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Este trabalho investiga a produção e o uso de livros de leitura no Rio Grande do Sul. Com este objetivo analisa os livros "Queres ler" e "Quero ler" cadastrados, na segunda década desse século para uso nas escolas primárias do Rio Grande do Sul. Estes manuais são adaptações do "Primeiro livro de leitura Quieres Leer" do professor uruguaio José Figueira. Palavras-chaves: manuais, livros de leitura, história da educação. This work investigates lhe production and use of reading books in the Province of Rio Grande do Sul, Soulh Brazil. It analyses the books entitled "Queres Ler" and "Quero Ler". Which were, in lhe second decade of lhe present century, adapted from the book "Primeiro Livro de Leitura Quieres Leer" by lhe uruguayan teacher José Henrique Figueira, to be used in R.G. Sul elementary schools. Key-words: manuais, reading books, History of education. 'Este trabalho foi apresentado no I Congresso de História da Leitura e do Livro no Brasil, realizado em Campinas, SP, de 13 a 16 de outubro de 1998. • Professora da FaEJUFPel Doutoranda FaEJUFMG

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Page 1: Palavras-chaves: Key-words - dialnet.unirioja.es · Com a criação dos colégios elementares no Rio Grande do Sul, em 1909, o Estado inaugura um novo modelo de escola primária

Este trabalho investiga a produção e o uso de livros de leitura no Rio Grande do Sul.Com este objetivo analisa os livros "Queres ler" e "Quero ler" cadastrados, na segunda décadadesse século para uso nas escolas primárias do Rio Grande do Sul. Estes manuais sãoadaptações do "Primeiro livro de leitura Quieres Leer" do professor uruguaio José Figueira.

Palavras-chaves: manuais, livros de leitura, história da educação.

This work investigates lhe production and use of reading books in the Province of Rio Grandedo Sul, Soulh Brazil.It analyses the books entitled "Queres Ler" and "Quero Ler". Which were, in lhe second decadeof lhe present century, adapted from the book "Primeiro Livro de Leitura Quieres Leer" by lheuruguayan teacher José Henrique Figueira, to be used in R.G. Sul elementary schools.

Key-words: manuais, reading books, History of education.

'Este trabalho foi apresentado no I Congresso de História da Leitura e do Livro no Brasil, realizado emCampinas, SP, de 13 a 16 de outubro de 1998.• Professora da FaEJUFPelDoutoranda FaEJUFMG

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E o meu livro 'Queres Ler?'Vou aprender fazer contas

E algum bilhete escreverPrá que afilha do seu BentoSaiba que é meu bem querer

E se não for por escritoEu não me animo a dizer"

(Guri. Canção nativista gaúcha.Autores: João Batista Machado e

Júlio Machado Neto).

Introdução

Com a criação dos colégios elementares no Rio Grande do Sul, em1909, o Estado inaugura um novo modelo de escola primária. O ensinopúblico primário que até então era ministrado nas chamadas escolaselementares (escolas isoladas que funcionavam, na maioria das vezes, emuma única sala de aula, com um único professor ou professora) passa acontar com esse novo tipo de estabelecimento e com uma nova organizaçãopedagógica: várias salas de aulas funcionando em um único prédio,agrupamento de alunos pelo "grau de adiantamento", uma professora paracada classe, sob uma direção única.

Os gestores da educação pública gaúcha fizeram um esforço, nessa(re) organização do ensino primário, para estabelecer um novo modelo deescola considerada mais moderna, mais eficiente, mais adequada a umasociedade em mudança.

No esforço de produzir o "novo", o moderno, de qualificar o ensinopúblico, tendo sempre como referência os colégios elementares, foiorganizada e enviada à capital do Uruguai, em 1913, uma missão especialde professores e de professoras com a finalidade de realizar estudos eobservações sobre o funcionamento e a organização das escolas primáriasdo país vizinho. Essa missão permaneceu durante três meses emMontevidéu, financiada pelo governo do Estado gaúcho. A comissão deprofessores foi chefiada pelo diretor da Escola Complementar da capital,Alfredo Clemente Pinto, integrada, ainda, por mais um professor e quatroprofessoras dos cursos elementares anexos à Escola Complementar2,Estava, a comissão, "incumbida de observar os métodos de ensino seguidos

20 professor era Afonso Guerreiro Lima. Quanto às quatro professoras, eram: Ondina Godoy Gomes,Georgina Godoy Moritz, Marieta de Freitas Chaves e Florinda Tubiano.

