o que a bíblia ensina sobre o espírito santo - lições bíblicas cultura cristã

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Revista do Aluno CURRÍCULO CULTURA CRISTÃ H PplTTO Igreja Presbiteriana de '^* Salgado de São Félix Rua Rosendo Elias, s/n - Centro 58370-000 - Salgado de São Féíix, PB ir/JiJ/JU il r i r r •N ^>3JJJ1I

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Quando pensamos no Espírito Santo,logo nos lembramos do dia de Pentecostes, quando Deus enviou o Espírito Santo do céu, e ele encheu os discípulos de Jesus e os capacitou para a tarefa de pregar o Evangelho em todo o mundo. A partir daí a Igreja Cristã começou a se desenvolver. Mas onde estava o Espírito Santo no tempo do Antigo Testamento? Qual foi a sua atuação desde o início do mundo até à ressurreição de Jesus? Sendo o Espírito Santo a terceira pessoa da Trindade, não devemos pensar que ele estivesse inativo. Jesus disse aos discípulos que enviaria o Espírito Santo (Lc 24.49), e que eles deveriam esperar essa vinda. Precisamosentender em qual sentido essavinda caracterizaria uma novidade. Então, primeiro, precisamos entender como o Espírito Santo agiu antes do Pentecostes.

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  • Revista do Aluno

    CURRCULOCULTURACRIST

    HPplTTO

    Igreja Presbiteriana de'^ * Salgado de So Flix

    Rua Rosendo Elias, s/n - Centro58370-000 - Salgado de So Fix, PB

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  • Lio 1 Texto bsico: Gnesis 1.1,2

    O ESPRITO SANTO NOANTIGO TESTAMENTO

    INTRODUOQuando pensamos no Esprito Santo,logo nos lembramos do dia de Pentecos-tes, quando Deus enviou o Esprito San-to do cu, e ele encheu os discpulos deJesus e os capacitou para a tarefa de pre-gar o Evangelho em todo o mundo. Apartir da a Igreja Crist comeou a sedesenvolver. Mas onde estava o EspritoSanto no tempo do Antigo Testamento?Qual foi a sua atuao desde o incio domundo at ressurreio de Jesus? Sendoo Esprito Santo a terceira pessoa da Trin-dade, no devemos pensar que ele esti-vesse inativo. Jesus disse aos discpulos queenviaria o Esprito Santo (Lc 24.49), eque eles deveriam esperar essa vinda. Pre-cisamos entender em qual sentido essavinda caracterizaria uma novidade. Ento,primeiro, precisamos entender como oEsprito Santo agiu antes do Pentecostes.

    l. O ESPRITO E A CRIAO"No princpio, criou Deus os cus e a ter-ra" (Gn 1.1). Por seu imenso poder cria-dor, do nada Deus fez o mundo passar aexistir (Hb 11.3). Mas quando Deus trou-xe a terra existncia, ela no estava pron-ta para ser habitada. Foi a que comeou aobra do Esprito Santo. Ele pairava sobrea terra recm-criada que era "sem forma","vazia", e somente habitada pelas "trevas"

    (v.2). "Sem forma e vazia" quer dizer semaparncia definida, ela nada possua do queviria a ter. Era um caos, como trazem algu-mas tradues da Bblia. As trevas domi-navam. Quando no h luz, no h bele-za, no h vida, nada. Assim era a terra noincio. No havia beleza, nem vida ape-nas escurido. Mas Deus arquitetara umplano brilhante e glorioso para a sua cria-o. Quando comeou a criar a terra, eleera como um construtor que segue umaplanta. No comeo, quando os alicerces es-to sendo lanados, no parece ter muitosentido. Voc olha para certas construese no imagina o que vai sair daquele mon-te de estacas e de pedras aparentementedesordenados. Se passar ali tempos depois,parecer incrvel que uma construo tobela tenha se originado daquela confuso.Ao criar a terra Deus comeou a colocarem prtica seu propsito de fazer um gran-de e belssimo jardim que refletisse, ain-da que limitadamente, a beleza da har-monia das perfeies divinas. Ele quis criarum mundo radiante, cheio de alegria, deluz, de propsito, onde cada coisa se en-caixava no seu devido lugar, e nada, abso-lutamente nada fosse imprprio, feio ouintil. Deus colocaria nesta terra sua obraprima, o prprio homem, e teria um re-lacionamento ntimo e pessoal com elepor toda a eternidade.

    Para ler e meditar durante a semanaD Gnesis l .1,2 O Esprito Santo agiu na criao; S Salinos 104.27-30 O Esprito Santorenova vida; T-2 Pedro 1,20,21 -O Esprito inspirou os profetas; Q-Joo 14.16,17- Umnovo tipo de habitao; Q-2 Crnicas 24.20 - O Esprito capacita a profetizar; S 2 Timteo

    3.16 A Escritura inspirada peio Esprito; S-xodo 31.3-5 O Esprito capacitando os homens

  • 2 Essncia da FParte50 que a Bblia ensina sobre o Esprito Santo

    Como transformar uma rerra cati-ca, sem forma, vazia e coberta de trevas,num belo jardim? A Bblia nos diz que oEsprito de Deus comeou a realizar essetrabalho "pairando" sobre aquele caos. Al-guns dizem que ele estava chocando, ouincubando alguma coisa, como a galinhafaz isso com os ovos. possvel, mas aideia maior que o poder de Deus estavapresente sobre o caos, pronto, com todaa energia do Esprito divino, para trans-formar aquela situao. Foi por meio doEsprito Santo que Deus trouxe exis-tncia o mundo transformado e cheio debelezas naturais. Como diz Palmer, o Es-prito "no criou o mundo, mas extraiupotencialidades que j estavam no mun-do, e ainda inclusive implantou as semen-tes da vida".1 Na criao, foi tarefa do Es-prito Santo extrair as potencialidades daterra, por isso, se diz que ele "pairava" ou"incubava" a terra. Toda a beleza e perfei-o que vemos nos seis dias da criao fo-ram realizadas por meio do Esprito. Ocaos deu lugar ordem, pois "o Espritope a desordem em ordem. Sua presenaexclui a possibilidade de caos ou confu-so".2 Desde o incio, portanto, a funodo Espirito Santo foi agir em meio aocaos, implantando o sentido e a ordem.

    Vemos tambm a obra do Espritoantes do Pentecostes naquilo quecomumente chamamos de Providncia, aobra divina pela qual Deus mantm, sus-tenta e renova todas as coisas. O Salmo104 fala sobre essa atribuio divina: "To-dos esperam de ti que lhes ds de comera seu tempo. Se lhes ds, eles o recolhem;se abres a mo, eles se fartam de bens. Seocultas o rosto, eles se perturbam; se lhescortas a respirao, morrem e voltam ao

    seu p. Envias o teu Esprito, eles so cri-ados, e, assim, renovas a face da terra" (SI104.27-30). O Esprito enviado espe-cificamente para renovar a terra. Nas pa-lavras de Berkhof, "rio Antigo Testamen-to' evidente que a origem da vida, suamanuteno e seu desenvolvimento de-pendem da operao do Esprito Santo.A retirada do Esprito significa morte".3Graas a Deus por esse Esprito que im-pe ordem, desperta a beleza, renova avida e desfaz o caos.

    II. O ESPRITO E A REVELAOUma outra atuao do Esprito desde incio foi na revelao divina (Hb 1.1,2).A ao divina de falar, de revelar a si pr-prio, realizada pelo Esprito Santo. Aprimeira vez na Bblia que vemos o exer-ccio da profecia ligada obra do Espri-to Santo foi quando Moiss se sentiu so-brecarregado com a tarefa de liderar o povogrande e numeroso sozinho. A Bblia dzque Deus tirou um pouco do Esprito queestava sobre Moiss e colocou sobre umgrupo de ancios. Nmeros 11.25 regis-tra: "Ento, o SENHOR desceu na nuvem elhe falou; e, tirando do Esprito que esta-va sobre ele, o ps sobre aqueles setentaancios; quando o Esprito repousou so-bre eles, profetizaram; mas, depois, nun-ca mais". Assim que o Esprito de Deusrepousou sobre aqueles homens eles pro-fetizaram. Naquela mesma ocasio, quan-do Josu se demonstrou enciumado por-que dois homens estavam profetizando noarraial, Moiss disse: "Tens tu cimes pormim?Tomaratodo o povo do SENHOR fosseprofeta, que o SENHOR lhes desse o seuEsprito!" (Nm 11.29; Cf. iSm 10.10;l Sm 19.20). Para ser profeta havia a ne-

    1 Edwin H. Palmer. El Espiritu Santo. Edinburgo: BannerofTruthTrust, 1995. p. 242 R. C. Sproul. O Mistrio ao Espirito Santo. So Paulo: Editora Cultura Crist, 1997. p. 85-863 Louis Berkhof. Teologia. Sistemtica. 4a Edio. Campinas: Luz Para o Caminho, 1996. p. 426

  • O Esprito Santo no Antigo Testamento

    cessidade do Esprito de Deus. Em suavelhice, Davi reconheceu que o Espritodo Senhor falava por seu intermdio: "OEsprito do SENHOR fala por meu inter-mdio, e a sua palavra est na minha ln-gua" (2Sm 23.1,2). A profecia sob inspi-rao divina estava, portanto, intimamen-te ligada atuao do Esprito Santo. Poressa razo, dito de Zacarias: "O Espritode Deus se apoderou de Zacarias, filho dosacerdote Joiada, o qual se ps em p di-ante do povo e lhes disse: Assim diz Deus:Por que transgredis os mandamentos doSENHOR, de modo que no prosperais?Porque deixastes o SENHOR, tambm elevos deixar" (2Cr 24.20; Cf. Ne 9-30; Is59.21; Zc 7.12 ). Nesse texto, percebe-mos que no momento exato em que oEsprito se apossa do profeta, ele dirigeao povo a Palavra do Senhor. E o Espritoque traz a revelao divina para o povo.

    Na passagem messinica de Isaas61.1,2, encontramos a declarao: "O Es-prito do SENHOR Deus est sobre mim,porque o SENHOR me ungiu para pregarboas-novas aos quebrantados, enviou-mea curar os quebrantados de corao, a pro-clamar libertao aos cativos e a pr emliberdade os algemados; a apregoar o anoaceitvel do SENHOR e o dia da vinganado nosso Deus; a consolar todos os quechoram". O Messias seria revestido comesse Esprito de revelao que ocapacitador de quem anuncia as boas no-vas de Deus (Cf. Mq 3-8).

    Devemos tambm lembrar que asEscrituras, que so justamente o registrodesses atos de Revelao de Deus no An-tigo Testamento, foram compostas sob ainspirao do Esprito Santo. Por essa ra-zo, Paulo diz: "Toda a Escritura inspi-rada por Deus e til para o ensino, para arepreenso, para a correo, para a edu-

    cao na justia" (2Tm 3.16). Timteodeveria permanecer na Palavra em vez deseguir as invenes dos homens, porquesomente ela inspirada pelo Esprito San-to. E Pedro confirma: "... sabendo, pri-meiramente, isto: que nenhuma profeciada Escri tura provm de particularelucidao; porque nunca jamais qualquerprofecia foi dada por vontade humana;entretanto, homens santos falaram da partede Deus, movidos pelo Esprito Santo"(2Pe 1.20,21). Palmer, acertadamente,diz que "devido inspirao do EspritoSanto, est garantida a exatido do que sediz nela [Escritura] sobre os eventos pas-sados, apesar das falhas da memria, eapesar dos erros que naturalmente acon-tecem em qualquer relato de segunda oumilsima mo"/' A Bblia est livre desseserros, graas atuao do Esprito Santo.

    III. A ATUAO DO ESPRITO NOSER HUMANONos tempos do Antigo Testamento umadas tarefas especficas do Esprito Santoera capacitar pessoas a realizar certas ta-refas. Assim, um homem chamado Bezalelfoi capacitado por Deus para confeccio-nar objetos para o Tabernculo: "... e oenchi do Esprito de Deus, de habilida-de, de inteligncia e de conhecimento,em todo artifcio para elaborar desenhose trabalhar em ouro, em prata, em bron-ze, para lapidao de pedras de engaste,para entalho de madeira, para toda sortede lavores" (x 31.3-5). Da mesma for-ma, Sanso foi enchido desse Esprito pararealizar prodgios, como est relatado emJuizes 14.6, quando matou um leo: "En-to, o Esprito do SENHOR de tal maneirase apossou dele, que ele o rasgou comoquem rasga um cabrito, sem nada ter namo". O Senhor capacitou homens como

    Edwin H. Palmer. El Espirita Santo. Edinburgo: Banner ofTruth Trust, 1995. p. 53

  • 4 A Essncia da F~ Parte 50 que a Bblia ensina sobre o Espirito Santo

    Sanso a realizarem pelo Esprito Santocoisas que jamais conseguiriam sozinhos.

