o riso: sua importÂncia na comunicaÇÃo social · 1 universidade cÂndido mendes pÓs-graduaÇÃo...

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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O RISO: SUA IMPORTÂNCIA NA COMUNICAÇÃO SOCIAL Danielly Coutinho Magalhães Professor Orientador : Marcelo Saldanha Rio de Janeiro, março de 2009.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O RISO: SUA IMPORTÂNCIA NA

COMUNICAÇÃO SOCIAL

Danielly Coutinho Magalhães

Professor Orientador : Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro, março de 2009.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O RISO: SUA IMPORTÂNCIA NA COMUNICAÇÃO

SOCIAL

Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes

como condição prévia para a conclusão do curso de

Pós-graduação “Lato Sensu” em Comunicação Empresarial.

Por: Danielly Coutinho Magalhães.

3

AGRADECIMENTOS

AGRADEÇO EM ESPECIAL

À MINHA FAMÍLIA,

BASE DA MINHA VIDA.

AO GENARO :

POR TODO O APOIO E INCENTIVO.

A AMIGA GEANE,

PELA AJUDA E DEDICAÇÃO.

4

DEDICATÓRIA

Dedico o meu trabalho a todos aqueles que

neste momento precisam se comunicar.

Façam isso com um sorriso.

5

RESUMO

O riso é universal. Um dos atos mais comuns e simples que fazemos. O riso como forma de comunicação acompanha o homem desde os tempos mais remoto. Com o passar dos séculos o riso adquiriu vários nomes, mas sempre foi utilizado da mesma forma: para proporcionar o bem estar físico mental e social de quem ri e ou de quem compartilha dele. Rimos por vários motivos. Os neurobiologistas e gelotologistas já reconhecem que o riso quase nada tem a ver com o nosso humor. Nós rimos essencialmente em situações sociais de felicidade, prazer e brincadeiras. Mas ele é muito mais do que apenas uma mera manifestação de alegria. O riso atenua a hostilidade e agressão, desarma as pessoas, cria uma ponte entre elas, facilita a comunicação, o comportamento amigável. Com a vida que levamos, cheia de cobranças, estresse, violência de todo tipo, nos distanciamos uns dos outros, da natureza, o que vem causando males a nossa saúde. Com isso estamos perdendo o poder da comunicação através do riso, da alegria, do bom humor, dos atos simples da vida, dando espaço para as doenças, ao estresse. Atualmente nossa comunicação é quase toda virtual, estamos utilizando a tecnologia para quase tudo, incluindo a comunicação: email, mensagens, internet, celular... Estamos substituindo momentos de tranqüilidade e bem estar com nossos amigos e familiares; aquele “bate papo informal”, pela comunicação virtual. Os padrões sociais e regras de conduta marginalizam e controlam a maneira como utilizamos o riso. A boa notícia é que estudos estão sendo feitos, a cerca do riso e seus benefícios, comprovando que esta forma de comunicação só faz bem seja para o indivíduo; por mexer com o seu corpo, seja para o grupo que compartilha a alegria daquele momento feliz. Estamos começando a ver e a utilizar o poder do riso de forma menos preconceituosa nas escolas, empresas e hospitais como uma arma contra os males modernos. Precisamos aprender a utilizar o riso terapêutico como forma de cura interior para encararmos nossa vida com felicidade. Verdadeiro ou falso, amigável ou assustador, o estilo não faz muita diferença. O fato é que o sorriso sempre serviu como forma de comunicação, talvez seja a maneira não-verbal mais rápida, eficiente e feliz de mantermos contato com os nossos amigos.

6

METODOLOGIA

Este estudo foi confeccionado a partir de uma vasta pesquisa

bibliográfica de autores renomados no assunto que assumiu um profundo

caráter exploratório e foi desenvolvido embaraçando-se em leituras de

textos variados.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – O RISO

CAPÍTULO II – COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E O RISO

CAPÍTULO III – O RISO E A COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA

CAPÍTULO IV- O RISO E A COMUNICAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

8

09

19

24

30

40

42

8

INTRODUÇÃO

A idéia de realizar o presente trabalho se deu pela importância que o riso possui

na comunicação de todos nós, seja campo social, seja no campo profissional ou pessoal.

Rir é a melhor maneira de aliviarmos tensões. Mesmo que por alguns momentos, os

nossos risos podem suavizar uma situação desagradável. O riso é entendido como uma

válvula de escape. Comunicamos-nos melhor e somos aceitos em diversos grupos da

nossa sociedade se estivermos acompanhados de um sorriso, uma aura de felicidade.

Para alcançar tal objetivo faremos um rápido histórico de como o riso foi visto

através dos tempos e como ele é utilizado hoje em nossa sociedade para melhorar nossa

comunicação. Sua importância e efeitos benéficos para quem ri e quem participa dele

seja de forma ativa ou passiva.

Trabalharemos com os conceitos atuais de saúde e doença; citando como o riso

terapêutico pode auxiliar na saúde dos indivíduos. As relações sociais moderna estão

cada fez mais informatizadas levando ao distanciamento entre as pessoas; abordaremos

a maneira como o riso é importante e necessário nas nossas relações e como nossa

sociedade com tantas regras e normas, vê uma boa gargalhada.

Lançando mão de algumas teorias que falam sobre o riso conheceremos como

cada uma vê esse ato tão simples do ser humano. Descreveremos como essas teorias

descrevem essa nossa ação tão cheia de prazer. Nós também podemos utilizar o riso,

seus benefícios em terapias como o risoterapia.

Finalizaremos conhecendo um pouco da contribuição da comunicação do riso

nos hospitais como forma de aliviar as crianças, adultos e idosos bem como seus

familiares e acompanhantes através de uma visão rápida do trabalho que iniciou com o

Doutores da Alegria e que atualmente há vários grupos utilizando o mesmo pensamento.

Entraremos no mundo das empresas e veremos como é utilizado o riso como forma de

amenizar as tensões no ambiente de trabalho. Dentro o trabalho pedagógico o riso

contribui para unir professores e alunos fazendo do riso à melhor maneira de se

comunicar com nossos semelhantes seja qual for o local e o momento que estamos

dentro da complexa sociedade atual.

9

CAPÍTULO I - O RISO

“Riso. O mais inocente de todos os diuréticos.” (SWIFT, Jonathan)1

1. HISTÓRICO

O homem sempre se comunicou com seus semelhantes de várias formas:

desenhos, dança, sons, escrita. O ato de rir sempre esteve presente na vida do homem.

Sabemos que a Natureza não investe em algo inútil, sendo assim o impulso de rir pode

ter contribuído para a sobrevivência no decurso da evolução humana. Com o tempo e a

evolução da sociedade, cada vez mais complexa, demos vários nomes para a ação de rir:

comédia, farsa, sátira, humor fino, humor negro, para todas elas uma característica

especial e um comportamento próprio e aceitável pela sociedade e assim podermos

soltar boas gargalhadas.

A gelotologia que pesquisa sobre o riso, nos aponta que rir é a mais antiga forma

de comunicação. Viajando através do tempo podemos conhecer um pouco de como cada

etapa da vida humana viu, viveu e se utilizou do riso.

No século IV a.C., Hipócrates, o pai da Medicina, já utilizava animações e

brincadeiras na recuperação das pacientes. As comédias de Aristófenes são uns dos

precedentes mais antigos de humorismo na literatura.

No século VII a.C. já há registros de sorrisos na arte em máscaras, esculturas e

estátuas gregas. Os artistas escondiam os dentes, com uma abertura média dos lábios.

Representava um sorriso tímido e com o mínimo de alteração nos músculos da boca. As

esculturas e estátuas faziam um agradecimento aos deuses gregos, sobretudo Apolo. A

homenagem era levada tão a sério que as obras decoravam os túmulos de pessoas

queridas, o mesmo valor os santos têm nas sociedades católicas atualmente.

Trumble, autor do livro A Breve História do Sorriso, vê no sorriso grego relação

com a juventude e a vitalidade dos antigos atletas olímpicos.

“... na Antiguidade havia grande dificuldade em retratar o movimento do rosto durante o ato de sorrir, com seus músculos e articulações em ação. Artistas utilizavam até cadáveres em suas pesquisas para imitar a boca e seus movimentos.” 2

1 In: (CLARET, 2002, p.64). 2 In: (SOARES,Carla. http://super.abril.com.br,2004).

10

Entre os romanos, além dos comediógrafos Plauto e Terêncio, destacam-se as

obras satíricas, em verso de Juvenal e em prosa de Petrônio e Apuleio.

Na Idade Média o humorismo predominou as farsas, originadas da França. Os

ideais renascentistas não favoreceram o cultivo do humor.

No século XVI impôs-se o uso do humor no sentido moderno de tendência para

o gracejo. Na Itália floresceu o humor popular com personagens arquetípicos da

Commedia dell’arte, com pantomimas e falas improvisadas sobre desencontros

amorosos.

O dramaturgo inglês Ben Jonson, no final do século, utilizou a palavra humor

para definir a personalidade extravagante e aplicou a teoria dos humores aos

personagens que atuavam em sua comédia. Como todo o movimento artístico

renascentista, o sorriso do século XVI inspirado pela representação grega. O mais

famoso deles está nos lábios da onipresente Mona Lisa, do italiano Leonardo da Vinci.

Assim como o restante da obra, a análise do sorriso é polêmica, e as interpretações vão

do enigmático ao diabólico.

“O influente crítico inglês John Ruskin afirmou não ter encontrado nada de revolucionário no quadro. Para ele, Da Vinci é escravo do sorriso grego, chamado de arcaico. Até Freud tentou explicar a obra mais famosa do mundo. No artigo Um Estudo da Psicossexualidade, o pai da psicologia diz que o sorriso é uma referência à mãe de Da Vinci e à homossexualidade dele.” 3

No século XVII, com o barroco, o humor encontrou terreno fértil, nas obras de

Shakespeare e constituiu elemento essencial no D. Quixote de Cervantes. Na França,

Moliére fazia rir a corte com suas comédias que predominavam a crítica à afetação, à

hipocrisia social e religiosa e à arrogância. O humor adquiriu densidade literária

também com: Henry Fielding, Laurence Sterne e James Boswell.

No fim deste século houve uma depuração do conceito de humor que passou a

ser um recurso para pôr à mostra aspectos ridículos ou incoerentes do cotidiano da

época.

No século XVIII, foi marcado pelo humor satírico, destacando-se Jonathan Swft,

em Viagens de Gulliver. Na França cultivava-se o humor revestido de ironia que atinge

a perfeição com Montesquieu nas Lettres persanes (Cartas Persas). Sorrisos podiam ser

vistos no rosto de homens e mulheres considerados bruxos, feiticeiros, vampiros e

3 (Ibidem).

11

traidores da fé cristã, antes de serem queimados na fogueira os “bruxos” recebiam a

visita de um artista que os eternizavam.

