os desafios da escola pÚblica paranaense na … · de compreender a composição da massa do pão,...

19
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

Upload: lykien

Post on 08-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

ESTUDO DA FERMENTAÇÃO QUÍMICA E BIOLÓGICA NO ENSINO DE

CIÊNCIAS

Professora PDE: Clarice Urgnani Dilkin1

Orientadora: Olga Maria Ritter Peres 2

Resumo: A disciplina de ciência é a produção do homem ao longo do tempo, mas atualmente os conteúdos da mesma, são, na maioria das vezes, trabalhados de forma descontextualizada, o que torna a aula de ciência desinteressante para os nossos educandos. Para tentar motivar os estudantes, trabalhou-se o tema fermentação, por meio dos três momentos pedagógicos. Mudou-se a metodologia tradicional para uma metodologia que levou em conta a participação tanto do professor quanto do aluno em sala de aula. Estes momentos pedagógicos surgem para inovar o processo de ensino e aprendizagem e que segundo Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2009), são nomeados como: problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. Hoje é de fundamental importância trazer os conhecimentos científicos de uma maneira diferente, contextualizada e questionadora do processo. Desta forma, as aulas de ciências trabalhadas a partir dos três momentos pedagógicos, abordando assuntos como a fermentação, no 8º ano, contribuíram para despertar o interesse dos alunos e melhorar a aprendizagem. Palavras-Chave: Fermentação Química. Fermentação Biológica. Momentos pedagógicos.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos de prática em sala de aula tem-se observado um

grande desinteresse dos estudantes. Assim, decidi trabalhar o tema

fermentação, por meio dos três momentos pedagógicos, mudando a

metodologia tradicional para uma metodologia que levou em conta a

participação tanto do professor quanto do estudante em sala de aula. Estes

momentos pedagógicos surgem para mudar um pouco o processo de ensino e

aprendizagem na escola.

É de fundamental importância trazer os conhecimentos científicos de

uma maneira diferente, contextualizada e questionadora do processo. A

alimentação é uma questão fundamental para o bem-estar do estudante e pode

servir de suporte para seu aprendizado. Nesse sentido resolveu-se utilizar a

cozinha como um meio para abordar a ciência e aproximar os educandos da

mesma, relacionando-a com aspectos da sua realidade.

Para que esta ação tenha resultado positivo, o estudante e o professor

devem estar em sintonia, ou seja, capazes de questionar, argumentar, propor

desafios, para que o conhecimento seja relembrado e consolidado.

1 Professora de Ciências no Colégio Estadual Marechal Gaspar Dutra, concluinte de Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE. 2 Professora Doutora em Química da Unioeste, campus de Toledo.

Page 3: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

O professor lança os problemas a serem resolvidos e os estudantes têm

o papel importante de buscar, em conjunto, as soluções gerando novas ideias

que ao serem discutidas, permitem a ampliação do conhecimento, promovendo

oportunidades de reflexão. Desta forma indo além das atividades puramente

práticas ou teóricas, estabelecendo métodos de trabalho colaborativo, com

respeito a todas as intervenções.

A ciência experimental precisa unir teoria e prática de modo que haja

uma compreensão do fenômeno estudado com base nos conceitos científicos

já fundamentados e consolidados.

Percebe-se que a nossa dificuldade enquanto professores de ciências

de escolas públicas é a mesma: fazer nossos educandos interessar-se pela

disciplina. Segundo os comentários dos professores que realizaram as

atividades do GTR3, estamos muito atrelados aos conteúdos pedagógicos e

deixamos de observar a realidade dos alunos, para que possamos junto,

trabalhar assuntos de interesse geral.

A contextualização e a relação entre a teoria e a prática devem

acontecer no ensino de ciências para resgatar o interesse do educando pela

disciplina. Por isso, buscar metodologias diferenciadas, torna-se necessário

para melhorar o processo de ensino e aprendizagem.

