o triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos xvii e xviii

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História - 11º Ano História - 11º Ano Ponto 3 – Triunfo dos estados e Ponto 3 – Triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII XVII e XVIII 3.1. Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio. 3.1.1. O tempo do grande comércio oceânico Nos séculos XVII e XVIII, um conjunto de nações reservava para si as ligações oceânicas: Portugal Portugal, Espanha Espanha, Holanda Holanda, França França e Inglaterra nglaterra detinham a maior fatia do comércio intercontinental, que gerava lucros extraordinários. Estimulados pelas oportunidades que se lhes abriam, os mercadores europeus criaram grandes companhias de comércio, desenvolveram novos mecanismos financeiros e orientaram todo o seu saber para a expansão dos negócios. Escola Secundária da Senhora da Hora Prof. Alberto Telmo de Araújo O Professor – Alberto Telmo Araújo 1

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História A - 11º Ano

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História - 11º AnoHistória - 11º Ano

Ponto 3 – Triunfo dos estados e dinâmicas Ponto 3 – Triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIIIeconómicas nos séculos XVII e XVIII

• 3.1. Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio.• 3.1.1. O tempo do grande comércio oceânicoNos séculos XVII e XVIII, um conjunto de nações reservava para si as ligações oceânicas: PortugalPortugal, EspanhaEspanha,

HolandaHolanda, FrançaFrança e Inglaterranglaterra detinham a maior fatia do comércio intercontinental, que gerava lucros extraordinários.

Estimulados pelas oportunidades que se lhes abriam, os mercadores europeus criaram grandes companhias de comércio, desenvolveram novos mecanismos financeiros e orientaram todo o seu saber para a expansão dos negócios.

Escola Secundária da Senhora da Hora Prof. Alberto Telmo de Araújo

O Professor – Alberto Telmo Araújo

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Continuação …Continuação … … Gerar capital, investi-lo e aumentá-lo privilegiando o

grande comércio, tornou-se o motor da economia europeia que entrou, de forma clara, na era do capitalismo comercialcapitalismo comercial – ConceitoConceito (Sistema económico que se afirmou nos séculos XVI a XVIII e que se caracteriza pela procura do maior lucro, pelo espírito de concorrência e pelo papel determinante do comércio como motor do desenvolvimento económico).

Esta dinâmica económica impulsionou a colonização da América, continente vasto e, até aí, subaproveitado, que adquire, então, um lugar de destaque nos circuitos comerciais europeus. Os seus colonos cultivavam açúcar, café, tabaco e algodão, criam gado, extraem ouro. Estes produtos são enviados são enviados para a metrópole que, em troca, lhes fornece produtos agrícolas, industriais e a tão necessária mão-de-obra escrava, trazida de África, em grandes navios de carga (navios negreiros).

Assim, à tão cobiçada rota do Cabo, junta-se uma próspera rota atlântica que une a Europa, a África e a América – a rota rota TriangularTriangular.

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• Eixo deste comércio triangular, o tráfico negreiro não parou de

crescer, atingindo, então, o seu ponto mais alto. Entre 1710 e 1810 (cem anos) terão desembarcado na América cerca de 6 milhões de escravos, o que corresponde a mais de 60% dos negros transaccionados nos três séculos e meio deste tráfico.

• 3.1.2 Reforço das economias nacionais: o Mercantilismo

• A expansão do comércio transoceânico coincidiu com a afirmação das monarquias absolutas que viram no domínio das áreas comerciais e na riqueza que estas proporcionavam a forma de aumentar o seu poderio. Mais do que em qualquer época anterior, eram necessários capitais para custear o luxo, reforçar o aparelho de Estado e mobilizar exércitos que impusessem a supremacia do

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Continuação …Continuação …… do país relativamente aos seus vizinho. Foi com este objectivo, que se

pôs em prática a primeira doutrina económica da História. Valorizando a actividade mercantil, esta doutrina denominou-se Mercantilismo - Mercantilismo - conceito conceito (teoria económica enunciada nos séculos XVI, XVII e XVIII, que defende uma forte intervenção do Estado na economia. O objectivo dessa intervenção era o aumento da riqueza nacional, identificada com a quantidade de metais preciosos acumulados pelo país. São características do Mercantilismo as medidas de tipo proteccionista e monopolista. O termo Mercantilismo designa, igualmente, as políticas económicas que, de acordo com esta teoria, foram implementadas em grande parte dos países europeus no século XVII e na primeira metade do século XVIII.

