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O USO DO CINEMA NO ENSINO SUPERIOR: DADOS
PRELIMINARES DE UMA PESQUISA NA UFOP
Margareth Diniz/UFOP
Valeska Fortes/ UFSM
Resumo
O presente artigo busca apresentar os dados coletados e analisados da pesquisa
intitulada “Enredos da vida, telas da docência: os professores e o cinema, desenvolvida
na UFOP e em Santa Maria/Rio Grande do Sul. Em parceria com o Grupo de Pesquisas
em Formação e Condição Docente (PRODOC/FAE/UFMG), com esta investigação
identificamos, caracterizamos e analisamos as relações e vivências de professores da
Universidade em relação ao cinema, e buscamos compreender as visões e concepções, o
conhecimento e a prática docente e os significados e sentimentos que eles têm com o
cinema e suas práticas cinematográficas na universidade e fora dela. A pesquisa
desenvolvida apresentou como objetivo estabelecer uma interface com as atividades de
extensão universitária, como também com as chamadas pesquisas colaborativas e com a
pesquisa participante. Durante o desenvolvimento da pesquisa realizamos uma ampla
pesquisa bibliográfica por meio de artigos, livros, teses, relacionados com a temática
cinema e educação. Ainda, realizamos uma discussão coletiva acerca do questionário
que seria aplicado como instrumento de coleta de dados no intuito de fazer os devidos
ajustes com o publico a ser pesquisado no caso professores do ensino superior. Após o
pré-teste, foi disponibilizado o questionário online, de forma a facilitar a participação
dos professores da universidade. Sabemos mediante observações assistemáticas do
cotidiano da sala de aula, da escola e da docência, e dos dados preliminares coletados
nessa pesquisa que o cinema tem sido utilizado nas escolas, mediante a popularização
do vídeo, dos DVDs e demais equipamentos e objetos necessários à exibição e produção
de filmes, de cinema, e que muitos docentes utilizam filmes em suas aulas, para ilustrar
e ampliar os ensinamentos de determinados conteúdos, mas no ensino superior ainda há
uma certa resistência em seu uso, como verificamos a partir dos dados coletados.
Palavras chave: Pesquisa; cinema; ensino superior.
Introdução:
O presente artigo busca apresentar os dados coletados e analisados da
pesquisai. “Enredos da vida, telas da docência: os professores e o cinema, na UFOP e
em Santa Maria/Rio Grande do Sul. Em parceria com o Grupo de Pesquisas em
Formação e Condição Docente (PRODOC/FAE/UFMG), identificamos, caracterizamos
e analisamos as relações e vivências de professores da Universidade em relação ao
cinema, e buscamos compreender as visões e concepções, o conhecimento e a prática
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docente e os significados e sentimentos que eles têm com o cinema e suas práticas
cinematográficas na universidade e fora dela.
Pensar a vinculação do Cinema com a educação é de fundamental
importância, pois, ambos podem ser utilizados como instrumentos de enfrentamento da
realidade social onde estes sujeitos estão inseridos. A educação tende a introduzir o
reconhecimento de um determinado grupo. Este é determinado de várias
particularidades diferentes. A educação possibilita a formação de identidades, que
levem ao pertencimento dos sujeitos a uma categoria de atores sociais na busca do
fortalecimento da cidadania e direitos humanos. Já o cinema não pode ser separado
deste processo de reconhecimento.
Ao buscar teorizar e compreender um pouco mais o que denominamos
condição docente, analisando-a em sua fundação e realização, em suas texturas nas
sociedades contemporâneas, no Brasil, em particular, uma condição que se instaura na
relação docente/discente e que se desenvolve nos cenários da materialidade, da cultura e
da institucionalidade da escola (Teixeira, 2007) que se inscrevem, por sua vez, nos
processos, estruturas e dinâmicas sócio-históricas mais amplas, ressaltamos que a
condição docente se concretiza no exercício do trabalho de ensinar e aprender e de
aprender ensinando. Esse processo se associa não somente aos processos de formação
de professores, mas sobretudo às condições objetivas e subjetivas, materiais e
simbólicas das escolas e do exercício da docência, destacando-se as condições laborais
sob as quais o trabalho docente se realiza.
