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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
COPA DA FIFA DE 2014 – QUAL É O PROVÁVEL LEGADO E IMPACTO SOCIAL PARA OS BRASILEIROS: UM ESTUDO TEÓRICO COM OS ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO DO COLÉGIO ESTADUAL ARNALDO BUSATO, CORONEL
VIVIDA, PARANÁ
Autor: Eliete Morona Marcolina1
Orientador: Juliano de Souza2
Resumo
Este artigo é um recorte de resultado das atividades desenvolvidas no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), aplicação de Projeto de Intervenção Pedagógica com a temática Copa de 2014. A proposta questionou sobre a Copa de 2014, qual é o provável legado e impacto social para os brasileiros. O objetivo consistiu na abordagem à realização da Copa do Mundo da FIFA de 2014 no Brasil, estimulando discussões e pesquisas com alunos do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Arnaldo Busato – EFMPN, de Coronel Vivida – Paraná. Como procedimentos metodológicos definiram-se a pesquisa qualitativa e a pesquisa-ação com aplicação de nove atividades teóricas e práticas em 32 horas-aulas no período de fevereiro a julho de 2014. Durante o Projeto a avaliação desenvolveu-se de maneira formativa, contínua e dialógica. Os resultados obtidos com a aplicação do Projeto confirmam a obtenção do conhecimento sobre fatos atuais, aprendizado da pesquisa e, especialmente, da transição de um aluno com pouco conhecimento sobre os eventos da Copa 2014 para um aluno que sabe se posicionar frente aos assuntos que nortearam este Projeto, construindo a sua própria visão sobre o legado deixado por este evento em nosso país.
Palavras-chave: Educação Física, megaeventos esportivos, copa 2014, impacto social, mobilidade urbana, gastos com a copa, legado do futebol.
1 Introdução
Como resultado das atividades desenvolvidas no Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), este artigo expõe aspectos teóricos em torno
da temática Copa de 2014.
O Projeto de Intervenção Pedagógica questionou, sobre a Copa da FIFA de
2014: qual é o provável legado e impacto social para os brasileiros? A busca de uma
resposta envidou na realização de um estudo teórico com os alunos do 3º Ano do
Ensino Médio do Colégio Estadual Arnaldo Busato – EFMPN, de Coronel Vivida –
Paraná.
1 Eliete Morona Marcolina, Professora QPM – SEED/PR. Licenciatura em Educação Física pela
Universidade Estadual de Ponta Grossa. Pós-Graduanda em Técnico em Desporto pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. 2 Juliano de Souza, professor Orientador PDE/2013. UNICENTRO.
O objetivo principal consistiu na abordagem à realização da Copa do Mundo
de 2014 no Brasil, estimulando discussões e pesquisas a respeito da temática com
alunos do Ensino Médio.
De acordo com o Projeto Político Pedagógico (PPP), do Colégio Estadual
Arnaldo Busato EFMNP (CEAB) elaborado pelos próprios professores onde sua
filosofia consiste em:
[...] proporcionar a socialização dos saberes produzidos pela humanidade a todos os educandos, entendendo a apropriação crítica e histórica do conhecimento enquanto instrumento de compreensão da realidade social e atuação crítica e democrática para a transformação desta realidade, valorizando a escola como espaço social responsável pela apropriação desse saber universal (PPP, 2011, p.18).
Desta maneira, percebeu-se a importância de incentivar os alunos para o
exercício da cidadania, acompanhando as ações sociais, obras de infraestrutura,
mobilidade urbana e investimentos públicos para a realização da Copa do Mundo de
2014 no Brasil, haja vista que muitas obras de infraestrutura excederam seus
orçamentos, desviando o herário dos cofres públicos.
Enfim, as pesquisas e notícias dos meios de comunicação e redes sociais,
indicavam a necessidade de debater este assunto na escola, visto que nos próximos
anos o Brasil torna-se a vitrine mundial e a falta de fiscalização em obras de
infraestrutura, a falta de planejamento de gastos e aplicação de recursos, poderão
trazer à tona a dimensão do futebol como “ópio do povo”.3
Para esta abordagem observou-se dossiês, relatos e notícias pertinentes
aos gastos com a realização do evento. A hipótese provável era de que os alunos do
ensino médio não possuíam conhecimento de fatos que afloram os problemas
existentes em nossa sociedade, principalmente os dados econômicos em relação à
Copa. Em sua maioria, não possuem visão crítica acerca dos investimentos
realizados no país em função dos grandes eventos.
Observando experiências de outros países que já foram sede de grandes
eventos, é possível perceber que o mau planejamento de gastos pode levar o país
3 A religião é o ópio do povo é uma citação da Crítica da Filosofia do Direito de Hegel de Karl Marx,
obra publicada em 1844. Naquela época, o ópio era um dos poucos remédios existentes, causava analgesia e letargia cerebral, por isso a comparação com a religião. No Brasil, na década de 70 enquanto a seleção conquistava o Tri Campeonato, esta expressão foi usada pelos militantes intelectuais de esquerda que passaram a parafrasear Marx, mas fazendo uma analogia ao futebol que escondia os feitos da ditadura militar, sendo entendido como um ópio para o povo.
ao fracasso e a recessão. A título de informação, o que aconteceu na Grécia no
período pós Jogos Olímpicos serve de alerta.
O relato do ex-presidente da Federação Universitária Paulista de Esportes
(FUPE) Cláudio Henrique D‟Amore, de que muitos especialistas em economia
apontam as olimpíadas de 2004 como pivô da atual crise econômica naquele país:
A situação gravíssima de sua economia, que está longe de ser uma das maiores da Europa, tem como uma das causas o excesso de gastos realizados na realização da Olimpíada de 2004, investindo em estádios e praças esportivas que pouco são utilizadas atualmente. Que tal difícil realidade grega nos sirva de exemplo agora que seremos sede dos maiores eventos esportivos mundiais e embora muitos nos considerem como pouco atingidos pela crise, despenderemos muito dinheiro em instalações que também serão, provavelmente, pouco utilizadas após a Copa, pois continuamos ainda com os mesmos esportes, de sempre, que são fonte de medalhas olímpicas e não existe prenúncio de mudanças neste cenário. Planejamento e organização são necessários para que não repitamos, pois, o exemplo grego daqui uns dez anos (D‟AMORE, 2010, p.1).
No entanto, não devemos entender a realização destes megaeventos numa
perspectiva apenas negativa para o país, pois, levando em conta a geração de
milhares de empregos, mesmo que temporários, para que tudo isso se
desenvolvesse e, o mais importante: o gosto pelo esporte, que certamente é
despertado em milhares de jovens e crianças.
