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DESAFIOS E POTENCIALIDADES DA ANÁLISE GEOGRÁFICA EM SAÚDE NA SECRETARIA ESPECIAL
DE SAÚDE INDÍGENA – SESAI/MINISTÉRIO DA SAÚDE- BRASIL.
Palavras-chave: geoinformação, sáude, indígena
Introdução
A abordagem geográfica em saúde visa à análise de fatores ambientais de risco para
doenças bem como colabora para o desenvolvimento de estratégias para a administração
dos serviços de saúde, monitoramento de eventos e novos modelos de prevenção e
controle de doenças. É por meio da relação entre a população e seu território que se
estabelecem os meios propícios para o desenvolvimento de doenças e também para seu
controle.
Barcellos et al. (2002) destacam que a análise das situações de saúde depende de um
processo de territorialização dos sistemas locais, de modo a reconhecer porções do
território segundo a lógica das relações entre condições de vida, saúde e acesso a
serviços de saúde. A análise das situações de saúde tem uma lógica territorial, porque no
espaço se distribuem população humanas segundo similaridades culturais e
socioeconômicas e o Estado organiza-se e implementa ações nessa base territorial.
A utilização da abordagem territorial nos trabalhos práticos dos órgãos de gestão da
saúde pública no Brasil ainda é incipiente revelando um desafio cultural que se associa a
um desafio tecnológico e de infraestrutura.
O Ministério da Saúde (MS) do Brasil, por meio da Secretaria Especial da Saúde
Indígena (SESAI) é responsável, desde 2010, por coordenar a Política Nacional de
Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (BRASIL, 2002).
A missão da secretaria é implementar um novo modelo de gestão e de atenção no
âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, articulado com o Sistema Único de
Saúde (SUS), denominado SASISUS. Que é a prestação de serviços de atenção básica e
saneamento básico em aldeias, em articulação com o SUS. Atualmente o Subsistema
possui em sua base de dados demográfica aproximadamente 700 mil indígenas que
vivem em cerca de 5 mil aldeias.
Todo o processo de gestão (SASISUS) foi previsto na Constituição Federal (BRASIL,
1988). O Subsistema tem por objetivo o atendimento básico em saúde a populações
indígenas de forma descentralizada, hierarquizada e regionalizada, tendo sido criado em
1999, por meio da Lei nº 9.836/99. Deve levar em consideração a realidade local e as
especificidades dos povos indígenas, (BRASIL, 1999).
A territorialização das atividades de atenção a Saúde Indígena caracteriza-se pela
descentralização em Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (DSEI). Esses
podem ser entendidos como territórios etnoculturais dinâmicos que possuem
coordenação autônoma dos serviços de saúde, alinhada às diretrizes do SUS. Cada
DSEI se organiza em Polos Base (Território composto um conjunto de aldeias), que
possuem como sede dos tipos: 1 (localizados em aldeia – assistencial e administração)
ou 2 (Localizada em área urbana – administrativo). Em diversas aldeias do território dos
Polos Base estão instaladas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI). Os Polos Base
contam com equipes multidisciplinares que atendem a determinado conjunto de aldeias
situadas naqueles territórios. Atualmente existem 34 DSEI abrangendo todo o território
nacional, organizados em aproximadamente 360 Polos Base. Para representar essas
informações foram elaborados o Mapa 1, que apresenta a configuração territorial dos
DSEI no Brasil, e o mapa 2, referente ao DSEI Alto Rio Negro com seus respectivos 25
Polos Base. Esses mapas foram elaborados utilizando-se o software livre QGIS, versão
2.8.7, encontrado no site http://www.qgis.org/en/site/.
A abordagem territorial é, portanto, fundamental para a organização dos serviços de
atenção à saúde aos povos indígenas, e neste contexto a SESAI, por meio da
Coordenação Geral de Monitoramento e Avaliação da Saúde Indígena (CGMASI), tem
atuado para viabilizar a sistematização da base de dados geográficos da Saúde Indígena
e o desenvolvimento da cultura de análise geográfica em saúde.
Neste contexto, o reconhecimento do território consiste em um dos pressupostos da
organização dos processos de trabalho e práticas de vigilância e atenção à saúde, através
de uma atuação a partir de uma delimitação territorial previamente determinada.
Este esforço envolve desenvolvimento e aperfeiçoamento de sistemas de informações e
integração entre os demais departamentos da SESAI, colocando em cooperação
profissionais da área de saúde, geografia, saneamento, gestão, demografia, entre outros.