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nos estabelecimentos de instrução pública da adiantada República vizinha"(Relatório, 1913l Como afirmaram os próprios professores e professorasem seus relatórios, o objetivo principal da viagem ao Uruguai foi o de"conhecer de perto os sistemas e processos educativos postos em prática nasaulas públicas desta pequena mas adiantada e florescente República"(Relatório, 1913). Os relatórios nos dão conta de que a comissão, duranteesses três meses, observou pelo menos duas escolas de 1° grau, duas de 2°grau e uma de 3° grau 4. Visitou, ainda, as duas Escolas de Aplicação dacapital uruguaia, as duas Escolas Normais (a feminina e a masculina), oJardim de Infância, o Asilo Maternal, a Escola ao Ar Livre, o Instituto dosSurdos-Mudos, e o Museu e Biblioteca Pedagógicos.

E sobre quais aspectos mais especificamente os professores eprofessoras lançaram seus olhares? Nas escolas de 1°, 2° e 3° graus,observaram cuidadosamente o cotidiano escolar no seu conjunto: aorganização pedagógica, os horários das aulas e das atividades, acomposição do corpo docente e das direções, a escrituração escolar, etc.Mas algumas questões ocuparam mais tempo e prenderam a atenção dacomissão de forma mais cuidadosa. Nos seis relatórios que produziramregistrando as impressões sobre as escolas uruguaias, três aspectos sesobressaem: a atenção dada aos prédios, mobiliário e materiais escolares; oregistro detalhado da disciplina dos alunos; e a extensão dos comentáriossobre os conteúdos de ensino. Os prédios escolares sempre foram, desde osprimeiros anos do século, um grande problema que as administraçõesgovernamentais do Estado gaúcho não conseguiram resolver. Impressionouos professores e professoras a qualidade dos prédios escolares emMontevidéu. Eles registraram os detalhes dos prédios escolares visitados: opátio, as salas de aula, as janelas, as portas, a iluminação, o tamanho dassalas, o asseio, a água fornecida às crianças, a decoração das paredes, osretratos, as plantas e as flores; tudo foi motivo de atenção da comissãogaúcha. Quanto ao mobiliário, observaram as carteiras, as cadeiras, o papelque forrava as mesas, os tinteiros, os limpa-penas, etc. No que tange àdisciplina dos alunos, elogiaram incansavelmente o uso da campainha peladiretora para organizar as crianças, a imobilidade dos alunos diante do somda campainha, a marcha compassada e militar, os cantos patrióticos, aexecução sincronizada dos movimentos das crianças diante dos sinais da

'os seis relatórios produzidos pelos professores e professoras que fizeram parte da comissão ao Uruguai,estão anexados junto ao Relatório apresentado ao Sr. Dr. A. A. Borges de Medeiros. Presidente do Estadodo Rio Grande do Sul. Pelo Dr. Protásio Antonio Alves. Secretário de Estado dos Negócios do Interior eExterior. Em 08 de setembro de 1913.'O ensino printário uruguaio era dividido em três graus: 1°,2° e 3° anos, compunbam o ensino de 1°grau; 4°e 5° anos o do 2° grau; 6° e 7° anos o de 3° grau. Havia ainda uma aula inicial chamada aula preparatória deensino da leitura e da escrita para crianças de seis anos, o que muito impressionou a comissão.

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professora. E, por fim, os professores e professoras teceram longasconsiderações sobre cada matéria ensinada na escola primária uruguaia.

Nos relatórios transparece, também, uma representação de escolaideal. Ao registrar suas impressões sobre o cotidiano escolar, os professorese as professoras da "comissão especial" expressaram e trouxeram à tonasuas experiências e suas demandas profissionais. Em algumas situaçõesnarradas nos relatórios, indicam isso de forma mais explícita: ao referenciarvárias vezes que em cada classe havia um número reduzido de alunos,indicando que as condições em que trabalhavam nas escolas gaúchas notocante ao número de alunos não eram as mais adequadas; ao enfatizar quenas escolas primárias uruguaias o uso do livro-texto era apenas para as aulasde leitura e que, portanto, não havia esse material para as outras matériasescolares; ao salientar que as diretoras das escolas primárias do Uruguai nãotinham regência de classe, ou seja, não acumulavam as funções comoacontecia, então, no Rio Grande do Sul; e chama atenção, também, o fato deos professores terem feito questão de registrar a abundância de materiaisdidático-pedagógicos à disposição de alunos e das professoras nas escolasprimárias do Uruguai, afirmando que a Diretoria Geral procurava sempregarantir tais materiais: (...) "estão as escolas providas de todo o necessário ese alguma coisa lhes falta é imediatamente fornecida pela Diretoria Geralmediante pedido da diretora" (Relatório, 1913). Foi, portanto, sob a lógicada situação vivida e da situação desejada pelas professoras gaúchas que taisregistros foram feitos.

