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ORGANIZAÇÃO Coletivo de Sistematização de Santa Catarina: Andrea Viana Faustino Eliandra Gomes Marques Eloísa Salete Sokul Filomena Martins Lavado Laíde David Vitorino Rute Korte da Veiga Participaram no início do processo de sistematização de SC: André Ruas, Pe. Dilmar Sell e Nilton Floriano Edição: Cooperativa Catarse - Coletivo de Comunicação Projeto gráfico e Diagramação: Rafael Corrêa e Sarah Brito Ilustrações: Rafael Corrêa Tiragem: 1.000 exemplares Disponível para download em: http://cfessantacatarina.blogspot.com.br/ Realização Coletiva: Apoio:

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ORGANIZAÇÃO Coletivo de Sistematização de Santa Catarina:Andrea Viana FaustinoEliandra Gomes MarquesEloísa Salete SokulFilomena Martins LavadoLaíde David VitorinoRute Korte da VeigaParticiparam no início do processo de sistematização de SC:André Ruas, Pe. Dilmar Sell e Nilton Floriano

Edição: Cooperativa Catarse - Coletivo de ComunicaçãoProjeto gráfico e Diagramação: Rafael Corrêa e Sarah BritoIlustrações: Rafael CorrêaTiragem: 1.000 exemplares

Disponível para download em: http://cfessantacatarina.blogspot.com.br/

Realização Coletiva:

Apoio:

SUMÁRIO

I – APRESENTAÇÃO1. INTRODUÇÃO: O PROJETO CFES-SUL2. AUTOGESTÃO: O QUE ENTENDEMOS?

II – O TREM DA SISTEMATIZAÇÃO1. INTRODUÇÃO........................................................................................2. A ESTAÇÃO: O PLANO DA VIAGEM....................................................................3. A LOCOMOTIVA: A PRÁTICA DA AUTOGESTÃO...............................................4. OS TRILHOS: NOSSOS REFERENCIAIS...............................................5. OS VAGÕES: AS OFICINAS REGIONAIS....................................................................6. O DESTINO: CONSTRUÇÃO DE NOVOS CONHECIMENTOS E SABERES...............7. O DIÁRIO DE VIAGEM: OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO...................................

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A quem nos dirigimos?Às (aos) educador@s populares em economia

solidária – trabalhador@s que buscam espe-

rança e sentido para outro mundo, sociedade

e economia possíveis a partir da prática

pedagógica; a tod@s que se identificam com

o movimento da economia solidária.

I – ApresentaçãoEsta cartilha é nosso “Diário de Viagem” do percurso por Santa Catarina – Brasil. É fruto do

processo de formação de educador@s¹ do projeto “Centro de Formação em Economia Solidária

da Região Sul” – CFES-SUL, cujo foco é a prática de um dos princípios da economia solidária – ES: A

AUTOGESTÃO.

O texto está dividido em duas partes: na primeira contamos quais são nossas intenções e

pretensões com esse trabalho coletivo; nossas motivações mobilizadas por uma política pública

de educação em economia solidária; e nossas compreensões acerca da AUTOGESTÃO.

Na segunda parte nos ocupamos de contar a ideia geradora do TREM DA SISTEMATIZAÇÃO, método

que orienta a sistematização de nossas experiências e práticas educativas em economia

solidária, e destacamos o quão ricas são as experiências vivenciadas e sistematiza-das por

emergirem da práxis² de educador@s.

¹O uso do símbolo @ no meio dos vocábulos serve para integrar ambos os gêneros – o masculino e o feminino. Segundo PACS (2008, p.8) “é um modo de romper com padrões patriarcais, a começar pelos próprios padrões da língua portuguesa.”.

²Práxis: ação-reflexão-ação.

Que objetivos tem esse texto?Nossa proposta é (1) apresentar as percepções mais relevantes sobre o processo de aplicação da

metodologia da AUTOGESTÃO nas oficinas regionais realizadas em SC; (2) resgatar as experiências

vividas e vivenciadas pel@s educador@s nas oficinas regionais; (3) sistematizar, aprofundar e

divulgar experiências de educação em economia solidária.

Aliás, nossa intenção é que a AUTOGESTÃO possa ser aplicada em todo e qualquer

empreendimento econômico solidário – EES, assim contribuindo para o fortalecimento de suas

relações internas e externas e levando, sobretudo, à reflexão a atuação de trabalha-dor@s como

sujeitos históricos do movimento da economia solidária.

