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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1 Professora PDE licenciada em Pedagogia e História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Especialista em Administração, Supervisão e Orientação Educacional: a gestão do trabalho na escola (UEPG). ² Professora Orientadora, Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora Adjunta do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS DE ENSINO PARA AS
NOVAS GERAÇÕES
Profª PDE Biani Glai Venske Alves¹
Prof.ª Dra. Silvana Maura Batista de Carvalho²
A produção do presente artigo tem por objetivo sistematizar as reflexões realizadas ao longo do curso do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), e as abordagens teóricas e práticas efetuadas na escola. O projeto inicial partiu de reflexões sobre a sociedade contemporânea e os desafios educacionais atuais bem como da necessidade de repensar a atuação do professor em relação às metodologias de ensino utilizadas em sala de aula. Nos rumos da sociedade atual percebe-se que o individualismo e o consumismo se apresentam como os grandes desafios do futuro, aliados ao acesso irrestrito à internet e às mídias eletrônicas. Assim, entende-se que nesse contexto sócio-educacional torna-se imprescindível repensar a questão sobre as metodologias de ensino utilizadas pelos professores em sala de aula frente aos objetivos que pretendem atingir. Para tanto, mediante a análise de questionários respondidos por alunos dos primeiros anos do Ensino Médio, construiu-se um Caderno Pedagógico norteador para desenvolvimento de oficinas pedagógicas junto aos professores das disciplinas da área de Ciências Humanas, com a finalidade de instrumentalizá-los para uma ação interdisciplinar conjunta, baseada em alternativas metodológicas. Essa ação constituiu-se na definição de uma unidade desenvolvida interdisciplinarmente utilizando-se do auxílio de uma rede social como alternativa metodológica de ensino. A realização dessa experiência somadas às reflexões suscitadas durante a implementação na escola e, também junto aos demais professores da rede pública estadual de educação do Paraná, durante o Grupo de Trabalho em Rede(GTR) resultou em uma nova perspectiva do uso da tecnologia na Educação.
Palavras chave: Formação Docente - Público Escolar - Metodologia de Ensino
INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta os resultados obtidos após desenvolvimento de projeto
PDE, elaboração de Caderno Pedagógico e implementação das atividades
planejadas em um colégio público estadual na cidade de Ponta Grossa-Pr. Visa
portanto, relatar experiência vivenciada através do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE), do Governo do Estado do Paraná em conjunto com a
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
A partir de estudos sobre o tema Formação de Professores: práticas
docentes, uso e produção de materiais didático-pedagógicos como recursos de
ensino e aprendizagem, desenvolveu-se um projeto visando o aprofundamento de
estudos sobre a sociedade contemporânea, as reflexões sobre a educação nessa
realidade através das metodologias utilizadas em sala de aula. Esse recorte que
privilegiou a metodologia justifica-se partindo do entendimento de que “[...] os
profissionais da educação podem alterar o rumo do processo ensino aprendizagem
[ensino e aprendizagem] com mais força e determinação que planos, leis, decretos e
projetos construídos em instâncias muitas vezes distantes das possibilidades e
limites da escola [...]. (RESENDE,1995, p. 10)”
Assim, acredita-se que é na atuação diária, nos embates, nas dificuldades e
conquistas enfim, na reflexão sobre essa prática cotidiana que reside a chave para
uma educação mais significativa e motivadora para alunos e professores,
especialmente nesse momento de grandes mudanças sociais, econômicas e
tecnológicas.
Sendo assim, procedeu-se a análise das possibilidades de alternativas
metodológicas inovadoras para trabalho em sala de aula, a partir da compreensão
da visão do adolescente atual, visando contribuir para a melhoria da qualidade da
educação básica, oferecendo subsídios para a prática docente, em nível de ensino
médio. A pesquisa culminou na efetiva utilização de meios tecnológicos (telefone
celular) em sala de aula, em conjunto com uma rede social (Facebook). A
associação entre conteúdo curricular e redes sociais resultou em estímulo para a
aprendizagem do educando que de maneira leve e descontraída aprofundou seus
estudos no tema proposto (Escravidão: da antiguidade aos dias de hoje) superando
as expectativas iniciais.
O resultado favoreceu também o debate entre os profissionais da educação
sobre necessidade de repensar a utilização da tecnologia em sala de aula, pois
concluiu-se que não é possível reverter esse quadro já consolidado de acesso e
utilização da internet nas práticas cotidianas e portanto também dentro do ambiente
escolar.
DESENVOLVIMENTO
O mundo mudou, parece clichê dizer isso pois a evolução é constante, mas é
o que se pensa sempre que se reflete sobre a realidade, especialmente sobre os
últimos dez anos (primeira década do século XXI).
Ao acordar liga-se a TV no noticiário, ou o rádio talvez, se acessa a internet
enquanto se faz o café, informa-se sobre os conflitos em um país estrangeiro, a
previsão do tempo, decisões políticas polêmicas no país, os assassinatos e
acidentes, os protestos em algum lugar distante, a cotação do dólar, as alterações
de preços na cesta básica, a desenvolvimento das bolsas de valores pelo mundo,
tudo isso permeado pelo “hit” do momento.