“... outras vezes, os pintores nem se inspiravam na suposta bruxa. Apenas imaginavam como eram essas “pessoas do além”. Nos quadros, o sorriso já aparece com os dentes a mostra, embora eles estejam sempre sujos e afiados. A inexistência de tratamentos odontológicos deixava-os com aparência mais desagradável e assustadora. Assim o sorriso da idade das trevas recupera a função que tinha na Pré- História: apavorar. Mesmo que não existam indícios de risadas nas pinturas deixadas em cavernas, sabe-se que nossos ancestrais geralmente sorriam para afastar inimigos na luta pelo território.”...4

Durante o século XIX, surgiram na Alemanha muitos teóricos do humor, Jean

Paul, que formulou uma teoria do humor como forma romântica do cômico. Charles

Dickens que incorporou a veia do humor um fundo de ternura e compaixão, ocupou

lugar de destaque aquela que é considerada por vários críticos como a obra-prima do

humorismo britânico: The Pickwick Papers. Machado de Assis, no fim do século,

precedeu a concepção moderna de humor.

Destacou-se ainda William Makepeace Thackeray, romancista que defendia que

o humor se deveria revestir de um caráter educativo, didático. Thackeray foi um dos

primeiros redatores da revista Punch. Tendo surgido em Inglaterra em 1841, na época

da “moral vitoriana”, esta publicação caracterizou-se, desde o seu início, pelo seu

caráter satírico associado à vertente humorística. Nos últimos anos da era vitoriana, a

ironia e o paradoxo aliaram-se ao humor. No contexto literário irlandês, adquiriram

relevo Oscar Wilde, George Bernard Shaw e Gilbert K. Chesterton. Já no séc. XX, as

personagens de Pelham G. Wodehouse podem ser consideradas arquétipos do

humorismo britânico.

Darwin, pioneiro no estudo dos movimentos expressivos da comunicação não-

verbal, classificou em seu livro (A expressão das emoções no homem e nos animais,

1872), o sorriso e o riso entre os movimentos expressivos inatos e universais.

No clássico Le Rire, (O Riso, 1900), o filósofo Henri Bergson afirma que o

risível consiste numa certa rigidez mecânica que substitui a flexibilidade atenta e viva

que se espera das pessoas.

Em (O gracejo e sua relação com o inconsciente, 1905), Freud estudou a piada, a

comicidade e o humor à luz dos princípios gerais da psicanálise, observou que a pilhéria

é a mais social das funções anímicas destinadas à obtenção de prazer. Ri-se dos

palhaços porque seus gestos parecem excessivos e inadequados. Freud dizia que a

4 (Ibidem).

12

comicidade decorreria assim, de um consumo de energia superior ao que se julga

necessário. O riso que resulta da consciência dessa desproporção.

Hoje em dia vemos e já estamos utilizando o riso de outras formas. O ato de rir

evoluiu, não é mais usado apenas para divertir, ironizar, criticar, ridicularizar

incoerências do cotidiano, do social ou religioso. O nosso riso ficou mais aberto e

expansivo, mas o que poderia ser sinal de alegria em muitos casos vira falsidade, basta

observar o desempenho dos apresentadores de noticiário na televisão. A maioria muda

de semblante com enorme facilidade. Vão da tristeza para a alegria a cada corte de

câmera.

“A fotografia também facilitou o retrato do sorriso com os dentes expostos. Primeiro, porque não havia mais a dificuldade de os pintores mostrarem de forma fidedigna os músculos e articulações. Depois, o sorriso foi uma maneira de dar movimento à imagem, numa tentativa de imitar o cinema. Quando a fotografia foi desenvolvida, é bom lembrar, havia pessoas que acreditavam que suas almas seriam capturadas pela imagem. A descontração da risada ajudou a amenizar esse trauma. O sorriso começou a aparecer nas fotografias em 1860, 40 anos após os primeiros experimentos de foto, quando a tecnologia conseguiu diminuir o tempo de exposição necessário para marcar o filme. É difícil imaginar que alguém agüentaria ficarem 45 minutos sorrindo, como era preciso nos primeiros retratos. Ainda mais quando sabemos como é difícil fixar um simples sorriso, nem que seja por alguns segundos.”5

Atualmente, estudos são feitos em busca das explicações e melhores utilizações

do riso para a recuperação, cura e bem estar do ser humano. O médico norte-americano

Hunter Adams, chamado de “Patch” Adms, vem utilizando com sucesso, desde a década

de 60, o riso como agente de cura, um eficiente instrumento terapêutico que favorece a

recuperação e a cura dos pacientes.

Na Alemanha, uma pesquisa feita pelo Departamento de Psicologia de

Dusseldorf provou que “rir é tão bom para o organismo quanto praticar esportes”. Na

França, Jeanne Louise Calment, falecida em 1997 aos 122 anos, afirmou que o segredo

da longevidade é "sorrir sempre”. Na Índia, algumas empresas têm o costume de fazer

com os funcionários uma “sessão de riso”, antes da jornada de trabalho. O resultado é o

aumento da produtividade em decorrência do bem-estar emocional e físico dos

trabalhadores.6

No Brasil, pautado no trabalho de Patch Adams, existem os “Doutores da

Alegria”, grupo de atores profissionais especializados em teatro clown e técnicas

5 (Ibidem). 6 (FUNES, 1999, p.13-14)

13

circenses, que recebem treinamento médico específico para desempenhar, com todo

cuidado e eficiência, seu trabalho junto aos jovens pacientes hospitalizados.

O Japão é outra nação que tem visão diferente do sorriso. No país do sol

nascente a risada pode ser tanto sinônimo de força como de sedução. Os antigos

guerreiros samurais faziam os dentes parecerem podres pintando-os de preto. Assim eles

acreditavam espantar inimigos e proteger as famílias de raptos e estupros. Até pouco

tempo atrás, a moda do sorriso escuro atingia até gueixas, que escondiam dentes

cobertos de tintura negra por trás do riso emoldurado em camadas de batom vermelho.

Apesar de o Ocidente geralmente associar o riso a aspectos positivos, cada povo

possui sua interpretação. Os franceses não riem para estranhos porque acham essa

atitude estúpida e gratuita. Os ingleses consideram a gargalhada vulgar e cínica. Na

Grã-Bretanha, existe até a expressão "I should smile" ("eu deveria sorrir"), algo como

"você está de brincadeira comigo".

1.1. O RISO

Muitos pesquisadores acreditam que o propósito do riso é fazer e fortalecer as

relações humanas, ou seja, nos comunicamos através de um riso, um olhar feliz, uma

expressão alegre. Quando olhamos para uma pessoa e esta nos retorna com uma

fisionomia alegre isso nos diz que ela está receptiva a nós, desta forma fazemos com

que a comunicação se torne mais fácil.

O riso é nossa resposta natural ao humor. Ao rimos, 15 músculos da nossa face

se contraem, nosso lábio superior se levanta. Neste instante nossa respiração é

interrompida pela glote (parte de trás da garganta) fechando um pouco a laringe,

ficamos ofegantes. Quando rimos muito os canais lagrimais também são ativados. As

risadas humanas consistem numa série de notas curtas, repetidas a cada 210 milésimos

de segundos. É essa repetição que gera o som ha, ha ou ho,ho.

“Quando o lábio superior é erguido no sorriso, ele descobre parcialmente os dentes e também provoca uma curva descendente dos sulcos que se estendem das duas narinas até os cantos da boca. Isso, por seu lado, produz um enchimento, ou arredondamento das bochechas, na parte externa das rugas. Também ocorrem rugas momentâneas sob os olhos, e em pessoas mais velhas é possível se ver rugas do riso nas arestas laterais das órbitas dos olhos. Os próprios olhos sofrem uma mudança geral e podem ser descritos como brilhantes e faiscantes.” 7

7 (FUNES, 2000, p.40 ).

14

Rimos diferentes dependendo com quem estejamos acompanhados. As pessoas

do sexo masculino, quando estão juntas, utilizam o riso para reforçar a amizade e

diferenciar-se na dinâmica adversária e competitiva que possa existir entre elas. Quando

estão juntos, os homens se contentam em dar grandes risadas para chamar a atenção.

Mas quando estão diante da presença feminina, eles dão risadas mais sutis para

precaver-se e não assustar o sexo oposto.

1.2. A IMPORTÂNCIA DO RISO

Estudo realizado pelo neurobiologista americano Jaak Panksepp mostraram que

ratos emitem vocalizações ultrasônicas durante o comportamento de brincar de rolar no

chão. Pansepp sugere que ratos e primatas, especialmente os jovens, usam o riso para

distinguir de interações físicas ameaçadoras. Para nós, ao observarmos filhotes de

macacos mostrando os dentes eles estão brincando, interagindo com os outros.

“Se o riso é inato, deve haver evidências para ele no registro evolutivo. Quando observamos primatas próximos aos humanos, nós vemos que o riso não é único a nós mesmos. Os antropóides (chimpanzés, gorilas e orangotango) abrem suas bocas, expõe seus dentes, retraem os cantos da boca, e emitem vocalizações altas e repetitivas, não como o riso dos humanos, mas sons mais parecidos com guinchos ou granidos ou até mesmo através de certas posturas corporais. Eu não acho isso surpreendente, porque nós somos somente uma entre as espécies sociais e não existe razão pela qual deveríamos ter um monopólio sobre o riso como uma ferramenta social.” 8

O riso é uma das nossas primeiras experiências de vida. Através do riso fazemos

as primeiras interações com o mundo ao nosso redor. Brincar é vital para aprendermos

inúmeras regras e formas de interagir com o mundo que nos cerca. Crianças de todas as

idades, de diferentes culturas, brincam. Pais e filhos também se engajam em

brincadeiras de rolar no chão, de dar socos, sempre acompanhados pelo riso.

Precisamos do riso e das brincadeiras para nos comunicarmos.

“Alguns cientistas acreditam que as brincadeiras são parte essencial da formação do caráter. Quando brincamos, simulamos e desenvolvemos as mesmas situações cotidianas que viveremos mais tarde durante a vida adulta. Ou seja, essas brincadeiras físicas vitais e precoces ensinam-nos o alto controle e o comportamento social de que precisaremos na idade adulta. Isto ocorre quando nós aprendemos a usar o riso para indicar que a brincadeira agressiva é só O riso, como qualquer outro comportamento emocional, tem uma função e o riso não é exceção. A função do riso é a de comunicação”. 9

8 (CARDOSO, Silvia Helena. www.cerebromente.org.br.) 9 (Ibidem)

15

Quando rimos enviamos uma mensagem às outras pessoas comunicando

disposição para brincar, ligar-se a elas, ficarmos felizes e fazê-las felizes, mostrarmos

que somos pacíficos. Nós somos criaturas que necessitamos criar estruturas sociais e

viver bem. Então nós precisamos ter relações pacíficas com as pessoas ao nosso redor.

