os desafios da escola pÚblica paranaense na … · na promoção da consciência cidadã e ética...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
1 FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICATítulo: Mídia e Consumo na EscolaAutor Ana Leomar DonidaDisciplina/Área (ingresso no PDE) Educação FísicaEscola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Estadual Jorge Schimmelpfeng
Município da escola Foz do IguaçuNúcleo Regional de Educação Foz do IguaçuProfessor Orientador Profa. Dra. Denise Rosana da Silva MoraesInstituição de Ensino Superior Unioeste – Campus de Foz do IguaçuRelação Interdisciplinar Resumo Esta unidade didática aborda a influência da
mídia no consumo dos adolescentes, que se justifica pelo fato de que os jovens possuem novas formas de acesso ao conhecimento o que gera sensível sedução ao consumo. Assim, cabe refletir sobre o lugar que a mídia ocupa e as novas funções que podem desempenhar na vida. Assim, o problema desta pesquisa volta-se para investigar: A escola desenvolve conhecimentos eficientes na promoção da consciência cidadã e ética perante o consumo? O objetivo do projeto é analisar a relação entre o consumo e a mídia e sua repercussão no âmbito da escola, na busca de reconhecer a importância dos princípios éticos perante o consumo, realizar atividades esclarecedoras para os alunos sobre a influência da mídia nos padrões de consumo e promover estudos relacionados à cultura da mídia e sua influência na vida das pessoas, principalmente no vestir, no comer, nos tratamentos médicos. A fundamentação teórica aborda os conceitos de mídia, padrões de consumo e, o consumo na adolescência, a estratégia de ação deste projeto compreende a pesquisa-ação, por ser apropriada para pesquisas educacionais que envolvem o estudo direto junto aos aprendizes, apresentando o projeto para a comunidade escolar, exibindo um filme sobre os padrões de consumo, lendo textos e realizando debate sobre os diferentes tipos de mídia que permeiam o cotidiano de toda a sociedade e, desenvolvendo atividades em grupos com o tema gerador o poema “Eu Etiqueta”, promover dramatizações, paródias, danças e coreografias, para realizar exposição e apresentação para toda a escola como resultado do trabalho.
Palavras-chave (3 a 5 palavras) Educação – Mídia - Consumo -
Formato do Material Didático Unidade didática
Público Alvo Alunos da educação Básica
2 APRESENTAÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)1 se apresenta como
uma oportunidade de refletir sobre a atuação dos educadores em relação à
formação que se pretende desenvolver no meio educacional das escolas públicas. O
mundo globalizado exige a adequação dos profissionais ao desenvolvimento
tecnológico não apenas desenvolvendo meios de utilização dos recursos disponíveis
como participando de uma reflexão crítica sobre o uso que a sociedade faz de tais
recursos, permitindo aos/as educandos/as participarem de uma formação mais
humana e mais crítica.
As Diretrizes Curriculares para o Estado do Paraná (2008) apresentam
considerações importantes sobre a influência da Mídia para os/as adolescentes e
jovens,considerando que a atuação do professor de Educação Física é de suma
importância para aprofundar a abordagem de tais conteúdos. Assim, sugere que os
educadores insiram em sua prática pedagógica as questões que se referem à
supervalorização do modismo, estética, beleza, saúde, consumo, os extremos sobre
a questão salarial dos atletas, seus padrões de vida, preconceito, exclusão,
discutindo a ética que permeia os ambientes esportivos de alto nível, cujos aspectos
são ditados pela mídia (PARANÁ/DCE, 2008).
Sobre as mudanças ocorridas na sociedade com o surgimento das
tecnologias da informação e comunicação (TIC) as diretrizes levam à reflexão das
influências que esses meios exercem inegavelmente na sociedade. Atualmente, os
jovens possuem novas formas de acesso ao conhecimento que poderão culminar
em novas formas de aprendizagem e de sedução dos jovens ao consumo. Por isso,
importa refletir sobre o lugar que a mídia ocupa e as novas funções que podem
desempenhar na nossa vida.