Alguma chamada leva ao Youtube, é mais um a acessar um vídeo com
milhares ou milhões de “views” nos últimos dias ou horas. Ao mesmo tempo, faz-se
uma postagem desejando um bom dia nas redes sociais e “espia-se” um pouco do
que os amigos, seguidores ou seguidos compartilharam nas últimas horas. Se lê um
artigo sobre algum assunto de interesse, enquanto propagandas bombardeiam em
dezenas de pop ups de irritantes a sedutores.
Se surgir algum questionamento, há o Google para resolver, se não souber o
caminho, o maps indica. Durante o café pode-se visitar um museu na França,
passeia-se pelos seus corredores observando obras de arte. Pelo celular chega uma
nova mensagem. Antes de sair para trabalhar já sabe-se também sobre um novo
escândalo político, e qual celebridade está passando as férias em algum paraíso
tropical.
Na escola encontram-se os alunos animados digitando mensagens em seus
celulares. Vários deles exibem em suas vestimentas, por mais que seja o uniforme
escolar, acessórios da moda, maquiagens aprendidas em tutorias na internet, o
penteado do famoso jogador de futebol ou da celebridade internacional do momento.
Outros pequenos detalhes distinguem os alunos pelo seu gosto musical, seus ídolos,
a questão econômica não passa despercebida, assim como o desânimo na hora de
iniciar a aula.
Nesse momento os aparelhos devem ser desligados, os lugares devem ser
respeitados, o silêncio deve ser observado, abrem-se os livros, o professor posta-se
à frente da turma e, parece que somente agora, é hora de aprender. Ou seja, jovens
que cresceram em plena Era Digital são obrigados a usar lápis e caderno, ouvir
durante horas professores falando de conteúdos científicos, os quais não
conseguem fazer ligação com o seu dia a dia, dar significado, compreender. Após
horas de explicações orais, cópias e exercícios, retornam para casa e com seus
notebooks, tablet’s e celulares retomam ao “seu mundo”.
A escola parece não conseguir superar seu modelo de criação. Essa
organização escolar nasce com a modernidade e sua necessidade de preparar o
jovem para um novo mundo de desenvolvimento e progresso. Com o advento da
Revolução Industrial houve a necessidade de formar trabalhadores para as fábricas,
ao mesmo tempo, era necessária uma instituição que contribuísse na disseminação
do conhecimento verdadeiro, do saber científico.
Na sociedade atual entretanto, a disseminação do conhecimento não é mais
exclusividade da escola. Essa disseminação se faz, também na escola, mas ela se
dá na família, na igreja, na associação de moradores, nos grupos de amigos, na rua,
através do rádio, da TV, dos jornais, das revistas, das propagandas, campanhas
educativas, e, principalmente através da internet.
Isso ocorre porque, atualmente, não há mais a crença na infalibilidade da
ciência, que tem seus propósitos, muitas vezes, questionados, e, nem mesmo, na
visão redentora da educação, como preconizada pela modernidade. Boff (apud:
ASSMAN) afirma que, hoje:
[...] aprender não pode se reduzir a uma apropriação dos saberes acumulados da humanidade. Aprende-se não só com o cérebro e nem só na escola. Aprende-se a vida inteira e por todas as formas de viver. [...]Conhecer é um processo biológico. Cada ser, principalmente o vivo, para existir e para viver tem que se flexibilizar, se adaptar, se re-estruturar, interagir, criar e coevoluir. [...]. (1998, p.11-12)
Essa nova visão de educação, que inclui análise de questões emocionais e
sociais da aprendizagem, é incompatível com a escola tradicional e sua
organização. É inconcebível, até mesmo biologicamente, que um estudante
permaneça horas sentado ouvindo um professor, ou, resolvendo exercícios
mecanicamente. Na realidade atual, compreender o mundo que se vive, entender o
adolescente, suas necessidades e, principalmente, os desafios da educação nessa
sociedade e para esses jovens, tornou-se fundamental para que se possa repensar
a escola, a prática docente e suas metodologias.
Percebe-se assim, a crise da escola enquanto instituição da modernidade,
portanto, desconectada da realidade atual. Por outro lado, essa instituição, continua
sendo a única que pode tornar-se crítica suficiente para contribuir com o futuro da
sociedade que se descortina, na qual a multiplicidade das fontes de informação tem
criado na população algumas características que precisam ser mais profundamente
analisadas. Pois, segundo Lipovetsky:
Os espíritos em seu conjunto, com efeito, estão mais informados, porém mais desestruturados, mais adultos, porém mais instáveis, menos “ideologizados” porém mais tributários das modas, mais abertos porém mais influenciáveis, menos extremistas, porém mais dispersos, mais realistas, porém mais indistintos, mais críticos porém mais superficiais, mais céticos porém menos meditativos. A independência maior nas ideias vai de par com a frivolidade; a tolerância é acompanhada de mais indiferença e relaxamento na coisa pensante [...]. (2009, p. 19).