A experiência de estudos, de pesquisa, da observação, da vivência,da aprendizagem no país vizinho, frutificou. A convite do governo doUruguai, depois dessa comissão de 1913, o governo gaúcho enviou, com asdespesas pagas pelo Estado, seis alunas-mestras para estudar na EscolaNormal de Montevidéu e na Escola de Aplicação daquela cidade. As alunas-mestras Carolina Cunha, Olga Acauan, Marina Cunha, Idalina MariantePinto, Maria José de Souza e Branca Diva Pereira, formadas pela EscolaComplementar de Porto Alegre, em 1913, estudaram, durante todo o ano de1914, em Montevidéu. As três primeiras foram matriculadas no InstitutoNormal feminino a convite do governo uruguaio e recebiam o montante de300$000 (trezentos mil réis) do governo gaúcho e mais $ 30 (trinta pesos)do governo do Uruguai. As outras recebiam apenas os 300$000 (trezentosmil réis) do governo gaúcho e foram com o objetivo de, segundo otelegrama do Secretário dos Negócios do Interior e Exterior, Protásio Alves,"praticar aplicação ouvindo lições" (Relatório, 1913). Acompanharam,assim, algumas aulas da Escola Normal e da Escola de Aplicação.Decorrente dessa experiência e talvez impressionadas com a qualidade dosmétodos e dos materiais pedagógicos da vizinha República, duas dessas

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professoras adaptaram, na segunda década desse século para uso nas escolasprimárias do Rio Grande do Sul, o Primeiro Livro de Leitura QuieresLeer?, do professor uruguaio José Henrique Figueira.

Assim como por qualquer caminho pode-se ir a Roma, assimtambém com qualquer método se pode ensinar a ler; mas assimcomo existe um caminho mais seguro e agradável para se ir deum ponto a outro, assim também há um método mais vantajosopara ensinar a ler (José Henrique Figueira. Queres Ler?, p. 119.Instruções Práticas sobre a Didática da Leitura).

o livro de leitura Queres Ler? foi adaptado pelas professoras OlgaAcauan e Branca Diva Pereira de Souza, ambas alunas-mestras pela EscolaComplementar de Porto Alegre e integrantes do grupo que participou daexperiência de aperfeiçoamento profissional na Escola Normal deMontevidéu no ano de 1914.

Os dados quantitativos sobre o número de edições e das tiragens doQueres Ler?, não foram encontrados5. Particularmente, meu interesse pelolivro Queres ler? decorreu de entrevistas realizadas com professorasprimárias gaúchas ~ue atuaram em escolas do Estado entre o final da décadade 20 e os anos 60 . Nessas entrevistas foi recorrente a afirmativa: "eu soudo tempo do Queres Ler?". "Ser do tempo do Queres Ler?", marca umperíodo da escolarização primária no Rio Grande do Sul e identifica, acimade tudo, uma geração de alunos e de professoras sul-rio-grandeses. Esse eraum dado que não poderia ser desconsiderado. Dele nasceu o interesse emconhecer mais e melhor esse Primeiro Livro de Leitura que, ao que tudoindica, foi um dos mais usados no Estado. O Queres Ler? integrava a listados livros aprovados pela Comissão de Exame de Obras Pedagógicas de1924, tendo sido recomendado para uso nas escolas públicas.

O exemplar do Queres Ler? de que disponho é do ano de 1935, nãoconstando edição e tiragem. Como muitos dos livros de leitura editados no

5 Um exemplar do Primeiro Livro de Leitura Queres Ler? é hoje muito difícil de se conseguir. Percorrendoos sebos da capital gaúcha obtive a informação de que esse livro é muito procurado pela geração de alunossaudosistas de escolas gaúchas que compram o Queres Ler? para guardar como recordação de sua vidaescolar. Segundo um livreiro porto-alegrense. o último exemplar que ele dispunha foi vendido a mais oumenos um ano (1997) pelo valor de R$ 70,00. Uns poucos exemplares, entretanto, estão disponíveis emBibliotecas Públicas e acervos particulares. Na realização desse trabalho utilizei um exemplar do acervoparticular do Professor Dr. Elomar Tambara, a quem agradeço o empréstimo da obra.6As entrevistas foram realizadas para a tese de doutoramento que estou desenvolvendo na FAE/UFMG e queintitula-se Cultura escolar. ação e prática docente nas escolas públicas primárias gaúchas (1909-1959).

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Rio Grande do Sul, também o Queres Ler? foi publicado pela LivrariaSelbach de Porto Alegre.

