o processo de inclusao na educacao basica do paranabrasil um estudo com professores de ciencias e...

Upload: sandra-goncalves

Post on 07-Jul-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    1/13

     

    133

    O PROCESSO DE INCLUSÂO NA EDUCAÇÂO BÁSICA DO PARANÁ/BRASIL:UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA 

    Patricia Pivato UEL/Londrina/PR

    [email protected]

    Silmara Sartoreto de Oliveira UEL/Londrina/[email protected] 

    RESUMO

    O direito da criança e do adolescente à educação, é garantido por lei independente de suacondição social, física, emocional, intelectual ou linguística. O processo de inclusão nasescolas de ensino regular tem sido amplamente discutido, assim este trabalho visa verificara perspectiva dos educadores da rede estadual de ensino, aos que lecionam as disciplinas

    de ciências/biologia sobre o processo de inclusão e conseguem adequar suas aulas. Foiaplicado um questionário com 30 questões à professores do ensino fundamental e médio darede estadual do interior do paraná, que se dispuseram a participar da pesquisa versandosobre concepções da inclusão, o aluno em sala regular, a participação da família, estruturada escola, utilização de materiais pedagógicos, adequação curricular, opinião pessoal sobreo assunto e principais mudanças necessárias para que ocorra a inclusão. Os dadosapontaram que há alterações necessárias fundamentais a serem realizadas, dentre elas: umnúmero menor de alunos em sala de aula, formação continuada para professores,estratégias pedagógicas diferenciadas, caminham com a ampliação da qualidade de ensinopara todos. O estudo demonstrou que a inclusão está longe de ser obtido com eficácia e quesão muitos os desafios para a efetivação da inclusão de alunos com necessidadeseducacionais especiais (NEEs) na rede regular de ensino. Também trouxe auxílio para o

    processo de inserção dessas crianças no ambiente escolar, com a necessidade demetodologias diferenciadas para que todos os alunos efetivamente possam participar doprocesso de aprendizagem, no intuito de valorizar a igualdade social e seus direitos.

    Palavras-chave: Ensino básico. Inclusão. Necessidades Educacionais Especiais 

    INTRODUÇÃO

    O Brasil tem vivenciado um momento de muitas discussões sobre o tema

    inclusão na rede regular de ensino, que conta com alunos com necessidades

    educacionais especiais matriculados. A Legislação prevê a obrigatoriedade das instituições de ensino matricular e

    acolher estes alunos, independentemente do tipo e grau de deficiência que alguns

    desses alunos puderem apresentar. É importante destacar que somente o

    acolhimento não é suficiente, mas que o educando com necessidades educacionais

    especiais tenha um acompanhamento especializado de profissionais proporcionando

    condições efetivas no processo de ensino e aprendizagem e no desenvolvimento

    total de suas potencialidades.

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    2/13

     

    134

    Neste sentido, este trabalho procurou analisar a perspectiva dos professores

    de ciências e biologia acerca do conceito de inclusão, da rede pública de ensino do

    interior do Estado do Paraná, Brasil, e se estes conseguem adequar suas aulas de

    ciências para os portadores de necessidades educacionais especiais.

    O processo de inclusão está pautado nos direitos humanos, segundo a

    Política Nacional de Educação Especial de 2008. A movimentação pela ação de

    inclusão é política, social, cultural e pedagógica, estimulado pelo direito de todos

    estarem juntos, sem nenhuma discriminação, aprendendo e participando. Assim, os

    alunos com Necessidades Educacionais Especiais - NEEs devem ser matriculados

    na rede regular de ensino independente do grau de sua deficiência.