Os três momentos pedagógicos servem para nortear e relacionar a

teoria com a prática e ainda incluir temas que são de senso comum do

conhecimento científico, possibilitando ainda ao educando uma aprendizagem

e interesse pela busca de novos conhecimentos.

Portanto, tornam-se necessárias mudanças na metodologia, a fim de

favorecer a aprendizagem. O projeto, segundo os cursistas que realizaram o

GTR3, está bem organizado e elaborado de forma que possibilita ao aluno

relacionar o senso comum com o conhecimento científico, uma maneira de o

estudante construir o seu conhecimento.

Pensou-se que desta maneira dinâmica, atrelando teoria e

experimentação, seja possível que o educando torne-se um cidadão crítico e

reflexivo, capaz de verificar que o conhecimento científico está presente no

3 Grupo de Estudo em Rede, realizado por professores da rede publica de ensino como requisito do

Programa de Desenvolvimento da Educação - PDE.

Page 4: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

cotidiano. Por meio de atividades diferenciadas espera-se um maior interesse

pelo conhecimento e pela aprendizagem por parte do estudante.

Segundo os relatos dos participantes do GTR3, a participação dos

estudantes nesse processo é de fundamental importância. Acredita-se que a

metodologia realmente dá certo, uma vez que os estudantes são capazes de

unir teoria e prática, repassando seus conhecimentos aos demais grupos.

O material utilizado no desenvolvimento do projeto é de fácil acesso,

tornando o mesmo muito próximo da realidade da escola pública e acessível

para a realização em várias realidades escolares. Esta metodologia é

motivadora por envolver uma parte experimental, levando o educando a

aprendizagem plena.

No caso específico deste projeto, os estudantes tiveram a oportunidade

de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que

envolvem as reações de fermentação.

2. DESENVOLVIMENTO

É essencial que o trabalho esteja relacionado com a realidade dos

educandos e dos grupos de forte presença social, como pais, vizinhos, amigos,

que têm grande influência na formação de opiniões destes educandos. Em

suma, torna-se necessário adotar abordagens metodológicas que permitam ao

educando identificar problemas, levantar hipóteses, reunir dados, refletir sobre

situações, descobrir e desenvolver soluções comprometidas com o

aprendizado e, principalmente, aplicar os conhecimentos adquiridos. Neste

sentido, para que ocorresse este processo, trabalhou-se os três momentos

pedagógicos que, segundo Delizoicov, Angotti e Pernanbuco (2002), são:

problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do

conhecimento.

Na problematização foram lançadas questões que possibilitam ao

professor verificar o conhecimento que os estudantes têm sobre o assunto e

que possam ampliá-los. Na organização do conhecimento, o educando

compara seu conhecimento com o conhecimento científico, para a partir daí

melhor interpretar aqueles fenômenos e situações. Na aplicação do

conhecimento, verificou-se o que os educandos sabiam ao iniciar o processo e

Page 5: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

o que aprenderam durante ele. Desta forma foi possível demonstrar a

importância destes três momentos para a consolidação da aprendizagem.

Por meio da realização de uma experiência conjunta entre estudantes e

professor, os mesmos fizeram um bolo de caneca e um pão assado no cabo de

vassoura (stock brot). Os educandos investigaram todos os passos, funções,

objetos, ingredientes, reações e resultados estreitando os laços entre a ciência,

o cotidiano e principalmente entre os educandos.

A fim de fundamentar o projeto e também este artigo, utilizou-se a

abordagem de José André Peres Angotti e Demétrio Delizoicov (1994). Estes

pesquisadores foram escolhidos por terem uma abordagem temática muito

pertinente a este trabalho, uma vez que estes autores desenvolveram uma

linha de pensamento e estudo chamada de “Três Momentos Pedagógicos”.

Desta forma, a apropriação destes conhecimentos foi de grande valia

para nortear este artigo e anteriormente o projeto. Os três momentos consistem

em: problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do

conhecimento.