Espera-se que o Brasil absorva os bons exemplos dos países que já
sediaram grandes eventos, para não cometer os mesmos erros, suprimindo da
população seus direitos básicos em função da realização da Copa. Tem-se notícia
de que na África do Sul houve um “favelamento” no período pós Copa, já na Ásia, as
estruturas foram transformadas em escolas sociais.
A prática pedagógica, através da proposta de intervenção objetivou fornecer
alguns instrumentos teóricos e práticos que favorecessem aos alunos a formação de
uma visão mais crítica em relação aos megaeventos que acontecem nos próximos
anos no Brasil, os quais poderão trazer consequências positivas ou negativas a
várias gerações. Tudo vai depender de como estes recursos estão sendo geridos e
aplicados, sendo assim é importante que os estudantes tornem-se formadores de
opinião e atuem na sociedade como agentes transformadores.
Neste particular, indagou-se: a discussão deste assunto em sala de aula
transformaria a opinião dos alunos acerca do legado da Copa do Mundo de 2014 no
Brasil?
Além disso, levando em consideração a realização da Copa do Mundo de
2014, buscou-se elucidar informações que passam despercebidas no âmbito da
sociedade.
É importante conhecer os propósitos da realização de um megaevento no
país, observando aspectos relevantes da aplicação do dinheiro público em obras de
infraestrutura públicas e privadas para a realização da Copa no Brasil.
Em consequência disso, os educandos puderam entender a importância do
exercício da cidadania a partir do reflexo da Copa do Mundo, o que os possibilitou
refletir sobre os gastos e investimentos públicos envolvendo as obras de
infraestrutura que foram construídas em detrimento a outras prioridades sociais
existentes no país.
2 O Projeto
A implementação deste Projeto de Intervenção Pedagógica foi aplicado no
Colégio Estadual Arnaldo Busato - EFMNP com alunos do 3º ano do Ensino Médio,
do Município de Coronel Vivida – PR, durante o 1º Semestre do ano letivo de 2014,
coincidindo com os meses que antecedem a realização da Copa de 2014 no país,
julgando-se um bom momento para análises e debates, fundamentais à formação de
consciência crítica-social dos nossos jovens estudantes.
Para o desenvolvimento deste Projeto foi utilizado como metodologia a
abordagem qualitativa e de pesquisa-ação, iniciando em fevereiro juntamente com o
início do ano letivo e finalizando em julho, com no mínimo de 32 horas-aulas.
Através da pesquisa-ação pôde-se perceber que um trabalho
contextualizado aproxima os educandos, une as disciplinas, propicia uma
aprendizagem significativa, integra os conteúdos à vida cotidiana, socializa o
conhecimento entre os educandos e a comunidade na qual estão inseridos
(PARANÁ, 2008).
Ao trabalhar os conteúdos de forma contextualizada o professor está criando
possibilidades de articular as disciplinas, de se comunicar com os colegas de
diferentes áreas gerando a interdisciplinaridade, de transcender os muros da escola,
para que o educando possa agir no ambiente em que vive e não apenas adquirir
informações, mas apropriando-se delas e tornando-se um cidadão mais politizado,
capaz de opinar e gerar transformações sociais.
Estamos em busca de uma educação transformadora, capaz de promover
transformação social, crítica e reflexiva no dia a dia dos educandos, pois esta
educação que tanto falamos vem sendo mascarada desde a pré-escola à
especialização.
É preciso superar as falhas de todo um processo histórico, envolvendo a
educação básica até a superior. Hoje em dia, observam-se muitos alunos sem visão
crítica dos fatos sociais e estes se encaminham para o grupo dos indivíduos
despolitizados, enquanto isso, vivemos uma educação em crise.
Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais (PARANÁ, 2008, p. 14):
Os conteúdos disciplinares devem ser tratados, na escola, de modo contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares e colocando sob suspeita tanto a rigidez com que tradicionalmente se apresentam quanto o estatuto de verdade atemporal dado a eles. Desta perspectiva, propõe-se que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas e econômicas presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos contextos em que elas se constituem (Grifo meu).
Neste sentido, entende-se que o advento da realização da Copa do Mundo
no Brasil deve ser amplamente debatido com os alunos em todos os seus aspectos,
principalmente no social e econômico, pois a partir destes grandes eventos, pode-se
ter uma nova realidade social no país.
O que acontecerá no Brasil com os estádios considerados elefantes
brancos, construídos em áreas remotas e sem tradição em futebol? Para onde irão
os desabrigados destituídos de seus lares por causa das obras construídas no
entorno dos estádios? O Dossiê proposto pelo Comitê Popular da Copa relata que
há muitos desabrigados em função das obras para a Copa em todo o país (DOSSIÊ
MEGAEVENTOS E DIREITOS HUMANOS NO RIO DE JANEIRO, 2013).
Com estes pressupostos, este Projeto foi desenvolvido com a pesquisa e
leitura de textos informativos sobre o impacto econômico que a realização deste
megaevento trará ao país. Foram abordados os pontos positivos e negativos, bem
como os riscos.
A avaliação é intrínseca e pertinente ao processo educativo e desenvolveu-
se de maneira formativa, contínua e dialógica, verificada durante todo o transcorrer
do Projeto sendo esta coerente com os objetivos propostos, e analisados durante
todo o processo de ensino-aprendizagem com as atividades que foram
desenvolvidas com os alunos.
3 Aplicação prática da proposta
A intervenção foi aplicada conforme sequência descrita no cronograma da
Unidade Didática do Projeto, concluída dentro do prazo previsto e sem incidências.
Para o desenvolvimento do Projeto foi utilizado como metodologia a
abordagem qualitativa e de pesquisa-ação, iniciando em fevereiro juntamente com o
início do ano letivo e finalizando em julho, com 32 horas-aulas.
A avaliação é fundamental no processo educativo/formativo e desenvolveu-
se de maneira contínua, verificada durante todo o transcorrer do projeto, sendo esta
coesa com os objetivos propostos e analisados durante todo o processo de ensino-
aprendizagem.
Com este trabalho buscava-se que os alunos pudessem compreender a
importância para um país sediar megaeventos, analisando a relevância do esporte
no contexto social e econômico como identidade cultural e, ao mesmo tempo,
entendendo as implicações e riscos, os legados e os impactos sociais, gerado por
sua realização.
