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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

Ficha para identificação da Produção Didático-Pedagógica – Turma 2014

Título: A valorização do homem do campo e sua cultura

Autor: Lenira Sampaio Stubs

Disciplina/ área: História

Escola de Implementação do projeto e sua localização:

Colégio Estadual Dr. Felipe Silveira Bittencourt – Ensino fundamental e Médio

– Marialva – PR

Município da Escola: Marialva – PR

NRE: Maringá

Professor Orientador: Leandro Brunelo

Instituição de Ensino superior: UEM

Relação interdisciplinar: História, Geografia e Língua Portuguesa

Resumo:

O objetivo desse trabalho é desenvolver uma reflexão sobre o homem do campo e sua cultura, visando desconstruir os pré-conceitos, valorizando a sua história, os seus conhecimentos e retratando a sua diversidade sociocultural. É indispensável discutir o papel deste para que os educandos da zona rural e urbana possam repensar a realidade, refletindo quanto ao modo de viver do homem do campo, muitas vezes estereotipado, sendo ridicularizados em algumas manifestações culturais como as festas juninas, nas quais ele é apresentado com roupas rasgadas e dentes estragados, sofrendo também o preconceito linguístico. Assim, é importante desconstruir essa forma negativa e mostrar que o campo é também uma forma de sobrevivência e sustento de milhares de famílias. Além disso, é importante que os estudantes visualizem o campo e a cidade como espaços interdependentes.

Palavras-chave:

Homem do campo; preconceito; valorização

Formato do Material Didático:

Unidade Didática

Público:

Alunos do 9º - Ensino Fundamental

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ – SECRETARIA DE ESTADO DA

EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM

MARINGÁ – PR

NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE MARINGÁ

LENIRA SAMPAIO STUBS

A VALORIZAÇÃO DO HOMEM DO CAMPO

MARIALVA

2014

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ – SECRETARIA DE ESTADO DA

EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM

MARINGÁ – PR

NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE MARINGÁ

LENIRA SAMPAIO STUBS

A VALORIZAÇÃO DO HOMEM DO CAMPO

Produção didático-pedagógica apresentada ao

PDE – 2014 para complementação da Proposta de

Implementação Didática – Educação Básica,

Ensino Médio, a ser aplicado no Colégio Estadual

Dr. Felipe Silveira Bittencourt – EFM, Município de

Marialva – PR, na disciplina de História, sob

orientação do Prof. Leandro Brunelo – UEM.

MARIALVA 2014

APRESENTAÇÃO

A presente produção didático-pedagógica tem por finalidade nortear a

aplicabilidade do projeto de intervenção pedagógica no Colégio Estadual Dr. Felipe

Silveira Bittencourt, tendo como público-alvo o 9º ano do Ensino Fundamental. O

motivo da escolha do tema: A valorização do homem do campo e de sua cultura

justifica-se devido às práticas de sala de aula nas quais alunos da zona rural são

discriminados ou tidos como atrasados, caipiras ou ignorantes. Diante dessa

realidade, pretende-se, por meio deste projeto de intervenção, discutir o papel do

campo e, por consequência, do camponês, propiciando um repensar da sua

realidade, desconstruindo os pré-conceitos existentes quanto ao seu modo de viver.

Mostrar que o campo é uma forma de sobrevivência e de sustento de milhares de

famílias, destacando a importância dos habitantes do campo para a manutenção da

alimentação dos brasileiros e para a economia do país.

Assim, esse trabalho tem como objetivo contribuir para a afirmação da

identidade do homem do campo, bem como a valorização da sua história, dos seus

modos de vida, da sua forma de interagir socialmente, da sua fala, sua cultura e

seus hábitos. Porém, quando falamos de homem do campo estamos nos referindo à

uma classe muito grande de pessoas com diferentes características. As Diretrizes

Curriculares da Educação do campo (DCE) determinam como sendo “do campo” os:

Posseiros, bóias-frias, ribeirinhos, ilhéus, atingidos por barragens, assentados, acampados, arrendatários, pequenos proprietários ou colonos ou sitiantes, caboclos dos faxinais, comunidades negras rurais, quilombolas e, também, as etnias indígenas. (PARANÁ, 2006, p. 24-25)