0 4

O objetivo do CFES–SUL foi criar uma rede de

educador@s em economia solidária, através

de pessoas que já atuavam no movimento,

para cooperar no fortalecimento dos EES'S

em seu potencial de inclusão social e de

sustentabilidade econômica, bem como em

sua dimensão emancipatória; e fazer

formação inicial e continuada em economia

solidária.

Para isso, realizaram-se, em Porto Alegre – RS,

cursos regionais com participantes do Rio

Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e

posteriormente cursos, encontros e oficinas

em diversas regiões de cada estado. Essas

atividades foram desenvolvidas na perspec-

tiva da práxis pedagógica transformadora

envolvendo educador@s nesse processo,

baseado nos princípios e nas metodologias da

autogestão e da educação popular.

0 5

Este material é especial porque

utiliza o método do Trem da

Sistematização, construído pelo

coletivo do CFES–SUL em 2010, e

que se utiliza de elementos

iconográficos nas várias etapas da

sistematização.

1. INTRODUÇÃO: O Projeto CFES-SulEm 2010, deu-se início ao projeto CFES–SUL,

convênio firmado entre a Secretaria Nacional

de Economia Solidária – SENAES, Ministério

do Trabalho e Emprego – MTE e Universidade

do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), sendo

que a consolidação desse projeto faz “parte

das estratégias de uma Política Nacional de

Formação em Economia Solidária. Essa

proposta vem sendo construída há algum

tempo, permeando os debates do Fórum

Brasileiro de Economia Solidária – FBES e da

SENAES – MTE”. (BRASIL, 2009, p.3).

Portanto, os CFES'S

(BRASIL, 2009,

p.3).

“são processos e espaços

de inovação científica e tecnológica,

favorecendo a realização de estudos e pes-

quisas e a disseminação de conhecimentos e

tecnologias formativas apropriadas à

realidade e diversidade dos Empreendimen-

tos Econômicos Solidários”

0 6 0 7

Ou seja,

(ANTEAG, 2005).

Em nossas atividades formativas/educativas

trabalhamos a AUTOGESTÃO como a prática

de um dos princípios da Economia Solidária e

a partir daí aplicamos metodologias

participativas levando à reflexão da necessi-

dade de autonomia para o exercício da

autogestão no chão do trabalho associado,

cotidianamente. Para isso, “afirmamos a au-

togestão como princípio e como prática da

Economia Solidária, que se vivencia nos dife-

rentes momentos e espaços, sendo o espaço

educativo também seu lugar”. (CÁRITAS BRA-

SILEIRA, 2012, p.15).

“a autogestão é um modelo de

organização em que o relacionamento e as

atividades econômicas combinam proprie-

dade e/ou controle efetivo dos meios de

produção com participação democrática da

gestão.”

Observamos que, apesar de algun(a)s

trabalhador@s não terem ideia do significado

ou da prática da autogestão, outr@s já

vinham executando-a em seus processos e

compartilhando-a na gestão autônoma e

democrática de seus EES'S. Sendo assim “a

autonomia coletiva sob o aspecto das práticas

faz referência à possibilidade de se tomar

decisões enquanto coletivo: a escolha das

tarefas (o que fazer e como fazer), das metas

(planejamento e eleição dos objetivos não

imediatos), do sentido do trabalho e da forma

de organização geral (eleição de procedimen-

tos e normas)”. (CATTANI, 2006, citado por

CRUZ, 2009, p.45).

Também foram realizadas oficinas regionais

onde @s educador@s fizeram o exercício de

experimentação do trabalho em alternância,

fazendo formação junto a trabalhador@s de

EES'S e viabilizando um processo de ensino-

aprendizagem às (aos) envolvid@s.

Entendemos que AUTOGESTÃO é a forma de

trabalhador@s organizad@s coletivamente

gerir o EES, pois são el@s que tomam as

decisões do que, como e quando produzir no

chão do trabalho associado³ e controlam todo

o processo produtivo.

A AUTOGESTÃO – um dos elementos consti-

tutivos da economia solidária, “é um projeto

de organização democrática que privilegia a

democracia direta”. (MOTHÉ, 2009, p.26).

