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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
DEVOÇÕES, FESTAS E RITOS: CULTURA E DIVERSIDADE RELIGIOSA DO MUNICÍPIO DE APUCARANA COMO
MATERIAL DE ENSINO NO AMBIENTE ESCOLAR
BELOTI, Maria Cecilia1 PROENÇA, Wander de Lara2
Resumo: O ser humano está em constante desenvolvimento, quer no aspecto biológico, psicológico e espiritual. È importante cuidar da saúde, da alimentação, para ter uma vida saudável, da mesma forma é necessário cuidar da parte que diz respeito à espiritualidade e à religiosidade. Proporcionar o desenvolvimento da espiritualidade implica em promover a qualidade de vida, principalmente no educando. Por meio da religião muitos aspectos podem ser aprimorados, como tolerância e aceitação da diversidade, além da compreensão das várias etapas de vida pelas quais o indivíduo passa. A espiritualidade não está necessariamente ligada a uma religião específica, mas sim ao modo como o indivíduo procura viver, relacionar-se, atuar na família ou na sociedade, constituindo-se em um vetor importante de produções culturais e sociais. Esse artigo apresenta resultados da abordagem dessa temática no ambiente escolar, demonstrando procedimentos metodológicos de sua implementação.
Palavras-Chave: Material didático. Religiosidade. Cultura. Apucarana. História
regional.
Introdução
Estamos em constante desenvolvimento, quer no aspecto biológico,
psicológico e espiritual. È importante cuidar da saúde, da alimentação, para ter uma
vida saudável, da mesma forma é necessário cuidar da parte que diz respeito à
espiritualidade e à religiosidade. Proporcionar o desenvolvimento da religiosidade
implica em promover a qualidade de vida, principalmente no educando. Através da
religião muitos aspectos podem ser aprimorados, como tolerância, aceitação das
várias etapas pelas quais o indivíduo passa, de modo a fazê-lo com mais seriedade.
A espiritualidade não está necessariamente ligada a uma religião específica,
mas sim ao modo como o indivíduo procura viver, se relacionar, atuar na família ou
na sociedade, buscando proporcionar a si e aos que o cercam ambientes
agradáveis, equilibrados, serenos onde seja prazeroso permanecer, se relacionar,
trocar experiências de amizade, de respeito, de carinho, bom humor, de
solidariedade o que facilitará a convivência harmoniosa entre pessoas de diferentes
credos. Como o ser humano é um ser social, vive em comunidade, essa vivência no
ambiente escolar tende a se intensificar.
1 Professora PDE. Núcleo de Ensino de Apucarana – PR. 2 Professor orientador. Doutor em História. Professor da Universidade Estadual de Londrina.
Para entender a diversidade religiosa no ambiente escolar é necessário
promover discussões que contextualizem o exercício de cidadania que é
contemplado no artigo XVIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O
Programa Nacional dos Direitos Humanos deseja incentivar o diálogo entre os
movimentos religiosos, para a construção de uma sociedade de pluralidade cultural,
com base no reconhecimento e no respeito às diferenças.
Podemos observar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996 – mais especificamente no artigo 33 destaca a
importância da temática referente à diversidade religiosa. O conhecimento da
história de diferentes expressões religiosas, presentes no contexto apucaranense,
contribuiu para melhor relacionamento, troca de experiências, de amizade, de
respeito e solidariedade, o que facilita a convivência harmoniosa entre pessoas de
diferentes credos.
O tema devoções, festas e ritos religiosos – desenvolvidos através da linha de
pesquisa cultura e história das religiões - permitiu o conhecimento pelos estudantes
das características de diferentes credos religiosos, possibilitando assim uma
compreensão mais profunda de que a religião representa um espaço importante de
produções culturais e sociais. A visibilidade religiosa é marcante no município de
Apucarana, com elementos demarcados em seu processo de formação histórica;
essa diversidade religiosa se faz notável no ambiente escolar de ensino fundamental
e médio. Desse modo, estudar a história das religiões locais contribuiu para melhor
compreensão pelos estudantes dos elementos culturais construtores de sua
identidade.
A construção de um material didático com ênfase na história local contribuiu
para o ensino religioso tornar-se mais próximo da realidade dos estudantes,
despertando maior interesse de participação e interatividade.