É necessário destacar que uma das principais funções da educação do

campo é reafirmar o direito destes sujeitos de serem reconhecidos como seres

pensantes, que elaboram e constroem suas vidas nos diferentes lugares onde

possam se encontrar. A partir desse novo olhar sobre esse sujeito, as diretrizes

curriculares passaram a sugerir novas formas de encaminhamento das práticas

pedagógicas voltadas ao homem do campo e à educação do campo. Além disso, as

DCEs do campo destacam que, além da caracterização já dada ao homem do

campo, ele também é visto como aquele que valoriza os:

[...] membros da família, cultura e valores, que enfatizam as relações familiares e de vizinhança, que valorizam as festas comunitárias e de

celebração da colheita, o vínculo com a rotina de trabalho que nem sempre segue o relógio mecânico. (PARANÁ, 2006, p. 22)

Enfim, os povos do campo buscam demonstrar que há outras possibilidades de

lidar com a natureza, sem colocar em risco a vida na terra e a soberania alimentar dos

povos e, organizados coletivamente, contrariam a sua história de negação, cobrando do

Estado um novo olhar sobre o seu modo de vida. Assim, a história dos povos do campo

precisa ser levada em consideração, sendo ponto de partida das práticas pedagógicas

da escola no campo e na cidade.

As tendências em estudar o homem do campo e, até mesmo a história local,

são motivadas, de acordo com Schimidt e Cainelli (2004), “pelo interesse pela

história social” (p. 111), entendidas como a história das sociedades de forma geral, a

história das pessoas. As autoras dizem, ainda, que essa valorização da história local

acabou refletindo nos documentos oficiais, como nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs) tanto do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio, nos quais

são indicadas algumas propostas novas para o ensino da História, além da ênfase

na história local, a partir de criações de problematizações, coletas de histórias de

diferentes indivíduos, além de histórias que nunca foram vistas como conhecimento

histórico, de fato, o que favorece a interação dos alunos a partir do levantamento e

exposição de suas experiências, que podem contribuir para o desenvolvimento de

sua consciência histórica. 1

Schmidt e Cainelli (2004) defendem, também, que um dos principais objetivos

do ensino da História é dar ao aluno uma contribuição para que esse conheça e

aprenda a valorizar o patrimônio histórico de sua localidade, o que envolve, além da

sua cidade, o seu país e o seu mundo. Assim, os autores afirmam que alguns

trabalhos podem e devem ser desenvolvidos, a fim de tornar esse conhecimento

mais próximo dos interesses e da cultura do educando.

Muito tem se discutido a respeito da utilização de textos literários como fonte

de pesquisa para o historiador e no uso do ensino de História. Nesse âmbito,

Valdeci Rezende Borges (2010) discute ideias desenvolvidas por Chartier, Chalhoub,

Ginzburg, entre outros, que entendem que todo documento é representação do real,

seja ele literário ou não. Porém, ao abordar o texto literário, o historiador não pode

1 Segundo o historiador Jörn Rüsen (2001, p. 58), a consciência histórica é o conjunto “das operações

mentais com as quais os homens interpretam sua experiência” da mudança temporal “de seu mundo e de si mesmos, e de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo”. É, portanto, a “constituição do sentido da experiência do tempo” expressa pela narrativa histórica.

perder de vista suas especificidades, como linguagem, momento de produção,

objetivos, público alvo, as relações de lugar e temporalidade do produtor com a

realidade histórica que perpassa sua obra.

De qualquer forma, o caráter ficcional da obra não deve ser minimizado, uma

vez que o texto literário insere-se num amplo universo de representações culturais,

dentro do qual constitui-se como:

[...] uma forma de representação social e histórica, sendo testemunha

excepcional de uma época, pois um produto sociocultural, um fato estético e

histórico, que representa as experiências humanas, os hábitos, as atitudes,

os sentimentos, as criações, os pensamentos, as práticas, as inquietações,

as expectativas, as esperanças, os sonhos e as questões diversas que

movimentam e circulam em cada sociedade e tempo histórico.(BORGES,

2010)

Assim, o historiador deve ficar atento ao fato de ser a literatura uma

interpretação do real, um diálogo marcado historicamente e buscar tornar claro ao

seu leitor como o texto foi construído, a linguagem e o gênero em que foi escrito,

desvelando as intenções presentes nos textos e também buscar aquilo que o texto

revela nas suas entrelinhas, por ser própria da literatura a linguagem metafórica,

simbólica.