Nesse exemplar, de 1935, consta uma advertência na capa do livro:"É propriedade. Reprodução proibida". Adiante lê-se: "AdaptaçãoAutorizada. Porto Alegre. Rio Grande do Sul. 1935". O prólogo do livro,assinado pelo Prof. José Henrique Figueira, autor da versão original emcastelhano Quieres Leer?, é, porém, de 1919; o parecer da Comissão deExame de Obras Pedagógicas do Rio Grande do Sul, aprovando o uso dolivro nas escolas primárias gaúchas, reproduzido no início do livro, data de1924; e, uma terceira indicação de que antes de 1935 o livro já estavaefetivamente em uso em escolas sulinas, é dada pelo próprio pareceristaAntonio Henrique de Casaes, o qual afirma: "tive o prazer de certificar-medo valor prático do QUERES LER?, assistindo a várias lições no ColégioElementar Souza Lobo" (p.xIIl).

Pretendo, nesse trabalho, explorar três aspectos do Primeiro Livro deLeitura Queres Ler?: a concepção de ler e de leitura, o método do ensino deleitura propugnado e a estrutura de organização do livro.

A leitura é considerada, nesse livro, um trabalho inteligente. Umadisciplina que permite adquirir a maior parte dos conhecimentos possíveisàs pessoas. Elemento propulsor da oralidade, do enriquecimento dovocabulário, da prática da ortografia, a leitura é apresentada comoindissociável da escrita. Há, ao longo do livro, uma insistência para que osprofessores desenvolvam conjuntamente as habilidades de leitura e deescrita. O parecerista da obra, em consonância com os princípiospedagógicos do livro, faz a seguinte afirmativa:

(... ) ensinar leitura sem escrita seria uma anomalia pedagógica,um esquecimento censurável, uma perda de tempo injustificável.O ensino da escrita, unido ao da leitura, além de um processológico e natural, tem as seguintes vantagens: os caracteres daimpressão não bastam para dar vida e atração à lição de leitura: aescrita fixa mais poderosamente a atenção, põe em jogo, alémdas memórias visual e auditiva, a memória muscular; ativa acuriosidade e toma mais interessante o trabalho; vivifica, porassim dizer, as letras, 'fazendo-as nascerem sob os olhos dacriança' (p.IX).

Nas notas que precedem cada parte do livro há, portanto, umainsistência quanto à necessidade do ensino conjunto da leitura e da escrita.Não ensinar simultaneamente a leitura e a escrita era considerado um dosprincipais erros que os professores poderiam cometer. A escrita das palavras

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era considerada uma forma de facilitar o ensino da leitura porque associavamemória visual e memória muscular.

Entendia-se que ler era, acima de tudo, compreender, dar sentido aoque era lido, em uma associação das palavras com as idéias e sempre com oauxílio da imagem, que era considerada a "companheira da idéia" (p. VIII).Leitura não poderia, assim, ser um trabalho da memória. Não deveria, porisso, ser ensinada através de sons "que nada significam" (p.VIII), de letrasou de sílabas. O ponto de partida do ensino da leitura era, portanto, apalavra associada à imagem e à idéia.

Tanto no prólogo, assinado pelo autor da versão original do livro,José Henrique Figueira, quanto nas notas de orientação que precedem cadaparte do livro e que sucedem cada lição, e ainda nas Instruções práticassobre a Didática da Leitura no primeiro ano escolar, apresentadas ao finaldo livro e também assinadas por José Henrique Figueira, há um esforço, aoque tudo indica, para construir uma "nova" forma escolar de ler, ou melhor,de ensinar e de aprender a ler. Condenando sempre a falta de sentido daleitura então praticada na escola, o anacronismo dos métodos ARe, aausência de significado no ato de aprender a ler, o aborrecimento, a fadiga ea monotonia dos métodos que faziam uso apenas de letras e dos sons para oensino da leitura, há, no Queres Ler?, a defesa da possibilidade de a leiturana escola ser algo vivo, animado, interessante. Ler na escola deveria seruma forma de interpretar os sentimentos e os pensamentos. Nesse livro, oautor da versão original e as autoras gaúchas, chamam a atenção dosprofessores para as relações entre leitura-significado-compreensão. Oparecerista da obra, acompanhando o espírito de seus autores, também dámostras de uma nova representação de ensinar/aprender a ler na escola queestava em processo de construção. Diz ele: "ler não significa traduzir alinguagem escrita em linguagem falada; é alguma coisa mais: é entender,compreender, assimilar, sentir o trecho lido" (Antonio Henrique de Casaes,p. XIII).

