os delírios de consumo de backy blomm (2)
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Universidade Federal Fluminense
“Delírios de Consumo de Becky Bloomm” – Análise fílmica e estudo do comportamento do consumidor.
Alexandre Batista de Oliveira
Bruna Danielle A. de Ávila
Gabriela Pereira Alves
Volta Redonda
2012
Resumo
O referido trabalho tem como objetivo abordar os conceitos do comportamento
do consumidor dentro da disciplina de Marketing, mostrando como é possível
interligar os conceitos aprendidos em sala com a análise do filme “Delírios de
consumo de Becky Blomm”, relacionando teoria e prática.
Palavras chaves: Comportamento do consumidor e análise do filme “Delírios de
consumo de Becky Blomm”.
1-Introdução
Uma viciada em compras que está endividada e que trabalha como jornalista
para uma empresa de economia. O filme estudado mostra de uma forma
divertida e intrigante o poder que o consumo exerce sobre as pessoas
mostrando as diferenças de necessidade e satisfação pessoal.
O uso de filme para a o auxílio de aprendizagem dos conceitos explicados em
sala de aula é uma forma dinâmica e mais efetiva mostrando para os alunos a
uma melhor visualização sobre a prática dos conceitos estudados. A forma
dinâmica de aprendizado ajuda a criar um ambiente que estimula o estudante
e o ajuda a fixar os conceitos estudados.
2-Quadro teórico
2.1-Uso de filmes como recurso em sala de aula
O marco inicial da Sétima Arte é o ano de 1895. Fora neste ano que os Irmãos
Lumiére, reconhecidos historicamente como fundadores do cinema, inventaram
o cinematógrafo, aparelho inspirado na engrenagem de uma máquina de
costura, que registrava a “impressão de movimento” e possibilitava a
amostragem deste material coletado a um público, através de uma projeção.
Neste mesmo ano de 1895, mais precisamente no dia 28 de dezembro,
acontecera também a primeira sessão de cinema, proporcionada justamente
pelo trabalho destes franceses, Auguste e Louis Lumiére. Seus pequenos
filmes, que possuíam aproximadamente três minutos cada, foram apresentados
para um público de cerca de 30 pessoas. Durante estes primeiros anos, os
filmes produzidos eram documentais, registrando paisagens e pequenas ações
da natureza. A ideia também fora dos irmãos franceses, que decidiram enviar a
vários lugares do mundo homens portando câmeras, tendo como propósito
registrarem imagens de países diferentes e levá-las para Paris, difundindo,
assim, as diversas culturas mundiais dentro da capital da França. Os
espectadores, então, iam ao cinema para fazerem uma espécie de “Viagem
pelo Mundo”, conhecendo lugares jamais visitados e que, devido a problemas
financeiros ou quaisquer outros detalhes, não teriam possibilidade de
conhecerem de outra maneira. Via-se ali, então, um grande e contextual
significado para uma invenção ainda pouco desmembrada pela
humanidade. Com o passar do tempo, talvez por esgotamento de ideias ou até
mesmo pela necessidade de entretenimento, os filmes começaram a ter como
propósito contar histórias.
É importante analisar a história do cinema para destacar a importância da
linguagem fílmica para a cultura contemporânea servindo, há mais de cem
anos, tanto para o entretenimento quanto para a aprendizagem.
Segundo Napolitano, o cinema é uma das mais fortes experiências sociais para
a sociedade de massas no século XX. Essa experiência audiovisual expandiu
sua abrangência social através do advento da televisão no final da década de
40, ambos os casos (Cinema e TV) eram lugar de lutas sociais, culturais,
politicas, econômicas e ideológicas. Os filmes podem ter diversos sentidos,
primeiramente devido ao “efeito de realidade” que desperta emoções e juízos
estabelecidos através das subjetividades dos telespectadores, e em um
segundo momento, pode ser visto através da objetividade, racionalidade e
realismo. Dentro dessa ambivalência na apreensão do filme pelo público, o
autor propõem maneiras de como fazer para transformar estas experiências
sociais e culturais em experiência de ensino/aprendizagem.