O presente artigo visa descrever o atual cenário da análise geográfica em saúde na
SESAI e refletir sobre os desafios referentes à infraestrutura dos sistemas de informação
e difusão da cultura da informação, bem como sobre a importância da análise geográfica
para a atividade de técnicos e nas tomadas de decisões entre gestores da secretaria.
Mapa 1 – Mapa com a configuração territorial dos DSEI no Brasil.
Mapa 2 – Mapa territorial do DSEI Alto Rio Negro com seus 25 Polos Base e no quadro menor sua localização.
Materiais e Métodos
A condução do trabalho baseou-se em abordagem qualitativa conduzida por estudo
descritivo acerca dos processos de trabalho, produtos e sistemas de informação da
SESAI.
Para caracterização dos sistemas de informação foi realizado levantamento documental,
com foco em documentos produzidos pelo nível central da SESAI, em particular junto à
Coordenação Geral de Monitoramento e Avaliação em Saúde Indígena (CGMASI).
Por fim, após o reconhecimento do atual cenário, buscou-se identificar, com base na
literatura de referência, o atual estágio de implantação da análise geográfica em saúde
na SESAI, avaliando quais são as potencialidades e os desafios a serem superados.
Descrição dos Sistemas de Informações SIASI e GEOSI
A SESAI conta com dois importantes Sistemas de Informações: o Sistema de
Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) e o Sistema de Cadastro e
Georreferenciamento Sanitário e Ambiental em Terras Indígenas (GEOSI). Na
sequência são descritas as principais características dos sistemas.
Conforme citado anteriormente, como parte da Política Nacional de Atenção à Saúde
dos Povos Indígenas foi criado em 1999 o Sistema de informação da Atenção a Saúde
Indígena, cuja implementação deu-se, no ano de 2000, nos 34 Distritos sanitários
Especiais Indígenas (DSEI). Segundo a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos
Indígenas, aprovada pela Portaria GM/MS nº 254/2002:
“O SIASI deverá subsidiar os órgãos gestores e de controle
social quanto à indispensável compatibilidade entre o
diagnóstico situacional dos problemas de saúde identificados e
as prioridades estabelecidas nos níveis técnico, social e político,
visando à coerência entre ações planejadas e efetivamente
executadas”.
Sousa et al. (2007) analisaram o SIASI, contemplando aspectos relativos à sua criação,
implantação, funcionamento, potencialidades e limitações, frisando a importância de um
sistema de informação em saúde especifico para os povos indígenas em decorrência de
suas especialidades socioculturais e demográficas.
O Sistema visa à coleta, processamento e análise de informações, em forma de
relatórios, para o acompanhamento da saúde das comunidades indígenas. Abrange
diversas áreas relativas à atenção básica, como demografia (incluindo nascimentos e
óbitos), imunização, morbidade, saúde bucal, saúde da mulher, vigilância alimentar e
nutricional e ações coletivas de promoção à saúde, conforme a tabela abaixo.
Tabela 1 – Tabela com dados que são alimentados no sistema SIASI
Cadastro
Indivíduo Aldeia Profissional de Saúde
Inserção
Monitoramento das Doenças Diarreicas Agudas - MDDA Influenza Monitoramento de Inquérito em Saúde
Esquistossomose Filariose Linfática Geohelmintíases Hanseníase Hepatite B Hepatite C HIV Malária Oncocercose Sífilis Tracoma
Consulta
DSEI Polo Base Aldeia Residência Terra Indígena CASAI Microrregião Etnia Profissional de Saúde CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde
Relatório
MDDA – Monitoramento de Doenças Diarréicas Agudas Relatório de Acompanhamento Alimentar e Nutricional Relatório Demográfico Relatório de Saúde Bucal Relatório Cartão Nacional de Saúde Relatório Saúde da Mulher Relatório de Imunização Relatório de Morbidade com CID Relatório de Morbidade – Sinais e Sintomas
Atualmente o SIASI encontra-se na versão 4.0, lançada em 2013, e utiliza linguagens de
programação Java e Java Swing, gerenciadores de bancos de dados PostgreSQL e
Oracle, ferramentas de Business Intelligence (BI), além do uso de criptografia e outras
metodologias de segurança da informação (BRASIL, 2015).