    De acordo com Ministério da educação, alunos com NEEs seriam aqueles

    que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem no processo de

    desenvolvimento, que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares,

    dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, altas

    habilidades/superdotação (BRASIL, 2001). Segundo Lippe, et al (2012), em algum

    momento da vida, qualquer aluno está sujeito a apresentar dificuldades que podem

    ser entendidas como NEEs. Quando isso ocorrer, espera-se que o professor esteja

    preparado para assumir estratégias para contornar a situação que ajude o aluno a

    superar. Devemos entender também que determinadas NEEs requerem apoio de

    uma equipe escolar com recursos e apoio especializado

    O aluno com NEEs, durante muito tempo foi colocado a margem da

    educação, e era atendido apenas isolado ou simplesmente excluído do processo

    educativo (BRASIL, 2001). Antes de pensar que o aluno é a origem do problema,

    exigindo dele uma adaptação a um modelo de normalidade para aprender como os

    demais, hoje é necessário que a escola e os sistemas de ensino desenvolvam um

    planejamento para atender a diversidade de seus alunos.De acordo com Brasil (1996), os portadores de necessidades especiais

    devem receber atendimento especializado aos portadores de deficiência,

    preferencialmente na rede regular de ensino. O acesso ao ensino obrigatório é

    gratuito e também deve prevalecer aos níveis mais elevados de ensino, segundo a

    capacidade de cada um. Os professores devem se atualizar adequadamente para a

    integração desses educandos nas classes comuns, para que não ocorra um

    comodismo cultural não se adaptando às necessidades individuais dos alunos. 

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    3/13

     

    135

     A criação de leis e seu cumprimento não são suficientes para a efetivação da

    inclusão. Silva, et al (2012), afirma que é necessário a conscientização da sociedade

    sobre esses indivíduos, reconhecendo que são tão ou mais produtivos do que

    qualquer outra pessoa e buscam condições humanas e matérias que lhe permitem

    viver como qualquer outro cidadão.

    Representando um papel social transformador e na construção de um mundo

    melhor para todos, a tarefa da educação escolar é trabalhá-la como fator de

    crescimento no processo educativo, por uma sociedade mais justa e livre é preciso o

    exercício de cidadania desde a escola, com o contato e valorização das diferenças

    (BRASIL, 2008). A necessidade de integração dentro da sociedade é algo

    indubitavelmente necessário a todos, e não há motivos para que portadores de

    NEEs não tenham acesso a esta integração, que se dá inicialmente no ambiente

    escolar e que as pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter

    acesso às escolas comuns que deverão integrá-las e ser capaz de atender a essas

    necessidades (Declaração de Salamanca, 1996).

    Há duas grandes importâncias de se realizar a inclusão, sendo a primeira a

    necessidade que o jovem portador de NEEs esteja envolvido com a sociedade e

    estabeleça relações se adaptando ao contexto sócio cultural. A segunda é a

    importância do papel dos demais alunos para que essa inclusão ocorra de maneira

    mais natural possível dentro de sala de aula, contando com a presença do professor

    para que não ocorra discriminação e onde as oportunidades de ensino serão

    recíprocas (CASSALES et al, 2011). Sendo assim o professor pedagogo atua como

    um intermediário nas relações dentro da sala de aula.

    Para que essa inclusão ocorra, um dos fatores de grande importância está na

    formação do professor, tanto na sua formação inicial, quanto na continuada, por

    interesse próprio ou por estimulo do órgão governamentais (REIS et al, 2010). Assim, o professor precisa estar sempre atualizado, conforme o processo de

    inserção no meio educacional.

     A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação

    inclusiva de 2008, assegura a inclusão escolar de alunos com NEEs, devem garantir:

    acesso ao ensino regular, participação, aprendizagem e sequência aos níveis mais

    elevados de ensino, atendimento de professores especializado, participação da

    família e comunidade, acessibilidade arquitetônica tanto da escola quanto dostransportes, mobiliários, comunicação e informação. Cabe ao sistema de ensino

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    4/13

     

    136

    disponibilizar conforme a necessidade do aluno, o professor especializado, instrutor,

    tradutor/intérprete de Libras e cuidador, entre outros profissionais que exijam auxílio

    constante no cotidiano escolar (BRASIL, 2008).