É perceptível, na sociedade atual, devido a massificação da informação, a
desorientação, não só dos jovens, mas de toda a população. Essa vulnerabilidade
apresentada pelo autor pode ser observada no comportamento, em especial dos
adolescentes, nas redes sociais. Postagens e comentários no Facebook ilustram
essa constatação. Escreve-se sobre política, religião, problemas sociais, entre
outros, retratando em grande parte, preconceito, superficialidade e incoerências.
Compartilham-se palavras de ordem, autoajuda e textos depreciativos sobre
o outro como se fossem verdades. Essa situação é compreensível se pensarmos na
multiplicidade de informações que são despejadas diariamente sobre esses jovens.
Essas informações, acessadas diariamente, apresentam conceitos, crenças,
ideologias e diferentes formas de viver. Em um mundo onde todos têm voz e podem
se expressar, é compreensível que aqueles menos esclarecidos sintam-se confusos.
A atenção, portanto, deve estar voltada, principalmente, na crítica às mídias de
massa e no seu poder de influenciar e convencer os mais desavisados.
Se o adolescente já possui naturalmente características próprias, apesar de
ter na cultura e nas condições sociais fatores que os diferenciam, que denotam
crise, devido a todas as transformações físicas, psicológicas e sociais pelos quais
passam, essa crise ganha maior proporção quando inserida nessa sociedade
indistinta. Mas não podemos analisar apenas pelo lado negativo, afinal, a crise
específica da adolescência está relacionada ao natural crescimento, e esse
crescimento implica em desorganizações e consequentes reorganizações físicas,
hormonais, psíquicas e emocionais (GUIMARÃES et all, 2004). Essas
reorganizações estão relacionadas, por sua vez, a construção de sua própria
identidade e da consciência que tem de si mesmo e do mundo.
Some-se a essas desorganizações citadas, uma gama imensa de
informações de toda natureza e em infinita quantidade. Através da internet o
adolescente tem o acesso ao mundo virtual que, no entanto, está se transformando,
cada vez mais rápido, no seu mundo real. Seus amigos estão nas redes sociais em
qualquer lugar do mundo.
Tem-se assim, um cenário perturbador. Adolescentes em crise, vivendo em
um mundo cheio de contradições, e, com acesso irrestrito a informações e
ferramentas de comunicação. Esse quadro, no entanto, pode ser revertido se essas
ferramentas eletrônicas forem utilizadas de forma adequada, através da ação de
mediadores. Entre esses está o professor, cuja ação educativa se utilize de
metodologias que estimulem o diálogo, o debate bem conduzido, permitindo o
aprofundamento de temas que fazem parte da vida do aluno, é possível conduzi-lo à
desconstrução e posterior reconstrução de conceitos que o ajudem a compreender
melhor o mundo em que vivem. Para isso é necessário fazer da tecnologia e das
mídias um potente aliado do professor.
Outra característica destes tempos acelerados de consumo é o império do
individualismo, perceptível pela busca constante da felicidade, em especial, aquela
que traz prazer imediato e se ele não vem, descarta-se e busca-se novos interesses.
Sobre essa questão comenta Libâneo:
A padronização de hábitos de consumo e de gostos vai levando a uma vida moral também descartável. O individualismo e o egoísmo estão se acentuando. Valem mais os interesses pragmáticos e imediatos dos indivíduos do que os princípios, valores, atitudes voltados para a vida coletiva, para a solidariedade, para o respeito à vida.[...] (LIBÂNEO, 1998, p.16).
Assim, numa sociedade já caracterizada pelo crescente individualismo e
egoísmo, na qual a valorização do outro cede espaço aos interesses particulares e
imediatos, encontra-se, ainda, uma nova realidade, permeada pela mídia, quando a
internet ganha um espaço considerável na formação do novo indivíduo que, em
apenas um clique, pode navegar pelas mais diversas páginas e diferentes
assuntos, com total liberdade, escolhendo, sem os limites do espaço e do tempo,
como nas mídias tradicionais e, sem as amarras do compromisso com a atividade.
Dessa forma, não se “perde tempo” com aquilo que não é “interessante”. Um
exemplo disso são as comunidades de afinidades ou grupos de interesses, sobre
os quais, como afirmam Lipovetsky e Serroy “[...] existem apenas pela escolha livre
e subjetiva, reversível e emocional de indivíduos descomprometidos, que entram e
saem à vontade dessas plataformas digitais” (2011, p 79).
O descomprometimento, a efemeridade, o culto ao individualismo e ao
consumismo, entre outros, demonstram uma tendência dos novos tempos: o
pessimismo quanto ao futuro, a preocupação constante com o que está por vir: “[...]
a absolutização do porvir histórico foi sucedida pela inquietação, pela pane das
representações de futuro, pelo eclipse da ideia de progresso.” (LIPOVETSKY, 2004,
p. 66).