Ler deveria ser, também, uma atividade que, aproveitando acuriosidade natural da criança, favorecesse sua iniciativa e sua autonomia(p.VIII). Permanece, no entanto, a idéia de que a aprendizagem da leitura seprocessa em dois momentos: no primeiro, "a inteligência se alia aossentidos"; mais tarde, "a inteligência se alia ao sentimento e à reflexão" atése chegar a uma leitura "harmônica e completa" (p.VIII). Ou seja, mesmoconsiderando o esforço em associar leitura e compreensão, leitura esignificado, permanece a idéia de que primeiro se aprende a ler - decifrar- e depois se lê de forma efetiva com a emoção, o sentimento, acompreensão.

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Mas a leitura inteligente, compreensiva, significativa só poderia seralcançada através do emprego do método mais adequado de ensino daleitura: o método intuitivo analítico sintético de leitura e escrita correntede palavras e frases básicas ou normais. Assim era denominado o métododo Queres Ler? Intuitivo porque as palavras normais ou básicasrepresentariam coisas que as crianças poderiam ver, tocar, palpar, observar(p. VIII). Intuitivo também porque a cada palavra apresentada correspondiaum objeto respectivo supostamente do conhecimento das crianças, havendo,assim, a associação entre as idéias e as palavras, levando a uma leituracompreensiva por parte do aprendiz (p. XVIII). Esses princípios para oensino/aprendizagem da leitura estavam em consonância com o métodointuitivo, um dos pilares do movimento de renovação pedagógica, e que foiintroduzido no Brasil ainda durante o século XIX. As características deobservar e trabalhar eram centrais no método intuitivo: "observar significaprogredir da percepção para a idéia, do concreto para o abstrato, dossentidos para a inteligência, dos dados para o julgamento" (Vera TeresaValdemarim, 1998:69). A importância dos sentidos, da reflexão, dacompreensão, da significação das palavras, da "observação do própriopensamento" (Valdemarim, p.72) eram pilares da proposta de ensino daleitura do Queres Ler? Havia, contudo, uma orientação às professoras emnotas introdutórias do livro para que evitassem o erro de "deter-se, semnecessidade, nos exercícios de motivação e significação das palavras, comque a leitura se transforma em lição sobre objetos [lições de coisas] e sedispersam as forças que os alunos devem concentrar (enfocar) nasdificuldades próprias da leitura" (Queres Ler?, p'xIX).

A proposta do ensino de leitura do Queres Ler? era considerada, peloseu criador e por suas adaptadoras, um método ativo que "respeita apersonalidade do homem em formação", que "permite a maior liberdade doaluno", que combina "o que há de bom em todos os métodos de leitura,desde o método alfabético até o de frases" (p. VI). A combinação de todosos métodos conhecidos - objetivo, palavração, sentenciação, manuscrito efônico (silabação e soletração) -, era considerada a chave do sucesso doQueres Ler? Esses métodos reunidos é que poderiam "produzir o métodoúnico e verdadeiro" (p. XII). Essa crença estava sustentada pela idéia de quea simultaneidade do uso dos órgãos dos sentidos - memória auditiva,memória visual, memória muscular, oralidade - permitiria uma retençãomaior dos conteúdos a serem aprendidos. Na proposta do Queres Ler?, essasimultaneidade estava prevista: conhecer e falar sobre o objeto que apalavra representava, visualizar e oralizar a palavra, ouvir lentamente ossons que a compunham, ver e escrever a palavra nas formas manuscrita eimprensa.

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o método intuitivo analítico sintético do Queres Ler?, é, ainda,apresentado como sendo o melhor método de ensino de leitura porque,acima de tudo, respeitava as leis inatas da natureza humana, como porexemplo a da fala. A aprendizagem da fala é um processo consideradonatural, espontâneo e que se inicia com a emissão de palavras por parte dacriança. A palavra é aprendida pelo falante de forma inteira, inteligível,compreensível e assim deveria se proceder no ensino da leitura. O parecerda obra refere, em defesa do método intuitivo analítico sintético, que "elesegue uma marcha natural, tomando por ponto de partida uma idéia e nãoletras e sílabas, que nada significam e cujo insípido serve apenas parainspirar desgosto e mui legítima aversão à escola" (p. X).

A orientação do livro é sempre no sentido de que todo o trabalho dosprofessores deveria ser feito a partir da palavra normal ou básica (palavrachave) e num processo de decomposição - embora não devesse ser abusivo.As frases deveriam ser decompostas em palavras e cada palavra estudadaseparadamente. As adaptadoras do Queres Ler?, no entanto, sinalizam parao cuidado com os seguintes erros na aplicação do método intuitivoanalítico sintético: análise prematura, exigindo a decomposição antes daleitura das palavras e da respectiva associação com a idéia que elaexpressava; excesso de análise das palavras, devendo esse processo ficarrestrito às palavras normais; excesso de exercícios fonéticos, pois insistirnessa atividade significaria dificultar a leitura corrente; ensino do nome dasletras sem a familiarização dos alunos com os sons respectivos. Isso indicaque havia, segundo esse método, um momento certo para cada atividade.