Como preocupação central no processo de formação docente articulado ao
processo de melhoria das condições docentes preocupa-nos, em especial, a formação
estético-expressiva, realizando dentre outras iniciativas na UFOP a ida a museus e sua
repercussão na ampliação do repertório cultural das professoras e em específico, aos
projetos de pesquisa/extensão em torno do cinema.
Considerando então que a vida nas sociedades contemporâneas, sociedades
do espetáculo, sociedades da imagem, colocam o cinema e o audiovisual em lugar de
destaque, interpelando com as mais diferentes imagens e cenas os indivíduos, sejam eles
crianças, jovens, adultos ou mais velhos, a educação do olhar, a leitura e alfabetização
imagética passa a se constituir um desafio e mais uma responsabilidade da escola.
Assim, a referida pesquisa desenvolvida em 5 estados brasileiros, dentre eles Minas
Gerais e Rio Grande do Sul, apresentemos a problemática central desta investigação,
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qual seja: as relações, os enredos, os significados, experiências e práticas dos docentes
com o cinema. Nas vidas dos professores nos interrogamos e buscamos compreender
algo mais acerca de seus encontros ou mesmo de seus desencontros com o cinema
ontem e hoje. Interrogamos e buscamos compreender sobre suas ideias, seus
sentimentos, suas experiências e práticas, seus trabalhos, individuais e coletivos com
cinema. Uma arte tão moderna que conheceram, as gerações mais antigas conheceram
em tempos remotos de suas vidas e que reencontram desta e daquela forma, neste e
naquele dia assim como as novas e intermediárias gerações docentes.
De acordo com (Teixeira, 2007) por uma razão e outra, aqui e acolá, nos
tempos e espaços de suas vidas cotidianas, na sala de aula, na escola, em suas
residências, nas salas de cinema, diante da TV ou onde seja docentes e discentes se
encontram com as imagens em movimento, com o audiovisual, com o cinema. Mas não
somente os docentes têm o cinema diante de si, pois que o cinema também os observa.
O cinema olha os professores/as e os descobre inteiramente humanos. Apreende-os,
compreende-os, captura-os em sua humana condição. Observados e interroga-os,
mirando-os em seus encontros e desencontros com as crianças, adolescentes e jovens
nos territórios da escola. O cinema olha os professores/as, reportando-se às salas de
aulas, aos corredores, aos pátios, aos espaços escolares das relações do ensinar-
aprender, do aprender-ensinando. O cinema olha os professores e penetra em suas
alegrias e dores, angústias e satisfações, venturas e desventuras. Toca em suas
dificuldades e realizações, nos sabores e dissabores do ofício de mestre. Penetra nas
incertezas e dúvidas dos docentes em seus sempre inacabamentos. Suas incompletudes.
O cinema olha os professores abrindo-se aos limites e potencialidades da docência, de
forma atenta, sensível, cuidadosa. Com um olhar que indaga e inquieta. Um olhar que
espreita e espera. Que anuncia e denuncia. Um olhar que surpreende. Isso é o que se
pode ver, ouvir e pensar diante de alguns filmes da cinematografia contemporânea,
cujos argumento e roteiro se desenrolam em torno da escola e seus sujeitos, de seus
textos e contextos. Não quaisquer filmes, mas um certo tipo de filmes e de cinema, que
não é o do puro consumo, nos termos de Bergala (2008).
A pesquisa partiu do pressuposto teórico-analítico de que os/as professores/as
são sujeitos socioculturais, que se diferenciam dos demais grupos, categorias e
segmentos de trabalhadores a partir de sua condição de docentes. Em outras palavras, a
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condição docente demarca os processos de construção identitária dos professores
particularizando-os face a outros atores, segmentos e grupos sociais.
Interrogamos ao longo da pesquisa como essa arte se coloca nestes cenários e
enredos da escola e da docência hoje? Por que falar e pensar o cinema na educação,
escola, na docência, no cotidiano da escola e nos processos educativos? O cinema
integra as mídias contemporâneas, nas quais as novas gerações estão enredadas. Assistir
a filmes e mesmo fazer pequenos exercícios fílmicos pode ser uma parte significativa da
formação e da experiência estética do sujeito contemporâneo, que nos remete à questão
da sensibilidade e do belo, que integra, por sua vez, a questão do que alguns denominam
como Educação do Olhar. É possível pensar, ainda, que a questão da estética nos
direciona para a problemática da formação e do exercício da ética, visto que projetos de
homem e hominização e a própria discussão da humanidade e do humanismo, e,
portanto, do ato e dos processos educativos, estão implicados em questões destes dois
domínios: ético e estético.