Essa preocupação leva a aproveitar o agora (carpe diem), acreditando que o
amanhã poderá não ser tão promissor, contrariando veementemente, a visão
moderna que trazia em si um grande otimismo quanto ao futuro. Essa visão
pessimista hoje é observada no descrédito de grande parte da população quanto à
capacidade das instituições responderem às novas demandas sociais. A população
está mais informada, mais realista e crítica, entretanto, também está mais
desestruturada, instável e superficial (LIPOVESTKY,2009).
Os adolescentes mergulhados num mundo de incertezas, as quais já
constituem uma característica da faixa etária, ainda estão cercados de milhares de
estímulos através das mídias, dos meios eletrônicos, da internet, e ainda se
deparam com uma escola que não atende a seus interesses e necessidades. Um
sistema educacional defasado, baseado no modelo educacional do século XIX, com
propostas curriculares a compartimentalização do conhecimento em disciplinas
estanques e as metodologias ultrapassadas, além das dificuldades impostas por um
espaço e uma organização escolar ineficiente. Essas questões desestimulam
professores, ao mesmo tempo em que, desestimulam alunos levando-os a
desvalorizar a educação.
Nesse contexto social e educacional da atualidade cabe refletir sobre os
rumos que a escola e, em especial, os professores precisam seguir. Entretanto, não
se pode ingenuamente crer que a mudança possa ocorrer sem que diversos fatores
que contribuem com a manutenção do modelo escolar, sejam confrontados. A
própria autonomia da escola também revela muitas limitações diante de inúmeras
questões como a burocracia, rigidez curricular, exigência de resultados em
avaliações institucionais, entre outros. Tal situação acaba comprometendo cada vez
mais os resultados educacionais e, os professores mergulhados em novas
exigências se veem impotentes.
Mas, segundo Inbernón algumas medidas devem ser imediatas como:
A primeira ideia, é a recuperação, por parte dos professores e de qualquer agente educativo, do controle sobre seu processo de trabalho, desvalorizado em consequência da fragmentação organizativa e curricular, do isolamento, da autonomia fictícia e da rotinização e mecanização laboral. [...]. (IMBERNÓN, 2000, p. 80).
Sendo assim, é fundamental que se busque a mudança, começando pelo
questionamento dos impasses da educação atual, mas, é necessário também, a
reflexão sobre a ação exercida na escola, e, em particular na sala de aula, como
afirma o referido autor sobre a rotinização e mecanização laboral.
O isolamento tem que dar lugar à colaboração e a participação de todos.
Cabe ao professor fomentar essas discussões e, com o olhar voltado a uma nova
sociedade, repensar sua prática, pois, por maiores que possam ser as críticas à
instituição escolar, ainda precisa-se da mesma como ponto referencial de formação
intelectual, espaço de construção do conhecimento. Não é necessário destruir a
escola, mas sim, buscar no passado o que houve de acertos, o que não deve ser
descartado e, no novo, a busca por sensibilizar toda a comunidade escolar através
do diálogo.
O mundo atual não comporta mais atitudes autoritárias, portanto, a tarefa
imediata é ouvir, refletir, dialogar e reconduzir a escola pois:
A humanidade chegou numa encruzilhada ético-política, e ao que tudo indica não encontrará saídas para sua própria sobrevivência, como espécie ameaçada por si mesma, enquanto não construir consensos sobre como incentivar conjuntamente nosso potencial de iniciativas e nossas frágeis predisposições à solidariedade. [...]. (ASSMANN, 1998, p.28).
Sendo assim, percebe-se a importância de repensar a escola, o trabalho
docente e, especialmente, suas metodologias, que já não atendem mais a uma
sociedade que tem valores distintos aos da modernidade. Os jovens de hoje estão
altamente motivados para tudo que diz respeito ao novo, e a escola tem a tarefa
fundamental de inserir-se nesse novo mundo e, compreendendo a visão e os valores
propagados pela atual geração, oferecer subsídios, meios, que possam fazer com
que o jovem encontre significado e importância na instituição escolar e, possa
reconhecer as contribuições no seu processo de formação pessoal e social.
Sendo assim, o projeto aqui proposto visou buscar o diálogo, primeiramente
com os maiores interessados em uma escola mais voltada à sua realidade, os
alunos, para entender um pouco mais sobre a visão que o adolescente atual tem a
respeito da escola e, então, refletir sobre novas possibilidades para docência, que
poderiam tornar mais efetivo e significativo o trabalho do professor. Em suma,
buscou-se no aluno indícios para nortear a busca por novas metodologias de ensino.
Entende-se também, o papel fundamental do professor como mediador e
orientador do processo de ensino e de aprendizagem. É necessário que esse
profissional esteja, portanto, atento às novas demandas da sociedade, que se
instrumentalize com novas metodologias e tecnologias, que busque o conhecimento
e avalie constantemente sua prática para poder contribuir, de forma mais eficiente,
no processo de formação escolar dos educandos para os desafios diários da vida.
