os desafios da escola pÚblica paranaense na … · universidade estadual do centro oeste –...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃOPRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2013
Título: A imagem como fonte histórica no estudo da sociedade escravocrata brasileira
no final do século XIX. A construção de saberes através da pesquisa.
Autor Alisete Wojahn
Disciplina/Área História
Escola de Implementação
Colégio Estadual do Campo São Luís- EFM
Município da escola São João
Núcleo Regional de Educação
Pato Branco
Professor Orientador
Ana Maria Rufino Gillies
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO – Guarapuava
Relação Interdisciplinar
Arte e Português
Resumo
O Ensino de História tem incorporado as transformações pelas quais tem passado a historiografia, especialmente em relação a ampliação das fontes históricas, na valorização de personagens antes esquecidos, na busca pela superação da história tradicional centralizada nos documentos escritos, predominantemente oficiais, que enalteciam como sujeitos da história, apenas os “grandes homens”. Tal quadro vem sendo alterado radicalmente há algumas décadas, graças às contribuições de autores da nova esquerda inglesa, da micro-história e da nova história cultural. Convém ressaltar, que além de disponibilizar diferentes documentos, o professor precisa de um embasamento teórico-metodológico para problematizar essas fontes e levar à construção do conhecimento sobre o processo histórico, desenvolver um trabalho consistente. Diante disso, esta Unidade Didática baseada na imagem como fonte histórica no estudo da sociedade escravocrata do final do século XIX, busca colocar os educandos em contato com uma coletânea de imagens e trabalhar os procedimentos da pesquisa através de diferentes atividades. Além das imagens selecionadas para discutir o tema, outras fontes, inclusive escritas, foram elencadas para permitir a compreensão do significado das imagens.
Palavras-chave Fonte histórica. Imagem. Sociedade escravista. Pesquisa.
Formato do Material Didático
Unidade Didática
Público Alvo A Unidade Didática será desenvolvida com alunos do 8º Ano da
rede Estadual de Ensino.
APRESENTAÇÃO
Esta Unidade Didática é parte do Programa de Desenvolvimento Educacional
do Paraná – PDE, e se fundamenta nas pesquisas historiográficas, realizadas
principalmente nas últimas décadas.
A renovação historiográfica promoveu uma profunda alteração nos valores
atribuídos às fontes históricas, ampliando o seu tipo e uso em sala de aula. Antes
centralizadas nos documentos escritos, predominantemente oficiais, acabava por
enaltecer, como sujeitos da história, apenas os “grandes homens”, restando
excluídas grandes parcelas da sociedade. Tal quadro vem sendo alterado
radicalmente há algumas décadas, graças às contribuições de autores da nova
esquerda inglesa, da micro-história e da nova história cultural.
Cumpre observar que, não basta ter acesso aos mais diferentes documentos
como imagens, filmes, músicas, mapas, entre outros, sendo necessário aos
professores buscar suporte teórico-metodológico para problematizar essas fontes e
para levar à construção do conhecimento sobre o processo histórico. Preocupação
expressa nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná:
Ao trabalhar com vestígios na aula de História, é indispensável ir além dos documentos escritos, trabalhando com os iconográficos, os registros orais, os testemunhos de história local, além de documentos contemporâneos, como: fotografia, cinema, quadrinhos, literatura, e informática. Outro fator a ser observado é a identificação das especificidades do uso desses documentos, bem como entender a sua utilização para superar as meras ilustrações das aulas de História. (DCEs, 2008, p. 69).
As fontes são indícios, fragmentos de vidas individuais ou coletivas
produzidas em diferentes épocas. O conhecimento que possuímos sobre um
determinado período é sempre incompleto. Os documentos são resultados da
sociedade que os produz; eles informam, assim como também deixam transparecer
a visão de mundo daquele momento.
As novas correntes historiográficas têm diversificado o uso das fontes, mas
por si só não informam. Além das imagens selecionadas para discutir o tema,
precisamos nos apoiar em outros documentos, outras fontes, inclusive escritas, que
nos permitam compreender o significado das imagens.