Os pensadores mercantilistas estavam firmemente convencidos que a riqueza de um Estado se media pela quantidade de metais preciosos que este possuísse. Assim, toda a acção económica deveria ter em vista a canalização, para o país, de uma parte significativa do dinheiro que circulava no comércio europeu.

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Continuação …Continuação …

• Tal só seria possível se a balança comercial fosse favorável, isto é, se o valor das exportações excedesse o das importações. Havia, assim, que produzir internamente o mais possível, de forma a reduzir o volume de mercadorias importadas e , inversamente, incrementar as vendas ao estrangeiro.

• Na lógica mercantilista, competia ao Estado todas as medidas necessárias para atingir este objectivo. Estas medidas traduziam-se num apertado proteccionismo económico que fomentava a produção (ver Doc.5, Pág,81) e salvaguardava os produtos e as áreas de comércio nacionais da concorrência estrangeira.

• Assim, podemos dizer que a actuação dos governos se deveria pautar por três linhas fundamentais:

1. O fomento da produção industrial - tendo em vista promover a auto-suficiência do país neste domínio,

2. A revisão das tarifas alfandegárias – sobrecarregando os produtos estrangeiros e aliviando as taxas que pesavam sobre os nacionais,

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de forma a torná-los mais competitivos.

3. O incremento e reorganização do comércio externo – de forma a proporcionar mercados de abastecimento de matérias-primas e de colocação de produtos manufacturados.

Embora comuns a todas as políticas mercantilistas, a aplicação destas medidas revestiu diversas formas, consoante os países que as adoptaram. Assim aconteceu em França e em Inglaterra, os dois reinos europeus, que de forma mais eficaz, seguiram esta doutrina económica.

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O Mercantilismo em FrançaO Mercantilismo em França

• Em França, o Mercantilismo impôs-se pela mão firme de Colbert (1619-1683), ministro de Luís XIV (ver Doc.3, Pág.83). Preocupado pela grande quantidade de mercadorias que entravam no reino pela mão dos Holandeses, Colbert pôs todo o seu empenho no desenvolvimento das manufacturas.

• É precisamente a importância conferida ao sector manufactureiro, bem como a sua feição altamente dirigista, que caracterizam o Mercantilismo francês, também conhecido por ColbertismoColbertismo.

• Com o fim de evitar as importações, Colbert introduziu novas indústrias (cristais, tecido holandeses, bordados de Veneza), recorrendo à importação de técnicas e mão-de-obra estrangeira. Impulsionou, também a criação de grandes manufacturas, quer incitando os produtores a associar-se, quer concedendo vários privilégios, como monopólios de fabrico, incentivos fiscais e subsídios.

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Esquema do Mercantilismo (1)Esquema do Mercantilismo (1)

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Esquema do Mercantilismo (2)Esquema do Mercantilismo (2)

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Esquema do Mercantilismo (3)Esquema do Mercantilismo (3)

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Mercantilismo e AbsolutismoMercantilismo e Absolutismo

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O Estado AbsolutistaO Estado Absolutista

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Rota do comércio triangularRota do comércio triangular

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Rota do Comércio TriangularRota do Comércio Triangular

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Condições em que eram transportados Condições em que eram transportados os escravos negrosos escravos negros

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Navios negreirosNavios negreiros

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Assim nasceram as célebres manufacturas reais, as quais tanto pertenciam tanto ao Estado como a particulares e dedicavam-se sobretudo ao fabrico de artigos de luxo destinados a fornecer a corte.

Em troca dos privilégios e subsídios concedidos, o Estado tinha o direito de regulamentar minuciosamente a actividade industrial: matéria-prima, qualidade, horas de trabalho, preços, tudo era controlado através de um corpo de inspectores criados para o efeito.

No que se refere ao comércio, Colbert investiu fortemente no desenvolvimento da frota mercante e da marinha de guerra. Seguindo o modelo já experimentado pela Holanda e pela Inglaterra, procedeu à criação de grandes companhias monopolistas, às quais reservou, em exclusivo, os direitos de …

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O sistema mercantil em InglaterraO sistema mercantil em Inglaterra

… comércio sobre determinada zona. Todos os particulares que aí pretendessem negociar deveriam entrar para a respectiva companhia.