Circe Maria Fernandes Bittencourt (2011) teoriza que a utilização da literatura

como referencial para a História torna possível a análise de textos enquanto

documentos e registros do momento uma vez que os autores das obras literárias

são pertencentes à algum contexto histórico e, portanto, possuem uma cultura que é

transmitida em seus textos, além de pertencerem, também, a alguma corrente

artística do momento. Ao trazer o texto literário para a sala de aula, a autora afirma,

ainda, que esse vem carregado das diversas leituras já realizadas sobre ele, até o

momento já que cada leitor atribui um sentido ao texto literário, relacionando-o com

o seu conhecimento de mundo. Isso faz com que as leituras sejam diferentes umas

das outras porque cada sujeito tem seus conhecimentos prévios e a sua visão de

mundo ao se relacionar com o texto lido.

O texto literário é utilizado por muitos profissionais da educação como fonte

histórica, pois a partir dele o professor pode realizar uma análise interna do

documento, desmontando toda a obra e tentando perceber os conceitos e os

discursos dos personagens, levantando as características e as ideias principais de

cada um e a tese do autor sobre o tema. Além disso, é possível levantar, também, o

contexto de produção, o espaço, o tempo, o foco narrativo, o cenário, o clímax, entre

outros elementos que possibilitam a recriação da identidade da época em que a obra

foi produzida, e, ainda, as características peculiares àquele momento histórico. É por

isso que os textos literários são portadores de tamanha riqueza e lidos através de

séculos e séculos, devido a essa fidelidade ao registro do momento vivido pelo

autor.

O historiador Antonio Celso Ferreira, em um capítulo do livro O historiador e

suas fontes (Pinsky, Luca e Ferreira, 2012, p.61 até 91) aborda a literatura

remetendo-se a Aristóteles e ao conceito de mimese por ele formulado. Para o

filósofo, a obra literária realizava uma imitação do mundo, denominada por mimese.

Outros historiadores acrescentaram a esse pensamento a ideia de que os literatos

deveriam tomar posições críticas frente aos seus escritos e à realidade. A partir do

século XX, o conceito de literatura foi alterado já que passaram a observar que a

literatura retratava, sim, a sociedade, porém, de maneira deformada, caindo em

contradição com a visão de que a literatura tinha o papel de documentar a realidade

vivida e representar a sociedade.

Essa retratação do momento histórico foi realizada por Monteiro Lobato, em

sua obra Urupês, na qual o autor destacou a figura do homem do campo, que já se

fazia presente desde muitas décadas. A obra produzida por Lobato em 1918 relatou

a miséria vivida pelo homem do campo, além do descaso do governo com essa

população. Foi então que surgiu o seu famoso personagem Jeca Tatu, nome que

ainda hoje é utilizado para designar as pessoas mal vestidas, sujas, vergonhosas,

que, geralmente, vem da área rural.

Monteiro Lobato criou esse personagem para retratar o homem desleixado,

tanto com sua aparência quanto com sua higiene, que, geralmente andava descalço

e fazia uso da agricultura de subsistência, ou seja, mantinha uma pequena roça

apenas para ter o que comer. O personagem criado pelo autor era simples, ingênuo,

possuía todos os tipos de crendices e nenhum tipo de educação formal, além disso,

era visto como um ser preguiçoso e alcoólatra, porém, em sua obra o autor ressalta

que essas características eram advindas do descaso do governo com Jeca Tatu,

que se tornou assim devido às suas precárias condições de vida.

Esse personagem retratado por Monteiro Lobato pode ser relacionado ao

homem do campo dos dias atuais, que ainda sofre com o descaso do governo,

vivendo em condições precárias de subsistência e, além de tudo, sofrendo

preconceito das pessoas das áreas urbanas, que se sentem superiores aos

indivíduos da área rural.

Além disso, em sua obra, Monteiro Lobato buscou reproduzir a fala do homem

do campo, muitas de suas expressões foram dicionarizadas como o termo “Jeca” que

passou a ser sinônimo de “caipira”, “morador da zona rural”, essas expressões buscam

enfatizar o coloquialismos e neologismos. Esta característica, de buscar retratar a fala

do homem do campo, foi vista como uma ousadia, já que esse recurso era visto como

algo inferior, sem valor. Porém, após a publicação de sua obra, vários termos que nela

apareceram foram dicionarizados, demonstrando a influência da obra sobre a Língua

Portuguesa do Brasil.