Em cada uma das lições é apresentada, então, uma palavra normalacompanhada da imagem, e após são apresentadas palavras derivadas,palavras grafadas em letras manuscritas e em letras "de forma", e a partir dalição de número oito são apresentadas pequenas frases. Convém, antes deexplorar as lições do livro, apresentar a estrutura geral do Queres Ler?, e alógica sob a qual ele foi organizado. O livro pretende seguir um princípiobásico: o da gradação de dificuldades lexicográficas, ortográficas, fonéticase prosódicas, sendo dividido em quatro partes. Cada parte é precedida deuma nota orientando o trabalho docente, e cada lição é seguida de umapequena nota explicativa. Em cada uma das partes há uma classificação queobedece, conforme afirmei, características lexicográficas, ortográficas,fonéticas e prosódicas. Organizei o seguinte quadro que pode ajudar acompreender a estrutura e a lógica desse livro:

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Características consideradas na Exemplosorganização das lições do Queres Ler?

Uma/quatro letras: uva, luva1. Palavras quanto ao número de letras Até oito letras: vestido, cavallo

Até onze letras: borboletaMonossílaba e dissílaba: um,

2. Palavras quanto ao número de sílabas bolaTrissílaba: sapatoPolissílaba: crucifixo

3. Palavras com sílabas diretas eDiretas: le, Ia, 10, lu (fala, lobo)

inversas Inversas: al, an, am, as, ar(aljava, espada)Simples: (v); (c+v); (v+c) ovo,

4. Palavras com sílabas simples e mistas mala, anjoMistas: (c+v+c) vestido, tenazSimples: bala, bola, nabo, pato,

4. Letras de figura simples e de figura pipadupla Duplas: penna, cavallo, mappa,

janellaSimples: bala, bola, nabo, pato,pipa

5. Letras de som simples e de som duplo Duplos: (s) sapo, mesa; ( r) rato,pera, jarro;( c) cervo (brando),cavallo (forte)

6. Letras de som composto(x) xadrez (ch), crucifixo (ks),máximo (ç), exame (z), calix (s)

7. Letras líquidas Liv!,o, quad!,o, fl..echa, globo

8.Palavras esdrúxulas [proparoxítonas],graves [paroxítonas ], agudas Pássaro, pacote, caracol[oxítonas]

Ponto final, vírgula, traço deunião;

9. Pontuação Ponto de interrogação, ponto evírgula; Trema, ponto deadmiração, dois pontos;

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Assim, considerando todos esses elementos lingüísticos, o QueresLer? está organizado, conforme afirmei, em quatro partes e cada parte emlições. Na primeira parte há dezessete lições utilizando as seguintespalavras normais: ovo/uva (visualização); ovo (o/v); uva (u/a); luva (l);fava(f); bala/bola (b); vela (e); dedo (d); juba (j); bota (t); nabo (n); doze (z);pata (p); pipa (i); mala (m); sapo/mesa (s); e uma lição de recapitulação.Essa primeira parte segue as seguintes características lingüísticas: palavrasde uma a quatro letras, monossílabas e dissílabas, sílabas simples e inversas,letras de figura simples e de som simples e duplo (sapo/mesa). Na segundaparte há vinte e nove lições que obedecem a seguinte caracterização:palavras de até oito letras e três sílabas, sílabas de uma a três letras, sílabasdiretas e inversas simples e mistas, letras de dupla figura e dois sons. Naterceira parte são apresentadas vinte e três lições que têm palavras de atéonze letras e quatro sílabas, esdrúxulas, sílabas diretas e inversas simples ecompostas, e mistas simples e compostas, letras de som composto, ditongos.Na quarta e última parte são apresentados trechos literários em número dedez, com as seguintes temáticas: Minha boneca, Os gatinhos, A esmola, Aoração da manhã, Meu cãozinho, Uma carta, O menino asseado, As frutasdo vizinho, Um menino atencioso, A bandeira brasileira. O livro apresenta,ainda, cinco estampas - Queres Ler?, Primavera, O cão pastor, No recreio,Animais úteis -, que tinham como objetivo fazer com que as crianças"expliquem de viva voz o que as mesmas representam. Desse modo, ascrianças compreenderão que as figuras constituem uma forma da linguagemescrita e aprenderão a ler o que o artista quis expressar" (p. XVII).