3.1 Descrição e reflexão das atividades desenvolvidas
Os professores da rede estadual de educação do Paraná tiveram acesso a
este Projeto de Intervenção Pedagógica através dos Grupos de Trabalho em Rede
(GTR), para apreciação e possíveis sugestões, que aqui ora se tem os resultados da
Intervenção Pedagógica no Colégio selecionado.
O Projeto aplicado abordou temas de extrema relevância na
contemporaneidade, sendo que sua importância foi fundamentada no incentivo aos
alunos para o exercício da cidadania, acompanhando as ações sociais, obras de
infraestrutura, mobilidade urbana e investimentos públicos para a realização da
Copa do Mundo da FIFA em 2014 no Brasil.
Segundo Daolio (2006), o futebol atinge direta ou indiretamente toda a
população brasileira, tendo uma inegável influência cultural, seja na música ou no
lazer, enfim, no modo em que a maioria da população brasileira vive. A multidão
dirige-se ao estádio para ver seu time jogar e em épocas de Copa do Mundo, cada
brasileiro faz sua lista de escalação, vive-se este momento, afinal é o único país
pentacampeão do mundo e possui uma grande identidade cultural com o futebol.
Agora a população, enaltecida pela realização da copa em seu país,
relembra o feito da Copa de 50 (Fig.1), onde o país foi sede do Mundial e também
pode repetir o feito da Copa de 70 (Fig.2), onde, em plena era militar o futebol foi
considerado o “ópio do povo”, conforme já referido.
Figura 1: Final da Copa de 1950 Fonte: http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/
Abrindo as atividades do
Projeto, foi realizada a exibição do filme Pra Frente Brasil, no Centro Cultural
Benedito Rakowiski, onde os alunos assistiram em telão. Por este filme estar
inserido praticamente no início do projeto foi motivador e despertou interesse pelo
assunto, uma vez que pouco sabiam sobre a ditadura militar. O filme é
recomendável, principalmente para os que não viveram o período militar brasileiro.
Através do filme foi possível entender como foi o auge da repressão a opositores
durante a ditadura militar brasileira.
A maior decepção da história do futebol brasileiro: Final da Copa de 1950 –
Brasil (1) X Uruguai (2). Impulsionado pela política de Getúlio
Vargas, o Brasil em 1950 estava preparado para sediar o mundial da
FIFA. Os estádios já estavam prontos e seria a primeira competição após a
segunda guerra mundial. O país provou ser apto a tal feito,
organizando de forma impecável a Copa e ao mesmo tempo com uma excelente
campanha da sua seleção. Mas a grande decepção estava por vir: o Brasil
perdeu a final para o Uruguai. Fonte: GILARDI, Juan José Torres.1950: o olhar da imprensa. Disponível em: <http://www.contemporanea.
uerj.br/pdf/ed_10/contemporanea_n10_juan_gilardi.pdf>
Acesso em: 14/11/2013.
Os Indicadores econômicos eram favoráveis, período conhecido como
"milagre econômico", onde maquiavam o aumento da concentração de renda e
da pobreza sendo instaurado no país um sentimento ufanista4, que atingiu seu auge
com a conquista do terceiro título da Copa do Mundo de Futebol pela Seleção
Brasileira no México. O título do filme é uma referência à canção de mesmo nome,
escolhida pelo regime para representar o país no Mundial de 1970.
Naquele mesmo ano, o Brasil inteiro torceu e vibrou com a seleção de
futebol no México, enquanto os prisioneiros políticos eram torturados, na maioria das
vezes, nos porões da ditadura militar ou em locais abandonados e inocentes foram
vítimas desta violência.
No filme, todos estes fatos são vistos pela ótica de uma família quando um
dos seus membros, um pacato trabalhador da classe média, é confundido com um
ativista político e "desaparece”.
Inicialmente o filme, lançado em 1982, sob a direção de Roberto Farias, foi
censurado e tornou-se conhecido somente quando acabou a era militar e a censura
foi extinta.
Como conclusão desta atividade, os alunos fizeram um relatório sobre o que
observaram em relação ao regime militar da década de 70 e a conquista do
tricampeonato da Copa do Mundo. Em sala de aula, os alunos foram incentivados a
posicionarem-se contra ou a favor da realização da Copa do Mundo de 2014 no
Brasil.
Por observação direta, foi possível perceber que os alunos, ainda um pouco
alheios ao assunto estavam divididos em suas opiniões, mas prevalecia uma
diferença a maior para quem estava contra, devido aos gastos e obras
superfaturadas em detrimento à falta de recursos investidos em saúde e educação
neste momento no Brasil.
Como segunda atividade apresentada, foram realizadas leituras e
discussões sobre As Obras de Infraestrutura e Mobilidade Urbana. Com relação a
este tema foi percebido que, aos poucos, os alunos tomavam conhecimento dos
fatos envolvendo a realização deste megaevento no país.
4 O ufanismo é uma expressão utilizada no Brasil em alusão a uma obra escrita pelo conde Afonso
Celso cujo título é Porque me Ufano do Meu País. O adjetivo ufano provém da língua espanhola e significa a vanglória de um grupo arrogando a si méritos extraordinários. Foi no período da ditadura militar que surgiram frases como: “Ninguém segura este país” e "Brasil, ame-o ou deixe-o", e as músicas com refrão "Eu te amo, meu Brasil, eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil".
Na preparação da Copa do Mundo de 2014, uma série de obras de
infraestrutura, reformas e construção de estádios estavam sendo realizadas. Em
meados de 2009, as 12 cidades-sede da Copa, que abrigariam jogos da competição,
foram escolhidas: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto
Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM),
Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA). Além das 12 cidades escolhidas,
participaram da disputa Rio Branco (AC), Belém (PA), Maceió (AL), Goiânia (GO),
Florianópolis (SC) e Campo Grande (MS). (PRONI; SILVA, 2012).
Ainda em janeiro de 2009, em matéria publicada na Revista Veja, a
exigência para a realização da Copa era de 8 a 10 estádios, objetivando economia,
mas a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) alegava que o país possui
dimensões continentais, justificando a preferência por um número maior de sedes,
gerando, em consequência, maiores gastos ao país (PRONI; SILVA, 2012).
Esperava-se que o Brasil ganhasse ampla visibilidade mundial com a
promoção dos megaeventos esportivos agendados; no entanto, os benefícios
econômicos que tais eventos trarão para o país são difíceis de estimar, pois
envolvem obras de mobilidade e infraestrutura urbana, reformas/construções de
estádios, fluxos turísticos e investimentos privados além, da divulgação internacional
do país, com a intenção de divulgar o evento.