A obra Urupês é composta por diversos contos, que buscam fazer denúncias

sobre a situação vivida pelo homem do campo naquela época, início do século XX.

Dentro destes contos Monteiro Lobato consegue fazer um retrato da linguagem utilizada

pelo homem do campo, destacando sua riqueza vocabular. Neles o autor denuncia as

queimadas que os caboclos nômades faziam na Serra da Mantiqueira, Estado de

São Paulo; além dos problemas que causavam. Enfatiza também o descaso dos

habitantes dessa Serra; narra a profissão do carteiro, que na época era realizada a

cavalo; dentre outros assuntos.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o governo criou outra ação: elaborou a

Comissão Brasileiro-Americana de Educação das Populações Rurais, que tinha como

objetivo a interferência na política norte-americana que havia aqui no Brasil. Todas as

ações governamentais existentes nessa época tinham a visão do camponês como um

ser carente, pobre, de pouco saber, ignorante, subnutrido. Visão essa que perpassa os

dias atuais e que deve ser desconstruída. Em 1996, com a criação da Lei das Diretrizes

e Bases da Educação Nacional (LDBen) 9394/96, a educação do campo passa a ser

reconhecida como uma diversidade já que são estabelecidos diversos artigos

2objetivando orientar e atender à essa realidade.

Encaminhamentos Metodológicos

A forma de organização do material da Unidade Didática pretende refletir

2 Artigos 23, 26 e 28 da Constituição de 1988 na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.

9394/96.

sobre a existência de pré-conceitos a respeito dos homens do campo e do

esquecimento desses indivíduos aos olhos das classes dominantes que,

consequentemente, contribui para que esses seres sejam inferiorizados. É preciso

levar os educandos a realizarem uma reflexão acerca da cultura, da identidade dos

povos e das comunidades do campo, valorizando sua história, seu jeito de ser, seus

conhecimentos e retratando suas diversidades socioculturais, visando a melhoria na

autoestima desses sujeitos e buscando desconstruir preconceitos.

Buscaremos estudar o conto “Urupês” da obra homônima de Monteiro Lobato,

a fim de repensar tal realidade e refletir sobre os modos de viver, muitas vezes

estigmatizado, buscando formas de valorizar as práticas do homem do campo, como

algo que se mantém vivo ao longo da história. Nessa leitura os alunos serão

instigados a pesquisarem sobre o preconceito que é dirigido ao sujeito e ao seu

modo de falar, assim como a refletir sobre ações governamentais necessárias que

possam melhorar as condições de vida do homem do campo. Na sequência,

assistiremos ao filme Jeca Tatu3 como ponto de partida para um debate com os

alunos do 9º ano sobre o preconceito linguístico, deixando claro que, o Brasil é um

país de território extenso e que, portanto, apresenta variações linguísticas e que

essas não podem ser tachadas como inferiores ou superiores, uma vez que, como já

abordado largamente pela sociolinguística, o que mais importa na questão da

linguagem não é tanto a concepção de “certo” ou “errado”, mas a necessidade de

adequação da linguagem às diferentes situações de interação social. Levando,

assim, o aluno a perceber que há uma convenção social que estabelece uma das

variantes linguística como sendo a norma culta e essa é, na verdade, de acordo com

Marcos Bagno (1999) e outros, a norma mais prestigiada socialmente. Discutiremos

e retrataremos, também, a identidade do homem do campo apresentada por ambas

as obras, traçando um paralelo comparativo entre elas.

Destacamos, ainda, que, entre os linguistas, há quem utilize o termo “norma

culta” e “norma não culta” para referir-se às variações linguísticas. No entanto, a

expressão “norma culta” traz um efeito discriminatório, como se quem não falasse tal

norma não tivesse cultura. Na verdade, como nos ensina a Antropologia, não há

comunidade ou indivíduo sem cultura.

3 Filme produzido no ano de 1959 por Amácio Mazzaropi, sob a direção de Milton Amaral, e

considerado um dos mais emblemáticos em cinematografia, enquanto representação da cultura

popular.