O riso promove efeitos positivos em nossos contatos sociais.

O riso, as cócegas e as brincadeiras estão entrelaçadas de formas bastante

complexas e são uma das nossas primeiras experiências de vida. Desde o útero materno

já compartilhamos com a nossa mãe as emoções vividas por ela. A alegria é sentida pelo

ser em formação, ele também compartilha das reações fisiológicas do riso, da alegria, da

felicidade. Ao nascemos, continuamos a compartilhar esse ambiente de alegria e

felicidade: no ato de carinho da mãe e ou do pai ao nos aconchegar no colo, amamentar,

nas carícias que recebemos no ato do banho e em muitas outras situações familiares.

“Com menos de duas semanas, o recém-nascido já tenta imitar expressões faciais do adulto. Assim, abre a boca e faz beicinho, franze o cenho, arregala os olhos. Aproximadamente no terceiro mês, o bebê aprende a sorrir sempre que alguém se aproxima. Na verdade, nessa fase ele reage com o sorriso, como se agradecesse a companhia, toda vez que enxerga o que os cientistas chamam T – as linhas formadas pelos olhos, nariz e boca. Por volta do oitavo mês, porém a criança já reconhece rostos. Então a sua face começa a revelar todos os matizes do humor, mostrando que aprendeu o bê-á-bá da fisionomia.”10

1.3. COMUNICAÇÃO DO CORPO

Quando rimos nosso corpo se comunica com o meio ambiente, reagindo e

devolvendo ao meio os benefícios de uma boa risada. Mas se pudéssemos ver o que

acontece dentro de nós durante o riso ficaríamos muito gratos com nós mesmos por

proporcionar instantes de alegria.

Várias alterações internas que nos dão prazer mexem com estruturas básicas do

nosso corpo. Beneficiamo-nos física, social e mentalmente das nossas risadas. O riso

antes de tudo é uma forma do nosso corpo extravasar tensões, liberar energias negativas

de uma situação problema, pois quando chegamos a externar a nossa alegria de forma

que o outro perceba o nosso corpo está neste momento passando por uma série de

benefícios.

Deveríamos rir mais, um riso sadio, o riso sincero, aquele riso que faz bem a

alma de quem ri e a alma de quem compartilha do momento.

10 (REVISTA SUPERINTERESSANTE, 2002, p.5).

16

• Suas lágrimas passam a ter mais imunoglobinas, (anticorpo que é a nossa primeira linha de defesa contra algumas infecções virais e bacterianas). • Sua boca também passa a ter mais imunoglobina. Isso indica uma função imunológica melhor. • Seu cérebro e seu corpo produzem beta-endorfinas, apiáceos internos que o ajudam a relaxar e reduzem a dor. • Hormônios do estresse produzidos pelas glândulas supra-renais são reduzidos. O nível de cortisol aumenta de forma nociva durante o estresse e diminui significativamente com o riso. • A pressão sangüínea aumenta durante o riso, cai abaixo dos níveis de repouso depois. • Há uma redução da tensão muscular depois do riso. • Ar é expelido em grande velocidade de seus pulmões e do corpo quando você dá boas gargalhadas. Seu corpo todo é oxigenado. Isso é bom para pensar com clareza e para uma boa forma aeróbica. • Riso possui um efeito antiinflamatório em suas juntas e ossos; ele pode reduzir a inflamação e aliviar a dor em condições artríticas.11

Precisamos nos comunicar mais com o nosso corpo, ouvir suas necessidades,

desenvolver uma linguagem para explorar a vida abaixo do nosso pescoço. O riso faz

essa conexão, nos beneficiamos fisiologicamente dele e todo nosso corpo sentem.

Somos corpo e mente. O riso nos ajuda a fazer essa conexão, a “desligar”, não levar a

vida de forma tão rígida, sendo exigentes demais com nós mesmos e com os nossos

semelhantes, quando fazemos isso deixamos o nosso mau humor contagiar o ambiente.

Podemos ainda relacionar outros benefícios que o riso faz ao corpo.

“*Coração- o ritmo cardíaco acelera. Em alguns casos, os batimentos podem atingir 120 pulsações por minuto- em repouso, o coração tende a bater, em média, 70 vezes por minuto. *Os músculos mais trabalhados durante uma gargalhada são os abdominais. Os movimentos funcionam como uma espécie de massagem para o sistema gastrintestinal, melhorando a digestão. ”12

Segundo os cientistas por ser o riso uma expressão positiva, mascara a tristeza,

aumenta a aparente dose de satisfação ao rever alguém, esconde rancores. Mas também

utilizamos o falso riso para que todos pensem que estamos alegres, contentes, felizes.

Um riso nasce e dura 10 segundos.

O falso riso surge do nada e desaparece de repente. Ao longo da nossa história

conseguimos “inventar” vários tipos de riso que utilizamos em diversas situações

sociais, algumas desagradáveis para nós outras vezes para não desagradarmos alguém.

Seja como for estes tipos de riso fazem parte da nossa comunicação social, apesar de

não ser o riso espontâneo:

11 (FUNES, 2001, p.37-38). 12 (http://www.terapeutasdoriso.com.br/2005/)

17

• Riso Amarelo: usado como máscara para não exibir emoções negativas e demonstrar vulnerabilidade; pode expressar reserva, e nesse caso é muito utilizado pelos orientais.

• De boca fechada: próprio das pessoas que controlam o que dizem. • Cordial: vem acompanhado de um levantar de sobrancelhas. • De cumprimento: acompanhado de um aceno de cabeça e um levantar

de sobrancelhas. • De desaprovação: acompanhado de um gesto com a cabeça, exprimindo

um “não”. • Falso: em geral é rápido, tipo “acende e apaga” e não provoca rugas

de expressão ao redor dos olhos; é assimétrico, pois o rosto fica imóvel. • De flerte: é o sorriso que vem acompanhado de um rápido levantar de

sobrancelhas. • Forçado: o exemplo clássico é o sorriso de fotografia, quando se fala

“X”. • Tipo he, he, he : próprio de pessoas melancólicas. • Tipo hu, hu, hu: em geral, é o sorriso dos misantropos, das pessoas anti-

sociais. • De lado: é do tipo falso. A pessoa disfarça o sorriso para que o outro

não o perceba. • Solto: a pessoa quase morre de tanto rir, sente dores na barriga e relaxa

a ponto de urinar nas calças... • Político: sorriso de que cerra e mostra os dentes para todas, olha para

todos com o ar de promessa, abraça todo mundo, dá tapinha nas costas, pega criança no colo, etc.

• Rápido: próprio de pessoas egoístas, pessimistas ou introvertidas. • Ruidoso: demonstra falta de educação e de boas maneiras. • Solitário: é o sorriso de quem ri sozinho, quando ninguém ri da piada. 13

Nosso corpo tem meios de se libertar tensões, dor em estados que podem ser

físicos ou mentais através das lágrimas, do riso, do bocejo, do tremor e nos acessos de

cólera. Todos esses processos são rotulados de meios catárticos de libertar a dor.

Emoção move, para fora a dor que nos incomoda. O riso ajuda na liberação do medo e

da raiva. As lágrimas liberam o medo e a tristeza. O tremor libera o medo.

Nosso consciente representa a ponta de um iceberg, ou seja, apenas de 5 a 10% das nossas potencialidades. Então, vamos procurar entrar em contato com nosso inconsciente, cujo o imo é positivo, construtivo e criativo, e que constitui mais de 90% das potencialidades adormecidas - potencialidades de pensar, sentir, ser, estar, agir, realizar e viver. Vamos utilizar mais os nossos dois hemisférios cerebrais e despertar nossa energia vital, nossas forças interiores, pois o momento atual exige que exteriorizemos nossa fé, nossa criatividade, coragem, para que sejamos mais alegres, felizes e sorridentes. Desta forma, a grande parte submersa do iceberg, que é o nosso inconsciente, vai poder emergir e tornar-se consciente, fazendo com que nos conheçamos mais profundamente e possamos seguir sorrindo o caminho da felicidade.14

13 ( LAMBERT, 1999, p. 44 – 45 ). 14 (LAMBERT, 1999, p.30).

18

1.4. O HORMÔNIO DO RISO

O riso também pode promover mudanças hormonais benéficas. Cientistas

especulam que o riso libera transmissores neuroquímicos chamados endorfinas, os quais

reduzem a sensibilidade à dor e promovem sensações de prazer e de bem estar. A é uma

versão natural do que os médicos usam para tratar a dor com morfina e seus derivados.

O conhecimento das endorfinas é relativamente novo (uns vinte anos mais ou menos),

os pesquisadores descobriram essas substâncias quando estudavam a reação do cérebro

aos opiláceos, ópio, (morfina e heroína).

As endorfinas são opiáceos endógenos, (formados dentro do nosso corpo),

possuem células que se comportam como estações receptoras. Essas células são

chamadas neuro-receptoras.

“O sorriso e o riso ativam e desencadeiam a produção e liberação de hormônios chamados “endorfinas”, que são os mesmos produzidos quando fazemos exercícios e caminhadas (principalmente a ar livre). Essas substâncias já estão até sendo chamadas de “hormônios da alegria e da felicidade” porque geram um grande bem-estar mental, físico e espiritual”. 15

O sistema límbico, (centro de mensagens para as nossas emoções), capta as

informações dos sentidos e as transmite para o corpo. O riso pode ser considerado a

eletricidade que aciona o interruptor. Há outros métodos capazes de ativarem a

produção de endorfinas; acupuntura, relaxamento, meditação, exercícios físicos e a

hipnose são alguns exemplos de auxílio ao corpo na produção de endorfinas. Todos

esses métodos têm sido ligados a uma crescente capacidade de rir.

15 (LAMBERT, 1999, p.35).

19

CAPÍTULO II - COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E O RISO

“A total ausência de senso de humor torna a vida impossível”. (CLAUDINE, Sidonie Gabrielle, (Colete)).16

2. COMUNICAÇÃO SOCIAL

As relações sociais estão sujeitas à influências de um conjunto de variáveis que

lhes determinam ou pelo menos influenciam as comunicações. De esta forma

comunicar-se se torna uma arte de gerir mensagens que são enviadas e recebidas.

São muitos os conceitos de comunicação. Não existe uma definição consensual

em comunicação. Mas o ato de comunicar os signos e os códigos sempre estará

presentes.