O Colbertismo representa a corrente mais dirigista de todo o Mercantilismo, mas apesar das críticas foi o modelo mercantilista mais adoptado pelos países europeus.

=> Em Inglaterra, as medidas de tipo mercantilista foram implementadas lentamente, procurando resolver as dificuldades económicas que iam surgindo. Assumiram por isso, um carácter mais flexível, adaptando-se aos tempos e às circunstâncias, o que lhes proporcionou um elevado grau de eficácia.

Para além disto, o mercantilismo Inglês distingue-se pela valorização da marinha e do sector comercial.

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Continuação …Continuação …• Tal como aconteceu em França, foi o poderio económico dos

Holandeses que motivou as medidas proteccionistas mais fortes, Só que, em Inglaterra, a concorrência holandesa fazia-se sentir sobretudo nas áreas dos transportes marítimos e do comércio externo.

• Entre 1651 e 1663, foram promulgadas uma série de leis – os Actos de Navegação – destinadas a banir os Holandeses das áreas de comércio britânico. Por sua determinação, todas as mercadorias estrangeiras que entrassem em Inglaterra seriam obrigatoriamente transportadas em embarcações inglesas ou do país de origem. De igual forma, reservou-se à marinha britânica, em exclusivo, a navegação de cabotagem (é a navegação realizada entre portos interiores do país pelo litoral ou por vias fluviais. A cabotagem contrapõe-se à navegação de longo curso, ou seja, aquela realizada entre portos de diferentes nações). E o transporte para Inglaterra das mercadorias coloniais.

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Continuação …Continuação …

• Destruída a concorrência da Holanda, a frota mercante inglesa não encontrou entraves ao seu crescimento, tanto mais que os Actos de Navegação (1) foram complementados por uma política de expansão territorial, sobretudo na América do Norte e nas Antilhas.

• O sector comercial foi ainda reforçado com a criação de grandes companhias de comércio, as quais se concederam numerosos monopólios: a mais célebre foi a Companhia das Índias Orientais, que recebeu em 1661 poderes soberanos de justiça civil, organização militar e direcção de guerra no Oriente.

• Esta política proteccionista surtiu os efeitos desejados: o poderio comercial marítimo da Inglaterra consolidou-se, permitindo-lhe disputar, com êxito, o primeiro lugar em termos económicos.

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((1) Acto de Navegação de Cromwell - 16611) Acto de Navegação de Cromwell - 1661• “Para o progresso do armamento marítimo e da navegação que sob

a providência e protecção divina interessam tanto à prosperidade, à segurança e ao poder deste reino (…).

Nenhuma mercadoria será importada dos países, ilhas, plantações ou territórios pertencentes a Sua Majestade na Ásia, América, África a não ser em barcos que, sem nenhuma fraude, pertençam a entidades inglesas, irlandesas ou galesas, ou ainda a habitantes destes países, plantações ou territórios e que sejam comandados por uma capitania inglesa e montados por um equipamento essencialmente inglês (…).

Nenhuma mercadoria produzida ou fabricada no estrangeiro, importada pela Inglaterra, Irlanda, País de Gales (…) deverá ser embarcada noutros portos que não sejam os do país de origem (…).

Açúcar, tabaco, algodão, gengibre, índigo ou outras madeiras tintureiras só serão exportados para as colónias inglesas ou para Inglaterra, Irlanda ou País de Gales.”

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O Equilíbrio Europeu e a Disputa das O Equilíbrio Europeu e a Disputa das Áreas ColoniaisÁreas Coloniais

• Face à evidente decadência dos estados ibéricos, a disputa da supremacia do grande comércio marítimo travou-se essencialmente entre a Holanda, a Inglaterra e a França. Podemos distinguir duas fases nesta luta:

• 1ª - entre 1651 e 1689entre 1651 e 1689, opôs a Holanda e a Inglaterra. Os dois países travaram entre si grandes guerras, no fim das quais a Holanda perdeu para a Inglaterra as suas colónias americanas e parte das suas possessões no Oriente. Estas guerras que, em parte, fora uma consequência directa dos Actos de Navegação, marcam o fim da hegemonia comercial holandesa, que durava há mais de meio século;

• 2ª - que decorreu entre 1689 e 1763entre 1689 e 1763, foi marcada pela rivalidade anglo-francesa que se materializou numa longa série de conflitos por questões territoriais, mercados e abastecimentos de produtos.