Algumas dessas obras são mostradas neste artigo (Fig. 2; Fig.3).
Figura 2: Estádio Arena Fonte Nova - Salvador - BA – (em reformas – Jan 2013) – Fonte: A Autora
Figura 3: Arena das Dunas – Natal – RN (ainda em construção com atraso nas obras – ago/2013) Fonte: A autora
Os organizadores geralmente alegam que eventos como a Copa do Mundo
geram estímulos para os negócios domésticos, principalmente nos setores de
restaurantes, hotéis, infraestrutura e outros e, portanto, benefícios econômicos
maiores que os custos (NOLL; ZIMBALIST, 1997apud DOMINGUES, BETARELLI
JUNIOR; MAGALHÃES, 2010).
Outro estádio construído para a Copa de 2014 foi em Fortaleza (Fig.4).
Figura 4: Estádio Governador Plácido Castelo - (Castelão) - Fortaleza - CE Foto: A Autora
Muitos políticos otimistas defendem que os benefícios de sediar
megaeventos esportivos, como a Copa, são maiores do que os esforços e os custos
a eles relacionados. Estes benefícios estão associados principalmente aos impactos
econômicos e aos legados promovidos por estes eventos. No entanto, os
economistas apontam que os benefícios e os ônus não serão distribuídos de forma
equitativa entre os segmentos econômicos e entre as cidades participantes.
A realidade por sua vez é bem contrária a esta afirmação, está se pagando
este legado a um custo muito mais alto do que o orçamento inicial. Por outro
lado, é necessário também observar as contradições existentes no país sede da
Copa.
Segundo a relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil,
Raquel Rolnik, os eventos esportivos a serem realizados aqui, entre outras
consequências, são uma ameaça à moradia:
Eu reconheço que os megaeventos esportivos podem ser uma oportunidade para melhorar o acesso à moradia adequada, por exemplo, através da melhoria de sistemas de transporte e melhorias ambientais nas cidades-sede. No entanto, a experiência passada mostrou que esses eventos resultam muitas vezes em remoções forçadas, despejos, operações de „limpeza‟ contra a população sem-teto e um aumento geral dos preços da habitação (NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL, 2013, p.1).
Sob a mesma visão da autora acima, a pesquisadora da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), professora Ermínia
Maricato, ressalta que a maior parte das obras de mobilidade urbana realizadas para
a Copa de 2014 não são as mais importantes para a maior parte da população
(PULSAR BRASIL, 2013).
Ela explica que por meio de um ideário de política neoliberal tivemos um
recuo nos investimentos públicos nas principais políticas urbanas como saneamento,
habitação e transporte coletivo, sendo assim, maior parte das viagens realizadas
dentro das cidades se faz da casa ao trabalho por meio de transporte coletivo
(PULSAR BRASIL, 2013).
No entanto, para a autora, a maioria dos investimentos nas obras de
mobilidade urbana não é direcionada a esse tipo de transporte, utilizado
principalmente por trabalhadores. Ela ainda ressalta que a questão do transporte
público só foi colocada em pauta a partir de junho de 2013, com as manifestações
populares ocorridas no país (PULSAR BRASIL, 2013).
Um exemplo de aplicabilidade do dinheiro dos cofres públicos em obras
particulares acontece no Estádio do Corinthians, conhecido como Itaquerão (Fig.5).
Foi projetado atendendo as exigências da FIFA para que a cidade de São Paulo
pudesse ser a sede do jogo de abertura da Copa do Mundo.
Segundo Malavolta (2011), o clube receberá os R$ 820 milhões necessários
para sua construção em incentivos governamentais, englobando empréstimos
subsidiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
e títulos de isenção fiscal da prefeitura de São Paulo.
O governo estadual se comprometeu com o investimento necessário para
instalação de arquibancadas móveis para que o futuro estádio tenha capacidade
para 68 mil espectadores, recebendo assim o jogo de abertura da Copa do Mundo
de 2014.
A prefeitura de São Paulo cedeu em créditos fiscais cerca de 420 milhões de
reais para a construção deste estádio. Segundo informações do Blog do Bruno
Giovanni, trata-se da obra com maior destinação de recursos públicos da Copa, já
que há somente outras duas arenas privadas em construção, ou em reforma, que
são a Arena da Baixada, do Atlético Paranaense, e Beira-Rio, do Internacional,
sendo que as duas possuem orçamento total inferior a R$ 420 milhões.
Texto Informativo O Incrível Roubo das Vigas No país da Copa, até vigas são roubadas! O elevado da Perimetral, no Rio de Janeiro, que localiza-se ao lado do cais do Porto era uma obra da década de 60 e foi construído para facilitar a ligação entre o aeroporto Santos Dumont e a Avenida Brasil. Foram projetadas com materiais nobres para durarem 400 anos. O atual governo decretou que a Perimetral teria que ser demolida para permitir a „revitalização‟ do local. Nesta demolição, 6 vigas de sustentação do elevado desapareceram. Juntas valem 14 milhões e iriam a leilão para serem reutilizadas. Isto é um exemplo de como coisas grandes e caras desaparecem do nada num país sujeito a corrupção. Como as vigas ainda estavam novas, foram feitos planos para aproveitá-las em outras obras. Só esqueceram de armazená-las em um local com um mínimo de segurança. Por: Jorge Luiz Calife. Disponível em: <http://diariodovale.uol.com.br/noticias/3,80055,O-incrivel-roubo-das-vigas-da-Perimetral.html#axzz2kctPxQ35> Acesso em 14/11/2013.
Figura 5: Obras no Estádio do Corinthians (Itaquerão) Fonte: Juliano de Souza
Ao final da atividade era possível perceber mudanças de opinião acerca da
realização da Copa do Mundo no Brasil. Os educandos passaram a acompanhar os
assuntos divulgados pela mídia e traziam-nos para discussões em sala de aula.
Levar ao conhecimento dos alunos a existência de Organizações Não-
Governamentais (ONGs) e Comitês foi uma experiência muito boa, proposta como a
terceira atividade, conhecendo a Importância da Articulação Nacional dos
Comitês Populares da Copa, pois a maioria dos alunos não sabia da existência
destes órgãos tão importantes na fiscalização do dinheiro público.
Os Comitês Populares da Copa surgiram no final de 2010, a partir da
realização de dois seminários: Impactos Urbanos e Violações de Direitos Humanos
nos Megaeventos Esportivos, na FAU/USP, em São Paulo e, O Desafio Popular aos
Megaeventos Esportivos, no Rio de Janeiro.