Podemos dizer que toda a comunicação envolve signos, significados,

significantes, decodificações entre locutor e ouvinte. “Comunicação é uma palavra que

vem do latim comunicare, que tem o significado de: trocar opiniões, partilhar, tornar

comum conferenciar”17

“A comunicação é um processo que viabiliza a troca de mensagens entre pessoas. É, portanto, uma atividade cada vez mais utilizada nas relações sociais humanas modernas. Devido à sua complexidade atual e aos amplos campos de interesse fica cada vez mais conflitante a sua definição. Na verdade, comunicação é uma atividade que praticamos todos os dias, conhecemos, mas não sabemos defini-la satisfatoriamente”.18

A comunicação pode ser realizada através do contato físico (abraço, beijos,

relações sexuais, carinhos, etc.); da expressão corporal (acenos, olhares, choros, gestos,

riso, etc.). É ilimitada a capacidade do homem se comunicar tanto verbalmente quanto

não-verbal.

O homem é um fenômeno social que avança nos campos científicos e

tecnológicos. É o único ser vivo que se comunica através de código digital, analógico e

através da mensagem realiza a interação social.

“comunicação é o processo de integração social democrático baseado no intercâmbio de símbolos mediante os quais os seres humanos compartilham voluntariamente suas experiências sob condições de acesso livre e igualitário, diálogo e participação”.19

16 In: (CLARET, 2002, p.95). 17 (TRIGUEIRO Osvaldo. www2.metodista.br/). 18 Ibidem 19 (BELTRAN, Luiz Ramiro, 1981, p.35).

20

2.1. SOCIEDADE GLOBALIZADA

Nossa sociedade sempre produziu e continuará produzindo conhecimentos dos

mais diversos. Atualmente, o fluxo de informação circula a uma velocidade incrível,

alcança um grande número de pessoas em tempo real, com suas diferenças

socioculturais, econômicas e territoriais, os campos do conhecimento estão

continuamente se cruzando.

Estamos vivendo uma nova referência de mundo que passa por transformações

que são decisivas para a construção desta nova sociedade.

“O volume e a velocidade das informações em circulação afeta

decisivamente universo cultural da humanidade, produzindo mutações no

comportamento dos indivíduos e das comunidades. Todos se perguntam

como sobreviver num panorama tão caótico e ao mesmo tempo tão

excitante.” 20

Quanto mais organizada uma sociedade humana, maior é a quantidade de

informação recebida. A tecnologia está a serviço do homem desde que este esteja a

serviço desta tecnologia. Atualmente o que vemos é que não estamos preparados para

tanto desenvolvimento. O avanço tecnológico está fazendo com o homem moderno se

torne um ser angustiado, estressado, competitivo, cada vez mais isolado, fragmentado,

encantado pela tecnologia, mas dissociado do seu próximo, da vida. Com esse

comportamento o homem passou a destruir o planeta, a si mesmo e ao seu semelhante.

Diante desta realidade tecnológica, que precisamos cada vez mais do riso social,

com meio de comunicação com as pessoas que compartilham o nosso dia-a-dia.

Introduzindo o riso, a leveza do bom humor em nossas vidas, iremos contagiar todos ao

nosso redor, agindo, pensando e se relacionando de forma a amenizar os problemas de

todos. A vida deve ser gerada com amor e alegria. O riso é como um raio de luz que

contagia todo o ambiente com seu calor, energia e brilho. Se passarmos a sorrir para nós

e para os que nos cerca a vida retribuirá sorrindo mesmo nas piores horas.

O sorriso deixa a pessoa mais bonita, mais jovem e mais saudável. Como é gostoso o sorriso ou a risada de um bebê... Sorrir é se amar é dizer “sim” a si mesmo e à vida... Que tal aprendermos a contar piadas sadias... Sorrir é como tirar alguém para dançar: Você me dá a honra de sorrir comigo? O sorriso é uma linguagem universal, um aceno com a bandeira da paz... Vamos abraçar a nós mesmos e sorrir com amor... O sorriso pode unir todas as pessoas, pois a Alegria é filha do Amor. Sorrir e rir só faz bem... E podem transformar sua vida.21

20 (MELO, José Marques. 1998 p.30). 21 (LAMBERT, 2000, p. 71-77).

21

Um pequenino poema chinês transmite uma encantadora mensagem de amor ao

Próximo e nos faz mergulhar em pensamentos ricos de simplicidade, a simplicidade da

vida.

O ser humano que não sabe sorrir, não é feliz, pois o sorriso é a manifestação de felicidade e do amor. Um sorriso não custa nada e cria muito... Dura um só momento, mas sua lembrança perdura por toda uma vida... Não se pode comprá-lo, mendigá-lo, pedi-lo emprestado ou roubá-lo. E não tem utilidade enquanto não é dado! Por isso, se no teu caminho encontrares alguém por demais cansados para dar um sorriso, deixa-lhe o teu... Com otimismo, pois ninguém precisa tanto de um sorriso quanto aquele que não tem mais sorrisos para oferecer! 22

Todos os dias, antes de dormir, deveríamos fazer um balanço do nosso dia,

avaliando o que fizemos de bom e o que poderemos fazer de melhor no dia seguinte.

Relaxar por alguns instantes, trazendo para si as melhores energias que a natureza pode

nos dar. Ao acordarmos, antes de irmos para o nosso trabalho, ou iniciarmos nossa

jornada estressante, deveríamos ser agradecer por estarmos vivos e sorrir para o dia que

começa. Uma boa espreguiçada como fazem os gatos, esticar cada fibra do nosso corpo

por uns minutos, acompanhado um sorriso. Não estamos acostumados há começar o dia

sorrindo, muitos de nós sequer pode tomar um café da manhã sentado, ou mesmo tem

um café da manhã para tomar, por isso precisamos acreditar que nosso dia será perfeito,

pleno de realizações e de felicidade.

Ame-se, estime-se e valorize-se. Cultive sempre o bom humor. Viva com paz na consciência. Com entusiasmo viva o presente. Cultive e pratique o Bem. Fale de assuntos alegres, conte piadas sadias. Dê um sentido positivo e de qualidade à vida. Tenha sempre atitudes positivas perante tudo. Não guarde rancor, não tenha explosões, pois conversando é que a gente se entende. Sorria muito, sorria sempre.23

Quando as cobranças sociais forem pesadas para nós ou alguém que

conhecemos, precisamos lembrar-nos de compartilhar o riso puro, aquele que quase

sempre vemos nas crianças que tanto anima, conforta, pois as crianças não estão

contaminadas pelo preconceito, tudo mais que fazem os adultos esquecerem que crescer

é amadurecer e aprender com a vida, mas isso não quer dizer que tenhamos de matar a

criança que reside dentro de nós. O futuro está na informatização sem dúvida nenhuma

precisamos aprender a interagir, a dominar a tecnologia para não ser dominada por ela. 22 (CLARET, 2002, p.110). 23 (Ibidem, p.79).

22

2.2. SOCIEDADE E O RISO

Em nossa sociedade temos uma gama de normas de conduta. Para o riso também

temos normas para o seu uso apropriado em nossas vidas. Criamos a forma correta de

usar o riso e uma errada. Esta última relaciona-se com os tipos de patrões sociais e

culturais que o indivíduo está inserido.

Os comediantes são constantemente alvos e forçados a usar o humor somente a

serviço dos objetivos do estado. “Hitler também tinha conhecimento da capacidade do

riso de prejudicar o Terceiro Reich, mantinha Cortes de Julgamento de Piadas, um dos

objetivos era, punir aqueles que ousasse de dar o nome Adolf a seus cães!”

(MORREAL, Jonh)24.

Os governos que usam esses procedimentos têm a esperança de controlar seus

cidadãos para servir aos objetivos do totalitarismo. “Não se deve conceder a própria

confiança a alguém que não sorri nunca.” (MONTHERLANT , Henry de -). 25

Nossa sanidade também pode ser observada pela maneira como rimos, pois

nossa habilidade em associar universos de discurso independentes só funciona quando

estamos mentalmente sãos.

Um indivíduo que está clinicamente deprimido que consegue dar risadas é um

momento mágico! Indica uma ruptura em direção a cura, até aquele ponto havia visto o

mundo como um lugar amedrontador, hostil.

A crença de que devemos ser sérios na vida faz com que muitos de nós vejamos

o seu dia pesado, sempre com a expressão facial fechada. Estas pessoas são incapazes

de dar uma boa gargalhada. Confundimos seriedade com perfeição, esta confusão nos

leva a perder o contato com o nosso riso interior.

“A função social do riso pode aprofundar-se ainda mais. Estudos mostraram

que indivíduos socialmente dominantes como chefes executivos ou tribais

usam o riso para controlar seus subordinados. Quando o chefe ri, os

subordinados em geral também riem. O riso é então uma forma de expressar

o poder? O filósofo John Moreall especula que desta forma, os chefes estão

"controlando o clima emocional do grupo". Dr. Provine e sua equipe

observaram que as mulheres em uma audiência riem mais quando o

palestrante é um homem”.26

24 (MORREAL, Jonh, 1983, p.107 ). 25 In: (CLARET, 2002, p.83). 26 (CARDOSO, Silva Helena. www.cerebromente.org.br)

23

Vivemos em constante estresse, somos cobrados a todo o momento isso faz com

que o nosso riso fique adormecido, muitos perdem a maneira mais light de se comunicar

com os amigos, não sabem falar sem ser dando ordem. Quando pedimos para alguém

executar alguma tarefa e nos dirigirmos a ela com um sorriso, o pedido é visto com

outros olhos e com certeza a tarefa será feita.

“O riso, como qualquer outro comportamento emocional, tem uma função . A função do riso é a de comunicação. É uma mensagem que nós enviamos às outras pessoas comunicando disposição para brincar, ligar-se a elas, ficarmos felizes e fazê-las felizes, mostrarmos que somos pacíficos. Nós somos criaturas que necessitamos criar estruturas sociais e viver bem. Então nós precisamos ter relações pacíficas com as pessoas ao nosso redor. O riso promove efeitos positivos em nossos contatos sociais.”27

Como somos diferentes, agimos e respondemos a uma situação ou estímulo

ambiental de modo diferente. Não é preciso ser como uma hiena. Sair por aí rindo a toa,

nem como Hardy, a hiena pessimista do desenho animado, que é como muitas pessoas

que vivem ao nosso redor: vivem falando: “Ó dia, ó céus, ó azar”, sem mesmo saber o

porquê e o real sentido dessas palavras.

O mal-humorado é uma pessoa em desequilíbrio, tem problemas de culpas,

frustrações, indignações, revoltas e traumas que nem mesmo ele sabe bem da onde vem

ou como as conseguiu. Estas pessoas se sentem bem em ser infeliz, em sofrer, reclamar,

em serem vítimas, desmanchar o prazer dos outros e até mesmo os deles, provocando

uma verdadeira reação em cadeia por onde passam, contagiando negativamente todos,

por terem muita dificuldade afetiva.

