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O RENASCER VIANENSE O RENASCER VIANENSE ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DA ACADEMIA VIANENSE DE LETRAS ANO III Nº 7 VIANA-MA, AGOSTO DE 2004 ELEIÇÃO E VOTO CONSCIENTE Mais uma vez viveremos um agitado período de eleição municipal para esco- lha do nosso prefeito e renovação da Câmara de Vereadores. No aspecto legal, a mudança mais importante foi a diminuição do número de vereadores para nove. Perdemos qua- tro vereadores. A disputa, portanto, para o cargo ficará mais acirrada e difícil. Essa diminuição do número de vereadores importará em considerável economia para o município e no desafio de esco- lher os melhores. Os candidatos a prefeito foram apre- sentados pelas convenções e já estão em campanha por todo o município. Sem reeleição, a disputa pela prefeitura tor- na-se mais fácil para todos os candida- tos. A eleição municipal é a verdadeira elei- ção porque a guerra começa entre os vi- zinhos e a luta eleitoral interessa a todos. O município é a parte visível da Federa- ção. A motivação para votar é maior, to- dos os candidatos são conhecidos e o resultado da eleição vai repercutir em cada família. Esse é o sentido maior da democra- cia: participar da escolha dos seus diri- gentes, sem receio de errar e com a cons- ciência plena da opção feita em favor do município, sem interferência do poder econômico e de fatores pessoais. Os candidatos estão aí para serem analisados. Quem são eles? De onde vi- eram? O que pretendem? Qual a histó- ria de cada um? Qual o projeto de cada um? O que pode melhorar para Viana com a eleição de Fulano ou de Sicrano? A responsabilidade do eleitor é de es- colher o melhor. Nosso município preci- sa com urgência de uma administração mais ativa, que se manifeste desde a en- trada da cidade, que está em situação lamentável por falta de urbanização. Pre- cisamos de uma administração que le- vante o orgulho do vianense em ser via- nense, que faça Viana afirmar-se no ce- nário estadual com o prestígio da sua his- tória. O eleitor consciente deve repudiar o candidato que não tem um projeto con- sistente para administrar o município, pois as promessas vagas não têm mais lugar nos tempos atuais. É uma falta de res- peito para com o eleitor fazer uma cam- panha mentirosa, sem ética, com insul- tos e sem respeito ao patrimônio da ci- dade, com a propagação da sujeira, em vez de uma propaganda eleitoral sadia. Cada eleição é um momento decisivo que a democracia coloca nas mãos do eleitor para decidir sobre o futuro do seu município, do seu estado e do seu país. Nesta eleição municipal, o eleitor via- nense precisa se preocupar em escolher o melhor candidato para garantir um fu- turo melhor para nossa terra. CASA DO SR. ANANIAS CASTRO E sta é uma das residências mais belas en- tre tantas que existiram em Viana e, por felicidade, uma das poucas que resisti- ram ao tempo e à mão destruidora do homem, chegando praticamente intacta aos nossos dias. Com entrada lateral por um portão que dá acesso a um belo jardim, janelas amplas com grades e vidraças, esta casa sempre chamou a atenção por seu aspecto imponente e se- nhorial. Foi residência do Sr.Joaquim Inácio Serra (pai do famoso Padre Astolfo Serra) e, posteriormente, do telegrafista Amâncio de Aquino (autor da letra do Hino Vianense), quando ali funcionou por muito tempo o Cor- reio e Telégrafo de Viana. Palco também de memoráveis bailes carna- valescos, o prédio apresenta, na atualidade, uma rachadura em uma das paredes internas que comprometem seriamente a estrutura desse im- portante monumento histórico da cidade. Lourival Serejo na AML Para ocupar uma das cadeiras vagas da Academia Maranhense de Letras foi eleito por unanimidade, no último dia 17 de junho, o juiz de Direito Lourival Serejo. O ex-presidente da Academia Vianense de Letras será titular da Cadeira de nº 35, que tem como patrono César Marques. A posse de Lourival deverá acontecer ainda neste se- gundo semestre, em data a ser definida. Com a eleição de Lourival, que se juntará ao empresário e escritor Carlos Gaspar, sobe para dois o número de vianenses que integram a galeria dos renomados homens das letras maranhenses. A Academia Vianense de Letras parabeni- za o novo imortal maranhense e lhe deseja brilhante atuação na “Casa de Antônio Lobo”. Reivindicações Culturais No intuito de restaurar a identidade cultural de Viana, vítima de tantas depre- dações, passaremos a expor, neste jor- nal, nossas reivindicações, dirigidas prin- cipalmente aos futuros vereadores e futu- ro Prefeito Municipal. Dessa forma, propomos: 1. Substituição das placas nominativas das ruas por novas placas de melhor qualidade estética e visual; 2. Retorno da largura original das calça- das das Ruas Antônio Lopes, Coronel Campelo, Cônego Hemetério e trans- versais, nos mesmos padrões antigos, estabelecendo-se definitivamente o sistema de mão única para o trânsito de veículos; 3. Aprovação de lei municipal que proí- ba a cobertura asfáltica das pedras e paralelepípedos das principais ruas que compõem o centro histórico da cidade, mais precisamente a Antônio Lopes, Coronel Campelo, Cônego Hemetério e adjacências; 4. Designação de logradouros públicos com os nomes dos vianenses Astolfo Serra (padre, escritor, historiador e governador do Maranhão), Manuel Lopes da Cunha (pai dos irmãos Antônio e Raimundo Lopes e também Governador do Estado) e Raimun- do Lopes (escritor, etnógrafo, arque- ólogo e historiador); 5. Edificação de um monumento na Pra- ça Ozimo de Carvalho, para, como se fosse um Pantheon, homenagear os vultos ilustres de Viana; 6. Volta da exposição permanente, em local apropriado, dos sinos da Igreja Matriz, verdadeiras relíquias históricas, atualmente esquecidos no Palácio Episcopal. ALMANAQUE JP TURISMO A Festa do Divino de São Cristóvão será tema de uma matéria da edição nº 3 do Almanaque JP Turismo, que estará nas bancas a partir de agosto.