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Continuação …Continuação …• Este período de tensão culminou na Guerra dos Sete Anos

(1756-63) que, iniciada na Europa, rapidamente se estendeu aos territórios de além-mar.

• A guerra consagrou a vitória inglesa, reconhecida no Tratado de Paris. Por este tratado, a França abandonou as suas possessões nas Índias, comprometendo-se a retirar os efectivos militares das cinco feitorias que aí conservou. Na América, cedeu à Inglaterra o Canadá, o vale do Oiao, a margem esquerda do rio Mississípi; em África, as feitorias do Senegal. Entregou, ainda, a Luisiana à Espanha, para a compensar da perda da Florida, anexada pelos Ingleses.

• Foi assim que, após mais de um século de conflitos, a Inglaterra se tornou a maior potência colonial e marítima da Europa. A sua hegemonia económica perdurará por todo o século XIX:

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3.2. A Hegemonia Económica Britânica3.2. A Hegemonia Económica Britânica

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• A segunda metade do século XVIII foi, para a Inglaterra, um período de intensa prosperidade económica. A agricultura, a indústria, o comércio e a banca registaram um grande desenvolvimento. Foram estes progressos, aliados a vitórias militares (referidas anteriormente), que impuseram a hegemonia britânica sobre a Europa e sobre o mundo colonial.

• 3.2. Condições do sucesso Inglês3.2. Condições do sucesso Inglês ¤ Os progressos agrícolas¤ Os progressos agrícolas Em 1700, a agricultura ocupava, pelo menos, quatro quintos da

mão-de-obra disponível. Constituía por isso, o sector-chave da economia, ao qual o Mercantilismo, ocupado com a indústria e o comércio, dera pouca atenção.

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Continuação …Continuação …

• No decurso do século XVIII, uma nova teoria económica, o, Fisiocratismo* pôs em relevo a importância da agricultura, considerando-a a base económica das nações. Esta nova corrente foi, em grande parte, influenciada pelos progressos notáveis que, neste domínio, se vinham registando em Inglaterra.

• *(O Fisiocratismo é uma doutrina económica que surge na Europa na segunda metade do séc. XVIII em oposição às teorias defendidas pelo Mercantilismo. As crises económicas e os entraves ao desenvolvimento provocadas pelas Barreiras Alfandegárias impostas pelo Mercantilismo associadas ao forte aumento populacional e consequente aumento da procura de bens alimentares constituem as duas principais razões para a desacreditação do mercantilismo e o advento do Fisiocratismo.

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Fisiocratismo (Conceito)Fisiocratismo (Conceito)• Segundo o Fisiocratismo (físio = natureza e cratos = poder) a

verdadeira riqueza dos países encontra-se na agricultura e não na quantidade de metais preciosos como defendia o Mercantilismo. Segundo os fisiocratas, dos quais se destacam os franceses Quesnay e Turgot, é da agricultura que dependem todas as restantes actividades económicas, pelo que o Estado deveria estimular o trabalho da terra, suprimir os direitos senhoriais e abolir o seu intervencionismo e todos os entraves à produção e ao comércio (em especial dos produtos agrícolas). Paralelamente, o Estado deveria actuar na valorização da agricultura através da utilização de novos instrumentos e técnicas agrícolas (mecanização, adubação e irrigação), conquista de novas áreas cultiváveis (arroteamento de florestas e baldios e drenagem de pântanos), substituição do sistema de baldio pela cultura de forragem e ainda através da selecção de sementes e animais.

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Fisiocratismo (cont.)Fisiocratismo (cont.)

• Estas novas técnicas agrícolas associadas à mecanização estiveram na base da denominada "Revolução Agrícola" iniciada em Inglaterra na segunda metade do séc. XVIII.

Devido às suas características liberais, o Fisiocratismo acaba por estar na origem do Liberalismo Económico que triunfou na Europa a partir do Séc. XIX).

