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Olimpíada de LP Escrevendo o futuro
Edição 2012
Ana Luiza Marcondes Garcia Belo Horizonte
10/04/2012
Considerações iniciais
► Olimpíada - concurso de textos produzidos por alunos brasileiros da rede pública + realizar atividades de formação continuada aos professores em torno do referencial teórico-metodológico adotado pela OLP
► Nossos objetivos: § Melhorar desempenho dos alunos; § Inserir as oficinas propostas pela Olimpíada nas ações
curriculares cotidianas das aulas de língua portuguesa ao propor uma metodologia de trabalho de ensino de LP com foco na escrita;
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
Foco na escrita ► O que é? Quando o estudo dos demais eixos do ensino de LP
(leitura, oralidade e reflexão sobre a língua e a linguagem) está articulado à produção de textos, que funciona como princípio organizador de todos os eixos.
► Por onde começar? Analisando antecipadamente as oficinas, considerando as características da turma e os conteúdos de Língua Portuguesa que se planejou desenvolver para adequar as oficinas propondo atividades complementares que articulem a produção do texto ao ensino de leitura, à prática da oralidade e à construção correlata dos conhecimentos linguísticos.
► Diagnóstico e planejamento - Publicação “O que nos dizem os textos dos alunos?”
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
Publicação “O que nos dizem os textos dos alunos? ”
► Resultados da análise de uma amostra estatisticamente representativa (e não somente dos textos finalistas) de 18 mil alunos que participaram da edição de 2010 da OLP.
► 4 especialistas se debruçaram sobre uma amostra de 400 textos de um determinado gênero da OLP (1600 textos ao todo)
► Nosso objetivo: apontar ► O que poderíamos fazer para que o padrão de excelência
esteja mais próximo de todos os alunos? ► Em que fases e/ou aspectos da escrita vale a pena o
professor insistir? ► Que outros tipos de atividades poderiam ser propostos,
além das que estão nas oficinas?
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
Olimpíada, edição 2012
► Mesmos gêneros e mesmas oficinas de 2010, mas agora com orientações bastante calcadas nos resultados desta análise
► Folder “A escrita que faz a diferença”
§ Convite ao professor para participar da Olimpíada e, ao mesmo tempo, estabelecer uma diretriz determinada para o trabalho em sala de aula, articulando a produção de textos aos demais eixos do ensino-aprendizagem em língua portuguesa
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
Olimpíada, edição 2012
► “4 gêneros em cartaz” ► antecipa aspectos que o professor não deve perder de
vista para otimizar e complementar as oficinas, realizando sugestões para trabalhar: § com qualquer gênero § com um gênero específico
► Na verdade, este material resume e especifica conteúdos e procedimentos didáticos que a análise dos 1600 textos apontou como importantes para que o padrão de excelência na escrita esteja mais próximo de todos os alunos.
► Vejamos de onde se parte:
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
A escrita como atividade transitiva ► Escrever:
§ para um interlocutor determinado, § movidos por objetivos mais ou menos bem definidos, § a respeito de assuntos de interesse comum § envolvendo esse ou aquele gênero; § portanto, em condições de produção bastante precisas,
capazes de balizar o quê e o como se tem a dizer.
► E como conseguir que os alunos atentem para todos estes pontos e descubram o perfil discursivo e textual de um gênero?
► Resposta: Tomando a produção de textos como princípio articulador do ensino da língua
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Escrita como princípio articulador
► Só se aprende o perfil discursivo e textual de um gênero: 1. lendo textos desse gênero; 2. Para se ter o que dizer, não importa em que gênero,
também é preciso, além de ler sobre o assunto , conversar, debater, entrevistar alguém — ou seja, desenvolver a proficiência em oralidade.
3. Para compreender o gênero como fato de linguagem, para dominar os recursos linguísticos envolvidos na construção da textualidade, há que refletir sobre a língua e a l i n g u a g e m , c o m p r e e n d e n d o e m a n i p u l a n d o adequadamente recursos expressivos e a metalinguagem, ou seja, os conceitos necessários para compreendê-los e para falar deles.