     As Diretrizes da educação inclusiva de 2001, afirmam que a escola que

    participa da inclusão, abre espaço a todas as pessoas. Seu principal desafio é

    desenvolver uma metodologia centrada na criança, respeitando suas diferenças sem

    discriminação, oferecendo respostas as necessidades de seus alunos, surgindo o

    fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e solidária (BRASIL, 2001).

    É importante afirmar que ensinar de maneira inclusiva não é só promover a

    inclusão, é estimular a criatividade, cidadania, melhorando a aprendizagem e

    qualidade de vida. De acordo com Lima e Castro (2012), os professores precisam

    passar por um processo de reflexão acerca de seus conhecimentos científicos para

    adequá-los, utilizando não só os recursos que estão acostumados, mais os

    envolvendo em novas perspectivas. 

     A construção do conhecimento em uma sala de aula onde se predomina a

    diversidade será de grande valia. Scardua (2008), pontua que a diversidade:

    “Enriquece uma sala de aula pelo simples motivo de se aprender com odiferente. Quanto maior a diversidade na sala, não só com relação a váriaseficiências, mas a diversidade cultural, de origem, de credo, de gênero, a

    física, faz a pessoa aprender mais, a conhecer mais o mundo, a perceberque há mais lá fora do que se possa imaginar. Dessa maneira, será possívelsonhar com um mundo sem preconceitos e discriminações. Eis a beleza donão ser igual (pg. 89).” 

    Corroborando com as ideias de Scardua (2008), para que haja inclusão

    escolar, é necessário comprometimento por parte de todos os envolvidos, ou seja,

    alunos, professores, profissionais da educação, pais, comunidade, enfim, todos que

    participam da vida escolar direta ou indiretamente proporcionando condições

    efetivas o processo de ensino e aprendizagem e no desenvolvimento total de suaspotencialidades.

    Há ainda grandes dificuldades de adequação, mais estes são problemas á

    muito tempo presente na estrutura educacional do país, onde a inclusão tende a se

    somar com as dificuldades já existentes no sistema atual de ensino. Segundo Frias e

    Menezes (2008), a inclusão foi um pequeno passo de uma longa caminhada, que

    garante a todos as mesmas oportunidades tanto de estudo, trabalho, lazer, enfim,

    oportunidade de acesso a todos os bens produzidos socialmente.

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    5/13

     

    137

    Formando professores em educação especial

     Apesar das leis que asseguram os alunos com NEEs o acesso ao ensino na

    rede regular, há várias barreiras encontradas para que esse movimento se

    consolide, sendo uma delas a formação do professor (REIS et al, 2010).

    De acordo com Reis et al, (2010) existe a falta de preparo na formação de

    professores para atendimento a indivíduos com NEEs, e que esta é uma das

    possíveis causas para o fracasso escolar. Ainda neste contextos, a implantação da

    educação inclusiva na grade curricular dos graduandos e da formação continuada é

    de extrema importância. Com essa estratégia, os educadores podem vivenciar e

    conhecer a dificuldade de seus alunos e assim desenvolver em suas aulas uma

    metodologia própria para atender as necessidades dos alunos.

    Briant e Oliver (2012), apontam que há ainda nos dias atuais uma expressiva

    escassez de formação de professores com educação inclusiva levando à falta de

    preparo dos docentes em assumir a responsabilidade de ensinar com qualidade e

    fazer a integração dos alunos em sala. Enfatizam também a necessidade da

    formação continuada para atender a esta clientela de alunos. Na prática atual, ainda

    encontramos professores completamente despreparados e com falta de apoio na

    rede de ensino para desenvolver seu trabalho com a qualidade necessária.

    Para os professores que em sua formação inicial não tiveram contato com a

    inclusão, o Referencial para Formação de Professores do Ministério da Educação,

    (BRASIL, 1999) pontua que a formação continuada é de grande valia a esses

    profissionais, onde o processo de permanente desenvolvimento deve ser

    proporcionado a todos, desde atualizações e aprofundamento em assuntos

    educacionais, promovendo um processo constante de inovações. Essa formação

    deve cumprir continuamente o desenvolvimento de competências que possibilitemum bom desempenho não apenas na função como docente, mais como membro da

    equipe escolar.