A imagem não representa uma prova do real, mas um indício, fragmento que
potencializa questionamentos e pode nos dar uma série de possíveis respostas,
desde que munidos de um conhecimento do contexto em que foi produzido. Para
tanto, é a pesquisa, o diálogo entre as fontes, o conhecimento da cultura, da
ideologia, que, por fim fornecem informações que possibilitam a escrita histórica.
Ao recorrer à pesquisa como uma das metodologias para desenvolver o
projeto, objetiva-se colocar o aluno como participante da construção do
conhecimento, aguçando-o na busca pelo novo e o contato com aquilo que
desconhece ou pouco conhece. Além disso, a pesquisa é um dos caminhos para a
formação dos jovens mais autônomos e ativos no processo educativo.
É dentro dessa perspectiva que se insere a Unidade Didática, ou seja, utilizar
imagens como fontes de pesquisa e conhecimento históricos, problematizá-las
verificando a intencionalidade da narrativa das cenas registradas e possibilitando,
através delas, conhecer os aspectos e especificidades da sociedade escravocrata
brasileira do final do século XIX.
MATERIAL DIDÁTICO
“A IMAGEM COMO FONTE HISTÓRICA NO ESTUDO DA SOCIEDADE
ESCRAVOCRATA BRASILEIRA NO FINAL DO SÉCULO XIX. A CONSTRUÇÃO
DE SABERES ATRAVÉS DA PESQUISA”.
Atividade 1: 2 aula
Professor, apresente aos educandos a unidade didática para despertar o
interesse dos mesmos na participação.
Em seguida, organize uma pasta, que pode ser confeccionada a partir de
cartolina, onde os alunos guardarão todas as atividades desenvolvidas. A pasta
poderá ser personalizada a partir do tema: “A imagem como fonte histórica.
Sociedade escravocrata brasileira no final do século XIX. A construção de
saberes através da pesquisa.”
Atividade 2: 1 aula
Vista a roupa de época, século XIX e pose para a fotografia. Crie uma
legenda para anexar à fotografia com o seu nome, nome do fotógrafo, data,
evento/motivo.
Atividade 3: 3 aulas
Observem e imaginem as histórias que essas fontes contam. Agora cada um
fará a apresentação daquilo que trouxe contando a sua história.
Para a próxima atividade é necessário providenciar roupas e acessórios de
época, século XIX, máquina fotográfica e um espaço para montar um pequeno
estúdio. Imprima as fotografias e organize-as na sala de aula num quadro mural
ou penduradas com um fio a partir do forro.
Para a próxima atividade, solicite aos alunos que façam uma pesquisa no
acervo familiar e tragam três a cinco fotografias/imagens e/ou objetos que
permitam contar sobre a sua vida. De igual forma, você professor poderá levar
fontes sobre sua história para contribuir na apresentação.
Peça que os alunos distribuam as fontes sobre as carteiras. Permita que
circulem para observar os objetos dos colegas e imaginar as histórias que es-
sas fontes contam. Explique sobre a fonte histórica, documento, acervo e es-
crita da História.
Em seguida, separe, classifique e organize uma exposição segundo o tipo de
fonte: que contêm imagens, fontes escritas, fontes que são objetos.
Para incrementar e diversificar as fontes, procurem, em casa ou com os de-
mais familiares, pelo menos mais uma fonte para ser acrescentada na exposição.
Como resultado, cada um fará o registro escrito das suas memórias para
publica- las no site do Museu da Pessoa.
Atividade 4: 3 aulas
Depois de observar as imagens, reflita e responda:
Que representações históricas aparecem nos desenhos?
Que possíveis interpretações podem ser desprendidas? Que detalhes estão
registradas nesta imagem?
Como os sujeitos estão sendo representados?
As imagens despertam sentimentos, emoções, reflexões. Que leituras podem ser
realizadas com esta imagem? Que época elas retratam? Por quê?
Identifique 3 características de como o escravo foi retratado.
Observe o acervo de imagens:
Realize a exposição dos desenhos, em quadro mural ou sobre as
carteiras. Permita que os alunos circulem e observem as imagens de todos
os colegas. Questione.
O passo seguinte será solicitar aos alunos que produzam, no horário
extraclasse, um desenho/imagem sobre a escravidão que identifique as
primeiras representações que possuem sobre o tema estudado.