Utilizar o cinema em sala de aula é oferecer aos alunos a chance de
compreender uma cultura distinta da sua, hábitos, costumes, compreender
uma nova estética, procurar compreender a ideologia por trás da elaboração
de um filme, conhecer valores sociais distintos do seu, estabelecer, através
dos filmes uma ligação extremamente enriquecedora entre o passado e o
presente e, mesmo uma interpretação do presente através de uma leitura do
passado. Além desses aspectos relacionados acima, Marcos Napolitano ainda
ressalta que: “trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a
reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o
campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos
são sintetizados numa mesma obra de arte.” (Napolitano, 2009: 16)
Paschoa e Machado (2010) afirmam que os filmes servem a várias finalidades
no contexto educativo, dão subsídios para trabalhar inúmeros conteúdos,
estimulam debates e ampliam a percepção da turma sobre o assunto em pauta
ou ainda desperta questionamentos sobre determinada cena vivenciada pelo
educando ou que faz parte de sua realidade social, serve para correlacionar
passado e presente.
Davel; Vergara; Ghadiri, (2007) explicam que a interpretação por meio do filme
está alicerçada em teorias de aprendizagens da linha sócio-histórico-cultural,
sendo que a aprendizagem ocorre na interação com o outro e com o objeto de
conhecimento, sendo o professor um mediador.
Paschoa e Machado (2010) afirmam que os filmes servem a várias finalidades
no contexto educativo, dão subsídios para trabalhar inúmeros conteúdos,
estimulam debates e ampliam a percepção da turma sobre o assunto em pauta
ou ainda desperta questionamentos sobre determinada cena vivenciada pelo
educando ou que faz parte de sua realidade social, serve para correlacionar
passado e presente.
Ferreira (2009, p. 5) afirma ainda que:
‘Deve-se observar a importância de utilizar o cinema na sala de aula e de
repensar os procedimentos utilizados e suas implicações. Seu uso como
prática educativa possibilita sensibilizar os alunos e desenvolver novas formas
de compreender e ler criticamente os meios eletrônicos e as novas tecnologias
de informação. Entretanto, o cinema não deve ser usado apenas como
entretenimento ou simples ilustração de conteúdos. O trabalho com o cinema
pode converter as aulas em atividades significativas, tangíveis e
experimentais’.
2.2-Comportamento do Consumidor
De acordo com Richers (1984), caracteriza-se o comportamento do consumidor
pelas atividades mentais e emocionais realizadas na seleção, compra e uso de
produtos/serviços para a satisfação de necessidades e desejos.
Para Kotler e Keller (2006), uma vez que o propósito do marketing centra-se
em atender e satisfazer às necessidades e aos desejos dos
consumidores,torna-se fundamental conhecer o seu comportamento de
compra.
2.1.1 Principais fatores que influenciam o comportamento de compra
São vários os fatores internos e externos que influenciam o processo de
tomada de decisão de compra dos consumidores.
Churchill e Peter (2000) consideram no processo de compra do consumidor em
influências sociais e influências situacionais.
Solomon (2002), Schiffman e Kanuk (2000) compreendem que o indivíduo,
como consumidor, sofre influências psicológicas, pessoais, sociais e culturais.
Kotler (1998), corroborando os princípios conceituais dos referidos autores,
adaptou os conceitos teóricos apresentando um modelo que demonstra os
fatores psicodinâmicos internos e externos que atuam sobre o consumidor.
Fonte: Kotler (1998, p.163).
Fatores de influência no processo de decisão de compra
2.1.1.1 Fatores culturais
São os fatores que exercem a mais ampla e profunda influência sobre os
consumidores, de acordo com Kotler e Keller (2006). Os fatores culturais
encontram-se subdivididos em três: cultura, subcultura e classe social.
2.1.1.2 Fatores sociais
Tem-se os fatores sociais como grupos de referência, família, papéis e
posições sociais que acabam por influenciar o comportamento de compra
(Kotler; Keller, 2006).
2.1.1.3 Fatores pessoais
Fatores Culturais
*Cultura
*Subcultura
*Classes sociais
Fatores Sociais
*Grupos de referência
*Família
*Papéis e posições sociais
Fatores Pessoais
*Idade e estágio do ciclo de vida
*Ocupação
*Condições econômicas
*Estilo de
Fatores Psicológicos
*Motivação
*Percepção
*Aprendizagem
*Crenças e atitudes
Comprador
São as características particulares das pessoas, ou seja, momentos e vivências
pelas quais um indivíduo está passando, os quais acabam por interferir nos
seus hábitos e nas suas decisões de consumo.