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1. Público-leitor 2. Tema
► Para quem os alunos produzem seus textos? Para a comunidade escolar; a coletividade e a comissão julgadora.
► Como não privilegiar ou abrir mão de nenhum desses interlocutores?
► Necessário bom jogo de cintura: conjugar a subjetividade de quem escreve à experiência da coletividade (o lugar onde vivo)
► Para tanto, não tomar o tema ao pé da letra, vê-lo mais como um mote, o assunto de onde os alunos partem, o “lugar” de onde e a respeito do qual falam ou o “motivo” do texto.
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1. Público-leitor 2. Tema
► Fundamental escolher uma perspectiva pessoal para focalizar no texto, um ponto de vista único e próprio que retrate a sua experiência de vida no lugar.
► Como trabalhar? Buscar a singularidade, orientar os alunos
sobre como conjugarem as experiências mais próximas, à história e ao imaginário locais, numa perspectiva que interesse ao público mais amplo possível.
► Investir na alimentação temática: relacionar as vivências
dos alunos à cultura letrada (grandes temas da agenda social).
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1. Público-leitor 2. Tema
Como fazer isso? § organize debates e conversas sobre o tema em sala de
aula; § forneça orientações concretas que ensinem o aluno a
pesquisar; § explore sistematicamente estratégias de leitura
(procedimentos de fazer sumários, de localização de fontes, de registro, de análise da credibilidade de textos pesquisados);
§ programe atividades interdisciplinares, em conjunto com os professores das demais disciplinas;
§ estimule a leitura de fotos, gráficos, tabelas e outros recursos multimodais que agreguem informações;
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1. Público-leitor 2. Tema
► O trabalho com os desafios propostos pelo tema e público-leitor permite desenvolver: § A leitura: Ler para se municiar para a escrita: ler com
objetivos, com compreensão e criticidade. Ler diferentes gêneros; inclusive aqueles, cuja produção se almeja.
§ A linguagem oral: Aulas que ensinem a debater, fazer exposições, conduzir seminários: não apenas colaboram para a reflexão sobre o tema, como também exploram competências orais a serem exercidas em contextos adequados para o ensino-aprendizagem da oralidade formal.
§ Conhecimentos linguísticos § 1. A trama das vozes: alheia, própria-alheia e própria:
aprender as diferentes formas de dizer, distinguindo a “sua própria voz” da “voz corrente”, aproximar-se ou distanciar-se de outros textos, manejar citações, alusões, comentários, paródias, referências, discurso direto, indireto e indireto livre.
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
1. Público-leitor 2. Tema
2. A progressão temática: respeitando o plano global do gênero e os objetivos que visam, os alunos devem aprender a construir a trama do texto, ou seja, manejar mecanismos e recursos linguísticos que permitem ► Retomar e antecipar informações ► Articular partes do texto ► Estabelecer relações de comparação, causa e consequência,
anterioridade e posterioridade, complementaridade entre as partes do texto
3. Tempos verbais - fazem sentido para a construção da narrativa na crônica e nas memórias
4. Figuras de linguagem importam ao poema; 5. Operadores argumentativos prestam-se ao artigo de
opinião.
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3. As diferentes etapas do processo de escrita
1. o planejamento, 2. a escrita da primeira versão, 3. a leitura crítica — pelo próprio aluno, pelos
colegas, pelo professor, 4. a(s) reescrita(s) e a edição do texto, 5. a revisão. Como trabalhar? Importante voltar a uma oficina já
realizada para refazer, repensar, retomando as etapas do processo de escrita do texto.
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
3. as diferentes etapas do processo de escrita
► Ensinar os alunos a “limar” a versão final. ► Ao trabalhar com as várias reescritas, ensinar,
construir ou sistematizar os conteúdos de gramática, conhecimentos l inguíst icos e convenções da escrita requeridos para aprimorar o texto, articulando o trabalho deste material à aula d e L í n g u a P o r t u g u e s a ( m e c a n i s m o s morfossintáticos, escolha lexical, ortografia, acentuação, pontuação, regência etc.)