    O professor necessita ter a capacidade de conviver com o diferente e superar

    preconceitos em relação ás minorias, a partir do movimento de inclusão. De acordo

    com Brasil (2001), o docente tem que estar preparado para as situações que

    surgirem em sala de aula e adaptar-se, utilizando esta situação para uma nova

    aprendizagem. Só assim poderá oferecer condições necessárias ao

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    6/13

     

    138

    desenvolvimento de seus educandos, sempre atento a cultura, à sociedade e ao

    indivíduo.

    Percurso metodológico

     A presente pesquisa foi realizada com professores da rede estadual do ensino

    regular de uma escola localizada no interior do estado do Paraná.

    Para a coleta de dados, optou-se pela aplicação de um questionário semi

    estruturado (Anexo 1) com esses profissionais, na versão on-line  do aplicativo

    Google Docs.

    Foi levada a escola um notebook com acesso a internet, para que os

    professores que optassem e se interessassem em participar da pesquisa teriam

    acesso ao questionário.

    De acordo com Freitas (2000), a utilização de questionários na pesquisa

    qualitativa ocorre por que:

    “... quando se constrói um questionário, fabrica-se um captador, uminstrumento que vai nos colocar em contato com aquele que responde. Essainteração é condicionada por aquilo que permitiu fabricar o questionário, oque nos dá o modelo, a imagem. Essa imagem é uma aproximação dofenômeno que depende do equipamento de interpretação. Esse

    equipamento é o que se chama de teorias, conceitos, hipóteses, ou seja,tudo o que já se conhece antes de iniciar a observação. (pag. 89)” 

    Os resultados obtidos foram analisados qualitativamente através de uma

    construção de classes para estudo das respostas obtidas, conforme Campos e

    Roque (2012). Segundo estes autores o questionário semi estruturado é uma

    ferramenta importante para coleta de dados.

    RESULTADOS OBTIDOS

    Os dados e as respostas apresentados a abaixo foram analisados segundo o

    texto escrito do questionário e transcritos desprezando erros de escrita conforme

    foram respondidos pelos professores. Os professores não foram identificados, mais

    representados por números: professor 1, professor 2, e assim em diante, onde

    somente os professores 1, 2 e 3 serão os professores da disciplina de ciências e

    biologia.

    Foi verificado que os dez professores participantes da análise são formados

    em diferentes áreas: história, educação física, matemática, administração,

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    7/13

     

    139

    economia/matemática, português, geografia e 3 professores de ciências biológicas. 

    Onde destes docentes três lecionam a mais de 15 anos, 4 professores de 10 a 15

    anos, um de 5 a 10 anos e dois trabalham a menos de 5 anos.

    Na formação inicial desses profissionais, nenhum professor citou acesso a

    matéria de educação especial/inclusão e 9 fizeram ou fazem Curso de Pós-

    Graduação, não sendo na área de Educação Especial.  Oito educadores tiveram

    contato em sua carreira profissional com alunos com algum tipo de necessidade

    educacional especial,  somente 6 foram orientados pela equipe pedagógica e 4

    pesquisaram sobre o assunto. Nenhum dos entrevistados cita a participação em

    cursos realizados pela escola/Núcleo de Educação para capacitação da inclusão.

    Na escola onde foi realizada a pesquisa, foram constatados alunos com

    NEEs, com baixa visão, déficit de atenção, hiperatividade, baixa audição e retardo

    leve. É citado que as famílias desses alunos participam constantemente no ambiente

    escolar, principalmente a mãe desses educandos. 

    Tabela 1 – Identificação das Necessidades Educacionais pelos professores

    Fonte: Questionários aplicados.

    Estes alunos citados são os que possuem laudo médico, o qual os

    professores não tiveram acesso a essa documentação, somente foi mencionado

    pela pedagoga/secretaria, que os alunos possuíam.