A alimentação dos dados individuais dos indígenas é realizada pelo aplicativo local (off-
line), podendo ser centralizada (digitação na sede do distrito) ou descentralizada (nos
polos base ou aldeias). A digitação de dados consolidados que necessitam de rápida
notificação são inseridos na interface Web do SIASI. Nessas duas interfaces é possível a
geração de relatórios para a visualização da situação de saúde dos indivíduos
acompanhados no SASISUS.
Embora o SIASI não consolide banco de dados geográfico, ele agrega informações
importantes necessárias à análise territorial em diferentes escalas geográficas, como
DSEI, Polo Base, Aldeia, Imóvel, tendo como unidade de entrada do dado o indivíduo
indígena.
Com objetivo de auxiliar a organização dos serviços e principalmente prover dados
confiáveis para a construção de indicadores básicos de saneamento ambiental nos
territórios da saúde indígena, foi desenvolvido, em 2010, o Sistema de
Geoferrenciamento do Saneamento e Ambiental em Terras Indígenas - GEOSI. Através
dele são coletadas as coordenadas geográficas e dados de saneamento básico de aldeias
e imóveis indígenas, armazenando informações sobre a captação de água e formas de
esgotamento sanitário, além outras informações sobre os imóveis existentes nos 34
DSEI (Tabela 2) (BRASIL, 2010).
Tabela 2 – Dados que são alimentados no sistema GEOSI.
Aldeia
Identificação Abastecimento de água Esgotamento sanitário Resíduos sólidos Sistema de transporte e comunicação Atividade econômica Impactos ambientais Coordenada Geográfica Elementos (Rio, Poço, Reservatório, Usina, Mineração, Garimpo,
Lixão, desmatamentos etc...)
Imóveis
Identificação Situação do Imóvel Características do imóvel Abastecimento de água Hábitos de Higiene Destino dos dejetos Destino dos resíduos sólidos Animais domésticos Coordenadas Geográficas
O sistema GEOSI Desktop foi construído utilizando-se a linguagem de programação
DOT Net, Banco de dados Access, Ambiente do servidor Microsoft Windows,
ferramentas Google Earth e Cristal Report. Atualmente essa ferramenta se encontra
obsoleta e uma nova ferramenta, GEOSI WEB, está em desenvolvimento, em
linguagem de programação open-source Python, Django e Leaflet e banco de dados
PostgreSQL e PostGIS. Neste novo desenvolvimento será desenvolvido um módulo
capaz de realizar análises espaciais em saúde e saneamento ambiental permitindo a
interoperabilidade com outros sistemas da saúde indígena, como SIASI.
Diagnóstico da análise geográfica em saúde na SESAI
Através da integração dos dados entre o SIASI e o GEOSI é possível realizar a análise
territorial em saúde em diferentes escalas e níveis de agregação de dados: DSEI, Polo
Base, Aldeia e domicílios/imóveis. Pode-se também estabelecer correlação entre
condições sanitárias e condições de saúde.
A Figura 2 demonstra como a inteligência geográfica é aplicada à análise em saúde na
SESAI. A Inteligência geográfica é um conceito relativamente novo. Diz respeito ao
uso da geografia e todas as possibilidades geográficas para dar respostas a um ou mais
problemas, sejam eles sociais, econômicos ou naturais (Kazmierczaket al., 2007).
Os sistemas GEOSI e SIASI constituem a infraestrutura desenvolvida para a coleta
sistematizada de dados. A transformação dos dados em informação geográfica ocorre
manualmente por meio do tratamento analítico de técnicos da equipe de geoinformação
da CGMASI, com apoio de técnicos da saúde. Os produtos cartográficos produzidos
subsidiam o processo de decisão dos técnicos em saúde e gestão de todos os
departamentos da SESAI.
Figura 2 - Inteligência Geográfica como ferramenta para a gestão da saúde indígena
Fonte: Adaptada de PEREIRA (2015).
Atualmente, a utilização da informação geográfica é possível com dados agregados por
DSEI, Polo Base e Aldeia, e ocorre conforme as etapas a seguir:
1. Extração e tratamento de dados geográficos e de saneamento do GEOSI;
2. Extração e tratamento de dados de saúde do SIASI;
3. Elaboração de produtos cartográficos em ambiente SIG (Software de Sistema de
Informação – QGIS.
Um novo módulo no GEOSI Web irá viabilizar a sistematização de mapas temáticos que
são demandados atualmente pelas áreas técnicas responsáveis pela atenção básica à
saúde e infraestrutura de saneamento indígena. Esses são desenvolvidos manualmente e
atendem apenas o nível central.