    O Esprito tambm dava "fora"num outro sentido, Os profetas Ageu eZacarias encorajaram o povo na obra dareconstruo de Jerusalm e do templo,falando sobre a presena do Esprito San-to: "o meu Esprito habita no meio devs; no temais" (Ag 2.5). O Esprito eraa garantia de que a obra seria realizada;"Esta a palavra do SENHOR a Zorobabel:No por fora nem por poder, mas pelomeu Esprito, diz o SENHOR dos Exrci-tos" (Zc 4.6). Da mesma forma os juizese os reis governaram sobre Israel com auno do Esprito Santo (Cf. Nm 27-18;Jz 3.10; l Sm 16.14), que fazia com quehomens simples pudessem desempenharofcios de governantes. Porm, como dizHodge, "todas essas operaes so inde-pendentes das influncias santiflcadorasdo Esprito. Quando o Esprito veio sobreSanso ou sobre Saul, no foi com o intui-to de torn-los santos, mas para dot-loscom extraordinrio poder fsico e intelec-tual; e, quando lemos que o Esprito seafastou deles, isso significa que eles foramprivados dos dons extraordinrios".5 Nodevemos confundir essas manifestaes doEsprito com a obra da converso.

    Todavia, o Antigo Testamento apon-ta para o futuro, quando o Esprito seriaderramado sobre todos em Israel ho-mens e mulheres, jovens e velhos , e tam-bm, sobte outros indistintamente (Ez36.27-37.14; Jl 2.28-32; Zc 12.10).6 Ocumprimento dessa promessa estaria re-lacionado com a obra do Messias, que vi-

    ria como de fato veio , na plenitudedo tempo e do Esprito Santo (Is 11.2;42.1; 48.16; 6l.l-ll7/Lc 4.16-21; Jo3.34; 14.16,17,26; 15.26). "Deus fezrepousar plenamente o seu Esprito so-bre Jesus para que ele fosse uma fonte parans, a fim de recebermos por meio deleda sua plenitude e, associados a ele, pu-dssemos, nessa comunho, participar dasgraas do Esprito Santo", concluiCalvino8 [Trataremos disso com mais de-talhes na lio de n 3].

    Como podemos ver, muito clara aoperao do Esprito no Antigo Testamen-to no sentido de capacitar os homens.Porm, questiona-se, se esse Esprito tam-bm atuava a fim de salv-los. Nesse pon-to, um texto de Jesus bastante discuti-do. Jesus disse certa vez aos apstolos:"... eu rogarei ao Pai, e ele vos dar outro-Consolador, a fim de que esteja para sem-pre convosco, o Esprito da verdade, queo mundo no pode receber, porque nono v, nem o conhece; vs o conheceis,porque ele habita convosco e estar emvs" (Jo 14.16,17). Essas palavras de Je-sus tm dado margem para muitos ima-ginarem que o Esprito Santo no habi-tasse dentro dos crentes no Antigo Testa-mento, especialmente quando considera-das em conjunto com as palavras de Jesusregistradas em Joo 7.38,39: "Quem crerem mim, como diz a Escritura, do seuinterior fluiro rios de gua viva. Isto eledisse com respeito ao Esprito que havi-am de receber os que nele cressem; pois oEsprito at aquele momento no foradado, porque Jesus no havia sido aindaglorificado". A opinio de Grudem

    5 Charles Hodge. Teologia Sistemtica. So Paulo: Hagnos, 2001. p. 395r> A. A. Hoekema, A Bblia, e o Futuro. So Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989, p. 15-16; Wayne A,

    Grudem, Teologia Sistemtica. So Paulo: Vida Nova, 1999, p. 640.7 Vd. G. Van Gronngen, Revelao Messinica no Antigo Testamento, Campinas, SP: Luz para o Caminho,

    1995, p. 602-603."Joo Calvino, As Institutos, (1541), II.4.

  • O Esprito Santo no Antigo Testamento

    muito til nesse ponto: "Ambas as passa-gens devem ser maneiras diferentes dedizer que a obra mais poderosa, mais ple-na do Esprito Santo, caracterstica da vidaaps o Pentecostes, ainda no havia co-meado na vida dos discpulos",9 No sig-nifica que o Esprito Santo no habitassecom os crentes no Antigo Testamento (cf.Lc 1.15; 1.67; 2.26,27; iSm 10.6; Is 4.4;11.2), mas que ele seria derramado de for-ma mais abundante a partir do Pentecos-tes. Bavinck d duas razes por que haviadiferena entre o Esprito antes e depoisdo Pentecostes: "Em primeiro lugar, por-que a velha dispensaao sempre olhavapara a frente, para o dia em que surgiria oservo do Senhor, sobre quem o Espritorepousaria em toda a sua plenitude (...)Em segundo lugar, o Antigo Testamentoprediz que, embora houvesse j naqueletempo uma certa operao do EspritoSanto, que esse Esprito seria derramadosobre toda a carne".10 Portanto, como dizStott, "no tempo do Antigo Testamento,ele estava incessantemente ativo - na cri-ao e na preservao do universo, na pro-vidncia e na revelao, na regenerao decrentes, e na capacitao de pessoas espe-ciais para tarefas especiais"." Mas, eviden-temente, havia diferena no sentido deque o derramar do Esprito era mais res-trito. Aps o Pentecostes, atestando o cum-primento da obra sacrificial de Cristo, ve-mos um derramar generalizado e a garan-tia de nossa salvao atravs de seu selocomo o "primeiro pagamento", "depsi-to", o "sinal" de compra com o compro-

    misso solene de efetivar a transao12 (2Co1.22; 5.5; Ef 1.13,14; 4.30).

    Com relao regenerao dos cren-tes, sabemos ser ela impossvel sem a atu-ao do Esprito Santo. Ento, se haviacrentes no Antigo Testamento, essas pes-soas precisavam ter sido transformadaspelo Esprito. Encontramos no Salmo 51uma importante declarao de Davi so-bre isso. Consciente de seu pecado comBate-seba, Davi ora a Deus: "No merepulses da tua presena, nem me retireso teu Santo Esprito" (SI 51.11). Comodiz Lloyd-Jones, "aqui estava um homemsob a velha dispensaao, um homem an-terior ao Pentecostes, e orou para queDeus no retirasse dele o seu Esprito".13Se Davi tinha o Esprito Santo, devemostambm pensar que todos os demais cren-tes, como Abrao, Isaque, Jac, Jos, etc.,tinham o Esprito Santo.

    CONCLUSOO Esprito esteve em franca atuao du-rante todo o perodo do Antigo Testamen-to, criando, renovando, revelando, capa-citando e regenerando homens. Porm,no Novo Testamento, ele passou a agir deforma mais generalizada, e tambm deforma mais comum.

    APLICAODevemos louvar a Deus pela obra do Es-prito que sempre agiu no sentido de es-tabelece harmonia, capacitar e regene-rar. Essa mesma obra todos os crentes jexperimentaram, e devem desfrutar cadavez mais.

    ' Wayne Grudem. Teologia. Sistemtica, p. 533111 Hermann Bavinck. Teologia Sistemtica. So Paulo: Socep, 2001. p. 424! i John Stott. Batismo e Plenitude do Esprito Santo. 2* Edio. So Paulo: Edies Vida Nova, 1986, p. 1712 "A presena do Esprito Santo a primeira prestao dos benefcios da redeno de Cristo, concedidos queles

    para quem foram adquiridos, c assim a garantia e penhor da consumao dessa redeno no devido tempo."{Archibald A. Hodge, Confisso de F Westminster A.A. Hodge. So Paulo: Editora os Puritanos, 1999, p. 328).

    13 D. M. Lloyd-Jones. Deus o Espirito Santo. So Paulo: PS, 1997. p. 45

  • Lio 2 Texto bsico: Joo 3.8

    A PESSOA DO ESPRITO SANTOINTRODUOFazer uma declarao sobre quem o Es-prito Santo uma tarefa muito difcil.Quando explicou a Nicodemos sobre a ne-cessidade de nascer de novo, Jesus afirmouque esse novo nascimento era uma obrado Esprito (Jo 3.8). A palavra vento e apalavra Esprito so exatamente a mesmana lngua grega. Jesus disse: "o vento so-pra onde quer". Quem pode controlar ovento? Tambm ningum pode controlaro Esprito. Em seguida disse: "... ouves asua voz, mas no sabes de onde vem, nempara onde vai". Podemos senti-lo, emborano possamos v-lo. Todos os crentes sa-bem quem o Esprito Santo. Ningumprecisa descrev-lo para eles, at porque,ningum conseguiria. Todo crente sabe oque esse maravilhoso sopro de vida e depaz que preenche a vida e eleva nosso coti-diano. Neste estudo, analisaremos algumascaractersticas do Esprito Santo, como re-veladas na Bblia.

    I. A PERSONALIDADE DO ESPRI-TO SANTOA Bblia mostra que o Esprito Santo uma pessoa. Ele tem habilidades prpri-as de uma personalidade. Como disseSproul "... uma^ personalidade inclui in-teligncia, vontade, individualidade. Umapessoa age por inteno. Nenhuma foraabstrata pode tencionar fazer qualquer coi-

    sa. Boas ou ms intenes so limitadasaos poderes de seres pessoais".1 Todas es-sas coisas podem ser vistas nas descriesque a Bblia faz do Esprito Santo.

    A. Ele possui os elementos essenciaish personalidade

    1. Tem inteligncia(mente, intelecto)

    2. Tem voncade

    3. Tem sensibilidade

    Is40.13,l4;Jo14.26; 15.26;Ac 15.28; Rm 8.27;iCo 2.10-12SI 106.32,33;Is 34. 16j At 13.2;*16.7; 21. 11;iCo 12.11; ITm 4.1Mq 2.7 Irrita-se;Rml5.30-Ama-Is 63.10; Ef 4.30-Entriscece-se

    B. Ele o autor de toda vidaintelectual

    Como j vimos, no Antigo Testa-mento encontramos com frequncia aao do Esprito associada vida intelec-tual (Vd. J 32.8; 35.10,11/Gn 2.7; x31.2-6; 35.31-35; Nm 11.17,25-29;27.18-21/Dt 34.9; Jz 3.10; 6.34; 11.29;13.25; 14.6; 15-14; ISm 10.6/11.6). OEsprito o autor de toda vida intelectu-al e artstica; nele temos o sentido do beloe sublime como expresso da santa har-monia procedente de Deus, que perfei-tamente belo em sua santidade.

    Para ler e meditar durante a semanaDAtos 8.29 O Esprito ralou com Filipe; SJoo 15.26-O Esprito d testemunho;

    T Efsios 4.30 O Esprito pode se entristecido; Q Atos 5-1-10 - Mentir ao Esprito mentira Deus; QJoo 15-26 A processo do Esprito; S-Gnesis 1.1-3 ATrindade na Criao;

    S - l Pedro 1.1,2- ATrindade na Redeno

    1 R. C. Sproul. O Mistrio do Espirito Santo, So Pauo: Editora Cultura Crist, 1997. p. 17.

  • A Pessoa do Esprito Santo 7

    C. O Esprito chamado deConsolador

    Como o designativo "consolador"(Parqkleto} aplicado a Cristo, indican-do a sua personalidade (Jo 14.16; IJo2.1), o mesmo pode ser dito em relao pessoa do Esprito Santo. Jesus confor-tou os seus discpulos, prometendo-lhes"outro consolador", referindo-se a uma

    D. Atos pessoais lhe so atribudos

    pessoa distinta dele; um consolador se-melhante a ele 0 14.26; 15.26; 16.7).O consolador Jesus Cristo; o Esprito o outro, semelhante a Jesus Cristo.

    O consolador aquele que confor-ta, exorta, guia, instrui e defende; umamigo que assiste a seus amigos; essas ati-vidades so prprias de uma pessoa, node uma mera fora ou influncia.

    Trabalha: 1 Co 12. 11Intercede: Rrn 8.26,27Probe: At 16.7Decide: At 15.28Perscruta: lCo2.10

    Fala: At 13.2; Ap. 2.7Testifica: Jo 15.26; At 5.32; Rm 8.16Ensina: Ne 9-20; Jo 14.26; ICo 12.3Consola: At 9. 31Reprova: Jo 16. 8-11

    Regenera: Jo 3-5; Tt 3.5Ora: Rm 8.26Guia Verdade: Jo 16.3Glorifica a Cristo: Jo 16.14Chama e dirige os homens aotrabalho: l s6 l . l ;A t l3 . 2-4;16.6,7; 20.28

    E. Relaciona-se com outras pessoasO Esprito relaciona-se com seres

    pessoais, no sendo confundido com nin-gum, nem com o Pai, nem com o Filho."A prpria associao do Esprito, em talconexo, com o Pai e com o Filho, vistoque se admite serem eles pessoas distintas,prova que ele uma pessoa"2 (Mt 28.19;Lc 1.35; Jo 14.26; 15.26; 16.7,13,14; At15.28; 2Co 13.13; Ef 1.3-14; 2.13-22;2Ts 2.13,14; IPe 1.1,2; Jd 20-21).

