do Espírito que moveu alguns homens

conhecidos com profetas (2Pe 1.20,21). A Palavra de Deus só foi entregue a seu povo

mediante os profetas de Deus. Todos os autores bíblicos tinham um dom profético ou uma

função profética, ainda que tal pessoa não fosse profeta por ocupação (Hb 1.1).

V A Confiabilidade de um livro: É digno de confiança – fala a verdade acerca de Deus, do

Homem, …?

V A Natureza dinâmica de um livro: É dinâmico – possui o poder de Deus que transforma

vidas? O quarto teste de canonicidade, às vezes menos explícito do que alguns dos demais,

era a capacidade do texto de transformar vidas: “… a palavra de Deus é viva e eficaz…” (Hb

4.12). O resultado é que ela pode ser usada “para ensinar, para repreender, para corrigir,

para instruir em justiça” (2Tm 3.16,17).

V A Aceitação de um livro: É aceito pelo povo de Deus para o qual foi originalmente escrito –

é reconhecido como proveniente de Deus?

FIXAÇÃO DO CÂNON

Antigo Testamento – 400 a.C. – De acordo com Josefo (Contra Ápion, I,8) e com o

Talmude, a sucessão de profetas encerrou-se com Malaquias nos dias de Neemias. Assim regista

o Talmude: “Depois dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo apartou-

se de Israel”. Além disso, jamais o NT cita algum outro livro, depois de Malaquias, como

autorizado.

Novo Testamento – 397 d.C. – Atanásio (c. 373 d.C.), o Pai da Ortodoxia, relaciona

com clareza todos os 27 livros do NT como canónicos (Cartas 3,267,5). Dentro de uma geração,

tanto Jerónimo quanto Agostinho teriam confirmado a mesma lista de livros, de modo que os 27

livros permaneceram no Cânon aceito do NT (v. AGOSTINHO, Da doutrina cristã, 2.8.13).

O Testemunho de apoio ao cânon do NT não se limitou a vozes individuais. Dois concílios

locais ratificaram os 27 livros canónicos do NT – Os concílios de Hipo (393 d.C.) e de Cartago

(397 d.C.).

Page 12: PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO

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Génesis No Princípio בראשית

Autor

Moisés

Data

Entre 1450 a.C. e 1410 a.C.

Frase Chave

“Começos”

Verso

“Em Génesis tudo começou e Abraão Deus abençoou”.

Versículos chave

12.1-3 (1.1, 3.15)

Propósito

Revelar Deus como Criador, Juiz e Redentor do mundo que escolheu o povo de Israel como canal

da Sua bênção.

Mensagem6

A eleição e separação de Israel como povo pactual de Deus deram-se em um contexto de conflito

entre o propósito benevolente do Criador e a vontade rebelde das criaturas, a quem Ele pune em

justiça e restaura em amor.

Personagens em destaque

Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, José

Contribuição para o Cânon

V Sem Génesis nós não conheceríamos nada sobre os “começos”.

V Dá um fundamento histórico, salvífico e teológico para a Bíblia inteira.

Começos em Génesis V O mundo

V A raça humana

V O pecado

V A família

V A promessa de redenção

V O casamento

V A civilização

V As nações

V A raça hebraica

V Idiomas

V O julgamento

V A morte

V A dor

V O sacrifício

V A poligamia

V O sábado

V O governo

6 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2006

Page 13: PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO

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Esboço 1

I. O começo da Raça Humana (1-11)

A. Criação (1-2)

B. Queda (3-5)

C. Dilúvio (6-9)

D. Nações / Babel (10-11)

II. O Começo da Raça Hebraica (12-50)

A. Abraão (12-25)

B. Isaque (21-27[35])

C. Jacó (25-36[49])

D. José (37-50)

Esboço 2

I. O alvo da criação de Deus: domínio, bênção e relacionamento (1.1 – 2.25)

II. O pecado, suas consequências e a graça salvadora de Deus (3.1 – 11.32)

III. Abraão: a obediência da fé (12.1 – 22.19)

IV. Isaque: o elo com as promessas de Deus a Abraão (22.20 – 25.18)

V. A luta de Jacó pelas promessas (25.19 – 36.43)

VI. A libertação mediante José (37.1 – 50.26)

O Messias (Jesus) em Génesis: A semente…

V da mulher (3.15)

V de Abraão (22.18)

V de Isaque (26.4)

V de Jacó (28.14)

V de Judá (49.10)

Na verdade, Génesis está de várias maneiras quase que mais perto do NT do que do AT, e

de alguns dos seus tópicos mal se ouve falar de novo até suas implicações surgirem plenamente

nos evangelhos. A instituição do casamento, a queda do homem, a inveja de Caim, o juízo do

dilúvio, a justiça imputada ao que crê, a rivalidade entre os filhos da promessa e da carne, a

profanidade de Esaú, o povo de Deus em sua condição de peregrino, são todos eles temas

predominantes do NT. Finalmente, há a simetria com que algumas das cenas e figuras dos

primeiros capítulos reaparecem no livro do Apocalipse, onde Babel (Babilónia) e “a antiga

serpente… o sedutor de todo o mundo” são levados à ruína, e os remidos, conquanto sejam

agora veteranos e não inocentes ainda não tentados, voltam a passear pelo paraíso, nas

cercanias do rio e da árvore da vida.7

7 KIDNER, Derek. Génesis – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999, p.14

Page 14: PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO

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13

Períodos do Dilúvio

DATA NÚMERO DE DIAS ACONTECIMENTO REFERÊNCIA EM GÉNESIS

150

dias

de

água

s po

r to

da a

par

te (

7.24

)

10 do mês 2 Esperaram 7 Entraram na arca 7.4,10

*17 do mês 2 Durou 40 Início da chuva 7.4-6,11,12

*26 do mês 3 Final de 40 Interrupção da chuva 7.4,11

150

dias

par

a es

coam

ento

das

águ

as (

8.3)

*17 do mês 7 Final de 150 A arca para no Ararate 7.24; 8.4

*1º do mês 10 Esperaram 40 Os topos das montanhas passam a ser visíveis 8.5,6

10 do mês 11 Esperaram 1 Um corvo é enviado 8.7

11 do mês 11 Esperaram 7 Uma pomba é enviada; retorna 8.8,9

19 do mês 11 Esperaram 7 Uma pomba é enviada; retorna com folha de oliveira 8.10,11

27 do mês 11 Uma pomba é enviada; não retorna 8.12

17 do mês 12 Final de 150 As águas escoam completamente 8.3

Núm

ero

de

dia

s *1º do mês 1 A cobertura da arca é retirada 8.13

*27 do mês 2 Seca-se a terra; todos deixam a arca 8.14-19

Esta

tíst

ica 1 mês contém 30 dias.

Tempo total passado na arca = 1 ano e 17 dias = 360 + 17 = 377 7 dias de espera + 150 dias de água por toda a parte + 150 dias de

Escoamento das águas + 70 dias para a terra a secar = 377

* Datas especificamente mencionadas nas Escrituras (todas as demais são deduzidas)

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14

Comparação entre os relatos bíblico e babilónico do Dilúvio

Uma importante e completa história mesopotâmica de dilúvio encontra-se na décima primeira placa da Epopeia

de Gilgamés – uma narrativa comovente sobre a busca frustrada da vida eterna por Gilgamés e seu amigo Enkidu. Essa

narrativa mesopotâmica do dilúvio não diverge tanto do relato bíblico como ocorre com as histórias da criação. Na

verdade, as semelhanças são por demais admiráveis para serem acidentais.

Em ambas as histórias, Deus ou os deuses dão início ao dilúvio por causa do desagrado com a humanidade, mas

informam o personagem principal sobre o desastre iminente e aconselham-no a construir uma embarcação enorme

coberta com betume, de acordo com dimensões predeterminadas. Em ambas as histórias, o herói e sua família são salvos

da inundação de longa duração, e o herói envia um pássaro para ver se as águas do dilúvio haviam baixado. Em ambas

as histórias o herói oferece sacrifício e cultua a Deus ou aos deuses após o dilúvio e é elogiado por sua fidelidade.

Por outro lado, a diferença principal entre as duas histórias está na conduta de Deus e dos deuses

mesopotâmicos. Na Bíblia, Deus é ultrajado moralmente pela perversidade dos homens. Os deuses na Epopeia de

Gilgamés são imaturos, ficam perturbados e perdem o sono por causa dos ruídos que a humanidade faz. Em Génesis, a

vontade graciosa de Deus é salvar os que estão na arca. O herói da Epopeia de Gilgamés descobriu o dilúvio que estava

por vir contra a vontade da maioria dos deuses. No fim, o herói da Epopeia de Gilgamés tornou-se um deus, algo muito

diferente da experiência de Noé em Génesis 9.

Muitos detalhes das histórias, tais como as dimensões da arca e a duração do dilúvio, também são bem

diferentes. Essas diferenças são tão importantes que tornam altamente improvável a existência de uma relação literária

entre os dois textos. Entretanto, as semelhanças favorecem alguma associação. Uma vez que o dilúvio foi um evento

histórico, é plausível que a memória do acontecimento tenha sido preservada pelos sobreviventes e seus descendentes.

ITEM NARRATIVA DE GÉNESIS EPOPEIA DE GILGAMÉS

Dilúvio divinamente planeado Planeado por Deus Planeado no conselho dos deuses Anu, Enlil, Ninurta, Ennugi, Ea, Istar

Revelação divina do plano ao herói

Deus queria poupar Noé por causa de sua justiça

Ea advertiu o herói Utnapistim através de um sonho

Motivo do Dilúvio Pecado do homem O barulho dos homens incomodava o descanso dos deuses

Punição Altamente ético e justo Eticamente ambíguo e lamentado posteriormente

Salvação do herói Incluída no plano de Deus Feita secretamente

Vidas preservadas Oito pessoas (família), representantes de cada animal

Representantes de todos os seres viventes, animais, várias

famílias, artesãos, técnicos

Construção do barco

Fundo achatado, retangular, 135 x 22,5 x 13,5 metros, 3 andares, porta, janela,

coberta com betume

Em forma de Zigurate (templo mesopotâmico) 54 x 54 x 54 metros, 7 níveis, 9 secções, porta, janela, coberta

com betume

Causas físicas do Dilúvio Mais abrangente: alterações

geofísicas, águas subterrâneas, chuvas pesadas

Chuvas, ventos e rompimento de diques

Duração do Dilúvio 40 dias e 40 noites 6 dias e noites

Parada do barco Monte Ararate Monte Nisir

Aves enviadas Corvo, pomba (3 vezes) Pomba, andorinha, corvo

Atos de culto Sacrifício de adoração Sacrifício de apaziguamento

Bênção ao herói Aliança na terra Divindade, imortalidade

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15

Êxodo Estes são os nomes שמות

Autor

Moisés

Data

Entre 1445 a.C. e 1406 a.C.

Frase Chave

Saindo do Egipto (“Redenção”)

Verso

“Com Êxodo vem redenção e leis para santificação”.

Versículos chave

19.4-6 (3.14; 18.10-11)

Propósito

Descrever o nascimento da Nação de Israel que eventualmente traria bênção ao mundo, para

combater a idolatria e revelar a identidade do SENHOR.

Mensagem

A preservação do relacionamento entre YHWH e Israel como nação escolhida exigia a libertação

do povo do cativeiro e sua obediência corporativa a Ele mediante as estipulações da aliança

mosaica.

Personagens em destaque

Moisés, Arão, Faraó

Contribuição para o Cânon

V Traça o começo da Nação de Israel

V O grande livro do AT sobre Redenção

V Revela a fidelidade de Deus à sua aliança com Abraão

V Estabelece padrões de conduta e um alicerce de doutrina para o NT (redenção, santificação,

Páscoa, sacrifício)

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16

Esboço

I. Redenção (1-18)

A. Opressão de Israel (1)

B. Preparação do Líder (2-6)

C. Pragas e Redenção (7-12)

D. Preservação no deserto (13-18)

II. Revelação da Aliança Mosaica (19-40)

A. A Lei (19-24)

B. O Padrão do Tabernáculo (25-31)

C. Idolatria – Aliança Quebrada (32-34)

D. A construção do Tabernáculo – Aliança Cumprida (35-40)

No Pentateuco, considerado como um todo, há apenas cinco temas principais - a

promessa de Deus aos patriarcas; o êxodo; a auto-revelação de Deus na aliança e na lei, no

Monte Sinai; a longa jornada pelo deserto; a entrada em Canaã. Três desses cinco temas são

tratados extensivamente no livro do Êxodo.

Relevância do livro de Êxodo

É difícil afirmar que livro se constitui no centro, no coração do AT, mas, certamente, é

difícil igualar os méritos de Êxodo. Para os que consideram a teologia essencialmente uma

narrativa dos atos redentores de Deus, Êxodo 1-15 dá o supremo exemplo, em torno do qual

todo o restante da narrativa bíblica pode ser incorporado. Para os que consideram o AT um

produto da vida devocional da comunidade, no coração do livro de Êxodo se encontra o relato da

instituição da Páscoa, a maior e mais característica das festas de Israel. Sem dúvida, a narrativa

de Êxodo pode ser vista como a explicação da origem daquela festa, recitada ou lida em voz alta

durante sua celebração. Para os que vêem a Tôra, a Lei de Deus, como o centro da vida e do

pensamento do Israel bíblico, Êxodo contém a doação da lei e o próprio cerne da lei sob a forma

dos Dez Mandamentos.

Para escritores israelitas mais recentes, com interesses sacerdotais, que viam a

continuidade da adoração no templo como um dos pilares do universo, Êxodo continha o relato

da construção do Tabernáculo, o precursor do templo. Ao mesmo tempo, não eram apenas os

sacerdotes que olhavam para o passado, venerando Moisés e Arão. Moisés também se sobressai

como o protótipo de todos os profetas em Israel (Dt 18.18) e os profetas mais recentes, embora

cheguem a sondar de perto a mente e os propósitos de Deus, foram, em essência, reformadores,

procurando voltar ao espírito da revelação mosaica e à experiência salvadora de Israel ao ser

libertado do Egipto.

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17

É natural, portanto, que o êxodo do Egipto, interpretado na fé israelita como o exemplo

supremo da graça, fidelidade e poder de Deus, tenha dominado completamente o pensamento de

Israel nos séculos subsequentes. O êxodo chegou a eclipsar, por um longo período da história de

Israel, os grandes eventos da Criação e do período patriarcal, embora, tanto o poder criativo de

Deus e Sua promessa a Abraão estejam relacionados ao êxodo e até mesmo “cumpridos” nele,

em parte. Nem mesmo a promessa posterior à linhagem de Davi (2Sm 7.5-17) foi capaz de

obliterar a memória da libertação do cativeiro no Egipto (cativeiro que durou 430 anos - cf. Ex

12.40-41). Pelo contrário, o êxodo tornou-se um modelo ao qual se comparavam outras

libertações. Quando os exilados voltaram da Babilónia, não foi motivo de espanto que tal retorno

fosse encarado como um segundo êxodo, ainda mais impressionante (Jr 23.7-8), uma outra

partida de um outro Egipto.

Se de facto o êxodo e, portanto, o livro do Êxodo, era precioso para o judeu, tornou-se

duplamente precioso para o crente. Quando Moisés e Elias apareceram conversando com Cristo

sobre Sua morte que estava próxima, na narrativa da transfiguração, o evangelista

deliberadamente usa a palavra grega e[xodo" (exodos) para descrever essa morte (Lc 9.31).

Paulo torna essa identificação bem específica ao chamar Cristo de “nosso cordeiro pascal” (1Co

5.7). João, em seu estilo alusivo, sugere essa mesma identificação ao enfatizar que nenhum osso

de Cristo fora quebrado na cruz (Jo 19.33,36), tal como osso algum do cordeiro pascal podia ser

quebrado (12.46). Daí por diante, em todo o NT, as alusões se multiplicam. A Páscoa dava início

à “festa dos pães asmos” que durava uma semana: assim, o crente deve comer seu “pão asmo”

de sinceridade e verdade, livre da corrupção do pecado (1Co 5.6-8).

Prova de que essa associação do Êxodo com a redenção não foi uma invenção posterior da

Igreja, surgindo porém da mente do próprio Cristo, é a maneira em que, conforme relatado por

Paulo, Ele considerava Sua morte como o sacrifício da nova aliança (1Co 11.25), selando com

sangue a nova aliança de Deus, tal como no distante passado do livro de Êxodo o sangue havia

selado a antiga aliança entre Deus e Israel (24.6). Se a antiga aliança havia levado à lei, esta

nova aliança, profetizada por Jeremias (Jr 31.31), levaria à lei do amor, explicada em detalhes

em muitas epístolas do Novo Testamento (Rm 13.8, por exemplo).

Seja qual for o ângulo sob o qual estudemos o livro de Êxodo, seus grandes temas, bem

como o resto da “Velha Aliança” (que deriva seu nome de factos narrados em Êxodo), foram

cumpridos e não abolidos em Cristo (Mt 5.17). É por isso que, quando o canto dos remidos

ressoa nos céus, tem como título o “cântico de Moisés e do Cordeiro” (Ap 15.3). Nenhum outro

livro, portanto, dará melhor recompensa a um estudo cuidadoso se desejarmos entender a

mensagem central do NT do que Êxodo, que é o núcleo do AT e relato do estabelecimento da

Velha Aliança.8

8 COLE, R. Alan. Êxodo – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1996, p.16

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18

OS NOMES DE DEUS

NOME REFERÊNCIA SIGNIFICADO EQUIVALENTE EM ARA9

Elohim

ם אלהGn 1.1-2.3 Deus, Criador (Deus de todos os deuses, o transcendente). Deus

El

Gn 14.18-22 אלConhecido pelos cananeus como o senhor de muitos

deuses. Os hebreus usavam livremente em referência ao próprio Deus, geralmente em nomes compostos.

Deus

Adonai

אדניSl 2.4

É uma forma especial da palavra comum Adon (senhor). Adonai é empregado só em referência ao único Deus verdadeiro, jamais em referência a homens ou a outros deuses.

Senhor

YHWH

יהוהEx 3.13-14

Esta é uma forma reduzida da resposta de Deus a Moisés quando este lhe perguntou qual o nome do Deus dos patriarcas. O nome completo identifica Deus como o Deus Vivo (EU SOU o que Sou). Foi este Deus que se apresentou em Jo 8.58 - ejgw; eijmiv

SENHOR

El-Beryt

אלברית Jz 9.46 Deus da Aliança El-Berite

El-Elyon

אל עליוןGn 14.18-20 Deus Altíssimo / Excelso Deus Altíssimo

El-Olam

Gn 21.33 O Deus Eterno Deus Eterno אל עולם

El-Shaddai

אל שדיGn 17.1-2 Deus Todo-Poderoso Deus Todo-Poderoso

Qedosh Yisra’el

Is 1.4; 5.19; 43.3 O Santo de Israel O Santo de Israel קדוש ישראל

Shophet

שפטGn 18.25 Juiz / Governante Juiz

YHWH Yir’eh

יהוה יראהGn 22.14 “EU SOU” provê O SENHOR proverá

YHWH Tseba’ot

יהוה צבאות1Sm 1.3; Sl 24.10;

Zc 1.34 “EU SOU” dos Exércitos SENHOR Onipotente

YHWH Shalom

יהוה שלוםJz 6.24 “EU SOU” é Paz O SENHOR é Paz

YHWH Tsidqenu

Jr 23.6 “EU SOU” nossa Justiça SENHOR, Justiça Nossa צדקנויהוה

9 Almeida Revista e Actualizada

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19

Outros Nomes

Em sua adversidade, o povo da aliança clamava a Deus pelo seu nome familiar, “nosso

Pai” [אבינו] (Is 63.16; 64.8). Jesus convida a todos que se chegam a Deus por seu intermédio a

chamar Deus de “nosso Pai” [pavter hJmw'n] ou “Aba” [ajbba] (Mc 14.36; Rm 8.15; Gl 4.6).

Entre outras designações de Deus estão “a Rocha” [צור] (1Sm 2.2; 2Sm 22.47); Pastor [רעה],

[poimhvn] (Is 40.11; Jr 31.10; Sl 23.1, Jo 10.11-14) e Rei [מלך] (Sl 5.2; 24.7,10).

NOMES ARAMAICOS

NOME REFERÊNCIA SIGNIFICADO

Attyq Yomyn ע◌תיק יומין Dn 7.9 Ancião de Dias

Illay עלי Dn 7.25 Altíssimo

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20

As pragas e os deuses do Egipto 10

AS PRAGAS REFERÊNCIA PROVÁVEL DIVINDADE EGÍPCIA A QUE SE REFERE

NILO TRANSFORMADO EM

SANGUE Ex 7.14-25 Knum: guardião do Nilo; Hapi: espírito do Nilo; Osíris: o

Nilo era seu sangue

RÃS Ex 8.1-15 Hect: com forma de rã; deus da ressurreição Hapi: espírito do Nilo

PIOLHOS Ex 8.16-19 Hathor: deusa mãe; Nut: deusa do céu

MOSCAS Ex 8.20-32 Uatchit: um deus que se manifestava na forma de mosca; Shu, Ísis

MORTE DOS REBANHOS Ex 9.1-7 Hathor: deusa-mãe, com forma de vaca; Apis: touro do deus Ptá; símbolo de fertilidade; Mnevis: touro sagrado

de Heliópolis

FERIDAS PURULENTAS Ex 9.8-12 Sekhmet: deusa com poder de curar Serápis: deus curandeiro

GRANIZO Ex 9.13-35 Nut: deusa do céu; Ísis: deusa da vida; Set: protetor da colheita; Geb

GAFANHOTOS Ex 10.1-20 Ísis: deusa da vida; Set: protector da colheita; Serápis

TREVAS Ex 10.21-29 Rá, Aten, Atum, Horus: todos deuses do Sol

MORTE DOS PRIMOGÉNITOS Ex 11.1-12.36 A divindade de Faraó: Osíris, o doador da vida

Estes são apenas alguns dos deuses contra os quais as pragas provavelmente se dirigiram. Não é uma lista conclusiva.

10 Ex 12.12, 18.11; Nm 33.4; A Bíblia Anotada expandida p. 68; Bíblia de estudo MacArthur p. 99.

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21

Tabernáculo - משכן

A presença de Deus entre o povo exigia um local apropriado de manifestação, onde a própria

natureza santa de YHWH ficasse evidente aos israelitas.

Esta presença santa exigia certos cuidados, pois a absoluta santidade de Deus não aceitaria

contaminação pelo inevitável pecado de Israel.

Assim, o Tabernáculo revelava de maneira objetiva a santidade e a graça de Deus (em sua provisão

para o pecado), bem como o pecado do homem e sua necessidade de perdão.

Quando o Tabernáculo é encarado dentro desta perspetiva de livramento e manutenção do

relacionamento entre Deus e Seu povo (Israel), é mais fácil entendê-lo tipologicamente e aplicá-lo ao povo

de Deus atual (a Igreja).

A lista que se segue é uma sugestão de como encarar tipologicamente as várias partes do

Tabernáculo e os objetos nele contidos.