Na perspectiva de que "o trabalho histórico deve ter em vista oreconhecimento de paradigmas de leitura válidos para uma comunidade deleitores, num momento e num lugar determinados" (Roger Chartier,1990: 131), é possível afirmar que para a escola primária do Rio Grande doSul, nas décadas de 20-30, houve um processo de alargamento daconcepção de ler, uma ampliação do sentido da leitura escolar. Lerestampas, ler de forma compreensiva, ler associando a palavra a umaimagem e à idéia correspondente, são exemplos que sinalizam para essa"nova" forma de ensinar-aprender a ler na escola.

2. O Primeiro Livro de Leitura Quero Ler

O Primeiro Livro de Leitura Quero Ler (s/d. 3" edição), é de autoriade Branca Diva Pereira de Souza, uma das professoras que adaptou oQueres Ler? O livro Quero Ler traz, já na capa, a seguinte inscrição:"Ensino Global da Leitura e da Escrita". Na primeira página lê-se:"Primeiro livro de leitura. Ensino global da leitura e escrita pelo métodovisual-ideológico", anunciando já a relação da aprendizagem da leitura

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como expressão das idéias. Esse livro foi editado pela Livraria Selbach, dePorto Alegre. Embora a edição de que disponho não traga a data de suapublicação, tenho a hipótese de que esse livro, pelas suas características,pela história de sua autora e pela similaridade do título, seja posterior aoQueres Ler? Ao contrário do Queres Ler?, ele não apresenta palavrasnormais, mas sim textos organizados por temáticas: Na escola (oito lições),Antes da aula (uma lição), Ao café (três lições), Depois da aula (uma lição),Alimentação (treze lições), As flores (duas lições), O vestuário (quatrolições), Nossas ruas (seis lições), Meios de locomoção (três lições), A casa(duas lições), Dormitório (duas lições). Há uma personagem central nessestextos: uma menina chamada Maria. Ela é quem vivencia as situaçõesnarradas nos textos e que se passam no espaço da escola, da casa, da cidade,do campo. Ao final do livro são apresentados três textos de temáticascívico-religiosas: Minha Pátria, A Bandeira Brasileira, Minha Oração.Diferentemente do Queres Ler?, o Primeiro Livro de Leitura Quero Lerapresenta sugestões de alguns poucos exercícios e jogos (testes decoordenação lógica, modelos de loto, atividades de reconhecimento dedesenhos e frases, jogos de sílabas).

Suponho que Branca Diva Pereira de Souza tenha usado do sucesso eda experiência do Queres Ler? para escrever um novo livro de leituraassumindo totalmente as vantagens do método global no ensino da leitura.A autora dirige-se "às prezadas colegas do magistério" oferecendo o queconsidera um "modesto livro organizado sob os moldes de um método queestá em relação com os dados da psicologia infantil" (p.6). Segue afirmandoque não teve a pretensão de inventar método algum - indicando o caráterprecursor para o Rio Grande do Sul do que estava propondo -, já que ométodo global, afirma ela, tinha os seus precursores no século passado.Branca Diva Pereira de Souza diz que "observou por experiência" que a"função de globalização na atividade mental infantil é um 'fato' ". Segundoela, experimentou o "método visual-ideológico de Decroly no que se refereà leitura e escrita" (p.6). Ela se auto-atribui, no entanto, o mérito daaplicação dos "processos de retificação do aprendizado sob forma de testesde coordenação lógica, modelos de loto para reconhecimento dos desenhose frases, jogos de sílabas". As lições de recapitulação e as notas deorientação às professoras, diz a autora, "são de minha exclusiva autoria"(p.6). Todas essas observações iniciais de Branca Diva Pereira de Souza sãoum indicador de que a autora atuou como professora primária por muitotempo, ao contrário de DIga Acauan que galgou altos postos na educaçãopública gaúcha, chegando em 1937 ao posto de Diretora Geral da InstruçãoPública, sendo a primeira mulher a ocupar esse cargo. Branca Diva Pereira

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de Souza experimentou o uso do método global antes mesmo da publicaçãodo seu livro Quero Ler.

Se o Primeiro Livro de Leitura Queres Ler?, parece ter sido ummarco em termos de uso e circulação nas escolas primárias gaúchas, oPrimeiro Livro de Leitura Quero Ler provavelmente indica o momento daintrodução do método global no Rio Grande do Sul para o ensino da leitura.Apenas no prosseguimento da pesquisa é que essas questões poderão sermelhor esclarecidas.