    E Peca-se contra o EspritoO Novo Testamento nos exorta a no

    pecar contra o Esprito Santo (Mt 12.31);fala do perigo de resistir ao Esprito San-to (At 7.51) e do dever de no entristec-lo (Ef 4.30). Como diz Sproul: "... elenos apresentado como uma pessoa aquem podemos agradar ou ofender, que

    pode amar e ser amada e com quem po-demos ter comunho pessoal".3 Todas es-sas coisas so prprias apenas de uma pes-soa. Independentemente da interpretaoque dermos a este texto (Mt 12.31,32),o fato que a blasfmia um pecado co-metido contra uma pessoa. Aqui, o Esp-rito relacionado com o Filho no mesmonvel de honra e glria, destacando-se ain-da, como imperdovel a blasfmia contrao Esprito. "A linguagem aqui usada im-plica que impossvel cometer um pecadocontra uma deidade maior que o EspritoSanto, e que, de todos os pecados, o peca-do contra ele o maior, tanto na sua natu-reza, como pelas suas consequncias; tudoisso implica em sua dignidade e deidadeeternas", conclui Boettner.'1 Portanto, o Es-prito Santo no uma fora ou uma ener-gia, mas uma pessoa.

    -' Charles Hodge, Teologia Sistemtica. So Paulo: Hagnos, 2001, p. 391.! R. C. Sproul, O Mistrio ao Esprito Santo. So Paulo: Editora Cultura Crista, 1997. p. 19.' Loraine Boettner, Stuies in Theology. 9;l ed. Filadlfia: The Presbyterian and Reformed Publishing

    Company, 1970, p. 88. Turretin argumenta: "... Como a blasfmia dirigida contra o Pai c o Filho supeque eles so pessoas, do mesmo modo a blasfmia contra o Esprito Santo" (F. Turretin, Institutos ofElenctic Theology. Phillipsburg, New Jersey: Prcsbyterian and Reformed Publishing Company, 1992,Vol. 1,111.30.9. p. 305).

  • A Essncia da FParte 5 O que a Bblia ensina sobre o Esprito Santo

    II. A DEIDADE DO ESPRITO SANTOMuito mais do que uma fora ativa, aEscritura apresenta o Esprito Santo comouma pessoa divina. Alguns textos pode-ro nos dar uma breve descrio do que aEscritura considera ser a deidade do Es-prito Santo.

    A. Ele possui atributos divinosJ vimos o papel dele na Criao (Gn

    1.2) e na Providncia (SI 104.30), e issonos fala de sua onipotncia. Tambm per-cebemos sua Oniscincia, pois Isaas per-gunta: "Quem guiou o Esprito do SE-NHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensi-nou?" (Is 40.13,14). E Paulo diz que oEsprito "a todas as coisas perscruta, atmesmo as profundezas de Deus" (lCo2.10). Sua Onipresena pode ser vista noSalmo 139.7,8 "Para onde me ausentareido teu Esprito? Para onde fugirei da tuaface?". O fato ainda de que o nome do Esp-rito Santo aparea junto com o nome do Paie com o nome do Filho na frmula batismal(Mt 28.19), e na bno apostlica (2Co13.13), demonstra a igualdade entre as trspessoas da Trindade, e nos leva a conside-rar a deidade do Esprito Santo.

    De todos, o texto que mais clara-mente aponta a deidade do Esprito San-to Atos 5.3,4: "Ento, disse Pedro:Ananias, por que encheu Satans teu co-rao, para que mentisses ao Esprito San-to...? ... No mentiste aos homens, mas aDeus". Se mentir ao Esprito Santo mentir a Deus, ento, o Esprito Santo Deus. O testemunho da Escritura sobrea deidade do Esprito bastante grande.

    III. O ESPRITO SANTO E ATRINDADEEmbora haja diferentes junes entre astrs pessoas, h igualdade de essncia en-tre elas. Logo, no existe qualquer graude subordinao e nem mesmo de honra.

    O Pai no maior em essncia do que oFilho e nem o Filho maior do que o Esp-rito Santo, O Pai no deve ser mais ado-rado do que o Esprito, ou o Esprito maisque o Filho. So absolutamente iguais.Entretanto, h caractersticas prprias emcada uma das pessoas da Trindade, as quaisno encontramos nas demais. So carac-tersticas nicas dessas pessoas divinas eque tem a ver com o relacionamento man-tido dentro da Trindade. So elas: Pater-nidade, Filiao e Processo. A paterni-dade exclusiva da Primeira Pessoa daTrindade, ou seja, o Pai. A Filiao ex-clusiva da Segunda Pessoa da Trindade,ou seja, o Filho. E a Processo exclusivada Terceira Pessoa, o Esprito Santo.

    A. O Esprito procede do Pai edo Filho

    Assim como o Filho eternamente"gerado" do Pai, o Esprito Santo "proce-de" eternamente do Pai e do Filho. Naslnguas grega e hebraica as palavras"pneuma" e "ruach" aplicadas ao Espri-to, derivam de razes que significam "so-prar, respirar, vento". Da a ideia do Es-prito ser soprado por Deus 0o 20.22).

    O Esprito Santo chamado de Es-pirito do Pai (Mr 10.20; Lc 11.13; l Co6.19; ITs 4.8) e Esprito do Filho (Gl 4.6;Fp 1.19; iPe 1.11), sendo Enviado porDeus (At 5.32): Pai (Jo 14.26; Gl 4.6) eFilho Oo 15.26). O texto que mais espe-cificamente trata desta relao Trnitria o de Romanos, quando Paulo diz: "Vs... no estais na carne, mas no Esprito,se de fato o Esprito de Deus habita emvs. E se algum no tem o Esprito deCristo, esse tal no dele" (Rm 8.9).

    Paulo estabelece uma relao deidentificao entre o Esprito de Deus eo Esprito de Cristo, que um e o mes-mo Esprito que habita em ns e nos

  • A Pessoa do Esprito Santo

    identifica como propriedade de Deus ede Cristo (Vd. tambm: 2Co 1.21,22;5.5; Ef 1-13,14; 4.4,30). "O mesmo Es-prito comum ao Pai e ao Filho, o qual com eles de uma s essncia e possui amesma Deidade eterna."5

    A relao trinitria foi compreendi-da pela Igreja da seguinte forma: Quan-do falamos do Filho em relao ao Pai,dizemos que aquele gerado do Pai e quan-do nos referimos ao Esprito, declaramosque ele procedente do Pai e do Filho. Estarelao ocorre eternamente, sem princ-pio nem fim, jamais havendo qualquertipo de mudana na essncia divina, nemqualquer tipo de subordinao ontolgica,mas sim existencial (econmica). Destemodo, a nomenclatura Pai, Filho e Esp-rito Santo, apenas um designativo queimplica uma correlao intertrinitria que necessria e eterna, no uma primaziade essncia, no que resultaria em diferen-as de honra e glria.

    Retornando nossa linha mestra,devemos enfatizar que a relao Trinitriatem sido compreendida pela Igreja comouma procedncia eterna e necessria, doEsprito da parte do Pai e do Filho. Aspalavras de Agostinho (354-430 d.C.) tor-naram-se basilares na compreenso Oci-dental: "O Esprito Santo, conforme asEscrituras, no somente Esprito do Pai,nem somente o Esprito do Filho, mas deambos."6 Da que, a Confisso deWestminster (1647), refletindo esta com-preenso bblica conforme a tradio te-olgica ocidental, dizer: "O Esprito Santo eternamente procedente do Pai e do Fi-lho" (II.3) (Jo 15.26; Gl 4.6).

    Na procedncia do Esprito da par-te do Pai e do Filho temos uma relaotrinitria ontolgica e econmica; em ou-tros termos, partindo do princpio de quea revelao de Deus alude essncia deDeus; atravs da manifestao da Trinda-de, vemos, limitadamente, aspectos da re-lao essencial da Trindade. Privar-nos des-ta compreenso (procedncia do Pai e doFilho) equivale a empobrecer a nossa com-preenso de Deus conforme nos foi dadoconhecer na Palavra e definitivamente emJesus Cristo. Corremos o risco de cair par-cialmente num agnosticismo teolgico.

    B. Quem faz o qu na TrindadeDevemos evitar a formulao

    simplista de que o Pai o responsvel pelaCriao e o Filho pela Redeno. Comoj dissemos, todas as obras da Trindadepertencem a ela como um todo. Hortonnos lembra que "enquanto o perigo, emgeraes prvias, pode ter sido a negaode qualquer significado prtico do minis-trio do Esprito Santo, hoje devemos tercuidado em no separar o Esprito Santodo Pai e do Filho como se ele, sozinho,fosse Deus".7 Esse perigo existe hoje de-vido nfase desproporcional que as igre-jas carismticas e renovadas tm dado aoEsprito Santo.

    Mas, em qual sentido podemos di-zer que h diferenas no modo de agir daspessoas da Trindade? Podemos fazer a se-guinte distino didtica: ao Pai pertencemais o ato de planejar, ao Filho o de medi-ar, e ao Esprito o de agir. J vimos sobre opapel do Esprito na Criao. Agora preci-samos ver isso em relao ao papel do Pai e

    5 Joo Calvino, Exposio de Romanos. So Paulo: Edies Paracleros, 1997 (Rm 8.9), p. 271.6 Agostinho, A Trindade. So Paulo, Pauius, 1994, XV.17.27. p- 522. Vd. tambm: IV.20.29; V.14.15;

    XV.17.29; 26.47; 27.50.7 Michal Horton. Creio. So Paulo: Editora Cultura Crist, 2000. p. 148.

  • 10 A Essncia da FParte 5 O que a Bblia, ensina sobre o Espirito Santo

    do Filho. A Bblia diz: "No princpio, criouDeus os cus e a terra. A terra, porm, es-tava sem forma e vazia; havia trevas sobre aface do abismo, e o Esprito de Deus pai-rava por sobre as guas. Disse Deus: Hajaluz; e houve luz" (Gn 1.1-3). O ato decriar um ato do Deus Trino. As trs pes-soas esto presentes nesses trs versculos.0 Esprito paira sobre as guas, o Pai fala,e o Filho a Voz de Deus, ou seja, a Pala-vra (cf. Jo 1.1). Poderamos dizer que o Paiplaneja (iCo 8.6), o Filho o instrumen-to pelo qual todas as coisas so criadas (Jo1.3,10; Cl 1.16; Hb 1.1-3), e o EspiritoSanto o meio pelo qual as coisas so leva-das complementao (J 33.4). O Esp-rito o que age diretamente sobre a cria-tura, "pairando" sobre o abismo, num ver-bo que tambm usado para descrever osmovimentos da guia sobre seu ninho (Dt32.11).8 Percebemos a mesma ordem deatuao na prpria redeno. O texto de1 Pedro 1.1,2 nos ajudaaver isso: "Pedro,apstolo de Jesus Cristo, aos eleitos queso forasteiros da Disperso no Ponto,Galcia, Capadcia, sia e Bitnia, eleitos,segundo a prescincia de Deus Pai, emsantificao do Espirito, para a obedinciae a asperso do sangue de Jesus Cristo, gra-a e paz vos sejam multiplicadas". Essetexto parece sugerir que o Pai oidealizador da redeno ainda em seusprimrdios na prpria eleio, enquanto

    que o Filho o qu possibilita a obedin-cia a Deus atravs da asperso do sangue,e o Esprito Santo por sua vez o quesantifica, ou separa para si os eleitos. As-sim, o Pai planejou a salvao (Jo 6.37,38)e escolheu os eleitos (Ef 1.3,4), o Filhoexecutou o plano de Deus (Jo 17.4; Ef1.7), e o Esprito confirma essa obra so-bre os crentes (Ef 1.13,14).

    CONCLUSOA Escritura demonstra a personalidade ea deidade do Esprito Santo. Pelas suascaractersticas e por sua ao, bem comopor seu relacionamento dentro e fora daTrindade, fica claro que o Esprito Santo uma pessoa e Deus. Negar isso resul-tar em negarmos a adorao que lhe de-vemos. Ignorar o seu relacionamento como Pai e com o Filho poder levar os cren-tes, e tem levado, a lhe dar nos cultos ena vida um lugar que no dele.

    Que as lies aqui estudadas nosorientem na correta e piedosa relao como Santo Esprito de Deus.

    APLICAOA personalidade do Esprito divino nosleva a ver que podemos ter um relacio-namento realmente pessoal com ele. Poressa razo, esse estudo no pode ser ape-nas intelectual, mas prtico. Deve noslevar a buscar esse relacionamento maisntimo com o Senhor.

    1 Cf. Derek Kidner. Gnesis Introduo e Comentrio. So Paulo: Edies Vida Nova, 1974, p. 43.

  • Lio 3 Texto bsico: Joo 14.16,17

    A PROMESSA DO ESPRITO SANTOINTRODUOA vinda de Jesus foi a entrada definitiva deDeus neste mundo e na vida dos homens.Enquanto ele esteve aqui, seus discpulos eas multides puderam v-lo, ouvi-lo e attoc-lo. Mas Jesus sempre soube que suavida seria bastante breve. Quando se apro-ximava o momento de partir deste mundo,sabendo que os sacerdotes conspiravamcontra ele, e at mesmo sabendo que umdos seus discpulos o trairia, Jesus fez ques-to de falar palavras de despedida e de con-solo para seus queridos discpulos: "no seturbe o vosso corao; credes em Deus,crede tambm em mim" (Jo 14.1). Saben-do da absoluta necessidade de sua partida,mas no querendo deixar seus discpulosabandonados, Jesus lhes disse: "Eu rogareiao Pai, e ele vos dar outro Consolador, afim de que esteja para sempre convosco, oEsprito da verdade, que o mundo no podereceber, porque no no v, nem o conhece;vs o conheceis, porque ele habita convoscoe estar em vs. No vos deixarei rfos,voltarei para vs outros" (Jo 14.16-18). Na-quele momento, Jesus lhes prometeu o Es-prito Santo. Porm, essa promessa j ha-via sido feita por Deus muito tempo antes.