Com base na análise do atual cenário da SESAI, foram identificados, relativamente à
produção cartográfica, seis estágios para a implementação da Inteligência Geográfica na
Secretaria. Muitos destes estágios já estão parcialmente implantados. Para cada um
deles buscou-se destacar os desafios e potencialidades.
Definiram-se potencialidades como aspectos positivos que viabilizam a análise
geográfica e desafios como dificuldades ou necessidades que precisam ser superados ou
enfrentados. A proposta está apresentada de forma resumida na Tabela 3.
Tabela 3 - Proposta de implantação da inteligência geográfica em Saúde Indígena.
Estágios da implantação da inteligência
geográfica em saúde na SESAI.
Potencialidade Força/Oportunidade
Desafios Fraqueza/Ameaça
1. Disponibilidade de Dados de saúde,
saneamento e meio ambiente. E
disponibilidade de dados espaciais.
O SIASI dispõe de grande quantidade de dados em saúde;
O GEOSI já possui estrutura e metodologia desenvolvida para coleta de dados das condições de saneamento e meio ambiente das aldeias indígenas;
O GEOSI disponibiliza dados espaciais;
Já foi desenvolvido em ambiente SIG a base territorial da saúde indígena abrangendo os limites territoriais dos DSEI e dos Polos Base.
Aperfeiçoar metodologia de coleta de dados na escala dos imóveis para que seja possível o relacionamento entre os dados do GEOSI e do SIASI;
Aperfeiçoamento do GEOSI;
Infraestrutura para implantação dos sistemas;
Qualificação do dado a partir da coleta;
Melhoria no fluxo de numeração dos imóveis residenciais indígenas para viabilizar a interoperabilidade entre dados espaciais do GEOSI e dados em saúde do SIASI, para análises na escala da aldeia.
2. Disponibilidade de Dados geográficos dos
estabelecimentos de saúde indígena (UBSI,
CASAI, Farmácia, Sede do Polo Base e Sede do DSEI) e mapeamento
dos fluxos entre os estabelecimentos de
saúde indígena.
SIASI disponibiliza a base cadastral dos estabelecimentos, exceto das UBSI;
Ampliar o conhecimento quanto à organização territorial dos serviços de saúde;
Contribuir com análises quanto à logística dos serviços de saúde a partir do conhecimento dos trajetos e modal dos Polos Base e Unidades de Saúde até as aldeias.
Desenvolver um módulo nos sistemas de informação desenvolvidos para a coleta de coordenadas geográficas destes dados;
3. Alinhamento das bases de dados com
outros órgãos do governo federal.
Ampliar a possibilidade de análise dos dados produzidos na SESAI com dados produzidos em outros órgãos;
Divulgar dados padronizados;
Melhoria da articulação com outros órgãos governamentais para a;
Padronizar dados territoriais para divulgação na INDE – Infra Estrutura de dados Espacial;
4. Vinculação entre os dados espaciais e de
saúde.
Atualmente é possível relacionar dados espaciais do SIASI com o GEOSI;
A interoperabilidade permite analise geográfica em saúde e saneamento com dados agregados por DSEI,
Melhoria da Interoperabilidade entre os Sistemas GEOSI e SIASI;
Hoje esse cruzamento entre os dados de saúde e dados espaciais é realizado
Polo Base e Aldeia; É possível, ainda que manualmente,
realizar análises espaciais integrando dados do GEOSI e do SIASI, nas escalas do DSEI, Polo Base e Aldeias;
manualmente; Interoperabilidade de dados
por imóveis: Numeração dos imóveis e residência – metodologia de levantamento de dado geográfica. Desafio análise dentro da aldeia por imóveis;
5. Desenvolvimento de análises territoriais em saúde para subsidiar a
gestão e atenção à saúde indígena;
Já foram desenvolvidas inúmeras análises territoriais utilizando indicadores de saúde;
Está sendo desenvolvido módulo no GEOSI para disponibilizar sistematicamente alguns mapas temáticos destes indicadores;
Atualmente as análises são feitas manualmente;
O sucesso da ferramenta de geração de mapas temáticos no GEOSI depende da qualificação dos dados do SIASI;
6. Difundir a cultura do uso da análise
geográfica nos processos de trabalho dos
departamentos da Saúde Indígena.