Fonte: http://www.knoow.net/cienceconempr/economia/fisiocratismo.htm#vhttp://www.knoow.net/cienceconempr/economia/fisiocratismo.htm#vermaisermais

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Os progressos agrícolas (cont.)Os progressos agrícolas (cont.)• Foi no condado de Norfolk, no leste de Inglaterra, que um grupo

de grandes proprietários (landlords) pôs de parte tradições agrícolas seculares, iniciando um processo de renovação tão profundo que alguns historiadores não hesitam em qualificá-lo como “revolução agrícola” (ver doc. do word).

• O principal problema a resolver era o do esgotamento dos solos. O cultivo intenso de cereais, base da alimentação, cansa a terra e, se os nutrientes não se renovam, as colheitas decrescem progressivamente. Daí a necessidade de pousio que deixava em descanso, cada ano, cerca de um terço do solo arável.

• Para evitar o pousio e renovar a terra, a “nova agricultura” aperfeiçoou um sistema de rotação de culturas que alternava as colheitas de cereais com as de leguminosas, como o nabo (que melhora os solos), e as plantas forrageiras, como o trevo.

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Continuação …Continuação …

… Tal prática não só proporcionava o aproveitamento integral da terra como permitia uma articulação perfeita entre a agricultura e a criação de gado (ver docs. 13 e 14 – págs. 90 e 91), aspecto deveras relevante, uma vez que, à falta de adubos químicos, o estrume era, nesse tempo, o único fertilizante de uso corrente.

Com este novo sistema deixaram de fazer sentido os tradicionais direitos de pasto comunitário que obrigavam a deixar abertos todos os campos. O campo aberto (open field) revelava-se, pelo contrário, altamente prejudicial à rentabilização da terra, pelo que os proprietários desencadearam um processo de vedações (enclosures) das suas propriedades às quais anexaram, muitas vezes, baldios e outras terras comunitárias.

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Continuação …Continuação … … Embora tenham deparado com a resistência dos pequenos

agricultores que, incapazes de acompanhar o dinamismo das grandes herdades, foram obrigados a vender os seus campos, as vedações constituíram um elemento essencial à modernização da agricultura inglesa. Nestes campos cercados seleccionaram-se as sementes, aperfeiçoaram-se as alfaias (ver nota pág. 91), apuraram-se as raças animais. Segundo P. Chaunu, eles foram “verdadeiros laboratórios de inovações agrícolas” que suscitaram o mais vivo entusiasmo e a admiração dos contemporâneos, colocando a Inglaterra na vanguarda da agricultura europeia.

Assim renovado, o sector agrícola viu crescer a sua produtividade, aumentando substancialmente os recursos alimentares do país. Esta abundância não só permitiu a canalização de mão-de-obra para outros sectores económicos, como impulsionou um intenso crescimento demográfico.

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A Revolução Agrícola InglesaA Revolução Agrícola Inglesa

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Da Revolução Agrícola à Revolução Da Revolução Agrícola à Revolução Industrial – (Mapa de Inglaterra)Industrial – (Mapa de Inglaterra)

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Da Revolução Agrícola à Revolução Da Revolução Agrícola à Revolução IndustrialIndustrial

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Page 35: O triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

O crescimento demográfico e a urbanizaçãoO crescimento demográfico e a urbanização

• O crescimento demográfico da segunda metade do século XVIII atingiu especialmente a Inglaterra. Estreitamente relacionado com a prosperidade do país, este fenómeno foi, simultaneamente, um resultado e um factor do desenvolvimento económico: a abundância e a criação de postos de trabalho fazem aumentar a taxa de nupcialidade e o número de nascimentos, enquanto a morte regride; por sua vez, o crescimento populacional estimula o consumo e fornece mão-de-obra jovem para os diversos sectores de actividade.

• Para além do crescimento demográfico, registou-se uma acentuada migração para os centros urbanos que absorveram toda a mão-de-obra excedentária dos campos. Entre 1750 e 1850, o número de habitantes das cidades triplicou. Londres torna-se a maior cidade da Europa, atingindo, no fim do século XVIII, o milhão de habitantes.

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Page 36: O triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

A criação de um mercado nacionalA criação de um mercado nacional

• No século XVIII, pelo efeito conjugado do aumento demográfico e da urbanização (ver nota pág. 93), o mercado interno britânico não cessou de se expandir. Ao crescente número de consumidores juntava-se, em Inglaterra a inexistência de alfândegas internas que encarecessem as mercadorias e dificultassem o seu transporte, como acontecia em França ou na Alemanha (ler doc. 16ª, pág. 93). Criou-se assim, um verdadeiro mercado nacional, unificado, onde os produtos e a mão-de-obra podiam circular livremente.