Estes seminários objetivaram detectar, denunciar, reverter ou minimizar as
violações dos Direitos Humanos que acontecem em virtude da promoção da Copa
do Mundo FIFA 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Brasil.
A articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP) articula os
Comitês Populares da Copa, presentes nas 12 cidades que sediaram os Jogos Copa
do Mundo FIFA no ano de 2014, com objetivo de atuar em debates, seminários, atos
públicos e audiências com órgãos governamentais.
O trabalho mais importante foi a produção de matérias e documentos de
denúncias, como dossiês, cartilhas e panfletos, encaminhando as denúncias ao
Ministério Público. Encontram-se a frente das lutas sociais, na formação de
lideranças populares e mobilizações. Os comitês também têm a força de pressionar
os governos para que estabeleça um processo amplo e democrático de discussões
sobre qual deve ser o legado dos megaeventos.
É imprescindível que órgãos fiscalizadores e principalmente as ONGs
empenhadas para a construção de um país melhor, fiquem atentos a esta situação,
para que no Brasil, o pós-copa não se transforme numa trágica realidade social,
como acrescenta Raquel:
A situação, infelizmente, não é diferente no Brasil atualmente. Espera-se que o campeão de muitas copas de futebol use esta oportunidade para mostrar ao mundo que também é um campeão do direito à moradia, em especial para as pessoas que vivem na pobreza, mas a informação que recebi mostra o contrário (NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL, 2013, p.1).
Nas 12 cidades que sediarão a Copa do Mundo de 2014, movimentos
sociais, entidades, organizações, pesquisadores e cidadãos criaram comitês
populares com objetivo se opor às violações, abusos e ilegalidades relacionadas ao
evento, bem como encaminhar denúncias de irregularidades ao ministério público.
É possível observar as remoções que aconteceram no Rio de Janeiro, em
função das obras para a Copa do Mundo (Fig. 6). O Rio de Janeiro é a cidade mais
afetada com remoções em função de que a cidade também já visualiza a realização
das Olimpíadas de 2016, tendo assim que se preparar para sediar dois grandes
megaeventos em curto espaço de tempo.
Figura 6: Mapa de Reassentamento no Rio de Janeiro
Autor: Lucas Faulhaber
Muitos alunos e seus familiares desconheciam que haviam tantas pessoas
desabrigadas em função das obras para a Copa do Mundo, a exemplo de grande
parte da população; por isso, é inegável a importância dos Comitês Populares da
Copa, pois através deles a maioria das denúncias de irregularidades chega ao
conhecimento do ministério público.
A proposta da quarta atividade foi uma Pesquisa Online no Laboratório de
Informática do Colégio. Em grupos de trabalho, foi realizada uma pesquisa
acessando os sites:
TCU <http://portal2.tcu.gov.br/TCU>
CGU<http://www.cgu.gov.br/>
Portal da Transparência
<http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/home.seam>
Portal da copa de 2014<http://www.portal2014.org.br/>.
Foi solicitado aos alunos que anotassem a função de cada um destes órgãos
fiscalizadores e, em seguida, através do Portal da Transparência, elaborassem um
gráfico com a Previsão de Gastos, Total Contratado e Total Executado de cada um
dos doze estádios, o qual seria apresentado no dia da Exposição Final.
Nesta atividade e, juntamente com os colegas o GTR, que também
aplicaram a mesma atividade em seus colégios de atuação, foi possível perceber
que os jovens educandos possuem dificuldades na pesquisa online.
Atribui-se a isso o uso excessivo das redes sociais em detrimento a
aquisição do conhecimento através de leituras e pesquisas. Fato preocupante que
deve ser debatido e estudado por todos os segmentos da educação. Assim,
contraditoriamente ao planejamento, esta atividade demorou mais que o previsto.
O capítulo: O Legado Que Fica Para o País Sede foi importante e os
alunos participaram ativamente, sendo a quinta atividade realizada. Os alunos já
estavam cientes, em sua maioria, que o legado que fica, seja ele positivo ou
negativo é das futuras gerações. As leituras e discussões descritas na apostila foram
participativas e proveitosas.
O discurso inicial do governo Lula, quando propôs o Brasil como sede da
Copa, seria de que as obras fossem feitas com a iniciativa privada, sem o uso dos
recursos públicos e que as obras seriam financiadas através da iniciativa privada.
O que se observa é exatamente o contrário: a iniciativa privada tirando
proveito da situação através da exploração de direitos de comercialização e o
governo pagando a conta da Copa, presenteando clubes particulares e torcedores
com estádios novos, propostas de privatização dos novos estádios e a FIFA5
levando embora recursos do país, ainda sem pagar impostos e leis nacionais sendo
modificadas para favorecer patrocinadores.
O debate acerca destas abordagens é cada vez mais emergente e
necessário, sobretudo, se aplicado aos jovens estudantes, os quais herdarão esta
situação. Qual é o legado que fica para eles?
De forma simples, pode-se conceituar legados como a herança que fica
após o país sediar um grande evento. Conforme Bechara (2008 apud MAGNO
2011), falar de legados é falar dos benefícios levando em conta os prejuízos que
serão resultados do megaevento.
Já Poynter (2008 apud MAGNO 2011) enfatiza que o conceito de legado de
megaeventos esportivos está agora firmemente focado em resultados não esportivos
como importante fonte de legitimidade para receber os Jogos. Fica a pergunta que
certamente será respondida com o passar de algúns anos: tudo isso a que preço?
Conforme Magno (2011), as cidades experimentam efeitos tanto tangíveis
quanto intangíveis, sendo praticamente inviável quantificar os intangíveis. No
tangível é possível encontrar a maior parte do foco dos estudos de impacto,
utilizando-se análises de custo/benefício, as cidades também identificam os
recursos intangíveis:
Para a melhor compreensão, Rolim, Mazo e Da Costa (2008 apud MAGNO,
2011, p.17) definiram os legados tangíveis e intangíveis da seguinte maneira:
a)Legados Tangíveis: toda e qualquer infraestrutura construída para o megaevento em questão. Este tipo de legado caracteriza-se pela possibilidade de mensuração e análise de suas características, como por exemplo, o custo benefício, ou qualquer outro tipo de análise econômica; b)Legados Intangíveis: são todas as implicações do megaevento, que não podem ser mensurada quantitativamente nem calculadas. Estão ligadas às questões culturais que um megaevento pode gerar e gera. Um exemplo claro deste tipo de legado é o sentimento de patriotismo que os residentes sentem durante e/ou após o evento.