Kotler (1998) apresenta cinco elementos que constituem os fatores pessoais:
idade e estágio do ciclo de vida, ocupação, condições econômicas, estilo de
vida e personalidade.
2.1.1.4 Fatores psicológicos
De acordo com Sant’Anna (1989), para que um consumidor tome a decisão de
compra é preciso que na sua mente se desenvolvam os seguintes estados:
existência de uma necessidade, consciência desta necessidade, conhecimento
do objeto que a pode satisfazer, desejo de satisfazê-la e decisão por
determinado produto.
Segundo Kotler (1998), existem quatro importantes fatores psicológicos que
influenciam as escolhas dos consumidores: motivação, percepção,
aprendizagem e crenças e atitudes.
3- Procedimentos Metodológicos
3.1-Formas de usar o filme como ferramenta didática
Segundo Carlos Gerbase (2009), cineasta, sócio da casa de Cinema de Porto
Alegre e professor na Faculdade de Comunicação Social da PUCRS o filme se
torna significativo em termos pedagógicos quando o professor estabelece uma
relação entre o filme e o assunto tratado. Os bons filmes, além de tocar o
intelecto, tem a capacidade de mexer com as emoções.
O potencial do uso do audiovisual na educação, em geral, não é novidade, mas
as formas de sua implementação vêm evoluindo bastante, indicando caminhos
mais elaborados para se lograr sucesso.
Segundo Eliane Cândida Pereira, professora na rede de ensino de São
Bernardo do Campo, SP trabalhar com recursos audiovisuais nas diversas
áreas do conhecimento tornou-se uma imposição dos tempos atuais. As
possibilidades de uso do cinema na escola são inúmeras, já que
ocorrem muitas conexões com Literatura, História, Artes e Temas Transversais.
Não é novidade que podemos falar das possibilidades de uso de filmes em
qualquer contexto educacional. (...) mas apresentar um filme como forma de
ilustrar um conteúdo de forma tradicional pode se mostrar tão ineficaz quanto à
adoção de alguns livros didáticos. (...) Essa é uma questão urgente que exige
criatividade, ousadia, experimentação, o que, normalmente, nos deixa
inseguros. Como todas as ações em Educação, um trabalho de troca e reflexão
entre educadores promove a ampliação das possibilidades didáticas de uso
das obras.
Bolognini (2007), afirma que o cinema na escola é de suma importância, pois
permite trabalhar questões relativas à linguagem o seu comportamento e o
relacionamento professor-aluno em sala de aula de uma forma bem mais
atrativa.
Napolitano, Gomes (2003), corrobora a ideia de que o cinema representa um
fantástico potencial de aprendizagem para qualquer tipo de público e a exibição
de filmes na sala de aula é um recurso, lúdico e extremamente sedutor, na
mesma linha de pensamento.
Duarte, Rosália (2002), conta sua experiência como professora e o uso de
filmes em sala, ela defende que a questão da linguagem audiovisual tem
especial importância para professores e professoras se pensarem a educação
como um processo de socialização. Ela discute este tema a partir de dois
autores Émile Durkheim e Georg Simmel duas correntes distintas da teoria
sociológica. Duarte alega que o cinema é uma rica fonte de conhecimentos
apesar de termos certa dificuldade em percebê-lo desta maneira, e é, uma
forma de arte.
4-Proposta de análise do filme “Delírios de Consumo de Becky Bloom”
4.1-Proposta de emprego no ambiente de Ensino-Aprendizagem
Os Delírios de Consumo de Backy Blomm, dirigido pelo cineasta P.J. Hogan, nos
mostra, através dos seus diálogos divertidos a sociedade consumista atual e a forma
em que o consumidor, no caso a personagem principal, responde as influências e as
propagandas que as empresas usam para promover e vender seus produtos.
A História do filme se passa em Nova York com Rebecca Bloomwood (Isla
Fisher) como personagem principal, sendo uma jornalista que não consegue se
controlar quando o quesito são compras. Os sete cartões de crédito são
insuficientes para que ela compre as roupas que deseja adquirir e todos estão
estourados. Suas compras basicamente resumindo em roupas, sapatos e
bolsas ficam espalhados por seu quarto ou entulhados em seu guarda roupa
sem ter lugar para guardar. Rebecca chega ao limite de estar devendo 16 mil
dólares por causa de suas comprar e com a ajuda do destino a situação piora
ela perde seu emprego. Para se salvar da falência Rebecca consegue um
emprego em uma revista de finança escrevendo uma coluna de sobre finanças
pessoais, trabalhando ao lado do editor Luke Brandon (Hugh Dancy).