• Foi exactamente com o objectivo de diminuir os custos de circulação que a Inglaterra se empenhou no melhoramento dos transportes. Construiram um complexo sistema de canais por onde se expediam, com vantagem, as mercadorias pesadas. Ampliaram, igualmente, a rede de estradas, introduzindo melhoramentos no piso, que se tornou convexo e com valetas, sendo, posteriormente macadamizado.

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Page 37: O triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

Continuação …Continuação …

• O desenvolvimento das vias de circulação não só favoreceu a criação de um mercado nacional, como proporcionou a necessária ligação entre as regiões do interior e as cidades portuárias.

• O alargamento do mercado externo• Apesar das medidas proteccionistas dos estados europeus, os

produtos ingleses impunham-se no continente, quer pela sua excelente qualidade, quer pelo seu baixo preço. Mesmo a França não conseguia resistir-lhes: quando, em 1786, os dois países acordam a redução mútua de tarifas alfandegárias (tratado de Eden), uma avalancha de têxteis e ferragens ingleses invadiu os mercados franceses, provocando protestos veementes por parte dos fabricantes nacionais.

História - 11º AnoHistória - 11º Ano 3737O Prof. Alberto Telmo de Araújo

Page 38: O triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

Continuação …Continuação …

• Era, porém, através dos mercados transoceânicos que os ingleses retiravam os seus maiores dividendos. Mais de metade da frota britânica navegava em direcção às Américas, quer directamente, quer passando pela periferia africana, inscrevendo-se nas rotas do comércio triangular (ver mapa pág.94).

• O triângulo comercial que ligava os três continentes fazia-se, no caso inglês, a partir dos portos de Liverpool, Londres, Bristol, Glasgow ou Hull, de onde os navios largavam carregados de armas de fogo, rum, tecidos grosseiros e quinquilharias, em direcção à costa de África. Aí abasteciam-se de escravos, destinados às plantações e minas americanas. Na América, adquiriam as produções tropicais (café, algodão, tabaco, etc) que revendiam depois na Europa.

História - 11º AnoHistória - 11º Ano 3838O Prof. Alberto Telmo de Araújo

Page 39: O triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

Mapa de Inglaterra (principais portos Mapa de Inglaterra (principais portos no séc. XVIII)no séc. XVIII)

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Liverpool

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Page 40: O triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

Continuação …Continuação …

• No Oriente, quer as responsabilidades da conquista quer os direitos de comércio foram transferidos para a Companhia das Índias Orientais.

• Tendo-se apropriado de rotas e tráficos e estabelecido um domínio territorial consistente, a Companhia enchia os seus navios com as sedas, as especiarias, os corantes, o chá, as porcelanas e os panos de algodão indianos muito apreciados na Europa pela sua finura e qualidade.

• O domínio territorial britânico permitiu também o controlo das produções agrícolas (açúcar, pimenta, açafrão, índigo, seda, algodão) que os britânicos exploraram consoante as suas necessidades, impondo produções e taxas aos agricultores asiáticos.

História - 11º AnoHistória - 11º Ano 4040O Prof. Alberto Telmo de Araújo

Page 41: O triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

Continuação …Continuação …

• Para além do lucrativo comércio Ásia-Europa, os ingleses imiscuíram-se nos circuitos de trocas locais, o country trade (doc. 17 B). Em finais do século XVIII, 85 a 90% das transacções externas da Índia estavam nas mãos da Companhia que, manipulava os preços a seu favor.

• Este protagonismo nos circuitos locais deu aos ingleses o primeiro lugar no porto de Cantão, o único espaço comercial que a fechada China proporcionava aos europeus. Aí adquiriam sedas, porcelanas e chá, que pagavam com tecidos e ópio indianos e com remessas de ouro e prata que, com esse fim, chegavam da metrópole.

• No Tamisa, os cais da East India Company apinhavam-se de produtos e os seus navios partiam e chegavam, num vaivém incessante. O Oriente tornara-se um símbolo de O Oriente tornara-se um símbolo de abundância, luxo e poderabundância, luxo e poder.