2. AUTOGESTÃO: O que entendemos?

³ Trabalho associado é o mesmo que empreendimento econômico solidário.

Oficina Extremo Oeste

Oficina Extremo Oeste

0 8 0 9

2. A Estação: O Plano da Viagem

2. A Locomotiva: a prática da autogestão

A equipe de sistematização do coletivo de

educador@s de SC escolheu sistematizar as

experiências vivenciadas junto as quatro (4)

oficinas regionais realizadas durante o ano de

2011, as quais envolveram trabalhador@s de

EES'S urbanos e rurais das regiões do Extremo

Oeste, Oeste, Florianópolis, Sul, Vale do Itajaí

e Litorânea. Foi aplicada a autogestão da

pedagogia nas atividades educativas dessas

oficinas, através das equipes autoges-

tionárias. O tema foi consensuado pelo

coletivo no encontro estadual do CFES-SC em

dezembro de 2010: “Sustentabilidade dos

Empreendimentos Econômicos Solidários”.

Iniciamos nossa viagem na região do

EXTREMO OESTE e nosso percurso nos levou aDisponível em: < >.

No sítio < > encontram-se materiais teórico-metodológicos sobre sistematização, inclusive esse método na íntegra.

http://cirandas.net/cfes-nacional/trem-sistematizacao-sul.pdf

http://cirandas.net/cfes-nacional/biblioteca-do-cfes/sistematizacao?view=true

II - O TREM DA SISTEMATIZAÇÃO

1. Introdução

O TREM DA SISTEMATIZAÇÃO é um método

construído a partir dos referenciais teórico-

metodológicos baseados em Oscar Jara

Holiday, Elza Maria Fonseca Falkembach e

Cristina Meirelles que apresenta uma

linguagem popular e se utiliza da imagem do

trem para favorecer a compreensão do

processo de sistematização.

Este método foi utilizado no resgate das

experiências vivenciadas durante as ativida-

des previstas no projeto do CFES–SUL, com o

objetivo de sistematizar a prática da

autogestão da pedagogia.

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5

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5. Os Vagões: as oficinas regionais

A primeira parada da locomotiva foi na

ESTAÇÃO SÃO MIGUEL DO OESTE, localizada na

região do Extremo Oeste Catarinense,

durante os dias 26 e 27 de julho de 2011, no

San Willa's Hotel. Aí foi anexado o “primeiro

vagão” para composição do trem, cujo

coletivo foi composto pelos participantes da

primeira oficina realizada em Santa Catarina,

ou seja, representantes de EES rurais e urba-

nos, educador@s do coletivo de SC e

facilitadores convidados, a exemplo das três

(3) outras oficinas realizadas no estado.

O primeiro momento do dia foi marcado pela

mística de solidariedade e autogestão, que

possibilitou a apresentação d@s participan-

tes e suas expectativas, verificamos sua

importância para as formações em economia

solidária como prática social na protagoniza-

ção de mudanças no modo de pensar e agir.

juntando à locomotiva, através de quatro (4)

oficinas realizadas durante o ano de 2011.

Durante a realização das oficinas procuramos

avaliar a prática da autogestão da pedagogia

identificando não somente os aspectos

positivos, mas procurando também localizar

as contradições e os limites na busca por

respostas e soluções mais adequadas.

Essa avaliação possibilitou às agentes da

sistematização visualizar que à medida que

trabalhador@s se organizam para enfrentar

seus desafios e dificuldades vão acumulando

forças, crescendo em conhecimento, se

empoderando e aprimorando seus processos

produtivos através da formação/educação

“pensando criticamente a prática de hoje ou

de ontem que se pode melhorar a próxima

prática”. (FREIRE, 1996, p. 39).

4. Os Trilhos: nossos referenciais

Conduzimos as reflexões de nossas práticas

alicerçadas em referenciais políticos

construídos pelo movimento da economia

solidária como as Oficinas Nacionais de

Formação em Economia Solidária e a Carta de

Princípios do FBES e em referenciais teórico-

metodológicos como Mothé, Freire, entre

outros.

Pensamos nossa prática da sistematização de

forma participativa e colaborativa, amarran-

do e consolidando laços sociais, com a

finalidade de provocar a transformação social

através do compartilhamento de conheci-

mentos e experiências frutos dos saberes e

fazeres. Dessa forma, desejamos que essa

transformação se dê de forma emancipató-

ria a partir dos EES'S para todo o movimento

da economia solidária.