Dar e receber afeto, doar e receber amor, amar e ser amado, sorrir para essas

pessoas constituem um verdadeiro problema-desafio. Eles merecem nossa preocupação

e nossa atenção. Vamos praticar o nosso riso terapêutico com eles. “Provocar o riso sem

participar dele aumenta grandemente o efeito”. (BALZAC, Honoré de-). 28

O riso envolve o cérebro todo e ajuda a equilibrar a atividade dos dois

hemisférios. “Ser alegre é ser forte; a força é uma alavanca. Em tudo o que alvorece há

um sorriso de esperança.” (JUNQUEIRO , Abílio Manuel de Guerra -). 29

27(Ibidem). 28 In: (CLARET, 2002, p.73). 29 In : (CLARET, 2002, p.68).

24

CAPÍTULO III - O RISO E A COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA.

“Os melhores médicos do mundo são os doutores Repouso, Dieta e Alegria”.

(SWIFT, Jonathan)30

3. COMUNICAÇÃO INTERNA

A melhor maneira de prevenir vários tipos de doenças é saber compreender e

expressar as nossas emoções. Nosso corpo avisa quando algo não vai bem conosco,

entender essas mensagens é o primeiro passo para estarmos sempre equilibrados. Os

orientais há milênios já sabem escutar o corpo de forma a entender seus sinais de alerta.

Nós estamos engatinhando neste aspecto.

As emoções e nosso estado de espírito são os responsáveis por alguns dos males

que nos afetam. “Nosso corpo é formado de matéria e energia. As doenças se instalam

quando o fluxo de energia está desequilibrado, e as causas são tanto internas quanto

externas” (PERINI, Mauro) 31·.

Devemos ficar atentos a emoções negativas do tipo: tristeza, ao desânimo e a

raiva. Esses sentimentos podem se transformar em algo tão pesado dentro de nós e até

desencadear doenças. Muitas vezes, basta notar as pequenas contrariedades do dia-a-dia

para descobrir que algo não vai bem. “Se alguém apressado bate o joelho em uma

cadeira e não pára para pensar por que vive distraído a ponto de não ver onde pisa, vai

se machucar o tempo todo. Se não damos atenção à dor de cabeça, ao cansaço, à

irritação permanente, o problema vai sempre seguindo adiante até que, a certa altura, o

corpo trava”. (ALBUQUERQUE, Susana de) 32·.

O nosso estado emocional, se muito fragilizado, pode ser uma porta aberta para

ataques de agentes infecciosos como vírus e bactérias. Seja o que for que nos agonia,

precisamos enfrentar e aprender a fechar o nosso corpo para as energias negativas do

problema. Se o mal-estar tem causas internas e profundas, o restabelecimento só virá

quando a questão for resolvida.

“Não existe cura se não tentarmos identificar dentro de nós o que está errado e

lutar para resolver o problema. Ficar doente é uma oportunidade de conhecer e

encontrar nossa própria capacidade de cura”. (ALBUQUERQUE, Susana de,) 33.

30 In: (CLARET. 2002. p.35) 31 In: (REVISTA BONS FLUÍDOS, 2003, p.66) . 32 (Ibidem, p.66). 33 (Ibidem, p.70).

25

3.1. SAÚDE

Muito se fala sobre saúde, vida saudável, atualmente existem vários conceitos de

saúde, é um campo amplo que cada autor tem sua visão vejamos dois conceitos apenas

para ilustrar nosso trabalho e ajudarmos a entender algumas terapias e teorias

relacionadas ao riso e a comunicação.

O conceito de saúde envolve condicionamento físico, bem-estar mental e

emocional além de integração do indivíduo com o meio em que está inserido. Saúde é

uma condição obscura e difícil de definir. “Estado do indivíduo cujas funções orgânicas,

físicas e mentais se acham em situação normal, estado do que é sadio ou são. Força,

robustez, vigor”.34

Embora a saúde seja em grande parte determinada por sua herança biológica, a

redescoberta de uma vida mais simples e com qualidade está fazendo com que as

pessoas de todo o mundo mudem suas trajetórias buscando a simplicidade e procurando

entender as leis da natureza para manter a saúde do corpo e do espírito. Procurando

viver com propósito e equilíbrio, é um bom caminho para o indivíduo se manter

saudável.

Esse pensamento difere de indivíduo para indivíduo, dependendo da vida e do

trabalho de cada um. Um empregado pode ser considerado saudável, ser for capaz de

realizar suas tarefas manuais durante sua carga horária. Comparando este, com um

empregado de escritório que desempenhe suas funções sedentariamente, mas que não

suportaria as atividades pesadas do operário poderíamos dizer que o trabalhador do

escritório está precisando incluir atividades físicas no seu dia- a- dia e que o operário,

talvez não suportasse o estresse ou devesse diminuir o seu ritmo de trabalho se avaliar

seus desempenhos no trabalho e meios de vida. Então outra visão de saúde pode ser,

portanto a definição da Organização Mundial de Saúde, “estado de completo bem-estar

físico, mental e social e não somente ausência de doença ou enfermidade”.35 De acordo

com esta definição saúde é interpretada em função do ambiente que vivemos e

trabalhamos, seja como for, nossa saúde é o bem mais precioso que temos.

34 (FERREIRA, Buarque de Holanda.1975, p. 1277). 35 (LAROUSSE, 2001, p.896).

26

3.2. DOENÇA

Assim como saúde há vários conceitos para doença vai depender da

interpretação do especialista. Nas a maioria concorda que estresse, a poluição, o

sedentarismo, a alimentação incorreta, solidão, desamor, excessos, são alguns fatores

que geram desarmonias e podem levar às doenças.

Sendo o homem um produto do meio, sua saúde ou doença será determinada

pelas suas condições de vida, agentes físicos- químicos fatores climáticos, agentes

biológicos (vetores, bactérias, alterações genéticas e degenerativas...) e agentes

psicossociais (fatores ambientais, psíquicos e sociais), aumentam o risco de doenças.

Assim, a doença poderia ser considerada como: Assim sendo, poderíamos conceituar

doença como: “Alteração da saúde que comporta um conjunto de caracteres definido,

como causa sinais, sintomas e evolução; mal, moléstia, enfermidade”.36

3.3. TERAPÊUTICA

A medicina terapêutica tem como finalidade o tratamento das doenças e estuda

os meios adequados para restaurar a saúde do doente. Uma terapêutica pode ser

higiênica, dietética, psiquiátrica, cirúrgica, ortopédica, medicamentosa, etc. As duas

modalidades de terapêutica medicamentosa conhecidas são: homeopatia e alopatia, que

divergem em seus princípios. Os procedimentos terapêuticos vão desde massagens,

exercícios físicos reabilitadores até o emprego de radiações, medicamentos ou

hormônios. Nas terapias atuais, todas estão centradas no conhecimento da cura para os

males que nos atinge no mundo moderno.

3.4. RISOTERAPIA

O riso é um mecanismo de resistência vital e que nos proporciona uma catártica

para enfrentar o estresse, a humilhação, a vergonha, a dor e o sofrimento. Os efeitos

terapêuticos do riso estão sendo aproveitados por profissionais da saúde mental. Eles

partem do princípio de que rir dos próprios problemas é a saída para cura. A risoterapia

ensina os pacientes a rirem sobre coisas que não são normalmente engraçadas, e usar o

riso para suportar situações muito difíceis. 36 (LAROUSSE, 2001, p.896 ).

27

É uma terapia bilateral, envolve a comunicação consigo, com o outro. É benéfica

para quem dá e para quem recebe. É de graça, indicada para todas as pessoas de

qualquer idade e sexo. Rir em conjunto é um modo de fortalecer os laços sociais.

• Relacione-se com pessoas que riam: Nancy Alguire, professora em Clifton Park, Nova York, era tímida, tinha dificuldades de rir. Então se casou com um homem que adorava ir ao circo. “Fiquei fascinada com os palhaços”, a recordava. “Um dia, vesti uma fantasia e pedi a um palhaço que me pintasse. Nesta tarde minha vida mudou. aprendi a rir e a encarar a vida de maneira diferente”. Passou então a ensinar pantomima numa escola. Até hoje, diz ela, “continuo a fazer questão de me relacionar com pessoas que gostem de viver e de rir, porque a alegria delas é contagiosa”.

• Riso precisa de treino: Annette Goodheart, psicoterapeuta de Santa Barbara, Califórnia, conta o caso de uma doente, pessoa preocupada por natureza. Um dia, Annette pediu à paciente que fizesse uma “lista de preocupações”. Era um longo rol! “ Agora leia em voz alta essa lista”, pediu-lhe Annette, “ e no fim de cada item diga : Ah! Ah!.” A paciente franziu o sobrolho por um instante; mas depois fez o que lhe pediam, ficando surpreendida quando não pôde evitar o riso. Então, sentindo o ridículo daquilo tudo, riu de verdade – sua primeira gargalhada desde há muito tempo.

• Mantenha um registro do riso: Há anos, o professor Hanoch Mc Carty, da Universidade Estadual de Cleveland, Ohio, quis compartilhar um pouco de divertimento e de riso com o filho Ethan e a filha Shayna, e teve a idéia de fazer um livro de recortes engraçados. “Demos ao livro o título de Isto È Ridículo, e trabalhar nele apertou os laços de nosso relacionamento”, recorda McCarty.

• Arranje tempo para rir: Tal como muitos vendedores, Robert McVeigh , de Pittsburgh, Pensilvânia, usa o humor com seus clientes, e isso significa arranjar tempo para colecionar e treinar divertidas histórias divertidas. “Essa tem sido a chave para consolidar algumas sinceras e duradouras relações com meus clientes”, diz Robert, citando uma frase favorita do comediante Victor Borge; “O sorriso é a distância mais curta entre duas pessoas”. 37

3.5. TEORIA DA SUPERIORIDADE

Parte do pressuposto que todo riso é oriundo da sensação de superioridade de um

indivíduo frente a outro ou alguma situação. O riso é visto como uma resposta à uma

“gloria repentina” advinda da percepção de superioridade por parte do indivíduo. Esta

pode se dar não somente pela depreciação do outro, mas também, da ética e da moral

estabelecidas como em piadas e trocadilhos que zombam das regras sociais.

Henri Bergson nos dá uma clara idéia dessa teoria falando que o seu valor

principal é a adaptabilidade. O que é objeto de riso é algo mecânico incrustado em algo

vivo. Sendo o riso uma mistura de atitudes contrastantes, tem origem quando se olha

uma coisa ou uma pessoa de cima para baixo, considerando-a inferior de acordo com

37 (Ibidem, p. 28-29).