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O sistema financeiroO sistema financeiro

• A superioridade inglesa assentava, também num sistema financeiro avançado facilitador do desenvolvimento económico.

• Em Londres funcionava, desde o fim do século XVI, uma das primeiras bolsas de comércio da Europa, onde se centralizavam os grandes negócios da cidade. A Bolsa de Londres criada como instituição privada, depressa foi reconhecida pelo Estado que lhe conferiu a condição de Royal Exchange (ver doc. 19). Nela se contratava a dívida pública (ver nota) e se cotaram as primeiras acções da Companhia das Índias Orientais. Assim nasceu a bolsa de valores londrina, ainda hoje uma das mais importantes do mundo.

• A actividade bolsista foi um importante factor de prosperidade económica, já que permitiu canalizar as poupanças canalizar as poupanças particulares para o financiamento de empresas, alargando particulares para o financiamento de empresas, alargando assim o mercado de capitaisassim o mercado de capitais.

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Continuação …Continuação …• Adquirir títulos do Estado ou acções de uma companhia passou a

ser uma forma de aplicação do dinheiro que, gerando perspectivas de bons lucros, atrai, até hoje, numerosos investidores.

• A operacionalidade do sistema financeiro foi reforçada em 16941694, com a criação do Banco de Inglaterra. Este banco estava sobretudo vocacionado para realizar todas as operações necessárias ao grande comércio: aceitava depósitos, transferências de conta a conta, desconto de letras e também financiamentos, sempre que era necessário, como por exemplo, equipar os navios do comércio colonial.

• Além destas operações o banco tinha ainda a capacidade de emitir notas, que circulavam como verdadeira moeda.

• Embora este primeiro papel-moeda pudesse ser, em qualquer momento, convertido em ouro, o valor das notas de circulação …

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Continuação …Continuação …

… ultrapassou largamente as reservas metálicas do banco, fornecendo assim os meios de pagamento necessários ao incremento dos pequenos negócios.

A actividade do Banco de Inglaterra foi complementada por dezenas de pequenas instituições – os country banks -, que, espalhadas pelo país realizavam, em menor escala, o mesmo tipo de operações.

Servindo de base à prosperidade do comércio e à gestão capitalista do sector agrícola, esta estrutura financeira constituiu também o ponto de apoio da maior de todas as mudanças económicas: a Revolução Industrial.

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3.2.2. O Arranque Industrial3.2.2. O Arranque Industrial

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• O processo de industrialização iniciou-se em Inglaterra na segunda metade do século XVIII, sob o impulso de um conjunto vasto de factores (condições favoráveis):

1. Os avanços agrícolas;2. A dinâmica demográfica;3. O alargamento dos mercados;4. A capacidade empreendedora dos britânicos;5. O avanço tecnológico (ver doc.21, pág. 99)• Nesta época, uma cadeia de inovações revolucionou a

indústria. A aplicação de um melhoramento técnico numa das fases de fabrico gerava quase de imediato desequilíbrios na produção, que só podiam ser corrigidos através de novos inventos e adaptações.

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O sector algodoeiroO sector algodoeiro

• (Cont.) O mundo em que hoje vivemos mostra-nos bem que, uma vez desencadeada, “a inovação tecnológica é um processo que tende a acelerar-se” (Ashton), Um exemplo claro desta espiral tecnológica é-nos fornecido pela indústria têxtil que liderou o arranque industrial inglês.

• Foi o aumento da procura, interna e externa, bem como a abundância de matéria-prima, proporcionada pelas colónias, que impulsionaram os progressos no sector algodoeiro. O ciclo terá começado pela invenção da lançadeira volante por John Kay. Era um mecanismo simples que permitia aumentar a largura dos tecidos e multiplicava por dez a produtividade do tecelão. Uma vez difundida, não tardou que escasseasse o fio, já que os processos de fiação se mantinham os mesmos, deixando os teares, por vezes, parados.

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ImagensImagens

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Planta do algodão

Máquina que tira as sementes do algodão

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Continuação …Continuação …

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• Uma nova máquina de fiar, a Jenny, veio solucionar o problema. Inventada por J. Hargreaves, em 1765, permitia a uma só fiadeira trabalhar sete ou oito fios ao mesmo tempo, tendo-se elevado mais tarde para oitenta fios, provocando um novo desequilíbrio entre as duas fases produtivas.