Mais especificamente, nos referimos não a qualquer criação ou obra
cinematográfica, ao cinema de puro consumo, nos termos de Alain Bergala (2008), mas
a um cinema que muito além da indústria cultural, é uma criação artística, como
também pode ser uma arte da memória, individual, coletiva, histórica. Pensamos em um
cinema que pensa, e que não é apenas transparência, mas opacidade. Buscamos, ainda,
uma discussão das relações entre Educação e Cinema, para muito além da utilização de
filmes como recurso didático ou de modo meramente instrucional. Ao contrário,
buscamos o cinema que participa da história não apenas como técnica, mas como arte e
ideologia, como linguagem e fruição estética, um cinema que interroga ao mesmo
tempo em que contempla e encanta a vida humana. O cinema como contemplação e
deslocamento, como experiência onírica e transcendência. Pensamos que a criação
cinematográfica é algo muito maior do que uma certa maneira de filmar, de posicionar e
de usar a câmera, pois implica em um maneiras de reconstruir e recriar a vida, podendo
dela extrair-se tudo o que se quiser, inclusive imaginar novas e outras formas de vivê-la.
O cinema, tal com a literatura, a pintura, a música, pode ser um meio de
explorarmos os problemas mais complexos do nosso tempo e da nossa existência,
expondo e interrogando a realidade em que vivemos, impedindo que ela nos obscureça e
nos submeta. Ao contrário, o cinema que pensa, pode propor novas formas de viver e
habitar o mundo, outro mundo, possível e necessário. Daí, também a simbiose que pode
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haver entre ética e estética nos terrenos da experiência e da aventura humana, nos
processos educativos e fazeres docentes.
Em suma, a escola, um direito de cidadania, está cada vez mais em pauta. Por
ser assim, os professores estão na cena, os professores estão nos palcos das salas de aula
e nas telas do cinema, tanto quanto nossas crianças, adolescentes e jovens estão nas
cenas e enredos da escola, da sala de aula, do campo e da cidade, daqui e acolá, em seus
protagonismos infantis e juvenis.
Os estudos e pesquisas no campo educacional, assim como os estudos do
mundo do trabalho, da Sociologia das Profissões e outros campos das Ciências
Humanas e Sociais, têm se debruçado sobre a docência e os docentes, sobre a escola e
seus sujeitos, seus tempos e espaços, entre outras de suas dimensões e aspectos.
Contudo, ainda há muito o que percorrer, o que problematizar, o que investigar e tentar
compreender. Entre o que ainda nos falta, entre as temáticas ausentes ou pouco
consideradas na investigação sobre os professores e a docência está a problemática das
práticas culturais docentes, nas quais se insere o cinema. Seja no que se refere às
relações e experiências dos professores com o cinema, seja quanto à sua utilização na
docência, no dia a dia da sala de aula e da escola.
Mediante estudos de perfis de professores, a exemplo do que foi realizado por
Fanfani (2005) ou da pesquisa de Gatti (2008) sabe-se que são raros os docentes que
frequentam salas de cinema e que se apropriam dos chamados bens culturais de um
modo geral. Contudo, não há estudos disponíveis que investiguem esta problemática
mais especificamente, examinando-a mais a fundo.
A pesquisa abordou dois ambientes educacionais: a Educação Básica, na qual
buscamos saber sobre o mal-estar docente, e no Ensino Superior, em que buscamos
saber se o cinema faz parte ou não de suas vidas e da sua prática docente, ou seja,
embora ela aconteça também no Ensino Superior, ela está vinculada à Educação Básica,
uma vez que nos interessa a posteriore entender como essa formação de professores nas
licenciaturas pode contribuir com a prática docente na educação básica. Assim, na
presente pesquisa buscamos identificar, caracterizar e analisar as relações e vivências de
professores/as da UFOP com o cinema. De um lado, no que se refere às suas histórias
pessoais e profissionais e as formas pelas quais o cinema nelas se faz presente,
buscando compreender as visões e concepções, os saberes e fazeres docentes acerca
desta arte em suas vidas. De outro, interrogamos não somente a forma como o cinema
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se faz presente ou as razões de sua ausência no trabalho docente no cotidiano da escola,
como também os significados e sentimentos inscritos em seus encontros com o cinema e
suas práticas cinematográficas ou com cinema na escola e fora dela.