Revisão de literatura
A História das Religiões é complexa e fascinante, pensar a relação entre
religião e cultura nos leva ao diálogo, ao respeito e a tolerância, fator essencial para
os seres humanos. Segundo a autora Karina Kosicki Bellotti trabalhar com História
das Religiões numa perspectiva cultural significa ampliar o conceito de religião. Nas
sociedades monoteístas, religião significa acreditar em Deus ou num sagrado,
identificado por vários lugares e por vários símbolos: templos, igrejas, catedrais,
sinagogas, mesquitas, cruzes, crucifixos, imagens e esculturas de santos, Bíblia,
Corão e Torá, Virgens Marias, medalhas, fitinhas, festas e cerimônias. São religiões
que, além de possuírem uma origem comum, possuem lugares de poder definidos.
Tornar mais amplo um conceito de religião permite o estudo de assuntos
ignorados pela História eclesiástica e pela História das ideias, como as
manifestações populares e as religiosidades de pessoas não filiadas a nenhuma
instituição religiosa. Esse conceito existe e é bastante utilizado pelos historiadores,
por influência da Antropologia e da História Cultural: "religião é um sistema comum
de crenças e práticas relativas a seres sobre-humanos dentro de universos
históricos e culturais específicos." (Silva & Karnal, 2002, p.13-14).
Na sociedade ocidental, tem-se a idéia de que a "essência" da religião estaria
expressa na sistematização teológica (conhecimento acadêmico institucional).
Porém, se pensarmos em religião como um sistema de crenças e práticas,
constatamos que religião não é somente Teologia, pois é necessário compreender
as relações de poder que definem o que é correto e o que é errado dentro de uma
tradição institucionalizada. Do mesmo modo é importante ter em mente que, além de
lugares de poder, há práticas religiosas não institucionalizadas, tanto comunitárias
quanto individuais – estas mais conhecidas como religiosidade.
Não há como desqualificar um elemento em favor do outro – dentro da
perspectiva histórico social, tanto crenças como práticas conferem os mais variados
sentidos religiosos. Tomar posicionamento de uma ou de outra significa identificar-se
com um lugar de poder. O que devemos fazer é entender como diferentes crenças e
práticas fazem sentido para as pessoas e os grupos que as adotam, em contextos
históricos específicos.
Desta forma a religião, é concebida dentro da História Cultural como algo
construído historicamente. Uma das maiores contribuições de Michel de Certeau em
relação à escrita da História é mostrar que não escrevemos a História "fora" da
História. Isto é, o conhecimento do passado é textualizado, permeado de
intervenções e interdições que configuram o saber histórico. Compreender religiões
sob esse prisma significa enxergar o passado a partir de questões do presente.
Ainda que isto seja uma redundância é necessário lembrar que uma leitura do
passado, por mais controlada que seja pela análise de documentos, é sempre
dirigida por uma leitura do presente. Com efeito, tanto uma quanto a outra se
organizam em função de problemáticas impostas por uma situação. Elas são
conformadas por premissas, quer dizer, por „modelos‟ de interpretação ligados a
uma situação presente do cristianismo, como por exemplo, no caso do jansenismo e
de Lutero (Certeau, 2000, p. 33-34). Isso significa que o estatuto que as religiões
possuem no mundo contemporâneo influencia na forma de se teorizar o campo
religioso – como um fenômeno cultural amplo, e não somente como uma
propriedade desta ou daquela instituição. Por outro lado, embates dentro do campo
religioso suscitam preocupação com a questão da tolerância religiosa e do diálogo
inter-religioso.
Segundo Silas Guerriero (2005), os estudos das religiões, ou ainda, o estudo
das razões do ser humano crer e elaborar religiões, sempre foi um grande desafio.
Afinal, trata-se daquilo em que muitos depositam os fundamentos de uma verdade
última ou, como dizia Feuerbach, a esperança da “satisfação imediata, absoluta e
ilimitada de todos os nossos desejos subjetivos” (Apud Guerriero, 2005). Como
compreender algo que não pode ser proferido, mas apenas sentido nas mais
profundas experiências do ser? Já ouvimos dizer que “religião não se discute!”. Ora,
fosse assim perderíamos a oportunidade de compreender mais amplamente a nós
mesmos. A capacidade de produzir símbolos e construir mundos que só existem em
nossa imaginação, transcendentes da experiência sensorial e empírica, é algo que
só os humanos possuem e que nos diferencia das demais espécies. Religião se
discute, sim. E a ciência tem muito a dizer sobre ela.