Cerca de linho branco Santidade e inacessibilidade de Deus

Porta(s) Cristo como meio de acesso a Deus

Altar do Sacrifício Calvário – o lugar da expiação

Bacia de bronze Purificação diária para o crente

Pães da proposição Cristo o pão da vida

Candelabro Cristo, a Luz do Mundo

Altar de Incenso Oração intercessória de Cristo

Véu Corpo de Cristo, velando Sua glória

Arca Trono glorioso de Deus; Santa Majestade

Querubins Um trono vazio para YHWH (Ez 1)

Maná Cristo, o Pão da Vida

Vara de Arão Cristo, o Doador da Vida

Tábuas da Lei Santidade Divina x Incapacidade Humana

Propiciatório Obra substitutiva de Cristo, que suportou a ira de Deus em nosso lugar. Local de manifestação divina e comunhão com Deus através do sangue expiatório.

Page 23: PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO

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22

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23

Levítico arqyw E Ele Chamou

Autor

Moisés

Lugar

Monte Sinai (27.34)

Data

Entre 1445 a.C. e 1406 a.C.

Versículos Chave

20.7-8 (11.44-45; 19.2; cf. 1Pe 1.15-16); 17.11 (cf. Mt 26.28; Ef 1.7; Hb 9.22; Ap 1.5)

Frase Chave

Leis para ficar santo!

Verso

“Como viver na presença de Deus? Levítico dá regras aos Judeus”.

Propósito

Promover reverência nacional e individual à santidade de YHWH, apresentando as condições que

permitem a Israel aproximar-se Dele e preservar a Sua presença santa entre o povo escolhido.

Mensagem

A presença santa de YHWH entre Seu povo exige purificação regular por meio de sacrifícios

apropriados e separação nacional de toda sorte de impureza.

cf. Hb 10.11-14, 19-22

Personagens em destaque

Moisés, Arão, Nadabe / Abiú

Contribuição para o Cânon

V Revela a importância de santidade no povo.

V Apresenta o sistema religioso à nação.

V Estabelece alguns padrões de relacionamento entre Deus e o homem (sacrifício, mediação).

V Dá um profundo sentimento de horror ao pecado.

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Esboço

I. Aproximação de Deus (1-17)

A. Ofertas (1-7)

B. Sacerdotes (8-10)

C. Santidade de Vida (11-15)

D. Expiação (16-17)

II. Preservação de Santidade (18-27)

A. Povo Santo (18-20)

B. Sacerdotes Santos (21-22)

C. Festas Santas (23-25)

D. Outros (26-27)

Informações Interessantes / Importantes

V O nome Levítico vem da LXX “pertinente aos Levitas”. Os levitas, porém, não são as

personagens principais do livro. O título destaca mais a utilidade do livro para o seu

ministério como líderes do culto e mestres da moral.

V Em vários pontos da Lei Deus “antecipou-se” à ciência / medicina (cf. 12.3).

V Adoração – aspeto central na vida do povo de Deus.

V O ritual que não brota de corações dedicados a Deus é inútil (Pv 15.8; Is 1.11-17; Os 6.6;

Am 5.21-24; Ml 1.10 – cf. Mt 23.23; Mq 6.6-8).

V Deus exige sempre o melhor nas ofertas do Seu povo (2.1 – “tl,so” NVI; cf. Gn 18.6).

V Existe um padrão mais elevado para o ministro que serve o Senhor (caps 8-9; 10.8-11).

V O pecado tem um preço terrível (4.27-35; Hb 9.22).

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NOME REFERÊNCIA ELEMENTOS SIGNIFICADO

Holocausto Lv 1; 6.8-13

Gado, novilho, carneiro, pombo ou rolinha sem defeito (sempre animais machos, mas a espécie variava de acordo com a condição económica do indivíduo).

Voluntária. Significa propiciação do pecado

e rendição, devoção e compromisso completo com Deus.

Oferta de manjares, também chamada oferta de farinha ou tributo

Lv 2; 6.14-23 Farinha, pão ou grão preparados

com azeite e sal (sempre não levedados); ou incenso.

Voluntária. Significa gratidão pelas

primícias.

Oferta de comunhão, também chamada oferta pacífica: inclui (1) oferta de gratidão, (2) oferta de voto e (3) oferta voluntária

Lv 3; 7.11-36

Qualquer animal sem defeito (a espécie do animal variava de acordo com a condição económica do indivíduo).

Voluntária. Simboliza comunhão com Deus.

(1) Significa gratidão por uma bênção específica; (2) oferece uma expressão ritual de um voto; e (3) simboliza gratidão geral (levada a um dos cultos religiosos exigidos).

Oferta pelo pecado Lv 4.1-5.13

6.24-30 12.6-8

Animal, macho ou fêmea, sem defeito – conforme se segue: gado pelo sumo-sacerdote e congregação; bode pelo rei; cabra ou cordeira por qualquer pessoa; rola ou pombo pelo pobre; um décimo de efa (2-4 lt.) de farinha pelo mais pobre.

Obrigatória. Oferecida por quem tivesse

cometido pecado involuntário ou estivesse impuro, para obter purificação.

Oferta pela culpa Lv 5.14-6.7

7.1-6 14.12-18

Carneiro ou cordeiro sem defeito

Obrigatória. Oferecida por quem tivesse

privado alguém de seus direitos ou profanado algo santo.

O Sistema Sacrificial

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26

NOME DATA REFERÊNCIA SIGNIFICADO

Sábado tB;v' Sétimo dia da semana

Lv 23.3 Ex 20.11 Dt 5.15

Comemora o descanso de Deus após a Criação e a libertação da escravidão no Egipto.

Páscoa js'P, (Festa dos Pães Asmos)

14-21 de Nisã (mar/abr) Lv 23.5-8 Ex 12.2-20

Comemora a libertação que Deus concedeu a Israel, tirando-o do Egipto (ênfase na última praga). Inclui um Dia das Primícias pela colheita da cevada. (Leitura do livro Cântico dos Cânticos)

Pentecostes t[obuv; (Festa das Semanas ou

colheita)

6 de Sivã (mai/jun – sete semanas após a Páscoa)

Lv 23.15-21 Ex 23.16;

34.22

Comemora a entrega da lei no monte Sinai. Inclui um dia das Primícias pela colheita de trigo. (Leitura do livro de Rute)

Dia da Expiação rPuKi ם/y 10 de Tisri (set/out)

Lv 16; 23.26-33

Ex 30.10

Nesse dia o sumo-sacerdote faz expiação pelo pecado da nação. Também um dia de jejum.

Festa das Cabanas ou dos Tabernáculos

t/Ksu 15-21 de Tisri (set/out)

Lv 23.33-43 Nm 29.12-39 Dt 16.13 Ne 8

Comemora os quarenta anos de peregrinação no deserto. (Leitura do livro de Eclesiastes)

Festa da Dedicação ou das Luzes

hK;nUj}

25 de Quisleu (nov/dez) Jo 10.22 Comemora a purificação do templo promovida por Judas Macabeu em 164 a.C.

Festa de Purim yriWP 14 de Adar (fev/mar) Et 9ם

Comemora o livramento do povo judeu (plano de Hamã) nos dias de Ester. (Leitura do livro de Ester)

As Festas de Israel

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27

11 WALTON, John H. O Antigo Testamento em Quadros. São Paulo: Vida, 2001, p. 19.

O Calendário Judaico11

Ano Religioso

Ano Civil

Mês Hebraico

Equivalência ocidental Estações agrícolas Clima Dias especiais

1 7 Nisã Março-Abril Colheita de cevada Últimas chuvas

(malqosh)

14. Páscoa 21. Primícias

2 8 Iar Abril-Maio Colheita geral

3 9 Sivã Maio-Junho Colheita de trigo Poda das videiras

E

S

T

A

Ç

Ã

O

S

E

C

A

6. Pentecostes

4 10 Tamuz Junho - Julho Primeiras uvas

5 11 Ave Julho-Agosto Uvas, figos e azeitonas 9. Destruição do templo

6 12 Elul Agosto-Setembro Vindima

7 1 Tisri Setembro-Outubro Aradura 1. Ano Novo 10. Dia da Expiação 15-21. Festa das cabanas

8 2 Marquesvã Outubro-Novembro Plantio de grãos

Primeiras chuvas (yoreh)

9 3 Quisleu Novembro-Dezembro 25. Dedicação

10 4 Tebete Dezembro-Janeiro Crescimento da primavera

11 5 Sabate Janeiro-Fevereiro Figos de inverno

Estação das

chuvas

12 6 Adar Fevereiro-Março Retirada do linho

Florada de amêndoas

13-14. Purim

Adar-Seni Mês de Intercalação

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28

Números rbdmb No Deserto

Autor

Moisés

Lugar

No deserto / Moabe

Data

Entre 1445 a.C. e 1406 a.C.

Versículos Chave

14.7-9, 22, 23 (33.1, 10.9, 29)

Frase Chave

“Andando no Deserto”

Verso

“Em Números o povo anda por não observar o que Deus manda.”

Propósito

Demonstrar à nova geração de Israel (pronta para entrar na terra prometida) as consequências

da descrença e da desobediência ao Deus da Aliança e a fidelidade de Deus à mesma.

Mensagem

O estabelecimento de Israel como nação na Terra Prometida sob a autoridade de YHWH foi adiado

devido à incredulidade do povo e de sua rebeldia contra os líderes designados por Deus.

Personagens em destaque

Moisés, Arão, Miriã, Josué e Calebe.

Contribuição para o Cânon

V Revela a importância de fé e obediência na vida do povo de Deus.

V Prepara uma nova geração para entrar na terra de Canaã.

V Ensina através de exemplos negativos (1Co 10.11).

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29

Esboço

I. Esperança Viva no Monte Sinai (1-10)

A. Organização de Israel (1-4)

B. Santificação de Israel (5-10)

II. Esperança Morta no Deserto (11-21)

III. Esperança Ressuscitada nas Planícies de Moabe (22-36)

A. Reorganização de Israel (26-30)

B. Conquista e Divisão da Terra (31-36)

Informações Interessantes / Importantes

V Números descreve uma jornada de 40 dias que durou 40 anos.

V O livro da “numeração”12 é realmente o livro da “murmuração”.

V 1200 homens morreram mensalmente durante 40 anos (40 / dia).

V 38 anos de peregrinação praticamente ignorados na história.

V A rebeldia contra Deus é um pecado seríssimo e tem duras consequências.

V A falta de fé produz vidas gastas sem valor, propósito ou contribuição para o Reino.

V A voz do povo nem sempre é a voz de Deus (13.26ss).

V A “amizade” com o mundo é extremamente perigosa para o povo de Deus (25.1-8).

V Os líderes do povo de Deus têm grandes responsabilidades, por isso as consequências dos seus

erros têm o mesmo tamanho – são grandes (20.12).

V Deus usa o deserto para purificar e preparar o seu povo.

V Duas passagens extensas no NT baseadas no livro de Números: 1Co 10 e Hb 3.7-4.6.

V “A circunferência do campo que abrangia o arraial dessa forma e que ficava de frente para o

tabernáculo, supõe-se ter tido uns 20 km. Que vista imponente deveria ter sido para quem olhasse

de fora e de longe, no meio do deserto, com Deus estendendo-se sobre eles numa nuvem de dia e

numa coluna de fogo à noite (9.15-23). Os sapatos não se gastavam, nem suas roupas

envelheciam. Imagine 600.000 homens, de vinte anos para cima e ao todo 3.000.000 de pessoas

nesse grande arraial! Mas a presença de Deus no meio do arraial era a coisa mais gloriosa”.13

V A maior parte do livro (bem como do Pentateuco) focaliza vários rituais e detalhes de organização

cuja leitura pode ser enfadonha, cuja compreensão é difícil e que aparentemente não têm

importância para a igreja do séc. XXI. No entanto, o mero volume de leis rituais no Pentateuco

indica a sua importância para os escritores bíblicos. Este juízo é confirmado pelos antropólogos

modernos. Para eles a chave para se entender os valores fundamentais de uma sociedade é o seu

sistema ritual: “Os rituais revelam os valores em seu nível mais profundo… os homens expressam

nos rituais o que mais os comove, e visto que a forma de expressão é convencionada e obrigatória,

os valores do grupo é que são revelados. Encontra-se no estudo dos rituais a chave para a

compreensão da constituição essencial das sociedades humanas”.14

12 O título grego ajriqmoiv que, sobrevive no título português, enfatiza os dois recenseamentos nele registados (que estão longe de ser o

elemento mais importante do livro). 13 Mears, citado por David Merkh. 14 M. Wilson: American Anthropologist, 56, 1954, p.241, citado por Victor W. Turner em The Ritual Process (1969), p.6.

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30

Rebeldia Humana e Reação Divina

REBELDIA E JUÍZO EM NÚMEROS

Rebeldia Juízo Referência

Reclamação das dificuldades Fogo do Senhor 11.1-3

Reclamação sobre alimentação Praga do Senhor 11.4-35

Miriã e Arão opõem-se a Moisés por ciúme de sua autoridade Miriã atacada de lepra; curada depois 12.1-16

Recusa de entrar em Canaã Quarenta anos no deserto 13, 14

Relatório negativo dos espias Morte por uma praga 14.36-38

Tentativa de invasão em Horma Derrota na batalha 14.39-45

Violação do Sábado Apedrejamento 15.32-36

Rebelião de Corá, Datã e Abirão Engolidos pela terra; devorados pelo fogo 16.1-40

Reclamação sobre o juízo Praga do Senhor 16.41-50

Moisés fere a rocha (indo contra uma ordem de Deus)

Moisés e Arão castigados; não entrarão em Canaã 20.1-13

Murmuração contra Deus e Moisés Serpentes venenosas 21.4-9

Adoração a Baal Peor Praga do Senhor 25

A resposta de Israel à liderança de Moisés e Arão e às exigências da aliança em geral

ditou o grau de sucesso ou fracasso que caracterizou a sua jornada pelo deserto. O princípio é

claro: sempre que havia obediência irrestrita, havia sucesso ilimitado. Sempre que

havia rebelião obstinada, vinha o fracasso. A exigência de compromisso com Deus não é

hoje menos real e necessária. O sucesso na vida depende não só de fazer a vontade de Deus,

mas de fazê-la da maneira por Ele prescrita.

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31

Deuteronómio yrbdh hla Estas são as palavrasם

Autor

Moisés

Lugar

Planície de Moabe

Data

Entre 1445 a.C. e 1406 a.C.

Versículos Chave

6.4, 5 (30.19-20; 10.12-13)

Frase Chave

“Lembrem-se da Aliança”

Verso

“Deuteronómio diz ao Judeus: Lembrem-se da Lei e da Aliança com Deus.”

Propósito

Preparar Israel para desfrutar a prosperidade e permanência na Terra Prometida pelo

encorajamento do amor nacional a YHWH por meio da obediência à Sua vontade, conforme

revelada na aliança.

Mensagem

Um amor leal a YHWH, expresso em obediência à aliança, é o requisito essencial para a

prosperidade e a permanência na Terra Prometida.

Personagens em destaque

Moisés

Contribuição para o Cânon

V A base do restante AT (principalmente caps. 28-30).

V Revela o Amor de Deus no AT.

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32

Esboço

I. 1º Sermão: O Passado e a Fidelidade de Deus - Prólogo Histórico (1-4)

A. Prefácio (1.1-5)

B. Retrospectiva: Fidelidade de Deus / Incredulidade do Povo (1.6-

4.43)

II. 2º Sermão: As Estipulações da Aliança com Deus (4.44-26.19)

A. O Decálogo explicado (4.44-11.32)

B. Outras leis (12-26)

III. 3º Sermão: Consequências e confirmação da Aliança (27-34)

A. Ratificação / Confirmação (27-28)

B. A Aliança palestina (29-30)

C. Transição do Mediador da Aliança (31-34)

Informações Interessantes / Importantes

V Em nenhum outro livro do Pentateuco lemos tanto a respeito do Amor de Deus (4.37, 7.7-

8, 10.15).

V A prova para os profetas (18.20-22) – nunca podem errar!

V Talvez fosse o livro favorito de Cristo (cf. Mt 4.4, 7, 10 [8.3, 6.16, 6.13, 10.20]; 22.37-38

[6.5]; Mc 7.10 [5.16]; 10.19 [5.16-20]).

V Este livro é citado perto de 200 vezes em 17 dos 27 livros do NT.

V Profecias bem específicas contidas neste livro tiveram seu cumprimento anos mais tarde

na história de Israel (17.14, 31.29).

V A natureza do homem é propensa ao esquecimento. Precisamos de lembranças,

memoriais (4.10, 40, 6.12, 8.2, 11, 18, 9.7, 32.1, 44; “Guarda” 19 ocorrências no livro).

V Os pais têm a responsabilidade da transmissão da fé à próxima geração.

V Na caminhada do povo com Deus há consequências inevitáveis tanto para a obediência

quanto para a desobediência.

V A aliança de Deuteronómio prenuncia aquela nova aliança – não escrita em pedra mas no

coração dos homens (Jr 31.33-34) – que por fim se cumpre em Cristo (Mt 26.28, Mc

14.24, Lc 22.20). O Deus de Israel redimiu o povo da servidão e do caos e escolheu

identificar-se com eles numa aliança eterna. Em seu filho Jesus Cristo e por meio Dele,

oferece pela graça o mesmo para todos os povos, em todos os lugares.

V O frequente apelo de Deuteronómio ao amor de Deus (6.5, 10.12, 11.1, 13, 22, 19.9,

30.6, 16, 20) mostra que o alvo da lei do AT era não o legalismo mas o serviço inspirado

no amor (cf. 1Jo 3.18, 4.19-21, Dt 10.19).

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33

Josué why Yש]

ehôshu’a

Nome

Josué (YHWH é Salvação)

Autor

Josué (e Eleazar, filho de Arão – de acordo com o Talmude15 - cf. 24.29-33)

Lugar

Canaã

Data

Entre 1406 a.C. e 1380 a.C.

Versículos Chave

1.8 (1.3, 24.15)

Verso

“Em Josué, vitória vem e cada tribo sua terra tem.”

Propósito

Mostrar a ação de Deus na história como um Deus que cumpre Suas promessas.

Mensagem

A conquista de Canaã e o estabelecimento do povo de Israel na Terra Prometida aconteceram de

acordo com as promessas pactuais de YHWH, baseados em Seu poder, por meio da fé obediente

da nação.

Personagens em destaque

Josué, Raabe, Calebe

Contribuição para o Cânon

V Proporciona uma conexão histórica entre o Pentateuco e os livros históricos.

V Revela a importância da Palavra de Deus ESCRITA (1.8).

V Mostra Deus como um Deus de Pactos que cumpre Suas promessas.

15 Coleção de escritos dos judeus, contendo explicações e tradições referentes à Lei de Moisés. Foi escrito entre o terceiro e o sexto século

da era cristã.

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34

Esboço

I. Conquista de Canaã (1-12)

A. Preparação (1-5)

B. Subjugação (6-12)

II. Divisão de Canaã - Escritura (13-21)

A. Leste (13)

B. Oeste (14-19)

C. Levitas (20-21)

III. Despedida de Josué - Consagração (22-24)

Informações Interessantes / Importantes

V O nome “Josué” em Hebraico tem o mesmo significado de “Jesus” em Grego: “YHWH é

Salvação” (cf. Nm 13.16).

V Josué é mencionado 35x fora do livro de Josué.

V Raabe faz parte da linhagem messiânica de Jesus (cf. Mt 1.5).

V Temas que se repetem no livro: o “Sê forte e corajoso” / “Não temas”: 1.6,7,18, 8.1, 10.8 (25), 11.6 (23.6)

o “Tem cuidado de fazer segundo toda a Lei”: 1.7-9, 8.32-35, 23.6, 24.1-27

o “Deus, o SENHOR, está contigo”: 1.5,9,17, 3.7, 6.27, 10.42

o “Levantou-se Josué de madrugada”: 3.1, 6.12,15, 7.16, 8.10

o “Segundo a Palavra do SENHOR” (Obediência): 8.27, 10.40, 11.9,15,23, 15.13

V A natureza do homem é propensa ao esquecimento. Precisamos de lembranças,

memoriais (4.1-24, 5.1-15, 24.26-27).

V Biografia de Josué: o Escravo (Ex 1.6-14)

o Servo de Moisés (Ex 24.12-14, 33.11, Nm 11.28, Dt 1.38, Js 1.1)

o Soldado (comandante do exército contra Amaleque – Ex 17.9-14)

o Espião (Nm 13.8,16-14.38, 26.65)

o Sucessor de Moisés (Nm 27.15-23, Dt 31.3,7,14,23, Js 1.7)

o Profeta (6.26, cf. 1Rs 16.34)

o Um grande líder (Jz 2.7)

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35

Batalhas nas conquistas de Josué

GARANTINDO A REGIÃO CENTRAL

ADVERSÁRIO LOCAL DA BATALHA REFERÊNCIAS EM JOSUÉ

Jericó Jericó 6.12-27

Ai Ai 7.2-6

Ai e Betel Ai 8.1-29

A COLIGAÇÃO DO SUL

Coligação dos amorreus, liderada por

Adoni-Zedeque, de Jerusalém, incluindo Hebrom, Jarmute, Láquis e Eglom

Encontro inicial em Gibeom com perseguição através de Bete-Horom e o vale de Aijalom terminando

em Azeca

10.1-27

Acompanhado do cerco de Maquedá, Libna, Láquis, Gezer, Eglom, Hebrom e Debir (10.28-39)

A COLIGAÇÃO DO NORTE

Coligação liderada por Jabim, de Hazor, incluindo muitas cidades do Norte

Encontro inicial junto às águas de Merom, perseguindo os

inimigos a oeste, em direção a Sidom, Misrefote-Maim e o vale

de Mispá, a nordeste

11.1-9

Acompanhado do cerco de Hazor e outras cidades reais sem nomes (11.10-15)

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36

Juízes Shophetimשפטים

Autor

Samuel? (De acordo com a tradição judaica)

Data

Entre 1380 a.C. e 1050 a.C.

Versículos Chave

2.19, 3.1, 17.6, 18.1, 19.1, 21.25

Frase Chave

“Ciclos de Falhas”

Verso

“Em Juízes o povo esqueceu a lei e o homem se tornou seu próprio rei.”

Tema

A desobediência (idolatria e imoralidade) do povo de Israel ao Deus da Aliança e as suas

consequências.

Propósito

Demonstrar a necessidade de Israel de uma liderança espiritual unificada que mantenha a nação

fiel à aliança, desfrutando assim suas bênçãos.

Mensagem

O fracasso da teocracia no período dos juízes deveu-se à infidelidade de Israel à aliança e à falta

de uma liderança espiritual e política permanente.

Personagens em destaque

(Calebe), Débora, Gideão e Sansão

Contribuição para o Cânon

V Mostra a importância da obediência à Aliança na história de Israel e a fidelidade de Deus à

Sua Aliança.

V Explica o clamor pela monarquia.

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37

Esboço

I. Ciclos de falhas (1-16)

A. Razão para o estabelecimento dos Juízes (1-3.6)

B. História de 12 Juízes (3.7-16.31)

II. Apêndice - Corrupção (17-21)

Informações Interessantes / Importantes

V 7 apostasias, 7 opressões por 7 nações com 7 ciclos de falhas/livramento – paciência

completa do Senhor.

V O livro de Juízes descreve os ciclos de falhas em cada parte da terra: sul, norte, centro,

leste e oeste.