1 2 1 3

A simbologia da árvore remete ao todo, à

sustentabilidade já conquistada pelos EES'S.

As raízes simbolizam a base e nela está a

formação, ou seja, para os EES'S terem

sustentabilidade é preciso fazer formação e

aplicá-la continuamente. O caule é a sustenta-

ção para os galhos e também o meio que leva

o alimento que a raiz retira da terra. Os galhos,

que estão representados pelo tripé da

sustentabilidade, amparam as ramificações

pequenas onde estão contidas as folhas e os

frutos. Os frutos são as sementes plantadas e

que agora estão prontos para serem colhidos.

Essa técnica proporcionou aos grupos refletir

sobre as tomadas de decisões nos EES'S.

A linguagem popular, as metodologias

participativas e as articulações contribuíram

para a compreensão do processo educativo,

para a participação ativa nesse espaço de

gestão compartilhada, para a interação

através do diálogo, favorecendo a troca de

saberes e a geração do conhecimento e

elevação do nível de consciência dos sujeitos.

O trem fez sua segunda parada na ESTAÇÃO

CHAPECÓ, nos dias 08 e 09 de agosto de 2011

na Associação Estadual de Mulheres

Agricultoras (AEMA). Nesse espaço-tempo foi

realizada a segunda oficina de formação em

economia solidária de Santa Catarina, com

trabalhador@s de EES'S urbanos e rurais da

região do Oeste Catarinense.

Inicialmente, através da dinâmica O QUE

TRAGO e O QUE ESPERO, tod@s expressaram

suas expectativas, dentre elas destacam-se:

Destaca-se

que a mística esteve presente na abertura e

no fechamento da atividade, pois através dela

Nesse vagão,

75% eram mulheres de cooperativas e asso-

ciações.

“que todos nós construímos esse momento

para fortalecermos essa caminhada”; “troca

de experiências”; “ajuda mútua”.

A autogestão da pedagogia foi apresentada

através da criação de equipes de trabalho que

passaram a se reunir para compreender e

debater o seu papel na condução das

atividades. Esta metodologia participativa foi

bem aceita por tod@s, uma vez que as

responsabilidades durante a atividade de

formação não foram forçadas nem delegadas

e cada participante assumiu seu papel com

liberdade de escolha.

O resgate dos acontecimentos e fatos

históricos que marcaram o movimento da ES

na região, no estado e no Brasil, foi realizado

através de uma análise de conjuntura.

Com base nos princípios da economia

solidária – autogestão, cooperação, sustenta-

O

método da linha do tempo facilitou às(aos)

participantes visualizarem a participação de

seus EES'S naqueles fatos e acontecimentos,

inserindo-se de forma participativa.

bilidade e solidariedade –, a educadora suge-

riu às (aos) participantes formarem grupos

para que cada um debatesse sobre um dos

princípios.

Após o debate, os grupos socializaram suas

impressões, e em seguida foi proposta a

construção da concepção de economia

solidária. A(o)s trabalhador@s associad@s

entendem economia solidária como

Sobre o tema “Sustentabilidade dos EES'S” foi

realizada uma rodada de conversas cujas

reflexões serviram de base para a construção

de um mapa de ideias simbolizado por uma

árvore.

“um

conjunto de ações sustentáveis desde a

produção, comercialização e consumo que

levam em consideração os saberes do

coletivo, que compartilham os sonhos e

emoções, contribuindo com uma melhor

qualidade de vida”. (MEMÓRIA OFICINA

REGIONAL EXTREMO OESTE, 2011).

1 4 1 5

Com base nos princípios da economia

solidária e após a visualização de um vídeo

sobre esse tema, foi discutida a concepção de

economia solidária que culminou no seguinte

conceito:

Dessa percepção construída coletivamente

foi fácil compreender e traçar um paralelo

entre as diferenças de valores na economia

solidária e no capitalismo.

“é um jeito de viver através da

cooperação entre as pessoas, valorizando a

participação, onde os sujeitos são

protagonistas de sua vida, de sua história,

construindo de forma coletiva, a sua inclusão

na sociedade, de forma sustentável,

garantindo que haja igualdade e justiça

social na geração e distribuição da renda,

com a organização de redes, com a troca de

produtos e saberes e a autogestão de seus

empreendimentos.”.