    I. A PROMESSA PROFTICAH muito tempo Deus vinha anunciandopor meio dos profetas a chegada de umaera muitas vezes identificada com o derra-mamento do Esprito Santo. Apesar do Es-

    prito Santo j estar em atividade durantetodo o perodo do Antigo Testamento, comodisse Stott, "mesmo assim, alguns profetaspredisseram que, nos dias do Messias, Deusconcederia uma difuso liberal do EspritoSanto, nova e diferente, bem como acess-vel a todos".' Isaas profetizou sobre um tem-po de muita destruio para o povo de Isra-el. Ele falou em palcios abandonados, ci-dades desertas, torres destrudas (Is 32.14),mas, na esperana proftica, isso duraria"... at que se derrame sobre ns o Espritol do alto; ento, o deserto se tornar empomar, e o pomar ser tido por bosque" (Is32.15). Esse derramar do Esprito passou aser uma das grandes expectativas escatol-gicas do povo de Deus. saas fala ainda:"... derramarei gua sobre o sedento e tor-rentes sobre a terra seca; derramarei o meuEsprito sobre a tua posteridade e a minhabno, sobre os teus descendentes" (Is44.3). Ezequiel foi ainda mais especficosobre esse derramamento: "... aspergireigua pura sobre vs, e ficareis purificados;de todas as vossas imundcias e de todos osvossos dolos vos purificarei. Dar-vos-eicorao novo e porei dentro de vs espritonovo; tirarei de vs o corao de pedra evos darei corao de carne. Porei dentro devs o meu Esprito e farei que andeis nosmeus estatutos, guardeis os meus juzos eos observeis" (Ez 36.27). E Joel fala da am-plitude desse derramamento: "... derrama-rei o meu Esprito sobre toda a carne; vos-

    Para ler e meditar durante a semanaD -Joo 14.1-15 No se turbe o vosso corao; SJoo 14.25-31 Ele vos far lembrar de

    tudo o que tenho dito; T Joo 16.1-15 Guiar a toda verdade e me glorificar;Q-Joo 7.37-39-Esprito do Cristo glorificado; Q-Salmos 51.1-12 -O Esprito na vida de

    um crente do Antigo Testamento; SAtos 2.5-11 -O Esprito unindo as lnguas;S- lCorntios3.l6-O Santurio do Esprito Santo

    : John Srott. Batismo e Plenitude do Esprito Santo. 2a Edio. So Paulo: Edies Vida Nova, 1986, p. 17

  • 12 A Essncia da FParte 50 que a Bblia ensina sobre o Esprito Santo

    ss filhos e vossas filhas profetizaro, vos-sos velhos sonharo, e vossos jovens terovises; at sobre os servos e sobre as servasderramarei o meu Esprito naqueles dias"(J! 2.28,29). Toda essa expectativa sobre oderramamento do Esprito vinculada tam-bm ao perdo dos pecados pode ser vistanas palavras de Joo Batista no incio deseu ministrio: "Eu vos tenho banzado comgua; ele, porm, vos batizar com o Esp-rito Santo" (Mc 1.S). Joo Batista anunciouque a profecia do Antigo Testamento sobreo derramar do Esprito Santo logo se cum-priria na pessoa que ele estava anunciando,o Senhor Jesus Cristo. E o prprio Senhor,aps a sua ressurreio, disse aos apsto-los: "Eis que envio sobre vs a promessa demeu Pai; permanecei, pois, na cidade, atque do alto sejais revestidos de poder" (Lc24.49). Bruner enfatiza a importncia de Je-rusalm nesse ponto: "para receberem oEsprito Santo, os apstolos so ordenadosa no se ausentarem de Jerusalm. Jerusa-lm, no conceito de Lucas, ser o local dopenltimo evento da histria da salvaoantes do ltimo evento: a volta de Cristo".2Por isso, no dia do Pentecostes, Pedro cla-ramente entendeu que a promessa havia secumprido. Percebemos isso por suas pala-vras: "... o que ocorre o que fo dito porintermdio do profetajoel: E acontecer nosltimos dias, diz o Senhor, que derramareido meu Esprito sobre toda a carne" (At2.16,17). Sobre essa base, ele teve a cora-gem de proclamar multido que o ouvia:"Arrependei-vos, e cada um de vs seja ba-tizado em nome de Jesus Cristo para re-misso dos vossos pecados, e recebereis odom do Esprito Santo. Pois para vs ou-tros a promessa, para vossos filhos e paratodos os que ainda esto longe, isto , paraquantos o Senhor, nosso Deus, chamar" (At2.38,39). O perdo dos pecados e o dorn

    do Esprito eram uma promessa de Deusque havia acabado de se cumprir naqueledia. A ltima expresso de Pedro dizendoque a promessa era para todos os que "Deuschamar", aponta para o aspecto universalda promessa do Esprito. Joel j havia ditoque o derramamento seria sobre todo tipode pessoas, incluindo jovens, velhos, ho-mens e mulheres, servos e servas (Jl 2.29).Independente de idade, sexo, raa e classesocial, o dom inclua todos os que se arre-pendessem e cressem.3

    Percebemos, portanto, que desde oAntigo Testamento, sempre houve urna pro-messa divina de enviar o Esprito Santo afim de iniciar uma nova era, a Era do Espri-to. O Esprito vira habitar de forma rnaisplena e universal o povo de Deus, engloban-do pessoas de todas as tribos, raas, lnguase naes. O momento quando aquela pro-messa fosse cumprida seria um momentonico na histria da salvao. Mas, para queo Esprito fosse enviado, antes Jesus precisa-ria realizar a sua obra.

    II. O OUTRO CONSOLADORVoltemos agora para as palavras de Jesussobre a vinda do Consolador: "eu rogareiao Pai, e ele vos dar outro Consoador".Devemos notar a expresso "outro". Quan-do nos referimos a alguma coisa como "ou-tra", em geral porque j havia uma antes.Jesus fo o grande consolador. A palavragrega para consolador parakletos, e signifi-ca literalmente "aquele que est ao lado de".Mas, agora, ele precisava partir, e no po-deria mais permanecer ao lado de seus dis-cpulos. Entretanto, no deixaria seus dis-cpulos rfos, pois mandaria um dom ex-tremamente necessrio para a vida deles: oEsprito Santo. O Esprito Santo viria paraocupar o lugar deixado por ele. A partir da-quele momento Jesus seria o consolador

    2 F. D, Bruner. Teologia do Esprito Santo. 2a Edio. So Paulo: Edies Vida Nova, 1986. p. 1263 Cf. John Srorr. Batismo e Plenitude do Esprito Santo. 2a Edio. So Paulo: Edies Vida Nova, 1986, p. 20

  • A Promessa do Esprito Santo 13

    (parakletos) no cu (IJo 2.1), intercedendopor seus discpulos l, enquanto que o Es-prito seria o consolador (parakletos) na ter-ra, tambm intercedendo e cuidando dosdiscpulos (Rm 8.26).

    A. A Vinda do ConsoladorPor vrias vezes Jesus advertiu seus

    discpulos de que precisava partir. Urn dosmotivos principais que somente aps suapartida poderia enviar o outro Consolador.Em Joo 7.38,39 Jesus diz: "... quem crerem mim, como diz a Escritura, do seu inte-rior fluiro rios de gua viva. Isto ele dissecom respeito ao Esprito que haviam dereceber os que nele cressem; pois o Espri-to at esse momento no fora dado, porqueJesus no havia ainda sido glorificado". En-quanto Jesus no fosse glorificado, o Esp-rito Santo no poderia ser enviado. Por issoJesus disse aos discpulos "... eu vos digo averdade: convm-vos que eu v, porque, seeu no for, o Consolador no vir para vsoutros; se, porm, eu for, eu vo-lo envia-rei" (Jo 16.7). Era necessrio que Cristosubisse aos cus e se assentasse direita dotrono de Deus, e assim glorificado, envias-se o Esprito Santo aos discpulos.

    B. O Testemunho do Esprito SantoEra muitssimo necessrio que o Esp-

    rito viesse. Ee teria a funo de substituirJesus durante a ausncia dele. Mas alm desubstituir, ele teria outras funes, como lem-brar os discpulos das coisas que Jesus haviadito {Jo 14.26). Tambm fazia parte de suaobra convencer o mundo do pecado da justi-a e do juzo (Jo 18.8). Jesus disse que oEsprito Santo viria tambm para guiar osdiscpulos a toda a verdade (Jo 16.13). Cer-tamente a obra dele no seria independente,mas sua funo era glorificar o prprio Je-sus, exaltando sua pessoa, seu poder e suaobra(Jo 16.14). Esse um ponto de mximaA D. M. Lloyd-Jones. Deus o Esprito Santo. So Paulo:5 D. M. Lloyd-Jones. Deus o Esprito Santo. So Paulo:

    importncia. E comum, nos dias atuais, aspessoas enfatizarem mais a pessoa e a obrado Esprito Santo do que a do Pai e do Fi-lho. E verdade que, o Esprito Santo no foiconsiderado como devia ao longo da hist-ria da Igreja. Porm, um erro quererenfatizar a obra do Esprito acima da obrade Jesus. A funo do Esprito seria exata-mente a de testemunhar de Jesus: "ele meglorificar, porque h de receber do que meu e vo-o h de anunciar" (Jo 16.14).Como escreveu Lloyd-Jones, "... esta umadas coisas mais espantosas e extraordinriasacerca da doutrina bblica sobre o EspritoSanto. Ele parece esquivar-se e ocultar-se. Eleest sempre, por assim dizer, focalizando oFilho".4 De fato, a obra do Esprito Santono glorificar a si mesmo. Ee como umholofote, sua Rinco iluminar algo que noele prprio. Ele quer glorificar o Senhor Je-sus, e nos dar conhecimento dele e de seuamor por ns. Por essa razo, Lloyd-Jonesest certo em afirmar que podemos saber oquanto temos do Esprito de acordo com oquanto consideramos o Senhor Jesus.71

    Jesus disse que o Esprito Santo seriaenviado para estar sempre com os discpu-los, ou seja, eles no poderiam viver sem oEsprito. Isso nos fala da importncia doEsprito Santo para a vida do crente. No dpara conceber um crente sem o Esprito San-to, pois ele absolutamente vital para que ocrente conhea Jesus e receba a salvao. Umcrente sem o Esprito Santo em hiptese al-gurna um crente verdadeiro, pois a presen-a do Esprito Santo na vida dos discpulosseria a garantia de que os discpulos de fatopertenciam a Jesus (Cf. Rm8.9> Ef 1.13,14).III. O SIGNIFICADO DA VINDA DO ES-PRITO SANTOComo j vimos, o Esprito Santo j habi-tava com os crentes antes do Pentecostes,PES7l997. p731 " "PS. 1997. p.31

  • 14 A Essncia da F-Parte 5-0 que a Bblia ensina sobre o Espirito Santo

    porm, ele seria dado de forma mais pe-na. Veja que Jesus diz que os discpulos jconheciam o Esprito Santo, enquanto queo mundo ainda no o conhecia (v. 17), oque mais uma prova de que eles j pos-suam a pessoa e obra do Esprito Santo.Mas, j vmos que somente aps a partidade Jesus que o outro Consolador viriapara guiar os discpulos a toda a verdade.

    No Pentecostes, os discpulos rece-beram o Esprito do Cristo glorificado, eassim, foram batizados no corpo de Cris-to, ou seja, na Igreja. Avinda do EspritoSanto no dia do Pentecostes foi a institui-o da Igreja no Novo Testamento. Issono quer dizer que no havia crentes an-tes. Mesmo os apstolos j eram crentes,porm, eram crentes segundo o padro do Antigo Testamento. Mas no dia do Pente-costes receberam a promessa do EspritoSanto que veio formar o corpo de Cristo(Igreja) e se tornaram crentes do NovoTestamento. Geralmente se resume a dife-rena entre ser "crente do Antigo Testa-mento" e "crente do Novo Testamento",pela expectativa em relao vinda de Je-sus. Os crentes do Antigo olhavam para ofuturo, para quando o Messias viria, en-quanto isso ofereciam sacrifcios pelospecados. Os crentes do Novo Testamentoolham para trs, para o Messias que j veio,e seus pecados so perdoados no sacrif-cio definitivo de Cristo. Os apstolos pas-saram pelas duas experincias. Foram cren-tes do Antigo Testamento, e depois passa-ram a ser crentes do Novo Testamento.Pedro testemunhou que eles haviam cridono dia do Pentecostes (At 11.15-18).