Considerações finaisO Primeiro Livro de Leitura Queres Ler?, ao propor o método

intuitivo analítico sintético para o ensino da leitura, significou um esforçode produção de um discurso que tentava convencer professores eprofessoras de que a leitura era um processo "essencialmente analítico"(p.X) e que, portanto, a proposta era realmente a mais moderna, a maiseficiente e que traria os melhores resultados no ensino da leitura. O autor eas adaptadoras do método intuitivo analítico sintético de leitura e escritacorrente de palavras e frases básicas ou normais, sustentavam a idéia deque somente com a introdução desse método nas escolas primárias seriapossível a formação de bons leitores. Ser um bom leitor previa a liberdadedo educando, a espontaneidade durante o ato de ler, a independência doleitor. Ser um bom leitor era, fundamentalmente, ler mais, ler com interesse,ler atribuindo significado ao texto, ler para dominar outros conhecimentos.

Ainda no campo da suposição, considero que o Quero Ler nãoobteve o mesmo sucesso que o Queres Ler? porque rompeu definitivamentecom o ecletismo da palavração, da sentenciação, da silabação, da fonética,já que apresentava, desde o início do processo, textos para o ensino daleitura. Ou seja, a idéia de que o melhor método de ensino da leitura era omisto foi amplamente aceito pelas professoras primárias, daí possivelmenteo sucesso do Queres Ler? A frase e o texto como unidade de aprendizagemera de difícil aceitação. Uma professora primária entrevistada, formada pelaEscola Complementar de Pelotas, RS, no final dos anos 30 e que atuou entreas décadas de 30 e os anos 60 em escolas públicas primárias, assim relatou:

Na Escola Complementar eu aprendi [alfabetizar] com o QueresLer?, aquele. (...) Eu assistia... porque tinha aulas práticas naescola, tinha aula prática e a gente ia prá dentro da sala de aulaver a professora dar aula. Chegava um dia em que tu tinhas quedar aula na frente da professora para aqueles alunos.(...) E depois veio um método de frases. Com frases a gentetambém... Eu seguia sempre pela frase. Eu comecei... eu nãoqueria dispensar o a, e, i, o, u, né? Então eu comecei: tu queres

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ler? Ivo viu a Eva. Depois então eu fazia eles trocarem a frase,inverter: Eva viu o Ivo. E dali eu seguia com outras palavras:Eva viu o ovo. Ivo viu a uva. Mas me dedicando mais aospedacinhos (Maria de Lourdes, 80 anos).

Longe de esgotar todas as possibilidades de análise, os livros aquiapresentados têm, ainda, muito a ser explorado. Seria possível, entre outrascoisas, uma análise de gênero (representações do feminino e do masculino),algumas considerações em torno da representação de escola, uma análisedas gravuras e dos conteúdos dos textos, uma reflexão mais apurada dasorientações pedagógicas, dos aspectos lingüísticos, etc.

Para finalizar, uma palavra acerca dos títulos dos dois livros aquianalisados. Queres Ler? indica um convite para que os leitores "entrassem"no universo da leitura. Cabia a eles a decisão de responder de formaintensiva a essa interrogativa. Era um "chamado" que pretendia instigar ofuturo leitor a fazer parte desse mundo da leitura e da escrita. Quero Ler éuma afirmativa que indica uma decisão já assumida pelo leitor. Não é emvão que a autora Branca Diva Pereira de Souza reproduz as palavras deClaparede como epígrafe de seu livro: "as crianças não fazem o que quereme sim querem o que fazem".

Fontes de consulta

1. Relatório apresentado ao Sr. Dr. A. A. Borges de Medeiros.Presidente do Estado do Rio Grande do Sul. Pelo Dr. Protásio AntonioAlves. Secretário de Estado dos Negócios do Interior e Exterior. Em 08 desetembro de 1913.

2. Entrevista. D. Maria de Lourdes. Pelotas, RS. Realizada em18/07/1997.

3. Queres Ler? Primeiro Livro. Lições e exercícios normaes deleitura-escrita corrente e ortographia usual. DIga Acauan e Branca DivaPereira de Souza. Porto Alegre, 1935.

4. Quero Ler. Primeiro Livro. Ensino Global da Leitura e da Escrita.Branca Diva Pereira de Souza. Porto Alegre: Livraria Selbach, s/do

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Referências Bibliográficas

Chartier, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa:Difel, 1990.

Valdemarin, Vera Teresa. Método Intuitivo: os sentidos como janelas eportas que se abrem para um mundo interpretado. In: Souza, Rosa F.,Valdemarim, Vera T. e Almeida, Jane S. O legado educacional doséculo XIX, Araraquara: UNESP, 1998.