Sobre o tema Sustentabilidade, colocou-se

que os EES's precisam pensar não só a parte

econômica, mas a social e ambiental

c o n j u n ta m e n t e p a ra a l c a n ç a r s u a

sustentabilidade.

Por fim, a avaliação da oficina feita a partir da

dinâmica QUE BOM, QUE PENA e QUE TAL apontou

como pontos positivos “as trocas de

experiências, as socializações, as equipes

autogestionárias, o processo formativo em

Economia Solidária”. Como sugestões têm-

se: “trazer canecas, participar dos diversos

espaços onde se discute e acontece a ES,

convidar mais pessoas para se envolver no

movimento”. Contudo, como crítica constru-

tiva, apontou-se a falta de envolvimento do

poder público na ES. (MEMÓRIA OFICINA REGIONAL

OESTE, 2011).

foi possível @s participantes se sentirem

acolhid@s e pertencentes àquele momento.

Nessa perspectiva, foi aberto diálogo sobre a

compreensão de cada um(a) do que é

AUTOGESTÃO para que, em seguida, fosse

apresentada como se daria a gestão da

oficina. Observamos que o momento foi de

surpresa quando tod@s receberam a infor-

mação que seriam cogestores das atividades

a partir da organização de EQUIPES

AUTOGESTIONÁRIAS.

Compreendida essa metodologia, as equipes

se reuniram e planejaram como podiam estar

contribuindo no processo de construção das

atividades, já que é um processo aberto e em

constante transformação.

1 6 1 7

foi centralizado por um(a) facilitador(a), de

forma acadêmica, na prática da educação

vertical, sem a construção de uma dinâmica

que envolva o coletivo, ocorreu uma inibição

d@s participantes na colaboração da

construção do entendimento do assunto.

Assim, na construção de qualquer processo

de formação autogestionária a coordenação

inicial tem que fazer um planejamento ante-

antecipado e flexível, prevendo possíveis

alterações no cronograma e nos temas,

considerando que nesse tipo de formação os

participantes também se inserem na

construção do processo de formação durante

os trabalhos.

A terceira parada do trem foi na ESTAÇÃO

FLORIANÓPOLIS, nos dias 11 e 12 de agosto de

2011, no Hotel Morro das Pedras. Esse

terceiro vagão apresentou uma superlotação,

porque veio com quarenta (40) represen-

tantes de EE'S das regiões SUL, FLORIANÓ-POLIS,

VALE DO ITAJAÍ e LITORÂNEA.

Desde o início os participantes se inseriram

nas equipes de autogestão (Coordenação,

Memória, Criatividade e Avaliação), já

praticando a autogestão e interagindo entre si

e entre as diversas regiões representadas.

Utilizando-se de diversas dinâmicas, @s

facil itador@s conseguiram construir

juntamente com @s trabalhador@s de forma

participativa os diversos conceitos e os

objetivos dos temas abordados. A partir da

análise e recorte de artigos em revistas

informativas, o coletivo fez suas reflexões em

torno da questão “Como você vê o mundo?” e

trouxe para o debate em plenária elementos

como a degradação do meio ambiente, falta

de investimentos na educação, violência,

consumismo desenfreado, etc..

Observamos que o material impresso

distribuído para os trabalhos influenciaram

negativamente na visão de mundo dos

participantes, apesar de alguns enfatizarem

questões positivas como a esperança, o amor

e a solidariedade. A partir dessa percepção, os

trabalhos resultaram numa plenária não

prevista.

Outras plenárias aconteceram no decorrer da

oficina com abertura ao diálogo sobre

“Resgate da História da Economia Solidária” e

“Formas de Formalização de EE'S”, resultando

em esclarecimentos de dúvidas e mudança de

paradigmas.

Durante determinada plenária notamos que

quando a provocação do tema a ser discutido

ilustração florianópolis

1 8 1 9

modo que identifiquemos estratégias e

pensamos novas ações para transformar a

prática diária.

Podemos contar de diversas formas, através

de diferentes canais, tudo o que foi analisado

e refletido durante o processo de sistema-

tização das experiências vivenciadas.