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O RENASCER VIANENSEO RENASCER VIANENSEÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DA ACADEMIA VIANENSE DE LETRAS ANO III Nº 7 VIANA-MA, AGOSTO DE 2004

ELEIÇÃO EVOTO CONSCIENTE

Mais uma vez viveremos um agitadoperíodo de eleição municipal para esco-lha do nosso prefeito e renovação daCâmara de Vereadores.

No aspecto legal, a mudança maisimportante foi a diminuição do númerode vereadores para nove. Perdemos qua-tro vereadores. A disputa, portanto, parao cargo ficará mais acirrada e difícil. Essadiminuição do número de vereadoresimportará em considerável economiapara o município e no desafio de esco-lher os melhores.

Os candidatos a prefeito foram apre-sentados pelas convenções e já estão emcampanha por todo o município. Semreeleição, a disputa pela prefeitura tor-na-se mais fácil para todos os candida-tos.

A eleição municipal é a verdadeira elei-ção porque a guerra começa entre os vi-zinhos e a luta eleitoral interessa a todos.O município é a parte visível da Federa-ção. A motivação para votar é maior, to-dos os candidatos são conhecidos e oresultado da eleição vai repercutir emcada família.

Esse é o sentido maior da democra-cia: participar da escolha dos seus diri-gentes, sem receio de errar e com a cons-ciência plena da opção feita em favor domunicípio, sem interferência do podereconômico e de fatores pessoais.

Os candidatos estão aí para seremanalisados. Quem são eles? De onde vi-eram? O que pretendem? Qual a histó-ria de cada um? Qual o projeto de cadaum? O que pode melhorar para Vianacom a eleição de Fulano ou de Sicrano?

A responsabilidade do eleitor é de es-colher o melhor. Nosso município preci-sa com urgência de uma administraçãomais ativa, que se manifeste desde a en-trada da cidade, que está em situaçãolamentável por falta de urbanização. Pre-cisamos de uma administração que le-vante o orgulho do vianense em ser via-nense, que faça Viana afirmar-se no ce-nário estadual com o prestígio da sua his-tória.

O eleitor consciente deve repudiar ocandidato que não tem um projeto con-sistente para administrar o município, poisas promessas vagas não têm mais lugarnos tempos atuais. É uma falta de res-peito para com o eleitor fazer uma cam-panha mentirosa, sem ética, com insul-tos e sem respeito ao patrimônio da ci-dade, com a propagação da sujeira, emvez de uma propaganda eleitoral sadia.

Cada eleição é um momento decisivoque a democracia coloca nas mãos doeleitor para decidir sobre o futuro do seumunicípio, do seu estado e do seu país.