V Um dos livros mais tristes da Bíblia, apresentando a “Idade do Obscurantismo” do povo de

Israel.

V É grande a responsabilidade dos pais em ensinar os filhos no caminho do Senhor (2.10)

V O período dos Juízes foi um dos mais longos da história de Israel (cerca de 400 anos)

V Ciclos de Falhas:

V Deus deixou algumas nações em Canaã para pôr à prova o Seu povo (3.1,4).

V Comparação entre os livros de Josué e Juízes:

Josué Juízes Liberdade Servidão

Progresso Declínio

Conquista através da fé (crença) Derrota através da incredulidade “Longe de nós o abandonarmos o Senhor para servirmos a outros deuses” (24.16)

“Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o Senhor, e se esqueceram do senhor seu Deus” (3.7)

O pecado julgado O pecado tolerado

Fé e obediência Incredulidade e desobediência

O conhecimento do Senhor Uma geração que não conhecia o Senhor

Visão celestial Interesses terrenos

Um líder forte Muitos líderes fracos

Conquistou 7 nações em 7 anos Derrotado por 7 nações

Unidade Desunião

Livramento / Descanso

Apostasia / Pecado (corrupção interna)

Punição / Escravidão (opressão externa)

Arrependimento

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38

O SENHOR é o verdadeiro Juiz de Seu povo; é Ele que o entrega nas mãos de seus

opressores; é Ele quem suscita libertadores do povo; é Seu Espírito, ao descer sobre os homens,

que os qualifica para as suas tarefas (3.10, 6.34, 11.29, 14.6,19, 15.14).

OS JUÍZES DO ANTIGO TESTAMENTO

NOME (TRIBO) REFERÊNCIA IDENTIFICAÇÃO

Otniel (Judá) 1.12-13, 3.7-11 Conquistou uma cidade cananeia

Eúde (Benjamim) 3.12-30 Matou Eglom, rei de Moabe, e derrotou os moabitas

Sangar 3.31 Matou 600 filisteus com uma aguilhada de bois

Débora (Efraim) 4-5 Convenceu Baraque a liderar um exército na vitória contra as tropas de Sísera

Gideão (Manassés) 6-8 Liderou 300 homens na vitória contra 135.000 midianitas

Tola (Issacar) 10.1-2 “Julgou” por 23 anos

Jair (Manassés) 10.3-5 “Julgou” por 22 anos

Jefté (Manassés) 11.1-12.7 Derrotou os amonitas depois de fazer um voto ao Senhor

Ibsã (Judá) 12.8-10 “Julgou” por 7 anos

Elom (Zebulom) 12.11-12 “Julgou” por 10 anos

Abdom (Efraim) 12.13-15 “Julgou” por 8 anos

Sansão (Dã) 13-16 Matou 1.000 filisteus com uma queixada de jumento; foi enganado por Dalila; destruiu um templo filisteu; “julgou” por 20 anos

Samuel (Efraim) 1 e 2Sm Foi o últimos dos juízes e o primeiro dos profetas

O pecado humano precisa de governos que imponham a moralidade. Nos dias dos juízes,

quando não havia rei, “cada um fazia o que achava mais reto” (21.25). Os governos recebem de

Deus a responsabilidade de punir o erro (cf. Rm 13.3-5). A história posterior de Israel revela,

porém, que o simples facto de ter um rei não era a solução para o fracasso moral de Israel. Aliás,

os reis de Israel e Judá levaram muitas vezes o povo de Deus a atos de desobediência ainda

maiores. O mais necessário não era a aliança de Deus imposta de fora, mas escrita no coração do

Seu povo (cf. Jr 31.31-34).

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Rute twr Rut

Autor

Samuel ? (De acordo com a tradição judaica)

Data

Entre 1200 a.C. e 1150 a.C.

Versículos Chave

1.16, 2.12, (4.14) 4.17

Verso

“Mas Rute mostra a história mais bonita: Amor fiel de uma moabita.”

Propósito

Demonstrar a maravilhosa graça de Deus em preservar um remanescente fiel numa época

sombria que culmina com o nascimento do Rei Davi.

Mensagem

A soberania e a bondade de YHWH transformam tragédia individual em bênção nacional por meio

da fé pujante de uma mulher gentia e de um israelita comprometido com a aliança.

Personagens em destaque

Rute, Noemi, Boaz, Davi

Contribuição para o Cânon

V Demonstra a graça (amor fiel) de Deus para com o mundo (gentios incluídos).

V Mostra a presença constante de um remanescente fiel.

V Aponta a Soberania de Deus (2.12). Não se pode dizer que o livro tenha sido escrito por

causa dos seus personagens principais. Entretanto a implicação por toda a obra é que Deus

está a vigiar o Seu povo, fazendo com que lhe aconteça o que é bom. O livro é a respeito de

Deus. Ele governa sobre todas as coisas e abençoa os que confiam nele.

V Revela a importância da Terra Prometida para o povo de Israel.

V Demonstra a fidelidade de Deus à aliança Abraâmica.

V Providencia um “tipo” de Cristo – o parente remidor, antecipando desta forma em muitos

séculos a Sua graça redentora. Qual nosso “parente chegado” Ele se torna carne – vindo

como ser humano (Jo 1.14, Gl 4.4, Fp 2.5-8).

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Esboço

I. Amor fiel revelado (1-2)

A. Rute escolhe (1)

B. Rute serve (2)

II. Amor fiel premiado (3-4)

A. Rute obedece (3)

B. Rute recebe a recompensa (4)

Informações Interessantes / Importantes

V As nossas escolhas têm consequências maiores do que podemos prever ou imaginar.

V A providência de Deus está, muitas vezes, camuflada nos “acasos” da vida.

V O resgatador precisava:

o Ser parente de sangue (2.20) – tal como Jesus foi Deus-homem (Gl 4.4).

o Possuir o valor necessário para comprar a herança perdida (4.9) – tal como Cristo

possuía o necessário para nos comprar por preço altíssimo (1Co 6.20).

o Dispor-se a casar com a esposa do seu parente falecido (3.13) – tal com Cristo se

dispôs a casar com uma noiva que tinha servido outro senhor (Ef 5.25-27).

V Num mundo de racionalidade a história de Rute nos ensina fidelidade.

V Apenas 4 mulheres são mencionadas na genealogia de Jesus – Rute é uma delas!

V Boaz era filho de Raabe, ou Racabe - Ῥαχάβ - Mt 1.5 (KJV); Comparar Js 2.1 (LXX) – Ρααβ,

Hb 11.31 – Ῥαὰβ, Tg 2.25 - Ῥαὰβ.

V O livro de Rute é lido pelos judeus na festa de Pentecostes [t[obuv;] (Shavuot) – celebração

da entrega da Torá (Lei) no Monte Sinai. Rute é considerada pelos judeus um modelo de

aceitação da Torá e sem ela a história judaica não continuaria.

V Porque o livro termina com a genealogia?

O autor não nos diz por que fez isto, e somos obrigados a criar hipóteses. De qualquer forma, pelo menos podemos

fazer este comentário. Através de todo o livro, em toda a sua simplicidade ingénua, vê-se o “fio da meada” da

supremacia de Deus. Ele toma conta de pessoas como Noemi, Rute e Boaz e dirige os seus passos. Deus nunca se

esquece de Seus propósitos salvíficos. O propósito do casamento de Boaz com Rute era conduzir, no devido tempo, ao

grande rei Davi, o homem segundo o coração de Deus, o homem em quem os propósitos de Deus foram executados de

modo extraordinário. Estes acontecimentos em Moabe e Belém desempenharam seu papel em conduzir àqueles que

redundariam no nascimento de Davi. Os crentes considerarão, também, cuidadosamente, a genealogia que aparece no

começo do evangelho de Mateus, e refletirão que a mão de Deus cobre a história toda. Ele executa Seu propósito,

geração após geração. Visto que somos limitados a uma única vida, cada um de nós vê apenas um pouquinho daquilo que

acontece. Uma genealogia é uma maneira extraordinária de trazer diante dos nossos olhos a continuidade dos propósitos

de Deus através dos tempos. O processo histórico não é casual. Há um propósito em tudo. Esse propósito é o propósito

de Deus.16

16 MORRIS, Leon. Rute – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1992, p.300

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1 e 2 Samuel lawmש Shemuel

Autor

Samuel ? (1Sm 10.25)

Natã / Gade ? (1Cr 29.29)

Data

Entre 1100 a.C. e 971 a.C.

Versículos Chave

1Sm - 15.22 (12.13, 13.14, 16.7, 17.26, 45-47)

2Sm - 7.12, 13, 16 (22.21)

Frase Chave

“O Reino estabelecido”

Verso

“Em Samuel o povo reclama e Deus lhe dá dois reis de fama”.

Propósito

Demonstrar as consequências da obediência e da desobediência à aliança deuteronómica na

monarquia, segundo a fidelidade de Deus à mesma.

Mensagem

1Sm – Os preparativos divinos para o estabelecimento da monarquia em Israel revelam que a

sobrevivência e segurança da nação não dependem da monarquia em si, mas de um monarca

cujo coração seja humilde e confiante perante o Deus da aliança.

2Sm – O estabelecimento da monarquia por YHWH é operado conforme Sua lealdade pactual que

castiga com justiça e sustenta com graça uma nação enfraquecida pelo pecado de seus líderes.

Personagens em destaque

Samuel, Saul, Davi (Eli, Golias, Salomão)

Contribuição para o Cânon

V Descreve a transição histórica dos juízes para os reis.

V Demonstra as consequências particulares da obediência e da desobediência.

V Explica a aliança davídica.

V Narra a história da “época de ouro” da nação de Israel.

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Esboço

I. Samuel (1Sm 1-7)

II. Saul (1Sm 8-31)

A. O começo do reino (1Sm 8-15)

B. A perseguição de Davi (1Sm 16-30)

C. Derrota e morte (1Sm 31)

III. Davi (2Sm 1-24)

A. Reino estabelecido (2Sm 1-10)

B. Reino enfraquecido (2Sm 11-24)

Informações Interessantes / Importantes

V Deus controla o ventre materno e dá filhos em reposta à oração segundo a Sua vontade.

V A consagração e treinamento bíblico de uma criança (começando mesmo antes do

nascimento) são determinantes na sua criação.

V Eli e Samuel (homens piedosos) perderam seus próprios filhos, tendo sido negligentes na sua

educação, estando ocupados na obra de Deus (1Sm 2.12-17, 8.3-5).

V Moisés previu (e predisse) a vinda do reinado (Dt 17.14-15).

V Davi é um dos personagens mais fascinantes de toda a Bíblia - pastor, músico (cantor, poeta)

ungido, soldado, fugitivo, rei de Israel. Existem 58 referências ao seu nome no NT.

V 1 e 2 Samuel eram, originalmente, um só livro.

V Existem pelo menos 2 referências de Jesus aos escritos de Samuel – Mt 12.3-4 (1Sm 21.6) e

Lc 16.15 (1Sm 16.7).

V As consequências do pecado, mesmo que perdoado, podem ser tremendas. Cuidado! (2Sm

12.13-14).

Resumo da cronologia deste período

c. 1200 a.C. Os povos do Mar invadem a Palestina c. 1100 a.C. Nascimento de Samuel c. 1080 a.C. Nascimento de Saul c. 1051 a.C. Saul ungido rei em Israel (1Sm 10.1) 1040 a.C. Nascimento de Davi 1025 a.C. Davi ungido rei por Samuel (1Sm 16.1-13) 1011 a.C. Morte de Saul; Davi coroado em Hebrom (1Sm 31, 2Sm 2) 1004 a.C. Davi coroado rei sobre todo o Israel (2Sm 4-5) 992 a.C. Incidente com Bate-Seba (2Sm 11) 991 a.C. Nascimento de Salomão

980 a.C. (?) Censo (2Sm 24) 971 a.C. Morte de Davi; Salomão coroado rei (1Rs 2.10-11)

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44

1 e 2 Reis yklm Melachimם

Autor

Jeremias (cf. 2Rs 25, Jr 39 e 52)

Data

Antes de 586 a.C.

1Rs (971 a.C. – 853 a.C.)

2Rs (853 a.C. – 560 a.C.) – cap. 24 e 25

Versículos Chave

1Rs - 11.11 (9.4-5)

2Rs - 23.27 (17.9,22,23)

Frase Chave

“O Reino dividido e cativo”

Verso

“Reis descrevem o reino dividido e cada país, no exílio, cativo.”

Propósito

Motivar o povo de Judá, antes e depois do cativeiro babilónico a ser fiel à aliança de Deus,

porque Ele mesmo é paciente e fiel à aliança.

Mensagem

A infidelidade nacional para com as alianças deuteronómica e davídica trouxe o juízo deliberado

de YHWH sobre a monarquia teocrática depois de várias demonstrações de Sua paciência e

misericórdia em virtude das promessas davídicas que aguardavam um cumprimento final.

Personagens em destaque

1Rs – Salomão, Elias, Acabe

2Rs – Eliseu, Jezabel

Contribuição para o Cânon

V Demonstra uma vez mais como a fidelidade ou a infidelidade de Israel à aliança determina a

sua história.

V Mostra a soberania de Deus sobre as nações, os líderes e a história.

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45

Esboço

I. Reino Unido (1Rs 1-11)

A. A morte de Davi (1-2); transição Davi - Salomão

B. Glória de Salomão e o Templo (3-11)

II. Reino Dividido (1Rs 12-22)

A. Divisão (12-16)

B. Elias (17-19)

C. Acabe (20-22)

III. Reino Dividido / Cativo (2Rs 1-25)

A. Declínio / Cativeiro de Israel [Assíria] (1-17)

B. Declínio / Cativeiro de Judá [Babilónia] (18-25)

Informações Interessantes / Importantes

V Salomão:

o Escreveu 3000 provérbios e 1005 cânticos (1Rs 4.32).

o Gastou 7 anos para construir o Templo e 13 para construir a sua própria casa.

o O rei com um coração dividido deixou um reino dividido.

o A idolatria, introduzida na nação por Salomão (através das suas esposas)

aumentou cada vez mais, tendo sido julgada e eliminada no cativeiro, assim

permanecendo até hoje.

o Comparar Dt 17.16-20 e 1Sm 8.10-18 com o reinado de Salomão – ele

multiplicou para si cavalos (1Rs 4.26, 10.25,28), mulheres que desviaram o

seu coração (11.1-8) e prata e ouro (10.1-25) contra a Lei e aliança do Senhor.

V A prosperidade pode seduzir o coração do homem e levá-lo a esquecer-se do seu Deus.

V Em Israel houve 9 dinastias e 19 reis (nenhum deles bom).

V Em Judá houve 1 dinastia e 20 reis (8 bons).

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46

V Este foi um dos 3 períodos de milagres (os outros dois aconteceram nos tempos de Moisés e

Jesus).

V O rei Ezequias ao saber da iminência da sua morte orou ao SENHOR e foram-lhe concedidos

mais 15 anos de vida. Fez um péssimo uso deste acréscimo de sua vida, desagradando ao

SENHOR. Foi também durante este período que nasceu seu filho Manassés, o rei mais ímpio

dentre todos.

V A responsabilidade de um líder (espiritual ou político) é grande. O povo vai seguir o exemplo

dos seus líderes.

V Reis apresentam o aspeto político da época, enquanto as Crónicas apresentam o aspeto

sacerdotal do mesmo período.

V Logo após grandes vitórias, o líder espiritual pode sentir-se enfraquecido, desencorajado e só.

V Sugestão para vencer a depressão: sono, alimento, perspectiva renovada de Deus e do

propósito da vida.

V Deus sempre preserva um remanescente fiel a Ele.

V Eliseu pediu uma porção dobrada do espírito de Elias (2Rs 2.9) – estão registados 12 milagres

por ele realizados e 6 por Elias.

V A soberania de Deus é expressa no livramento de Joás, conservando assim a linhagem

messiânica (2Rs 11.1-3).

V A leitura da Palavra de Deus provoca “avivamento” (2Rs 22 e 23).

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47

1 e 2 Crónicas ymyh yrbd Os eventos / factos dos diasם

Autor

Esdras (cf. 2Cr 36.22, Ed 1.1-2)

Data

450 a.C.

1Cr (1010 a.C. – 971 a.C.)

2Cr (971 a.C. – 539 a.C.)

Versículos Chave

1Cr – 17.11-14 (29.26)

2Cr – 7.14 (15.2, 16.9)

Verso

“Crónicas conta a mesma história enfatizando o Templo e a sua glória.”

Propósito

Dar à comunidade pós-exílica uma interpretação teológica da história nacional na qual a aliança

davídica, o ministério levítico no templo e um sentido estrito da ação retribuidora da aliança de

Deus têm papel predominante, motivando assim a fidelidade à lei e a esperança nas promessas

messiâncias escatológicas da aliança.

Mensagem

As bênçãos partilhadas pela linhagem davídica como recipientes da promessa ainda estão

disponíveis para o remanescente restaurado, se eles esperarem pelo total cumprimento da

aliança davídica em fiel obediência.

Personagens em destaque

Davi, Salomão

Contribuição para o Cânon

Crónicas serve de encorajamento para o remanescente fiel. Um futuro glorioso permanece como

esperança para o povo de Deus. A linhagem davídica é preservada.

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Esboço

I. Davi – Preparação para o Templo (1Cr 1-29)

A. Registos genealógicos (1-10)

B. Reinado de Davi (11-29)

II. Salomão – Construção do Templo (2Cr 1-9)

III. Judá – Destruição do Templo (2Cr 10-36)

A. Os reis de Judá (10-36)

B. Cativeiro babilónico e restauração (36)

Informações Interessantes / Importantes

V É o último livro da bíblia hebraica, longe de 1 e 2 Reis, muito provavelmente por ser bem

diferente no seu propósito.

V Crónicas tem um papel semelhante ao de Deuteronómio no Pentateuco e de João nos

evangelhos: apresentar detalhes e explicações de eventos, que não constam nos outros

relatos, da perspectiva divina (espiritual).

V Cobre um período mais abrangente do que qualquer outro livro do AT (Adão até Ciro).

V Pensa-se que o altar das ofertas queimadas ficava sobre o lugar (indicado pela tradição

judaica) onde Abraão ofereceu Isaque (Gn 22.2 – 2Cr 3.1).

V A obra do SENHOR deve ser realizada de acordo com a vontade e orientação do SENHOR (1Cr

13.9, 10).

V “Não apresentarei ao Senhor uma oferta que não me custe nada” (1Cr 21.21-26).

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49

Esdras

arz[ ’esra

Autor

Esdras (cf. 7.28-9.15 – “1ª pess. sing.”)

Data

539 a.C. – 450 a.C.

Versículos Chave

7.10 (1.3)

Verso

“Com Esdras vem restauração; Primeiro o Templo, depois a nação”

Tema

A fidelidade de Deus à aliança restaurando Seu povo na terra santa depois de 70 anos de

cativeiro babilónico.

Propósito

Descrever o restabelecimento de Israel como uma comunidade adoradora na Terra Prometida e

como isso exigia um reavivamento da verdadeira religião da aliança.

Mensagem

O restabelecimento de Israel como comunidade adoradora na Terra Prometida exigia um

reavivamento da verdadeira religião da aliança com a separação necessária das influências

gentias para a lealdade ao Deus das promessas.

Personagens em destaque

Zorobabel, Esdras

Contribuição para o Cânon

V Esdras demonstra mais uma vez o amor de Deus para com Seu povo. Começa exatamente

onde 2 Crónicas termina.

V Mostra a importância do estudo, da vida e do ensino na comunidade adoradora.

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50

Esboço

I. Reconstrução do Templo (1-6)

A. Primeiro retorno (1-2)

B. Reconstrução do Templo (3-6)

II. Restauração do Povo (7-10)

A. Segundo retorno (7-8)

B. Reforma do Povo (9-10)

Informações Interessantes / Importantes

V “Esdras” = hb. “Ajuda”

V Na Bíblia Hebraica é apresentado junto de Neemias formando um só livro.

V O decreto de Ciro, rei do império Medo-Persa, cumpriu a profecia de Isaías feita 200 anos

antes! (Is 44.28, 45.1)

V A profecia de Jeremias (Jr 25.11-12, 29.10; cf. 27.19-22, 28.6) serve de base para a oração

de Daniel em Dn 9.1-19.

V Deus coordenou os talentos e capacidades de Esdras e Neemias para fazer essas grandes e

necessárias restaurações: dois homens cujos dons se completam mutuamente.

V 3 deportações com 3 profetas maiores (606 – Daniel, 597 – Ezequiel, 586 – Jeremias)

V 3 retornos com 3 grandes líderes (536 – Zorobabel, 457 – Esdras, 444 – Neemias)

V Zorobabel, neto do rei Jeconias, está incluído na genealogia de Jesus (1Cr 3.17-19, Mt 1.12-

13)

V É a partir desta altura que os israelitas passam a ser chamados judeus, uma vez que a maior

parte pertencia à tribo de Judá.

V A viagem de regresso: 1.350 Km – 6 meses

V “O coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; Ele o dirige para onde quer” – Pv

21.1 (ex. Ciro – Ed 1.1)

V O livro de Ester cabe no intervalo de Esdras (entre cps. 6 e 7)

RETORNOS À TERRA SANTA

DATA PERSONAGEM REI PROPÓSITO

536 Zorobabel Ciro Reconstruir o Templo

457 Esdras Artaxerxes I “Reconstruir” o Povo

444 Neemias Artaxerxes I Reconstruir o muro

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51

V Os livros da “Reconstrução” (período pós-exílico):

536 Zorobabel 516 450 444 432

Esdras 1-6 c. 60 anos Esdras 7-10 Neemias Ageu

Zacarias 2Cr 34 Sl 126 Sl 137

Is 44,45

Ester Malaquias

PANORAMA HISTÓRICO DO PERÍODO PÓS-EXÍLICO17

DATA [EVENTO] TEXTO

539 Ciro conquista a Babilónia. Seu reinado começa oficialmente em Nisã, em 538. Dn 5.30,31

538 Ciro faz um decreto para os judeus retornarem e reconstruírem o Templo (cf. a profecia de Jeremias; 25.11-12, 29.10. Ver também Ed 6.3-5).

Ed 1.1-4

537 49.897 judeus voltam a Judá sob o domínio de Sesbazar e Zorobabel. O altar é reconstruído. A festa dos tabernáculos é celebrada. Ed 2; 3.1-6

536 São lançados os alicerces do Templo. A oposição paralisa a obra. Ed 3.8-12

536-520 A obra do Templo é negligenciada. Atrasos económicos; secas em Judá. Ag 1-2

530-522 Morre Ciro (530). Cambises, em 525, sobe ao trono e conquista o Egito. Cambises morre na Palestina, em 522.

522 Dario I toma o poder depois de derrotar pseudo-Esmeridis. De 522 até o começo de 520, ele esmaga rebeliões no império.