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
POEMAS ► Olhar estrangeiro:
redescobrir a cidade ► Perspectiva: não só
enaltecimento; pode expressar mazelas, fazer humor ou ironia
► Ampliação do vocabulário: substantivos, verbos e adjetivos qualificadores
► Explorar figuras de linguagem: sinestesia, aliteração e também o ritmo
► Usar canções e trava-línguas para trabalhar o ritmo
► Explorar os jogos de palavras
► Leitura oral: uso da pontuação; trocar o lugar de rimas, palavras e versos; cortes
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte,
10/04/12
MEMÓRIAS LITERÁRIAS ► Leitura da coletânea:
temas e perspectiva enunciativa
► As reminiscências devem reconstruir, em alguma medida, o lugar
► Cuidar da escolha do entrevistado e do roteiro da entrevista
► Simular a entrevista
► Narrativa pode ser em 3ª p. e a voz do entrevistado ser marcada com aspas
► Atividades para: retomada de referentes, tempos e marcadores verbais, discurso direto e indireto
► Atividades de reescrita, visando à introdução de elementos ficcionais
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Crônica ► Leitura da coletânea:
qual o recorte do cotidiano?
► Promover um “instantâneo” do lugar onde se vive
► Atividades para diferenciação entre a crônica e outras formas de relato
► Função precisa das descrições na crônica
► Definir o tom da crônica e trabalhar com os recursos linguísticos correspondentes: escolha lexical e ordenação das orações; uso de aspas, reticências, parênteses e travessões para introduzir comentários, alusões, humor, ironia; uso de variedades linguísticas
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Crônica ► Descrição de cenários: deve predominar a posição
do observador em relação ao que é descrito, é necessário ser fiel a ele para manter a coerência;
► Além de narrativo-descritiva, a crônica conta algo com a intenção de fazer o leitor aceitar um certo ponto de vista. Logo, é importante identificar a “tese” que se esconde por trás de cada crônica;
► Atividades de reescrita específicas para mesclar aspectos da realidade com elementos ficcionais e próprios da linguagem literária, visando tornar a narrativa envolvente e singular.
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
Artigo de opinião ► Identificar na coletânea as
QP e caracterizá-las (sim/ não)
► Explorar os tipos de argumento; simular debates das QPs escolhidas e orientar a busca pela sustentação dos argumentos
► Insistir na insuficiência da mera denúncia: é preciso analisar o problema, assumir posição, refutar contra-argumentos e sustentar a argumentação
► Atividades de (re)escrita para o manejo dos recursos linguísticos: escolha lexical (não são neutras); progressão temática (evitando saltos), uso de operadores argumentativos; critérios claros para a paragrafação
► Especial atenção ao título: antecipar QP e instigar leitor, sem revelar posição
► Evitar clichês e fórmulas gastas; buscar recursos autorais, incluindo outras referências
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
Concluindo…
► Se puder ler, falar, ouvir e refletir sobre as operações linguísticas que deverá realizar para escrever o texto da Olimpíada, os alunos poderão desenvolver um conjunto pertinente de conhecimentos teóricos sobre a língua e a escrita, com a vantagem de fazer isso motivados pela prática e orientados para a prática.
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
Concluindo…
► Os mecanismos e recursos da língua precisam ser trabalhados na própria realidade em que aparecem.
► Com isso, evita-se a esterilidade do conhecimento pelo conhecimento nas aulas de Língua Portuguesa, das noções e conceitos que, por mais bem elaborados que sejam, parecem não ter qualquer vínculo com a língua viva ou com o trabalho da escrita.
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12
Referências bibliográficas
► RANGEL, Egon de Oliveira. Caminhos da escrita: O que precisariam dizer os textos doas alunos? In: __ (org.) Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro: o que nos dizem os textos dos alunos?. São Paulo: CENPEC: Fundação Itaú Social, 2011: 60 – 71.
► GARCIA, Ana Luiza Marcondes. Quatro gêneros em cartaz. (Encarte). São Paulo: CENPEC: Fundação Itaú Social, 2012.
► MORI DE ANGELIS, Cristiane. Apresentação no lançamento da Olimpíada de Língua Portuguesa em São Paulo, 2012.
Ana Luiza Marcondes Garcia. Belo Horizonte, 10/04/12