Nesta eleição municipal, o eleitor via-nense precisa se preocupar em escolhero melhor candidato para garantir um fu-turo melhor para nossa terra.

CASA DO SR. ANANIAS CASTRO

Esta é uma das residências mais belas en-tre tantas que existiram em Viana e, porfelicidade, uma das poucas que resisti-

ram ao tempo e à mão destruidora do homem,chegando praticamente intacta aos nossos dias.

Com entrada lateral por um portão que dáacesso a um belo jardim, janelas amplas comgrades e vidraças, esta casa sempre chamoua atenção por seu aspecto imponente e se-nhorial. Foi residência do Sr.Joaquim InácioSerra (pai do famoso Padre Astolfo Serra) e,posteriormente, do telegrafista Amâncio deAquino (autor da letra do Hino Vianense),quando ali funcionou por muito tempo o Cor-reio e Telégrafo de Viana.

Palco também de memoráveis bailes carna-valescos, o prédio apresenta, na atualidade, umarachadura em uma das paredes internas quecomprometem seriamente a estrutura desse im-portante monumento histórico da cidade.

Lourival Serejo na AMLPara ocupar uma das cadeiras vagas da

Academia Maranhense de Letras foi eleito porunanimidade, no último dia 17 de junho, ojuiz de Direito Lourival Serejo.

O ex-presidente da Academia Vianense deLetras será titular da Cadeira de nº 35, quetem como patrono César Marques. A possede Lourival deverá acontecer ainda neste se-gundo semestre, em data a ser definida.

Com a eleição de Lourival, que se juntaráao empresário e escritor Carlos Gaspar, sobepara dois o número de vianenses que integrama galeria dos renomados homens das letrasmaranhenses.

A Academia Vianense de Letras parabeni-za o novo imortal maranhense e lhe desejabrilhante atuação na “Casa de Antônio Lobo”.

ReivindicaçõesCulturais

No intuito de restaurar a identidadecultural de Viana, vítima de tantas depre-dações, passaremos a expor, neste jor-nal, nossas reivindicações, dirigidas prin-cipalmente aos futuros vereadores e futu-ro Prefeito Municipal.

Dessa forma, propomos:1. Substituição das placas nominativas

das ruas por novas placas de melhorqualidade estética e visual;

2. Retorno da largura original das calça-das das Ruas Antônio Lopes, CoronelCampelo, Cônego Hemetério e trans-versais, nos mesmos padrões antigos,estabelecendo-se definitivamente osistema de mão única para o trânsitode veículos;

3. Aprovação de lei municipal que proí-ba a cobertura asfáltica das pedras eparalelepípedos das principais ruasque compõem o centro histórico dacidade, mais precisamente a AntônioLopes, Coronel Campelo, CônegoHemetério e adjacências;

4. Designação de logradouros públicoscom os nomes dos vianenses AstolfoSerra (padre, escritor, historiador egovernador do Maranhão), ManuelLopes da Cunha (pai dos irmãosAntônio e Raimundo Lopes e tambémGovernador do Estado) e Raimun-do Lopes (escritor, etnógrafo, arque-ólogo e historiador);

5. Edificação de um monumento na Pra-ça Ozimo de Carvalho, para, comose fosse um Pantheon, homenagear osvultos ilustres de Viana;

6. Volta da exposição permanente, emlocal apropriado, dos sinos da IgrejaMatriz, verdadeiras relíquias históricas,atualmente esquecidos no PalácioEpiscopal.

ALMANAQUE JP TURISMOA Festa do Divino de São Cristóvão será

tema de uma matéria da edição nº 3 doAlmanaque JP Turismo, que estará nasbancas a partir de agosto.

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2 Viana – MA, Agosto de 2004

Na noite do dia 21 demaio último, em ceri-mônia realizada no sa-

lão de festas do Grêmio Recre-ativo, tomou posse na AcademiaVianense de Letras, ocupando aCadeira de nº 22, patroneadapelo Professor Egídio do Patro-cínio Rocha, o bacharel em Di-reito José Antonio Rosa Castro.

Dirigida pelo presidente dacasa, Luiz Alexandre Rapôso, asolenidade de posse foi prestigi-ada por figuras destacadas dasociedade local como o vice-pre-feito Carlos Augusto Cidreira, aJuíza da Comarca de Viana,Dra. Teresa Cristina Mendes, olíder comunitário, João Gouveia,a Secretária de Educação doMunicípio, Arlene Pereira Bar-ros, o Presidente do Comitê deDefesa do Patrimônio Históricoe Artístico de Viana, Luiz Henri-que Travassos e o escritor JoséSoeiro, além de expressivo nú-mero de amigos e admiradoresdo novo imortal vianense.