No primeiro momento, intitulado “problematização inicial”, foram

apresentadas questões e situações possíveis de serem discutidas pelos

estudantes. Neste momento, a função do professor foi fazer a ligação entre o

conhecimento científico com o conhecimento que o estudante já possuía, sobre

o conteúdo específico, no caso a fermentação química e biológica. Pelo fato de

os estudantes não possuírem conhecimento suficiente para interpretar de

forma correta o assunto, o professor, teve uma postura de questionador e

problematizador, ou seja, mais do que apenas explicar tais conteúdos.

Segundo Angotti e Delizoicov (1994), a problematização ocorre em dois

momentos: de um lado as “concepções alternativas dos estudantes”, ou seja,

aquilo que eles já conhecem, por meio de aprendizagens anteriores, que

surgem durante as discussões; e de outro lado, o problema que deve ser

resolvido. Este é o momento em que o estudante percebe a necessidade de

obter novos conhecimentos.

O segundo momento acontece com a “organização do conhecimento”, ou

seja, sob a orientação do professor; a compreensão do tema acontece por

meio das definições, conceitos e relações científicas, mostrando ao estudante a

existência de outras visões e explicações para os fenômenos e situações

Page 6: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

problematizadas inicialmente, possibilitando a eles a comparação dos novos

conhecimentos obtidos com os seus conhecimentos.

O professor contribui, orientando os estudantes a compreenderem o

tema como um todo e não como uma finalização, no momento em que surgem

as respostas às primeiras perguntas.

O terceiro momento consiste em aplicar o conhecimento, ou seja, o

conhecimento adquirido pelo estudante é sistematizado de maneira que ele

analise e interprete tanto aquelas situações iniciais que deram partida ao

estudo, quanto outras situações que estejam ou não diretamente ligadas ao

ponto de início, mas que podem utilizar os mesmos conhecimentos para

explicá-las.

Desta maneira, segundo Angotti e Delizoicov (1994), os três momentos

pedagógicos contribuem para que o conhecimento seja utilizado de forma

dinâmica e evolutiva, demonstrando aos estudantes que ele está ao alcance de

todos, sendo possível apropriar-se dele de várias formas e por diferentes

caminhos.

Neste sentido, reitera-se a importância da experimentação e prática no

ensino de ciências, uma vez que vários autores concordam sobre a importância

da união entre teoria e prática, para que o dia a dia escolar seja mais atrativo e

principalmente fonte de aprendizado.

3. ATIVIDADES REALIZADAS

As atividades referentes à execução do projeto iniciaram-se com a

apresentação do mesmo na Semana Pedagógica, no início do ano letivo, no

Colégio Estadual Marechal Gaspar Dutra, escola em que seria desenvolvido o

projeto. Nesta apresentação foi possível perceber que o projeto encontraria

apoio do grupo de professores e funcionários da escola.

O projeto foi apresentado para os pais para que eles tivessem

conhecimento sobre o que seus filhos iriam desenvolver durante esse trabalho

que foi elaborado como proposta de atividade do PDE. O trabalho foi

desenvolvido com alunos do 8º ano do ensino fundamental, perfazendo um

total de 40 alunos. Todas as atividades foram desenvolvidas, realizadas e

Page 7: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

discutidas em grupos de cinco integrantes e depois compartilhadas com o

grande grupo.

Atividade 1: A primeira atividade realizada com os estudantes teve um bom

envolvimento dos mesmos. Iniciou-se com uma visita ao laboratório de

ciências, onde realizou-se o experimento com fermento químico e fermento

biológico (Figura 1 e 2).

PROCEDIMENTO: São preparadas duas garrafas, uma para o fermento

biológico e outra para o fermento químico. Para o fermento biológico, mistura-

se na jarra a água morna ao fermento. Os alunos devem ser lembrados de que

estão trabalhando com um fermento biológico, portanto, a mistura dos

ingredientes deve ser feita com cuidado para não causar um rompimento das

células do fermento (o que resultaria em fracasso da experiência, ou no não

crescimento do pão). Depois, deve-se despejar delicadamente o conteúdo na

garrafa e adicionar açúcar. Fechar o gargalo da garrafa com o balão,

encaixando-o.