O comportamento dos professores, suas necessidades de formação para conviver com essas tecnologias, reconhecendo as potencialidades destas nos processos de produção do conhecimento devem estar de acordo com as propostas curriculares de formação, conforme as diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL/PCN, 1997, p.13).
1 PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional. Formação Continuada em Rede. Estado do Paraná - Brasil. (www.diaadiaeducacao.pr.gov.br)
Entende-se a necessidade da formação dos/as professores/as para essa
área específica das TIC. Segundo Vesce (2008), etimologicamente, a palavra mídia
significa meio, derivada do latim médius, assim, compreende-se que uma mídia
educacional é um meio através do qual se transmite ou constrói conhecimentos. A
mídia publicitária tem como principal função convencer um indivíduo a consumir
determinado produto. Assim, nota-se a influência dessa mídia cada vez mais no
comportamento dos jovens.
Para Pinho (2000) atualmente, a publicidade cobre praticamente todos os
serviços da rede, desde a web até as mensagens de correio eletrônico, sendo
abordada como instrumento da moderna comunicação de marketing. O exame do
surgimento da propaganda interativa na rede, da sua natureza em relação às mídias
tradicionais e dos elementos que compõem a chamada indústria da propaganda na
Internet permite compreender as novas possibilidades de uso da rede como veículo
de comunicação publicitária. No entanto faz-se necessário estabelecer princípios
éticos a serem obedecidos pelos associados na criação dos anúncios de publicidade
online. Desta forma, há que concordar que a internet, atualmente, tornou-se um
poderoso meio de comunicação e também de comércio, entretanto, é preciso que os
princípios éticos de que trata o autor, sejam respeitados.
Macluhan, (2000) assevera que no ano de 1993 foram abolidas as restrições
para o uso comercial da Internet e a World Wide Web tornou-se acessível ao
público, os usuários podiam então encontrar, facilmente, os sites de organizações
comerciais e mesmo sem fazer suas compras em lojas listadas nas Páginas
Amarelas. A atenção e o interesse das empresas foram despertados para as novas
oportunidades oferecidas pelo novo meio, crescendo a presença dos sites
comerciais na rede.
Pensando na escola, a evolução tecnológica é constante, e isso torna clara a
necessidade de aprendizagem contínua em relação à sua utilização como
consequência natural do momento social que se vive, a ponto de se afirmar que esta
é a sociedade do conhecimento.
Diante da realidade o papel do professor também se altera. Muitos professores sentiram que precisam mudar a sua maneira de ensinar – querem se adaptar ao ritmo e às exigências educacionais dos novos tempos e anseiam por oferecer um ensino de qualidade, adequado às novas exigências sociais e profissionais. Colocam-se como mestres e aprendizes, com a expectativa de que por meio da interação estabelecida na
comunicação didática com os alunos, a aprendizagem aconteça para ambos (BOELTER, 2006, p. 20).
No entanto, a escola ainda não aborda a contento a discussão necessária
para contribuir com a reflexão crítica a que os/as jovens não se tornem consumistas
por causa da influência da Mídia. Os próprios instrumentos tecnológicos são motivo
de consumo desordenado, os/as jovens desejam comprar celulares, tablets,
computadores, aparelhos de TV 3D, cada vez mais modernos e sedutores.
Diante disso, a escola necessita criar instrumentos que permitam educá-los
para analisar o consumo desenfreado, pois principalmente os recursos tecnológicos
são moda e se tornam extremamente sedutores, o que tem contribuído para o
aumento do consumo.
Esta unidade didática tem como objetivo analisar a relação entre o consumo e
a mídia e sua repercussão no âmbito da escola e conhecer a importância dos
princípios éticos perante o consumo, realizar atividades esclarecedoras para os
alunos sobre a influência da mídia nos padrões de consumo, promover estudos
relacionados à cultura da mídia e sua influência na vida das pessoas, principalmente
no vestir, no comer, nos tratamentos médicos.