[...] vale refletir que a designação de norma culta não é das melhores, do ponto de vista ideológico, pois favorece a suposição de que aqueles que adotam é que são os cultos, têm cultura; e aqueles que não adotam são incultos, não têm cultura. Mesmo sendo explicito, esse contraste pode ser pernicioso, se não e chama atenção para seus efeitos discriminatórios, sobretudo em relação àqueles falantes das classes sociais menos favoráveis. (ANTUNES, 2007, P.87)

Momento 1 (três aulas)

Tema: Projeto

Objetivo: apresentar o projeto e fazer um diagnóstico

Atividade

- Solicitar aos alunos que respondam ao seguinte questionário, sobre o

homem do campo, o qual será utilizado posteriormente.

1) Quem é o homem do campo?

2) Você já parou para pensar como é a vida do homem do campo? Como é

o seu dia a dia?

3) Quem é considerado o Jeca Tatu nos dias atuais?

4) Quem é que chamamos de Jeca? Por quê? Quais as características que

essa pessoa possui?

Momento 2 (duas aulas)

Tema: Espaço rural e urbano

Objetivo: Analisar as diferenças entre campo x cidade através de diferentes

aspectos, possibilitando aos alunos a reflexão sobre a íntima ligação que

ambos os espaços possuem.

Apresentação

A discussão sobre a relação campo-cidade se tornou intensa e assume cada

vez mais sentido quando estudiosos discutem a incompatibilidade em separar

campo e cidade haja vista a necessidade que as pessoas residentes em áreas

urbanas têm de interagir e desfrutar das condições ambientais, climáticas e sociais

que o campo oferece.

Atividade

- Assistir ao vídeo do Personagem Chico Bento “Na roça é diferente”4. Após

assistirem ao vídeo, responder às questões:

1) Você mora na zona rural ou urbana?

2) O que mais chamou sua atenção no vídeo de Chico Bento?

3) A maior parte do vídeo se refere ao campo. Verifique qual dos

personagens vive mais feliz e com liberdade.

- Assistiremos ao vídeo “Chico Bento no shopping5” e realizaremos uma

discussão sobre os personagens e as situações vivenciadas por eles.

1) Relate a reação de Chico Bento ao chegar no shopping.

2) O que mais chamou sua atenção sobre o passeio de Chico Bento ao

shopping?

3) Qual foi a sensação ou seja os sentimentos em relação as cenas vistas?

4) A situação vivida por Chico Bento durante o passeio ao shopping, em sua

opinião, seria constrangedora para um morador da zona rural na vida

real?

- Ler a fábula de Esopo “O rato do campo e o rato da cidade” 6 e, após a

leitura, analisar e interpretar as diversas comparações entre os animais dos

dois ambientes que o texto oferece e, assim, relacioná-las ao homem do

campo e da cidade. Após a apresentação do texto e a discussão, realizar os

seguintes exercícios:

1) Diante de tantas diferenças entre o rato do campo e o rato da cidade,

pode-se afirmar que:

a) O rato do campo e o rato da cidade ficaram inimigos depois que um

conheceu a moradia do outro . ( )

b) Percebe-se que, mesmo na diferença entre costumes, hábitos e modos

de vida, os dois mantiveram-se amigos. ( )

c) Houve preconceito cultural entre o rato do campo e o rato da cidade.

( )

d) Quando o rato do campo conheceu como era a vida na cidade, ele

desejou morar lá. ( )

4 Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=X588TuX1Wv0 Acessado em: 25 out. 2014

5 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=VG4RnqR9Sm0 Acessado em: 25 out. 2014

6 Disponível em http://www.atividadesparacolorir.com.br/2012/09/texto-e-interpretacao-de-texto-para-html 4. Acessado em: 4 jun. 2014.

e) Conhecendo a realidade da vida na cidade, o rato do campo desejou ir

logo para sua casa no campo. ( )

2) O que o rato do campo mais gostou ao visitar a cidade?

3) Por que o rato da cidade pediu para o rato do campo falar baixo?

4) Percebe-se que o rato que mora no campo tem mais liberdade que o rato

que mora na cidade. Como podemos comprovar isso?

5) Sabendo que na turma que você estuda existem alunos que moram no

campo e outros que moram na cidade, como você pretende agir diante

dessa situação, para que se conserve o respeito entre a turma durante o

ano letivo?

Momento 3 (cinco aulas)

Tema: Aprendendo através da literatura.

Objetivo: Permitir aos educandos do Ensino Fundamental momentos de

experiências práticas de aprendizagem, voltadas à educação do campo, por meio da

qual se pretende valorizar os costumes e as tradições dos indivíduos da área rural.