Assim, as agentes de sistematização decidi-

ram por produzir esta cartilha e um vídeo-

documentário como veículos de divulgação

das metodologias que envolveram a prática

da autogestão e os princípios da educação

popular nas oficinas realizadas. Os produtos

estão disponíveis em:

5. O Diário de Viagem: os canais de divulgação

http://cfessantacatarina.blogspot.com.br/

Desejamos que esse material sirva

de referência em outras atividades

de formação/educação para

aquel@s que de alguma forma

visualizem essa possibilidade

como veículo de transformação no

seu próprio meio ou a partir dele

fortalecer o movimento da

economia solidária.

As avaliações das atividades feitas pelo

coletivo apontaram que as trocas de

experiências enriqueceram os saberes e

contribuíram, e muito, para o resultado

positivo da oficina. Também se concluiu que

o número ideal para a realização de oficinas

de formação é de no máximo 20 pessoas,

considerando a diversidade de pessoas e de

atividades econômicas que integram os EES'S.

As agentes de sistematização destacam a

importância das equipes autogestionárias se

interrelacionarem, pois avaliar todo o

processo de formação provoca mudanças no

próprio conduzir das atividades e seus temas.

(MEMÓRIA OFICINA REGIÃO FLORIANÓPOLIS, SUL,

VALE DO ITAJAÍ E LITORÂNEA, 2011).

4. Destino: construção de novos conhecimentos e saberes

A viagem do TREM DA SISTEMATIZAÇÃO não

termina em Florianópolis. Desejamos que

outros vagões se anexem a este trem através

de novas atividades de formação com a

utilização da autogestão da pedagogia, com o

objetivo da continuidade dessa jornada cujo

destino final é consolidação da economia

solidária tornando-a fortalecida, atuante e

triunfante em suas lutas: outra economia é

possível; outro mundo é possível para tod@s

viverem.

Mesmo encontrando dificuldades e obstá-

culos objetivos e subjetivos durante a realiza-

ção dessa sistematização continuamos a

viagem de trem. E concluímos que é neces-

sário sistematizar e teorizar nossas experiên-

cias e práticas pedagógicas, refletindo-as de

2 0 2 1

MEMÓRIA Oficina Regional Extremo Oeste. São Miguel do Oeste/SC, julho 2011.

Disponível em: <http://www.cfessantacatarina.blogspot.com.br/>.

MEMÓRIA Oficina Regional Oeste. Chapecó/SC, agosto 2011. Disponível em:

<http://www.cfessantacatarina.blogspot.com.br/>.

MEMÓRIA Oficina Regional Florianópolis. Florianópolis/SC, agosto 2011.

Disponível em: <http://www.cfessantacatarina.blogspot.com.br/>.

MOTHÉ, Daniel. Autogestão. In: ESPANHA, Pedro. Dicionário internacional da

outra economia. Porto Alegre/RS: CES/Almedina, 2009.

VÍDEOSOUTRA Economia Acontece (documentário) – Arquivo de vídeo (25 min).

Disponível em:

<http://www3.mte.gov.br/ecosolidaria/prog_desenvolvimento_campanha_ma

terial_videos.asp>.

IMPRESSOS CONSULTADOSANTEAG – Associação Nacional dos Trabalhadores e Empresas de Autogestão e

Participação Acionária. Autogestão e Economia Solidária – Uma nova

Metodologia, v. 2. Ministério do Trabalho e Emprego, 2005.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria Nacional de Economia

Solidária. Termo de Referência para a implantação dos Centros de Formação em

Economia Solidária – CFES. Brasília: SENAES/MTE, 2009.

CÁRITAS BRASILEIRA. Sistematização de experiências da Economia Solidária.

Brasília: Cfes Nacional e Brasil Local Nacional, 2012.

CFES-SUL. Trem da Sistematização. Coletivo do CFES-SUL, Porto Alegre/RS, 2010.

CRUZ, Thales Speroni Pereira da. O desenvolvimento da autonomia coletiva em

empreendimentos de Economia Solidária. 2009. 120f. Monografia (Trabalho

Conclusão de Curso Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática

educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

PACS – INSTITUTO POLÍTICAS ALTERNATIVAS para o Cone Sul. Modos de fazer

socioeconomia. Contribuições à educação popular II. Rio de Janeiro: PACS, 2008.

2 2

Oficina Florianópolis

Oficina Florianópolis

Oficina OesteOficina Oeste