Não é de hoje que as ciências se debruçam sobre o fenômeno religioso. A
filosofia e todas as outras humanidades, desde o alvorecer de cada uma delas,
buscaram sempre colocar luz sobre o mistério. Porém, muitas vezes essa tentativa
veio no sentido de desmerecimento daquelas verdades faladas pela religião,
tratando o crente como alguém que insistia em permanecer ligado aos mundos
encantados das “fantasias” religiosas. Desde a filosofia clássica, que procurou
desbancar a mitologia, até a ciência moderna, com o discurso de que a
racionalidade científica suplantaria as ilusões da fé, essas investidas foram
marcadas pelo desmerecimento do fenômeno religioso, acabando por não percebê-
lo em sua complexidade. Por outro lado, os estudos valorativos restringiram-se,
muitas vezes, a olhares de dentro, buscando a compreensão racional dos mistérios
da fé a partir do universo religioso do próprio pensador, terminando, muitas vezes,
por colocar compreensões particulares como verdades absolutas e inquestionáveis.
Uma postura muito comum de nosso tempo é acreditar que as crenças só
existem porque não temos explicação para muitas coisas que acontecem na
natureza. O mistério fica reduzido, dessa forma, a uma limitação temporária de
nossos instrumentos de medição. Quanto mais a ciência avançar sobre o
desconhecido, mais afastará qualquer explicação sobrenatural. A religião estaria,
dessa maneira, reduzida a uma incapacidade cognitiva. A resposta da religião acaba
sendo, muitas vezes, uma defesa intransigente de seus pontos de vista, recusando-
se a enxergar aquilo que a ciência descobre. Clonagem e pesquisa com células-
tronco embrionárias de seres humanos são apenas algumas faces visíveis do
debate atual, sem falar na grande polêmica que envolve o ensino do criacionismo.
Ao colocarmos religião e ciência no mesmo patamar, incorremos no erro de não
perceber suas especificidades e de ficar discutindo interminavelmente quem tem
mais razão. Religião e ciência não podem ser confundidas, pois são dois pilares
distintos do conhecimento humano, cada um cobrindo uma faceta da existência
humana (Guerriero, 2005).
Dessa maneira, como podemos defender o ponto de vista de que a ciência
pode estudar as religiões? Sem dúvida que a ciência tem muito a dizer sobre o
fenômeno religioso, mesmo que seja uma fala externa. É claro que quando falamos
em religião estamos entendendo uma infinidade de coisas e que a própria expressão
não faz sentido para muitas culturas diferentes da ocidental. Esse já é um primeiro
desafio. Para as ciências da religião, tudo aquilo que está no campo das crenças,
sejam mitos, doutrinas, verdades religiosas ou mesmo a magia, diz respeito ao
universo simbólico religioso e é passível de compreensão. Para a religião, nem tudo
pode ser colocado no mesmo balaio, pois parte sempre de uma verdade absoluta e
a crença do outro acaba sendo vista como pura crendice, adoração de ídolos ou
simples ato mágico. Estamos muito acostumados a enxergar a religião identificada
com uma igreja, pois essa é a tradição histórica da nossa sociedade. Mas, restritos
dessa maneira, deixaríamos de lado uma infinidade de sistemas de crenças diversos
que cumprem a mesma velha função de atribuir sentido à nossa existência. Todos
eles procuram organizar e estruturar a vida social e individual, alimentam nossas
esperanças de viver num mundo mais justo e tornam suportáveis a dor e o
sofrimento.
Para Mauro Souza (2010), a vida social pode ser vista especialmente quando
se percebe melhor a questão crucial que a envolve a da relação complexa e
delicada entre o indivíduo, a cultura, a religião e a sociedade. Essa questão
preocupou os estudiosos do passado e do presente e tantos incontáveis pensadores
de todos os tempos.