520 Ageu exorta o povo a arrepender-se e continuar a obra do Templo. Oficiais persas assediam os judeus.

Ag 1-2 Ed 5.1-17

519 Zacarias encoraja o povo a reconstruir o Templo. Suas profecias messiânicas acendem as esperanças dos judeus. Zc 1-8

518 Dario faz um decreto legalizando a construção e libertando fundos persas de impostos provinciais para reconstruir o Templo. Ed 6.1-12

515 O Templo é concluído, pouco mais de 70 anos depois de sua destruição pelos babilónios. Ed 6.15

515 Os judeus celebram a Páscoa e pães ázimos, em Jerusalém. Ed 6.19-22

490 Dario ataca a Grécia. Os persas são derrotados em Maratona.

486 Xerxes (Assuero) sobe ao poder. Ele planeia uma vingança contra a coligação grega que derrotou seu pai. Et 2.16

483 Xerxes dá uma festa de 6 meses para seus oficiais. Heródoto indica que isso é preparação para a invasão da Grécia. A rainha Vasti é deposta. Et 1

480 O exército de um milhão de homens de Xerxes é rechaçado pelos gregos, em Platéia. Sua força naval é aniquilada na baía de Salamis.

479 Ester é escolhida para substituir Vasti, como a principal rainha da Pérsia. Et 2.16

478 Mardoqueu descobre uma conspiração para assassinar Xerxes. Et 2.21-23

17 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2006. p.383

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52

474 Hamã planeia a destruição de todos os judeus no império Persa. Na véspera da Páscoa, Xerxes assina o decreto permitindo o genocídio contra os judeus. A data marcada é 13 de Adar (fev. – mar. 473).

Et 3.7 Et 3.12,13

474 Ester expõe o genocídio de Hamã e Xerxes ordena sua execução. Um novo edito feito dá aos judeus o direito de defender a si mesmos e suas propriedades.

Et 7.1-10 Et 8.1-17

473 Os judeus defendem-se e derrotam seus agressores. O edito é estendido por mais um dia, em Susã. A festa de Purim é instituída.

Et 9.1-19 Et 9.20-32

464 Artaxerxes I (Longimanus) segue Xerxes ao trono.

458 Sob o decreto de Artaxerxes, Esdras lidera um grupo de cerca de 1.700 homens de volta para Jerusalém. Ed 8.31

458 (Jul. - Ago.)

Esdras e o grupo chegam a Jerusalém com presentes dos judeus babilónios para o Templo. Casamentos mistos são dissolvidos.

Ed 7.8-9 Ed 8.31-36 Ed 9-10

c. 450 A tentativa dos judeus para reconstruir os muros é frustrada por vizinhos e pelo decreto de Artaxerxes. Estragos feitos por samaritanos são possíveis.

Ed 4.7-23

449 Agitação na satrapia Trans-Eufrates sob a liderança do general persa Megabizus.

446 (Mar. – Abr.)

Neemias recebe, em Susã, notícias da situação deplorável de Jerusalém. Ele jejuou, lamentou e orou, confessando pecado e clamando as misericórdias da aliança de Deus para com Israel.

Ne 1.1-11

446 (Nov. – Dez.)

Neemias pede permissão para ir à Judéia para reconstruir os muros de Jerusalém. Artaxerxes concede-lhe dispensa e o título de governador de província.

Ne 2.1-8

445 (primavera)

Neemias viaja para Jerusalém, determina o que precisa ser feito e começa a reconstruir os muros da cidade. Ne 2.9-18

445 (Ago. – Set.) Os muros de Jerusalém são terminados depois de 52 dias de trabalho. Ne 6.15

445 – 432 A primeira gestão de Neemias, como governador. Neemias, além de reconstruir o muro, institui reformas sociais e religiosas. Jerusalém é repovoada e seus muros são consagrados.

Ne 8-12

432 Neemias retorna a Susã, onde permanece por período desconhecido. Hanâni, seu irmão, pode ter servido como governador durante sua ausência.

Ne 13.6

c. 430 Malaquias profetiza contra a negligência religiosa e declínio moral, avisando sobre o juízo e chamando Israel ao arrependimento. Malaquias

430 Neemias, em seu retorno de Susã, efetua várias reformas religiosas e sociais. Sua segunda gestão termina algum tempo antes de 409-408, quando certo Bigvai é registado como governador de Judá.

Ne 13.4-29

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Neemias

hymjn Nehemyâ

Autor

Neemias (ou Esdras e Neemias - cf. 7.6-12.26, 12.44-13.3)

Data

445 a.C. - 410 a.C.

Versículos Chave

8.9 (2.4-5,20, 6.15-16)

Verso

“O muro Neemias edificou e a Aliança com Deus renovou.”

Tema

A reconstrução do centro político e espiritual da nação, mostrando a fidelidade de Deus na

restauração do povo.

Propósito

Mostrar que a reconstrução da cidade e seus muros apontam para o restabelecimento de

Jerusalém como a cidade escolhida de Deus na terra.

Mensagem

A reconstrução de Jerusalém como cidade escolhida de Deus exige a restauração de Seu povo

como uma comunidade adoradora em sintonia com a santidade de Seu Soberano Restaurador.

Contribuição para o Cânon

Serve como ponte para o Novo Testamento – o povo restabelecido na terra.

Esboço

I. Reconstrução dos Muros (1-7)

A. Preparação (1-2)

B. Reconstrução (3-7)

II. Restauração da Aliança (8-13)

A. Renovação da Aliança (8-10)

B. Resposta à Aliança (11-13)

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Informações Interessantes / Importantes

V “Neemias” = hb. “YHWH é conforto, consolo.”

V O capítulo 3 apresenta diferentes tipos de obreiros (tal como existem nos nossos dias):

o os que trabalham com zelo (ardor) – v.20

o os que realizam tarefas extra – vs.4,21

o os que não ajudam em nada – v.5

o os que realizam um trabalho notável – v.13

o o sumo-sacerdote (v.1) e algumas mulheres (v.12) não se recusaram a sujar as

mãos no trabalho!

V No fim do livro, tudo (o templo, a cidade, os muros, o povo, a aliança) é restaurado, exceto o

rei (cf. Dn 9.25-27).

V Deus sempre cumpre os Seus propósitos, mesmo que para isso seja necessário usar reis

pagãos - Pv 21.1 (ex. Artaxerxes – 2.1-8).

V Semelhanças entre os livros de Esdras e Neemias:

o Começam na Babilónia e terminam em Jerusalém.

o As histórias começam com um decreto de um rei da Pérsia.

o O tema principal é construção.

o Incluem uma longa oração de humilhação e confissão (cap. 9 dos 2 livros).

o Terminam com a purificação do povo.

V O cativeiro da Babilónia curou os judeus da idolatria!

V Deus preservou o Seu povo no centro dos acontecimentos mundiais, enquanto que as

grandes potências – Assíria, Babilónia, Pérsia, Roma e Grécia – desapareceram. Contra todas

as probabilidades, a pequena nação de Israel permanece até hoje.

V Muitos judeus permaneceram no “cativeiro” e não voltaram à terra da bênção (cf. Livro de

Ester).

V As obras de real valor para Deus sempre enfrentarão oposição externa e interna.

V Deus usa leigos piedosos e consagrados para cumprir os Seus propósitos (ex. Neemias).

V A oração (dependência do Senhor) deverá ser a minha primeira reação a qualquer oposição e

antes de qualquer ação (1.4, 2.4, 4.4, 4.9, 5.19, 6.9).

V Um planeamento cuidadoso, deverá seguir a oração (1.11, 2.1-9, 2.11-18, cap.3, 4.9)

V A confiança em Deus, e não em estratégias humanas, conduzirá ao sucesso na obra de Deus

(2.20, 4.10, 4.14, 4.20, 6.16).

V A leitura da Palavra de Deus produz “avivamento”, reforma (cf. Josias - 2Rs 22,23; Martinho

Lutero e a reforma protestante).

V O casamento entre crentes e incrédulos é extremamente perigoso (13.23-29, cf. 2Co 6.14-

18).

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PRINCÍPIOS DE LIDERANÇA EM NEEMIAS

Passos de Ação

V Interesse (1.1-3) V Atenção (1.4) V Oração (1.5-11) V Fé (1.9) V Plano (1.11) V Ação (2.1-8)

O Bom Plano

V Todos têm tarefas importantes (2.18, 6.3) V Primeiro planeamento, depois trabalho (2.17, cap.3) V Colocar pessoas em trabalhos pelos quais tenham interesse (3.28-32) V Trabalhar com famílias (3.12) V Completar a tarefa iniciada (6.15-16) V Nunca desistir, apesar da oposição (4.4-9)

A Boa Liderança

V “Ira justa” contra o pecado (5.6, 13.8,11,17,21,25) V Compaixão pelos pobres (cap. 5) V Coragem para enfrentar injustiça, oposição, pecado (6.9) V Integridade (5.15) V Trabalho para Deus, com Deus e por Deus (2.20, 4.10,20, 6.16, 13.14) V Consagração completa (tempo, dons, recursos, energia) à obra de Deus (10.28-39)

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56

Ester rtsa a#sT@r

Autor

Judeu anónimo

Data

483 a.C. - 473 a.C.

Versículos Chave

4.14 (8.17)

Verso

“Ester revela o Protetor que guarda Seu povo como Salvador”

Tema

A providência de Deus no cuidado do Seu povo (apesar do cativeiro) cumprindo a aliança.

Propósito

Fornecer a base histórica para a Festa de Purim (cf. 3.7 e 9.24-26). Demonstrar como o Deus da

aliança abraâmica trabalha por meio das circunstâncias e detalhes aparentemente acidentais

para cumprir Sua antiga promessa de proteção, recompensa, e castigo, dependendo de como o

indivíduo ou a nação tratasse Israel (Gn 12.1-3).

Mensagem

A fidelidade de Deus à aliança abraâmica é demonstrada na maneira soberana e providencial

como Ele preserva Seu povo do ódio gentílico, mesmo quando Israel está alheio à intervenção

divina na história.

Contribuição para o Cânon

Mostra como Deus protegeu o Seu povo durante o exílio.

Esboço

I. O Perigo para o Povo de Deus (1-4)

A. A descoberta de Ester (1.1-2.20)

B. O plano de Hamã (2.21-4.17)

II. A Libertação do Povo de Deus (5-10)

A. A derrota de Hamã (5.1-7.10)

B. A vitória de Israel sobre os seus inimigos (8.1-10.3)

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Informações Interessantes / Importantes

V O nome Ester rTes]a, (a#sT@r) aparentemente deriva da palavra persa para “estrela”, stara.

Alguns tentam identificar o nome Ester com o da deusa babilónica Istar, e o nome do seu tio

com o deus babilónico Mardoqueu. Ester tinha nome hebraico, hS;d'h} (H&d^ss>), que significa

“murta”.

V Um dos últimos livros aceitos no cânon.

V O único livro do cânon onde não aparece o nome ou uma referência a Deus. Embora o nome

de Deus não seja mencionado, Sua soberania e providência são evidentes em toda a

narrativa. “Se o nome de Deus não está aqui, Seu dedo certamente está” (Matthew Henry).

Evidências:

o A rejeição de Vasti (1.12)

o A escolha de Ester (2.9,15,17)

o A dívida de gratidão de Assuero (2.21-23)

o A noite de insónia de Assuero (6.1)

o A “queda” de Hamã (7.8)

o A forca prontinha (7.9-10)

V Deus enfrenta situações inesperadas pelo seu povo com pessoas preparadas por Ele (4.14).

V Faça o que é certo, o resto deixe com Deus! (4.16)

V Na história, o povo de Deus sempre foi, é, e será odiado pelo mundo (cf. Jo 15.18-19, 17.14).

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Jó bwya ayyob

Autor

Desconhecido

Data

Época patriarcal? (Sem sinais da aliança e da lei; Jó como sacerdote da família; longevidade)

Versículos Chave

1.21, 42.5-6 (13.15, 23.10, 37.23-24)

Verso

“A dor em Jó dúvida produz, até de Deus ver a luz.”

Propósito

Encorajar a dependência em YHWH como o Deus que é inescrutável e justo em Seu trato

soberano com Suas criaturas.

Mensagem

A soberania inescrutável de Deus em Seu lidar com Suas criaturas é vindicada mediante o ciclo

de prosperidade - sofrimento - e recuperação na vida de Jó, quando este é levado do ceticismo e

justificação de si mesmo para uma atitude de humilde fé.

Contribuição para o Cânon

V Trata o tema sofrimento e suas causas como nenhum outro livro. Apresenta respostas

apropriadas ao crente.

V Nenhum outro livro da Bíblia revela tanto da pessoa e caráter de Satanás.

V Contém a maior concentração de teologia natural (as obras de Deus na natureza).

V Mostra a necessidade do justo confiar em Deus mesmo quando sofre.

Esboço

I. Prólogo / A Tragédia de Jó (1-2)

II. Diálogo / O Trauma de Jó (3-42.6)

III. Epílogo / O Triunfo de Jó (42.7-17)

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Informações Interessantes / Importantes

V O livro de Jó talvez seja uma das mais antigas obras existentes.

V Jó é mencionado em Ezequiel 14.14-20 e em Tiago 5.11.

V Uma parte do livro é citada explicitamente uma vez no NT - 1Co 3.19 (Jó 5.13).

V O nome do Deus dos patriarcas - yD'v' (v~DD~y)- ocorre 31 vezes neste livro, enquanto que no

restante do AT existem 16 ocorrências, o que ajuda confirmar a teoria do pano de fundo não

israelita.

V Indica que a terra é esférica (22.14), suspensa no espaço (26.7).

V Behemote (40.15) - referência a uma espécie de dinossauro: diplodoco / braquiossauro?!

V Satanás no livro de Jó: o acusador / submisso a Deus / teve acesso à presença de Deus /

anda em derredor (cf. 1Pe 5.8) / com poder, mas limitado.

V Se eu sou um filho / servo de Deus, Satanás vai me acusar, armará as suas ciladas e atirará

contra mim os seus dardos inflamados (Ef 6.10-18).

V Jó e seus “consoladores”:

Jó Autojustificação - Justo aos seus próprios olhos 29.1-25 Esposa A voz do desespero - a religião é um fracasso 2.9 Elifaz O religioso dogmático (fariseu) 4.8, 5.17

Bildade Consolador com banalidades 8.8 Zofar senhor de toda a sabedoria religiosa (moralista) 20.20-29 Eliú Impetuoso / Piedoso ? 37.23

V O SENHOR deu a Jó o dobro de tudo quanto tinha antes (42.10-13; 1.2-3) - cf. o número de

filhos - demonstração maravilhosa da doutrina da ressurreição!

V YHWH não se vê forçado a suprir uma explicação humanamente palatável para os sofrimentos

de Jó. Este é um caso teste de Sua inescrutável soberania, mas não em um sentido fatalista.

Embora Jó não receba qualquer indicação de por que sofreu tanto, ele compreende Quem

soberanamente designou tempos e circunstâncias de modo a lhe oferecer a melhor maneira

de enfrentar a vida. Mesmo em meio à aflição e ao sofrimento, o crente não precisa saber

por que sofre, desde que saiba Quem o conduz ao longo da estrada.18

18 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2006. p.433

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60

Salmos ylht Louvoresם

AUTORES NÚMERO DE SALMOS DISTRIBUIÇÃO POR AUTORIA

Davi 73 3-9, 11-32, 34-41, 51-65, 68-70, 86, 101, 103, 108-110, 122, 124, 131, 138-145

Asafe 12 50, 73-83

Filhos de Coré 12 42, 44, 45, 47-49, 84, 85, 87

Salomão 2 72, 127

Hemã 1 88

Etã 1 89

Moisés 1 90

Anónimos 48 1, 2, 10, 33, 43, 46, 66, 67, 71, 91-100, 102, 104-107, 111-121, 123, 125, 126,

128-130, 132-137, 146-150

Data

Desde c. 1500 a.C. até 450 a.C.

Verso

“Os salmos cantam meditações, gratidão, louvor e lamentações.”

Propósito

Motivar e conduzir o povo de Deus (individual ou coletivamente) a louvar o SENHOR como

resposta natural e necessária às bênçãos e provações.

Mensagem

A soberania de Deus é invocada e celebrada em petição e louvor por aqueles que, em meio à

instabilidade da vida, anseiam por vê-la estabelecida definitivamente na terra em cumprimento

das promessas pactuais a Israel.

Contribuição para o Cânon

V Oferece ao povo de Deus a expressão de todos os sentimentos humanos, no temor do

SENHOR.

V Mostra de forma eloquente o valor da Palavra de Deus na vida diária do crente.

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Esboço

O livro dos Salmos é, de facto, uma coleção de cinco livros. Esses livros são os seguintes:

LIVROS SALMOS CONTIDOS

Livro I Salmos 1-41

Livro II Salmos 42-72

Livro III Salmos 73-89

Livro IV Salmos 90-106

Livro V Salmos 107-150

Cada um desses livros encerra-se com uma doxologia, sendo que no caso do quinto livro todo um

salmo (150) cumpre essa função, formando um grand finale para toda a coleção.

Classificação dos Salmos

Este trabalho não pode ser feito de forma exaustiva nem definitiva, uma vez que há salmos que

reúnem elementos de dois ou mais tipos de classificação, o que demonstra a grande

“flexibilidade” do Espírito Santo em Seu trabalho de orientar os autores bíblicos na produção do

texto inspirado.

Lamentos do indivíduo 3, 4-7, 10, 12, 13, 17, 22+, 25-28, 31, 35, 38, 39, 42, 43, 51, 52, 54-59, 61, 63, 64, 69, 71, 77, 86, 88, 102, 108, 109, 120, 130, 140-143

Lamentos da nação 44, 60, 74, 79, 80, 83, 85, 137

Salmos individuais de ação de graças

18, 21, 30, 32, 34, 40, 41, 66, 92, 94, 116, 118, 138

Salmos nacionais de ação de graças 65, 67, 75, 76, 100, 107, 124, 126, 129, 133

Hinos (salmos de louvor descritivo)

8, 19, 24+, 29, 33, 36, 46-48, 68, 76, 87, 95, 98, 103-105, 111, 113-115, 117, 135, 136, 145-150

Salmos reais 2+, 20, 21, 45+, 72+, 89, 110+, 132, 144

Salmos de entronização 47, 93, 95-97, [98], 99

Salmos didáticos 1, 14, 15, 19*, 34*, 37, 49, 50, 53, 62, 73, 78, 82, [107], 112, 119, 127, 128, 133, [139]

+ salmos que possuem conteúdo messiânico

* salmos que se encaixam parcialmente na categoria

[] salmos de classificação duvidosa

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62

Características Literárias

A essência da poesia hebraica é a combinação de paralelismo e ritmo, e ambos os elementos

estão presentes em Salmos. Desses dois, o mais importante é o paralelismo.

Os hebreus utilizavam várias maneiras para reforçar uma ideia Usavam semelhança (paralelismo

sinónimo), contraste (paralelismo antitético), comparação (paralelismo emblemático) e

desenvolvimento (paralelismo sintético). Quase tão importante quanto o sentido era a forma de

paralelismo; paralelismo direto e quiástico (ou cruzado) são as formas mais frequentes no

saltério.

Outra das principais características literárias da hinódia hebraica é o uso abundante de figuras de

linguagem. Figuras de comparação e substituição são empregadas em todos os tipos de salmo.

Antropomorfismos são o meio normal de expressar ações e sentimentos divinos.

Uma última característica literária digna de nota é o uso de acrósticos - poemas em que as letras

do alfabeto são usadas como meio de comunicar a totalidade, de exaurir determinado assunto.

Os salmos 25, 34, 112 e 119 empregam esse recurso.

Informações Interessantes / Importantes

V Os Salmos foram os cânticos de Israel. O livro foi o hinário da nação e, por extensão, é a

expressão das emoções e das experiências do povo de Deus hoje.

V Os judeus referiam-se a ele como o “Livro dos Louvores”, enquanto que a Septuaginta o

intitulou o “Livro de Salmos” (derivação de uma palavra grega que indica canções

acompanhadas por instrumentos de corda).

V É o livro mais conhecido e usado na literatura mundial de todos os tempos.

V Os salmos são mencionados 90 vezes no NT, mais do que qualquer outro.

V 21 salmos referem-se à história de Israel (desde o Êxodo até ao Retorno).

V Os salmos apresentam o Messias de maneira semelhante à dos evangelistas:

Rei Mateus 2, 18, 20, 21, 24, 47, 110, 132

Servo Marcos 17, 22, 23, 40, 41, 69, 109

Filho do Homem Lucas 8, 16, 40

Filho de Deus João 19, 102, 118

V A expressão selah hl;s, (s#l`), que ocorre 71 vezes nos Salmos e 3 vezes em Habacuque 3,

provavelmente era uma notação musical indicando um interlúdio ou uma mudança de

acompanhamento musical.

V Existe uma possibilidade muito grande de que estas orações (salmos) tenham sido arranjadas

em cinco livros de forma a corresponderem aos primeiros cinco livros da Bíblia, a Torá

(pentateuco) fazendo o contraste e a conexão entre a fala Divina (Torá) e a resposta humana

(Salmos).

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V Pelo menos 3 homens envolveram-se na coleção / compilação dos salmos: Davi (1Cr 15.16),

Ezequias (2Cr 29.30, Pr 25.1), Esdras (Ne 8).

V 116 dos salmos têm títulos aumentados pelos editores. No texto hebraico, os títulos são

numerados como os restantes versículos do salmo. Os títulos identificam os salmos de acordo

com a situação histórica, acompanhamento musical e/ou o tipo de salmo.

V Outros salmos no AT: Ex 15, Dt 32, Jz 5, 1Sm 2, 2Sm 22 (Sl 18), Jó 3, 7, 10, Is 12, 38, Lm

3, Jn 2, Hq 3.

V Deus é digno de louvor em todas as circunstâncias da nossa vida.

V Dúvidas surgem na vida do filho de Deus e podem ser expressas, mas deverão ser resolvidas

culminando em louvor.

V Quando nos sentirmos com profundas necessidades, poderemos sempre encontrar um salmo

que expresse o nosso sentimento mais íntimo.

V Interpretação dos salmos: Devemos procurar entender o salmo à luz do seu contexto

histórico, à luz da sua forma literária própria, buscando descobrir qual é a sua mensagem

para a geração do autor, que relação pode haver com a pessoa e obra de Jesus Cristo e

qual(quais) a(s) aplicação(ões) válida(s) para o crente hoje em dia.

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Provérbios ylשm m!vl?

Autores

Salomão (1.1, 1Rs 4.32)

Agur (30.1)

Lemuel (31.1)

Data

950 a.C. - 700 a.C.

Versículos Chave

9.10 (3.5-6, 1.5-7)

Verso

“Provérbios dá o segredo da alegria: o temor do Senhor é a sabedoria.”

Propósito

Dar ao povo de Deus um guia prático e memorável de como aplicar o conhecimento de Deus (o

Temor do SENHOR) à vida diária, para aqueles que já entraram num relacionamento com Ele.

Mensagem

O plano moral de Deus para uma vida regrada (hm;k]j; - jokm>)19 precisa ser abraçado em

atitude de reverente obediência a YHWH por aqueles que aspiram a uma vida significativa como

indivíduos e como membros de uma sociedade pactual.

Contribuição para o Cânon

V O livro mais prático da Bíblia (como viver segundo a perspetiva eterna de Deus).

V Mostra o interesse que Deus tem pelos mínimos detalhes da vida (cf. 6.6-8).

V Revela como a aliança com Deus tem uma aplicação extremamente prática no dia-a-dia.