28

algum padrão. “Estou sempre alegre – isso é a maneira de resolver os problemas da

vida. Tenho a impressão que os homens estão perdendo o Dom de rir.” (CHAPLIN,

Chales) 38

3.6. TEORIA DA INCOERÊNCIA

Nesta visão a incoerência é tida como força motriz de toda situação cômica,

sendo a mesma identificada como uma “experiência frustrada”. “O riso surge da súbita

transformação em nada de uma expectativa forçada”, KANT, Immanuel 39. O humor é

tido como a dissolução violenta de uma atitude emocional, que é produzida pela

associação de duas idéias inicialmente distantes. Segundo estes preceitos a piada de boa

qualidade deverá necessariamente mesclar dois elementos altamente contrastantes de

forma que se estabeleça forte relação entre ambos. Para que a piada tenha boa aceitação

pelo público é essencial que este esteja inteirado das idéias opostas que se apresentam

na piada. Assim, o comediante deve se inteirar sobre os aspectos sócio-culturais do

público para que consiga estabelecer relações inusitadas para sua platéia.

3.7. TEORIA DO ALÍVIO

Provém da remoção de uma tensão, Sigmund Freud teorizou que esta tensão é

resultado da ação da “censura”, nome que deu às proibições internas que impedem o

indivíduo de dar forma aos seus impulsos naturais. Segundo Freud, o humor, seria uma

forma de enganar a censura e portanto provocar alívio e assim o riso. A censura é

enganada se a quebra da proibição for disfarçada por uma idéia que não denote algo

proibido. Como um insulto dito como um elogio.

3.8. BOAS RELAÇÕES

Usamos o riso para que as pessoas saibam quem somos testar regras e normas

sociais. Quando estamos em uma situação que está prestes a virar de cabeça para baixo

anexamos um rótulo de não séria, isso porque em nossa sociedade tudo o que não é

sério é irrelevante e não tem muita importância. Em nosso dia-a-dia para nos

38 ( Ibidem, p.55). 39 (FUNES, 2000,p.60).

29

conectarmos com as pessoas e ou atraí-las usamos o riso. Esta máscara social é uma

arma de defesa para que os outros parem de nos magoar. Quando as pessoas estão rindo

de uma situação não focalizam uma pessoa para rirem e nos livramos de sermos

magoados.

Assim fazemos conexão com todas as teorias; sentimo-nos superiores a alguém

ou a algo, percebemos uma incongruência, liberamos a tensão e a emoção reprimida.

Todas as razões mencionadas possuem uma coisa em comum; elas exigem que

percebamos algo cognitiva ou emocionalmente, ou ambos de uma forma inédita. Ás

vezes encontramos uma maneira de rir de nós mesmos e aqueles que riem de si são mais

felizes.

Atualmente milhares de pessoas dividem seu tempo com outras, visitando

hospitais, asilos, creches, orfanatos, com o objetivo de levar alegria, apoio, atenção,

bom humor, afeto, fé e esperança. Muitos dos que se encontram nestes lugares foram

esquecidos pelas suas famílias, pela sociedade, ou perderam a vontade de viver,

precisam de ânimo, de uma palavra amiga, de um gesto de conforto, de carinho, um

abraço, precisam ser ouvidos.

30

CAPÍTULO IV - O RISO E A COMUNICAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES

“O riso exige uma anestesia momentânea do coração,

e não tem inimigo maior do que

as emoções.”(BERGSON, Henri-Louis)40

4. PALHAÇOS E O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Os palhaços facilitam o processo de comunicação entre a criança doente e o seu

acompanhante com a equipe médica do hospital. Ao dar entrada no hospital a criança e

muitos adultos, na sua maioria idosos, estão assustados e angustiados com o fato de ter

deixado a sua casa, irmãos, amigos, fragilizados em um ambiente novo e que não

dominam não sabe o que lhe acontecerá. A reação natural é de queixa, choro, mágoa e

desestruturação.

Palhaços são vistos como facilitadores deste processo de recepção e

encaminhamento da relação entre paciente – médico e acompanhantes. É o riso sendo

utilizado na comunicação direta no ambiente hospitalar levando alegria, descontração.

4.1. DOUTORES DA ALEGRIA

Em 1986, o ator Michel Christensen, diretor dos clowns do Big Apple Circus de

Nova Iorque, foi convidado para fazer uma apresentação para celebrar o Dia do

Coração, uma confraternização entre médicos e antigos pacientes de cardiologia

pediátrica. Michel optou em fazer uma sátira das rotinas médicas e hospitalares, nesta

apresentação voluntária, ele realizou um transplante de nariz vermelho e uma transfusão

de milk shake.

A reação do público foi tão positiva que Michel pediu para visitar as crianças

internadas e não puderam participar do evento, apresentou-se como o “novo médico” do

hospital.

O resultado foi surpreendente. Crianças que estavam deprimidas e apáticas

participaram ativamente de jogos propostos pelo “doutor de mentirinha”.

Foram abertos novos canais de comunicação, possibilitando aos jovens pacientes

uma maneira nova de encarar a rotina hospitalar e as imagens traumáticas foram

substituídas por alegria e risos.

40 In: (CLARET,2002,P.9)

31

O resultado ganhou fama e após outra visita do artista, o hospital conseguiu uma

doação da Fundação Altman no valor de 10. 000,00 dólares, que garantia a continuidade

temporária das visitas do “clown doctor”, como Michel ficou conhecido.

O trabalho foi ganhando a simpatia e o respeito de pais, profissionais da classe

médica e se estendendo às áreas de acesso restrito (U.T.I ‘s, isolamento máximo e

outras dependências).

Com o apoio do Big Apple Circus, uma organização cultural sem fins lucrativos

de Nova Iorque, nasceu o Clown Care Unit.

Hoje conta com cinqüenta artistas, treinados para levar alegria às crianças

internadas em 10 dos mais importantes Hospitais de Nova Iorque, Washington, Boston

e Seattle. Contagiados por essa alegria, 3 artistas do grupo fundaram programas - irmãos

no Brasil, França e Alemanha.

4.2. ANJO BRASILEIRO

Em 1991, após 9 anos de trabalho como ator em Nova Iorque, Wellington

Nogueira retorna ao Brasil com o sonho de implantar os Doutores da Alegria.

Em setembro de 1991, o Hospital Nossa Senhora de Lourdes em parceria com

Wellington Nogueira, iniciou o programa brasileiro, Doutores da Alegria, afiliado à

Clown Care Unit do Big Apple Circus.

Após 3 meses de experimentação, inicio-se a montagem do projeto em si, com as

devidas características diferenciando de um simples entretenimento, segundo os padrões

americanos: (duas vezes por semana, quatro horas por dia, visita as crianças leito a leito,

incluindo U. T. I e na Unidade de Cirurgia Ambulatorial ).

Iniciou-se também a busca pelo artista ideal. Este artista deveria ter grande

sensibilidade e sólida formação na área de Teatro Clown. A “Doutora Emily”: (a atriz

Vera Abbud ) , a primeira “besteirologista”, treinada no Brasil se revelou um achado.

Com o trabalho em dupla: Wellington Nogueira (Dr. Zinho) e Doutora Emily, o

programa passou a existir de verdade.

Os Doutores da Alegria tem como missão; “Possibilitar às crianças e

adolescentes hospitalizados, suas famílias e profissionais da área de saúde, a experiência

de alegria, pura e simples, em meio à tensão do ambiente hospitalar.” 41

41 (http:// www.doutoresdaalegria.org.br. , 2002).

32

Para os Doutores da alegria o humor é o recurso essencial, pois auxilia e ajuda

na comunicação com os pacientes e seus acompanhantes, superando traumas inerentes

aos processos de enfermidade e internação e restitui a alegria como parte integrante de

suas vidas. Os Doutores da Alegria são rígidos e sérios quanto aos seus objetivos.

Usar seus conhecimentos Clown com arte e sensibilidade para avaliar a necessidade de cada criança colocando seus recursos – truques. Magia, malabarismo – a seu dispor.

Desenvolver à criança um pouco do controle (sobre o corpo e sobre sua vida) que lhe é totalmente tirado quando ela se encontra enferma e hospitalizada. Fornecer uma atitude mais positiva e ativa em relação à enfermidade e recuperação.42

Os Doutores da Alegria não conseguem atender a todos os hospitais no Brasil,

pois a condição fundamental para expansão do trabalho é o respeito ao ritmo de

crescimento com qualidade.

Estão em alguns hospitais do nosso grande Brasil, poucos mas com uma enorme

qualidade naquilo que fazem, breve estarão em cada canto da nossa sociedade.

São Paulo: Centro de Tratamento e Pesquisa Hospital do Câncer. Conj. Hospitalar do Mandaqui. Hospital Albert Einstein. Hospital Cândido Fontoura. Hospital das Clínicas – FMUSP – Instituto da Criança, Instituto de Ortopedia, Divisão de Queimados e Cirurgias Plásticas e Clínica Urológica. Hospital da Criança. Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Rio de Janeiro: Hospital Municipal Jesus.43

4.3. PALHAÇOS TERAPEUTAS

Em 1996 os terapeutas do riso iniciaram seus trabalhos. É um dos poucos

grupos do gênero no mundo que tem um trabalho regular com adultos hospitalizados é o

que deferência dos demais. Eles atuam no Hospital da Criança, Hospital Santo Antonio,

Hospital Geriátrico, Centro de Reabilitação os Portadores de Deficiências e no Centro

Médico Social Augusto Lopes Pontes, todos no complexo das Obras Sócia Irmã Dulce

atingindo o total de 1021 leitos, levam conforto e humanização a crianças, adultos e

idosos.

Durante a apresentação. Uma criança de nove anos, paciente terminal, sorriu pela primeira vez na vida. E a conseqüência surpreendeu até mesmo os médicos, pois, também pela primeira vez, o organismo da paciente apresentou reação de melhora após a aplicação de quimioterapia.44

42(Ibidem). 43 (Ibidem). 44In: (Nossa história .http://www.terapeutasdoriso.com.br/2005/).

33

Após este episódio iniciaram uma pesquisa sobre os efeitos do riso, descobriram

que rir é o melhor remédio. Vestidos de jalecos de médico, o grupo de atores deu início,

a uma das maiores instituições filantrópica do Brasil, um trabalho pioneiro em

humanização hospitalar utilizando a técnica do palhaço.

Os artistas profissionais levam a arte para o hospital, unindo teatro, música e técnicas circenses num trabalho que, a um só tempo, promove cura, cultura e inclusão social. É a Terapia do Riso, uma experiência realizada de forma pioneira no norte/ nordeste que vem aumentando a auto-estima dos internos, melhorando o ambiente hospitalar e otimizando os procedimentos médicos.45

As pessoas internadas sejam crianças, adultos ou idosos necessitam da

comunicação que o riso trás, uma forma descontraída de encarar a vida nem que seja por

algumas horas. Com isso houve uma redução de cerca de 10% no tempo da

permanência do paciente no hospital.

4.4. ENFERMEIROS DA ESPERANÇA

Um projeto criado em 2005 por Cristiane Lemos deu origem aos Enfermeiros da

Esperança. Após seus estágios em diversas instituições hospitalares onde concluía o

curso de técnica de enfermagem, Cristiane observou a carência de afeto e atenção de

diversos pacientes, principalmente idosos e crianças.