Certamente, dois pontos merecem destaque no que diz respeito ao legado
intangível: a mudança da imagem do país sede perante o mundo e o sentimento de
5FIFA
- Federação Internacional de Futebol Associado (do francês: Fédération Internationale de
Football Association), é a instituição internacional que dirige as associações de futsal, futebol de areia e futebol associado. Foi fundada em Paris em 21 de maio de 1904 e tem sua sede em Zurique na Suíça.
orgulho nacional, que no caso do Brasil, já é intrísico aos brasileiros em se tratando
de futebol por ser o único pentacampeão mundial.
É importante considerar que o Brasil, por ter dimensões continentais, os
impactos e legados que serão causados pela Copa do Mundo de 2014, não serão
equilibrados, ou seja, poderão ser positivos em algumas regiões e negativos em
outras. Por exemplo, em regiões remotas, onde muitos consideram as obras
“elefantes brancos”, para esta parcela da população, significa uma oportunidade de
crescimento e desenvolvimento regional.
Para a elaboração da sexta atividade foi proposto aos alunos a leitura do
capítulo: “A um ano da copa, ganhos e perdas nas cidades sede” do Blog da Raquel
Rolnik, produzindo uma Resenha Crítica.
Foi possível constatar que ainda existem muitos alunos sem acesso à
internet, o que de certa forma dificultaria a realização da pesquisa. Para estes casos,
foi disponibilizado o laboratório de informática do colégio. Como complemento, foi
sugerido a Leitura do Fragmento de texto:
Os alunos, dispostos em duplas no laboratório de informática do Colégio
acessaram o blog: <http://raquelrolnik.wordpress.com/2013/05/16/a-um-ano-da-
copa-ganhos-e-perdas-nas-cidades-sede/> e desenvolveram uma resenha crítica a
respeito do Tema: “A um ano da Copa, ganhos e perdas nas cidades-sede.”
Leitura de um Fragmento de Texto
“A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos são qualificados como megaeventos, tanto que os estados, assim como a nação, competem vigorosamente para sediar esses eventos tal qual os atletas que participam deles. Por que estes eventos despertam tanto interesse? Uma variedade de razões explica a busca para hospedar esses acontecimentos, mas não há razão que pareça mais atraente do que a promessa de um ótimo retorno econômico. Será que a Copa do Mundo pode dar um impulso à economia da nação anfitriã que justifique os elevados custos e riscos? Uma análise do Mundial de 94, realizado nos Estados Unidos, sugere que o impacto econômico do evento não pode justificar essa magnitude dos gastos e que as cidades experimentam perdas acumuladas de US$ de 5,5 a US$ a 9,3 bilhões, contra as estimativas de ganho de US$ 4 bilhões de dólares elogiado pelos impulsionadores do evento. Países sede em potencial devem considerar com cuidado se a indicação da Copa do Mundo é uma honra ou um fardo”. Fonte: ESTENDER et all. O Legado da Copa do Mundo em 2014. Anais... SIMPOI 2011.
Após o desenvolvimento desta temática, é possível perceber a assimilação
do conteúdo por parte dos alunos, muitas resenhas com ótima estrutura de texto,
referenciando a autora.
O sétimo capítulo trabalhado em sala de aula, correspondendo à sétima
atividade, tratou da Realização da Copa das Confederações Um Ano Antes da
Copa do Mundo no mesmo país sede. A segunda quinzena de junho de 2013 já
entrou para a história como um marco referencial que precede a Copa de 2014.
As notícias davam conta de que o povo brasileiro em plena realização da
Copa das Confederações6, já não se satisfazia com o “ópio” como na década de 707.
Passou a assumir uma postura um pouco mais atenta ao que está acontecendo no
país, com foco especial nos gastos dos megaeventos propostos para o Brasil.
Manifestações populares denotam e repudiam a impunidade, os desvios de
verbas, a corrupção e os gastos exagerados do dinheiro público em estádios. No
país, percebe-se a falta de investimentos em hospitais, escolas, creches, rodovias,
moradia, saneamento entre outros. Muitas das obras previstas não saíram do papel,
e as que saíram em sua maioria superfaturadas, o que no balanço final da Copa irá
aumentar significativamente o orçamento.
A FIFA, além de ser uma federação esportiva internacional, é também uma
entidade com grande poder político e econômico. O País escolhido para sediar a
Copa do Mundo e a FIFA assinaram um contrato que regula os benefícios ligados ao
torneio, baseando principalmente em direitos de imagem e comercialização de
produtos, que juntos, constituem o principal fluxo das receitas da Copa.
6 A Copa das Confederações é um torneio de futebol organizado pela FIFA entre seleções nacionais
a cada quatro anos (a partir de 2005, anteriormente a cada dois anos). Os participantes são os seis campeões continentais mais o país-sede e o campeão mundial, perfazendo um total de oito países. É escolhida uma única seleção para cada continente, excetuando a América, pois ela classifica duas seleções: a seleção campeã da Copa Ouro, cujo torneio é disputado entre a América do Norte, América Central e Caribe e a Copa América, disputada pelos países que compõem a América do Sul. 7 Durante a era militar, o presidente Emílio Garrastazu Médici (1969 a 1974), foi o maior beneficiado
pela conquista do tricampeonato mundial. O interesse do regime na Copa era tão grande que o governo chegou a interferir até na escalação da equipe. O técnico era João Saldanha que foi substituído por Zagalo porque gozava de pouca simpatia dos militares, justamente por que falava o que pensava a respeito do governo. “O senhor manda nos ministérios, mas na seleção quem manda sou eu”, teria dito Saldanha a Médici.O Brasil venceu a Itália na final, por 4 a 1, no México, foi tudo o que o regime precisava. O slogan era “Ninguém segura este país”, enquanto a repressão contra os opositores aumentava, a violência ganhava proporções monstruosas. A conhecida canção "Pra Frente Brasil” impulsionava as multidões, transformando-se no hino dos militares. O futebol passou a ser algo intocável: qualquer um que criticasse o esporte nacional era classificado como antipatriota. Aceitava-se tudo em nome do futebol, sendo que este aliviava as mazelas do país.