É impossível ignorar o papel da religiosidade do povo brasileiro na cultura e
da cultura na religiosidade. Ademais, a religião é como um espelho que mostra as
vertentes da formação cultural de qualquer povo. E para explicar este fenômeno,
tem-se o elemento determinante que é o sincretismo religioso. Por outro lado, nas
últimas décadas, com o crescimento dos que se declaram não católicos, com a
verificação da dupla pertença religiosa de muitos fiéis e com a constatação, por
parte de alguns estudiosos, do chamado “trânsito religioso”, o sincretismo e cultura
voltou a ser um tema discutido, no âmbito acadêmico e também no círculo dos que
vivem a sua religiosidade na participação ativa seja em qualquer religião ou
seguimento. A religião e a cultura sempre andaram juntas, destacando que os
grupos, sociedades tribais e os portugueses contribuíram para a formação da
cultura.
Metodologia
Para o desenvolvimento da pesquisa foram traçados diversos procedimentos
teóricos e práticos em formato de aulas que foram aplicadas com alunos do ensino
médio na disciplina de História do CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica
para Jovens e Adultos – Professora Linda E. A. Miyadi de Apucarana.
Serão descritos a seguir os procedimentos de aplicação das atividades pré-
estabelecidas na Produção Didático-Pedagógica para implementação do projeto
Devoções, Festas e Ritos: Cultura e Diversidade Religiosa do Município de
Apucarana como Material de Ensino no Ambiente Escolar.
Atividade 1 – Aula expositiva
Através de aula expositiva foi contextualizado o Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, propondo aos alunos a participação na
implementação do projeto que tem como tema: Devoções, Festas e Ritos: Cultura e
Diversidade Religiosa do Município de Apucarana como Material de Ensino no
Ambiente Escolar. Nesta aula houve a projeção de Slides para melhor compreensão
do tema proposto. Após a exposição do tema os educandos tiraram dúvidas sobre o
desenvolvimento do projeto até a sua conclusão final.
Figura 1 – Diversidade religiosa
.
Fonte: saladoeducadorsorriso.blogspot.com/.../diversidade-religiosa
Atividade 2 – Símbolos das Religiões
Foi distribuído para cada aluno um formulário para escrever o nome da
religião referente ao símbolo apresentado e a descrição de cada religião. No
primeiro momento os alunos trocaram informações a respeito da atividade, na
sequência fizeram uso do laboratório de informática para concluir essa tarefa.
Figura 2 – Símbolos de religiões
Símbolos
Religiões Descrição
Cristianismo A cruz representa o local onde Jesus Cristo foi crucificado ao salvar a humanidade, e por isso, simboliza a força, o poder, o sagrado.
Judaísmo Estrela de Davi, é representado por uma estrela de seis pontas com dois triângulos sobrepostos, está relacionada com a união de elementos: o feminino e o masculino, o céu e a terra, dentre outros.
Taoísmo É representado por um círculo que dividido por uma linha sinuosa é preenchido nas cores branco (yin) e preto (yang) fomentando uma relação de equilíbrio e das forças complementares e inseparáveis entre tudo o que existe.
Islamismo Lua crescente com estrela representa a renovação da vida e da natureza, visto que os islâmicos seguiam um calendário lunar.
Hinduísmo OM, as escrituras sagradas hinduístas começam com OM, pronuncia-se Aum e significa “aquilo que protege”.
Budismo Roda do Dharma são os ensinamentos de Buda para que se alcance a iluminação, entre eles o Nobre caminho Óctuplo, com oito vias que levam ao fim do sofrimento.
Fonte: www.dicionariodesimbolos.com.br/simbolos-religiosos/
Atividade 3 – Diversidade Religiosa na sala de aula
A visibilidade religiosa é marcante no município de Apucarana, com
elementos demarcados em seu processo de formação histórica; essa diversidade
religiosa se faz notável no ambiente escolar. Foi identificado às opções religiosas
dos educandos participantes na implementação do projeto.
Figura 3 – Liberdade religiosa
Fonte: http://www.idacefluris.org.br/sistema/imagem/noticia/g983
01-Você tem alguma religião?
( ) sim
( ) não
02- Se a resposta for afirmativa, escreva o nome da mesma.
03- Com que frequência você participa da sua religião?
( ) diária
( ) semanal
( ) mensal
( ) anual
04- A sua religião é a mesma da sua família?