    Para que o derramamento do Espri-ro acontecesse, Jesus precisava ser exaltadoatravs da Ascenso. Foi na Ascenso, quan-do se assentou destra de Deus que Cristorecebeu o ttulo de "Cabea da Igreja" (Ef

    1.20-23). Ento, somente aps sua Ascen-so ele pde mandar o Esprito Santo paraligar os membros a fim de formar um scorpo. Algum dir: Mas, ento, no haviaigreja no Antigo Testamento? Certamenteque sim, porm no nos mesmos termosdo Novo Testamento. No dia do Pentecos-tes aconteceu algo novo que jamais haviaacontecido antes. Nesse dia a unidade foiestabelecida. Podemos ver o Pentecostescomo uma espcie de Babel invertida. Aigreja composta de todas as naes se reu-niu num nico corpo. Foi por isso que odom de lnguas foi concedido. As lnguasde todos os povos foram unidas no dia doPentecostes simbolizando a unidade da igre-ja em todas as naes, e no mais apenasdentro dos limites de Israel. As lnguas ha-viam sido divididas por ocasio da torre deBabel, mas no Pentecostes foram reunidasdemonstrando a unidade do povo de Deus.

    CONCLUSOO Esprito Santo o substituto de Jesus,enviado para consolar os discpulos e tam-bm para completar a obra de Jesus na vidadeles at o dia em que Jesus voltar parabusc-los. O Esprito Santo foi derramadopara cumprir a promessa de Jesus e dosprofetas, entretanto, isso no quer dizer queno tinha sido dado antes, mas que no Pen-tecostes aconteceu algo novo e tremendo, aunidade da Igreja foi estabelecida, e os dis-cpulos foram capacitados para desempe-nhar a obra da pregao do Evangelho.

    APLICAOComo maravilhoso saber que temos esteoutro Consolador habitando dentro de ns.Temos um pamkletos no cu e outro na ter-ra! E atravs dele podemos ter a certeza deque Jesus ser glorificado nas nossa vida.Como voc tem reagido ao do Esprito?

  • Texto bsico: Lucas 4.1-21 ;Atos 1.6-8

    A OBRA DO ESPRITO SANTOINTRODUOO Esprito Santo responsvel por umavasta obra. Desde o incio at consuma-o de todas as coisas, o Esprito Santoagiu e agir para cumprir o soberano pro-psito de Deus. J vimos sua atuao nacriao, na revelao e na capacitao daspessoas no Antigo Testamento. Agora ve-remos um pouco mais de sua obra. Po-rm, diversas coisas certamente ficaro defora, pois, no teramos condies, nemespao para registrar toda a obra do Esp-rito Santo. Trataremos aqui sobre o Esp-rito Santo em relao a Cristo, nos cren-tes e no Reino de Deus.

    l. A OBRA DO ESPRITO NA VIDA EMINISTRIO DE CRISTOO ministrio do Esprito s pode ser com-preendido e avaliado de modo correto den-tro da perspectiva cristocntrica; umenfoque sem esta considerao consistenum esquecimento do Esprito por mai-or que seja o nosso desejo de "reabilit-lo" igreja. Compreendendo adequada-mente quem Cristo e o seu ministrio,a igreja est honrando o Esprito, porqueesse conhecimento s pode ser alcanadopor obra de Deus (Mt 11.27; 16.17) e o Esprito de Deus quem nos conduz verdadeira compreenso de Cristo. A con-fisso do Cristo por parte da Igreja, , decerta forma, a glria do Esprito (Jo14.26; 15.26; 16.13-15/lCo 12.3).

    Uma das principais obras do Esp-rito Santo est vinculada pessoa de Cris-to. Em todo o ministrio de Jesus, o Es-prito Santo teve participao. Isaias pro-fetizou que o Esprito repousaria sobre oMessias dando-lhe sabedoria, fora e co-nhecimento em seu ministrio (Is 42.1;11.2,3). O Esprito Santo no veio sobreJesus a fim de capacit-lo para a obra por-que Jesus no tivesse poder em si mesmo.Certamente ele tinha, porm, a atuaodo Esprito Santo em Cristo aponta paraa unidade da Trindade.

    A. O nascimento virginalO nascimento virginal de Jesus foi

    operado pelo Esprito Santo (Lc 1.35) elhe conferiu a condio de ser livre dopecado original que todos os humanosherdam. Sua pessoa divina sempre exis-tiu, mas sua natureza humana se origi-nou no ventre da virgem Maria. O Esp-rito "formou o corpo e dotou a alma hu-mana de Cristo com todas as qualifica-es para sua obra."1 O Logos eterno to-mou uma natureza humana naturalmen-te incapaz de qualquer ao santa sem opoder do Esprito Santo; da a necessida-de da ao santificadora e preservadora doEsprito. Na encarnao, o Esprito pre-servou a Jesus Cristo da mancha do peca-do original que a herana de todo serhumano, fazendo com que ele tivesse umanatureza imaculada. Se assim no fosse,

    Para ler e meditar durante a semanaD Isaias 61. l -3 - O Esprito sobre o Messias; S - Mateus 3.16,17 - A uno no Batismo;

    T-Tico 3.4-7- Regenerados pelo Esprito; Q-Efsos 1.13,14-0 seio do Esprito;Q- Atos 5.17-42-A ousadia dos discpulos; S -Mateus 13.31-33 - O crescimento do Reino de

    Deus; S - Lucas 13.20,21 A expanso do reino1 Charles Hodge, Teologia Sistemtica. So Paulo: Hagnos, 2001. p. 395.

  • 16 A Essncia da FParte 5"~ O que a Bblia ensina sobre Q Esprito Santo

    Cristo no poderia se oferecer peio seupovo,, apresentando um perfeito sacrifciovicrio, sem mcula e de valor eterno (2Co5.21; Hb 7.26,27; IPe 1.18-21; 3.18).

    B. No batismoNb batismo no houve qualquer

    mudana metafsica no ser de Cristo, nemele passou a ter uma relao nova com oPai; entretanto, nesse ato histrico, vemosa manifestao da Trindade num s pro-psito: a salvao do seu povo.

    Como sacerdotes (x 28.41) e reis(2Sm 2.4), o Messias foi ungido pelo Es-prito para poder realizar sua obra (Mt3.16; Lc 4.18). Cristo foi ungido desdetoda a eternidade; h referncias no An-tigo Testamento que falam da sua habita-o do Esprito, indicando dessa forma, asua uno, a sua capacitao eterna parao cumprimento da sua obra (Is 11.2;42.1; 61.1). Todavia, historicamente, elefoi ungido por ocasio da sua gerao esantificao em Maria (Lc 1.35) e, tam-bm, no batismo (Mt 3.16; Mc 1.10; Lc3.22; Jo 1.32; 3.34; At 10.38). O Cristoesteve eternamente capacitado para ser oSalvador dos eleitos; e agora, encarnado,recebe essa confirmao do Pai e do Esp-rito: a salvao obra da Trindade; porisso, as trs pessoas esto empenhadas naexecuo do pacto salvador.

    C. Na sua. tentao (Lc 4,1,14)O Esprito guiou ["impeliu"2 (Mc

    1.12)] Jesus ao deserto e permaneceu comele ali (Lc 4.1,2). Jesus foi tentado desdea sua chegada. A tentao fez parte doseu amadurecimento para o ministrio queo Pai lhe confiara. A tentao muito pe-nosa, contudo, quando a vencemos, con-victos da sustentao de Deus (lCo

    10.13), podemos perceber o quoamadurecedora ela pode ser para a nossavida espiritual. O primeiro Ado sucum-biu tentao; Jesus Cristo, o ultimoAdo, deve ser tentado para poder levarsobre si o pecado dos eleitos. Se Cristono vencesse o tentador, jamais poderiaser o Salvador daqueles que estavam sobo "domnio" de Satans. E relevante ob-servar, que o seu ministrio pblico teveincio aps esse episdio, comeando comum sermo (Lc 4.16-21/Is 61.1,2).

    D. No seu confronto com SatansJesus realizou milagres no poder do

    Esprito. O Reino de Deus o Reino deCristo o governo triunfante de Cristosobre todas as coisas, visveis e invisveis e, esse Reino se faz presente por meio daobra de Cristo, libertando os homens dodomnio de Satans e dos poderes do mal,desmantelando a cidadela do inimigo (Mt12.28,29). O pavor dos demnios diantede Cristo aponta para a chegada poderosae vitoriosa do Reino (Mt 8.29).

    E. Na sua obra sacrificialA obra sacrificial de Cristo foi cum-

    prida de forma completa e com o senti-mento adequado peia operao do Espri-to (Hb 9.14). Em total harmonia com oEsprito, Cristo ofereceu-se a si mesmo,tendo plena conscincia das implicaesdessa oferta: a dor, a vergonha, a humi-lhao, o peso da ira de Deus, o abando-no. "Cristo sofreu como homem, no en-tanto, a fim de que sua morte pudesseefetuar nossa salvao, sua eficcia fluiudo poder do Esprito. O sacrifcio queproduziu a expiao eterna foi muito maisque uma obra meramente humana."3 No

    2 "Jesus, sendo cheio do Esprito, sentia a sua fora no ntimo da Sua alma" (Abraham Kuyper, The Work of

    3 J. Calvino, Exposio de Hebreus. So Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 9.14), p. 231-232.

  • A Obra do Esprito Santo 17

    entanto, em todo o seu sofrimento, elepde usufruir do consolo do Esprito quesempre estivera plenamente nele.

    O Esprito que esteve em Cristodurante todo o seu ministrio terreno, ocapacitou a apresentar-se voluntariamente(Gl 1.4/Jo 10.11,15,17,18) como sacer-dote e vtima: o ofertante e a oferta pararesgatar os seus (Hb 9.23-28).

    F. Na sua ressurreioO Novo Testamento declara que a

    ressurreio de Cristo foi obra do Pai (Gl1.1; Ef 1.17-20), do Filho (Jo 2.18-22;10.17,18) e do Esprito Santo (IPe 3.18/Rm 8.11). O mesmo Esprito que gerouem Maria a Pessoa Divino-Humana deCristo, acompanhando-o e fortalecendoem todo o seu ministrio, agiu decisiva-mente em sua ressurreio, a qual assina-la a vitria de Deus sobre o pecado, amorte e Satans. O Esprito que atuouem Cristo no seu estado de humilhao o mesmo na sua exaltao.

    Concluindo esta diviso, observa-mos que o Ministrio de Cristo foi mar-cado pela pleni tude do Espr i to (Jo3.34/Lc 4.14).II. A OBRA DO ESPRITO NOSCRENTESDa mesma forma que o Esprito agiu navida de Cristo, ele age na vida dos cren-tes. Corno diz Hoekema, "todos os maio-res elementos no processo de salvao soatribudos autoria do Esprito Santo".''Ele o grande despenseiro das bnosconquistadas por Cristo. Podemos v-loagindo na regenerao, na converso, nasantificao, na adoo, na segurana dasalvao e intercedendo por ns.

    A. RegeneraoRegenerar significa gerar de novo. O

    Esprito Santo o autor desse ato. Em Tito3.5 encontramos a seguinte declarao: "elenos salvou mediante o lavar regenerador erenovador do Esprito Santo".

    B. Faz-nos reconhecer e confessar oSenhorio de Cristo

    Somente pelo Esprito (lCo 12.3)podemos de fato reconhecer e confessar aCristo como Senhor, vivendo de formacoerente com essa confisso (Mt 22.43;ICo 12.3/Rm 10.9,10).

    C. JustificaoO Esprito aplica em ns a justia

    de Cristo (ICo 1.30; 6.11); por isso, so-mos declarados justos diante de Deus."Deus, desde toda a eternidade, decre-tou justificar todos os eleitos; e Cristo,no cumprimento do tempo, morreu pe-los pecados deles e ressuscitou para a jus-tificao deles; contudo, eles no so jus-tificados at que o Esprito Santo, no tem-po prprio e de fato, comunica-lhes Cris-to"5 (Rm 3.4; 4.25; Tt 3.6,7/lCo 6.11).

    D. ConversoA converso a resposta do homem

    regenerao operada dentro dele tam-bm obra do Esprito Santo. Geralmentevemos a converso como consistindo dearrependimento e f. Ambos aspectos sodescritos na Bblia como obra do Espri-to Santo (Cf. At 11.15,19; ICo 12.3).

    E. SantificaoO Esprito Santo vem habitar o crente

    na converso e o santifica ao longo da vidacrist: ".... Deus vos escolheu desde o prin-cpio para a salvao, pela santificao do

  • 18 A Essncia da F-Parte 5-0 que et Bblia ensina sobre o Esprito Santo

    Esprito e f na verdade" (2Ts 2.13) (Cf.ITs 2.13; Rm 15.16; IPe 1.2).

