organização do discurso e gêneros textuais

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    Modos de organizao do discurso e gneros textuais

    Modos de organizao do

    discurso

    Conceito Caractersticas Gneros textuais

    Descrio Apresentao de caractersticas de lugares, pessoas,

    coisas e costumes.

    Proporciona a visualizao de um elemento por meio de impresses sensoriais.

    Pode ser objetiva: descreve-se apenas o objeto observado.

    Pode ser subjetiva: descrevem-se as impresses sobre o objeto observado.

    nfase na qualificao ou particularizao do objeto.

    A inteno levar o receptor da mensagem a observar o objeto da mesma maneira.

    Romance, novela, poema, verbete de

    dicionrio, propagandas.

    Narrao Relato de acontecimentos ou

    fatos, reais ou imaginrios,

    envolvendo ao e passagem de tempo.

    Apresenta situao inicial, complicao, clmax e desenlace.

    As relaes de causa e efeito contribuem para a construo da trama.

    A ordem dos relatos pode ser cronolgica ou em media res

    1.

    Os elementos da narrativa so: narrador, personagens, espao, tempo e enredo.

    Predomnio de perfeito, pretrito imperfeito, pretrito mais que perfeito e futuro do pretrito.

    Contos, lendas, fbulas, novelas,

    romances, piadas, msicas, epopeias, cantigas de roda.

    Exposio Apresentao impessoal de idias,

    pensamentos, doutrinas.

    Organiza-se com a estrutura ideia principal, desenvolvimento e concluso.

    Uso de linguagem clara e objetiva.

    A inteno do autor informar algo, analisar um fato.

    Predomnio do presente do indicativo.

    Editoriais, livros didticos, artigos

    cientficos.

    Argumentao Apresentao de opinio sobre determinado

    assunto, com o objetivo de convencer o interlocutor.

    Emprega justificativas para apoiar ou rechaar uma tese.

    Apresenta a seguinte estrutura bsica: ideia principal, argumentos e ratificao da ideia principal.

    O uso de verbos no subjuntivo visa a expressar a relao lgica entre as idias.

    Pode empregar verbos no presente do indicativo como forma de indicar atemporalidade e certeza sobre o que se fala.

    Editoriais, sermes,

    propagandas.

    1 Media res uma expresso latina que significa no meio da coisa. Narrativa em media res aquela iniciada no pelo incio da

    histria narrada, mas por algum fato relevante para o seu entendimento. Um bom exemplo o romance Memria Pstumas de Brs Cubas, cujo narrador-personagem conta sua histria a partir do momento de sua morte e no de seu nascimento.

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    Modos de organizao do

    discurso

    Conceito Caractersticas Gneros textuais

    Injuno Instrues que explicam como

    realizar determinada ao

    Dirige-se ao interlocutor por meio de comandos expressos por verbos no imperativo.

    Apresenta uma sequncia de enumerao dos elementos e procedimentos.

    Linguagem clara, objetiva.

    Procedimentos organizados na sequncia em que devem ser realizados.

    Manuais, receitas culinrias, receitas

    mdicas, bulas, regras de jogos, propagandas.

    Dilogos Sequncia de falas entre dois ou mais

    interlocutores.

    Reproduo do ritmo da conversa. Pode reproduzir caractersticas de oralidade. Discurso direto. A pontuao remete modalidade oral. Os sinais de pontuao so usados para representar espanto, interrogaes, pausas de fala.

    Romances, contos, novelas,

    entrevistas, textos teatrais.

    Exerccio de fixao

    Leia atentamente os textos abaixo e identifique o modo de organizao do discurso correspondente:

    Texto I

    A gata transformada em mulher

    Ilustrao de Gustave Dor

    Certo indivduo tinha uma gata a qual simplesmente adorava: achava-a linda, elegante, aristocrtica. At seus miados o extasiavam: o pobre homem havia perdido o juzo. E aquele sujeito, por fora de splicas e lgrimas, de sortilgios e feitios, conseguiu que o destino transformasse sua gata numa mulher, com a qual se casou imediatamente. Estava louco de amor. Nunca a dama mais bela exerceu tal domnio sobre o amante, como aquela nova esposa sobre seu marido. Ele a mimava e ela correspondia. O marido no via na consorte nem sombra da felina que ela era. E cego de paixo no poder mais, julgou-a mulher perfeita, at que uns ratos pequeninos, que roam as esteiras, roeram a felicidade dos recm-casados. Assim que a esposa se levantou os ratinhos comearam a correr. Mas voltaram depois e ela voltou a atac-los, como sucesso desta vez, porque a mudana na sua aparncia enganou os roedores. Ratos sempre foram alimento para ela: a fora que vem da natureza gigante! A certa idade, no cabem mais mudanas: aquilo que se mamou no bero se deixa na tumba. No poder jamais descartar aquilo que est fincado em seu carter: se trancar a porta, entrar pela janela.