( ) sim
( ) não
Atividade 4 – Leitura e análise de texto
Para desenvolver esta atividade os alunos receberam o texto intitulado
“Direitos Humanos e Diversidade Religiosa”, após a leitura do mesmo, foram
propostos alguns questionamentos embasados no próprio texto e também questões
de reflexão pessoal. Para o êxito desta atividade os alunos socializaram as
informações.
Figura 4 - Análise de texto pelos estudantes
Fonte: Autora, 2015.
Figura 5 - Análise de texto pelos estudantes
Fonte: Autora, 2015.
Atividade 5 – Viagem virtual
As diversas religiões privilegiam uma forma ou outras de lugares sagrados e
espaços místicos. A arquitetura religiosa é variada, rica e com características que
variam conforme os tempos, os lugares e as crenças. São diversos os espaços
sagrados nas diferentes tradições religiosas tais como: Sinagogas, Igrejas,
Mesquitas, Terreiros e Templos.
Foi proposta aos alunos uma viagem virtual pelos lugares sagrados para
realizar esta atividade os alunos foram ao laboratório de informática e consultaram
sites onde tiveram acesso aos mais incríveis espaços sagrados do mundo, do Brasil
e do Paraná e fizeram anotações das características relevantes dos locais
pesquisados, depois socializaram com a sala a sua viagem virtual. O resultado
desta atividade foi muito interessante, pois através dos recursos tecnológicos é
possível ter uma visão ampliada do mundo. A seguir, os espaços sagrados visitados
virtualmente pelos estudantes.
Figura 6 - Santuário Meiji e Templo Sensoji – Japão
Fonte: http://www.guiaviajarmelhor.com/wp-content/uploads/2015
Construído há 100 anos em homenagem ao Imperador Meiji e à Imperatriz
Shoken, o Santuário Meiji Shinto é cercado por uma floresta sagrada com mais de
100 mil árvores e um belo jardim. Erguido em 628, o Templo Sensoji, também em
Tóquio, é dedicado a Bodhisattva Kannon, o Buda mais compassivo, e possui
iluminação especial durante as noites (vidaeestilo.terra.com.br › Vida e Estilo ›
Turismo).
Figura 7 - Pagode de Shwedagon, em Yangon – Myanmar
Fonte: http://blog.edreams.it/images/2012/10/san-basilio-di-Vvillamon.jpg
Figura 8 - Interior do templo
Fonte: http://www.epochtimes.com.br/wp-content/uploads/
O Pagode de Shwedagon, em Yangon (Myanmar) na Ásia, é um dos locais de
cultos mais espetaculares do mundo. Estátuas de Buda, pequenos templos e uma
magnífica cúpula dourada que durante o pôr-do-sol adquire uma cor rosada que dá
um toque de misticismo ao lugar (blog.edreams.pt/os-mais-belos-templos-e-lugares-
sagrados-do-mundo/).
Figura 9 - Santuário Nossa Senhora Aparecida – Brasil
Fonte: http://www.clmais.com.br/public/noticias/09036.jpg
O Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o maior Santuário
no mundo dedicado a Maria, identificada como Mãe de Deus pelo catolicismo,
localiza-se no Vale do Paraíba, no eixo Rio – São Paulo, e entre as duas cidades
mais importantes do País, São Paulo e Rio de Janeiro. Por esse vale corre um rio de
nome Paraíba, que foi palco do aparecimento da devoção que une todo o Brasil.
Durante o mês de outubro, particularmente no dia 12, dia de Nossa Senhora
Aparecida, pessoas de todos os recantos do Brasil visitam o Santuário Nacional,
momento em que os olhos do mundo se voltam para acompanhar os festejos e a
grande manifestação de fé do povo brasileiro.
(www.a12.com/santuario.../santuario-nacional-de-nossa-senhora-aparecida).
Figura 10 - Mesquita de Foz do Iguaçu - Omar Ibn Al-Khattab
Fonte: data:image/jpeg;base64,/
A Mesquita Omar Ibn Al-Khatab é uma mesquita localizada em Foz do Iguaçu,
no Paraná. A mesquita foi inaugurada em 23 de março de 1983, tendo o branco
como tonalidade uniforme, tem sua arquitetura inspirada no segundo maior centro
sagrado do islamismo, a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. O primeiro é Meca, na
Arábia Saudita. Em 2001, a parte convexa foi pintada de dourado, criada pela
comunidade árabe. É um símbolo da religião e é um templo suntuoso, perceptível de
longe com suas torres (minaretes) de 15 metros de altura e com sua arquitetura que
chama atenção. É decorada de arte abstrata de inspiração religiosa com diversos
desenhos, figuras abstratas e quadros com versículos do Corão.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Mesquita_Omar_Ibn_Al-Khatab).