Durante o andamento da pesquisa, foi feita a discussão em torno de um
instrumento básico construído também coletivamente e decidimos o que teria que ser
modificado, para que o questionário pudesse ser aplicado para os professores do Ensino
Superior. Com o intuito de saber se as questões estavam claras e objetivas, foi feito um
pré-teste onde percebemos o que poderia ser modificado para o melhor entendimento do
questionário, após o pré-teste, fizemos contato com o NTI para disponibilizar o
questionário online, sendo aplicado para os professores da universidade através da
plataforma online da UFOP.
Metodologia:
Optamos por desenvolver uma pesquisa de abordagem qualitativa utilizando
em sua primeira etapa como instrumento de coleta de dado a aplicação de um
questionário aos participantes e na segunda etapa a partir da categorização alcançada a
partir dos questionários trabalharemos os dados qualitativos. O questionário foi
estruturado a partir de três eixos a saber: O primeiro eixo analítico da investigação
intitulado: O cinema de cada um: viveres e memórias cinematográficas, que buscou
levantar e analisar como o cinema está colocado nas histórias e vidas pessoais dos
grupos de professores investigados. Foram investigadas as práticas usuais, as
experiências, o acesso e os significados, as concepções e as relações dos professores
com o cinema em suas vidas, no passado e no presente, através da elaboração de
memórias cinematográficas, entre outros encaminhamentos metodológicos. Esta
dimensão contempla não somente como os docentes compreendem, definem e
interpretam seus trabalhos educativo-pedagógicos com o cinema, mas também a
presença ou possível ausência do cinema na vida pessoal dos professores, visto que
ambas as dimensões, pessoais e profissionais não podem ser separadas.
O segundo vértice de análise, intitulado O cinema vai à universidade pelas
mãos dos professores procurou rastrear, identificar e categorizar os projetos, trabalhos e
atividades que envolvem cinema e educação, ou identificar alguns professores que
realizam tais projetos, trabalhos ou atividades com certa regularidade, independente da
maneira como o fazem, podendo variar desde a simples exibição de filmes até a
produção de pequenos filmes com os adolescentes e jovens alunos. Quanto à
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regularidade, os trabalhos e atividades com cinema que costumam ser realizados pelos
professores ao menos duas vezes a cada semestre letivo, ou seja, a cada quatro vezes em
cada ano escolar. Contudo, tendo em vista o pouco conhecimento que temos do assunto
no momento, essa referência poderá ser alterada para menos ou para mais, no que se
refere à regularidade deste tipo de trabalho, que será considerado seja quando realizado
individualmente por algum professor ou professora, seja coletivamente, por um grupo
de docentes.
O terceiro vértice ou eixo de análise intitulado “Professores no cinema e
professores fazendo cinema”, está articulado aos anteriores, porém deles se distingue.
Nele buscaremos analisar e compreender, como no vértice dois, as relações e
experiências profissionais e pessoais dos professores com o cinema e será realizado na
segunda etapa da pesquisa.
Após a coleta dos dados, foi feita a tabulação com os resultados obtidos, para
então começarmos uma análise preliminar. Na reunião de supervisão realizada com a
professora Valeska Fortes, foi decidido que fizéssemos categorias de análises, para
conhecer o perfil dos entrevistados e a sua relação com o cinema na vida e na prática
docente. Na extensão, em articulação com o programa PET-UFOP, produzimos um
catálogo contendo filmes e sinopses relacionados à educação e cinema a ser distribuído
entre os/as professores/as da educação básica e do ensino superior.
Resultados/ Análise
Aqui apresentaremos alguns dos dados levantados em relação ao primeiro
eixo: a participação dos professores da UFOP ocorreu de forma espontânea onde estes
puderam responder ao questionário. Tivemos um total de 46 professores/as, sendo que a
maior parte dos participantes é do sexo masculino. (65% masculino e 35% feminino).