Sabe-se, que a geração que hoje está nos bancos escolares nasceu e foi
criada em plena Era Digital e da Informação, consequentemente, possui valores
bastante distintos das gerações anteriores. O individualismo, o consumismo e o
descomprometimento com aquilo em que não percebe importância é a tônica de
jovens que estão conectados virtualmente ao mundo todo mas, sem ligações
concretas com o outro, com o próximo. Tanto que, alguns como Cecchettini, os
intitulam de geração Z, devido ao termo zapear (2011, p.7), que ilustra essa
característica descompromissada.
Além disso, esse jovem de hoje não aceita imposições, as quais são
incompreensíveis para sua visão de mundo. Por isso, a escola deve se abrir às
novas realidades, aceitar e compreender as novas necessidades, outras culturas,
diversas formas de viver. Para além da compreensão do perfil do jovem atual, cabe
à escola atender à necessidade de inserir esses alunos no mercado de trabalho e
prepará-los, criticamente, para as questões éticas e políticas fundamentais na
construção de uma sociedade mais humana e justa.
Não se trata de condenar o consumo, o individualismo, ou as mídias, mas,
compreender a sociedade que se descortina e, assim reorientar os rumos da escola
e do trabalho do professor para esse novo mundo. “O que está em jogo aqui é
realmente fazer com que o mundo, e o desejo de se inserir nele, entre na escola.
Uma escola não mais fechada em si mesma, mas aberta e voltada para a vida [...] .”
(LIPOVETSKY, SERROY, 2011, p. 160).
Para que a escola realmente volte-se para a vida é necessário que haja uma
significativa mudança no que diz respeito às relações sociais dentro da escola. Para
isso, entende-se que a ação do professor é fundamental na medida em que cabe a
ele criar novas maneiras de incentivar e de buscar a participação dos alunos em sala
de aula. Essa participação se dará tanto pelas relações entre professor e aluno, visto
que somente se houver confiança entre aluno e professor, haverá ensino e
aprendizagem, quanto pelos meios metodológicos e tecnológicos que devem ser
inseridos nas aulas, tornando-as mais estimulantes.
A inserção de novas metodologias e de novos meios tecnológicos no Ensino
Médio está previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s):
A formação do aluno deve ter como alvo principal a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação. Propõe-se, no nível do Ensino Médio, a formação geral, em oposição à formação específica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisá-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização [...]. (2000, p. 05)
Assim, partindo-se dessa perspectiva de formação geral e capacidade de
utilização de diferentes metodologias é possível entender que as inovações na
escola são necessárias e desejadas há algumas décadas, e que as mudanças nas
práticas metodológicas, visando uma maior conexão com a realidade da sociedade
atual, estão presentes e indicam o caminho da utilização dos vários meios
tecnológicos à disposição de alunos e professores. Nesse repensar das práticas
pedagógicas não há mais espaço para métodos que privilegiem o acúmulo de
conhecimentos através da memorização, o que se pretende hoje, é levar o aluno a
buscar de maneira autônoma e crítica, a construção de seu próprio conhecimento.
Entende-se assim, a importância de repensar as metodologias devido a esse
novo aluno extremamente informado, mas, nem sempre orientado, não sabendo,
muitas vezes, filtrar as informações a que tem acesso. Esse aluno que domina o
mundo digital, mas, pode apresentar dificuldades em relacionar-se no mundo real. E,
nesse ponto o papel do professor se faz fundamental na medida em que tem a
possibilidade de, através da sua prática, conduzir o aluno a decifrar os códigos que o
levarão a apropriar-se do conhecimento, entendendo, assim, o significado da cultura
e da educação para sua vida, tornando-se mais consciente, crítico e preparado para
os desafios futuros.
Por outro lado, entende-se, que a tecnologia, as mídias, as redes sociais, e os
meios de comunicação em geral podem se tornar instrumentos de transformação
social se puderem estar lado a lado com uma educação de qualidade. Através dos
diversos meios de comunicação pode-se construir uma escola mais democrática,
participativa e adequada a cada estudante. Ainda, no caso específico dos
conteúdos, devem ser planejados tendo em vista a realidade do aluno, como afirma
Moran:
[...] uma escola que fale mais da vida, dos problemas que afligem os jovens. Tem que preparar para o futuro, estando sintonizada com o presente. É importante buscar nos meios de comunicação abordagens do quotidiano e incorporá-las criteriosamente nas aulas. [...] ( 2007, p. 163).
Esse deve ser o grande avanço da escola, a inserção e utilização de todos os
meios que se tem à disposição para tornar as aulas mais atraentes, com métodos
que privilegiem e observem essas características da sociedade e dos adolescentes.
A energia da instabilidade emocional, da criatividade, e da abertura ao novo, não
devem ser reprimidas, e, sim, direcionadas ao desenvolvimento de projetos e
pesquisas relacionadas com seus interesses e utilizando das ferramentas
eletrônicas com as quais possuem tanta familiaridade.