Antes do ato de posse, a Aca-demia prestou significativa ho-menagem ao Sr. José MendesPinheiro pelos relevantes serviçosprestados em prol do desenvol-vimento do município. Falandoem nome de toda a coletivida-de, a acadêmica Maria de Fá-tima Travassos Cordeiro fez asaudação ao homenageado,ressaltando os feitos do cida-dão, do comerciante e do em-presário que ali se encontravapresente. Uma placa de prata,ofertada pela AVL, foi entregueao Sr. José Mendes Pinheiropelo acadêmico Kalil Mohana.Em lugar de seu genitor, JoséAntonio Mohana Pinheiro fez aleitura do discurso de agrade-cimento, finalizando aquela ho-menagem.

Em seguida, acompanhadopelas acadêmicas Maria daConceição Brenha Raposo eRosa Maria Pinheiro Gomes,José Antonio Rosa Castro fezsua entrada oficial no recinto,sob os aplausos da assistência.Após a sonora execução doHino Vianense pela Banda Ma-estro José Piteira, o novo aca-dêmico proferiu seu discurso deposse. Para lhe dar as boas vin-das, depois de fazer o tradicio-nal discurso de saudação, oconfrade Rogéryo du Maranhão,quebrando o protocolo, pegouo violão e interpretou a poética“Veneza da Baixada” (música desua autoria em parceria comBetinho Gomes), arrancandoaplausos emocionados de todosos presentes.

Encerrando a noite festiva foiservido um coquetel aos famili-

JOSÉ ANTONIO CASTRO NA AVL

ares, amigos e convidados domais novo membro da Acade-mia Vianense de Letras.

Filho do casal Djalma CostaCastro e Ana Maria Rosa Cas-tro, José Antonio Rosa Castronasceu em Viana, no dia 29 dejaneiro de 1943. Foi alfabetiza-do pelos próprios pais, tornan-do-se depois aluno do Profes-sor Egídio Rocha, em sua esco-la domiciliar. Concluiu o cursoprimário na Escola ParoquialDom José Delgado. Fez a pri-meira série no Ginásio Profes-sor Antônio Lopes, em 1961, in-tegrando a turma inaugural

daquela instituição de ensino.No ano seguinte mudou-separa São Luís, trabalhando na“Casa Âncora” por algum tem-po. Logo viajou para o Rio deJaneiro, onde ganharia a vidacomo vendedor de livros didá-ticos, empregado de escritórioscomerciais e finalmente, ban-cário. No Rio, serviu ao Exérci-to, concluiu o curso ginasial, ocurso médio de contabilidade ebacharelou-se em Direito em1979. Na Cidade Maravilhosa,teria a alegria de conhecer aconterrânea musicista Dilú Me-llo, recebendo desta o convite

para participar da extintaAMARJ – Associação Mara-nhense do Rio de Janeiro.

Mesmo distante nunca dei-xou se afrouxarem os laços afe-tivos com o berço natal, tanto éque, desde 1997, em parceriacom o também vianense PedroMendengo, vem realizando su-cessivos congressos anuais, emViana, visando à conscientiza-ção da comunidade local sobreo meio ambiente e a necessida-de de preservação do Rosário deLagos do Maracu, como igual-mente do patrimônio histórico earquitetônico da cidade.

O novo acadêmico fazendoseu discurso de posse

Após a diplomação, José Antonio Castro recebendo oscumprimentos do presidente da AVL

O RENASCER VIANENSEDiretor/Redator: Luiz Alexandre Endereço: Rua Antônio Lopes, 459 - Viana - MA

Rapôso CEP: 65.215-000

Pose oficial para a posterioridade: o novo imortal vianense cercado pelos demais acadêmicos

O RENASCER VIANENSEO RENASCER VIANENSE

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UM ACADÊMICO, UM PATRONO

Viana – MA, Agosto de 2004

Luiz Alexandre Rapôso

Não é qualquer um que, aossetenta anos, pode olhar paratrás e vislumbrar uma vida rica

de experiências em todos os sentidos.Ex-seminarista, ex-funcionário do Ban-co do Brasil e ex-professor universitá-rio, o titular da Cadeira nº 3 da Aca-demia Vianense de Letras pode se con-siderar, hoje, um homem realizado.