Então montou o projeto com o objetivo de oferecer carinho, atenção, ser ouvinte,

contar histórias, unindo o conhecimento científico de enfermagem com o sorriso,

levando alegria e calor humano aos necessitados.

O grupo é formado de acadêmicos de enfermagem que são voluntários que se

vestem de palhaços levando alegria e sorrisos aos leitos combatendo assim a solidão e a

tristeza dos internados. Desta forma os futuros enfermeiros amadurecem

profissionalmente com o contato com a realidade social do nosso país além de

humanizar os futuros profissionais. Com muito sacrifício em 2006 o grupo se tornou

Instituto Enfermeiros da Esperança.

“Participamos de 11° CBCEnf em Belém do Pará. Onde foi um sucesso o Curso “Oficina do Riso” com a participação de Alessandra “Palhaça Leka”, Cristiliane “Palhaça Peteca”, Felipe “Palhaço Fumaça”, sob a orientação da Psicóloga Marietta Burman “Palhaça Paçoca”. Nosso stand também foi o maior sucesso!Co ma venda de camisas, garrotes,...Sempre com muita alegria!”46

45 (Ibidem) 46 (http://www.enfermeirosdaesperança.com/).

34

A coordenadora de psicologia do grupo enfermeiros da Esperança, Marietta

Burdman, ou a palhaça “Paçoca” como é conhecida no grupo, faz um resumo bem

interessante sobre o riso e suas várias faces.

*O riso é universal na espécie humana. *A função do riso é a comunicação. E uma das primeiras formas de relação entre as pessoas. Na relação mãe-bebê o riso reflete aceitação e amorosidade. *O riso desenvolve a capacidade criativa, que estimula a habilidade ampliada uso da inteligência. * As pessoas que conseguem rir lidam com a realidade de forma mais saudável, transformam desafios em aprendizados. *O riso ajuda a assimilar e a enfrentar as tragédias da vida. O riso alivia as tensões sociais do cotidiano. * O bom humor é contagiante. Fique perto de pessoas engraçadas. *O riso é uma expressão de liberdade, não um objeto de exclusão social. *O bom humor previne doenças e promove saúde. *O riso fortalece o sistema imunológico, estimula as funções cardiovasculares e liberam transmissores neuroquímicos, as endorfinas que aliviam a dor e dão sensação de prazer. *O bom humor previne doenças e promove saúde. *O riso fortalece o sistema imunológico, estimula as funções cardiovasculares e libera transmissores neuroquímicos, as endorfinas que aliviam a dor e dão sensação de prazer. *A atitude bem humorada combate o estresse. Rir reduz os níveis de certos hormônios prejudiciais à saúde liberados pelo estresse psicológico. *O riso resgata a capacidade de aprender a brincar com a nossa dor e a descobrir meios mais humanos e éticos para enfrentar a vida. *O riso traz benefícios psicológicos para o humor. As emoções negativas podem ser liberadas nas brincadeiras. *Onde há riso há esperança!47

4.5. TERAPÊUTAS DO RISO NAS EMPRESAS

Os terapeutas do riso estão levando o bom humor ao ambiente de trabalho

proporcionando a diversos segmentos empresariais, espetáculos apropriados para

espaços dentro da própria rotina de trabalho onde as situações do cotidiano do setor são

encenadas de uma forma bem humorada fazendo com que os funcionários identifiquem-

se com a história. Esta proposta é trabalhada dependendo do perfil de cada empresa

Primeiro é feita uma pesquisa com base no tema a ser abrangido. Após o estudo os atores e autores dos terapeutas do riso desenvolvem o texto e encaminha-o a empresa para uma analise prévia, e depois de aprovado é realizado o espetáculo. 48

Os terapeutas do riso oferecem para as empresas um plano de saúde do riso onde

são marcadas consultas cômicas semanais ou mensais com terapeutas do riso. Assim,

eles tem nas mãos uma ferramenta importante para desenvolver o humor no ambiente de 47 In: (BURDMAN, Marietta.www.enferneirosdaesperança.com). 48 (Humor na Empresa. Riso 9000 e tanto. http://www.terapeutasdoriso.com.br).

35

trabalho, obtendo como resultados maior motivação, produtividade e criatividade dos

colaboradores.

4.6. RISO, COMUNICAÇÃO, NEGÓCIOS

As empresas deram conta de que o humor funciona como uma poderosa

ferramenta de gestão. As indicações do riso são múltiplas e recomendadas para aliviar

tensões, melhorar os relacionamentos internos, incentivar a criatividade, motivar as

pessoas, aumentando a produtividade. O riso é a mercadoria que começa a ser

valorizada pelas grandes empresas e é um atributo indispensável para quem quer se dar

bem profissionalmente. O PhD., o americano Malcon Kushner, autor do livro, Um

Toque de Humor, (Editora Record), acrescenta:

Uma cultura corporativa com senso de humor tende a ser muito mais aberta e receptiva. Ao derrubar barreiras e aproximar as pessoas, o humor promove um saudável intercâmbio de idéias dentro de uma corporação. Uma boa risada atravessa fronteiras hierárquicas, melhorando a comunicação entre posições e setores diferentes e ajudando a fazer da empresa um todo harmônico 49

Se você é daqueles que raramente dão um sorriso, mas quer ter um futuro

promissor no campo profissional precisa se atualizar principalmente se quer entrar para

uma das empresas que dão valor ao riso como modo de comunicação interna. Mas não

pense de mudar seu modo de ser de um dia para noite. Não precisa decorar um monte de

piadas. Não é desse tipo de humor que as empresas querem. Não precisa ser engraçado,

se vestir de palhaço. Ter senso de humor é uma questão de atitude. Requer exercícios e

encontrar a sua maneira de pôr em prática sua criança interior sem com isso ferir os

outros nem se agredir. Algumas empresas estão seguindo ao pé da letra as palavras de

Kushner.

A Kodak criou uma “Sala de Humor” no escritório central em Stanford, nos Estados Unidos. O que ele contém? Livros sobre humor e criatividade, objetos jocosos e um espaço para assistir a divertidos vídeos. Também é aí que grupos de funcionários se reúnem quando estão atrás de umas boas idéias. Em 1996, a Elma Chips reuniu seus 300 vendedores da capital paulista num circo para a apresentação de um novo produto. Os cinco gerentes das divisões estavam fantasiados de palhaço. Na americana Sun Microsystems, o tempo que o candidato a um emprego demora em demonstrar o seu senso de humor numa entrevista é um dos itens considerados na hora da contratação. A Credicard instituiu no Brasil o dia D, na última Sexta-feira de cada mês. Nesse dia, todos os funcionários das áreas de atendimento, cobrança e telemarketing podem ir trabalhar fantasiados.50

49 In: (CLARET,2002 p.14). 50 (Ibidem, p.15).

36

No mundo da publicidade, o humor sempre foi valorizado. David Ogilvy, o

lendário fundador da Ogilvy and Mather, costumava recomendar ao pessoal da criação:

“Torne o trabalho uma diversão. Quando as pessoas não estão se divertindo, raramente

produzem uma boa publicidade”.51

Em abril de 2002, em Nova York ocorreu a 13ª conferência anual “The Positive

Power of Humor & Creativity”, (O Poder Positivo do Humor & Criatividade),

patrocinada pelo The Humor Project. Fundado em 1977, que entre outros objetivos, tem

como meta ajudar as organizações a incorporar o humor à sua cultura corporativa. Entre

as companhias que costumam participar do encontro anual encontramos: IBM, General

Motors, Kodak, Xerox, Walt Disney, Procter & Gamble e Time Warner. Mais de

800.000 pessoas já freqüentaram seus eventos.

Para dar conta dos inúmeros pedidos de palestras e workshops em empresas, The

Humor Project conta com uma equipe de 50 consultores. O instituto edita a revista

Laughing Matters e vende livros, vídeos, agendas, pôsteres e objetos jocosos.

As empresas que fazem a opção da inclusão do humor tentam oferecer um ambiente mais agradável aos funcionários. Hoje em dia as empresas não se contentam com empregados que deixam seus cérebros junto com seus carros no estacionamento, ao chegar no trabalho. “No mundo dos negócios, cada vez mais competitivo, as empresas começam a almejar indivíduos inteiros, com cérebro e coração”. (DRUCKER, Peter). 52

4.6.1. EXPERIÊNCIA BEM SUCEDIDA

Max, consultor e escritor da Revista VOCE/SA, passou por algumas

experiências muito bem humoradas na sua vida profissional, situações tão atípicas que

parecem piadas. Aprendeu muito com essas experiências.

Empresas são apenas números impessoais de CNPJ. Acontece que elas são habitadas por seres humanos, que vêm e que vão (ultimamente, com a crise, mais vão do que vêm). E seres humanos sim, podem ser bem ou mal – humorados. ... Empresas que confundem seriedade com cara fechada, rir é pedir para ser punido... Com bom humor, o difícil fica mais fácil...53

Em 1984, Max estava na Elma Chips, uma empresa de porte médio que estava

tentando encontrar brechas no mercado. A empresa deu sua virada entre 1985 e 1997

51(Ibidem, p.65). 52 ( Ibidem, p. 67). 53 (GEHRINGER, Max. http://www.rio.rj.gov.br/sms, 2002).

37

com a chegada de um novo presidente, Norberto Sommerfeld, dono de um estilo

metódico- ortodoxo deu a impressão que implantaria um modelo linha-dura na empresa.

Norberto percebeu que tinha uma equipe de diretores bem- humorados. A

empresa foi a pioneira em 1986 em peças teatrais escritas e representadas pelos

funcionários criticando as marzelas internas. A maioria dos atores eram gerentes e

diretores que se caracterizavam e faziam piadas. A platéia na época eram os vendedores

que se divertiam com seus chefes sem que com isso abalasse o respeito entre eles.

Em 1990, Max escreveu uma peça para uma convenção em Barra Bonita, no interior de São Paulo. O ator principal era nada mais nada menos que Norberto, o presidente, que exagerando em seu sotaque alemão, deu um exemplo de solidariedade. “Fizemos até um “Oscar” para ele, que agradeceu aos prantos e dedicou à sua Mutti, dona Gerba. Depois daquilo, ninguém mais teria desculpas para nada. Nos anos seguintes, os resultados explodiram e o bom humor viraria a marca registrada da empresa”. O clima vem de cima, e não é preciso ser um humorista para criar um ambiente de bom humor. O Norberto não era apenas entendeu que, bem- humorados, seus funcionários poderiam gerar resultados muito acima do esperado. A Elma Chips entrou nas primeiras cinco edições do Guia Exame. As 100 Melhores Empresas para Você Trabalhar. E o único quesito em que não tirava a nota máxima era prestem atenção! “salários e benefícios”. Ela pagava apenas a média do mercado, mas mesmo assim seu turnover era baixíssimo. O ambiente interno leve e solto mais que compensava os 10% ou 20% que o mercado recomendava pagar para “reter os prezados colaboradores”.54

Max nos mostra que as pessoas querem ser tratadas como pessoas, não há

desculpas para o mal-humor. Podemos dar uma notícia ruim de duas maneiras: criando

um clima de ansiedade, ou amenizando e humanizando-a. A opção escolhida define o

ambiente refletindo nos resultados.