3 REVISÃO TEÓRICA
Ao estabelecer conceitos de mídia, torna-se necessário considerar que a
sociedade contemporânea convive com avanços tecnológicos que se desenvolvem
com muita rapidez, colocando o mundo em comunicação permanentemente, além
disso a globalização econômica, que promove esses avanços, torna as informações
um produto altamente valorizado. Para Rezende (2002) essa sociedade passa por
uma profunda transformação, onde as atividades humanas precisam ser repensadas
e reavaliadas de modo crítico, pois nessa revolução informacional a força intelectual
é substituída por computadores e a principal mercadoria passa ser a informação
digital.
Para Rischbieter (2010), a civilização ocidental que durante muito tempo
manteve a educação presa a dados classificados encontra-se diante de um
processo inadequado para lidar com essa nova cultura, pois, atualmente as pessoas
se comunicam com ícones e sons, sem a necessidade de palavras, o que coloca em
xeque a necessidade de habilidades como escrever e ler. A digitalização do
conhecimento desempenha um papel de tecnologia intelectual reorganizando a
visão de mundo de seus usuários e modificando seus reflexos mentais.
Esse contexto necessita ser reconhecido como um meio de comunicação,
mas também como um instrumento mediador entre os sujeitos e o conhecimento.
Silverstone (2002, p.33) explica que “a mídia deve ser pensada como um
processo de mediação”, pois ela ultrapassa os pontos de contato entre os textos e
seus leitores, provocando engajamento com base nos textos mediados. A mediação
promove mudança no significado de um texto para outro, também discursos e, mais
ainda, entre interlocutores. Essa transformação circula em forma escrita, oral e
audiovisual, sendo que cada interlocutor colabora em sua produção.
No entanto, é necessário desenvolver a percepção de todos os recursos
tecnológicos são bons, os aspectos negativos estão relacionados ao que as pessoas
fazem com as mídias.
Lembremo-nos de que nenhuma técnica de comunicação, do telefone à internet, traz por si mesma a compreensão. A compreensão não pode ser quantificada. Educar para compreender a matemática ou a disciplina determinada é uma coisa; educar para a compreensão humana é outra. Nela encontra-se a missão propriamente espiritual da educação: ensinar a
compreensão entre as pessoas como condição e garantia da solidariedade intelectual e moral da humanidade (MORIN, 2002, p.93).
Como o próprio nome diz mídia serve para fazer a mediação entre a
informação e o sujeito, no entanto o que os sujeitos vão fazer com as informações,
embora pareça responsabilidade de cada um, é também responsabilidade da escola
e da família, pois as ferramentas que permitem aos jovens realizar esse
processamento de informações é a educação e a afetividade que estabelecem em
forma de valores. O maior problema da mídia é mediar a chegada de informações,
pois segundo Coelho (1998) o conteúdo das informações são determinantes,
geralmente os produtos da indústria cultural são bons ou maus, alienantes ou
reveladores, conforme a mensagem eventualmente por veiculadas nestes
conteúdos.
A concepção de mídia apresenta um aspecto importante que remete à
mensagem e sua ideologia, pois se sabe que a mídia serve aos interesses
dominantes e coloca a mensagem seus significados e significantes voltados aos
seus interesses, especialmente quando estes interesses estão relacionados ao
consumo em favor dos interesses do capitalismo (REZENDE, 2002).
A mídia é instrumento de formação de opinião e de produção de discursos na
sociedade contemporânea, porém é preciso investigar os efeitos ideológicos do
discurso das propagandas e mensagens de outros meios de comunicação que são
responsáveis pela criação de estereótipos para alguns segmentos sociais.
Neste aspecto a educação se torna imprescindível, pois tem como finalidade
preparar os sujeitos para o exercício da cidadania. É preciso considerar que no
mundo permeado pelas mídias a escola precisa preparar para a vida em sociedade,
desenvolvendo princípios éticos e valores que possam fazer com que as pessoas
utilizem todos os recursos disponíveis com equidade e sabedoria. Além disso, as
DCE’s indicam para a disciplina de educação física o desenvolvimento de uma
consciência crítica em relação à cultura corporal, que atualmente sofre pela
interferência da mídia que atua transformando o corpo em espetáculo ou como
objeto de consumo (PARANÁ/DCE, 2008).