Esboço

I. Prólogo (1.1-7)

II. Provérbios aos Jovens (1.8-9.18)

III. Provérbios de Salomão - vários assuntos (10-24)

IV. Coleção de Ezequias (25-29)

V. Apêndice por Agur e Lemuel (30-31)

19 “Capacidade de viver habilidosamente”.

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Informações Interessantes / Importantes

V Provérbios dá ao leitor uma estrutura básica para a vida, isto é, o conceito que a sabedoria

(hm;k]j; - jokm>, “capacidade de viver habilidosamente”) deriva de um relacionamento

adequado com YHWH, o Deus pessoal da aliança (1.7, cf. 9.10).

V “A função dos tipos de provérbios preservados neste livro era basicamente aquela de moldar

homens e mulheres para serem membros, social e religiosamente, úteis na sociedade.”20

V Deus quer que o relacionamento com o Seu povo seja bem prático. Esse relacionamento tem

expressão em cada área das nossas vidas (cf. Levítico).

V A lei de Deus dada no Pentateuco é reforçada pela admoestação de Provérbios.

V Existem pelo menos 14 citações ou alusões a Provérbios no NT.

V O capítulo 31 contém um poema acróstico - a primeira palavra de cada versículo começa com

uma letra do alfabeto hebraico (cf. 10-31). Este é um dos mais belos capítulos da Bíblia,

elevando e louvando a posição da mulher consagrada ao SENHOR.

V A expressão “Meu filho” pode significar aluno e não necessariamente filho. É possível que

Salomão tenha dirigido uma “escola” de sábios (cf. Ec 12.9).

V Muitas vezes a perspetiva divina não se harmoniza com a lógica humana (e.g. disciplina dos

filhos) mas deve ser observada para se alcançar sucesso.

V Deus quer tornar acessível a Sua sabedoria (cf. Tg 1.5). Ele não esconde a Sua vontade - o

segredo do sucesso!

20 Idem. p.506

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Eclesiastes tlhq q)h#l#t Pregador

Autor

Salomão (cf. 1.1, 16; 1Rs 4.29-30)

Data

935 a.C.

Versículos Chave

12.13, 14

Verso

“Somente Deus converte a vaidade - Eclesiastes afirma em verdade.”

Propósito

Estimular o temor do SENHOR como a chave para uma vida significativa em um mundo que é, em

tudo o mais, desprovido de significado.

Mensagem

Todo esforço humano é desprovido de significado se a vida não for vivida como uma dádiva a ser

desfrutada sob o temor de Deus, não como um enigma a ser resolvido.

Contribuição para o Cânon

O livro que expressa a inutilidade (vaidade) e o vazio da vida sem Deus.

Esboço

I. Prólogo: Tudo é vaidade / inutilidade (1)

II. Monólogo: Vida sem sentido (1-12)

A. As provas (1.12-6.12)

B. Os conselhos (7.1-12.8)

III. Epílogo: A solução (12)

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Informações Interessantes / Importantes

V A Hermenêutica é uma disciplina fundamental para o estudo e entendimento deste livro.

V A expressão “debaixo do sol” surge 33 vezes neste livro. Indica a perspetiva terrena, a esfera

de suas observações.

V Outra expressão-chave para a interpretação de Eclesiastes é a palavra lb,h, (h#b#l), cujo

significado sugere a ideia de enigma, contendo algumas das implicações negativas de

traduções como “vaidade”, “futilidade” e “absurdo”, mas permite o desenvolvimento de um

contraponto positivo de um modo que as outras traduções citadas não permitem.

V Um dos últimos livros aceitos no cânon. Um dos menos compreendidos na Bíblia.

V Algumas tradições hebraicas colocavam o q)h#l#t entre os cinco rolos (Megilloth) empregados

em ocasiões festivas oficiais, destinando-o aos Tabernáculos. Outros agrupamentos hebraicos

associam o q)h#l#t a Provérbios e a Cânticos dos Cânticos de Salomão, como fazem nossas

versões. Os motivos são claros: as referências implícitas a Salomão em 1.1,12,16 e as

relações óbvias entre os 3 livros como exemplos de literatura de sabedoria associada ao

nome de Salomão.

V O livro mostra que a filosofia (empirismo ou racionalismo) é inútil. Só a revelação /

iluminação de Deus pode esclarecer o sentido da vida (cf. Ef 1.18, Jo 16.12,13).

V O crente deve apreciar a vida no temor do SENHOR, lembrando que a vida é breve e seguida

de julgamento (Mc 8.36).

V A vida debaixo do sol quase não vale a pena ser vivida, mas a vida acima do sol, nas regiões

celestiais, que Paulo descreve, é gloriosa! (cf. Ef 1)

V Deus criou o trabalho, a boa comida e a vida em família para serem apreciados pelo homem.

V Deus leva a sério os votos do homem. Devo pensar cuidadosamente antes de fazer qualquer

voto, e quando o fizer devo cumpri-lo (cf. 5.5).

V Os argumentos do livro não são os argumentos de Deus e sim os registos de Deus para os

argumentos do homem.

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Cântico dos Cânticos שh ryשryםי

Autor

Salomão (1.1)

Data

Entre 965 e 1000 a.C.

Versículos Chave

8.7 (6.3)

Verso

“O amor descrito em Cantares deve estar em todos os lares.”

Propósito

Exaltar o valor do amor conjugal como uma preciosa dádiva divina que deve ser obtida em

pureza e preservada com perseverança.

Mensagem

O verdadeiro amor une profunda e crescentemente aqueles que a ele se entregam em paciência,

pureza e perseverança.

Contribuição para o Cânon

Contribui para a revelação de Deus ao exaltar o tipo de amor que segue o padrão criativo de

Deus e evita aquelas distorções das quais a própria Escritura dá amplo testemunho. Num mundo

em que tais perversões praticamente se tornaram a norma, o Cântico dos Cânticos é ao mesmo

tempo contemporâneo e relevante.

Esboço

I. O verdadeiro amor como um compromisso paciente que aguarda seu legítimo

desfrute (1.2-3.5)

II. O verdadeiro amor é fisicamente consumado sob a bênção de Deus (3.6-5.1)

III. O verdadeiro amor fortalece-se por meio da resolução de conflitos e do elogio

mútuo (5.2-8.4)

IV. O verdadeiro amor origina-se em Deus e é obtido por meio de escolhas

responsáveis (8.5-12)

V. O verdadeiro amor é um desejo interminável de suprir os anseios mais profundos

do cônjuge (8.13,14)

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69

Informações Interessantes / Importantes

V Este livro era lido na festa da Páscoa dos Judeus.

V Nesta época Salomão já tinha 60 rainhas e 80 concubinas (6.8) - cf. 1Rs 11.3 (700 rainhas e

300 concubinas).

V Um livro completamente dedicado ao amor conjugal, romântico e sexual.

V Este livro foi um dos “antilegomena”, de difícil aceitação no cânon (ausência do nome de

Deus? cf. 8.6 - problema textual; assunto estranho, nenhuma citação no NT).

V Um dos livros mais difíceis de esboçar, interpretar, explicar. A identificação dos personagens

é feita geralmente pelos pronomes pessoais utilizados.

V O amor conjugal é ordenado por Deus, abençoado por Ele e precioso aos Seus olhos.

V O relacionamento entre marido e esposa deve ser íntimo e cheio de grandes expressões

físicas de amor e fidelidade um ao outro. O verdadeiro amor manifesta-se em desejo físico,

emoção forte e pensamento puro.

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70

Reis / Profetas har aybn

JUDÁ ISRAEL DATA (a.C.)

REI PROFETA DATA (a.C.)

REI PROFETA

931 Ano da morte de Salomão. A nação divide-se em dois reinos - Judá e Israel.

931 Roboão 931 Jeroboão I

913 Abias

911 Asa 909 Nadabe

886 Baasa

885 Elá

885 Zinri

Onri

873 Josafá 874 Acabe Elias (870-845 a.C.)

848 Jeorão Obadias (845 a.C.)* 853 Acazias

841 Acazias 852 Jorão Eliseu (845-798 a.C.)

841 Jeú mata os reis de ambos os reinos, apodera-se do trono de Israel e destrói o generalizado culto a Baal no reino do norte.

841 Atalia 841 Jeú

835 Joás Joel (830-825 a.C.) 814 Jeoacaz

796 Amazias 798 Jeoás

792 Azarias (Uzias) 793 Jeroboão II Jonas (785-760 a.C.)**

753 Zacarias Amós (760 a.C.)

750 Jotão 752 Salum Oséias (755-725 a.C.)

752 Menaém

734 Acaz Isaías (740-680? a.C.) 742 Pecaías

740 Peca

728 Ezequias Miquéias (737-710 a.C.) 732 Oséias

722 Os assírios destroem Samaria e exilam Israel para a Assíria. Judá é preservado devido à reforma de Ezequias e do extermínio da idolatria.

(Ezequias)

696 Manassés Naum (663-612 a.C.)**

642 Amon

640 Josias Jeremias (627-580 a.C.)

Sofonias (625 a.C.)

609 Jeoacaz Habacuque (607 a.C.)

609 Jeoaquim

597 Joaquim Daniel (606-530 a.C.)

597 Zedequias Ezequiel (592-570 a.C.)

586 Os babilónios destroem Jerusalém e exilam os judeus para a Babilónia. Em 538, a Pérsia liberta e devolve os exilados para que estes reconstruam o templo em Jerusalém.

536 Zorobabel Ageu (520 a.C.)

Zacarias (520-518 a.C.)

444 A Pérsia manda Neemias reconstruir os muros de Jerusalém e tornar-se governador.

444 Neemias Malaquias (430-400 a.C.) * Edom ** Nínive

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71

Isaías why[שy

Data

740-680 a.C.

Versículos Chave

6.1-3 (9.6-7, 53.6)

Verso

“Depois de dura condenação Isaías vê grande salvação.”

Propósito

Em primeiro lugar, servir como uma condenação judicial de Judá e das nações circunvizinhas, um

aviso solene de juízo iminente. Em segundo lugar, servir como uma mensagem de conforto

àqueles cuja experiência da ira disciplinadora de Deus os teria levado a pensar que toda

esperança futura estaria perdida. Um remanescente arrependido retornaria à Terra Prometida

para experimentar a plenitude das bênçãos pactuais sob a égide do Servo do Senhor.

Mensagem

A salvação prometida por YHWH consiste na remoção da presente ordem rebelde e no

estabelecimento de uma ordem teocêntrica sob a direção de Seu Servo, em Quem as bênçãos

universais são concretizadas.

Contribuição para o Cânon

V Apresenta com clareza a esperança da nação - o Messias de Israel.

V Apresenta a plenitude da ira e da graça de Deus.

V Prediz a nova ordem teocêntrica - o Reino de Deus na terra.

Esboço

I. Condenação (1-39)

A. Contra Judá (1-12)

B. Contra as Nações (13-23)

C. O Dia do Senhor (24-27)

D. Julgamento e Bênção (28-35)

E. Parêntesis histórico (36-39)

II. Consolação (40-66)

A. A Salvação da Nação (40-48)

B. O Salvador “Servo” (49-57)

C. O Futuro da Nação (58-66)

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72

Informações Interessantes / Importantes

V O livro de Isaías recebe seu título do nome de seu autor Why:[]v'y] (y+v^y*hW) que significa

“YHWH salva”. O título em português é a transliteração do nome hebraico.

V Isaías foi martirizado (segundo a tradição judaica) durante o reinado de Manassés (696-642

a.C.) tendo sido serrado ao meio dentro de um tronco oco (cf. Hb 11.37).

V O livro de Isaías é citado no NT mais do que qualquer outro profeta (mais de 400 citações).

V Isaías é frequentemente chamado “o profeta evangélico” por falar muito sobre a obra

redentora do Messias. Em suas páginas encontra-se mais sobre a pessoa e obra de Cristo do

que em qualquer outro livro do AT.

V O decreto de Ciro (o monarca persa) promovendo o retorno do cativeiro babilónico é predito

cerca de 200 anos antes - cf. 44.28-45.4 (41.25).

V A segunda parte do livro tem gerado muitos debates quanto à sua autoria, especialmente

devido às profecias referentes ao futuro que se cumpriram. Todavia muitas das teorias e

questões levantadas perderam a sua sustentação com a descoberta, em março de 1947, do

rolo de Isaías (que contém todo o livro) nas cavernas de Qumran, que foi datado no 2º século

a.C.

V A comunidade de Qumran preservou pelo menos cinquenta manuscritos ou fragmentos dele.

V Há quem considere este livro como que uma “miniatura” de toda a Bíblia: 39 capítulos de

“Desespero / Julgamento / Condenação” seguidos de 27 capítulos de “Libertação / Consolação

/ Esperança”.

V A Palavra do Senhor nunca voltará vazia! As Suas promessas sempre são cumpridas. (55.11)

V Deus envia mensageiros para falarem aos homens sobre o perigo no qual se encontram e

sobre o Seu desejo em ajudá-los.

V Só o governo de Deus (Teocracia) pode resolver os problemas da humanidade.

V Um princípio hermenêutico que deve nortear qualquer tentativa de captar a mensagem de

Isaías: Deve-se procurar, como sempre, conhecer a situação em que “o profeta” falou. Mas,

nesse caso, o Sitz im Leben estende-se desde o Israel do pré-exílio, à espera do terrível

julgamento do Senhor, a quem havia rejeitado, até os exilados, que precisavam saber que

sua experiência de julgamento divino fora completada e ouvir palavras de consolo.

V Eis uma razão da grandeza da profecia de Isaías: ela se coloca entre dois mundos. Fala aos

pecadores que vêem diante de si um Deus irado (1.21-26) e também aos remanescentes que

receberão salvação desse mesmo Deus (40.1ss), revelado a eles como Pai e Redentor

(63.16). Dessa perspetiva, a profecia de Isaías fala com autoridade a todas as pessoas de

todas as épocas.

V Como Israel, toda a humanidade tem pecado repetidas vezes em pensamento, palavras e

atos. Como Israel, todos necessitam de salvação. O livro de Isaías proclama que a salvação é

proporcionada pelo Deus que tem pleno controlo deste mundo com suas nações, fortes ou

fracas, e que pode revelar a seus profetas o que ocorrerá no futuro.

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73

Jeremias whymry

Autor

Jeremias (1-51)

Baruque (52, cf. 2Rs 24.18-25.30)

Data

Entre 627 e 580 a.C.

Versículos Chave

6.16, 18; 11.8 (31.33)

Verso

“Em Jeremias, rendição é o recado de Deus à nação.”

Propósito

Descrever o julgamento e a restauração do povo nos termos da antiga e nova alianças, para

encorajar os cativos a serem fiéis ao Senhor.

Mensagem

O intenso julgamento de YHWH contra a infidelidade nacional à aliança é o prólogo necessário

para o Seu programa de estender a plenitude da bênção ao remanescente de Israel cuja

restauração Ele mesmo garante.

Contribuição para o Cânon

V Revela o fim da paciência de Deus com o pecado do Seu povo.

V Prediz a nova aliança.

V Prediz a restauração do povo na terra depois do cativeiro de 70 anos.

Esboço

I. A chamada de Jeremias (1)

II. Profecias contra Judá (2-45)

A. Condenação da nação (2-25)

B. Conflitos do profeta (26-29)

C. Consolação da nação (30-33)

D. Queda da nação (34-45)

III. Profecias contra as nações (46-51)

IV. A queda de Jerusalém (52)

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74

REIS E DATAS EVENTOS PRINCIPAIS PALAVRAS DE JEREMIAS

Josias (640-609)

Jeremias é chamado (627)

Caps. 1-6 Queda de Nínive (612)

Morte de Josias (609)

Jeoacaz (609) Suserania egípcia

Jeoaquim (609-597)

Batalha de Carquêmis (606) 7.1-13.17

Cerco de Jerusalém (606) 13.20-20.18

Primeira deportação (606) 25-26; 35-36; 45-49

Joaquim (597) Cerco de Jerusalém 13.18, 19

Segunda deportação Caps. 22 e 23

Zedequias (597-586)

Cerco de Jerusalém 21; 24; 27-34

Auxílio egípcio (587) 37-39; 46.13-28

Queda de Jerusalém 50-52

Gedalias (586-?)

Gedalias é assassinado 40-44

Fuga para o Egito

Deportação extra (582)

O Egito é conquistado (568)

O livro é editado (?)

Joaquim é honrado (560) 52

Informações Interessantes / Importantes

V O nome Why:m]r]yI (y!rm=y*hW) Jeremias significa “YHWH exalta” ou “YHWH funda, estabelece”.

V Foi uma pessoa sensível (14.17), franca (15.17, 18), moralmente zelosa (cap. 5) e corajosa

(cf. seus vários encontros com a morte: 20.1-6; 26.11-24 e 38.6-13). Foi contemporâneo de

Sofonias, Habacuque, Daniel e Ezequiel.

V Jeremias e Lamentações são considerados como um só livro em algumas versões antigas.

V A ordem dos capítulos em Jeremias é mais temática do que cronológica.

V Jeremias predisse a duração de 70 anos para o cativeiro (cf. 25.9-11). Daniel leu a profecia,

buscou a Deus e recebeu resposta (cf. Dn 9.2, 3).

V O livro foi escrito tendo como “pano de fundo” a competição entre 3 grandes nações: Assíria,

Egito e Babilónia.

V Quando Deus concebe acontecimentos importantes, em geral envia alguém para interpretá-

los. Ao longo de 4 décadas turbulentas, Jeremias declarou a palavra de Deus igualmente ao

rei e ao povo, com alto custo pessoal. Seu livro relata sua vida e sua mensagem e apresenta

o paradigma para toda a profecia verdadeira.

V Se a obediência total ao Senhor da graça da aliança é a lição principal das Escrituras,

ninguém, no AT, a ensinou melhor que Jeremias.

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75

Lamentações hkya a?k> ”Quão / Oh”

Autor

Jeremias (cf. 2Cr 35.25; estilo semelhante ao seu livro; testemunha da destruição da cidade; de

acordo com a tradição.)

Data

586 a.C.

Versículos Chave

2.5 (3.22, 23; 1.1)

Verso

“Lamentações chora pela cidade, destruída por sua iniquidade.”

Propósito

Expressar angústia nacional por uma tragédia cujas proporções a mente ocidental moderna não

pode sequer começar a compreender. Demonstrar que a destruição de Jerusalém pelos caldeus

não foi um capricho do destino, ou um mau cálculo divino, mas o resultado de um pecado

completo e descarado contra YHWH e a aliança que Ele estabelecera com Seu povo.

Mensagem

A profunda aflição em virtude da merecida destruição da impenitente Judá encontra expressão no

profundo lamento e na esperançosa petição do profeta pela restauração de Jerusalém,

fundamentada na fidelidade e soberania de YHWH.

Contribuição para o Cânon

V Lembra a fidelidade de Deus nas maiores dificuldades.

V Demonstra que Deus é justo no castigo do pecado.

V Mostra com exatidão as consequências da desobediência à aliança, profetizadas no

Pentateuco.

Esboço

I. Miséria - Destruição de Jerusalém (1)

II. Pecado - A Ira do Senhor (2)

III. Consolação - Esperança (3)

IV. Queda - O cerco à cidade (4)

V. Oração - Pedido por restauração (5)

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Informações Interessantes / Importantes

V O título hebraico hk;ya (a?k>) que significa Quão ou Oh é uma interjeição que indica espanto,

perplexidade e/ou tristeza. O título em português descreve com precisão o conteúdo.

V Nascido de uma calamidade, este pequeno livro vem, há mais de 25 séculos, expressando de

maneira pungente as angústias do povo de Deus em tempos de sofrimento.

V Os cinco capítulos contêm lamentações de Judá, que chora a destruição sofrida por Jerusalém

e seu templo (586 a.C.). As narrativas históricas de 2Rs 25 e Jr 52 dão os factos; os cinco

poemas de Lamentações captam as emoções.

V A causa da destruição da cidade: Rebeldia contra Deus e a sua aliança (1.5, 8, 9, 4.13, 5.7, 16).

V Lido pelos judeus no dia 9 do 4º mês (Tamuz: Junho/Julho) - o dia da destruição da cidade de

Jerusalém (52.6, 7).

V Algumas evidências de destruição na cidade:

o Massacre dos reis (2.6, 9; 4.20), príncipes (1.6; 2.2, 9; 4.7, 8; 5.12), presbíteros

(1.19; 2.10; 4.16; 5.12), sacerdotes (1.4, 19; 2.6, 20; 4.16), profetas (2.9, 20) e

cidadãos comuns (2.10-12; 3.48; 4.6).

o Canibalismo (2.20; 4.10)

o Deportação (1.3, 18)

o O fim do centro religioso do culto da nação (1.4, 10).

V Cada capítulo do livro é um poema e os capítulos 1-4 na Bíblia hebraica têm a forma

acróstica. O acróstico é um recurso poético em que linhas ou estrofes sucessivas começam

com letras que, lidas de alto a baixo, apresentam um padrão. A Bíblia hebraica apresenta

acrósticos alfabéticos em que linhas ou estâncias sucessivas começam com letras hebraicas

consecutivas (ex. Sl 25, 34, 37; Pv 31.10-31).

V Possíveis razões para escrever em acróstico?

o Descrever a grandeza do sofrimento (t-a)(A-Z)

o Limitar a expressão do sofrimento (t-a)(A-Z)

o Ajudar na memorização

V Devemos nos arrepender dos pecados pessoais, nacionais e mundiais.

V A fidelidade do Senhor é grande, a Sua misericórdia não tem fim (3.22, 23).

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Ezequiel laqzjy

Data

592-570 a.C.

Versículos Chave

36.33-35 (3.17-19, 39.23-29)

Verso

“Em Ezequiel lemos que o povo exilado um dia será restaurado.”

Propósito

Demonstrar à nação exilada que a glória de YHWH não fora de nenhuma maneira ameaçada pela

captura e destruição de Jerusalém e do Templo, mas que tais eventos eram parte do plano de

YHWH para revelar Sua glória não só ao Seu povo, mas para todas as nações, enquanto Ele

julgava o pecado em Israel e além.

Mensagem

A manifestação universal da glória de YHWH virá quando Jerusalém for humilhada com destruição

e cativeiro, e depois restaurada como habitação da glória de YHWH quando Ele obtiver a vitória

máxima contra Seus inimigos e julgar o pecado de todas as nações.

Contribuição para o Cânon

V Revela a grandeza e a glória do Soberano Rei e Sua santidade.

V Demonstra como Deus se afasta do pecado, mas também como providencia uma solução.

V Traça a história do povo de Deus desde o cativeiro até à consumação da sua redenção.

Esboço

I. Julgamento (1-32)

A. Comissão (1-3)

B. Jerusalém (4-24)

C. Nações (25-32)

II. Restauração (33-48)

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Informações Interessantes / Importantes

V O livro toma o seu título do nome de seu personagem principal, um sacerdote chamado

Ezequiel laqez]j,y] (y=j#zq@al). O nome do autor significa YHWH fortalece, que vem a calhar

com a espinhosa missão para a qual o profeta fora comissionado; a garantia de que a nação

no exílio se oporia amargamente ao seu ministério exigia o constante fortalecimento de

YHWH.

V A expressão “saberão que eu sou o Senhor” aparece cerca de 65 vezes!