    (Fonte: LA FONTAINE, Jean de. Fbulas. So Paulo: Escala, 2010, p. 35)

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    Texto II

    Panqueca de espinafre com recheio de queijo

    Massa:

    500 ml de leite 1 mao de espinafre cozido e espremido 4 ovos 1 colher (sopa) de manteiga derretida 200 g de farinha de trigo Sal a gosto

    Recheio:

    100 g de queijo gorgonzola 200 g de requeijo cremoso 1 pitada de pimenta-do-reino Molho de tomate para cobrir

    Modo de preparo

    No processador, ou no liquidificador, bata o leite com o espinafre at formarem uma mistura homognea. Passe a mistura para uma tigela e v acrescentando os outros ingredientes, mexendo

    sempre para ficar uma massa uniforme. Tempere com sal.

    Unte levemente uma frigideira antiaderente e coloque uma concha da massa. Gire um pouco a frigideira, para que a massa ocupe todo o espao, formando um disco.

    Doure de um lado e depois vire, com o auxlio de uma esptula, para dourar do outro lado. Misture bem os queijos do recheio, adicione uma pitada de pimenta-do-reino. Recheie as panquecas e enrole-as. Coloque-as numa travessa, com a parte que foi fechada para baixo. Cubra com um pouco de molho de tomate quente. Rendimento: 6 pores

    Fonte: ALMANAQUE CULINRIO. Disponvel em: Acesso em 16 fev. 2012

    Texto III

    O auto da Compadecida

    CHIC

    por causa dessas e outras que eu no me admiro mais de nada, Joo. Cachorro bento, cavalo bento, tudo isso eu j vi.

    JOO GRILO

    Quer dizer que voc acha que o homem vem?

    CHIC

    S pode vir. o nico jeito que ele tem a dar. A mulher disse que vai larg-lo se o cachorro morrer. O doutor diz que no sabe o que que o bicho tem, o jeito agora apelar para o padre. Hora de se chamar padre a hora da morte, ele tem de vir. Padre Joo! Padre Joo!

    PADRE (aparecendo na igreja)

    Que h? Que gritaria essa? (Fala afetadamente com aquela pronncia e estilo que Leon Bloy chamava sacerdotais.)

    CHIC

    Mandaram avisar para o senhor no sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um cachorro que est se ultimando para o senhor benzer.

    [...]

    PADRE

    Que maluquice! Que besteira.

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    JOO GRILO

    Cansei de dizer a ele que o senhor no benzia. Benze porque benze, vim com ele.

    PADRE

    No benzo de jeito nenhum.

    CHIC

    Mas padre, no vejo nada de mal em se benzer o bicho.

    JOO GRILO

    No dia em que chegou o motor novo do Major Antnio Moraes o senhor no benzeu?

    PADRE

    Motor diferente, uma coisa que todo mundo benze. Cachorro que nunca ouvi falar.

    (Fonte: SUASSUNA, Ariano. O auto da Compadecida. 35.ed. Rio de Janeiro: Agir, 2005, p.21-22)

    Texto IV

    Elementos coesivos so palavras ou expresses cuja funo estabelecer relaes lgicas entre as partes

    do texto como os conectivos ou fazer referncia a outros elementos presentes no texto pronomes,

    advrbios, sinnimos.

    Texto V

    Que o livro? Para fins didticos, na dcada de 1960, a UNESCO considerou o livro uma

    publicao impressa, que consta de no mnimo 56 pginas, sem contar capas.

    O livro um produto industrial.

    Mas tambm mais do que simples produto. O primeiro conceito que deveramos reter o de

    que livro como objeto o veculo, o suporte de uma informao. O livro uma das mais revolucionrias

    invenes do homem.

    (Fonte: OLIVEIRA, R.C. A histria do livro e a coleo A obra prima de cada autor. In: DUMAS, A. A dama das camlias.)

    BIBLIOGRAFIA

    DIONISIO, A.P; MACHADO, A.R.; BEZERRA, M.A. Gneros textuais e ensino. 4.ed. Rio de Janeiro: Lucerna,

    2005.

    FARACO, C.A.; TEZZA, C. Oficina de texto. 2.ed. Petrpolis: Vozes, 2003.

    LA FONTAINE, Jean de. Fbulas. So Paulo: Escala, 2010, p. 35

    SUASSUNA, Ariano. O auto da Compadecida. 35. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2005, p.21-22