    F. IntercessoUrna das obras mais importantes que

    o Esprito realiza pelos crentes a de in-terceder por eles (Rm 8.26,27). "Nosabendo ns o que havemos de pedir,como convm, o Esprito nos assiste emnossa fraqueza, habilitando-nos a saberpor quern, pelo qu, e como devemos orar;operando e despertando em nossos cora-es (embora no em todas as pessoas,nem em todos os tempos, na mesma me-dida) aquelas apreenses, afetos e graasque so necessrios para o bom cumpri-mento do dever."6 Ele funciona como umintrprete entre ns e Deus, traduzindonossas oraes. Ao fazer isso, intercede porns, buscando o melhor para nossa vida.

    G. AdooNo sabemos se Deus nos faz seus

    filhos primeiro e depois nos d o seu Es-prito ou se ele nos d o Esprito e depoisnos faz filhos, "no importa como vocencara a questo: o resultado o mesmo.Todos os que tm o Esprito de Deus sofilhos de Deus, e todos os que so filhosde Deus tm o Esprito de Deus".7 O Es-prito nos concede a bno da adoo.

    H. Segurana da SalvaoA segurana da salvao do crente

    totalmente condicionada ao Esprito San- .to: "em quem tambm vs, depois queouvistes a palavra da verdade, o evange-lho da vossa salvao, tendo nele tambmcrido, fostes selados com o Santo Espri-to da promessa; o qual o penhor da nos-sa herana, ao resgate da sua proprieda-de, em louvor da sua glria" (Ef 1.13,14;

    Cf. 2Co 1.22). As expresses "selo" e "pe-nhor" indicam a marca de segurana queo Esprito Santo significa na vida dos cren-tes. Ele o selo, ou seja, a marca de pro-priedade, o invlucro inviolvel que ga-rante a integridade do crente, e, ao mes-mo tempo, o penhor, o pagamento an-tecipado que garante que o Senhor ad-quiriu o crente como propriedade sua eque vir no futuro resgat-lo em carterdefinitivo: "... no entristeais o Espritode Deus, no qual fostes selados para. o dia.da redeno" (Ef 4.30).III. A OBRA DO ESPRITO SANTONO REINOAt o Pentecostes, os discpulos espera-vam que ele libertasse a nao e a estabe-lecesse como um reino prspero sobretodos os reinos da terra. Essas esperanasse acabaram com a morte de Jesus, entre-tanto, se reacenderam com a ressurreio:"Senhor, ser este o tempo em que res-taures o reino a Israel?" (At 1.6). Jesusrespondeu que a eles no seria dado co-nhecer tempos (cronos) e pocas (kairs)que o Senhor havia reservado exclusiva-mente para ele, mas, prometeu mandar oEsprito Santo que faria deles testemu-nhas cheias de poder em todo o mundo.Ele capacitaria a Igreja a desempenhar seupapel no mundo. A Igreja seria o instru-mento para o estabelecimento do Reinode Deus. Porm, seria um reino diferente.

    A. Fonte de poderAproximava-se o instante da parti-

    da de Jesus e ele tinha planos grandiosospara seus discpulos. Mas eles precisavamentender o carter do Reino de Deus quese manifestava naquele momento. Emvrias ocasies, quando interrogado, Je-

    6 Catecismo Maior de Westmimter, Perg. 182.7 John Stotc. Batismo e Plenitude do Esprito Santo. 2a Edio. So Paulo: Edies Vida Nova, 1986, p. 15.

  • A Obra do Esprito Santo 19

    sus explicou que o Reino de Deus j esta-va no meio do povo. Ele se fazia presentena pessoa, na obra e no ensino do Messi-as. Dessa forma o reino poderia estar den-tro de cada um (Lc 17.21). A expansodo reino espiritual era assunto para aque-le momento. Os discpulos seriam res-ponsveis por essa tarefa e, para garantirque ela teria xito, lhes seria mandado oEsprito Santo como fonte de poder.

    Entre os benefcios poderosos que oEsprito Santo concederia queles homensestavam entendimento, ousadia e resul-tados. Com novo entendimento escreve-ram mais tarde cartas que foram e conti-nuam sendo o fundamento teolgico daIgreja, Com ousadia,, falaram sobre Jesus,a ponto de no temerem mais os casti-gos, as afrontas, ou a prpria morte (Cf.Jo 20.19; At 2.14-36; 4.1-22; 5.17-42).E o Esprito Santo autenticou a obra de-les conferindo resultados. At o dia doPentecostes 120 pessoas se denominavamdiscpulos. Naquele mesmo dia foramacrescentadas mais trs mil (At 2.41). Epouco tempo depois o nmero subiu paracinco mil (At 4.4).

    B. Fonte de testemunhoJesus disse que a vinda do Esprito

    Santo faria dos discpulos suas testemu-nhas. Em primeiro lugar, uma testemu-nha algum que esteve presente e podeverificar a exatido de certos acontecimen-tos. Os discpulos possuam essa caracte-rstica. Em segundo lugar uma testemu-nha algum que comunica o que viu.Quem viu, mas no se manifesta no uma testemunha verdadeira. Porm, emterceiro lugar, e talvez seja a maior carac-

    terstica da testemunha, ela sustenta seutestemunho at o fim. A prpria palavra"testemunho" na lngua grega martyres,donde vem o significado moderno demrtir. O mrtir est disposto a morrerpor aquilo que diz. Nada menos do queisso pode ser chamado de testemunha, esomente a presena do Esprito Santopoderia habilitar os amedrontados disc-pulos a se tornarem valorosos mrtires(testemunhas) do Senhor Jesus.

    O livro de Atos se constitui no mai-or relato da glorificao de Cristo pelo Es-prito: A expanso miss ionr ia e aedificao dos crentes. Quando cristossinceros pregavam o Evangelho e pessoaseram transformadas pelo seu poder, sen-do conduzidos a uma vida santa, Cristoestava sendo glorificado.

    CONCLUSOO Esprito Santo no s capacitou a Je-sus para seu ministrio, como realiza aobra de Deus na vida do crente, e impul-siona o Reino de Deus. Sua obra imen-samente vasta e preciosa. Devemos, as-sim, aprender a perceber mais essa obradele no mundo e, em nossa prpria vida.Identificar essa atuao deve nos levar aadorar a Deus, e a experimentar mais dagraa dele. Acima de tudo, provar dessafonte de poder e de testemunho.

    APLICAOSe Deus nos tem dado o Esprito Santo,devemos us-lo para testemunhar a res-peito de Cristo e da salvao. Deus nonos deu o Esprito para ele ficar inativoem ns. Ele nos deu o Esprito para noscapacitar para a obra. Ento, mos obra.

  • Lio 5 Texto bsico: Atos 2.1-4

    O BATISMO COM o ESPRITO SANTOINTRODUOO termo "pentecostal" est definitivamen-te incorporado ao vocabulrio da IgrejaCrista. Desde o incio do sculo 20 quan-do um grupo de crentes comeou a "falarem lnguas" numa misso evanglica narua Azusa, em Los Angeles, o movimentopentecosnal se espalhou pelos quatro can-tos do planeta. Esse termo "pentecostal" tirado do episdio que ocorreu no diade Pentecostes em Jerusalm quando osdiscpulos do Senhor Jesus forambatizados com o Esprito Santo. Ospentecostais dizem que tiveram uma ex-perincia igual quela. Eles raciocinam:os discpulos eram crentes, mas recebe-ram o batismo depois, e falaram em ln-guas, ento, h uma converso operadapelo Esprito Santo, mas o batismo umasegunda bno, ou uma segunda expe-rincia, uma experincia ps-converso.Dessa forma, para o penrecostalismo, hduas classes de crentes dentro da Igreja,os que j chegaram l e os que ainda noconseguiram. Quem j foi batizado fazparte da elite dos crentes, enquanto quequem no foi batizado faz parte de umacategoria inferior. Estes ltimos, frequen-temente, recebem alguma discriminaopor parte dos mais "adiantados", e sevem ameaados pela pergunta tradici-onal destes irmos: "voc ainda no foibatizado no Esprito Santo?". Esta lio

    vai ajud-lo a ver o quanto essa visocarismtica distorcida e no faz justiaao ensino bblico.

    i. O PENTECOSTES E A REDENOAtos 2.1-4 tem sua importncia no porcausa da festa judaica do Pentecostes, masno fato de que Deus cumpriria mais umevento da histria da redeno. O nasci-mento de Jesus foi o primeiro evento his-trico da redeno realizado na pessoa deCristo. O prximo evento foi sua morte,depois sua ressurreio,' por fim sua As-censo e a descida do Esprito Santo. De-pois disso, s resta a segunda vinda. Por-tanto, o evento que aconteceu no dia dePentecostes foi o ltimo da histrica ati-vidade salvadora de Jesus. Assim como amorte de Jesus e sua ressurreio no po-dem ser repetidas, tambm a descida doEsprito Santo no se repete. Mas comoos efeitos da morte e da ressurreio deJesus, tambm os efeitos da descida doEsprito Santo esto presentes em todasas pocas.

    Sem a descida do Esprito Santo, aobra redentora de Jesus no estaria aca-bada, e sua promessa no teria sido cum-prida. E mesmo a promessa do AntigoTestamento do derramamento do Espri-to Santo passaria em branco. Mas, tudoisso se cumpriu no dia do Pentecostes. Ecomo cumprimento, podemos dizer que

    Para ler e meditar durante a semanaD Joel 2.28-32 -A promessa no Antigo Testamento; S Mateus 3.11,12 Joo Batista e apromessa do Esprito; T - Lucas 24.44-49 -A promessa de Jesus; Q Romanos 8.9 Ter o

    Esprito e ser de Cristo; Q l Corntios 12.13 -Todos os crentes foram batizados;S Efsos 1.13-14 Selados com o Esprito; S Gaiatas 3.13,14 Esprito recebido pela f

  • O Batismo com o Esprito Santo 21

    se cumpriu de urna vez por todas. Entre-tanto, os efeitos da vinda do Esprito San-to permanecem na igreja. Dessa forma noprecisamos e no devemos pedir ao Paique nos d o Esprito Santo, pois ele jnos deu.

    II. O EVENTO DO PENTECOSTESSE REPETIU?Algum poderia objetar que, em pelo me-nos trs ocasies, o evento do Pentecostesse repetiu na forma de uma segunda bn-o. Isso aconteceu com os samartanos,com os gentios em Cesaria, e com os dis-cpulos de Joo em Efeso. Ser importan-te analisar estes trs acontecimentos.

    A. Houve um Pentecostes Samctritano?Em Atos 8.5-17 est descrita a con-

    verso dos samaritanos. Muitossamaritanos haviam crido no Evangelhopor meio da pregao do evangelista Fili-pe e, como consequncia, forambanzados. No temos motivo para duvi-dar da converso daquelas pessoas. A nicacoisa estranha a descida de Pedro e Joopara l. Pelo que se sabe, no era comumos apstolos inspecionarem a obra dosevangelistas. Ento, por que foram l? No difcil descobrir. Aquela era a primeiravez que o Evangelho havia sido aceito forade Jerusalm, e Lucas queria mostrar comoo Evangelho saiu da exclusividade do am-biente judeu, sob a superviso dos aps-tolos e com todas as bnos do EspritoSanto (Cf. At 1.8). Mas a ocasio era re-almente crucial. Os samaritanos, inimi-gos histricos dos judeus, haviam recebi-do a mensagem. Ser que os crentes ju-deus iriam aceit-los? Ou a diviso ju-deus-samaritanos permaneceria na igre-ja? Certamente, foi por esse motivo queDeus reteve, no o batisrno com o Esp-

    rito Santo, mas a manifestao visvel dele,at que os apstolos pudessem compro-var a veracidade do acontecimento. Deveser notado que no foi identificado ne-nhum problema com os samaritanos pro-priamente. Nenhuma condio foi ofere-cida a eles. O problema tambm no es-tava com Filipe que, logo em seguida, vaipregar ao eunuco etope, e no foi neces-srio que os apstolos fossem atrs (Cf.At 8.26-40).' O problema estava no re-lacionamento entre Jerusalm e Samaria.Est no fato de que Deus desejava elimi-nar uma inimizade histrica. Deus rete-ve a manifestao visvel do Esprito San-to a fim de que os apstolos testificassemque a f tambm estava sendo encontra-da em Sarnaria, e assim, autenticassem aobra entre os samaritanos. Portanto, noh razo para pensar num segundo pente-costes, e nem o acontecimento samaritanodeve ser aceito como norma para os cren-tes em todos os tempos, pois sua diferen-a explica-se perfeitamente por causa dasua situao histrica.