Têm idade média entre 41 a 50 anos (Idade: 35% de 41 a 50 anos, 22% de 31 a 35 anos,
19% de 36 a 40 anos, 8% de 26 a 30anos, 5% de 51 a 55 anos, 5% de 56 ou mais e 3%
até 25 anos. Dos participantes que assistem filmes, a grande parte se considera branca
(70% branco, 27% indígena, 3% pardo). Pouco mais da metade dos participantes não
tem filhos (Filhos: 51% não, 49% sim). 100% têm nível de graduação completa na
formação escolar e a maior parte não fez pós-graduação Lato Sensu (Lato Sensu –
Especialização: 73% não fez, 24% completo, 3% em curso), mas em relação à Pós-
graduação Strictu Sensu – Mestrado: 94% possuem, 3% estão em curso e 3% não fez) e
Doutorado: 62% completo, 22% em curso, 16% não fez. A grande maioria dos
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participantes não exerce outra ocupação remunerada (89% não e 11% sim). Em relação
ao trabalho doméstico e sua freqüência os participantes responderam que: 38% realizam
semanalmente, 32% diariamente, 16% raramente, 11% nunca realiza, 3%
quinzenalmente. A maior parte dos participantes tem renda mensal acima de 10 salários
mínimos, sendo que a renda menor é de 2 a 4 salários mínimos. (Renda mensal pessoal:
49% acima de 10 salários mínimos, 27% de 07 a 10 salários mínimos, 13% de 04 a 07
salários mínimos, 11% de 02 a 04 salários mínimos).
No gráfico abaixo agrupamos nove gráficos da mesma categoria, para
visualizar a porcentagem maior de cada resposta dos entrevistados, em relação a sua
assistência de filmes fora da escola, como mostra em síntese o gráfico 1.
De acorde com o gráfico acima, observa-se que o hábito de assistir filme com
membros da família como esposa, companheiro, esposa e filhos, foi declarado como
sem frequência alguma em quase, ou até mais, que a metade da população entrevistada.
A minoria em geral assistem filmes junto a amigos. O hábito de assistir filme com
membros da família como irmãos, pais e sobrinhos, foi declarado como sem frequência
alguma em quase, ou até mais, que a metade da população entrevistada. Com membros
da família como outros parentes ou outros, foi declarado como sem frequência alguma
em quase, ou até mais, que a metade da população entrevistada. A maioria assistem
filmes sozinhos.
No segundo eixo: Podemos perceber que quase todos os entrevistados tem o
hábito de assistir filmes (97% sim e 3% não), sendo que quase a metade dos
entrevistados assistem filmes semanalmente em (DVD/ Locadora/ Vídeo/ Internet),
informando que 40% semanalmente, 30% raramente, 22% quinzenalmente, 8%
mensalmente e mais da metade dos entrevistados assistem filmes no cinema
mensalmente (32% mensalmente), raramente (30%), quinzenalmente (27%),
semanalmente (11%). Quase a metade dos entrevistados costuma assistir filmes fora da
escola com amigos no tempo livre algumas vezes (49% algumas vezes, 30% raramente,
13% sempre, 8% nunca). Quase a metade, assistem filmes fora da escola com esposa/o
ou companheiro/a algumas vezes (40% algumas vezes, 35% sempre, 22% nunca, 3%
raramente). Mais da metade dos participantes nunca assistem filmes com os filhos (62%
nunca, 22% algumas vezes, 11% sempre, 5% raramente); com irmãos (47% nunca, 25%
algumas vezes, 25% raramente, 3% sempre). Mais da metade dos participantes nunca
assistem filmes com pais (57% nunca, 21% raramente, 19% algumas vezes, 3%
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sempre), ou com sobrinhos (57% nunca, 30% algumas vezes, 13% raramente) e mais da
metade dos participantes nunca assistem filmes com outros parentes (68% nunca, 19%
algumas vezes, 13% raramente). Podemos perceber que quase a metade dos
entrevistados costuma assistir filmes sozinhos sempre (46% sempre, 40% algumas
vezes, 11% raramente, 3% nunca). A grande maioria dos participantes nunca assistem
filmes com outros (78% nunca, 14% algumas vezes, 5% sempre, 3% raramente). A
título de síntese apresentamos o gráfico 2. A frequência em que assistem a estes filmes é
semanalmente, sendo tais de locadora, DVD, internet, televisão e vídeo. Assistir filmes
diretamente no cinema não é muito frequente entre os entrevistados.