4.7- COMUNICAÇÃO NAS ESCOLAS

Nosso sistema educacional encoraja e valoriza nossas habilidades cognitivas,

somos aprisionados a obter resultados rápidos. Esquecemos que o impulso básico do

Seres Humanos é o impulso exploratório, que no nosso dia-a-dia chamamos de

curiosidade, esta nos ajuda a estabelecer conexões e desenvolver padrões novos dentro

da sociedade. Aprendemos mais rápido e com mais alegria com a nossa curiosidade.

O riso, a alegria contribui expressivamente no equilíbrio emocional dentro da

sala de aula. As relações sociais que fazemos com professores, funcionários, diretores

enfim com todos na escola ditará como será nosso processo ensino - aprendizagem.

54 (Ibidem).

38

O educando que tem uma boa relação com seus professores, trocando com eles

impressões através de brincadeiras e considerações sobre os mais diversos assuntos,

parece ser mais apto aos estudos. Assim, seu estado emocional e psicológico torna-o

mais sensível e receptivo e participa com mais interesse das atividades, pois a

comunicação flui de forma positiva.

O aluno que ao contrário, por um motivo ou outro, deixa de interagir

positivamente com todos da sala, tratando-os com agressividade e ou indiferença, perde

uma boa parcela da oportunidade de aprendizagem, no sentido de se construir

significados a partir de múltiplas e complexas interações, onde o riso pode ser um

excelente mediador.

O professor deve estar atento e ser sensível para perceber o estado emocional

negativo do seu aluno, procurar resgatar nele valores sociais utilizando situações

humorísticas positivas onde o riso não o ofenda, mas sirva de ponte, meio de

comunicação para chegar a este aluno. Se o riso suscitar a aprendizagem e for, para o

aluno, uma experiência de sucesso, este construirá uma representação positiva de si

mesmo como alguém que é capaz de aprender e sentir prazer nisso.

A emoção é a grande indicadora dos primeiros sinais de vida psíquica

observáveis na conduta infantil. Através das emoções que se estabelecem as primeiras

trocas da criança com o mundo exterior, não com o mundo dos objetos físicos mas com

as pessoas de quem a criança depende para a satisfação das suas necessidades vitais.

Assim, as influências afetivas do meio humano têm ação decisiva sobre a vida psíquica

da criança, que se organiza através do contato com outrem.

Emoção pode ser definida como uma seqüência complexa de reações a um estímulo. Incluem avaliações cognitivas, alterações subjetivas, ativação autônoma e neural, impulsos para a ação e comportamento destinado a ter um efeito sobre o estímulo que iniciou a seqüência comportamental. 55

O melhor e mais eficiente veículo de interação social é o riso. Através dele,

rompem-se barreiras. Sem essa pequena atitude de disponibilidade as pessoas mantêm-

se distanciadas umas das outras, cultivando fantasias e aumentando barreiras que cada

vez mais ficam intransponíveis, se limitando aos seus pequenos mundos individuais.

A educação tem de se inspirar na Filosofia devido à convicção de que o homem não pode ser tratado como objeto, mas como algo excepcional que se revela pela sua criatividade, sua tendência para a liberdade, sua capacidade de auto - limitar-se e de aspirar, bem como a sua inquietação interior, que o impele para o transcendental.56

55 (OTTA, 1994, p.10). 56 (NÉRICI, 1973, p.14).

39

Um pequeno sorriso sincero nos aproxima do outro e isso também se dá no

processo ensino-aprendizagem. O conteúdo, por mais de acordo que esteja com os

PCns, uma vez imposto,(como ainda é feito, por muitos professores), acaba por

corromper aquilo que há de mais importante no educando, que é a sua curiosidade

filosófica perante a realidade. Vamos rir que faz bem! A farsa é a forma exasperada do

lirismo e a expressão máxima da alegria de viver. (CLAUDEL, Paul) 57

57 In: (CLARET,2002, p.88).

40

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O homem, em sua caminhada evolutiva sempre utilizou o riso como parte

integrante de sua vida. Apesar de ganhar muitos nomes, o riso sempre foi utilizado da

mesma maneira: produzir alegria, conforto e bem estar, qualquer que fosse a época. A

parceria mais significativa que o riso possui é com a comunicação.

O mundo está diariamente em mudança. A vida moderna nos afastou de tudo o

que é saudável: alimentamos-nos mal, trabalhamos muito, dormimos pouco, temos

poucos momentos de alegria e estamos destruindo o planeta em uma velocidade

assustadora. A cada momento ocorre algo importante e todos querem saber. Os meios

de comunicação sofisticados, de tecnologia de “última geração”, fazem com que a

informação chegue até nós com uma velocidade surpreendente, mas essa mesma

tecnologia nos afaste cada vez mais dos nossos semelhantes a medida que pouco

sentamos para um bate papo com os amigos e utilizarmos o nosso riso comunicativo. .

Por mexer com a fisiologia do nosso corpo, o riso produz um bem estar interno e

externo. Necessitamos desse bem estar e devemos transferi-lo para as nossas

comunicações, ampliando para as relações sociais no trabalho. Com os centros urbanos

violentos e estressantes temos que utilizar o riso como forma de comunicação mais

rápida e eficiente no nosso dia a dia. Precisamos aprender a utilizar mais essa nossa

alegria como um remédio para os nossos males.

A sociedade nos dita padrões e regras que seguimos sem muito questionar, e

nesse jogo o riso levam desvantagem aquele que utiliza é marginalizado, pois acaba

sendo visto não como uma pessoa alegre, positiva, bem humorada, mas como um

indivíduo irresponsável, não confiável. As pessoas por não utilizarem em suas

diferentes formas de comunicação o riso social, acabam por desmerecer esta forma de

comunicação.

Apesar dos padrões sociais em muitos casos não aprovarem a utilização do riso,

a alegria, o sorriso e o riso são ferramentas que vem sendo inserida com sucesso por

muitas instituições para garantir bem estar e a felicidade de profissionais em seus locais

de trabalho. A comunicação através do riso contribui para aproximar as pessoas,

diminuindo as dores, as diferenças de raça, sexo, religião. Nas empresas onde a

comunicação utilizando o riso está ganhando espaço tornando o ambiente informal e

muito mais produtivo. Nos hospitais onde os Doutores da Alegria, deram origem a

muitos grupos, busca no riso comunicativo como forma de beneficiar crianças, idosos, e

41

até adultos internados e seus parentes aliviando a carga negativa que o ambiente

hospitalar trás. Os médicos também se beneficiam dessa comunicação através do riso,

direta, participando das sessões dos Doutores da alegria, do riso, ou seja, lá o nome do

grupo e indiretamente vendo seus pacientes respondendo aos tratamentos.

Então só falta você, incluir a comunicação através do riso na sua vida tente, pois

rir é o melhor remédio.

42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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13. MELO José Marques de (org.). De Belém a Bagé:imagens midiáticas do Natal brasileiro. São Bernardo do Campo:UMESP.Cátedra da UNESCO. 1998.

43

14 RISO Terapeutas do. Nossa História. Em: <http://www.terapeutasdoriso.com.br/2005/índex.php?qual=2&escolhido=2 Acesso em 12/11/2008. 15. RISO Terapeutas do. Humor na Empresa.Riso 9000 e tanto.Disponível: <http://www.terapeutasdoriso.com.br/2005/índex.php?qual=8&escolhido=8 Acesso em 12/11/2008. 16. NÉRICE, Imídio G. Didática Geral Dinâmica. 4 ed. SP: Científica,1993. 17. OTTA, Emma. O sorriso e seus significados. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. 18. RIBEIRO, Helena. A Razão da Emoção- Liderança com Sensibilidade. Disponível em: <http:www.widebiz.com.br/gente/hribeiro/emoção.html> Acesso em: 16/01/2009. 19. TRIGUEIRO, Osvaldo. O Estudo Científico da Comunicação: Avanços Teóricos e Metodológicos Ensejados pela Escola Latino-Americana. Disponível em:<http://www2metodista.br/unesco/PCLA/revista6/artigo %206-3. htm.>. Acesso em 16/01/2009.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO........................................................................................................... CAPÍTULO I 1. HISTÓRICO........................................................................................................... 1.1. O RISO................................................................................................................. 1.2. A IMPORTÂNCIA DO RISO ............................................................................ 1.3. COMUNICAÇÃO DO CORPO........................................................................... 1.4. O HORMÔNIO DO RISO .................................................................................. CAPÍTULO II 2. COMUNICAÇÃO SOCIAL.................................................................................. 2.1. SOCIEDADE GLOBALIZADA.......................................................................... 2.2. SOCIEDADE E O RISO...................................................................................... CAPÍTULO III 3. COMUNICAÇÃO INTERNA................................................................................ 3.1. SAÚDE................................................................................................................. 3.2. DOENÇA............................................................................................................ 3.3. TERAPÊUTICA................................................................................................... 3.4. RISOTERAPIA................................................................................................... 3.5. TEORIA DA SUPERIORIDADE........................................................................ 3.6. TEORIA DA INCOERÊNCIA............................................................................ 3.7. TEORIA DO ALÍVIO......................................................................................... 3.8. BOAS RELAÇÕES.............................................................................................. CAPÍTULO IV 4. PALHAÇOS E O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO......................................... 4.1. DOUTORES DA ALEGRIA............................................................................... 4.2. ANJOS BRASILEIROS....................................................................................... 4.3. PALHAÇOS TERAPÊUTAS............................................................................. 4.4. ENFERMEIROS DA ESPERANÇA................................................................... 4.5. TERAPÊUTAS DO RISO.................................................................................... 4.6. RISO,COMUNICAÇÃO, NEGÓCIOS............................................................... 4.6.1. EXPERIÊNCIA DIVERTIDA........................................................................ 4.7. COMUNICAÇÃO NAS ESCOLAS.................................................................... CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... REFERÊNC IAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................

08 09 09 13 14 15 16 19 19 20 22 24 24 25 26 26 26 27 28 28 28 30 30 31 31 32 33 34 35 36 37 40 42

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O RISO: SUA IMPORTÂNCIA NA COMUNICAÇÃO

SOCIAL

Por: Danielly Coutinho Magalhães

Entregue em: março 2009.

Avaliado por: Marcelo saldanha Conceito: --------------

Conceito final: --------------------------------------------------------------------------------------