Figura 11 - Santuário São Miguel Arcanjo – Bandeirantes - PR
Fonte: http://www.arcanjomiguel.net/baza/santuario-sao-miguel-arcanj-202050.jpg
Quem visitar o Santuário de São Miguel Arcanjo, em Bandeirantes (Norte do
Paraná), se impressiona com a estátua gigante em aço inoxidável fixada no alto do
prédio administrativo do centro religioso, seja pelos números que cercam a escultura
– são 20 metros de altura a partir da base e pouco mais de 12 toneladas de peso –
quanto pela pequena semelhança física entre a imagem e as pinturas mais
conhecidas do santo católico conhecido por lutar contra um anjo que queria se tornar
Deus.
A distância entre a estátua e o arcanjo talvez se justifique pelo material
utilizado. O aço em inox é difícil de ser moldado e os cabos de aço que lhe dão
sustentação fazem lembrar mais um daqueles heróis de filme japonês lutando contra
monstros gigantes. Daí a aparência mais quadrada, diferente das estátuas de
bronze e madeira (http://www.arcanjomiguel.net/santuario_miguel.html).
Figura 12 e 13 - Parque da Redenção – Apucarana – PR
Fonte: http://m1.tnonline.com.br/large/foto_22656.jpg
Fonte: http://98fmapucarana.com.br/site/assets/2014
A cidade de Apucarana é roteiro certo para quem procura o turismo religioso
no Paraná. Um exemplo de ponto de turismo religioso no município é o Parque da
Redenção, que tem a Via Sacra como principal atrativo. Do nascimento à
ressurreição, são 19 estações representadas por 96 personagens moldados em
esculturas de três metros de altura, formando cenários ao longo do caminho
principal às margens da represa (http://tnonline.com.br/noticias/apucarana/45)
Atividade 6 – Cartazes sobre diversidade religiosa
Os alunos foram divididos em grupos para elaborar cartazes sobre aspectos
relacionados ao tema proposto. Os tópicos elencados foram diversidade religiosa,
tolerância religiosa, respeito à diversidade, devoções, festas e ritos, as maiores
religiões do mundo, segmentos religiosos em Apucarana. Fo uma atividade muito
produtiva, os alunos usaram a criatividade na montagem dos cartazes e
conseguiram transmitir as informações com clareza. Foi um trabalho bem
participativo, os grupos interagiram durante a execução desta tarefa.
Figura 14 – Cartaz exposto em sala de aula
Fonte: Autora, 2015
Figura 15 – Cartaz exposto em sala de aula
Fonte: Autora, 2015
Figura 16 – Material exposto em sala de aula
Fonte: Autora, 2015
Figura 17 – Cartaz exposto em sala de aula
Fonte: Autora, 2015
Figura 18 – Cartaz exposto em sala de aula
Fonte: Autora, 2015
Figura 19 – Cartaz exposto em sala de aula
Fonte: Autora, 2015
Atividade 8 – Visitas monitoradas a espaços religiosos
Foram visitados dois templos religiosos; a escolha destes espaços religiosos
obedeceu ao seguinte critério: a Catedral Nossa Senhora de Lourdes, por ser a
primeira Igreja católica do município de Apucarana e a Assembleia de Deus, por ser
o primeiro templo evangélico que surgiu na cidade.
Na Catedral fomos recebidos pelo pároco que explicou sobre a dimensão
religiosa, os trabalhos sociais desenvolvidos pela instituição e a arquitetura. Em sua
explanação o líder religioso mencionou que é a única catedral do Brasil a ter uma
escultura de uma santa, feita em cimento, no topo de sua torre principal, já a nave
interna, com 19 metros, é a maior entre todos os templos católicos do Paraná. Na
parte interna, ao fundo do altar, há pinturas que retratam a ascensão de Cristo,
aliando o clássico e o moderno. O trabalho traz anjos brancos, negros, índios e
asiáticos representando todas as etnias e ressaltando a perspectiva de uma igreja
inclusiva. É considerada a maior pintura artística em parede dentro de um templo
católico no estado do Paraná. Os educandos observaram atentamente toda a
estrutura do templo bem como a explicação, interagindo com o pároco sobre os
assuntos abordados.