Quanto à indicação de filmes, mais da metade dos participantes costumam
seguir recomendações de indicações sobre filmes (58% sim, 36% eventualmente, 6%
não). E a grande maioria dos participantes considera que o mais importante na escolha
do filme é o tema/ assunto, sendo que o que se pode ver, ouvir e pensar diante de alguns
filmes da cinematografia contemporânea, cujos argumentos e roteiro se desenrolam em
torno da escola e seus sujeitos, de seus textos e contextos, confirmando o que Bergala
(2008) afirma: não quaisquer filmes, mas certo tipo de filmes e de cinema, que não é o
do puro consumo. Neste repertório não estão, por exemplo, filmes hollywoodianos
exibidos em inúmeras salas de cinema, nos quais os professores são apresentados como
salvadores ou heróis, mas outros tipos de cinematografia, de um cinema feito como arte,
como indicam os dados: 70% tema/assunto, 19% diretores, 5% atores, 3% ano, 3%
todos os itens acima me interessam. Mais da metade tem preferência por algum gênero
de filme (68% sim e 32% não).
Mais da metade dos entrevistados costuma exibir filmes em seus trabalhos de
professor/a algumas vezes e sempre. O cinema olha os professores e penetra em suas
alegrias e dores, angústias e satisfações, venturas e desventuras. Toca em suas
dificuldades e realizações, nos sabores e dissabores do ofício de mestre. Penetra nas
incertezas e dúvidas dos docentes em seus sempre inacabamentos. Suas incompletudes.
O cinema olha os professores abrindo-se aos limites e potencialidades da docência, de
forma atenta, sensível, cuidadosa. Com um olhar que indaga e inquieta. Um olhar que
espreita e espera. Que anuncia e denuncia. Um olhar que surpreende (32% algumas
vezes, 30% sempre, 24% raramente, 14% nunca). Quase a metade dos entrevistados
costumam usar filmes raramente na universidade. Trata-se, ainda, de observações e
conhecimentos pouco sistematizados que deixam a descoberto os diferentes aspectos,
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questões e dimensões constitutivas das relações e diálogos possíveis entre educação e
cinema, entre docência e cinema, entre sala de aula e cinema. Pouco se conhece acerca
dos limites e possibilidades do cinema na escola, inclusive como elemento que pode
qualificar e aprimorar as relações entre docentes discentes no dia a dia da escola e das
salas de aula (41% raramente, 17% semestralmente, 14% a cada dois meses, 14% a cada
três meses, 11% mensalmente, 3% semanalmente). Embora a maioria alegue que nunca
teve dificuldade para trabalhar com exibição de filmes na universidade (43% nunca,
35% algumas vezes, 22% sempre), percebemos que mais da metade dos entrevistados
considera pouco necessário a exibição de filmes pelos professores em seus trabalhos
com os/as estudantes. Mas não somente os docentes têm o cinema diante de si, pois que
o cinema também os observa. O cinema olha os professores/as e os descobre
inteiramente humanos. Apreende-os, compreende-os, captura-os em sua humana
condição. Observa os e interroga-os, mirando-os em seus encontros e desencontros com
as crianças, adolescentes e jovens nos territórios da escola. O cinema olha os
professores/as, reportando-se às salas de aulas, aos corredores, aos pátios, aos espaços
escolares das relações do ensinar-aprender, do aprender-ensinando (67% um pouco
necessário, 30% imprescindível, 3% desnecessário) e assim, mais da metade dos
entrevistados nunca realiza outras atividade com cinema, além da exibição de filmes na
universidade. Quase a metade dos entrevistados considera pouco necessária a realização
de atividade com cinema pelos professores em seus trabalhos com os/as estudantes.
Considerando que o cinema integra as mídias contemporâneas, nas quais as novas
gerações estão enredadas. Assistir a filmes e mesmo fazer pequenos exercícios fílmicos
pode ser uma parte significativa da formação e da experiência estética do sujeito
contemporâneo, que nos remete à questão da sensibilidade e do belo, que integra, por
sua vez, a questão do que alguns denominam como Educação do Olhar precisamos
realizar um trabalho de formação com os docentes nessa direção (57% um pouco
necessário, 32% imprescindível, 11% desnecessário).