• A dinâmica assim adquirida repercutiu-se em novos melhoramentos, quer na tecelagem (teares mecânicos), quer na fiação e na estampagem, originando um inédito aumento de produtividade e de produção: em 1870, a indústria algodoeira britânica transformava 5 milhões de libras de algodão bruto; dez anos mais tarde, esta cifra eleva-se para 15 milhões, duplicando sucessivamente nos decénios seguintes “Se houver um take off a seguir a 1787, o algodão foi efectivamente o responsável” – Fernand Braudel.

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Máquina de fiar JennyMáquina de fiar Jenny

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Spinning jenny, fiandeira mecânica criada em 1764 por James Hargreaves

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Continuação …Continuação …• A simplicidade das primeiras máquinas têxteis e o seu

reduzido custo permitiram o estabelecimento inicial de pequenas empresas, de capital muito modesto. Tendo em conta os lucros elevados (mais de 20%), as primeiras unidades industriais puderam crescer rapidamente, transformando os artesãos, mais expeditos, em industriais bem-sucedidos.

A metalurgia• O desenvolvimento do sector têxtil foi acompanhado, de

perto, pelo da metalurgia que, fornecedora de máquinas e outros equipamentos, se tornava indispensável aos progressos da industrialização.

• No início do século, A. Darby(1671-1717), resolveu o problema do combustível necessário a este sector, utilizando, na fusão do ferro, o coque em vez do carvão vegetal.

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Continuação …Continuação …

• Obtido a partir da hulha, muito abundante no subsolo inglês, o uso do coque não exigia, como o carvão de madeira, o abate maciço de árvores, que colocava grandes entraves à expansão da indústria.

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Carvão de coque

A maior capacidade calorífica do coque, a aplicação de foles para ventilação dos altos-fornos e outros melhoramentos permitiram melhorar a qualidade e sustentar a produção.Em breve, o ferro, agora mais barato e mais resistente, começou a substituir, com vantagem , outros materiais

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A força do vaporA força do vapor

(Cont.) Corria ainda o século XVIII quando foi inaugurada, em Inglaterra, a primeira construção metálica: a ponte de Coalbrookdale (Doc. 23 A – pág. 101).

No século XIX, o crescimento deste sector intensificou-se. A partir da década de 30, a metalurgia, ultrapassando o têxtil, tornou-se no principal sector industrial.

A força do vaporEm todo este processo de modernização, coube ao engenheiro

James Watt um papel central.Havia muito tempo que se procurava aproveitar a força

expansiva do vapor como força motriz. No entanto, permaneciam por resolver diversos problemas técnicos.

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Máquina a vapor de James WattMáquina a vapor de James Watt

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O escocês James Watt (1736- 1819) aperfeiçoou a máquina a vapor. A sua contribuição para a Revolução Industrial foi decisiva

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Continuação …Continuação …

• A máquina a vapor de J. Watt constituiu a primeira fonte de energia “artificial” da História. Com ela foi possível mover teares, martelos, locomotivas, todo o tipo de maquinismos que, anteriormente , dependiam do trabalho humano ou das forças da Natureza.

• Um século depois da invenção de Watt, as máquinas a vapor efectuavam, na Grã-Bretanha, um volume de trabalho que teria exigido, anteriormente, cerca de 40 milhões de homens!

• A manufactura cedera lugar à maquinofactura, cerne da Revolução Industrial.

Um tempo de mudança Conhecidas como Revolução Industrial, as transformações

tecnológicas estenderam-se muito para além do sector económico.

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Continuação …Continuação …

Elas criaram um mundo novo, profundamente diferente das sociedades tradicionais que estudámos.

Como resultado desta revolução, grandes vagas de camponeses migraram para as cidades, que cresceram negras do fumo das fábricas (ver doc. 24) e se espraiaram em bairros pobres, de habitação operária; uma nova classe, a burguesia industrial, elevou-se ao topo da sociedade e do poder político, impondo os seus valores, a sua cultura e a sua forma de viver; os transportes aceleraram-se e encurtaram distâncias, fazendo circular mercadorias, homens, notícias, ideias e hábitos novos.

Pioneira de todas estas transformações, único país a “arrancar” no século XVIII, a Grã-Bretanha tomou a dianteira na Europa, guiando-a caminho do capitalismo industrial.

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