    B. O que aconteceu em Cesaria?No captulo 10 de Atos narrada a

    converso de um gentio (estrangeiro) aoCristianismo. Foi um homem chamadoCornlio. Deus direcionou Pedro ataquele homem, demonstrando que nodiscriminaria ningum por ser de outropovo. Pedro entrou na casa de Cornho ecomeou a pregar o Evangelho. A certaaltura da pregao de Pedro, precisamen-te quando falava sobre a remisso dos pe-cados que Deus concede aos que crempor meio do nome de Jesus (At 10.43), oEsprito Santo "caiu sobre todos os queouviam a palavra" (At 10.44). Depois dossamaritanos, agora os gentios eram incor-porados Igreja. A manifestao visvel

    Cf. F. D. Bruner. Teologia do Esprito Santo. 211 Edio. So Paulo: Edies Vida Nova, l 986. p. 137

  • 22 A Essncia da F - Parte 5~O que a Bblia ensina s bre o Esprito San to

    tencionava autenticar a converso delesperante as autoridades da Igreja comohavia acontecido em Samaria. Uma coisaest por demais clara no texto: no houve"segunda beno". Bruner diz que "o pro-psito do episdio de Cornlio ensinara igreja, de modo to dramtico quanto ainiciao samaritana lhe ensinara, queDeus aceita todos os homens parte daguarda de quaisquer disposies legais, aodar gratuitamente o dom do Esprito San-

    i r/" 7to a r /Algo que geralmente passa desper-

    cebido o testemunho do apstolo Pedroque tem implicaes muito srias para adoutrina da Segunda Bno. Pedro rela-ta igreja em Jerusalm: "Quando ... co-mecei a falar, caiu o Esprito Santo sobreeles, como tambm sobre ns, no princ-pio. Ento, me lembrei da palavra do Se-nhor, quando disse: Joo, na verdade, ba-nzou com gua, mas vs sereis batizadoscom o Esprito Santo. Pois, se Deus lhesconcedeu o mesmo dom que a ns nosoutorgou quando cremos no Senhor Jesus,quem era eu para que pudesse resistir aDeus?" (At 11.15-17). Algo nessa decla-rao de Pedro de suprema importn-cia. Ele diz que a converso dos gentiosfoi semelhante converso dos apstolos.Mas, quando os apstolos se converteram?Como diz Bruner, " de igual importn-cia se, como provvel, Pedro aqui com-para a f dos de Cesaria com a f dosapstolos no Pentecostes 'quando [ns]cremos1 ento aqui temos a informaosignificante que os apstolos considera-vam o Pentecostes como o ponto inicial dasua f, e, portanto, a data da sua conver-

    so. Foi somente quando receberam oEsprito que se sentiram capazes de dizerque acreditavam".3 Portanto, nem os aps-tolos receberam realmente uma SegundaBno. Eles receberam o Esprito Santoquando se converteram, assim como to-dos os crentes.4

    C. E quanto aos discpulos de feso?Esse incidente est descrito em Atos

    19.1-7. Em sua terceira viagem missionriaPaulo encontrou alguns discpulos na ci-dade de feso e logo lhes perguntou sehaviam recebido o Esprito Santo quan-do creram. Veja que Paulo vincula o rece-bimento do Esprito Santo com o ato decrer. Paulo estranhou alguma coisa naque-les homens, e logo a sua suspeita veio a seconfirmar. Eles responderam: "EspritoSanto? Nem sabemos quem ele?" Eleseram discpulos de Joo Batsta e no co-nheciam a verdade plena a respeito deJesus. E difcil imaginar que aqueles dis-cpulos fossem realmente crentes! Nemsabiam qu Jesus j tinha se manifestado,e nada sabiam sobre a vinda do EspritoSanto. Certamente no eram, mas torna-ram-se com a pregao de Paulo e recebe-ram o dom do Esprito Santo. Logo, oque aconteceu neste episdio, longe deser uma segunda bno, confirma que oEsprito Santo dado quando algum cr.

    I I I . TODOS BATIZADOS EM UMESPRITOPodemos ver os ensinos normativos sobre0 batismo com o Esprito Santoregistrados nos ensinos doutrinrios doapstolo Paulo, por exemplo. Em1 Corntios 12.13 o apstolo Paulo fez

    2 F. D. Bruner. Teologia ao Espirito Santo. 2a Edio. So Paulo: Edies Vida Nova, 1986. p. 1483 F. D. Bruner. Teologia do Esprito Santo, 2a Edio. So Paulo: Edies Vida Nova, 1986. p. 1514 J dissemos em outra lio que os apstolos podiam ser chamados de crentes antes do Pentecostes de

    acordo com a terminologia do Antigo Testamento. Mas s se tornaram crentes no sentido que o NovoTestamento atribui a Palavra no dia do Pentecostes.

  • O Batismo com o Esprito Santo 23

    uma declarao muito importante paraa considerao desse assunto. Ele disse:"... em um s Esprito, todos ns fo-mos batizados em um corpo, quer ju-deus, quer gregos, quer escravos, querlivres. E a todos ns foi dado beber deum s Esprito".

    A. A fora do "todos"Para entendermos bem o que Paulo

    est querendo dizer nesse versculo, pre-cisamos considerar todo o captulo 12 del Gerirmos, pois, nesse captulo, Pauloest concentrando seu ensino a respeitodos dons espirituais. Seu ponto alto que,embora os dons sejam variados, podendoe de fato se manifestando de vrias for-mas, h apenas um originador deles, que o Esprito Santo. Paulo diz: "... ora osdons so diversos, mas o Esprito o mes-mo" (v.4). Entre os versos 8-10 eleexemplifica alguns dons que podem serdados Igreja visando a edificao (v.7),entretanto enfatiza "um s e o mesmoEsprito realiza todas estas coisas, distri-buindo-as como lhe apraz, a cada um, in-dividualmente" (v. 11). Ele demonstra aunidade da Igreja apesar da diversidadede dons exatamente porque todos essesdons so concedidos pelo mesmo Esprito.E isso que ele pretende enfatizar no verso13: somos diferentes tanto em servios,como em dons e at mesmo na raa, masnuma coisa todos ns crentes somos iguais:todos fomos batizados pelo mesmo Espri-to, portanto somos um mesmo corpo.

    B. Crente sem o Esprito?Certamente a referncia do apsto-

    lo ao batismo nesse texto nada tem a vercom o batismo com gua, e nem mesmocom o que aconteceu no dia de Pentecos-tes, pois nem Paulo nem os corntios lestiveram naquele dia. Mas, ento, quan-do Paulo e todos os crentes da cidade de

    Corinto foram batizados? Nenhuma ou-tra resposta pode ser coerente a no ser:no dia da converso deles. No havia duasclasses dentro da Igreja de Corinto. To-dos os que pertenciam ao corpo de Cristoforam batizados com o Esprito Santo. Eesse no o nico lugar em que isso ficaclaro. Em Romanos 8.9 Paulo escreveuigualmente "Vs ... no estais na carne,mas no Esprito, se, de fato, o Esprito deDeus habita em vs. E, se algum notem o Esprito de Cristo, esse tal no dele". O texto claro: se algum no temo Esprito de Cristo, essa pessoa no per-tence a Cristo. Paulo no diz que se al-gum no tem o Esprito crente de se-gunda classe, mas que no de Cristo,ou seja, no crente, no convertida.No podem existir duas classes de cren-tes dentro de uma igreja. Todos os verda-deiros crentes foram batizados com o Es-prito Santo.

    C. A fora do "ns"Na ingua original em que foi escri-

    to o Novo Testamento h uma grandenfase na palavra "ns" nessa passagem.Paulo poderia ter escrito o mesmo textosem us-la, e o significado seria entendi-do, mas ele fez questo de dizer "todosns fomos batizados". Com essa expres-so, ele no admite excees. Todos osverdadeiros crentes foram batizados como Esprito Santo.

    D. Quem tem sede bebaDa mesma forma Paulo enfatiza que

    todos j puderam beber do mesmo Esp-rito. Note a conexo entre "beber" aqui eo que dito em Joo 7.37,38: "No lti-mo dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se algum tem sede,venha a mim e beba. Quem crer em mim,como diz a Escritura, do seu interior flui-

  • 24 A Essncia da FParte5O que a Bblia ensina sobre o Esprito Santo

    ro rios de gua viva. Isto ele disse comrespeito ao Esprito que haviam de rece-ber os que nele cressem". Quem fosse atJesus e bebesse receberia o Esprito Santoquando cresse. Todos os que creram jbeberam do Esprito Santo, ou seja, jforam batizados.

    E. A fora ao "um"Em um nico Esprito Jesus bati-

    zou todos os crentes num nico corpo,quer judeus, quer gregos, quer escravosquer livres. Nada poderia ser mais enfti-co. De fato no h classes distintas de cren-tes. Em um s Esprito foi estabelecidauma s igreja. No h crentes parciais,assim corno no h membros parciais docorpo de Cristo. No h meio termo.Gaiatas 3.26-28 afirma; "... todos vs soisfilhos de Deus mediante a f ern CristoJesus; porque todos quantos fostesbatizados em Cristo de Cristo vosrevestistes. Destarte, no pode haver ju-deu nem grego; nem escravo nem liber-to; nem homem nem mulher; porquetodos vs sois um em Cristo Jesus". To-dos os crentes em Cristo se tornarammembros plenos de seu corpo, que aIgreja, no exato momento em que foramsalvos, pois "h somente um corpo e umEsprito, como tambm fostes chamadosnuma s esperana da vossa vocao; hum s Senhor, uma s f, um s batismo;

    um s Deus e Pai de todos, o qual sobretodos, age por meio de todos e est emtodos" (Ef 4.4-6). Graas a Deus porquea Igreja dele no est dividida. No hdivises ou classes distintas de crentesdentro da Igreja.CONCLUSOUma grande confuso tem sido causadana igreja por lderes que ensinam a ne-cessidade de uma segunda obra da graa.Por todos os lados podemos ver frustra-o e desapontamento na vida de muitosque ainda no conseguiram chegar a essasegunda bno. O problema que, quan-do algum acha que precisa buscar algoque no tem, certamente deixa de darimportncia ao que j tem. Ora todos oscrentes j possuem a obra da graa emsuas vidas e possuem os meios para al-canar a verdadeira santidade. Deixam devalorizar o que Deus j lhes deu para bus-car aquilo que no existe.

    APLICAO1. Que importncia ternos dado obra

    do Esprito Santo em nossa vida?2. Precismos nos sentir inseguros diante

    dos ataques daqueles que julgam queainda no chegamos l?

    3. Cremos no que a Bblia diz ou no queas pessoas ou mesmo as experinciasapontam?

  • Lio 6 Texto bsico: Romanos 8.1-17; 1 Corntios2.6-16

    O TESTEMUNHO INTERNO EA ILUMINAO DO ESPIRITO

    INTRODUOJ falamos bastante sobre a obra do Esp-rito Santo no mundo e na vida do crente.De certa forma, alguns aspectos das li-es passadas dizem respeito a uma obrainterior do Esprito Santo. Quando pen-samos em regenerao, santificao oucerteza da salvao, sabemos que essas socoisas que o Esprito Santo realiza dentrode ns e, portanto, so obras internas. Masnesta lio queremos falar daquilo que mais normalmente atribudo ao EspritoSanto, e que diz respeito obra dele detestemunhar e iluminar. O testemunhointerno do Esprito Santo e a iluminaoso coisas de imensa importncia paranossa vida, dizendo respeito ao nosso statusde filhos de Deus e crentes em Cristo Je-sus, bem como da certeza dessas coisas.

    i. O TESTEMUNHO INTERNOO apstolo Paulo diz: "O prprio Espri-to testifica com o nosso esprito que so-mos filhos de Deus" (Rm 8.16). Em todoo captulo 8 de Romanos, Paulo est fa-lando sobre a nova condio em que ocristo se encontra a partir da converso.Ele diz que uma realidade de absolvi-o completa, pois nenhuma condenaoexiste para quem est em Jesus (Rm 8.1).Essa nova realidade totalmente mediadapelo Esprito. Esse Esprito nos livrou do

    pecado e da morte, que era a consequncianatural de nossa natureza pecaminosa,porm, quando nos uniu a Cristo, o Es-prito nos introduziu em uma nova vida,a vida do Esprito (Rm 8.2-4). Por suavez, agora os crentes precisam tomar umadeciso por essa vida no Esprito, umavez que, continuar inclinando-se para acarne caminhar para a morte, pois acarne no consegue se sujeitar a Deus e,por isso, quem est na carne no agradaa Deus (Rm 8.5-8).