Existe interesse dos técnicos da coordenação na utilização da análise geográfica;
A análise geográfica deve contribuir para a avaliação e aperfeiçoamento da organização territorial dos sistemas de saúde e para diagnósticos de situação de saúde;
Infraestrutura; Equipe – ampliar Capacitações e
treinamentos; Ampliar o diálogo
multidisciplinar entre técnicos de diversas áreas – estreitando as relações entre geógrafos e demais técnicos da área de saúde;
Difundir conhecimentos para ampliar a utilização cartográfica em todos os níveis de cognição da representação cartográfica.
Conforme o fluxo de trabalho da equipe da Geoinformação da CGMASI, a maior parte
da produção cartográfica da SESAI são mapas em escala nacional, com dados
agregados por DSEI. Esses são representados principalmente por dados de indicadores
estratégicos para saúde, que foram construídos para o Plano Distrital de Saúde Indígena
(PDSI) de 2016-2019.
O PDSI é uma ferramenta de gestão e tem como objetivo diagnóstico da situação da
saúde e saneamento ambiental nos DSEI, a partir de indicadores de expressão nacional.
Para que os gestores possam planejar produtos para atender os resultados estratégicos,
sendo esse composto por diversas metas.
Esse foi elaborado através de várias oficinas e reuniões com técnicos da Secretaria,
coordenadores dos 34 DSEI e presidentes do Conselho Distrital da Saúde Indígena
(Condisi). Abaixo informações dos Indicadores (Tabela 4), Resultados estratégicos e
Metas (Figura 3) da saúde indígena.
Tabela 4 - Indicadores estratégicos da Saúde Indígena
Impacto
Mortalidade
1 Taxa de mortalidade infantil 2 Taxa de mortalidade neonatal 3 Taxa de mortalidade materna 4 Taxa de mortalidade por suicídio
Morbidade
5 Incidência de Infecção Respiratória Aguda (IRA) em menores de 5 anos
6 Incidência de Doença Diarreica Aguda (DDA) em menores de 5 anos
7 Incidência de déficit nutricional em menores de 5 anos 8 Incidência de déficit nutricional em gestantes 9 Incidência Parasitária Anual (IPA) de Malária 10 Taxa de prevalência de hipertensão 11 Taxa de prevalência de diabetes melito 12 Taxa de incidência detuberculose 13 Incidência de hepatite B
Acesso e cobertura
Imunização 14 Proporção de menores de 5 anos com esquema vacinal completo
Saúde da criança 15 Proporção de aleitamento materno 16 Proporção de atendimento de crianças menores de 1 ano
Saúde da mulher 17 Cobertura de citopatológico de cólo de útero 18 Proporção de partos normais 19 Proporção de atendimentos de pré‐natal
Educação em saúde 20 Cobertura de ações de educação em saúde em aldeias Saúde Bucal 21 Proporção de primeira consulta odontológica programática Vigilância em saúde
22 Proporção de óbitos infantis investigados 23 Proporção de óbitos maternos investigados
Resolutividade 24 Proporção de resolutividade da atenção básica Medicamentos 25 Porcentagem de abastecimento de medicamentos
Saneamento ambiental
Água
26 Proporção de aldeias com acesso a água tratada
27 Proporção de aldeias com sistemas de abastecimento de água monitorados
28 Proporção de aldeias com acesso a sistemas de abastecimento Esgoto 29 Proporção de aldeias com destino adequado dos dejetos Resíduos sólidos 30 Proporção de aldeias com destino adequado de resíduos sólidos
Força de trabalho
Profissionais 31 Número de médicos por população indígena em aldeias
32 Proporção de equipes multidisciplinares de saúde indígena completas
Educação permanente 33 Proporção de profissionais do SASISUS em educação
permanente
Estrutura
Edificações
34 Proporção de aldeias com população entre 50 a 250 habitantes que possui UBSI
35 Proporção de aldeias com população entre 251 a 500 habitantes que possui UBSI
36 Proporção de aldeias com população superior a 500 habitantes que possui UBSI
Equipamentos 37 Proporção de consultórios odontológicos em funcionamento no
Dsei
38 Proporção de DSEIS com funcionamento de rede lógica e internet
Gestão
Sistema de informação
39 Proporção de implementação do SIASI 40 Proporção de implementação do sistema Hórus
Orçamento 41 Proporção de execução orçamentária 42 Proporção de execução financeira
Articulação interfederativa
Pactuação 43 Proporção de estabelecimentos de saúde no CNES Fluxo de atendimento 44 Tempo médio de permanência nas CASAIs
Controle Social
Participação e nfluência
45 Proporção de reuniões do CONDISIs realizadas 46 Proporção de reuniões do Conselhos Locais realizadas
Formação e qualificação
47 Proporção de conselheiros locais qualificados 48 Proporção de conselheiros distritais qualificados
Figura 3 – PDSI 2016-2019
A maioria desses dados são captados através do banco de dados do SIASI, com exceção
para os de números 03, 16, 20, 22-25, 30-48, e para todos os indicadores do Saneamento
Ambiental podem ser subsidiados através do GEOSI. Corroborando para uma
interoperabilidade entre os sistemas na produção de mapas temáticos para esses
indicadores.