Para o experimento químico, prepara-se uma trouxinha colocando

fermento químico em um pedaço de papel filtro e dobrando-o de maneira que

possa ser manipulado sem que o fermento escape e possa ser introduzido pelo

gargalo da garrafa no momento indicado. Feito isso, coloca-se na garrafa o

vinagre e a mesma medida de água fervente totalizando 2/3 da garrafa. Neste

momento é preciso agilidade: joga-se a “trouxinha” de papel com fermento na

garrafa e rapidamente tampa-se com o balão (o qual deve ser testado antes,

pois se ele estiver furado o experimento estará perdido).

Solicita-se aos estudantes que comparem com a primeira garrafa

preparada. O professor comentará, em grupo, o que ocorreu, registrando, para

depois compartilhar com toda a turma/sala.

Após o experimento os estudantes foram para sala, onde tiveram que

responder questões problematizadoras, em grupo de cinco integrantes.

QUESTÕES PROBLEMATIZADORAS:

O que as duas experiências têm em comum?

Qual a diferença entre os dois tipos de fermentos utilizados no

experimento?

Page 8: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

O que você sabe sobre fermento químico e fermento biológico?

Por que se utiliza fermento no preparo das massas?

O que vocês observaram com esse experimento?

Qual dos dois fermentos é utilizado na fabricação do bolo? E do pão?

Que substância é produzida no processo de fermentação?

Qual a composição do fermento biológico? E a do fermento químico?

Quando terminaram de responder as questões, compartilharam suas

respostas com o grande grupo. O papel do professor foi de fornecer as

informações necessárias para que ocorresse o confronto entre o conhecimento

que os estudantes possuem e o conhecimento científico.

Figura1: reação do fermento químico e biológico. Figura 2: reação do fermento químico e biológico.

Atividade 2: Na segunda atividade os estudantes fizeram um bolo de caneca

sem uma receita específica e correta e em grupo definiram as proporções,

com o auxílio do professor.

QUESTÕES PROBLEMATIZADORAS:

O que faz o bolo crescer?

Por que, com o aquecimento, a massa se transforma em bolo?

O bolo despois de assado altera sua cor e seu cheiro? Por quê?

Por que precisamos de medida para fazer um bolo?

Tem química no bolo?

Page 9: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

Quais ingredientes utilizam-se para fazer um bolo básico?

Por que logo que fazemos o bolo colocamos para assar? E o pão tem

que esperar?

Foram fornecidas às equipes os ingredientes para realizar o bolo tais

como: farinha, açúcar, ovo, fermento químico, leite, óleo, chocolate em pó,

medidores (colher, balança, copo graduado) e uma caneca de 300 mL possível

de ser colocada em forno de micro-ondas. (Figura 3)

Após a realização do bolo os estudantes discutiram as questões

problematizadoras e logo em seguida compartilharam suas respostas com o

grande grupo. Estas primeiras atividades foram realizadas com base no

primeiro Momento Pedagógico apresentado por Angotti e Delizoicov (1994),

quando inicia-se a construção do conhecimento fazendo a problematização

inicial, construindo através dos conhecimentos dos próprios alunos, uma

introdução sobre o assunto a ser trabalhado.

Figura 3: bolo feito com receita definida pelos Figura 4: bolo feito com receita correta.

Alunos.

Atividade 3: Na terceira atividade os estudantes realizaram um outro bolo,

porém agora com uma receita pesquisada por eles (Figura 4), com proporções

corretas. Depois da realização do bolo, novamente os estudantes se reuniram

em grupos para comparar o que ocorreu com os dois bolos construídos (um

com as proporções definidas pelo grupo e outro bolo com uma receita nas

Page 10: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

proporções corretas). Após, houve o compartilhamento de suas receitas com o

grande grupo da sala e também a conclusão a qual cada grupo chegou.

Atividade 4: Para o desenvolvimento da quarta atividade os estudantes

trouxeram rótulos de fermento químico para que em grupo de cinco integrantes

(Figura 5), observassem os tipos de fermento e a composição de cada, para

posterior discussão em grande grupo.