João Mendonça Cordeiro nasceuem Viana, no dia 6 de agosto de1934. Filho primogênito de João Lo-pes Cordeiro e Eruena MendonçaCordeiro, concluiu o curso primáriona Escola Agrupada São Sebastião,aos 12 anos, depois de ter sido alunodas professoras Bibi Balby e ZeílaCunha Lauletta. Influenciado pela li-derança e carisma extraordinários doPadre Manoel Arouche, optou pelavida sacerdotal, ingressando no Se-minário Santo Antônio de São Luís,para fazer o curso de Humanidades,concluído em 1952. No ano seguin-te, para dar continuidade aos estu-dos, transferiu-se para a capital pa-raibana, onde entraria para o semi-nário maior e concluiria o curso deFilosofia, em 1954.

A leitura de um livro, entretanto,

mudaria o rumode sua vida. O li-vro em questão foio romance O Ou-tro Caminho, deJoão Mohana, noqual o autor nar-ra o dilema de umpersonagem, oPadre Eyder, umsacerdote ator-mentado pelo ce-libato. O jovemseminarista resol-ve, então, desistirda opção sacer-dotal. Retorna aViana, em 1955,para ser professordo 3º ano da Escola Paroquial. Doisanos depois, presta vestibular para aantiga Faculdade de Direito, em SãoLuís, bacharelando-se em 1961.

Enquanto estudante universitário,João Mendonça Cordeiro acumulouexperiências diversas como repórter ecolaborador dos extintos jornais doPovo e do Maranhão, escriturário eredator de debates da Câmara Mu-nicipal de São Luís, postalista dos Cor-reios e Telégrafos e finalmente escritu-rário do Banco do Brasil, instituição

na qual trabalhoupor 28 anos até seaposentar em1992.

No magisté-rio, o ex-semina-rista igualmentealcançaria umcurrículo invejá-vel. Antes de setornar professor ti-tular de Sociolo-gia, durante 23anos, em várioscursos da UFMA,lecionou em ou-tros estabeleci-mentos de ensinoda capital como o

Centro Caixeiral, Academia de Co-mércio do Maranhão e Faculdade deServiço Social. Nos últimos três anosque antecederam sua aposentadoriano magistério ainda ministrou a dis-ciplina “História das Idéias Sociais”para o curso de Economia.

Ao longo de sua vida literária, en-tre inúmeros trabalhos de pesquisas,artigos e reportagens jornalísticas pu-blicados, João Mendonça Cordeirorecebeu o “Prêmio Antônio Lopes” doconcurso “Cidade de São Luís”, pro-

JOÃO MENDONÇA CORDEIROA plenitude da vida aos 70 anos

Maria da ConceiçãoBrenha Rapôso (* )

O filho mais moço do Dr. Ma-nuel Lopes da Cunha e de D.Maria de Jesus Sousa Lopes

da Cunha nasceu em Viana no dia28 de setembro de 1894. Aos seisanos de idade, ao raiar do séculoXX, o pequeno Raimundo deixava suacidade natal, em companhia da fa-mília, para residir em São Luís.

Na capital, foi matriculado naEscola Modelo Benedito Leite, ondeestudou até o ano letivo de 1903.Seu pai, que havia sido eleito gover-nador do Maranhão dois anos de-pois de transferir-se de Viana, resol-vera mudar-se para o Rio de Janei-ro, renunciando ao cargo de gover-nador e mal cumprindo um ano demandato.

Na então capital do país, o me-nino vianense já demonstrava vivointeresse pelo conhecimento científi-co, acompanhando entusiasmado osucesso das experiências dos balões.Durante os dois anos passados noRio foi aluno particular de D. EuniceTostes de Alvarenga, responsável porsua preparação para o ingresso nofamoso Liceu Maranhense, quandoretornasse a São Luís.

De volta ao Maranhão, já ado-lescente, não demorou a dar sinaisde sua vocação para as letras. Fun-dou com os colegas liceístas a ViaLucis, uma publicação onde mostra-va o brilhante despertar de sua menteprivilegiada. Também assinaria co-lunas em jornais conceituados comoO Diário do Maranhão e a Pacoti-lha. Fascinado pela geografia, comapenas 17 anos escreveu O TorrãoMaranhense, ensaio de GeografiaHumana que o consagraria, maistarde, como renomado cientista.