Produção de blogs, videologs, jornais e telejornais, apresentações em power
point, e desenvolvimento de grupos de discussões no Facebook podem ser algumas
das alternativas que podem substituir as avaliações convencionais. A criação de
paródias, peças de teatro, construção de maquetes e ações de protagonismo
incentivado através do envolvimento do aluno em campanhas sociais, possibilitam
que o aluno envolva-se não apenas intelectualmente, mas também emocionalmente
no projeto em realização, tornando a aprendizagem mais significativa.
Para que isso ocorra, entretanto, é necessário repensar o papel do professor
e sua prática, pois, se a referência anterior sobre os ideais da modernidade, que
determinaram a organização escolar e, que continuam presentes na escola atual,
não se pode deixar de perceber que muitos professores também continuam
preparando suas aulas e atuando do mesmo modo autoritário e repressor. Expondo
conteúdos exclusivamente veiculados nos livros didáticos, sua única fonte de
consulta muitas vezes, ou, reproduzindo os mesmos conteúdos por anos sem
atualizá-los, ou, nem mesmo contextualizá-los à vida do estudante.
Diante desse contexto contraditório, o professor tem o desafio de repensar e
modificar sua prática, visto que, os tempos são outros, a sociedade é outra, os
jovens estão cada vez mais informados e não aceitam imposições. O professor não
é mais o detentor exclusivo do conhecimento e precisa, portanto, ouvir, compreender
e, ir ao encontro dessas novas necessidades da sociedade atual e dos jovens em
geral. Nessa nova era do conhecimento e/ou da informação, é improdutivo, para não
dizer impossível, continuar com os conceitos modernos de prática docente. Como
afirma Magalhães, que na:
[...]era da internet, o professor não é a única e nem a mais importante fonte do conhecimento. O indivíduo é bombardeado de informações a todo momento e através de diversas fontes. Cabe ao docente, mais do que transmitir o saber, articular experiências em que o aluno reflita sobre suas relações com o mundo e o conhecimento, assumindo o papel ativo no processo ensino-aprendizagem, que, por sua vez, deverá abordar o indivíduo como um todo e não apenas como um talento a ser desenvolvido. O desafio está portanto na incorporação de novas tecnologias a novos processos de aprendizagem que oportunizem aos discentes atividades que exijam não apenas o seu investimento intelectual, mas também emocional, sensitivo, intuitivo, estético, etc, tentando não simplesmente desenvolver habilidades (Dewey/Anísio Teixeira), mas o indivíduo em sua totalidade. [...]. (2001, p. 01).
O caminho a ser proposto para a prática de professores na atualidade, é ouvir
a sociedade, ouvir seu aluno, compreender suas necessidades, inseri-las no
planejamento curricular e, através do diálogo, buscar os caminhos de novas
metodologias que atendam aos interesses e necessidades dos jovens. O professor
tem como papel fundamental sistematizar e organizar as informações e
conhecimentos trazidos pelos estudantes, que chegam de forma difusa e desconexa
muitas vezes, e, orientar as discussões de modo a dar sentido a essas informações,
construindo, desse modo conceitos, significados.
Em meio a uma sociedade tão rica em sua diversidade, mas também difusa,
desorientada e pessimista em relação ao futuro, entendemos que o papel da escola
e do professor, em especial, tornou-se fundamental e urgente. Não cabe mais ao
professor a simples transmissão de conhecimentos, mas sim despertar no estudante
o pensamento crítico e a sensibilização sobre os desafios da construção de uma
sociedade mais justa e humana.
Reconduzir os rumos da humanidade tornou-se, especialmente nos dias
atuais, não uma simples utopia, mas uma necessidade de sobrevivência. Para tanto,
entende-se a necessidade de levar adiante, em especial aos profissionais da
educação, essas reflexões visando causar um certo desconforto concretizado na
compreensão de que mudanças significativas e urgentes devem ocorrer, e elas
devem vir do interior das salas de aula. Assim, esclarecer, motivar e instrumentalizar
professores para atuar nesse repensar a sociedade atual tornaram-se objetivos
desejados e esperados através da metodologia definida e descrita na sequência.
METODOLOGIA
Para que essas reflexões pudessem ser levadas aos docentes e os objetivos
propostos fossem atingidos, iniciou-se a implementação das atividades já no início
do segundo semestre de 2013 com a aplicação de questionários a duas turmas do
1º ano do Ensino Médio com aval da direção e equipe pedagógica do colégio.
Na sequência a tabulação e análise desses questionários tornaram-se o ponto
de partida para constatações acerca das preferências e necessidades dos alunos.
Assim, partindo dessa análise a luz do referencial teórico estudado, construiu-se o
material didático em forma de Caderno Pedagógico, sistematizando os conteúdos a
serem debatidos com os professores e apresentando materiais de apoio e
enriquecimento como os gráficos, com os resultados do questionário aplicado aos
alunos, textos complementares, vídeos, sugestão de sites, livros, entre outros.