Os padrões de consumo fazem referência às relações sociais, atualmente a
mídia dita os padrões de consumo, incitando por meio de comunicação publicitária o
consumo nas pessoas. As relações sociais e os meios de comunicação se
incumbiram de criar durante o século XX uma geração dependente do consumo, que
vem sendo alvo de assédio midiático cada vez mais cedo. A publicidade cria
situações de consumo que envolve um bebê que ainda nem nasceu (BOMENY et
al., 2010).
Num país da dimensão do Brasil não é tarefa fácil identificar padrões de
consumo, pois há uma distância muito grande entre os que têm e os que não têm.
Os padrões de consumo no Brasil estão relacionados aos padrões sociais, pois
ostentar um determinado produto revela o status de quem consome e o lugar que
ocupa na hierarquia social.
Bomeny et al. (2010) comenta que quando se distingue as pessoas pelos
produtos que consome, estas são classificadas. Os slogans publicitários reforçam a
lógica do consumo no meio social. A exclusão dos sujeitos da cadeia de consumo é
responsável pela violência.
A chamada economia de mercado é responsável por classificar as pessoas a
partir da divisão do trabalho e nessa divisão os preços de bens e serviços são
determinados de acordo com a oferta e a demanda. Assim, os padrões de consumo
têm relação direta com a cidadania, é preciso lembrar que só o dinheiro não garante
que a pessoa seja capaz de executar tarefas simples como ler, por exemplo. Mesmo
que a economia de mercado esteja aberta a todos, o consumo de determinados
bens está restrito a poucos (NOVAES e VANUCCHI, 2004).
O que as pessoas comem, vestem, calçam e executam como lazer é
determinado pela mídia. As campanhas publicitárias e os públicos consumidores são
um bom exemplo de influência na vida das pessoas, principalmente os jovens, pois
cada indivíduo, ao longo da vida, pratica um certo padrão de consumo que indica
seu status e o lugar que ocupa na hierarquia social (SOLOMON, 2006).
Quando se fala em padrão de consumo, dificilmente as pessoas lembram de
que gerar bens de consumo implica em exploração de recursos naturais, que os
bens que saem da moda e são abandonados ferem o poder de compra e interferem
no ecossistema, tornando o modismo no vestir ou no calçar um problema ou uma
irracionalidade.
A cidadania abre e fecha possibilidades dos indivíduos consumirem
determinados produtos. A educação, a segurança pública, o acesso aos bens
culturais podem ser considerados direitos dos cidadãos, mas também há que se
considerar que existem deveres em relação ao consumo consciente, pois as
escolhas de cada um têm consequências sobre o meio ambiente, sobre as relações
de trabalho e sobre a distribuição de riquezas (BOMENY, 2010).
Assim, ao refletir sobre a economia de mercado, percebe-se que o
desenvolvimento dos padrões de consumo se apresenta como elemento essencial
na formação dos jovens consumidores. No entanto, a escola, não desenvolve a
economia e o consumo consciente como uma de suas ações educativas, deixando
esses assuntos incluídos como tema transversal, que se desenvolve
esporadicamente no ambiente escolar sem alcançar a consistência necessária a um
assunto tão importante
Em relação ao consumo, torna-se necessário pontuar que o adolescente por
estar em constante mudança, não age de acordo com a racionalidade econômica, o
que impossibilita aos profissionais de marketing criar uma teoria permanente que
leve à compreensão aprofundada da mente desse tipo de consumidor, desta forma
os pontos de influência são os marcos mais consideráveis em relação ao
desenvolvimento de marketing que identifique a influência na decisão de compra dos
adolescentes (CARTER; MCGOLDRICK, 1995).
Para os jovens, a competição que a aparência bem cuidada desenvolve traz
benefícios, não é raro adolescentes exigirem dos pais roupas e calçados de marca,
pois estas interferem na imagem que as outras pessoas fazem do sujeito, assim
cabe à escola problematizar esses conceitos que possam deixar claro aos jovens
que as aparências são enganosas e podem trazer problemas para o cotidiano.