Imagem 1: menino com sua mucama Fonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1&start=60
Imagem 2: escravos urbanos
Fonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/389escravosurbe2.jpg
Imagem 3: Johann Moritz Rugendas - festa de reisFonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/646rugereis.jpg
Imagem 4: Johann Moritz Rugendas: habitação dos negrosFonte:http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/654rugehabita.jpg
Professor, as mesmas perguntas, acrescidas de mais algumas outras
serão feitas aos alunos.
1- Que cenas aparecem?
2- Identifique 3 características das pessoas retratadas.
3- Há diferenças entre os desenhos produzidos e as imagens? Quais?
4- Qual o relacionamento das pessoas nas imagens acima?
5- Como estão vestidos? Por quê?
6- Na primeira imagem, é possível dizer se existe afeto entre o menino e a ama de
leite? O que lhe possibilita chegar a estes dados?
7- Qual período da história brasileira essas imagens retratam?
8- O que mais lhe chamou atenção? Por quê?
Depois de analisar o roteiro é preciso instigar para a discussão.
No decorrer desta discussão, podem ser elaboradas coletivamente as
respostas. Depois serão anexadas na pasta individual de atividades.
Por que, na maioria dos casos, o escravo aparece apenas sofrendo,
apanhando ou sendo explorado?
Estas imagens representam submissão dos escravos? Por quê?
Por que não são mostradas as centenas de anúncios publicados nos
periódicos da segunda metade do século XIX sobre as fugas de escravos, luta pela
preservação de sua cultura e outras formas de resistências?
Que manifestações culturais desenvolveram no Brasil e que muitas vezes não
aparecem nos livros?
As fontes históricas, através da observação e análise, permitem conhecer a
história de uma pessoa, de um lugar ou de um acontecimento? Por quê?
Atividade 5: 1 aula
Professor, lembre aos alunos que em nossa sociedade, muitas pessoas
jovens e crianças são aliciadas com ofertas de emprego e acabam sendo
traficadas para trabalhos escravos, sexuais.
Para a conscientização e mobilização contra o tráfico de pessoas a
Unodc ( United Nations Office on Drugs and Crime), da ONU, lançou a
campanha Coração Azul.
Para obter informações referentes a campanha da ONU contra o tráfico de
escravos acesse o site: http://www.unodc.org/blueheart/pt/about-us.html . Pesquise
sobre o símbolo da campanha, seus objetivos e que procedimentos que cada um
deve seguir para fazer parte desta ação.
Atividade 6: 3 aulas
Professor, com esta ação vai desnaturalizar a ideia de que somente o
africano foi escravizado por ser negro ou inferior, e mostrar que na história da
humanidade brancos também já foram e ainda são escravizados. Para isso é
necessário discutir a escravidão antiga, moderna, contemporânea, bem como
as noções de trabalho e as mudanças ocorridas em sua concepção em cada
período histórico.
Acesse o texto sobre a escravidão contemporânea:
link : http://reporterbrasil.org.br/trabalho-escravo/ .
Em 2010 o Ministério do Trabalho e Emprego realizou operações de
fiscalizações para a erradicação do trabalho escravo.
Observe o quadro com os dados dessas operações. Para isso acesse o link:
http://www3.mte.gov.br/fisca_trab/est_resultado_quadro_trabescravo2010.pdf
O mapa a seguir mostra a distribuição geográfica do trabalho análogo à escravidão, no Brasil.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/img/historia/231-hist2.jpg
Infelizmente, o problema da escravidão ainda persiste embora de forma
diferente da ocorrida até o século XIX. Com base no mapa, nas informações obtidas
através da leitura dos textos e de seus conhecimentos responda:
a) Quais os Estados com maior ocorrência de trabalho escravo?
b) Que outras formas contemporâneas de escravidão são praticadas?
c) O que caracteriza a escravidão nos dias de hoje?
d) Por que uma pessoa se torna escravo?
e) Como é a vida de uma pessoa escrava hoje?
f) Quais as principais diferenças entre a escravidão antiga e a moderna?
g) Por que recorreram à escravidão ao colonizar a América?
h) Por que a lei Áurea não significou liberdade?
i) Pesquise na legislação brasileira as penalidades referentes à prática do
trabalho escravo ou condição análoga. Para tanto, consulte o site do Governo
Federal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.803.htm
Atividade 7: 3 aulas
Realize uma visita virtual ao Museu Afro Brasileiro, localizado no Parque
Ibirapuera, em São Paulo, através do site: http://www.youtube.com/watch?v=LF8AKKvOIPk
e conheça mais sobre a importância dos afro brasileiros na constituição da nossa
sociedade, nos mais diferentes setores.