Figura 5: discussão em grupo. Figura 6: ação do fermento biológico

Atividade 5: A quinta atividade tinha como objetivo investigar a ação do

fermento biológico em laboratório; os estudantes montaram 5 frascos com a

seguinte composição: 1. Fermento biológico e açúcar; 2. Fermento biológico,

farinha e óleo; 3. Fermento biológico, água morna e açúcar; 4. Fermento

biológico e água morna; 5. Fermento biológico, água morna e farinha, conforme

figura 6.

Em grupo observaram o que ocorreu com os frascos em um tempo de

15 minutos depois em 30 minutos. Os alunos fizeram um cartaz com a opinião

do grupo em relação ao experimento e suas conclusões aos demais

integrantes da sala de aula.

Atividade 6: Na sexta atividade eles assistiram ao filme da Kika “De onde vem

o pão? (disponível em<http://portaldoprofessor.mec.gov.br

/storage/recursos/811 /domínio-efsi-cie-0042.wmv> Acesso em 16 de Setembro

de 2013.) Depois de assistirem ao filme cada um escreveu um texto sobre as

Page 11: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

etapas da produção do pão e após apresentaram suas conclusões em forma

de cartazes, para o grande grupo.(Figura 7 e 8)

Figura 7:Kika, de onde vem? História do Pão Figura 8: Apresentação das conclusões.

Estas atividades estão baseadas no Segundo Momento Pedagógico,

pois por meio da intervenção do professor torna-se possível organizar o

conhecimento trazido pelos educandos, por meio de sua vivência com o

conhecimento científico, construindo uma relação entre teoria e prática,

aproximando os educandos do conhecimento cientifico e prático no seu

cotidiano.

Atividade 7: A sétima atividade foi a realização do "stock brot"(pão em um

cabo de vassoura hábito comum na região de Nova Santa Rosa, PR). A turma

ficou muito empolgada, os estudantes trouxeram receitas de “pão caseiro” para

que com elas fizessem a massa. Posteriormente, foi feita a confraternização,

unindo a teoria cientifica e a prática como forma de fortalecer a relação dos

educandos com a escola e principalmente com o conhecimento. (Figuras 9 e

10)

Page 12: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

Figura 9: Assando os pães. Figura 10: Degustação do “stock brot”

Antes de iniciar a fabricação do pão, a massa foi dividida em bolinhas,

sendo que cada grupo recebeu três massas. O objetivo era entender como a

temperatura interfere no desenvolvimento dos lêvedos, para isso os estudantes

deveriam seguir o seguinte procedimento:

Copo 1: água quente e bolinha de massa de pão.

Copo 2: água morna e bolinha de massa de pão.

Copo 3: água bem gelada e bolinha de massa de pão.

Cada grupo deveria acompanhar o que iria ocorrer durante 2 h, e a cada

15 minutos os mesmos deveriam registrar o que estavam observando com

cada uma das bolinhas de massa de pão. (Figura 11). Ao final foi discutido com

o grande grupo como a temperatura interfere no processo de fabricação do

pão.

Figura 11: Interferência da temperatura na massa de pão.

Page 13: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

Atividade 8: Na oitava atividade os estudantes fizeram um estudo sobre os

rótulos do fermento biológico fresco e seco. Da mesma maneira que foi

realizada a atividade 4 (fermento químico), analisando os rótulos e

apresentando ao grande grupo as conclusões encontradas.

Atividade 9: Nesta ação foi revisado o conhecimento utilizando-se os slides

“O milagre das massas” e após realizou-se uma avaliação escrita, na qual os

educando obtiveram bons resultados.

Ao final das atividades teóricas e práticas pode-se perceber que os

educandos foram aplicando simultaneamente o conhecimento construído

durante as aulas. Ao fazerem o bolo de caneca dentro das proporções e o

"stock brot", puderam colocar em prática seu conhecimento, finalizando com o

Terceiro Momento Pedagógico, que é a aplicação do conhecimento, unindo a

ciência e o cotidiano, a teoria e a prática.