V A expressão “Filho do homem” aparece aproximadamente 90 vezes e enfatiza o facto de que

ele é meramente um mensageiro do Soberano do Universo, que planeou todos os eventos

que acontecerão, os quais ninguém pode impedir que se cumpram.

V Foi durante este período que, provavelmente, surgiu a sinagoga. Também foi nesta época que

o povo finalmente abandonou a idolatria.

V Jerusalém foi sitiada em 588 a.C. e caiu em Julho de 586 a.C. No dia 14 de Agosto de 586

a.C., toda a cidade e o templo foram queimados.

V Mais do que qualquer outro profeta Ezequiel envolveu-se pessoalmente nas suas profecias:

o 4.1-3 (tijolo - sítio) o 4.4-8 (deitar lado direito / esquerdo - sítio / julgamento) o 4.9-14 (comida imunda - exílio) o 5.1-4 (cabelos - destruição) o 12.3-14 (bagagem / buraco na parede - sítio / exílio) o 12.17-20 (comer pão / beber água a tremer - sítio) o 21.6-17 (suspiro / espada - exílio / destruição) o 21.18-23 (placa / sinal - invasão) o 24.15-24 (morte da esposa - invasão / morte) o 36.22-36 / 37.1-14 (ossos secos - restauração) o 37.15-17 (pau - restauração da nação)

V Daniel (embora companheiro) recebe, por 3 vezes, menção especial no livro de Ezequiel

(14.14, 20, 28.3).

V A visão da saída da glória do Senhor em preparo para o julgamento (cf. 9.3, 10.3,4,18,19,

11.22-25).

V A visão da volta da glória do Senhor (43.2-5, 10, 44.4).

V “Saberão as nações que os da casa de Israel, por causa da sua iniquidade, foram levados

para o exílio, porque agiram perfidamente contra mim, e eu escondi deles o rosto, e os

entreguei nas mãos de seus adversários, e todos eles caíram à espada. Segundo a sua

imundícia e as suas transgressões, assim me houve com eles e escondi deles o rosto.

Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Agora, tornarei a mudar a sorte de Jacó e me

compadecerei de toda a casa de Israel; terei zelo pelo meu santo nome.” (39.23-25)

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Daniel laynd

Data

606-530 a.C.

Versículos Chave

4.34, 35 (2.20-22, 44, 1.20)

Verso

“Daniel aponta ao Deus soberano, com reis e tempo no Seu plano”

Propósito

Estimular esperança na restauração futura de Israel demonstrando como YHWH está

concretizando Seus objetivos para a nação por meio de impérios humanos até que o reino divino

seja estabelecido.

Mensagem

A soberania divina sobre a História garante a sobrevivência de Israel como nação durante o

tempo em que, por meio das nações gentílicas, YHWH purifica Seu povo e prepara Israel para

sua gloriosa redenção na vinda e no reinado do Filho do Homem.

Contribuição para o Cânon

V Mostra a exatidão da profecia na palavra de Deus.

V Revela a história do tempo dos gentios.

V Essencial para a interpretação do livro de Apocalipse.

Esboço

I. Contexto histórico de Daniel e seu ministério (1)

II. As intervenções soberanas de Deus na história gentílica (2-7)

III. As intervenções soberanas de Deus na história israelita (8-12)

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Informações Interessantes / Importantes

V O título deste livro, em hebraico, grego e nas línguas ocidentais é o mesmo, Daniel laeYID; (D`n!yy@al) “Deus é meu juiz”, o personagem principal do livro.

V O seu nome babilónico Beltessazar significa “Bel protege sua vida”.

V O autor e personagem principal do livro foi um israelita de nobre nascimento (1.3, 6),

intelectual e fisicamente acima da média (1.4), provavelmente ainda adolescente por ocasião

de seu exílio na Babilónia (606 a.C.), uma vez que ainda estava vivo no terceiro ano de Ciro

(como rei na Babilónia) em 536 a.C.

V A estrutura do livro pode ser vista de ângulos diferentes. Literariamente, os caps. 1-6 são

narrativas relacionadas às atividades de Daniel na Babilónia durante o império neobabilónico

e o estabelecimento da Medo-Pérsia como o poder dominante no Oriente Médio. Os capítulos

7-12 relatam as visões de Daniel sobre Israel e o estabelecimento do reino divino. Na

primeira divisão, Daniel interpreta os sonhos de outras pessoas; na segunda, os anjos

interpretam suas visões.

V Linguisticamente, o livro oferece uma introdução em hebraico (1.1-2.3), seguida por uma

divisão em aramaico (2.4-7.28), e uma divisão final em hebraico (8.1-12.13). Isso parece

correlacionar-se às ênfases em questões gentílicas (caps. 2-7) e história israelita (8-12).

V Embora o capítulo 7 tenha sido apontado como uma passagem de transição, uma vez que

contém tanto história gentílica quanto história israelita (com atenção especial à sua

consumação), é parte integral de um arranjo quiástico que pode ser assim representado:

Capítulo 2 Quatro impérios mundiais; pedra; reino

Capítulo 3 O ato de arrogância de Nabucodonosor e o triunfo de YHWH ao vindicar Seus servos leais.

Capítulo 4 A vindicação definitiva de YHWH como o Soberano da história na vida de Nabucodonosor.

Capítulo 5 A vindicação definitiva de YHWH como o Soberano da história na vida de Belsazar.

Capítulo 6 O ato de arrogância de Dario e o triunfo de YHWH ao vindicar Seu servo leal.

Capítulo 7 Quatro impérios mundiais; Filho do Homem; reino.

V As conquistas de Alexandre (o grande) e a divisão do império são profetizadas (11.3, 4).

V As guerras entre os Selêucidas e os Ptolomeus são descritas (11.5-20). o Ptolomeu I e Seleuco Nicator (11.5)

o Ptolomeu II e Antíoco I (11.6)

o Ptolomeu III (11.7, 8)

o Seleuco II (11.9)

o Seleuco III (11.10)

o Ptolomeu IV (11.11, 12, 14, 15)

o Antíoco III (11.10, 11, 13, 15-19)

o Seleuco IV (11.20)

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V Daniel foi mencionado por Ezequiel por ser sábio e justo (Ez 14.14, 20, 28.3).

V Um dos poucos homens de quem não há registo de imperfeição.

V 9 dos 12 capítulos descrevem sonhos / visões.

V Cronologia do livro:

1, 2, 3, 4 7, 8, 5 9, 6, 10-12

Nabucodonosor Belsazar Dario / Ciro

V Daniel conhecia a profecia de Jeremias sobre os 70 anos de cativeiro (Jr 25.12, 29.10; cf. Dn

9.2, 3).

V Foi cativo na primeira deportação (606 a.C.).

V O sonho de Nabucodonosor predisse 4 reinos: Babilónia, Medo-Persa, Grécia e Roma. O 5º (a

Pedra - o Reino de Deus) “já chegou mas ainda não”!

V 70 semanas (Cap.9): o “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete

semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos

angustiosos.” (v. 25)

o Cálculo da profecia: [(7+62)x7x360] = 173.880 (7 anos + 62 anos = 69 anos lunares x 7 anos (1

semana) = 483 anos x 360 dias (1 ano lunar) = 173.880 dias / 365 dias (1 anos solar) = 476 anos, a

partir de 444/5 a.C. quando Artaxerxes Longimanus emitiu a ordem (Ne 2.5-9). Anteriormente, Ciro

autorizara a reconstrução do templo (538 a.C.; 2Cr 36.22-23; Ed 1.1-4). As praças e as circunvalações

foram reedificadas ao cumprir-se as primeiras sete semanas (49 anos a partir do decreto).

o De 444 a.C. até 33 d.C. = 476 anos solares (nosso calendário) … chegamos ao dia 30 de Março (03) de

3321 (Nisã 10 - 33 A.D.) dia em que o cordeiro era separado (Ex 12.3) para ser sacrificado - Daniel

profetizou a Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Lc 19).

V Tentativas de estabelecer detalhes históricos ou de determinar épocas e estações podem, de

facto, diminuir a capacidade do livro anunciar uma mensagem eterna no tempo intermediário.

Ainda que essa mensagem seja buscada em primeiro lugar, não é necessário que se percam

os detalhes, pois eles se tornarão mais claros com a aproximação do tempo do fim. É

altamente desejável um interesse sadio pela apocalíptica bíblica, um interesse que procure

primeiro distinguir a Palavra falada pelo Espírito, especialmente em períodos conturbados.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”. (Ap 3.22)22

V Nós oramos para que o Senhor aja (Mt 9.38) e também para percebê-Lo a agir (Dn 9.3).

V “Daniel foi para sua casa, para o seu quarto… e ali fez o que costumava fazer: 3 vezes por

dia ele se ajoelhava e orava…” (6.10)

V “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído;

este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele

mesmo subsistirá para sempre…” (2.44)

21 Na segunda-feira e não no “Domingo de ramos”!? 22 LASOR, William S. HUBBARD, David A. BUSH Frederic W. Introdução ao AT. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 634

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Profetas Menores

PROFETA DATA CARÁTER DE DEUS MENSAGEM DA ALIANÇA

I. Antes do Cativeiro do Norte - Assíria (722 a.C.)

Oséias 755 Amor Aliança violada por Israel

Joel 830 Julgamento Aviso a Judá do julgamento devido ao pecado

Amós 760 Justiça Aviso a Israel do julgamento

Obadias 845 Vingança Advertência a Judá acerca da proteção da aliança

Jonas 785 Misericórdia Censura a Israel pelo egoísmo da nação

Miquéias 737 Perdão para o mundo Censura a Judá pelas injustiças sociais

II. Antes do Cativeiro do Sul - Babilónia (606 - 586 a.C.)

Naum 663 Zelo Terror de Deus sobre os atacantes de Judá

Habacuque 607 Santidade Uso divino de estrangeiros para a disciplina

Sofonias 625 Indignação Cumprimento da aliança no dia do Senhor

III. Depois do regresso do Cativeiro na Babilónia (536 - 425 a.C.)

Ageu 520 Glória Glória verdadeira na presença de Deus

Zacarias 520 Livramento Cumprimento da aliança através do Messias

Malaquias 430 Grandeza Obrigações da aliança até que o Messias venha

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Oséias whש]

Data

760-730 a.C.

Versículos Chave

1.2, 4.1 (4.6)

Verso

“Oséias demonstra de um Deus leal, por Israel amor real.”

Propósito

Revelar a amorosa fidelidade de Deus para com o Seu povo (Israel / norte) apesar da sua

“prostituição espiritual” e motivar ou encorajar uma nação que seria restaurada depois de severa

punição.

Mensagem

O amor leal de YHWH por Israel, Seu povo da aliança, garante sua sobrevivência e futura

restauração apesar dos julgamentos devastadores exigidos por sua infidelidade espiritual.

Contribuição para o Cânon

V Revela a tristeza de Deus quando Seu povo dá a vida a outros deuses.

V Revela a base do castigo do reino do norte - Israel.

V Revela a identidade do país que iria destruir a nação - Assíria (7.11, 8.9, 10.6, 11.11).

Esboço

I. Ilustração pessoal: Oséias / Gomer (1-3)

II. Aplicação Nacional: YHWH / Israel (4-14)

A. O pecado de Israel (4-8)

B. A punição futura de Israel (9-11)

C. O arrependimento de Israel e a restauração (12-14)

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Informações Interessantes / Importantes

V Os nomes Oséias, Josué e Jesus vêm da mesma raiz hebraica que significa “salvação” ou

“YHWH é Salvação”.

V Oséias é conhecido como o “profeta do amor divino”.

V “Efraim”, a maior tribo no norte, várias vezes significa “Israel” no texto bíblico (5.3,5,11,13).

V Oséias esteve para o reino do norte (Israel) como Jeremias esteve para o reino do sul (Judá)

profetizando imediatamente antes do exílio.

V Deus usa a vida do profeta para ilustrar a sua mensagem (cf. Isaías, Jeremias e Ezequiel).

V O livro de Oséias foi escolhido para encabeçar a coletânea dos Profetas Menores, todos

escritos num único rolo - o livro dos Doze. Oséias estava entre os mais antigos dos profetas

escritores, e seu livro, a mais longa das obras proféticas do pré-exílio, contém os temas

proféticos da destruição e da esperança.

V Oséias foi contemporâneo de Isaías, Miquéias (Judá) e Amós (Israel).

V Os filhos de Oséias:

o Jezreel la[,r]z]yI (y!zr=u#al) “Deus espalha” (s.m. - o povo do norte seria espalhado) o LoRuhamah hm;j;ru aOl (Oa r%j*m>) “Desfavorecida” (s.f. - julgamento está perto) o LoAmmi yMi[' aOl (Oa u^M!) “não meu povo” (s.f. - a rejeição do povo)

V Citações / Alusões:

o 1.10 (Rm 9.25-27, 2Co 6.18) o 2.23 (Rm 9.25-26, 1Pe 2.10) o 6.6 (Mt 9.13, 12.7) o 10.8 (Lc 23.30, Ap 6.16) o 11.1 (Mt 2.14-15) o 13.14 (1Co 15.55) o 14.2 (Hb 13.15)

V Durante o reinado de Jeroboão II, a nação gozou de muita prosperidade. Não poucas vezes a

prosperidade nos faz esquecer de Deus (Pv 30.9).

V A nossa confiança deve estar no Senhor e não em políticos, governos ou países (7.11).

V Amor verdadeiro é invencível, mas sofre quando existe pecado.

V Repetidas vezes Oséias atribui os problemas espirituais e morais à falta de conhecimento de

Deus (4.1ss, v.6, 5.4, 6.6). O conhecimento de Deus não é somente saber acerca Dele; é ter

o devido relacionamento com Ele em amor e obediência. Israel não precisava de mais

informação acerca de Deus, mas de um desejo intenso de estar em comunhão com Ele. No

AT, conhecer é viver em relacionamento íntimo com algo ou alguém, um relacionamento

chamado comunhão.

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85

Joel lawy

Data

830-825 a.C.

Versículo Chave

2.13

Verso

“Como gafanhotos e seca causam temor, Joel vê castigo no Dia do Senhor.”

Propósito

Promover arrependimento nacional e fé em YHWH como o Deus que julgará cosmicamente a

humanidade de modo a trazer as bênçãos de que Israel é recetor e canal.

Mensagem

O julgamento histórico contra um povo espiritualmente insensível anuncia um julgamento

cósmico por meio do qual o remanescente de Israel receberá as bênçãos prometidas e as

canalizará para todo o mundo.

Contribuição para o Cânon

Revela muito sobre o caráter do grande “Dia do Senhor”.

Esboço

I. A previsão do Dia do Senhor (1.1-2.17)

A. O julgamento (1.1-2.11)

B. A chamada ao arrependimento (2.12-17)

II. As bênçãos prometidas (2.18-3.21)

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Informações Interessantes / Importantes

V Joel laewyO (y)a@l), cujo nome é uma genuína profissão de fé israelita (significa “YHWH é

Deus”), oferece pouca informação sobre si mesmo. Ele é o filho de um desconhecido chamado

Petuel (1.1)

V É um dos primeiros livros proféticos.

V A praga de gafanhotos é uma das piores calamidades que pode sobrevir a uma comunidade

agrícola. Foi seguida por uma seca desastrosa.

V 2 aspetos do Dia do Senhor: Julgamento e Restauração.

V Dia do Senhor:

o Is 2.12, 17-20, 3.7-18, 4.1-2, 13.6-9

o Jr 46.10

o Ez 13.5, 30.3

o Am 5.18

o Sf 1.7, 14ss

o Ml 4.5

o 1Co 5.5

o 1Ts 3.2

o 2Ts 2.2

o 2Pe 3.10

V A profecia do derramamento do Espírito Santo (2.28-32) tem, muito provavelmente, 2

cumprimentos - em At 2.16-21 e no “Dia do Senhor” no fim do “tempo dos gentios”.

V O retrato que Joel faz do futuro promissor de Israel contém um elemento de responsabilidade

bem como de privilégio. O derramamento do Espírito de Deus sobre o povo imporá ao

remanescente redimido as pesadas obrigações do ofício profético. Ninguém estará imune -

jovem ou velho, escravo ou livre, homem ou mulher (2.28ss).

V O Dia ainda não chegou (2Ts 2.2, 2Pe 3.10).

V Deus tem todos os eventos, todas as nações e todos os povos do universo sob o Seu controlo.

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87

Amós swm[

Data

760 a.C.

Versículo Chave

4.12

Verso

“Amós prevê a calamidade mandada por Deus contra a falsidade.”

Propósito

Revelar o julgamento de Deus contra a hipocrisia do povo de Israel e sua desobediência à aliança

e para o encorajar à fidelidade à aliança tendo em vista a restauração da nação.

Mensagem

A indiferença complacente de Israel para com as exigências morais da aliança mosaica torna sua

religião abominável e faz inevitável seu julgamento pelo Deus que inspeciona os pecados das

nações, mas soberanamente promete restaurar para Seu povo as bênçãos da aliança davídica.

Contribuição para o Cânon

Mostra como a fidelidade de Deus às promessas da aliança exige seu julgamento da infidelidade

de Israel.

Esboço

I. 8 profecias contra as nações - “Por 3 transgressões… e ainda por 4…” (1-2)

II. 3 sermões - “Ouçam esta palavra…” (3-6)

III. 5 visões - gafanhotos, fogo, prumo, cesta de frutas maduras, destruição do

altar (7-9.10)

IV. 5 promessas - restauração (9.11-15)

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88

Informações Interessantes / Importantes

V Amós, cujo nome hebraico swOm[; (u*mos) se relaciona com o verbo sm'[; (u*m^s), que significa

“carregar”, fornece a seus leitores informação substancial sobre si mesmo:

o Residia em Tecoa, uma cidade localizada a 8 km ao sul de Belém. o Não fora treinado para ser profeta, nem pertencia à linhagem sacerdotal (7.14,15). o Sua ocupação era a procriação de carneiros (a inusitada palavra hebraica dqenO

(n)q@d) é usada para descrever a sua atividade [1.1], em vez de h[erO (r)u@h), comummente usada para pastor; cf. a descrição de Messa, rei de Moabe, em 2Rs 3.4).

o Ele também plantava sicómoros, um tipo de figo silvestre (cf. 7.14), como ocupação alternativa.

o Amós era um homem simples, como se evidencia pelo seu vocabulário comum e suas figuras de linguagem derivadas da vida rural. Todavia, ele era bem versado na lei e história de Israel, e seus escritos, apesar de não estarem à altura de um Isaías, por exemplo, são vigorosos e atraentes.23

V Nas profecias contra as nações, Amós começa no norte, passa para oeste, depois sul, leste,

Judá e finalmente Israel.

V Citações no NT:

o 4.11 - Rm 9.29 o 5.25-27 - At 7.42-43 o 8.9 - Mt 24.29 o 9.11,12 - At 5.16-18

V Amós e a Lei (Pentateuco):

o 2.7 - Dt 23.17, 18 o 2.8 - Ex 22.26 o 2.12 - Nm 6.1-21 o 4.4 - Dt 14.28, 26.12 o 4.5 - Lv 2.11, 7.13

V Os antigos profetas proclamavam as palavras de YHWH em contínuo conflito com os

governantes, sacerdotes e outros que não davam ouvidos a seus pronunciamentos (7.12ss).

V Amós profetizou em Betel, um dos centros religiosos da idolatria do norte e também a

residência do rei (7.10-13).

V Como Oséias, Amós ataca a horrível infidelidade de Israel contra YHWH. Enquanto Oséias

critica severamente a nação por sua idolatria, Amós focaliza os problemas éticos e sociais

causados pelo sincretismo religioso de Israel.

V Na condenação das nações, a expressão “e ainda mais por 4…” representa a gota de água

que fez transbordar o cálice (1,2).

V Prosperidade material não implica, necessariamente, em saúde espiritual, nem vice-versa.

V Deus despreza a “religiosidade” (hipocrisia) mas atenta para a retidão e para a justiça (5.21-

24).

V Aquele que vive sob uma revelação maior tem maior responsabilidade (cap. 6).

23 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2006. p.715

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89

Obadias hydb[

Data

845 a.C.

Versículo Chave

18 (21)

Verso

“Em Obadias o julgamento é dado: o fim de Edom está decretado.”

Propósito

Revelar o julgamento contra Edom por seu extremado orgulho e violência contra Judá e lembrar

o povo da sua importância conforme a aliança abraâmica.

Mensagem

O julgamento de Deus contra Edom por seu orgulho extremo e violência injustificada contra Judá

é necessário para o cumprimento das promessas divinas a Jacó e Davi.

Contribuição para o Cânon

Mostra a fidelidade de Deus aos termos da aliança abraâmica, especialmente o lugar especial da

nação de Israel no Seu plano.

Esboço

I. Julgamento de Edom (1-18)

A. Profecias de julgamento (1-9)

B. Razões pelo julgamento (10-14)

C. Punição de Edom (15-18)

II. Restauração de Israel (19-21)

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Informações Interessantes / Importantes

V Obadias, cujo nome hebraico é hy:d]b'[o (uob^dy>) significa “servo de YHWH” ou “adorador de

YHWH”.

V A data é uma das questões mais debatidas sobre este livro, contudo existe uma relação do

livro de Obadias com uma batalha contra Jerusalém na qual os edomitas estiveram

associados (vv. 11-14). Portanto, há uma inclinação para relacioná-lo aos sofrimentos do

tempo de Jeorão, quando Jerusalém foi atacada pelos exércitos combinados dos filisteus,

vindos do Oeste, e árabes, vindos do Leste. Forças edomitas podem ter se juntado mais tarde

à luta (apesar de não termos registo de sua presença contra Jerusalém). O facto de ter

havido uma rebelião nessa época torna essa ocasião preferível ao tempo de Acaz, quando

nenhum ataque a Jerusalém é registado. A frase “Pois de novo os edomeus, tendo invadido

Judá…” em 2Cr 28.17 (com relação ao reinado de Acaz), encontraria explicação natural se um

primeiro ataque tivesse ocorrido 100 anos antes, no reinado de Jeorão.

V O menor livro do AT. Talvez o primeiro livro profético.

V Obadias é, de certa forma, um microcosmo da visão e conteúdo proféticos do AT. Ele extrai

elementos das promessas abraâmica24 e davídica para pintar seu sucinto, porém vívido,

quadro da justiça divina em ação.

V A aliança abraâmica garante a maldição dos que amaldiçoarem Israel.

V A nação de Edom surgiu de Esaú (v.6) irmão gémeo de Jacó (Israel). Esperava-se um

tratamento melhor (vv. 10-14) [cf. Nm 20.14-21].

V O Amor nunca se alegra com a injustiça (v.12, cf. 1Co 13.6).

V A sabedoria dos edomitas era proverbial (cf. Jr 49.7). A mensagem contra Edom era em parte

a condenação de sua sabedoria (v.8) e de seu orgulho (v.3). Será possível que não nos seja

importante ouvir isso hoje, quando o humanismo secular, no orgulho e na altivez de suas

realizações, ameaça colocar-se contra a Palavra de Deus?