Apresentação

Os personagens retratados por Monteiro Lobato podem ser relacionados ao

homem do campo dos dias atuais, que ainda sofrem com o descaso do governo,

ainda possuem condições precárias de subsistência e, além de tudo, sofrem com o

preconceito das pessoas das áreas urbanas, que sentem-se superiores aos

indivíduos da área rural.

Atividade

- Ler e discutir um conto do livro Urupês de Monteiro Lobato, com o título de

“Urupês”. Através dele os alunos serão instigados a pesquisarem sobre o

preconceito linguístico e às ações que podem ser realizadas a fim de

melhorar as condições de vida do homem do campo.

Momento 4 (cinco aulas)

Tema: Preconceito linguístico.

Objetivo: Destacar a importância da preservação e do respeito ao vocabulário e à

variedade lingüística cabocla.

Apresentação

- Jeca Tatu é um roceiro preguiçoso de dar dó, mas esta preguiça está com

os dias contados, pois seu ranchinho está ameaçado pela ganância de um

latifundiário sem coração. Agora ele vai usar de todo o seu jeito matreiro

para conseguir seu cantinho de terra.

Atividade

Trabalhar o filme Jeca Tatu7 como ponto de partida para o debate com os

alunos do 9º ano sobre o preconceito linguístico, destacando que o Brasil é um país

extenso de território e que, portanto, há uma variedade infinita de variações

linguísticas e que essas não podem ser tachadas como inferiores ou superiores,

uma vez que, como já abordado largamente pela sociolingüística, o que mais

importa na questão da linguagem não é tanto a concepção de “certo” ou “errado”,

mas a necessidade de adequação da linguagem às diferentes situações de

interação social. Levando, assim, o aluno a perceber que há uma convenção social

que estabelece uma das variantes linguística como sendo a “norma culta” e essa é,

na verdade, de acordo com Bagno e outros, a norma mais prestigiada socialmente.

1) Qual o tema do filme? O que os realizadores do filme tentaram nos contar?

2) Algum elemento do filme não foi compreendido?

3) Qual personagem ganha maior destaque no filme? Por quê?

4) Analise o uso da música no filme. Ela conseguiu criar um clima correto para

a história?

5) Faça uma síntese da história.

Após a leitura do conto Urupês e de assistirmos ao filme, será discutida e

retratada a identidade do homem do campo, traçando um paralelo comparativo entre

o filme e o conto.

Momento 5 (duas aulas)

Tema: Interdependência campo x cidade.

Objetivo: Repensar a relação campo x cidade, oportunizando aos educandos do

7 Filme produzido no ano de 1959 por Amácio Mazzaropi, sob a direção de Milton Amaral, e

considerado um dos mais emblemáticos em cinematografia, enquanto representação da cultura popular. Duração 95 minutos.

campo e da cidade uma reflexão acerca da interdependência entre os dois espaços.

Apresentação

A discussão sobre a relação campo – cidade se tornou intensa e assume

cada vez mais sentido quando estudiosos discutem a incompatibilidade em separar

campo e cidade. Recorrendo à literatura, constata-se que na atualidade cada vez

mais intenso o fluxo cidade e campo haja vista a necessidade que as pessoas

residentes em áreas urbanas têm de interagir e desfrutar das condições ambientais,

climáticas e sociais que o campo oferece.

Atividade

“Assistir ao vídeo Sistematização de Experiências8” observando e destacando

que a área rural não compreende apenas as atividades agropecuárias já que,

atualmente, o meio rural vem adquirindo novas funções e oferecendo novas chances

de emprego e renda para as famílias brasileiras. Destacar, ainda, que a

agropecuária moderna e a agricultura de subsistência estão dividindo espaço com

atividades de lazer, prestação de serviços e até mesmo com as indústrias,

diminuindo a divisão entre o rural e o urbano.

Momento 6 (três aulas)

Tema: Analisando a música sertaneja.

Objetivo: Ler e interpretar a música “Chico Mineiro”, ressaltando as implicações

linguísticas do dialeto caipira.

Apresentação

A música é manifestação da cultura e do modo de pensar e agir de um povo.

Atividade

Os alunos analisarão a letra da música “Chico Mineiro” de autoria de Tonico e

8 Vídeo produzido por EmaterRS, Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VJDp-DyaG1Y

Acessado em: 4 jun. 2014.