Acrescente o vídeo do Núcleo de História e Memória do mesmo Museu,
referente a personalidades negras da História do Brasil: http://www.youtube.com/watch?
v=XbiyUQeGsfE.
Em seguida pesquise, no laboratório de informática e/ou em livros didáticos,
personalidades negras que se destacaram no período da escravidão, e outros que
se destacam na atualidade no meio artístico, literário e esportivo. Monte um painel
com fotografias e atividades desenvolvidas pelos mesmos.
Atividade 8: 2 aulas
Agora observe detalhadamente as imagens abaixo:
Imagem 5: Escravos urbanosFonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/389escravosurbe2.jpg
Imagem 6: Escravo urbanoFonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/385escravo_ganho.jpg
Imagem 7: Escrava urbanaFonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1
Imagem 8 : senhor com seus escravos Fonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/1125senhoreescravos.jpg
Imagem 9: babá com menino Eugen Keller.Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22180
Imagem 10: Johann Moritz Rugendas - Carregadores de águaFonte:http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=11&evento=1
Imagem 11: Johann Moritz Rugendas – Roda de capoeirawww.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=322
1- O que as imagens mostram?
2- Que atividades econômicas desenvolviam?
3- Você conhece alguém que ainda desenvolve atividades semelhantes às
abordadas nas imagens estudadas? Quais?
4- Que outras profissões eram exercidas por escravos e libertos no final do século
XIX? Fonte: Karasch, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850).
São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
5- Muitos escravos exerciam atividades domésticas. Quais as principais mudanças
e as permanências em relação à situação do trabalho doméstico hoje?
Em seguida professor, disponibilize para cada aluno uma cópia do texto
abaixo, de Luiz Felipe de Alencastro, sobre as imagens 8 e 9. ( senhor com
seus escravos e babá com menino).
Realize a leitura sobre as análises realizadas pelo historiador Luiz Felipe de
Alencastro sobre as imagens 8 e 9:
Texto 1
“ O homem branco é o senhor, dono, proprietário dos cinco outros homens negros e
mulatos. Os outros se encontram atrás. O primeiro à esquerda do senhor é mulato,
está bem vestido. Ao contrário dos outros, deixou o cabelo meio liso crescer,
penteou-o, fez uma risca no lado esquerdo, como o seu senhor. Mas não pode usar
sapatos, privilégio e marca distintiva dos livres e libertos. Tirar fotografia era uma
operação demorada. Ninguém podia se mexer durante quase dois minutos. Outras
tentativas já podiam ter falhado. O fotógrafo Militão, que fez essa foto em São Paulo,
deve ter reclamado. Por isso ou por outras razões mais secretas, o senhor está
zangado, de cara amarrada. O escravo situado à sua direita, assustado, encolheu-
se. Na extrema esquerda, o homem com a varinha na mão - pastor de cabras ou de
vaca leiteira na cidade - tem um olhar altivo, talvez porque traga nas mãos o objeto
de seu ofício, que o distingue dos outros cativos, paus para toda obra. Na extrema
direita, o homem de branco se mexeu: estragou a foto da ordem escravista
programada pelo seu senhor. Vai apanhar. No seu rosto fora de foco vislumbra-se o
medo. Vai apanhar. ALENCASTRO, Luis Felipe de. História da vida privada no
Brasil Império: a corte e a modernidade nacional. Companhia das letras: São
Paulo, 1997, p.18.
Disponível em: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=14&evento=1
Acesso em: 22/10/2013.