V As pessoas ainda sofrem com as injustiças deste mundo e anseiam por um dia em que tudo

será “como deve ser”. A intervenção humana, por mais importante que seja, não é a resposta

final para essa sede de justiça. Entretanto, ouvir o Deus que promete que esse dia virá é

crucial. E quando isso acontecer, todos de facto conhecerão Aquele que conserta todos os

erros, restaura as posses justas (v.19ss) e faz Sua vontade na terra assim como ela é feita no

céu.25

24 Gn 12.1-3 25 LASOR, William S. HUBBARD, David A. BUSH Frederic W. Introdução ao AT. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 406

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Jonas hnwy

Data

785-760 a.C.

Versículo Chave

4.2 (3.2)

Verso

“Depois da primeira e segunda comissão, Jonas se curva à divina compaixão.”

Propósito

Relembrar o povo de Israel da sua responsabilidade de ser uma bênção para o mundo inteiro (Gn

12.1-3).

Mensagem

A soberania de YHWH em conceder salvação, apesar da atitude de Seu servo, deve motivar

obediência humilde e interesse amoroso pela humanidade.

Contribuição para o Cânon

V Mostra o amor de Deus pelo mundo inteiro.

V Profetiza o resultado da iniquidade e idolatria.

V Revela a fidelidade de Deus à aliança abraâmica.

Esboço

I. A primeira comissão (1-2)

A. Chamada e Resposta (1)

B. Oração (2)

II. A segunda comissão (3-4)

A. Chamada e Resposta (3)

B. Reclamação e Repreensão (4)

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Informações Interessantes / Importantes

V Jonas, de forma distinta de alguns profetas não se encontra num vácuo histórico. Seu tempo

de vida e ministério estão marcadamente determinados por uma menção específica em 2Rs

14.25, o que posiciona sua vida e ministério no reinado de Jeroboão II (793-753 a.C.). Isto o

torna contemporâneo de Oséias e Amós.

V Seu nome hebraico, hn:wyo (yon>) significa “pomba”, e ele era nativo de Gate-Hefer, um

vilarejo na tribo de Zebulom, atual Galiléia.

V É o livro mais biográfico dos profetas.

V É possível que 2 pragas (765, 759 a.C.) e 1 eclipse solar (763 a.C.), eventos considerados

pelos antigos como indícios de juízo divino, tenham preparado o povo da Assíria para receber

a mensagem do profeta.

V A historicidade deste livro está intimamente ligada à veracidade do ministério de Jesus (cf. Mt

12.39-41).

V Ironia:

o Todos obedecem a Deus, menos Seu próprio profeta (1.3).

o Os marinheiros estão a orar enquanto o profeta de Deus está a dormir (1.5).

o Jonas tenta fugir da presença do Deus que ele acredita ser o criador do céu e da

terra (1.9).

o O profeta fica chateado quando o povo acredita na sua mensagem (4.1).

V Por vezes, Deus dá uma outra chance ao crente que “pisou na bola”.

V Assíria - o país mais cruel da época; Israel, gozava de muita prosperidade, mas fechado em /

para si mesmo e com uma visão limitada em termos de sua responsabilidade para com o

mundo.

V O livro demonstra que o Deus dos hebreus preocupa-se com todo o mundo.

V Da perspetiva da teologia da criação (1.9), o livro instiga uma visão equilibrada das nações e

de seu destino. Aqui começa João 3.16: “Deus ama muito o mundo”.

V Mudando de Ideia:

“E foi Jonas batendo os pés

para o seu posto à sombra

e esperou que Deus

mudasse de ideia,

pensasse como ele.

E continua Deus ainda esperando

que uma hoste de Jonas

mude de ideia,

ame como ele.”26

26 T. J. Carlisle in LASOR, William S. HUBBARD, David A. BUSH Frederic W. Introdução ao AT. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 422

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Miquéias hkym

Data

737-710 a.C.

Versículo Chave

6.8 (6.2) “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes

humildemente com o teu Deus.”

Verso

“Miquéias exorta a sua comunidade - a troca do mal por equidade.”

Propósito

Encorajar o povo a aplicar os princípios da aliança à sua vida diária porque, apesar do julgamento

contra a injustiça, ele seria restaurado no reino com um Rei (Messias).

Mensagem

O juízo divino contra a opressão e a idolatria nutridas por falsos líderes será contrabalançado

pela manifestação do Messias como Líder e Pastor de Israel, bem como Juiz e Benfeitor das

nações.

Contribuição para o Cânon

Mostra a relação entre fé e preocupações sociais.

Esboço

I. Julgamento (1-3)

A. Contra o povo (1-2)

B. Contra a liderança (3)

II. Restauração (4-5)

A. Reino / Cativeiro (4)

B. Rei (5)

III. Chamada ao arrependimento (6-7)

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Informações Interessantes / Importantes

V Como alguns outros profetas, Miquéias é praticamente desconhecido, exceto por pequenos

detalhes dados pela própria profecia. Seu nome hebraico, hk;ymi (m!k>) é uma versão

abreviada de Why]k;ymi (m!k*y=hW), “Quem é como YHWH?”, um nome dado também a um

profeta não-escritor do século 9 a.C. (cf. 2Cr 18.1-27).

V Como o nome de seu pai não é mencionado, parece razoável concluir que ele era um homem

de origem humilde (William S. LaSor, David A. Hubbard e Frederic W. Bush, Introdução ao

AT, p. 293, sugerem que Miquéias não era profeta por “profissão”, e que talvez fosse um

camponês ou pequeno proprietário); isto de certo modo transpira em sua preocupação pela

plebe muito explorada de Israel, sujeita a grande miséria por uma nobreza sem escrúpulos.

V Apesar de sua origem humilde, Miquéias certamente influenciou sua sociedade, como

Jeremias 26.17-19 deixa claro, creditando-o com pelo menos parte da responsabilidade pelo

reavivamento que aconteceu no reinado de Ezequias.

V A acusação divina torna-se específica em 6.9-16. As práticas da violência, do engano e das

fraudes nos negócios são gritantes. Isso trará desolação e destruição à terra. A referência a

Onri e a Acabe indica que os mesmos tipos de corrupção que destruíram o reino do norte

agora se disseminam por Judá.

V Os escribas do começo do primeiro século bem sabiam que o lugar onde haveria de nascer o

novo Rei era Belém (5.2, Mt 2.2-6, Jo 7.42). A profecia foi feita 700 anos antes do evento.

V Outra citação no NT: 7.6 (Mt 10.34-36, Mc 13.12, Lc 12.53).

V Este livro é muito parecido com o de Isaías. Tem sido chamado o “mini-Isaías”.

V A citação de Mq 3.12 em Jr 26.18 (100 anos depois) foi providencial para Jeremias escapar da

morte.

V Nesta época, o mundo estava debaixo do império Assírio, mas Miquéias viu a conquista de

Judá pelo Babilónios (4.10)!

V Injustiça na terra: 2.1-11, 3.1-4, 3.5-8, 6.16.

V Justiça na sociedade: pagamento dos impostos, misericórdia (aos pobres), pagamento das

dívidas, pagamento dos salários, responsabilidade nos compromissos.

V Descrições do reino do Messias sobre o mundo inteiro: 2.12-13, 4.1-8, 5.4-5.

V Profecias cumpridas:

o A queda de Samaria (1.6-7: 722 a.C.)

o A invasão de Judá (1.9-16: 702/701 a.C.)

o A queda de Jerusalém (7.13, 3.12: 586 a.C.)

o O exílio na Babilónia (4.10: 586 a.C.)

o O retorno (4.1-8, 13, 7.11, 14-17: 520 a.C.)

o Nascimento do Messias em Belém (5.2: 6/4 a.C.)

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Naum wjnם

Data

663-612 a.C.27

Versículo Chave

3.5-7 “Eis que eu estou contra ti, diz o SENHOR dos Exércitos; levantarei as abas de tua saia sobre o teu rosto, e mostrarei às nações a tua

nudez, e aos reinos, as tuas vergonhas. Lançarei sobre ti imundícias, tratar-te-ei com desprezo e te porei por espetáculo. Há de ser que

todos os que te virem fugirão de ti e dirão: Nínive está destruída; quem terá compaixão dela? De onde buscarei os que te consolem?”

Verso

“Naum proclama a execução - Nínive morre sem compaixão.”

Propósito

Revelar a violenta destruição de Nínive (e do império Assírio) e a misericordiosa preservação de

Judá encorajando o povo de Deus com Sua soberania, justiça e fidelidade à aliança.

Mensagem

A violenta derrota de Nínive e a restauração misericordiosa de Judá revelam a soberania de Deus

na História e Sua retidão em julgar, razões para a esperança daqueles que Nele confiam.

Contribuição para o Cânon

V Demonstra a necessidade de perseverança na fé.

V Mostra a Judá o julgamento de Deus contra a idolatria e a injustiça.

V Revela a fidelidade de Deus à aliança abraâmica.

Esboço

I. Decreto da destruição (1)

A. O caráter de Deus: Ao julgamento segue-se longanimidade (1.1-12)

B. A destruição de Nínive trará libertação a Judá (1.13-15)

II. Descrição da destruição (2-3)

A. O sítio e a destruição de Nínive (2)

B. As razões e a certeza da destruição (3)

27 depois da destruição de No-Amom (Tebas) em 663 a.C. (3.8) e antes da queda de Nínive em 612 a.C.

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Informações Interessantes / Importantes

V O nome hebraico םWjn: (n*jWm) significa “consolado / confortado” e bem pode ser que haja

uma ligação proposital entre esse nome e o consolo derivado de sua mensagem de castigo

completo contra a feroz inimiga de Israel, Nínive.

V Os ninivitas (assírios), convertidos pela pregação de Jonas (mais de 100 anos antes de

Naum), não haviam transmitido a seus filhos o conhecimento do Deus verdadeiro, e o povo

retornara rapidamente às suas práticas cruéis e pagãs.

V Nínive caiu em 612 a.C. cumprindo a profecia de Naum. O rio Tigre inundou as margens, e o

dilúvio destruiu uma parte do muro (1.8) onde os Babilónios entraram e queimaram tudo

(1.10, 2.13, 3.13,15). A cidade foi descoberta somente em 1845 d.C. (cf. 2.9, 3.11)!

V Jonas / Naum:

Jonas Naum A misericórdia de Deus O julgamento de Deus

Arrependimento de Nínive Rebeldia de Nínive

Ênfase: o profeta Ênfase: a profecia

Profeta desobediente Profeta obediente

Nação obediente Nação desobediente

Salvação da água Destruição pela água

770 a.C. 660 a.C.

V Se alguns profetas parecem gostar da perspetiva de aniquilação de seus velhos inimigos, é

porque o sofrimento de seu povo tem sido agudo. O entusiasmo deles com respeito a tal

punição pode ultrapassar os limites, pois embora conhecessem a lei do amor ao próximo (Lv

19.17ss) não a tinham visto aplicada claramente em Cristo. Mas a revelação cristã também

confirma o que os membros da antiga aliança bem sabiam: o amor tem seu lado duro. Seu

fogo tanto pode queimar como aquecer: “O homem profunda e verdadeiramente religioso é

sempre um homem de ira. Uma vez que ama a Deus e a seu próximo, ele odeia e despreza a

desumanidade, a crueldade e a perversidade. Todo homem bom às vezes profetiza como

Naum”.28

V Em certo sentido, a destruição de Nínive representa o destino de todas as nações cuja

confiança última repousa “em tubos de fumaça e cacos de ferro”29. O poderio militar não

exclui obrigações de justiça e retidão. As pedras esmagadas da cidade arrogante são um

lembrete assustador de que somente as nações que confiam no Deus que é a fonte da

verdadeira paz verão “sobre os montes os pés Do que anuncia boas-novas, Do que anuncia a

paz” (1.15 [TM 2.1], cf. Is 52.7, At 10.36, Rm 10.15).

28 LASOR, William S. HUBBARD, David A. BUSH Frederic W. Introdução ao AT. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 349 29 Kipling in idem.

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Habacuque qwqbj

Data

607 a.C.

Versículo Chave

2.4 (3.17-19) “O ímpio está envaidecido; seus desejos não são bons; mas o justo viverá pela sua fidelidade.”30

Verso

“Habacuque ora em submissão e vive pela fé que Deus tem razão.”

Propósito

Motivar o povo de Judá a confiar (ter fé) na justiça, santidade e soberania de Deus apesar das

circunstâncias.

Mensagem

A fé que se baseia na revelação passada do caráter e poder de Deus permite que o justo se

regozije no futuro exercício da justiça divina apesar dos aparentes paradoxos do presente.

Contribuição para o Cânon

V Mostra a base da aceitação de Deus: “o justo viverá pela fé”.

V Revela a divindade de Deus, a humanidade do Homem e a necessidade da fé no

relacionamento entre o Homem e Deus (o homem não vê nem entende tudo no plano de

Deus).

Esboço

I. Ciclo 1: Um Deus Omnipotente que permite o mal (1.1-11)

A. Reclamação (1.1-4)

B. Resposta (1.5-11)

II. Ciclo 2: Um Deus Santo que utiliza o mal (1.12-2.20)

A. Reclamação (1.12-2.1)

B. Resposta [5 “Ais”] (2.2-20)

III. Conclusão: Oração de louvor e submissão (3)

30 NVI - Várias versões dizem sua fé, com possível base na Septuaginta (LXX).

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Informações Interessantes / Importantes

V É muito provável que o nome hebraico qWQb'j} (j&b^QWq) derive da raiz qbj (jbq), que

significa “abraçar”.31

V Habacuque é o mais sapiencial dos profetas. Seu livro é estruturado em torno de uma série

de diálogos entre o profeta e Deus. Nesses diálogos encontramos questionamentos tão

veementes quanto à justiça divina como os que encontramos em Jó, apesar da amplitude do

sofrimento que os causou ser bem maior.

V A profecia de Habacuque originou-se na profunda preocupação do profeta pela manifestação

da justiça divina em sua sociedade.

V O livro consiste de uma teodiceia, uma defesa da bondade e do poder de Deus em vista da

existência do mal.

V A ideia da profecia em 2.14 “a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR” é

repetida mais 4 vezes no AT (Nm 14.21, Sl 72.19, Is 6.3, 11.9).

V O capítulo 3 é um salmo, apropriado para o uso na adoração da nação.

V A mensagem de Habacuque serviu de preparação estratégica para o evangelho do NT (cf. Rm

1.17, Gl 3.11, Hb 10.38s.).

V O versículo chave teve um forte impacto nas vidas de Lutero e Wesley.

V Compreensão mediante dúvida honesta. A dúvida honesta pode ser uma atitude religiosa

mais aceitável que a confiança superficial.32

V Numa comparação entre o início e o fim do livro percebemos que as dúvidas iniciais são

resolvidas - não com a compreensão de todos os propósitos, mas com fé na soberana

sabedoria de Deus.

V Deus conhece as nossas dúvidas, contudo podemos expressá-las se terminarmos com oração

de louvor e submissão!

V A fidelidade de Deus no passado é uma grande motivação para a fé no presente (cap. 3).

31 DITAT, pp. 419-420 32LASOR, William S. HUBBARD, David A. BUSH Frederic W. Introdução ao AT. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 354

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99

Sofonias hynpx

Data

625 a.C.

Versículo Chave

1.14-16 (2.3) “O grande dia do SENHOR está próximo; está próximo e logo vem. Ouçam! O dia do SENHOR será amargo; até os guerreiros gritarão. Aquele

dia será um dia de ira, dia de aflição e angústia, dia de sofrimento e ruína, dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e negridão, dia de

toques de trombeta e gritos de guerra contra as cidades fortificadas e contra as torres elevadas”.

Verso

“Em Sofonias condenação termina em restauração.”

Propósito

Advertir o povo de Judá contra a idolatria e as nações contra o seu orgulho e ainda encorajar o

povo de Deus com a certeza da salvação e participação no Reino após o julgamento do Dia do

Senhor.

Mensagem

O iminente Dia do Senhor será tempo de terror para a idólatra Judá e as arrogantes nações

circunvizinhas, mas tempo de ternura para o remanescente de Israel que confia em Deus e

partilhará as bênçãos prometidas.

Contribuição para o Cânon

V Revela muito sobre os 2 aspetos do Dia do Senhor.

V Mostra a justiça de Deus no castigo do pecado.

Esboço

I. Condenação no Dia do Senhor (1.1-3.8)

A. Contra a Terra e Judá (1.1-18)

B. Contra as Nações (2.1-3.8)

II. Salvação no Dia do Senhor (3.9-20)

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100

Informações Interessantes / Importantes

V O nome hebraico hy;n]p'x] (x+p^ny>) significa “YHWH guarda” ou “YHWH entesoura”. Podemos

crer que há exemplos de paronomásia entre os nomes dos profetas e suas mensagens (cf. Is

- YHWH salva; Naum - o consolado). Sofonias pode ser um desses casos, já que ele fala da

proteção terna de Deus para Seu remanescente durante o dia do julgamento por vir (3.12).33

V Sofonias, nascido em berço nobre (1.1), muito provavelmente ajudou a preparar Judá para o

reavivamento que ocorreu sob a liderança do bom rei Josias em 621 a.C. (2Cr 34.3),

convocando o povo ao arrependimento.

V A reforma aconteceu, mas depois da morte de Josias, os líderes e grande parte do povo

voltaram à antiga vida de pecado.

V Sofonias tem mais referências ao Dia do Senhor do que qualquer outro profeta. Seu tema

predominante é julgamento, manifesto tanto na versão histórica iminente do Dia do Senhor

quanto em sua plenitude escatológica. Esta ênfase no julgamento é complementada pelas

promessas de proteção divina e preservação do verdadeiro remanescente.

V A palavra “Dia” na expressão “Dia do Senhor” não significa um período de 24 horas, mas uma

época ou um período de tempo. É um “Dia” de ira e salvação que afeta todo o mundo.

V Como Isaías, Sofonias viu a grandeza de Deus e foi transformado por ela. Ele viu que Deus

não pode tolerar a altivez e que a única esperança do povo repousa no reconhecimento da

própria fragilidade. O orgulho é um problema enraizado na natureza humana: “Eu, e mais

ninguém” [NVI], “Eu sou a única, e não há outra além de mim” [RA] (2.15). Tal rebelião, a

declaração de independência espiritual de Deus é o mais hediondo dos pecados. O que escapa

da fúria de Deus é o humilde que confia e “se refugia no Nome do SENHOR” (3.12).

V “As grandes causas de Deus e da humanidade não são derrotadas pelos ataques diretos do

Diabo, mas pelas massas lentas e esmagadoras de milhares de “ninguéns” indiferentes que

avançam como geleiras. As causas de Deus não são destruídas por algum explosivo que se

lhes lança em cima, mas por pessoas que se sentam sobre elas”34 (1.12).

33 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2006. p.770 34 Smith, G. A. Book of the twelve prophets, Expositor’s Bible (repr. 1956) 4:573.

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101

Ageu ygj

Data

520 a.C.

Versículo Chave

1.7-8 “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: ‘Vejam aonde os seus caminhos os levaram! Subam o monte para trazer madeira. Construam o templo,

para que eu me alegre e nele seja glorificado’, diz o SENHOR.”

Verso

“A obra do templo começa de novo quando Ageu reprova seu povo.”

Propósito

Encorajar e motivar o remanescente a considerar suas prioridades, renovar sua fidelidade e

esperança na aliança e assim reconstruir o Templo para receber a bênção de Deus.

Mensagem

A reconstrução do Templo reflete o arrependimento pela indiferença para com a glória de Deus e

a fé na concessão definitiva das bênçãos prometidas na aliança.

Contribuição para o Cânon

V Fundamenta o princípio de Mt 6.33 - Primeiro, Deus!

V Mostra a importância do Templo (a presença de Deus) como centro do culto e símbolo da

aliança com Deus.

Esboço

I. Apelo à construção do Templo (1.1-15)

II. Apelo à coragem no Senhor (2.1-9)

III. Apelo a uma consciência pura (2.10-19)

IV. Apelo à confiança no futuro (2.20-23)

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Informações Interessantes / Importantes

V O nome Ageu yG'j' (j^gG^y) parece relacionar-se com a palavra gj' (j^g), que significa “festa,

festival”. Por isso alguns comentaristas sugerem que ele nasceu em um dia de festa religiosa

ou comemorativa, o que permanece como mera especulação.

V A primeira voz profética, seguida de Zacarias, a se ouvir depois do exílio babilónico (Ed 5.1,

6.14).

V Ageu foi um dos poucos profetas que experimentou o sucesso.

V Voltou com Zorobabel (e 50.000 outros judeus) no primeiro retorno (536 a.C. cf. Ed 1.5).

V Foi contemporâneo de Zacarias (e de Confúcio).

V É possível que Ageu tivesse visto o Templo de Salomão (2.3).

V O livro de Ageu encaixa-se na história fornecida pelo livro de Esdras. Após o entusiasmo com

a volta da Babilónia e assentamento na Judéia, o povo caiu num ciclo de desânimo devido à

oposição, à negligência espiritual e à pobreza material que se estendeu por aproximadamente

15 anos.

V Herodes, o grande, gastou muito tempo e dinheiro nos melhoramentos do Templo - o mesmo

que Jesus frequentou.

V Não faças amanhã o que podes fazer hoje! (1.2)

V Mt 6.33 - Como estão as minhas prioridades?! Moro eu numa casa “apainelada” (de luxo, de

fino acabamento) enquanto a “casa do Senhor” está em ruínas? (1.4)

V As circunstâncias (tempos de crise) porventura não serão sinais de Deus a querer chamar a

nossa atenção para Si mesmo e Sua obra? (1.6,9-11, 2.15-17,19).

V A obra do Senhor exige santidade - contínua purificação (2.11-14).

V O papel de Zorobabel seria transformar Israel numa comunidade de adoração em torno do

templo até que o Senhor dos Exércitos interviesse na História para estabelecer Seu próprio

reino (2.23).

V O livro de Ageu não deve ser desvalorizado pelo facto de seu ensino estar associado a uma

construção. O templo era o lugar escolhido especialmente por Deus para os encontros com o

Seu povo. Ezequiel descreveu a sua reconstrução (caps. 40-48) e Ageu anunciou o tempo

apropriado. Deus exigia que Seu povo se aproximasse Dele no templo com o sangue de

animais; agora requer que nos aproximemos Dele por meio do sangue de Cristo (Hb 10.19-

23). A obediência não é opcional.

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Zacarias hyrkz

Data

520-518 a.C.

Versículo Chave

9.9 (14.9) “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num

jumentinho, cria de jumenta.”

Verso

“Completem o Templo para o Messias - é a mensagem de Zacarias.”

Propósito

Encorajar a comunidade pós-exílica a permanecer fiel à aliança lembrada por YHWH35 e por Ele

eventualmente usada como base para estabelecer Seu governo sobre Israel e as nações por meio

de Seu Servo, o Renovo, o Messias.

Mensagem

O estabelecimento futuro do reino do Messias serve de motivação para a reconstrução do Templo

e submissão às exigências da aliança, que provam a confiança dos judeus no Deus que controla o

presente e o futuro de Israel e das nações.

Contribuição para o Cânon

V Manifesta a fidelidade de Deus à aliança através do Messias.

V Dá um esboço do plano de Deus para o Seu povo durante o tempo dos gentios.