    A. O Esprito garante nossa filiaoO ponto, porm, que Paulo quer ar-

    gumentar que "Vs ... no estais na car-ne, mas no Esprito, se, de fato, o Espri-to de Deus habita em vs. E, se algumno tem o Esprito de Cristo, esse tal no dele" (Rm 8.9). Se o Esprito est emns, Paulo diz, certamente no estamosmais na carne. Alm disso, podemos dei-xar para trs a nossa velha vida, porqueela no existe mais (Rm 8.10). Ao mes-mo tempo, o Esprito que est em ns,passa a nos vivificar, dando-nos uma vidade ressuscitados, ou seja, uma vida nova(Rm 8.11). O resultado disso que nodevemos mais nada para a carne, e noremos obrigao nenhuma de servi-la (Rm8.12). Em seguida, ele acrescenta umnovo dado que ainda no havia sido con-

    Para ler e meditar durante a semanaD Romanos 8.1-17-O Esprito na confirmao dos crentes; S- l Corntios 2.6-16A ilumina-

    o descrentes; T- 2 Corntios4.1-6- Deus tirou nossa cegueira; QAtos 16.13,14-0Esprito confirma a Palavra; Q-Efsos4.17-24 - Obscurecimento antes do Esprito;

    S- Efsios 1.15-19 -A iluminao descrentes; S Efsios 5.11-14- Iluminados por Cristo

  • 26 A Essncia da FParte 50 que a Bblia ensina sobre o Esprito Santo

    siderado: "... todos os que so guiados peioEsprito de Deus so filhos de Deus" (Rm8.14). Seu argumento que, uma vez quesomos filhos, j no precisamos viver afas-tados de Deus, nem submissos realida1de do mundo e da carne. Somos_ filhoscomo Jesus. O pecado no pode dominarum filho de Deus, por isso ele continua:"Porque no recebestes o esprito de es-cravido, para viverdes, outra vez, atemo-rizados, mas recebestes o esprito de ado-co, baseados no qual clamamos: Aba, Pai"(Rm 8.15). Escravos ramos antes de ser-mos unidos a Cristo, agora somosadotados em Cristo, e desfrutamos de umrelacionamento ntimo com Deus. Mascomo eu posso ter certeza de que todasessas coisas realmente aconteceram comi-go? Paulo responde: "O prprio Espritotestifica com o nosso esprito que somosfilhos de Deus" (Rm 8.16). como seele dissesse: olhe para dentro de vocmesmo. Existe algo dentro de voc qued um testemunho inquestionvel: o Es-prito Santo. Ele se comunica com o nos-so esprito, dando-nos certeza ntima deque somos salvos. Calvino diz, "nossamente, por iniciativa prpria, jamais noscomunicaria tal segurana se o testemu-nho do Esprito no a precedesse".1 Pormais que as obras tenham uma grandeimportncia na confirmao da conver-so, o testemunho interno do EspritoSanto o primeiro que deve ser ouvido.Cada um deve buscar dentro de si mes-mo a certeza de sua salvao. pelo tes-temunho do Esprito que a graa de Deusnos conscientizada.

    B. O Esprito e a PalavraComo j vimos em outra lio, o

    Esprito Santo inspirou a Palavra. Ento,primeiramente, o Esprito confirma den-

    tro de ns que a B blia a Palavra de Deus,Esse um dado importante, porque pormais que tenhamos uma boa apologtica,e consigamos levantar bons argumentosa favor da integridade e da autoridade daPalavra de Deus, sabemos que os incr-dulos a rejeitam. Para que algum acredi-te na Bblia, o Esprito Santo precisaconvenc-lo antes. Calvino, o telogo daPalavra e do Esprito, escreveu magistral-mente sobre este ponto:

    "O testemunho do Esprito supe-rior a todos os argumentos. Deus na suaPalavra a nica testemunha adequada arespeito de si mesmo, e, de maneira se-melhante, sua Palavra no ser verdadei-ramente crida nos coraes dos homensat que tenha sido selada pelo testemu-nho do seu Esprito. O mesmo Espritoque falou por meio dos profetas deve en-trar em nosso corao para convencer-nosque eles entregaram fielmente a mensa-gem que Deus lhes deu." Embora as Es-crituras manifestem sinais claros einquestionveis da sua autoridade divinae exibam evidncias satisfatrias da suaorigem divina, essas evidncias no nospersuadem plenamente at que, ou amenos que, sejam seladas em nosso cora-o por meio do testemunho interior doEsprito Santo. Lembramos nesse pontodo caso de Ldia. Na cidade de Filipos,Paulo encontrou essa mulher num localde orao. Lucas nos diz que Ldia, dacidade de Tiatira, vendedora de prpura,temente a Deus, escutava a pregao dosevangelistas, e ento, "o Senhor lhe abriuo corao para atender s coisas que Pau-lo dizia' (At 16.14). Evidentemente Pauloestava pregando a Palavra de Deus. Deusagiu na vida de Ldia levando-a a aceitara Palavra que lhe estava sendo pregada,

    1 Joo Calvino. Romanos. So Bernardo do Campo: Edies Parakleros, 1997 (Rm 8.16), p. 279

  • O Testemunho Interno e a Iluminao do Esprito 27

    ou seja, aceitar a autoridade dessa Pala-vra. Sproul diz que o Esprito "... operaem nosso esprito para quebrar e vencernossa resistncia verdade de Deus. Elenos move a nos rendermos ao ensino cla-ro da Palavra de Deus e a abra-la cheiosde confiana".2 O Esprito no falseia asevidncias, antes desobstrui as nossasmentes e coraes para enxerg-las, sen-do assim persuadidos por elas. Por isso, otestemunho interno do Esprito Santosempre deve estar ligado Palavra deDeus. A certeza que temos de nossa sal-vao decorre desse testemunho vincula-do Palavra que produz em nosso interi-or a convico de nossa aceitao por par-te de Deus, mediante a obra de Jesus.

    No devemos, porm, imaginar queesse testemunho do Esprito dentro dens seja algo to mstico a ponto de tor-nar nossa f algo subjetivo. Devemos to-mar muito cuidado com o estilo de reli-gio muito popular em nossos dias para aqual os sentimentos pessoais so conside-rados autoridade absoluta. E comum aspessoas dizerem: senti no corao quedevo fazer isso. A Bblia diz que devemoster cuidado com nosso corao (Pv28.26),pois, por natureza, ele corrupto (Jr17.9), e uma fonte donde nem sempreprocedem coisas boas (Mt 15-18,19; Lc6.45; Tt 1.26). O testemunho interiordo Esprito Santo no vem do nosso co-rao, vem do Esprito por meio da Pala-vra. Sproul diz: "No um testemunhoseparado ou desprovido da Palavra".3

    li, A ILUMINAO DO ESPRITOA obra de iluminao do Esprito navida do crente uma das maiores bn-os que Deus concede ao ser humano.2 R. C. Sproul. Verdades Essenciais da F Crist. So Paulo: Editora Cultura Crist, 1999. Vol 2, p. 13.3 R. C. Sproul. Verdades Essenciais da F Crist. So Paulo: Editora Cultura Crist, 1999. Vol 2, p. 14"" Joo Calvino. Institucin de Ia Religin Cristina. Barcelona: Felirc: 1994. (2.2.19)

    Nessa diviso procuraremos entendercomo ela funciona.

    A. Inspirao e IluminaoInspirao o ato do Esprito Santo

    pelo qual ele dirigiu e supervisionou osescritores bblicos para que registrassema revelao de Deus. Isso significa que al-gum "inspirado" algum que est soba direo do Esprito Santo de tal modoque ao escrever algo, est registrando aPalavra de Deus. Esse processo de inspi-rao atingiu exclusivamente os escrito-res da Bblia. Se ainda houvesse inspira-o hoje, teramos que dizer que a Bbliacontinua sendo escrita. Iluminao refe-re-se atuao do Esprito Santo capaci-tando os homens a entenderem a Palavrade Deus. A iluminao no prov infor-maes ou revelaes alm daquelas en-contradas na Bblia. A iluminao escla-rece a Bblia para ns. O Esprito Santonos convence da verdade da Palavra deDeus e, ento, nos ajuda a entender e aaplicar essa verdade em nossa vida. O tes-temunho interno nos falou sobre o "acei-tar" a Palavra de Deus, mas a iluminaofaz com que ela possa ser "entendida".Ambas as coisas, porm, so operadas peloEsprito Santo.

    B. Luz adicionalSem essa iluminao do Esprito ja-

    mais poderamos entender a Palavra deDeus. Calvino diz, "a carne no capazde to alta sabedoria como compreen-der a Deus e o que a Deus pertence, semser iluminada pelo Esprito Santo".'1 A Es-critura j luz por si mesma (SI 119.105).Porm, precisamos de uma luz adicionalporque, por natureza, estamos em trevas.

  • 28 A Essncia da F Parte 5 O que a Bblia ensina sobre o Esprito Santo

    Sproul diz: "... o mesmo Esprito Santoque inspira a Palavra, age para iluminar aPalavra em nosso benefcio. Ele derramaluz sobre a luz original".5 Palmer diz: "...para adquirir conhecimento verdadeirono basta, pois, possuir a clara revelaode Deus; o homem precisa tambm po-der ver. E precisamente aqui onde entrao Esprito Santo. D ao homem no so-mente um livro infalvel, mas tambmolhos para que o possa ler".6

    C. Vendo o que olhos no viramPaulo deixa isso bem claro em sua

    primeira carta aos Corntios. Ele diz: "...como est escrito: Nem olhos viram, nemouvidos ouviram, nem jamais penetrouem corao humano o que Deus tem pre-parado para aqueles que o amam" (l Co2.9). Geralmente as pessoas pensam quePaulo est falando sobre o cu, o parasoque ningum jamais viu, porm, ele estfalando do Evangelho de Cristo. EsseEvangelho foi revelado pelo Esprito, con-forme ele declara: "Mas Deus no-lo reve-lou pelo Esprito; porque o Esprito a to-das as coisas perscruta, at mesmo asprofundezas de Deus" (iCo 2.10). Se-gundo esse texto, o Esprito nos revelaaquilo que est na mente de Deus, poisele a conhece. Aquilo que os olhos huma-nos no conseguem contemplar o Espri-to revela, "... para que conheamos o quepor Deus nos foi dado gratuitamente"(iCo 2.12). Obviamente, ele est se re-ferindo salvao pela graa. Porm, "...o homem natural no aceita as coisas doEsprito de Deus, porque lhe so loucu-ra; e no pode entend-las, porque elas sediscernem espiritualmente" (iCo 2.14).Aqui est a declarao de que o homemnatural, ou seja, o homem no converti-

    do, por ainda no ter sido iluminado peloEsprito, no consegue aceitar e entenderessas coisas do Esprito. Ele as acha umagrande loucura. A razo estigmatizada pelopecado, que se mostra to eficaz nas coisasnaturais, perde-se diante do mistrio deDeus revelado em Cristo e, tambm dian-te da revelao geral na natureza.

    D. Cegados f elo deus desse sculoPaulo explica por que muitas pesso-

    as no entendem o Evangelho (2Co4.3,4). Essas pessoas esto cegas. Satansas cegou. Elas no conseguem entender oevangelho da Palavra de Deus porque lhesfalta um dispositivo interno chamado: en-tendimento. Suas mentes esto obscure-cidas (Ef 4.17,18). Elas s podem crer seforem iluminadas (2Co 4.6). Essa tarefade iluminar pertence ao Esprito Santo.

    E. Iluminao contnua.Quando age na vida de uma pessoa

    incrdula, o Esprito Santo abre os olhose os ouvidos espirituais dessa pessoa paraela ver e ouvir a revelao de Deus na Es-critura. A pessoa passa a ter convico deseus pecados e entender que a salvaosomente possvel na pessoa de Cristo.Mas a obra da iluminao no pra pora. Durante toda a vida, o crente ter adisposio essa obra iluminadora do Es-prito Santo que lhe ajudar a entender aEscritura e a discernir a vontade de Deus.Esse fator de iluminao um imensodispositivo de ajuda que Deus nos d peloseu Esprito, a fim de que desenvolvamosuma vida de sabedoria e obedincia suavontade. Nesse sentido, Paulo orava pe-los crentes a fim de que Deus concedesse"... esprito de sabedoria e de revelaono pleno conhecimento dele, iluminados

    5 R. C. Sproul. Verdades Essenciais da F Crit. So Paulo: Editora Cultura Crist, 1999. Vol 2, p. 156 Edwin H. Palmer. EiEspiritu Santo, Edinburgo: The Banner ofTruth Trust, 1995. p. 68

  • O Testemunho Interno e a Iluminao do Esprito 29

    os olhos do vosso corao, para saberdesqual a esperana do seu chamamento,qual a riqueza da glria da sua herana nossantos e qual a suprema grandeza do seupoder para com os que cremos, segundo aeficcia da fora do seu poder" (Ef 1.17-19). Mediante a iluminao do Espritopodemos compreender as grandezas deDeus para nossa vida e desfrutar delas.Nesse sentido, Joo chamava a iluminaode "uno que vem do Santo", a qual eraresponsvel pelo conhecimento que os cris-tos tm da verdade (IJo 2.20,21). Jooapela para essa uno a fim de evitar queos crentes sejam enganados por falsos en-sinos. Evidentemente, precisamos dizermais uma vez, que esse conhecimento estsempre ligado Palavra de Deus, que aPalavra da Verdade (Jo 17.17).

    CONCLUSOO testemunho interno do Esprito Santoe sua obra de iluminao so duas gran-des bnos de Deus para nossa vida, quenos do certeza da salvao, confiana naPalavra de Deus e capacitao para sabera vontade de Deus atravs da Palavra dele.O crente deve fazer uso dessas coisas, afi-nal, Deus concedeu isso justamente parao nosso desenvolvimento espiritual.

    APLICAODevemos sempre buscar na leitura daPalavra, juntamente com a orao, o dis-cernimento da vontade de Deus, confi-ando que o Esprito Santo nos iluminare nos dar sempre a direo.

  • Lio 7 Texto bsico: Efsios 5.18-21

    A PLENITUDE DO ESPIRITOINTRODUOA Plenitude do Esprito Santo a vidaidealizada por Deus para todos