Texto 2
"A fotografia foi feita no Recife por volta de 1860. Na época era preciso esperar no
mínimo um minuto e meio para se fazer uma foto. Assim, preferia-se fotografar as
crianças de manhã cedo, quando elas estavam meio sonolentas, menos agitadas. O
menino veio com a sua mucama, enfeitada com a roupa chique, o colar e o broche
emprestado pelos pais dele. Do outro lado, além do fotógrafo Villela, podiam estar a
mãe, o pai e outros parentes do menino. Talvez por sugestão do fotógrafo, talvez
porque tivesse ficado cansado na expectativa da foto, o menino inclinou-se e apoiou-
se na ama. Segurou-a com as duas mãozinhas. Conhecia bem o cheiro dela, sua
pele, seu calor. Fora no vulto da ama, ao lado do berço ou colado a ele nas horas
diurnas e noturnas da amamentação, que os seus olhos de bebê haviam se fixado e
começado a enxergar o mundo. Por isso ele invadiu o espaço dela: ela era coisa
sua, por amor e por direito de propriedade. O olhar do menino voa no devaneio da
inocência e das coisas postas em seu devido lugar. Ela, ao contrário, não se moveu.
Presa à imagem que os senhores queriam fixar, aos gestos codificados de seu esta-
tuto. Sua mão direita, ao lado do menino, está fechada no centro da foto, na altura
do ventre, de onde nascera outra criança, da idade daquela. Manteve o corpo ereto,
e do lado esquerdo, onde não se fazia sentir o peso do menino, seu colo, seu pesco-
ço, seu braço escaparam da roupa que não era dela, impuseram à composição da
foto a presença incontida de seu corpo, de sua nudez, de seu ser sozinho, da sua li-
berdade. O mistério dessa foto feita há 130 anos chega até nós. A imagem de uma
união paradoxal mas admitida. Uma união fundada no amor presente e na violência
pregressa. A violência que fendeu a alma da escrava, abrindo o espaço afetivo que
está sendo invadido pelo filho do senhor. Quase todo o Brasil cabe nessa
foto."ALENCASTRO, Luis Felipe de. História da vida privada no Brasil Império: a
corte e a modernidade nacional. Companhia das Letras: São Paulo, 1997, p. 439-
440.
Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22180 Acesso
em: 23/10/2013
Atividade 9: 3 aulas
Para a atividade abaixo é preciso ter em mãos livros didáticos da
disciplina de História. Podem ser de outros anos e referentes a outras
turmas/séries/anos, mas que abordem a sociedade escravocrata do final do
século XIX.
Através da pesquisa busque os dados:
1- O livro contém algumas imagens deste período?
2- Qual é o tema?
3- O que elas retratam?
4- Que informações passam?
5- Há alguma relação entre as imagens e o texto?
6- Há alguma informação sobre as imagens?
7- Quem as produziu?
8- Qual a finalidade da sua produção?
Pesquise no acervo disponível na biblioteca da escola sobre a industrialização
do Brasil, urbanização e imigração, em forma de texto e imagens. Após, organize
um painel a partir das imagens com informações, como data, local, evento, o que
retrata.
Atividade 10: 2 aulas
Professor para comparar o trabalho e perceber as rupturas e permanências
realize as atividades abaixo.
Visite algumas propriedades rurais em torno da escola e fotografe aspectos
do trabalho da comunidade hoje, em relação à tecnologia, ferramentas, vestuário,
utensílios domésticos e condições de trabalho.
Na mesma oportunidade pesquise e colete imagens/fotografias, objetos,
vestimentas junto às famílias da localidade em atividades de lazer, trabalho,
comércio, datas comemorativas e catalogue para realizar uma exposição.
Atividade 11: 2 aulas
Realize uma releitura, a partir das imagens de escravos com a utilização de
vários materiais como: revistas, lápis de cor ou de cera, EVA, papelão, tinta, papel
sulfite. Use sua criatividade.
Atividade 12: 3 aulas
Professor, a produção do vídeo (Movie maker) será realizada com o
auxilio de uma câmara fotográfica. Ela consiste na elaboração de um vídeo
animado utilizando as fotografias em seqüência, ou seja, animação fotográfica.
Depois, os alunos farão a pós-produção, catalogação, ficha técnica. Também
podem ser incluídas como fundo musical músicas, melodias ou poesias que
estejam relacionadas à cultura afro-descendente.