Estes direitos da FIFA ultrapassam as leis locais e infringem os direitos dos
cidadãos que residem nas cidades sedes. Entre muitas cláusulas, existe uma que
num raio de um quilômetro e ao longo das principais rodovias de acesso, o comércio
é exclusivamente destinado as empresas patrocinadoras do evento, que por sua
vez, compraram o direito de associar suas marcas ao evento. Isto gera transtorno
para o comércio local, que neste momento não pode exercer sua atividade, sendo
impedido de trabalhar (Fig. 7). Para exemplificar estes fatos, orienta-se a leitura
deste fragmento de texto:
Figura 7: Estádio do Maracanã na final da Copa das Confederações (Jul/2013) - Destaque para a
atividade comercial no entorno do estádio Foto: Lauren Lang
Leitura Informativa Rita Santos, a “baiana do acarajé” que venceu a FIFA. A conquista é dela mesma: após oito meses de reivindicação balizada por amplo apoio popular, especialmente nas redes sociais, Rita convenceu a FIFA a franquear às baianas que vendem acarajé no acesso ao interior do estádio Fonte Nova, em Salvador, para a Copa das Confederações. A carioca, radicada na capital baiana há mais de duas décadas, é presidente da ABAM, Associação das Baianas de Acarajé, Mingaus, Receptivos e Similares do Estado da Bahia. A queda de braço entre Rita e a entidade esportiva começou em outubro do ano passado. "Estava no aeroporto do Rio de Janeiro quando um jornalista de Salvador me perguntou se as baianas haviam sido contempladas na praça de alimentação do estádio. Fiquei atônita e disse que não", afirma ela à BBC Brasil. A partir do telefonema, Rita mobilizou-se a favor de uma tradição que há décadas se confunde com a própria história do Fonte Nova: a venda de acarajés por baianas no interior do estádio. Fonte: BBC Brasil. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/06/130620_baiana_acaraje_rita_santos_perfil_lgb.shtml>
A oitava atividade abordou Os Exemplos da Alemanha em 2006 e África do
Sul em 2010. As duas últimas edições da Copa do Mundo ocorreram em países
muito distintos: Alemanha e África do Sul. Em 2006 a Copa do Mundo teve como
sede a Alemanha, um dos países mais desenvolvidos do mundo, considerado uma
das grandes potências mundiais e a maior da Europa (Fig. 8).
Figura 8: Estádio do Maracanã - momentos que antecedem a Final da Copa das Confederações
Fonte: Lauren Lang
Por sua vez, a edição de 2010, foi realizada pela primeira vez no continente
africano, tendo como país sede a África do Sul; embora seja um dos países mais
desenvolvidos daquele continente, ainda se observam elevados índices de pobreza
e desigualdades sociais.
Assim, conclui-se que os resultados dos legados nesses países diferentes
em seus estágios de desenvolvimento sejam bastante distintos entre si. Na
Alemanha, no que se refere a legados, significou para este país poucas melhorias,
pois já possuía um elevado nível de desenvolvimento e com uma estrutura
considerada bastante completa.
Considera-se a construção e reforma dos 12 estádios que abrigaram a Copa
de 2014 como um dos principais legados deixados pela realização do evento. Em
âmbito de imagem internacional, visivelmente o país melhorou sua imagem, tendo
uma melhor valorização de suas marcas.
Já na África do Sul, as expectativas antes do evento eram muito otimistas,
como descrevem Kuper e Szymanski (2009 apud PRONI; SILVA, 2012), os sul
africanos inspirados pela propaganda do governo, acreditavam que a Copa
significaria a injeção de milhões de dólares (ou Rands) na economia local.
De acordo com Proni e Silva (2012, p.5), “o evento melhorou a percepção
internacional com relação à África do Sul, impulsionou o turismo e gerou um
sentimento de orgulho nacional”.
Mas o período pós-copa, como seria em um país com pouca tradição em
futebol? Dos 10 estádios construídos para o mundial, apenas o mais conhecido, o
Soccer City, na capital Joanesburgo, é capaz de gerar dividendos que cobrem seus
custos. Os demais estádios geram dividendos que estão sendo pagos com o
dinheiro público, cerca de R$ 17 milhões ao ano para manter apenas 3 dos 10
estádios, conforme citam Proni e Silva (2012).
Fica naquele país como um dos maiores benefícios para África do Sul,
apesar de poder se comprovar isto apenas indiretamente, a melhoria da imagem
internacional e o sentimento de orgulho da população, juntamente com o legado em
infraestrutura dos meios de transporte (Fig. 9).
Figura 9: Logotipo da Copa do Mundo na África do Sul Fonte: http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/
Como proposta para a nona atividade foi proposto um Questionário, que é
um meio didático para o professor verificar a aprendizagem dos alunos. Conforme
previsto e descrito na apostila, os alunos prontamente responderam as questões,
mas com um diferencial em comparação às primeiras atividades desenvolvidas:
apresentavam-se com suas opiniões mais fundamentadas e críticas em relação ao
tema. As questões abaixo descritas nortearam o trabalho:
1) Que benefícios o Brasil terá como país sede da Copa do Mundo de 2014?
2) Quem são os maiores beneficiados com a realização da Copa do Mundo
no país?
3) Onde encontram-se as maiores perdas e quem são os maiores
prejudicados com os recursos destinados a Copa?
4) Quais os legados que os megaeventos esportivos têm deixado no
contexto das cidades onde são realizados?
Após muitas leituras, debates e discussões o questionário teve a intenção de
realizar um fechamento de todos os tópicos envolvendo o assunto da realização da
Copa do Mundo no Brasil.
A Exposição Final contemplou todas as atividades relativas ao Projeto de
Intervenção Pedagógica.
Os alunos procuraram em fontes como jornais, revistas e blogs assuntos
pertinentes ao tema desta unidade. Recortaram estas notícias e orientados pelo
professor, colaboraram para montar uma exposição com estas informações para que
os alunos, professores e comunidade escolar tivessem acesso.
Para esta atividade foram utilizados painéis, banners, fotografias e demais
recursos resultantes da criatividade dos alunos. Esta exposição contemplou todas as
atividades da Unidade Didática.
4 Resultados e reflexão das atividades desenvolvidas
Através da tutoria do GTR, com a interação com os colegas da área, aprendi
que somos capazes de ensinar e de aprender constantemente, o que serviu de
incentivo para finalizar o PDE.
Muitas horas dedicadas a estudo e realização das atividades, algumas que
exigiam mais tempo, outras, porém, mais simples de realizar, pois eram do nosso
cotidiano. A responsabilidade e a persistência de cada professor(a) permitiu a cada
um concluir todas as atividades com dedicação e responsabilidade, dentro do prazo
previsto em cada unidade temática, dando assim um ótimo andamento ao curso.