Vivendo numa época e num país

em que a culturageográfica aindaera concebidacomo coisa está-tica, embora naEuropa – em es-pecial na Alema-nha e na França– alguns cientis-tas (precedidospelo genial Hum-boldt e seus es-tudos no campodas ciências na-turais) acenas-sem para a inves-tigação das mú-tuas influênciasentre o homem eseu meio ambi-ente, sugerindonão somente ra-mos autônomos da Geografia Ge-ral, como principalmente submeten-do o conceito dessa matéria a trans-formações radicais, o jovem estu-dante vianense soube muito bem as-similar as idéias dos grandes mes-tres europeus que sobrepujavam osestreitos limites da disciplina de suapredileção.

Em 1916, depois de retornar aoRio de Janeiro, Raimundo Lopes daCunha publica finalmente seu primei-ro trabalho, escrito cinco anos an-tes. O Torrão Maranhense causoude imediato grande surpresa entre omeio científico da época. Era quaseinacreditável que um jovem de ape-nas 22 anos pudesse ser o autor deuma obra, na qual se debruçavasobre seu estado natal, aplicando-lhe pleno conhecimento da ciênciageográfica.

Entusiasmado com a grandeaceitação de seu primeiro livro e im-pulsionado pela sistemática do es-tudo, o qual alargava cada vez mais

sua visão do ho-mem e da técni-ca, das transfor-mações do meioe da terra na for-ça de seu desen-volvimento, ini-ciou a publica-ção de Uma Re-gião Tropical ,através de suces-sivos capítulos.Este segundo tra-balho se consti-tui, segundo oscríticos, no apri-moramento dasidéias e das aná-lises apresenta-das no seu livrode estréia. Inspi-rado no francês

Emmanuel Martone, o jovem inte-lectual percebia que a ciência daterra e do homem, amparada pelaFísica e pela Biologia, e principal-mente pela Sociologia, já se haviahá muito direcionado para sua ver-dadeira finalidade. Justificava suapreocupação pelo Maranhão nãoapenas por ser seu berço natal, maspor este ter sido deixado à margem,talvez se constituindo na regiãomais desconhecida do país.

Raimundo Lopes era bacharel emLetras. Ainda chegou a cursar o pri-meiro ano da Escola Politécnica doRio de Janeiro e fez até o quarto deDireito, mas decidiu dedicar-se àpesquisa, de modo geral à Etnogra-fia, à Etnologia, à Arqueologia, àHistória e à Sociologia. A título deilustração, entre seus inúmeros tra-balhos escritos, poderiam ser citados:Os Fortes Coloniais de São Luís, AsRegiões Brasileiras, Entre a Amazô-nia e o Sertão, O Homem em Faceda Natureza, Ensaio Etnológico so-

bre o Povo Brasileiro, Pesquisa Et-nológica sobre a Pesca Brasileira noMaranhão etc. Publicou ainda umromance intitulado Peito de Moça eseu último livro, Antropogeografia,é considerado um verdadeiro com-pêndio de ciência.

Membro da Academia Mara-nhense de Letras, do Instituto Histó-rico e Geográfico do Maranhão eda Sociedade de Geografia do Riode Janeiro, Raimundo Lopes manti-nha estreitos laços de amizade comseu conterrâneo, o médico SálvioMendonça. Casado com D. Grazie-lla Rabelo da Costa desde o ano de1930, tornou-se pai de duas filhas:Yara Graziella e Maria Cecília.

Muito maior, certamente, teriasido a obra desse renomado geógra-fo, escritor e jornalista, caso a mortenão o tivesse ceifado tão cedo. Aco-metido de grave doença, mesmoacamado, ainda ditou para a espo-sa suas palestras proferidas na Rá-dio Ministério da Educação, as quaisincubiu o irmão, Antônio Lopes, darevisão e de reuni-las posteriormen-te em livro.

O Dr. Raimundo Lopes faleceuno Rio de Janeiro, no dia 8 de se-tembro de 1941, próximo de com-pletar 47 anos de idade.

Viana até hoje é devedora deuma justa homenagem a esse seuilustre filho, que tanto contribuiupara o estudo das raízes, das rique-zas e das potencialidades da terramaranhense.