Figura 20 – Catedral católica de Apucarana
Fonte: Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/amazon/s3/praca_iluminada
No templo da Assembleia de Deus o pastor nos recepcionou e fez um breve
histórico da Igreja em Apucarana, dizendo que em cinco de setembro de mil
novecentos e quarenta e oito, chegava a Apucarana o Pr. Mialik. Encontrou três
crentes que moravam a dez quilômetros da cidade, e juntos começaram a
evangelizar distribuindo folhetos em quatro idiomas: Português, Russo, Polonês e
Ucraniano. As pessoas lendo os folhetos começaram a perguntar: onde fica a Igreja
de vocês? Os irmãos diziam: “ainda não temos Igreja”. Foi então que o Pr. Mialik
resolveu fazer culto uma vez por semana aos domingos em sua própria casa. Logo
após alguns cultos a casa encheu, e as pessoas ficavam do lado de fora ouvindo a
mensagem. A Igreja Metodista só tinha Culto uma vez por mês, então alugaram o
templo. Passados quase dois anos, a Igreja já estava superlotada e não comportava
mais o povo, então se pensou: “vamos construir o nosso próprio templo”. Com a
ajuda dos membros a edificação tornou-se uma realidade.
(http://www.adapucarana.com.br/site/en/iead/iead-apucarana.html)
O líder da Assembleia de Deus destacou a parte religiosa e também os
trabalhos sociais desenvolvidos pela mesma. Os alunos estavam bem atentos e
interagiram com o pastor sanando dúvidas e curiosidades.
Figura 21 – Templo sede da Assembleia de Deus de Apucarana
Fonte: http://blogs.odiario.com/inforgospel/wp-content/uploads.
Atividade 10 – Palestras com líderes religiosos
Para entender a questão da diversidade religiosa no espaço escolar é
importante promover discussões que contextualizem esse exercício de cidadania.
Foi proposto palestras com líderes religiosos, onde os próprios alunos escolheram
as religiões a serem abordadas na realização desta atividade. As duas escolhidas
foram o Espiritismo e Testemunha de Jeová, os argumentos dos participantes do
projeto na escolha destas religiões foram que na sala não havia nenhum participante
destes segmentos religiosos e tinham muitas dúvidas, curiosidades e talvez
informações distorcidas sobre as religiões mencionadas.
Sobre o Espiritismo a palestrante abordou os aspectos da filosofia, ciência e
religião bem como as obras que contém a doutrina espírita e os princípios básicos
do Espiritismo e também sobre a religião na cidade de Apucarana, comentou sobre
o trabalho voluntário desenvolvido pela instituição, trouxe livros para que os alunos
pudessem ter contato com a literatura espírita. Foi riquíssima a participação dos
alunos, pois puderam conhecer e esclarecer muitas dúvidas a respeito da religião.
Ao abordar sobre as testemunhas de Jeová a palestrante optou por
esclarecer primeiramente alguns “mitos” sobre esta denominação; os educandos
participaram fazendo indagações a respeito de certas informações. As Testemunhas
de Jeová são uma seita? – Não, as Testemunhas de Jeová não são uma seita. São
cristãos e fazem o máximo para seguir o exemplo de Jesus Cristo e viver de acordo
com os ensinamentos Dele. As Testemunhas de Jeová acreditam em Jesus? – Sim.
Acreditam em Jesus. E tem fé de que Jesus deixou o céu para vir a terra e sacrificar
sua vida humana perfeita para nos resgatar. Explicou o surgimento desta religião,
visualizou através de slides a ramificação deste segmento religioso em várias partes
do mundo, a instalação no município, os trabalhos desenvolvidos pela instituição.
Mencionou também que A Sentinela é a revista de maior circulação em todo o
mundo. Cada edição tem uma tiragem de mais de 42 milhões de exemplares e a
Despertai! está em segundo lugar, com uma tiragem de 41 milhões. As duas revistas
são publicadas pelas Testemunhas de Jeová e distribuídas em 236 países e terras.
Os educandos tiveram acesso às publicações e a edição mais recente da Bíblia.