Em grupo, crie um vídeo (movie maker) referente ao tema “A imagem como
fonte histórica no estudo da sociedade escravocrata brasileira no final do século XIX.
A construção de saberes através da pesquisa.” Elabore um roteiro, cenário e crie
personagens (bonecos, desenhos, objetos) a partir de diversos materiais.
Atividade 13: 1 aula
Produza um texto dissertativo sobre o que aprendeu através das atividades
desenvolvidas nesta Unidade Didática.
Atividade 14: 3 aulas
Agora vamos organizar uma exposição e apresentação dos trabalhos
produzidos. Nossos visitantes serão pais, comunidade escolar e os alunos do
Colégio Estadual do Campo São Luís-EFM.
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Professor, para realizar a publicação da história de cada aluno no Museu da
Pessoa, siga os seguintes passos:
Acesse o site www.museudapessoa.net
Clique no link Conte sua História.
Clique em Clique aqui para inserir sua História.
Dê um título para a sua história e a escreva no espaço em branco.
Escolha o idioma “português”, assinale a concordância com os termos e
condições de uso do Portal Museu da Pessoa e dê “ok”.
Preencha o cadastro com seus dados pessoais e defina uma senha de
acesso ao portal.
Sua história será publicada no site. Também tem a opção de anexar fotos,
desenhos, vídeos e áudios.
Ao pesquisar sobre as personalidades negras, uma importante fonte histórica
que pode ser consultada é o arquivo do jornal do Senado Federal, através do site:
http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/arquivos_jornal/arquivosPdf/encarte_abolicao.pdf.
Como material de apoio e leitura complementar consulte o link:
http://www.studium.iar.unicamp.br/africanidades/koutsoukos/koutsoukos.html. Da mesma forma,
importante material de leitura , para aprofundamento teórico, os artigos de Flávia
Eloísa Caimi, Ricardo Oriá e Teresa Cristina de Carvalho Cruz. Para tanto, consulte
as referências.
Sobre o movie maker, ele é um software de edição de vídeos da Microsoft.
Atualmente integrando o conjunto de aplicativos Windows Live, chamado de Win-
dows Live Movie Maker. Disponível para download em: http://www.baixaki.com.br/down-
load/windows-live-movie-maker.htm
REFERÊNCIAS
ALENCASTRO, Luis Felipe de. História da vida privada no Brasil Império: a corte e a modernidade nacional. Companhia das letras: São Paulo, 1997.
CAIMI, Flávia Eloisa. Fontes históricas na sala de aula: uma possibilidade de produção de conhecimento histórico escolar? Anos 90. Porto Alegre, v.15, n.28, p.129-150, dez.2008.
CRUZ, Teresa Cristina de Carvalho.Análise iconográfica do trabalho escravo no Brasil a partir de uma pintura de Debret. In: Revista PerCursos. Florianópolis, v. 7, n.2, 2006.
Karasch, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
ORIÁ, Ricardo. O negro na historiografia didática: imagens, identidades e representações. Revista Textos de História. Brasília, v. 4, n. 2, 1996, p. 130-150.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica. Curitiba, 2008.
http:// www.museudapessoa.net
http:// www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/
http:// www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=322
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=11&evento=1
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1&start=60
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/389escravosurbe2.jpg
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/646rugereis.jpg
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/654rugehabita.jpg
http://www.unodc.org/blueheart/pt/about-us.html
http://reporterbrasil.org.br/trabalho-escravo/
http://reporterbrasil.org.br/trabalho-escravo/
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1&start=20
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/389escravosurbe2.jpg
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/385escravo_ganho.jpg
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/1/1125senhoreescravos.jp
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=14&evento=1
http://revistaescola.abril.com.br/img/historia/231-hist2.jpg
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.803.htm
http://www.youtube.com/watch?v=LF8AKKvOIPk .
http://www.youtube.com/watch?v=XbiyUQeGsfE
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22180
http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/arquivos_jornal/arquivosPdf/encarteabolicao
.pdf .
http://www.baixaki.com.br/download/windows-live-movie-maker.htm
http://www.studium.iar.unicamp.br/africanidades/koutsoukos/koutsoukos.html