Incorporando metáforas fáceis de entender e focando em um público alvo mais
leigo, Rebecca passa a fazer sucesso com a sua coluna chamada a Garota do
Encharpe Verde.
O filme mostra o poder persuasivo através das vitrines exuberantes de Nova
York, incorporando maniequins animados que ajudam a personagem a se
convencer da necessidade de compra dos produtos. É através desse ponto de
vista que podemos incorporar o filme as teorias já citadas criando assim um
método mais dinâmico para o entendimentos das teorias de marketing.
Fazendo referência Richers (1984), podemos observar como as emoções são
levadas em consideração na seleção dos produtos.
O segmento a cima mostra uma cena do filme em que a personagem tenta se
convencer da necessidade de comprar um encharpe verde. Podemos observar
que racionalmente não havia nenhuma necessidade efetiva de comprar um
encharpe mas a personagem cria ideias em sua mente que justifiquem essa
compra. A emoção é um dos principais fatores que motivaram a personagem a
fazer a compra e satisfazer seu desejo e a necessidade que ela criou.
Podemos retirar do filme também exemplos que mostram como as influências
socias afetam na decisão de compra. A personagem principal, por exemplo,
criou a necessidade de compra e produtos mais sofisticados devido a pressão
da mãe que procurava sempre o conforto e o preço acima da beleza. Por isso
ela sempre busca produtos que a atraem visualmente.
Outro exemplo é o companheiro de trabalho de Rebecca, Luke Brandon. Ele
pode ser considerado o oposto da personagem principal e até mesmo ser
parecido com a mãe da mesma. Luke, opta por praticidade e ultilidade acima
das aparências do produto, podendo ser considerado como um consumidor
mais racional.
O trecho extraído acima mostra o personagem citado, Luke Brandon, falar
sobre a sua opiniçao de custo e valor. Para conseguir comprar um cachorro
quente que ele queria ele pagou 20 dólares para Rebecca, que estava
atrapalhando. Após isso ela questionar o fato dele ter pago 23 dólares por um
cachorro quente que na realidade custava apenas 3 dólares ele cita as falas
mostrada acima dizendo que custo e valor são coisas diferentes. Luke estava
interessavo em comprar o cachorro quente. Ele queria poder comprar e comer
em paz e a personagem estava o atrapalhando de conseguir o seu objetivo e
por isso para ele foi mais viável pagar mais caro pelo produto para poder
desfrutar dele sem maiores pertubações.
Kotler e Keller (2006) afirmam que grupos de referência influenciam na compra
e podemos observar a sua influência a partir do filme no caso de Luke Branden
que não queria ser considerado devido a sua aparência, por causa da forma
com que ele fora educado e da personagem Rebecca Bloom que gostava de
ser definida por sua aparência, resultado também da sua educação.
5-Considerações Finais
A partir de todos os dados expostos acima no trabalho e vários debates do
grupo podemos concluir que através do estudo de filmes há uma maior
aceitação e interesse dos alunos devido a dinamicidade e a adoção de formas
diferentes ao expor os conteúdos.
Podemos observar também como os conteúdos que são estudados são
aplicados na prática e como as pessoas são vulneráveis aos fatores que
influenciam na hora da decisão de compra.
Vários autores citam que a emoção é um grande fator decisivo na hora da
compra e foi possível identificar e relacionar essa teoria claramente após o
estudo do filme.
6-Referências
Bolognini, Carmem Zink. O cinema na escola, Mercado de letras, 2007.
Napolitano, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 4.ed. Contexto,
2003.
Rosáila, Duarte. Cinema e Educação. 2.ed. Autêntica, 2002.
Gerbase, Carlos. Cinema para compreender melhor o mundo. Mundo Jovem.
Julho de 2009, nº398, p.21.
Láran,Juliano A.; Rossi, Carlos Alberto Vargas. “Surprise and the formation of consumer satisfaction”, 2006.
Jupi, Viviane da Silva; Rodrigues, Maria Aparecida.”O comportamento do consumidor – Fatores que influenciam em sua decisão de compra”, 2004.