Ao final de todo o questionamento os estudantes conseguiram então

responder a questão principal que era: “Por que deixamos a massa do pão

descansar antes de pôr no forno e a massa do bolo não?” Por meio da análise

das respostas dos estudantes na avaliação final, verificou-se que a maioria

conseguiu compreender a necessidade de descanso da massa em que se usa

o fermento biológico, para que os lêvedos se alimentem e formem gás

carbônico, fazendo com que a massa cresça. Quanto se trata de fermento

químico não há necessidade de descanso da massa, pois a formação de gás

carbônico é instantânea por sua composição química. A seguir, destacamos

algumas conclusões dos estudantes ao final do projeto:

Aluno 1:“Porque a massa do pão tem as leveduras e temos que esperar as

mesmas se alimentar do açúcar e farinha de trigo para produzir o gás

carbônico que fará a massa crescer, por isso deixa a massa do pão descansar.

Já a massa do bolo o bicarbonato reage rápido e precisa logo calor para o

crescimento, sendo assim levamos logo a massa do bolo ao forno se não perde

o efeito e não crescerá.”

Page 14: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

Aluno 2:“Porque o pão tem que esperar as leveduras fazerem o processo, se

colocar logo ao forno elas morrem não crescendo a massa e do bolo se deixar

tempo sem por no forno o fermento perde o efeito e não crescerá o bolo.”

Aluno 3:“Porque a massa do pão é composta por bio-vida (leveduras) que

demora em produzir o gás carbônico depois de preparado com açúcar ,sal e

trigo, daí ele vai fazer a massa crescer .A do fermento químico é composto pro

elementos químicos que só liberam o gás depois do forneamento.”

Aluno4:“Pão: porque os levedos têm que se alimentar para liberar o gás

carbônico por isso precisa deixar a massa descansar. Bolo: porque o fermento

químico cresce durante o forneamento.”

Para finalizar o desenvolvimento do projeto, os estudantes fizeram a

explanação de todas as atividades desenvolvidas no processo aos pais,

direção, equipe pedagógica e professores. Em seguida, houve uma

confraternização e todos puderam experimentar o bolo de caneca preparado

pelos estudantes anteriormente e o “stock brot” que foi assado pelos

participantes, pois a massa já estava pronta. Optou-se por colocar os produtos

utilizados no desenvolvimento do projeto apenas para degustação, pois não

havia tempo hábil para realizarmos toda a preparação. (Figura 12 e 13)

Figura 12: Apresentação do projeto para os pais Figura 13: Confraternização com os pais e funcionários do colégio.

Page 15: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

Ao finalizar as apresentações e confraternizações os alunos construíram

cartazes com suas opiniões sobre a realização do projeto. Alguns relatos dos

estudantes podem ser observados na figura 14.

Page 16: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

Figura 14: Relatos dos estudantes.

4. CONSIDERAÇÃOS FINAIS

Com tantas mudanças ocorridas nos últimos anos, é necessário mudar a

maneira de trabalhar com os adolescentes, adotando metodologias que

busquem estimular sua criatividade e interesse em pesquisar assuntos

envolvendo sua realidade e cotidiano.

Page 17: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

A educação tem a função de formar cidadãos críticos, capazes de refletir,

ouvir e viver as situações diárias buscando soluções para resolvê-las e adaptá-

las às suas necessidades.

A maneira como foi trabalhado o conteúdo de fermentação possibilitou a

aprendizagem de maneira prática e facilitada. As atividades em grupo

possibilitaram a discussão, a ampliação dos conhecimentos dos alunos e ainda

a socialização de vários conhecimentos adquiridos ao longo do processo.

Por meio da realização do projeto “O estudo da fermentação química e

biológica no ensino de ciências”, e dos relatos dos alunos percebeu-se a

importância de adotar metodologias inovadoras na prática pedagógica

cotidiana, para atrair a atenção dos alunos e fortalecer seus laços com o

conhecimento.