Costa (2009) coloca muito bem a questão da identidade cultural que permeia
a formação dos jovens ao afirmar:
Na era da supremacia do mercado e da mídia, negros, gays, idosos e tantos outros grupos identitários vêm sendo objeto de uma política de representação que visa reabilitá-los no cenário cultural, seja como cidadãos dignos e merecedores de atenção e respeito, seja como consumidores. Nessa movimentação, tanto suas histórias como sua condição de vida e suas imagens são estetizadas e colocadas em circulação no supermercado cultural das identidades (COSTA, 2009, p.30).
Percebe-se que existe na conquista do consumo a criação de necessidades
que os indivíduos, muitas vezes, não têm, mas que passam a existir por força do
desejo despertado pela publicidade veiculada pela mídia.
Atualmente, muitos adolescentes usam roupas da moda e demonstram
preocupação em estar na moda e em usar roupas com marca e, principalmente,
etiqueta, pois observam que se usam marca e moda são melhor aceitos na
sociedade, ou evitam ser hostilizados pelos colegas, além disso a roupa de marca é
um indicador de superioridade entre os jovens dessa faixa etária (PAPALIA, 2006).
Para o adolescente, não se trata de apenas escolher uma roupa que o
agrade, mas se autoafirmar e ser diferente, construindo uma identidade própria. A
roupa, os acessórios, o penteado e até a maquiagem definem a identidade do
jovem, que passa a apresentar-se como único, com personalidade própria,
originalidade, mesmo quando a tendência leva a ser tudo igual, é comum que as
roupas e tudo o mais sejam uma maneira de transmitir uma mensagem que
caracteriza a sua geração (CARTER; MCGOLDRICK, 1995).
Costa (2009) comenta que o consumismo se apresenta como um eixo da
economia que decorre da convivência social, dessa forma o consumo se
transformou no etos das sociedades atuais.
Muitos jovens cultuam o corpo, para eles a imagem é fundamental para
impressionar. A grande maioria dos jovens que age assim pertence à classe média
baixa e acredita que poderá alcançar melhores posições sociais se comportando
desta maneira. Mas se a escola desenvolver meios para que o aluno reflita de
maneira crítica sobre a economia doméstica e realizar debates e projetos que levem
à formação de valores éticos e morais, pode-se melhorar as relações entre os jovens
e o consumo.
Pinheiro et al. (2006, p. 86) comenta que a teoria da racionalidade econômica
contribui para construir estratégias mais aprofundadas do que acontece na mente do
consumidor, principalmente adotando conhecimentos de psicologia que ajudem a
compreender os fatores cognitivos, motivacionais e emocionais envolvidos nos
processode escolha e decisão de compra.
No caso dos adolescentes, a influência pode vir de diferentes elementos, pois
a idade torna-se um poderoso agente de ligação, onde estes jovens passam mais
tempo com os amigos e menos com a família, porém eles não abandonam as
influências familiares, pois mesmo convivendo muito tempo com amigos, a base
segura para experimentar as suas asas ainda são os pais.
Segundo Papalia (2006, p. 148) o tempo de convivência dos jovens com a
família é reduzido drasticamente na adolescência, pois estes passam a permanecer
mais tempo sozinhos a fim de fugir das demandas dos relacionamentos sociais para
recuperar a estabilidade emocional e para refletir sobre as questões da identidade.
O tempo livre é dedicado a parceiros com os quais se identificam e sentem-se
confortáveis.
Os pais que trabalham procuram compensar os adolescentes incentivando o
consumo, pois premiar a ausência dos pais com produtos tecnológicos e roupas de
marca é um incentivo à formação de pessoas que passarão a valorizar apenas a
aparência.
Desta forma, é possível perceber as causas da influência da música, e da
mídia sobre os adolescentes, pois atualmente os jovens permanecem por longo
tempo ouvindo música, ou no computador navegando em redes sociais, ou
simplesmente diante da televisão, adotando a postura e a maneira de trajar dos seus
ídolos socialmente construídos (PAPALIA, 2006).