Ao analisar estes produtos cartográficos constatou-se que são em grande parcela, mapas
de nível elementar ou de correlação, conforme definição de Guimarães e Ribeiro. 2010,
apresentado na tabela 5.
Tabela 5 - Níveis de cognição da representação cartográfica
Nível Habilidades cognitivas
1 – Elementar Identifica e localiza (o quê? Onde?)
2 – De correlação Estabelece relações entre 2 ou mais elementos. (Com quem?
Por quê?)
3 – De síntese Classifica (tipologia) e julga (como? Para quê?).
Fonte: Libault, 1975. Apud Guimarães e Ribeiro. 2010.
Quanto à utilização dos mapas no processo de trabalho, constatou-se que os mesmos são
utilizados em reuniões de gestão e subsidiam decisões em nível central para estratégias
de programas de morbidades específicas da equipe de atenção à Saúde. Por outro lado,
muitos mapas são utilizados apenas como forma alternativa de apresentação de
resultados de diagnóstico sem apresentar muitos avanços na análise geográfica do
fenômeno.
Considerações finais
Como apontado na Tabela 3 Proposta de implantação da inteligência geográfica em
Saúde Indígena, a superação do atual estágio possibilitará maior visibilidade da
situação de saúde dos povos indígenas nos territórios em que se organizam o
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
Acredita-se que ao final do Estágio 6 mencionado, a utilização de mapas de síntese seja
ampliada em atividades como:
Análise de processos de criação de novos Polos Base e reorganização dos limites
territoriais dos DSEI;
Análise logística da rede de saúde e sua conexão com a rede do SUS;
Ampliação dos instrumentos de monitoramento e avaliação dos programas de
saúde;
Planejamento para localização e administração de infraestrutura e serviços de
saúde;
Correlação entre indicadores epidemiológicos e socioeconômicos;
Estudos ecológicos – analisar incidência de doenças e potenciais fatores
etiológicos, seja no campo da análise exploratória, visando definir hipóteses da
(formulação clássica), ou para apontar medidas preventivas.
Após a conclusão destes estágios será possível também disponibilizar produtos
cartográficos para instrumentalizar as equipes dos DSEI e Polos Base por meio do
GEOSI.
Até o atual momento existem poucos estudos divulgados no meio acadêmico para
análises geográficas sobre o perfil epidemiológico, sociodemográfico e da organização
dos serviços de saúde dirigidos aos povos indígenas. Um desses estudos foi realizado
por Garnelo et. al em 2005, os quais definiram gradientes da intensidade do risco de
adoecimento indígena por tuberculose, malária e mortalidade infantil nos anos de 2000
a 2002, que foram comparados com os coeficientes encontrados na população não
indígena no mesmo período.
Entretanto, em sua metodologia, utilizou-se a figura em “raster” das divisões dos
territoriais dos DSEI e os dados foram organizados em planilhas Excel. Isto demonstra a
importância da divulgação desses dados geográfico na plataforma INDE – Infraestrutura
de Dados Espaciais, que foi instituída pelo Decreto Nº 6.666 de 27/11/2008, e que tem
como objetivo a disponibilização, o compartilhamento e o acesso a dados e informações
geoespaciais. Como também é importante compreender que a interoperabilidade dos
dados tabulares entre os sistemas GEOSI e SIASI facilitará a plena divulgação ao meio
acadêmico.
Considera-se que, superados os desafios referentes à estrutura, que consiste na melhora
e aperfeiçoamento dos sistemas de informação e qualificação da coleta e inserção de
dados, deve-se focar a difusão da cultura da análise geográfica por meio de cursos e
capacitações, vem como de metodologias de análise geográfica em saúde, integrando os
profissionais das diversas formações que a SESAI possui.
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