No término dessa atividade era nítida a satisfação tanto dos alunos quanto
das palestrantes pela interação e troca de experiências.
Figura 22 – Exposição de material em sala de aula: revistas
Fonte: Autora, 2015
Figura 23 – Exposição de material em sala de aula: livros
Fonte: Autora, 2015
Atividade 11 – Exposição Após conhecer a história das religiões, foi organizada uma exposição com
objetos, imagens, fotografias e literaturas de vários segmentos religiosos. Os alunos
trouxeram os objetos que possuíam e alguns foram emprestados das instituições
religiosas. Para complementar essa atividade a exposição foi visitada por todos os
alunos da escola. Os participantes do projeto explanaram sobre os diversos objetos.
Figura 24 – Exposição de material em sala de aula: objetos religiosos
Fonte: Autora, 2015
Figura 25 – Exposição de material em sala de aula: publicações religiosas
Fonte: Autora, 2015
Figura 26 – Exposição de material em sala de aula: CDs
Fonte: Autora, 2015
Figura 27 – Exposição de material em sala de aula: objetos religiosos
Fonte: Autora, 2015
Figura 28 – Exposição de material em sala de aula: Bíblias
Fonte: Autora, 2015
Figura 29 – Exposição de material em sala de aula: Bíblias e livros
Fonte: Autora, 2015
Atividade 12 – Pesquisa aplicada aos alunos
Ao concluírem as atividades propostas na implementação do projeto, foi
aplicada uma pesquisa para ter um feedback do tema proposto.
Os educandos relataram que a tolerância e o respeito à diversidade religiosa
é complexo, quando se trata de questões religiosas muitos preferem não ouvir e tão
pouco emitir uma opinião a respeito do assunto, fazendo uso da frase “religião não
se discute”. Vários alunos comentaram que o conhecimento é a melhor forma de
vencer “tabus” sobre as religiões, e que a escola pode contribuir promovendo
discussões com base no reconhecimento e no respeito às diferenças e que o
ambiente escolar é o espaço privilegiado para promover o conhecimento e a
valorização dos diferentes grupos sociais, pois só assim será possível superar
atitudes de intolerância. Desse modo, o diálogo inter-religioso é um desafio para a
sala de aula.
Relataram também que as atividades contidas no projeto ajudaram a perceber
que é impossível ignorar a religiosidade e que religião é um conjunto de crenças e
filosofias que são seguidas, formando diferentes pensamentos. Cada religião tem
suas diferenças quanto a alguns aspectos, porém a grande maioria se assemelha
em acreditar em algo ou alguém do plano superior e na vida após a morte.
A implementação do projeto atingiu o objetivo proposto que era conhecer as
características de diferentes credos religiosos e uma compreensão mais profunda
das produções culturais e sociais que a religiosidade representa, objetivando com
isso construir práticas de respeito e tolerância no ambiente escolar.
Figura 30 – Estudante em pesquisa sobre o tema
Fonte: Autora, 2015
Considerações finais
O PDE é um programa inovador, uma política pública de formação
continuada, compromissada com a valorização do professor, que leva em
consideração a experiência pedagógica da Educação Básica e os conhecimentos do
Ensino Superior, proporcionando subsídios teórico-práticos para o desenvolvimento
de ações educacionais, sistematizadas que resultam em redimensionamento da
prática educativa e que cria condições materiais e pedagógicas para a qualificação
do professor, possibilitando a interação virtual entre professor do PDE e demais
professores da Rede Estadual, viabilizado num espaço de estudo e discussão
através do GTR (grupo de trabalho em rede), incentivando o aprofundamento teórico
metodológico, através de experiências, leituras e reflexões socializando-as com os
demais professores da rede pública.
A implementação do projeto Devoções, Festas e Ritos: Cultura e Diversidade
Religiosa do Município de Apucarana como Material de Ensino no Ambiente Escolar,
realizada com os alunos do Ensino Médio do CEEBJA – Centro Estadual de
Educação Básica para Jovens e Adultos – Professora Linda E. A. Miyadi,
transcorreu conforme o planejado.
Concluiu-se que o resultado foi satisfatório, os educandos participaram das
atividades, pesquisando, aprendendo e socializando conhecimento com os colegas,
o que trouxe um crescimento intelectual a todos os participantes do projeto.
Referências
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