Uma das dificuldades que os jovens enfrentam atualmente é representada,
principalmente, pela necessidade de ser aceito socialmente, o caminho para esta
aceitação não se apresenta nele, na sua personalidade, mas nos produtos que o
representam. Para Costa (2009) os jovens são conduzidos a gir desta forma.
Na sociedade de consumidores somos constantemente ensinados, segundo os moldes da melhor pedagogia do exercício e do exemplo, a formatar nossas ações rigorosamente dentro de preceitos e táticas que fomentam a realização dos desígnios dessa sociedade. As crianças de hoje nascem dentro da cultura consumista e crescem modelando-se segundo seus padrões e suas normas (COSTA, 2009, p. 35).
Para Bock (2002) o jovem nessa fase desenvolve o interesse pela experiência
subjetiva representada pela poesia, pelos versos, narrativa ou outros elementos que
se encontram presentes na música, no teatro e até mesmo na leitura. Neste aspecto,
o adolescente adota a moda de um artista ou segue os preceitos de um ídolo porque
sonha em ser igual ao seu ideal de pessoa, o ídolo apresentado pela mídia, nada
mais é do que esse ideal escolhido e imitado. No entanto, é necessário considerar
que a criatividade subjetiva é uma continuação do jogo infantil e emocional que
ajuda o adolescente a explicar a realidade de maneira mais clara.
O autor conclui que a realidade objetiva, é que o adolescente é capaz de
expressar e representar o processo de formação de novas ideias ou novas maneiras
de entender essa realidade. Embora estejam atreladas às emoções e necessidades
individuais de cada adolescente, essas atividades criativas sintetizam ações
emocionais e intelectuais apoiadas em comportamentos e caraterísticas abstratas e
concretas do pensamento.
Tais considerações do autor, permitem compreender porque os adolescentes
são facilmente influenciados pela mídia, pela música, pelo cinema e pela arte em
geral, isto acontece porque a transitoriedade das emoções e a facilidade em
desenvolver a intelectualidade promovem a criatividade que induz à experimentação
da relação entre a realidade e a fantasia, assim a adolescência é uma fase
intermediária que carece de maturidade em relação à fase adulta, por isso necessita
de modelos.
A influência dos artistas jovens na vida dos adolescentes faz com que eles
mudem o seu visual, a sua postura, atitudes, gestos, ditando o comportamento e
suas relações com as outras pessoas. Isso vem sendo objeto de estudo de quem
produz mídia, moda, estilo , estética, pois é uma vertente de tendências que podem
mudar de maneira muito rápida, mantendo os estoques de roupas e de produtos
muito efêmeros, pois para este tipo de influência a não sazonalidade pode acontecer
em qualquer época (PAPALIA, 2006).
A adolescência é um tempo de formação em que o ser humano busca
espelhar-se nos exemplos, tornando-se facilmente influenciável pela publicidade
veiculada na mídia, neste caso esse veículo se torna instrumento que necessita ser
visto de maneira crítica pelos educadores.
Para Bock et al. (2002) o adolescente pode conceber mundos puros onde as
pessoas sejam tratadas como iguais, onde as guerras jamais poderiam surgir, onde
a tirania jamais poderia existir. Pode desprezar um mundo capaz de permitir
atrocidade como o tráfico de drogas, os roubos, a fome, a injustiça. Assim, o
adolescente começa a ter dúvidas, a desafiar, a pensar por si mesmo,
estabelecendo um ciclo de amadurecimento que se acentua até o fim da
adolescência.
Por tudo isso, a disciplina de educação física tem como um dos seus
aspectos fundamentais, promover a interação do aluno com os outros alunos e com
o mundo, cabendo-lhe desenvolver uma formação crítica e reflexiva capaz de
desenvolver valores que possam permitir aos jovens uma formação crítica acerca
deste tema.
UNIDADE DIDÁTICA
As ações a serem desenvolvidas durante a implementação na escola
compreendem uma sequência de atividades voltadas para a temática em estudo, ou
seja, abordará os assuntos relacionados ao consumo consciente e a influência da
mídia no desenvolvimento psíquico, físico e social dos adolescentes, envolvendo os
alunos e professores.