Num segundo momento, direção e equipe pedagógica foram novamente
contatadas para esclarecimentos a respeito do projeto em desenvolvimento e
solicitação de espaço durante a Semana Pedagógica realizada de 03 a 06/02/2014.
Acatada a solicitação, iniciou-se na primeira semana do ano letivo de 2014, a
implementação dessas práticas com a apresentação do projeto de trabalho. Essa
apresentação inicial despertou o interesse de diversos professores que chegaram a
comentar que o tema poderia fazer parte dos estudos da Semana Pedagógica visto
ser um tema atual e voltado à prática de sala de aula.
Na apresentação salientou-se a importância do professor ter momentos de
estudo fora do ambiente de trabalho e, especialmente, da importância de retomar a
pesquisa com base nas experiências de sala de aula. O retorno à Universidade, o
estímulo à busca de novos autores e, consequentemente a troca de experiência com
professores tanto da universidade quanto de outras instituições escolares. Nos dias
que se seguiram novos convites foram feitos além da exposição de banners sobre o
projeto na sala dos professores.
Após período de volta a rotina, ajustes de início de ano, organização de
horários de aula entre outros, realizou-se a primeira oficina de estudos tratando-se
sobre o tema Hipermodernidade e Educação: uma análise da sociedade
contemporânea e cultura e educação em uma sociedade midiática. Nesse momento
o fato de não haver uma certificação pelo grupo de estudo desmotivou alguns
professores que privilegiaram cursos que oportunizassem horas para avanço na
carreira profissional do Estado. Assim, contando com alguns professores, direção e
equipe pedagógica, iniciaram-se os estudos.
No segundo encontro, motivados pela análise dos resultados do gráfico sobre
o resultado da pesquisa com os alunos, debateu-se e produziu-se um plano de aula
interdisciplinar como previsto no Caderno Pedagógico. Nesse encontro houve a
definição do trabalho em conjunto a ser realizado entre as disciplinas de História e
Filosofia atingindo mais um dos objetivos previstos no planejamento. Ficou definido
o tema de trabalho “Escravidão”, comum à ementa das duas disciplinas e como
metodologia a experiência de organizar um grupo fechado para discussão sobre o
tema através da rede social Facebook.
Contando com a colaboração da direção do colégio que disponibilizou uma
senha de wi fi e permitiu a utilização de celulares durante as aulas das referidas
disciplinas, iniciou-se a implementação do projeto de intervenção pedagógica com a
explicação aos alunos sobre o trabalho a ser desenvolvido, tema, metodologia e
critérios de avaliação. Os quais puderam pesquisar textos, vídeos, músicas,
poemas, imagens entre outros, utilizando-se da tão familiar tecnologia. Suas
postagens eram curtidas e comentadas por outros colegas e debatidas nas aulas de
História e Filosofia, com cada professora direcionando a discussão de acordo com
as particularidades e objetivos de cada disciplina. Enquanto isso, paralelamente
continuavam as oficinas com os professores, agora sobre o tema Metodologia de
Ensino e Alternativas Metodológicas para as Nova Gerações.
Com o projeto sendo desenvolvido concomitantemente passou-se à nova
etapa com a realização da oficina junto aos professores abordando o tema
Interdisciplinaridade e planejamento da ação interdisciplinar. Nessa etapa as
docentes envolvidas na ação interdisciplinar discutiram os primeiros resultados
alcançados e os novos rumos a serem trilhados, procedendo assim a um
replanejamento.
No final do mês de abril/2014 um novo encontro para avaliação preliminar
concluiu que os resultados eram animadores. Alunos trouxeram vertentes do tema
Escravidão muitas vezes não debatido em aulas regulares. Muitos motivados
passaram a fazer postagens diárias e a esperar pelas aulas para poder pesquisar e
discutir questões como a escravização do pensamento, das modas, das fábricas
clandestinas, do consumo, dos negros, da mídia, escravos sexuais em todos os
tempos, ou seja, uma gama infindável que resultou na desconstrução da imagem da
escravidão exclusivamente como associada à africanos ocorrida na Era Moderna.
Esse resultado preliminar foi confirmado quando posteriormente os alunos foram
reunidos para uma avaliação geral sobre o trabalho realizado.
Nessa oportunidade junto com os alunos constatou-se que os objetivos
previamente estabelecidos confirmaram-se. O entusiasmo, a busca do
conhecimento pela pesquisa, o debate suscitado pelas informações trazidas pelos
próprios alunos, bem como a reflexão sobre a construção histórica e filosófica de
seu modo de vida associado ao meio utilizado (rede social), tão familiar à maioria
dos alunos, resultou em uma avaliação de modo geral positiva por parte dos
mesmos.
Inclusive, como foi sugerido por uma aluna a formação de um novo grupo
fechado, nos mesmos moldes do trabalho desenvolvido, com a intenção de
aprofundamento de estudos visando o Processo Seletivo Seriado (PSS) da
Universidade Estadual de Ponta Grossa. Nesse grupo professores das diversas
disciplinas seriam convidados a postar questões e os alunos interessados a
responder as quais seriam corrigidas posteriormente. A maior restrição se deu pela
falta de acesso de alguns alunos à internet, que os obrigaram a utilizá-la somente
quando oportunizado em sala de aula.