* Licenciada em Pedagogia pela UFMA,Mestra em Educação pela Fundação GetúlioVargas e Doutora em Ciências Humanas pelaPUC/RJ. Autora dos livros “Movimento daEducação de Base” e “A Dimensão Pedagó-gica dos Movimentos Sociais no Campo”,Conceição é titular da Cadeira nº 11 da AVL,que tem Raimundo Lopes como patrono.

RAIMUNDO LOPESUm intelectual a serviço da ciência

movido pela Prefeitura Municipal, como trabalho O Mulato, cem anos deum romance revolucionário, (comoobra de erudição, de crítica literária epesquisa histórica) e o “Prêmio Duns-chee de Abranches”, patrocinado peloBanco do Brasil e Academia Mara-nhense de Letras, pela reportagem in-titulada A Praia Grande.

Membro da Academia Vianensede Letras e do Instituto Histórico e Ge-ográfico do Maranhão, onde temcomo patronos, respectivamente, osmédicos Sálvio Mendonça e AquilesLisboa, o veterano professor publicouos seguintes livros: O Mulato, cemanos de um romance revolucioná-rio; Zoomorfismo Literário; Biografiae Bibliografia do Dr. Aquiles Lisboa;Dr. Sálvio Mendonça, biografia e bi-bliografia médica e Pessoas e Coisasde Viana.

João Mendonça Cordeiro casou-se com Maria da Graça Soares Cor-deiro em 1962, tornando-se pai de doisfilhos: Hilton e Cláudio. Viúvo há trêsanos e avô de dois netos, uniu-se re-centemente à conterrânea vianense,Josy Ferreira Gomes. Em comemora-ção pelo seu 70º aniversário, no pró-ximo dia 6 de agosto, lançará suasmemórias reunidas em livro.

Raimundo Lopes aos 17 anos, quandoescreveu O Torrão Maranhense

O RENASCER VIANENSEO RENASCER VIANENSE

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4 Viana – MA, Agosto de 2004

Luiz Alexandre Rapôso

Quando garoto, ele jogavabola na Praça da Matrizcom os colegas num time

chamado “Maguari”. Entre os 15e 16 anos já fazia parte do qua-dro titular do conceituado Vianen-se. Assim começaria a carreira fu-tebolística do filho da terra, quechegaria a defender as cores dedois dos maiores e mais impor-tantes clubes de futebol do país:o Vasco da Gama e o Santos.

Expedito de Jesus Gonçalvesveio ao mundo no dia 31 de de-zembro de 1920. Segundo filhodo casal Genésio e Maria Rai-munda Gonçalves, desde meni-no foi encaminhado para o ofí-cio de ourives. A intimidade coma bola surgiria aos poucos, nascostumeiras peladas de beira decampo, sempre ao lado do irmãoBenedito.

Aos 18 anos, quando o Acrí-sio Mendonça organizou uma se-leção vianense, em julho de1939, para jogar em São Luís,os irmãos Gonçalves foram osprimeiros convocados. Na capi-tal, o talentoso zagueiro chama-ria de imediato a atenção dosamantes do futebol, em especialdo Sr. Valério Monteiro, presiden-te do Maranhão Atlético Clube.Convidado a vestir a camisa doMAC, o jovem atleta vianensedecidiu fazer a experiência. .

Expedito se tornou hóspede dopróprio Valério Monteiro por qua-se quatro anos. Como nesse tem-po, o futebol maranhense aindanão tinha alcançado o nível de pro-fissionalização dos nossos dias, acoisa acontecia na base do impro-viso e dos contratos verbais. Dessaforma, o rapaz começou traba-lhando como ourives na joalheriado chefe e amigo, situada na RuaAfonso Pena, enquanto fazia suasexcursões amadorísticas no bancode reservas do MAC. Não demo-raria muito, entretanto, para quesua estrela começasse a brilhar.

Em 31 de dezembro de 1939,dia em que completava 19 anos,foi escalado para jogar contra oSampaio Corrêa, arqui-rival doMaranhão Atlético Clube. Sua atu-ação foi impecável e o MAC ven-ceu a partida. Expedito ganhou omelhor presente de aniversário desua vida: iniciou o ano de 1940como titular absoluto do clube queo acolhera. Daí para a notorie-dade foi apenas uma questão detempo. Escolhido várias vezes,pela crônica esportiva, como o“melhor jogador da semana”, tí-tulo em voga na época, tornou-se campeão estadual em 1943.