Francisco Ribeiro. Após a analise ocorrerá um debate com o objetivo de destacar

que, apesar da fala na variedade não prestigiada socialmente, os autores possuem

uma riqueza muito grande de valores em suas obras, nas quais passam a inocência

do campo, a pureza que lá existe, destacando a importância da preservação do

vocabulário nas canções e poesias, estes perderiam seu valor e significado cultural.

Também faremos uma relação de vocábulos comumente empregados na música.

Momento 7 (duas aulas)

Tema: Solidariedade.

Objetivo: Dar ênfase às práticas de sociabilidade e de trabalhos comunitários.

Apresentação

Destacando as características de sociabilidade e de trabalhos comunitários do

campo, que se realizam através da troca de produtos básicos e de atividades de

mutirão, de solidariedade no momento da colheita.

Atividade

Os alunos do 9º ano do Colégio Dr. Felipe Silveira Bittencourt passarão nas

salas de aula pedindo alimentos não perecíveis para serem doados a uma entidade

beneficente.

Momento 8 (dez aulas)

Tema: Práticas culturais.

Objetivo: Desconstruir preconceitos, refletindo acerca do modo de vida do homem

do campo.

Apresentação

Em diversas manifestações e práticas culturais, os sujeitos do campo são

ridicularizados e vistos de forma preconceituosa como nas festas juninas, nas quais

os camponeses têm como características dentes estragados, roupas rasgadas e

remendadas, maquiagem exagerada ou mal feita, etc.

Atividade

Será realizada uma festa junina na qual os alunos desconstruirão o

preconceito de inferior, atrasado e caipira que possuem acerca do homem do

campo, levando os estudantes a realizarem uma reflexão mais apurada e, desta

forma valorizarem a cultura rural.

CRONOGRAMA

ATIVIDADES QUANTIDADE DE AULAS MÊS - 2015

Apresentação do projeto 3 aulas fevereiro

Espaço rural e urbano 2 aulas fevereiro

Aprendendo através da literatura 5 aulas no contra turno março

Preconceito lingüístico 5 aulas no contra turno março

Interdependência campo x cidade. 2 aulas abril

Analisando a musica sertaneja 3 aulas abril

Solidariedade 2 aulas maio

Praticas culturais 10 aulas no contra turno junho

REFERÊNCIAS

ANTUNES, I. Muito além da gramática: Por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola. 2007. BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola,1999. BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2011. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 2000. BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996. FERREIRA, A. C. A fonte fecunda. In: PINSKY C. B. e LUCA T. R.(Orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2012. p. 61-93. LOBATO, Monteiro. Urupês. 37 ed. São Paulo: Brasiliense: 2004.

PARANA. Diretrizes Curriculares da Educação do Campo. Secretaria de Estado da Educação. Curitiba, 2006. PARANA. Diretrizes Curriculares da Educação Básica História. Secretaria de Estado da Educação. Curitiba, 2008 SCHIMIDT, M. A. e CAINELLI, M. Ensinar História. Série Pensamento e Ação do Magistério. São Paulo: Scipione, 2004.

Sites & vídeos

“Chico Bento no shopping” – Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VG4RnqR9Sm0 Acessado em: 25 out. 2014 “Chico Mineiro” - Disponível em http://www.radio.uol.com.br/#/letras-e-musicas/ tonico-e-tinoco/chico-mineiro/888312 música gravada por Tonico & Tinoco no ano de 1946. Acessado em: 23 out. 2014. Na roça é diferente - Disponível http://www.youtube.com/watch?v=X588TuX1Wv0. Acessado em: 25 out. 2014. O rato do campo e o rato da cidade. Disponível em: http://www.atividadesparacolorir.com.br/2012/09/texto-e-interpretacao-de-texto-para-4.html. Acessado em: 04 jun. 2014. Sistematização de Experiências: Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=VJDp-DyaG1Y. Acessado em 04 jun. 2014. Produtores de uva doam safra para entidades beneficentes - Disponível em: http://globotv.globo.com/rpc/parana-tv-1a-edicao-maringa/v/produtores-de-uva-de-arialva-doam-safra-para-entidades-beneficentes/3383328/ acessado em: 23 out. 2014.

Filme

JECA TATU. Direção de Milton Amaral. São Paulo: Produções Amácio Mazzaropi - PAM Filmes, 1959.