Da mesma forma na avaliação final da ação interdisciplinar, as professoras
envolvidas mostraram entusiasmo e desejo de prosseguir com o projeto em outros
temas. O aprofundamento das discussões sobre o tema de estudo foi considerado
um ponto muito positivo, bem como a facilidade de monitorar as discussões via
internet e as reais possibilidades de trabalhar com as redes sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar o trabalho faz-se necessário retomar os objetivos iniciais, entre os
quais estava o desejo de chamar a atenção e despertar o interesse dos
adolescentes em relação às tarefas e atividades escolares. Há dúvida se apenas o
uso da tecnologia daria conta da melhoria da qualidade da educação e quais
atitudes e comportamentos seriam desejados ou necessários nos profissionais da
educação para auxiliar nessa onda irreversível de mudança.
Quanto ao primeiro objetivo pode-se afirmar que houve por parte dos alunos
uma grande disposição em relação às atividades propostas durante o
desenvolvimento do projeto. A possibilidade de utilizar de uma rede social para
construção do conhecimento apresentou inúmeras vantagens. Segundo Tomaél,
Alcará e Di Chiara a rede é “[...] uma estrutura não linear, descentralizada, flexível,
dinâmica, sem limites definidos e auto organizável, estabelece-se por relações
horizontais de cooperação [...] (2005, p. 94). Assim, ajusta-se adequadamente ao
jovem atual que não consegue mais adaptar-se a esquemas rígidos, controlados e
hierárquicos.
Segundo os mesmos autores:
A literatura nos permite inferir que as redes sociais são recursos importantes para a inovação, em virtude de manterem canais e fluxos de informação em que a confiança e o respeito entre atores os aproximam e os levam ao compartilhamento de informações que incide no conhecimento detido por eles, modificando-o ou ampliando-o. (TOMAÉL, ALCARÁ, DI CHIARA, 2005, p.102)
Desse modo, as redes sociais permitem ao educando buscar informações que
serão agregadas ao seu conhecimento prévio com possibilidade de ampliar a
compreensão através de trocas e compartilhamentos dessas informações com seus
colegas de maneira natural ao seu modo de vida, pois essas trocas e
compartilhamentos de informações, sonhos, desejos já fazem parte de sua rotina.
No ambiente escolar o diferencial é a mediação que ocorre por parte do professor
que não reprime, apenas fomenta a discussão e encoraja a busca de novos dados a
serem incorporados aos anteriores. Essa construção conjunta ocorre pois há a
segurança e confiança entre os envolvidos, tornando-os protagonistas na ação de
construção do próprio conhecimento.
Outro ponto positivo observado foi a possibilidade do trabalho conjunto sem
as tensões de formação de grupos, divisão de tarefas ou da necessidade de
deslocamentos para realização do trabalho. A liberdade tão desejada pelos
adolescentes encontrou naturalmente a associação ao trabalho cooperativo tão
eficiente na educação.
Para que seja mais eficiente, o compartilhamento da informação e do conhecimento em rede requer a adoção de uma postura de cooperação, em que os atores utilizem múltiplos recursos, valorizando tanto o contato pessoal quanto o uso da tecnologia como ferramenta de comunicação que culmine no aprendizado. (Ibidem)
Essa associação entre o virtual e o presencial, entre a utilização da tecnologia
e a tradicional sala de aula mostrou-se portanto, não apenas possível, mas também
uma experiência de sucesso devido as inúmeras possibilidades apresentadas. As
informações pesquisadas, selecionadas e compartilhadas foram alvo de debates
fazendo os alunos perceberem que não existem informações mais ou menos
importantes e portanto, retirando a sua preocupação quanto ao julgamento sobre o
seu trabalho, levando-os a compreender a importância de sua contribuição como
parte da construção coletiva do conhecimento.
Finalizando, sabe-se que a utilização das novas tecnologias já vem sendo
implementado pelos governos federal e estadual a mais de uma década. As escolas
em sua maioria já encontram-se servidas de laboratórios de informática. Tablet’s
estão sendo disponibilizados aos professores e cursos, promovidos pelas
coordenações regionais de tecnologia educacional (CRTE’s), complementam a
formação dos profissionais para a utilização desses meios nas escolas. Além disso o
Programa Ensino Médio Inovador–ProEMI e o Pacto Nacional pelo Fortalecimento
do Ensino Médio, ambos do Ministério da Educação, incentivam essa prática
visando atender às atuais demandas do público escolar atual.
Sendo assim, conclui-se que está na efetiva implementação e utilização
desses meios tecnológicos disponíveis na escola, em conjunto com uma ação
mediadora do professor, estabelecendo limites e critérios, conduzindo democrática
e criticamente o processo de ensino e aprendizagem, um caminho para a melhoria
da qualidade da educação.
REFERENCIAS
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