Fora dos gramados, o brilhantejogador enfrentava novos desafi-os. Aos 21 anos, depois de serconvocado para servir o Exército,através de sorteio, Expedito se viuobrigado a trocar o conforto daresidência do grande amigo e in-centivador, Valério Monteiro, peloalojamento do 24º BC. O MAC,por sua vez, conseguiria do co-mando da instituição militar a per-missão para que ele pudesse con-tinuar participando dos treinos ejogos oficiais do clube. Três anos

contato com o atleta maranhen-se. O então major e comandan-te do 24º BC, Celso Freitas, foiquem lhe transmitiu a boa nova:“Tem um emissário do Vasco,hospedado no Hotel Central, queveio te buscar!”

Na cidade maravilhosa, ficoucomo reserva do Vasco até o finaldo ano, atuando apenas em par-tidas amistosas. Sua estréia coma camisa alvinegra aconteceu emJuiz de Fora (MG), quando o Vas-co jogou contra o Tupi, um dosclubes de maior torcida daquelacidade. Emprestado para um timede Niterói, o Canto do Rio, atuoucomo titular durante todo o anode 1945. Em março de 1946, foinovamente cedido pelo clube ca-rioca. Desta feita para o Santos,quando passou a receber um sa-lário de oitocentos mil réis. Expe-dito conquistou a simpatia da tor-cida santista em pouquíssimo tem-po. Com apenas quatro meses deexperiência, a diretoria do Santosdecidiu comprar seu passe defini-tivo do Vasco da Gama. A partirdaí, o clube passou a fazer boni-to no campeonato paulista.

O experiente zagueiro deixouos gramados do futebol em1954, para se dedicar à sua anti-ga profissão de ourives. Foramoito anos consecutivos jogandopelo Santos, sendo cinco como ti-tular. Nesse período, sua equipeconquistou dois vice-campeona-tos, em 1948 e 1950.

Durante todo esse tempo deglória, Expedito nunca deixou depassar suas férias no Maranhão.E foi numa dessas vindas, aconte-cida em 1949, que ele se casoucom Maria Joana Carvalho Gon-çalves, uma jovem de São Luís. Ocasal teve dois filhos: Paulo Rober-to e Maria de Fátima.

Hoje, aos 83 anos, aposen-tado e viúvo, o veterano jogadorainda reside em Santos, cidadeque o acolheu de braços abertos.Esteve em Viana para rever ami-gos e parentes, pela última vez,em 1992.

depois, já promovido a cabo doExército Brasileiro, novos e impor-tantes acontecimentos viriam inter-ferir nos destinos do jovem craqueem ascensão.

Os grandes times do Rio e SãoPaulo, depois de disputarem seuscampeonatos estaduais, costu-mavam fazer excursões pelas ca-pitais brasileiras, para uma série

de jogos amistosos. Em 1944,depois de passar por São Luís, oentão treinador do São Cristóvãochegou ao Rio de Janeiro, afir-mando ter conhecido o melhorzagueiro de futebol, no norte dopaís. O Flamengo e o Botafogose mostraram interessados, masfoi o Vasco da Gama quem pri-meiro tomou a iniciativa de fazer

TARCÍSIOGONÇALVESDE OLIVEIRA

Aos 66 anos, vítima de ata-que cardíaco, Tarcísio Gonçal-ves de Oliveira faleceu no dia21 de maio último, data em quea Academia Vianense de Letrasfaria sua primeira reunião de2004 em Viana.

Tarcísio se dedicou ao ofí-cio de ourives desde a juventu-de, tornando-se um profissionalcompetente, requisitado e esti-mado pela comunidade local.

Homem dedicado à famí-lia e ao trabalho, Tarcísio dei-xou viúva a Sra. Joana Men-des Oliveira, sete filhas e novenetos. Era também sobrinhodo homenageado desta pá-gina, Expedito Gonçalves.

À família enlutada, os sin-ceros pêsames da AVL.

Expedito, aos 24 anos, com a camisa do Vasco da Gama

No estádio Pacaembu, em 1948, o time titular do Santos.No destaque, o jovem atleta vianense

Juiz de Fora-MG: após o jogo de estréia com a camisa do Vasco da Gama

A estrela maior do futebol vianense

EXPEDITO GONÇALVESA trajetória brilhante do garoto vianense que, das peladas de beirade campo, chegou a jogar nos maiores estádios de futebol do país

O RENASCER VIANENSEO RENASCER VIANENSE