Muitas críticas são feitas aos métodos inovadores, as tentativas de

modificar o ensino, mas, quando são colocadas em prática novas alternativas

percebe-se claramente a mudança no interesse dos alunos, que se tornam

formadores e construtores diretos do conhecimento. Assim, conseguir-se-á

melhorar o ensino e consolidar a aprendizagem dos conteúdos científicos.

Por meio da implementação do projeto, percebeu-se que os alunos

conseguiram assimilar e relacionar os conhecimentos científicos com a prática,

fazendo com que o projeto tivesse êxito, alcançando seu objetivo.

A inserção de atividades experimentais na prática docente apresenta-se

como uma importante ferramenta de ensino aprendizagem, quando mediada

pelo professor de forma a desenvolver o interesse nos estudantes e criar

situações de investigação para a formação de conceitos.

Tais atividades não têm como único espaço possível o laboratório

escolar, visto que podem ser realizadas em outros espaços pedagógicos, como

a sala de aula, e utilizar materiais alternativos aos convencionais.

Entretanto, é importante que essas práticas proporcionem discussões,

interpretações e se coadunem com os conteúdos trabalhados em sala. “Não

devem, portanto, ser apenas momento de comprovação de leis e teorias ou

meras ilustrações das aulas teóricas”. (PARANÁ, 2008 p.76)

A ação de problematizar é mais do que a mera motivação para se iniciar um novo conteúdo. Essa ação possibilita a aproximação entre o conteúdo alternativo dos estudantes e o conhecimento científico escolar que se pretende

Page 18: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

ensinar. A abordagem problematizadora pode ser efetuada, evidenciando-se duas dimensões: na primeira, o professor leva em conta o conhecimento de situações significativas apresentadas pelos estudantes, problematizando-as; na segunda, o professor problematiza de forma que o estudante sinta a necessidade do conhecimento científico escolar para resolver os problemas apresentados. (PARANÁ, 2008 p.74).

Esta metodologia, segundo as diretrizes no ensino de ciências,

realmente obtém resultados satisfatórios e pode ser utilizada em outros

conteúdos para fazer com que os educandos tenham interesse em buscar

conhecimentos por meio do senso comum que já possuem, para perceber que

por meio desse podem desenvolver o conhecimento científico. Assim como o

mundo moderno está mudando aceleradamente, a educação também precisa

mudar a maneira de trabalhar com o adolescente para obter melhores

resultados. Para isso, é preciso atualização constante e busca de alternativas

que possa tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. H. de P., et al. Ciência e vida. Belo Horizonte: Dimensão, 2006. BORGES, T. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis. V. 19, n. 3, p. 291-313, 2002. DELIZOICOV, D. ANGOTTI, J. A. PERNANBUCO, M. M. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. DELIZOICOV, D. ANGOTTI, J. A. Metodologia do ensino de ciências. São Paulo: Cortez, 1994. FISHER, L. A ciência no cotidiano: como aproveitar a ciência nas atividades do dia a dia. Trad.: Helena Londres. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino das ciências. Revista química nova na escola. Experimentação e Ensino de Ciências. N. 10, Nov. 1999.

Page 19: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · de compreender a composição da massa do pão, do bolo e os processos que envolvem as reações de fermentação. 2. DESENVOLVIMENTO

MUNCHEN, C. DELIZOICOV, D. Os três momentos pedagógicos na edição de livros para professores. Ensino de Ciências e Tecnologia em Revista. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Santo Ângelo: FuRI. v. 1, n. 1. P.84-97. Jan./Jun. de 2011. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná – Ciências. Curitiba: SEED, 2008. “O milagre das massas” vídeo disponível em<portaldoprofessor.mec.gov.br/showResource.action>Acesso em 16 Setembro de 2013. “De onde vem o pão”? Vídeo disponível em<http://portaldoprofessor.mec.gov.br /storage/recursos/811 /domínio-efsi-cie-0042.wmv> Acesso em 16 de Setembro de 2013.