O trabalho de intervenção foi dividido em três módulos compreendendo no
Módulo I a socialização do projeto, no módulo II as atividades de construção de
conhecimento numa visão sócio crítica e no módulo III o desenvolvimento de uma
ação educativa que contribua para a conscientização social do problema estudado.
MÓDULO IObjetivo: Apresentar o projeto para a comunidade escolar envolvendo professores, gestores e alunos, na semana pedagógica da escola..
Atividade 1: Apresentação do projeto para a comunidade escolarObjetivo: Socializar o projeto de intervenção com professores e gestores.Duração: 2 horas aulaRecursos: Slides do projeto, multimídia, videodocumentário.
Desenvolvimento:
Iniciar a socialização do projeto de intervenção apresentando o documentário:
“Criança, a alma do negócio”, que apresenta como a abordagem da mídia leva as
famílias ao consumo, impondo padrões que não são condizentes com a realidade
das crianças. Essa reflexão demonstra que a escola possui um papel fundamental
na formação da sociedade, especialmente, em relação ao desenvolvimento da
criticidade em relação ao consumo. A mídia induz as crianças e adolescentes a se
comportar como personagens da ficção e, isso é danoso ao desenvolvimento
psíquico e social dos jovens.
Apresentar uma charge aos professores para que dêem sua opinião, tendo como base,o consumo em relação aos jovens.
Fonte: saude-joni.blogspot.com.Acesso em 11.11.2013
Após a reflexão
apresentar os slides
com os objetivos e
ações do projeto e abrir
espaço para perguntas.
Concluir este momento, tornando claro para os colegas professores
o objetivo desta ação na escola.
Atividade 2:Apresentação do projeto para os alunos Objetivo: Motivar os alunos a participar do projeto.Duração: 4 horas aulaRecursos: Slides do projeto, multimídia, videodocumentário.
INSTRUÇÕES
Iniciar a socialização do projeto de intervenção apresentando o documentário:
“Criança, a alma do negócio”, que apresenta como a abordagem da mídia leva as
famílias ao consumo, impondo padrões que não são condizentes com a realidade
das crianças.
Eu sou o que eu como?
Eu sou o que eu visto?
QUEM SOU EU????
PRÁTICA DE AÇÃO
Vamos ver o que já sabemos?Na frente de cada palavra escreva o que sabe sobre ela.
MODA
DINHEIRO
CORPO
BELEZA
MÍDIA
MARCA
MÓDULO IIObjetivo: Analisar a influência da mídia sobre o corpo dos adolescentes
Atividade 3: Reflexão sobre mídiaObjetivo: Ler os textos apresentados e realizar debate sobre os diferentes tipos de
mídia que permeiam o cotidiano de toda a sociedade contemporâneaDuração: 4 horas aulasRecursos: Televisão, projetor, filme, sala de vídeo, laboratório de informática.
Desenvolvimento
Iniciar a aula assistindo trechos do documentário “Criança, a alma do negócio”
comentando as cenas que estejam relacionadas com o tema da aula, pausar o filme
e comentar a cena com os alunos, permitindo a eles anotarem as palavras novas e
os assuntos importantes para eles, isso contribui para formar uma opinião coerente
do tema.
Promover o debate do filme analisando os princípios que atentam para as
relações sociais.
Qual a relação existente entre corpo, mídia, consumo, dominação ou exploração cultural? Como isso interfere na vida dos
adolescentes?
Atividade 4: As marcas e a juventudeObjetivo: Ler o poema “Eu Etiqueta” e refletir sobre as marcas e a influência na
vida dos jovens.Duração: 8 horas aulasRecursos: Texto com o poema, cartazes com logomarcas conhecidas de alimentos
e artefatos, Televisão, projetor, filme, sala de vídeo, laboratório de informática.