Esboço

I. Chamada ao arrependimento (1.1-6)

II. 8 visões (1.7-6.15)

III. 4 mensagens (7-8)

IV. 2 sentenças sobre o futuro (9-14)

35 Cf. a paronomasia com o nome do profeta, Zacarias.

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Informações Interessantes / Importantes

V Zacarias hy:r]k'z] (z+k^ry*h), um nome bem comum no AT e que significa “YHWH lembra”. Mais

uma vez se encontra a paronomásia que caracteriza os nomes dos profetas do AT com

relação às suas mensagens, transmitindo, neste caso, aos leitores israelitas a esperança de

que, apesar dos frequentes deslizes da nação, o Deus fiel da aliança lembrará [= cumprirá]

as promessas feitas no passado.

V Foi contemporâneo de Ageu e colaborou com ele (Ed 5.1, 6.14).

V O “maior dos profetas menores”.

V A expressão “Assim diz o Senhor” aparece 89 vezes; e “Senhor dos Exércitos” 36 vezes.

V É o Senhor dos Exércitos que diz: “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito”

(4.6).

V As 8 visões foram recebidas numa só noite (15 de fevereiro, 519 a.C.).

V Profecias relacionadas com a crucificação de Cristo: 9.9, 11.12-13, 12.10, 13.6-7.

V Não desprezemos o dia dos humildes começos [NVI pequenas coisas] (4.10).

V “Nós vamos contigo porque ouvimos dizer que Deus está com o teu povo” (8.23).

V São duas as vozes desta obra-prima profética que precisam ser ouvidas: a voz pragmática,

que nos incentiva a um compromisso com a construção de um mundo melhor (estruturas em

que Deus possa agir - igrejas, hospitais, organizações missionárias e humanitárias); e a voz

visionária, que nos incentiva a renunciar este mundo, a levantar a cabeça aguardando a

nossa redenção (Lc 21.28) e a esperar por uma cidade melhor que “tem fundamentos, da

qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11.10).

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Malaquias ykalm

Data

430-400 a.C.

Versículo Chave

3.16-17 “Depois, aqueles que temiam o SENHOR conversaram uns com os outros, e o SENHOR os ouviu com atenção. Foi escrito um livro como

memorial na sua presença acerca dos que temiam o SENHOR e honravam o Seu nome. ‘No dia em que eu agir’, diz o SENHOR dos Exércitos,

‘eles serão o meu tesouro pessoal. Eu terei compaixão deles como um pai tem compaixão do filho que lhe obedece’.” [NVI]

Verso

“De Malaquias vem interrogação, pois culpa de novo tem a nação.”

Propósito

Advertir o povo contra o formalismo e indiferença à aliança encorajando-o a um reavivamento

espiritual.

Mensagem

A decadência na vida moral e religiosa de Judá devido à sua falta de confiança na benevolência

pactual de YHWH será visitada com um julgamento purificador que combina severidade e graça,

trazendo assim esperança aos que se arrependem.

Contribuição para o Cânon

V Apresenta o papel de João Batista.

V Encerra o AT com os últimos julgamentos e as últimas promessas de Deus.

V Mostra o amor constante de Deus.

V Contrasta a importância do amor por Deus com a mera religiosidade.

Esboço

I. O amor de Deus por Seu povo (1.1-5)

II. A reclamação de Deus contra Seu povo (1.6-3.15)

III. A esperança no futuro (3.16-4.6)

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Informações Interessantes / Importantes

V Malaquias ykia;l]m' (m^la*k!), um nome desconhecido como nome pessoal no AT, pode ser uma abreviação

de hwhy ךa'l]m' (m^la*k yhwh), “o mensageiro de YHWH”. A presente forma do nome do profeta

possivelmente se deva à paronomásia com respeito ao conteúdo do livro, o qual enfatiza a ideia de um

mensageiro divino: os sacerdotes são apresentados como mensageiros de Deus (2.7); o precursor do

Messias é chamado “mensageiro” (3.1); finalmente, um terceiro indivíduo é chamado “o mensageiro da

aliança” (3.1, NVI).

V Os esforços combinados de Esdras e Neemias trouxeram mudanças para a sofrida comunidade

centralizada em Jerusalém (Ne 8-10). Apesar dos surtos de fervor religioso, no entanto, a apatia

espiritual tornara-se a norma. A idolatria pré-exílica cedera lugar à indiferença pós-exílica em relação a

Deus e Sua merecida adoração.

V O ciclo de indiferença trouxe falta de apoio financeiro à adoração no templo (3.7-9), o que

indubitavelmente ajudou a provocar corrupção entre os sacerdotes (2.1-9), que por sua vez produziu

desmantelamento social e familiar (2.10-16), com aumento de divórcio, casamentos mistos, e

desavenças familiares (ou choque de gerações, 4.6).

V Malaquias, contemporâneo de Neemias, trabalhou com ele para reedificar a vida moral do povo.

V O AT termina com uma grande mensagem de esperança (antes dos 400 anos de silêncio): A vinda de

João e Jesus (3.1-3).

V A última palavra do AT é “maldição”. Esperava-se pelo NT para trazer a “bênção” da graça do Senhor

Jesus.

V A profecia da volta de Elias surge no final do AT e no começo do NT (cf. Mc 1.1-8) - sinal da sua

importância para servir de ponte entre os dois testamentos.

V Deus despreza formalismo, “religião”, hipocrisia e falsidade (1.6-14).

V Assim como escolheu a Jacó (1.2-3), Deus escolhe pessoas hoje. Os que estão dentro da aliança devem

evitar o pecado do orgulho (Rm 11.18-21), lembrando que não escolheram; antes, foram escolhidos (Jo

15.16). Assim os eleitos de Deus devem responder a Ele com humilde gratidão e culto obediente. E

devem mostrar bondade e humildade para com os de fora.

V Malaquias ensina-nos a importância de oferecer o melhor do que temos a Deus (1.6-14). Também

destaca o dízimo (3.8-12), hoje superestimado em alguns púlpitos e negligenciado em outros. Uma

ênfase desequilibrada nesta passagem pode levar ao legalismo. Principalmente por causa da bênção

prometida, alguns fazem mau uso de Malaquias, incentivando a noção de que podemos negociar com

Deus. Por outro lado, é um erro negligenciar a instrução sobre a doação regular e sacrificial, coisa que o

NT também defende (1Co 16.2, 2Co 9.7).

V Dois outros temas de Malaquias encontram confirmação no NT: a fidelidade à aliança do matrimónio

(2.14-16 / Mt 19.1-12, Mc 10.2-12, Lc 16.18); e o interesse de Deus pelos que se encontram às

margens da sociedade: os diaristas, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros residentes (3.5 / Mt 25.31-

46, Tg 1.27).

V A mensagem de Malaquias anuncia claramente: “Incompleto”. A reconstrução do templo no período pós-

exílico não inaugurou o reino de Deus. Mas Malaquias elevou as expectativas judaicas, engendrando um

temor de julgamento e uma esperança de salvação.

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Período Intertestamentário36

ACONTECIMENTOS POLÍTICOS

Este período entre os escritos do AT e o NT é chamado com frequência de “anos silenciosos”,

uma designação equivocada. Apesar de nenhum profeta inspirado ter surgido em Israel durante

esses séculos e de se considerar que o AT estava completo, os acontecimentos ocorridos neste

período conferiram ao judaísmo posterior a sua ideologia distintiva e se mostraram providenciais

ao preparar o caminho para a vinda de Cristo e a proclamação do Seu evangelho.

A supremacia persa

O império persa exerceu controle sobre a Judéia durante cerca de um século depois do tempo de

Neemias. Foi um período relativamente tranquilo, pois os judeus receberam permissão de

observar suas práticas religiosas sem que ninguém os incomodasse. Nesse tempo, a Judéia foi

governada por sumos sacerdotes que prestavam contas ao governo persa, facto que garantiu aos

judeus grande autonomia e corrompeu o sacerdócio transformando-o em uma posição política.

Inveja, intrigas e até homicídio fizeram parte da competição pelo título honorífico de sumo

sacerdote. Diz-se que Joanã, filho de Joiada (Ne 12.22), matou seu irmão Josué dentro do

próprio templo.

Nesse período, a Pérsia e o Egito se viram envolvidos em conflitos incessantes e, uma vez que

estava situada entre as duas nações, a Judéia não teve como ficar de fora desses atritos.

Durante o reinado de Artaxerxes III (Ochus), vários judeus participaram de uma insurreição

contra a Pérsia e foram deportados para a Babilónia e para o litoral do mar Cáspio.

Alexandre, o Grande

Na sequência da derrota dos exércitos persas na Ásia Menor (em 333 a.C.), Alexandre marchou

em direção à Síria e à Palestina. Depois de resistir obstinadamente, a cidade de Tiro foi tomada e

Alexandre se deslocou para o sul, em direção ao Egito. Diz a lenda que, quando Alexandre se

aproximou de Jerusalém, Jadua – o sumo sacerdote judeu – foi ao seu encontro e lhe falou das

profecias de Daniel, segundo as quais o exército grego seria vitorioso (Dn 8). Este episódio não é

considerado verdadeiro pelos historiadores, mas é facto que Alexandre tratou os judeus com

bondade. Permitiu que eles observassem suas leis; concedeu-lhes isenção tributária no ano

sabático e, ao construir Alexandria no Egito (331 a.C.), incentivou-os a mudar para essa cidade,

oferecendo-lhes privilégios comparáveis àqueles reservados exclusivamente a seus súditos

gregos.

36 Adaptado do texto “From Malachi to Matthew” [“De Malaquias a Mateus”] de Charles F. Pfeiffer; Moody Bible Institute of Chicago, © 1962. In A Bíblia Anotada Expandida – Charles C. Ryrie, p. 897-900.

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A Judéia sob o governo dos Ptolomeus

Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), a Judéia ficou primeiramente sob o governo de

Antígono, um dos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor. Em seguida, caiu

nas mãos de outro general, Ptolomeu I (a essa altura, governante do Egito), apelidado de Soter

ou Libertador, que tomou Jerusalém em um sábado de 320 a.C. Ptolomeu também foi bondoso

com os judeus. Muito deles se assentaram em Alexandria, que continuou a ser um importante

centro do pensamento judaico por vários séculos. Durante o governo de Ptolomeu II (Filadelfos),

os judeus de Alexandria traduziram sua lei, i.e., o Pentateuco, para o grego. Essa tradução ficou

conhecida como Septuaginta, devido à lenda segundo a qual setenta tradutores (mais

precisamente 72 – seis de cada tribo) haviam recebido inspiração sobrenatural para produzir uma

tradução infalível.

A judéia sob o governo dos selêucidas

Depois de aproximadamente um século, durante o qual os judeus permaneceram sob o domínio

dos Ptolomeus, Antíoco III (o Grande) da Síria tomou a Síria e a Palestina à força, do Egito (198

a.C.). Os governantes sírios são conhecidos como selêucidas, pois seu reino, construído sobre as

ruínas do império de Alexandre, foi fundado por Seleuco I (Nicator).

Durante os primeiros anos do governo sírio, os selêucidas permitiram que o sumo sacerdote

continuasse a governar sobre os judeus segundo suas próprias leis. No entanto, surgiu um

conflito entre o partido helenista e os judeus ortodoxos. Antíoco IV (Epifânio) aliou-se ao grupo

helenizante e nomeou para o cargo de sacerdote um homem que mudou seu nome de Josué para

Jason e incentivou o culto a Hércules de Tiro.

Dois anos mais tarde, porém, Jason foi deposto por outro helenista, um rebelde chamado

Menaém (gr. Menelau). Quando os partidários de Jason entraram em confronto com aqueles que

favoreciam Menelau, Antíoco invadiu Jerusalém, saqueou o templo e matou um grande número

de judeus (170 a.C.). Os direitos civis e religiosos foram revogados, os sacrifícios diários foram

proibidos e um altar a Júpiter foi erguido no lugar do altar do holocausto. Cópias das Escrituras

foram queimadas e os judeus foram obrigados a comer carne de porco oferecida sobre o altar do

holocausto em demonstração de desprezo pela consciência religiosa judaica.

Os macabeus

Os judeus oprimidos não demoraram a encontrar um defensor. Ao chegarem à vila de modina,

cerca de 14 quilómetros a oeste de Jerusalém, os emissários de Antíoco esperavam que Matatias,

um sacerdote idoso, desse o exemplo para o povo e oferecesse um sacrifício pagão. Ele não

apenas se recusou a fazê-lo como também matou um judeu apóstata no altar pagão, junto com o

oficial sírio que dirigia a cerimónia. Matatias fugiu para a região montanhosa da Judéia e

organizou, com seus filhos, uma guerrilha contra os sírios. Apesar de não ter vivido para ver seu

povo ser libertado do jugo sírio, o sacerdote idoso incumbiu seus filhos de completar essa tarefa.

Quando Matatias faleceu, seu filho Judas, apelidade de “o Macabeu”, assumiu a liderança. Em

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164 a.C., Judas recuperou o controle de Jerusalém, purificou o templo e reinstituiu os sacrifícios

diários. Logo depois das vitórias de Judas, Antíoco faleceu na Pérsia. No entanto, as lutas entre

os macabeus e os governantes selêucidas estenderam-se por mais vinte anos.

Aristóbulo I foi o primeiro govenante macabeu a usar o título “Rei dos Judeus”. Depois de um

reinado breve, foi sucedido pelo tirânico Alexandre Janeu, que, por sua vez, deixou o reino para

sua mãe, Alexandra. O reinado de Alexandra foi relativamente tranquilo e, ao morrer, um dos

seus filhos mais jovens, Aristóbulo II, usurpou o trono de seu irmão e sucessor por direito. Logo

em seguida, Antípater, governador da Iduméia, abraçou a causa de Hircano, gerando ameaças de

uma guerra civil. Em decorrência, Pompeu invadiu a Judéia com suas legiões romanas, decidido a

resolver a questão e promover os interesses de Roma. Aristóbulo procurou defender Jerusalém

dos ataques de Pompeu, mas os romanos tomaram a cidade e entraram no Santo dos Santos do

tempo, sem, no entanto, tocar em nenhum dos tesouros.

Roma

Marco António apoiou a causa de Hircano. Depois do assassinato de Júlio César e de Antípater

(pai de Herodes) – que, em termos práticos, exerceu poder sobre a Judéia –, Antígono, o

segundo filho de Aristóbulo, procurou tomar o trono para si. Chegou a governar em Jerusalém

durante algum tempo, mas Herodes, filho de Antípater, voltou de Roma e tornou-se o rei dos

judeus com o respaldo romano. Seu casamento com Mariane, neta de Hircano, serviu-lhe de elo

com os governantes macabeus.

Herodes foi um dos governantes mais cruéis de todos os tempos. Assassinou Hircano, respeitado

líder (31 a.C.), e mandou executar a própria esposa Mariane e seus dois filhos. Já no leito de

morte, Herodes ordenou a execução de Antípater, seu filho com outra esposa. Nas Escrituras,

Herodes é conhecido como o rei que mandou matar as crianças de Belém por temer a rivalidade

daquele que havia nascido para ser o Rei dos Judeus.

GRUPOS RELIGIOSOS JUDAICOS

Quando, depois da conquista de Alexandre, os helenistas mudaram o pensamento do Oriente

Próximo, alguns judeus apegaram-se mais firmemente que nunca à fé dos seus antepassados,

enquanto outros se mostraram dispostos a adaptar o seu modo de pensar às ideias mais recentes

vindas da Grécia. O conflito entre o helenismo e o judaísmo acabou por dar origem a várias

seitas judaicas.

Fariseus

Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que lutaram contra os

helenistas no tempo dos primeiros macabeus. É provável que o nome fariseus, “separatistas”,

lhes tenha sido dado por seus inimigos para indicar que eles eram dissidentes. Também é

possível que fosse usado com desprezo devido à rigidez de sua separação dos compatriotas

judeus e dos pagãos. A lealdade à verdade por vezes produz orgulho e até mesmo hipocrisia, e

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foi justamente essa distorção dos primeiros ideais farisaicos que Jesus condenou. Paulo

considerou-se um membro do grupo ortodoxo dentro do judaísmo de sua época (Fp 3.5).

Saduceus

O partido saduceu, que provavelmente recebeu esse nome por causa de Zadoque, sumo

sacerdote nomeado por Salomão (1Rs 2.35), negava a autoridade da tradição e considerava

suspeita qualquer revelação posterior à lei mosaica. Eles repudiavam também a doutrina da

ressurreição e não acreditavam na existência de anjos ou de espíritos (At 23.8). A maioria deles

era de homens abastados que ocupavam cargos importantes e cooperavam de bom grado com o

helenismo de sua época. No tempo do NT, controlavam o sacerdócio e o ritual no templo. As

sinagogas, no entanto, eram os baluartes dos fariseus.

Essénios

O movimento essénio foi uma reação ascética ao formalismo dos fariseus e ao mundanismo dos

saduceus. Os essénios se separavam da sociedade para viver de modo ascético e celibatário.

Ocupavam-se da leitura e do estudo das Escrituras e da oração e atentavam para as purificações

cerimoniais. Os bens não eram individuais, mas comunitários, e os membros dessas comunidades

eram conhecidos por sua dedicação e piedade. Seus princípios condenavam tanto a guerra

quanto a escravidão.

A maioria dos estudiosos acredita que o mosteiro de Qumran, próximo das cavernas onde foram

encontrados os papiros do Mar Morto, era um centro essénio no deserto da Judéia. De acordo

com relatos dos papiros, membros da comunidade haviam deixado as influências corruptas das

cidades da Judéia e se dirigido para o deserto a fim de preparar “o caminho do Senhor”.

Acreditavam no Messias que estava por vir e se consideravam o verdadeiro Israel para o qual ele

viria.

Escribas

Estritamente falando, os escribas não constituíam uma seita, mas os membros de uma classe

profissional. A princípio, eram copistas da lei. Com o tempo, passaram a ser considerados

autoridades no que se referia às Escrituras e, por isso, começaram a exercer a função de

mestres. Suas ideias geralmente assemelhavam-se às dos fariseus, com os quais eles são

associados com frequência ao longo do NT.

Herodianos

Acreditavam que o melhor para o judaísmo era cooperar com os romanos. A denominação

origina-se de Herodes, o Grande, que procurou romanizar a palestina da sua época. Os

herodianos eram mais um partido político do que uma seita religiosa.

A opressão política romana, simbolizada por Herodes, e as reações religiosas expressas pelos

sectários de oposição dentro do judaísmo pré-cristão muito contribuíram para a formação do

contexto histórico em que Jesus veio ao mundo. As frustrações e os conflitos prepararam Israel

para o advento do Messias de Deus na “plenitude do tempo” (Gl 4.4).

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De Malaquias a Mateus

a.C.

300-30 Redação dos livros apócrifos

333 Conquista dos persas por Alexandre, o Grande

323 Morte de Alexandre, o Grande

280-200 Tradução da Septuaginta (tradução grega do AT)

c. 200 Construção da grande muralha da China

167 Profanação do templo de Jerusalém por Antíoco Epifânio, que ofereceu carne de porco no altar do holocausto

165 Purificação do templo e restauração do seu uso devido por Judas Macabeu

63 Entrada de Pompeu em Jerusalém

63 Assassinato de Júlio César

37 Nomeação de Herodes, o Grande, para governar a Palestina

20 Início da reconstrução do templo em Jerusalém por ordem de Herodes, o Grande

Os livros apócrifos LIVROS HISTÓRICOS

1Esdras (3Esdras) c. 100 a.C.

Narra os mesmos dados históricos encontrados nos livros canónicos de Esdras, Neemias e

2Crónicas.

1Macabeus, c. 140 a.C.

Uma obra histórica que relata a rebelião patriota da família dos macabeus contra Antíoco Epifânio

e seus sucessores.

2Macabeus, c. 100 a.C.

Afirma ser a obra de certo Jason de Cirene e abrange parte do mesmo período de 1Macabeus,

com forte tom moralizante de oposição ao paganismo grego.

LENDAS RELIGIOSAS

Tobias, c. 150 a.C.

Um conto de piedade judaica que relata como Tobias (um judeu reto) se recuperou da cegueira.

Judite, c. 150 a.C. – c. 100 a.C.

Uma narrativa fictícia sobre uma viúva judia, bela e devota, chamada Judite, que salva sua

cidade do exército invasor de Nabucodonosor decapitando Holofernes, um general assírio.

Acréscimos a Ester, c. 115 a.C.

Passagens inseridas no texto de Ester na Septuaginta (tradução grega): o sono de Mordecai

(antes de Ester 1.1); uma carta do rei ordenando o extermínio de todos os judeus do reino

(depois de Ester 3.13); orações de Mordecai e Ester (depois de Ester 4); a audiência dramática

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de Ester com o rei Assuero (acrescenta 14 versículos a Ester 5); uma carta ao rei relatando a

morte de Hamã, louvando os judeus e permitindo que estes se defendam (depois de Ester 8.12);

a interpretação do sonho de Mordecai e um comentário final sobre o significado da festa de Purim

(depois do último capítulo de Ester).

A oração de Azarias e o cântico dos três jovens, c. 150 a.C. – c. 50 a.C.

Um oração eloquente, um relato de livramento miraculoso e um salmo de louvor (depois de

Daniel 3.23).

A história de Susana (Daniel e Susana), c. 150 a.C. – c. 50 a.C.

Uma narrativa de como Susana foi inocentada de falsas acusações de adultério através da

intervenção oportuna do jovem Daniel (nas versões antigas, inserida antes ou depois do texto

canónico de Daniel).

Bel e o Dragão, c. 150 a.C. – 50 a.C.

Duas lendas que visam ridicularizar a idolatria: 1) Ao espalhar cinzas no piso do templo, Daniel

prova que, na verdade, são os sacerdotes de Bel que estão consumindo as ofertas feitas a esse

deus; 2) Daniel destrói um dragão adorado na Babilónia ao alimentá-lo com uma estranha

mistura que faz o animal explodir. Daniel é jogado na cova dos leões, onde é alimentado pelo

profeta Habacuque, que foi transportado por anjos até à Babilónia, carregado pelos cabelos.

LITERATURA DE SABEDORIA

Sabedoria de Salomão (o livro da sabedoria), c. 50 a.C.

Apresenta a doutrina da imortalidade ao contrastar o destino do perverso com o do justo; um

longo elogio à sabedoria; uma narração da história de Israel no Egito e no deserto; uma

discussão sobre as origens e os males da idolatria.

Eclesiástico (sabedoria de Jesus, filho de Siraque), c. 180 a.C.

Um conjunto de aforismos ou ditados sapienciais semelhante ao livro de Provérbios.

Baruque (incluindo a carta de Jeremias), c. 150 a.C. – c. 60 a.C.

Uma obra que afirma ter sido escrita na Babilónia por Baruque, secretário de Jeremias; contém

orações e confissões de exilados judeus, com promessas de restauração.

A oração de Manassés, c. 175 a.C. – c. 25 a.C.

Afirma ser a oração penitencial de Manassés, o rei perverso de Judá (na Septuaginta, vem depois

de 2Cr 33.19).

LITERATURA APOCALÍPTICA

2Esdras (4Esdras), c. 100 d.C. – c. 250 d.C.

Trata do problema do mal; fala do império romano e da vinda do Messias; descreve como Esdras

reescreveu a literatura sagrada.