A grande maioria dos participantes considera que a exibição de filmes e
atividades com cinema, tem grande impacto e/ou contribuição na sua experiência de
vida, pessoal e profissional (78% tem grande impacto e/ou contribuição, 16% tem
pouco impacto, 6% não tem impacto), mas alegam que poderiam participar de grupos de
trabalho e/ou de projetos sobre cinema/professor/universidade (62% sim e 38% não).
Considerações finais:
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Sabemos mediante observações assistemáticas do cotidiano da sala de aula,
da escola e da docência, e dos dados preliminares coletados nessa pesquisa que o
cinema tem sido utilizado nas escolas, mediante a popularização do video, dos DVDs e
demais equipamentos e objetos necessários à exibição e produção de filmes, de cinema,
e que muitos docentes utilizam filmes em suas aulas, para ilustrar e ampliar os
ensinamentos de determinados conteúdos, mas no ensino superior ainda há uma certa
resistência em seu uso, como verificamos a partir dos dados coletados. Contudo trata-se,
ainda, de observações e conhecimentos pouco sistematizados que deixam a descoberto
os diferentes aspectos, questões e dimensões constitutivas das relações e diálogos
possíveis entre educação e cinema, entre docência e cinema, entre sala de aula e cinema.
Pouco se conhece acerca dos limites e possibilidades do cinema na escola, inclusive
como elemento que pode qualificar e aprimorar as relações entre docentes discentes no
dia a dia da escola e das salas de aula.
A segunda parte da pesquisa que terá o terceiro eixo de análise como foco
visará entender a docência propriamente dita, os sentidos e significados que os
professores lhe atribuem, bem como as dificuldades, as tensões, as alegrias, realizações
e conquistas dos professores são focalizada, tendo o cinema como um recurso
mobilizador desta discussão. Isto é, essas questões serão investigadas com grupos de
professores a partir de filmes ou produções cinematográficas que discutem a docência,
porque trazem em seu argumento e roteiro a escola e seus sujeitos, os professores de
modo especial. Neste caso, os docentes investigados se verão como num espelho,
vendo-se na tela.
Consideramos assim, que uma arte tão moderna que conheceram, as gerações
mais antigas conheceram em tempos remotos de suas vidas e que reencontram desta e
daquela forma, neste e naquele dia assim como as novas e intermediárias gerações
docentes. Por uma razão e outra, aqui e acolá, nos tempos e espaços de suas vidas
cotidianas, na sala de aula, na escola, em suas residências, nas salas de cinema, diante
da TV ou onde seja docentes e discentes se encontram e se encontrarão com as imagens
em movimento, com o audiovisual, com o cinema.
Referências bibliográficas:
Diniz, Margareth; NUNES, Célia; TEIXEIRA, Inês. Projeto de pesquisa:
“Enredos da vida, telas da docência: os professores e o cinema”. CNPQ. 2012 – 2014.
Didática e Prática de Ensino na relação com a Formação de Professores
EdUECE- Livro 205010
BERGALA, Alain (2008). A Hipótese-Cinema: pequeno tratado de transmissão do
cinema dentro e fora da escola. Rio de Janeiro: UFRJ.
RAMOS, Ana Lúcia Azevedo e TEIXEIRA, Inês Assunção de Castro (2010).
Os professores e o cinema na companhia de Bergala. Revista Contemporânea de
Educação, 5 (10), pp.7-22.
TEIXEIRA, Ines Assunção de Castro (2007). Da condição docente: primeiras
aproximações teóricas. Revista Educação & Sociedade, 28 (99), pp.426 a 443.
Gráfico 1
49 % 40 %62 %
47 %57 % 57 % 67 %
46 %
78 %
0
20
40
60
80
100
Nos seus tempos livres, fora da escola, com quem você costuma assistir filmes
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Gráfico 2
i O presente artigo busca apresentar os dados coletados e analisados da pesquisa. “Enredos da vida, telas da docência:
os professores e o cinema, na UFOP e em Santa Maria/Rio Grande do Sul. Em parceria com o Grupo de Pesquisas em
Formação e Condição Docente (PRODOC/FAE/UFMG), identificamos, caracterizamos e analisamos as relações e
vivências de professores da Universidade em relação ao cinema, e buscamos compreender as visões e concepções, o
conhecimento e a prática docente e os significados e sentimentos que eles têm com o cinema e suas práticas
cinematográficas na universidade e fora dela.
40 % 40 %32 %
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Meio em que assistem filmes
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