INSTRUÇÕESLer o texto: “Eu Etiqueta” (Carlos Drummond de Andrade)
EU ETIQUETAEm minha calça está grudado um nome Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida, Em minha camiseta, a marca de cigarro Que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos Que nunca experimentei Mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido De alguma coisa não provada Por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, Minha gravata e cinto e escova e pente, Meu copo, minha xícara, Minha toalha de banho e sabonete, Meu isso, meu aquilo. Desde a cabeça ao bico dos sapatos, São mensagens, Letras falantes, Gritos visuais, Ordens de uso, abuso, reincidências. Costume, hábito, premência, Indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, Escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É duro andar na moda, ainda que a moda Seja negar minha identidade, Trocá-la por mil, açambarcando Todas as marcas registradas, Todos os logotipos do mercado. Com que inocência demito-me de ser Eu que antes era e me sabia Tão diverso de outros, tão mim mesmo, Ser pensante sentinte e solitário Com outros seres diversos e conscientes De sua humana, invencível condição. Agora sou anúncio Ora vulgar ora bizarro. Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer principalmente.) E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago Para anunciar, para vender Em bares festas praias pérgulas piscinas, E bem à vista exibo esta etiqueta Global no corpo que desiste De ser veste e sandália de uma essência Tão viva, independente, Que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora Meu gosto e capacidade de escolher, Minhas idiossincrasias tão pessoais, Tão minhas que no rosto se espelhavam E cada gesto, cada olhar Cada vinco da roupa Sou gravado de forma universal, Saio da estamparia, não de casa, Da vitrine me tiram, recolocam, Objeto pulsante mas objeto Que se oferece como signo dos outros Objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso De ser não eu, mas artigo industrial, Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.
1. Promover a compreensão dos termos existentes no texto que não são do
conhecimento dos alunos e realizar a interpretação.
2. Identificar no texto os elementos culturais.
3. Explicar o sentido do “meu” referido pelo poeta.
4. Verificar que elementos são impostos pela mídia e pela sociedade.
5. Problematizar com os alunos o sentido de consumo com que ele conclui o texto.
6. Buscar em revistas, jornais e mídia digital as figuras das marcas com as quais os
alunos se identificam.
7. Elaborar uma lista de objetos cujas marcas indicam “status”.
8. Utilizar os recursos tecnológicos disponíveis na escola para expor a temática
consumo, utilizando a criação de um grupo temático sobre mídia e consumo no
facebook ou criar um blog.
9. Realizar uma releitura do texto de Carlos Drummond contextualizando o projeto
de pesquisa da turma, referente as Empresas Transnacionais ou multinacionais.
10.Organizar uma discussão virtual por meio das redes sociais para debater a
relação entre o corpo e a mídia.
MÓDULO IIIObjetivo: Divulgar a produção de conhecimento desenvolvida abordando
mídia e consumo.
Atividade 5: Ação e reação em relação ao consumoObjetivo: Produzir material áudio visual sobre corpo e consumo.Duração: 14 horas aulasRecursos: Televisão, projetor, filmadora, sala de vídeo, laboratório de informática.
AÇÃO 5: Realizar filmes de curta metragem caseiros em grupos abordando o tema
mídia e consumo: Cada grupo vai abordar em seu roteiro um dos seguintes temas:
Grupo 1: Mídia e vestimenta (Moda)
Grupo 2: Mídia e novas tecnologias (dinheiro e poder.)
Grupo 3: Mídia e alimentação (corpo e beleza)
Grupo 4: Lixo e consumo ((Mídia e marcas)
Cada grupo vai contar com 8 (oito) componentes, após os estudos os alunos
serão incentivados a fazer um roteiro que pode ser uma narrativa com personagens
ou ser um documentário a partir de pesquisa e informações.
É preciso realizar a orientação na montagem do roteiro, explicando que ele é
o indicador que direciona o trabalho de filmagem a ser realizado, os alunos poderão
editar o filme, colocar as fontes de informações, os nomes dos participantes,
agradecimentos de pessoas e empresas que patrocinem o trabalho.
Na conclusão do trabalho haverá uma noite cultural com apresentação dos
filmes, onde poderão participar toda a comunidade escolar.
Para realizar esta atividade o projeto conta com a parceria de um acadêmico
do Curso de Letras da UNIOESTE, vencedor do Prêmio Kikito (Prêmio do Festival
de Gramado) que realizará uma oficina de cinema na produção de curta metragem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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