Ë gratificante encontrar professores de Educação Física que trabalham em
sua disciplina com entusiasmo. Diferentemente dos que são vistos somente para
auxiliar a tapar os buracos da escola e a controlar os alunos rebeldes através de sua
disciplina. No GTR, reuniu-se um grupo comprometido com a EDUCAÇÃO, que
deseja ver mudança social, que almeja que seus alunos obtenham uma ótima
formação e acima de tudo, que desejam um país melhor para todos nós vivermos.
Do GTR, alguns professores se posicionaram acerca do Projeto de
Intervenção Pedagógica Copa 2014. Dentre eles, o professor Richard F. da Costa,
que assim declarou:
O legado para o país como um todo é um número assustador de financiamentos a longo prazo, sejam para construção dos novos estádios, ou mesmo financiamento para as ditas „obras de mobilidade urbana‟ (que a meu ver, muitas foram abandonadas... vou falar do que conheço aqui em Curitiba). Para as cidades sedes o que fica/ficou foi um otimismo exagerado e uma frustração após os embrólios políticos... novamente ligados a questão de financiamento públicos gigantescos, lenta execução de obras, obras abandonadas e retiradas de cronogramas de execução. Promessas de melhorias para a população normal / comum (a qual me incluo foram muitas), porém o retorno disso, e a obra propriamente dita, em Curitiba, neste caso, é uma lástima, um abandono, um fracasso. De concreto hoje temos algumas trincheiras (uma em SJ dos Pinhais), o restante está em andamento ou abandonado (como a rodoferroviária, terminais urbanos como o do Santa Cândida, corredores intermunicipais parados, como a avenida da integração, ligação entre Pinhais-Curitiba, o corredor aeroporto-capital é uma catástrofe...portanto, está atrasado demais ou não terminará para a realização do evento da FIFA.
Considerando esta percepção do professor Costa, entende-se que a visão
crítica do cidadão curitibano consegue identificar os aspectos positivos e os
negativos do legado da Copa 2014 para a cidade.
Na intenção de ouvir os professores, também Sandro Biederman relata o
que percebe sobre a Copa 2014:
O legado que vai ficar, será de lamentação das pessoas, já que todo o nosso dinheiro está sendo direcionado para a minoria, enquanto o resto da população sonha com uma vida ao menos digna nesse país. O governo ainda está nessa de que o povo vive de pão e circo ou copa, mas o que queremos, na realidade, o grande espetáculo deveria ocorrer com saúde, educação e segurança padrão FIFA, ou seja, com rios de dinheiro investidos.
A professora Patrícia Granato, mora em Curitiba, uma das cidades sede da
Copa 2014 e assim se posicionou sobre o objeto deste Projeto:
Prefiro acreditar que ao trabalharmos com os alunos essa temática dentro das escolas, possamos deixar um legado de adolescentes (quase adultos) mais críticos e atuantes politicamente na sociedade, para isso cabe ressaltar uma observação que coloquei no meu diário e que acho de suma importância compartilhar com vocês. Trabalho numa escola que fica a menos de 2 Km da Arena da Baixada, e ao conversar com os alunos tento
lembrá-los dos gastos indevidos e absurdos ao comparar o dinheiro público que está sendo investido em um estádio privado enquanto eles têm péssimas condições de estrutura para as aulas de Educação Física, com um quadra descoberta e inteira rachada, na qual se machucam constantemente e que fica inutilizada em dias de chuva. Quantas quadras decentes poderiam ser construídas para os nossos estudantes se o dinheiro investido nos estádios fosse investido dentro das escolas.
Com esses relatos trazidos pelos professores por meio do GTR, constata-se
que é difícil não olhar para o sonho brasileiro de Copa do Mundo e de se
surpreender com as mudanças políticas que acabaram investindo o dinheiro do
cidadão em obras privadas, descumprimento um pronunciamento do governo
anterior.
Apresentados os dados e os resultados deste Projeto de Intervenção
Pedagógica aos alunos do 3º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Arnaldo
Busato, Coronel Vivida, PR, elabora-se a conclusão sobre o mesmo.
5 Conclusão
Com o propósito de realizar um estudo teórico com os alunos do 3º Ano do
Ensino Médio do Colégio Estadual Arnaldo Busato – EFMPN, de Coronel Vivida –
Paraná, tendo como objetivo principal a realização da Copa do Mundo de 2014 no
Brasil, estimulando discussões e pesquisas a respeito da temática com alunos do
Ensino Médio, foram aplicadas nove atividades teóricas e práticas sobre o tema
Copa 2014.
Após a realização das atividades é possível constatar a evolução dos alunos
quanto a diferentes aspectos da aprendizagem. Dentre eles, observou-se a transição
de um desconhecimento sobre a ditadura militar no Brasil, sobre a organização da
Copa 2014, gastos com construção e reformas de estádios, para um conhecimento
pautado na realidade mostrada pelo Projeto.
Mostrando uma nova participação em sala de aula, com base nas
informações trazidas pelo Projeto de Intervenção Pedagógica, na medida em que se
aplicaram as atividades ficou evidente a aquisição de conhecimento por parte dos
alunos e quanto às atitudes de interação, emissão de opinião e pareceres individuais
quanto a Copa 2014, tendo enfoque no legado que este evento traria ao país.
Dos resultados é possível confirmar que novos alunos hoje apresentam
competências para discutir fatos reais da contemporaneidade, valendo-se de
informações e notícias trazidas pela mídia pelo interesse do aluno na realização de
pesquisas.
Como conclusão ao estudo, entende-se que ao adquirir informações in loco
sobre a Copa 2014, este aluno passou a posicionar-se diante dos fatos, construindo
a sua própria visão sobre o legado deixado por este evento.
Especialmente, destacando um trecho relevante do PPP do Colégio no qual
foi realizada a intervenção pedagógica, concorda-se que
Cada educador traz consigo suas práticas metodológicas individualizadas de acordo com sua história de vida como sujeito histórico social. Ele precisa compreender que nem sempre suas práticas são efetivas, dão certo, mas que cada aluno é um ser único e que a sala de aula é heterogênea, cheias de sentido e experiências de vida (PPP, 2011, p. 52).
Finalizando, quanto ao Projeto em si, destaca-se que ao cumprir com o
objetivo caracteriza-se como um recurso estratégico para o ensino da Educação
Física, considerando que, em conjunto com as práticas, é importante que o
profissional da Educação e o seu aluno conheçam o ambiente e os aspectos no qual
se realizam as atividades desta disciplina e de que modo podem afetar, de forma
direta ou indireta, o futuro das gerações.
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