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    8/13

     

    140

    Cada sala tem mais de 30 alunos e não há a utilização de materiais

    pedagógicos especializados pelos alunos com NEEs em sala de aula.

    Em relação a participação dos outros alunos sem NEEs, eles ajudam os

    alunos com dificuldade. E quando o hiperativo está sem medicação dificultam o

    andamento da aula, bem como não participa produtivamente com a mesma,

    conforme citado pelos professores:

    “O hiperativo atrapalha a aula pois, não fica quieto, e quando toma medicação nãoparticipa pois fica sonolento.” - Professor 4.“Os alunos trocam bastante experiências e ajudam os demais a acompanhar.” –  Professor 5.

    Não há a utilização de materiais adequados para as NEEs por nenhum professor,

    mais há o uso de outros elementos didáticos como modelos, maquetes, jogos,

    dinâmicas, recursos de informática, gráficos e multimídias, como é citado pelos

    professores de ciências e biologia; tudo para que haja maior compreensão e

    participação entre os alunos.

    Tabela 2 – Identificação da utilização de materiais pedagógicos pelos professores.

    Fonte: Questionário Aplicado 

     As principais dificuldades enfrentadas por todos os professores entrevistados

    são: a falta de conhecimento sobre a NEEs e preparo em sua formação, tanto na

    inicial quanto na continuada, como as salas estão com quantidade de alunos

    expressivamente lotadas, nem sempre os professores conseguem dar uma atenção

    especial a estes alunos.

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    9/13

     

    141

    “Tenho dificuldade em trabalhar com esses alunos de maneira integradora com osoutros alunos.” – Professor 9.“As salas estão lotadas e não ha possibilidade de dar atenção necessária a todos,é quase impossível”. – Professor 6.“Atender à todos e ao mesmo tempo, pois são turmas numerosas e ter decontrolar o aluno hiperativo.” – Professor 4.

    “Falta cursos ou ate uma especialização para capacitação dos professores. Aestrutura física da escola também não é adequada para receber estes alunos.” – Professor 1.

    Briant e Oliver (2012) apontam que na educação básica, pode-se identificar

    uma grande escassez na formação de professores com educação inclusiva e a falta

    de preparo dos docentes de assumir a responsabilidade de ensinar com qualidade e

    fazer a integração dos alunos em sala.

     A maioria das opiniões pessoais respondidas pelos educadores sobre

    inclusão envolvem a inserção desses alunos em salas regulares, mais não se

    sentem preparados para lidar com essa nova situação enfrentada em sala de aula

    pois não sabem lidar com este tipo de situação, conforme pode-se identificar abaixo:

    “Sou a favor [da inclusão]. Na escola é indispensável que haja a inclusão em todosos sentidos. Não só das deficiências, mais da homossexualidade, criança negra,crenças, com fome, e de todos os déficits que houverem”. –  Professor 2.“Receberestes alunos é um grande desafio a escola e ao educador. Em muitos momentosnos sentimos sozinhos e impotentes em frente a situação. Não recebi umapreparação adequada para enfrentar esta realidade e tenho dificuldade para

    trabalhar com a adequação curricular.” Professor 2. 

    O mesmo acontece com Vilela-Ribeiro e Benite, (2010), onde os professores

    pesquisados não se sentem preparados para a educação inclusiva.

    Os professores pesquisados citam também que a escola não tem uma

    estrutura apropriada e disponibilização de professores de apoio a estes alunos para

    atingir a aprendizagem aceitável. Ainda ressaltam a importância da inclusão de

    profissionais indispensáveis ao desenvolvimento do aluno, como psicólogos,

    fisioterapeutas, psicopedagogos, entre outros que são fundamentais ao

    acompanhamento destes educandos para que ocorra uma inclusão significativa.

    “Sou a favor [da inclusão]. Pois com a inclusão dessas diferenças as criançascrescem como cidadãos. Mais tem que haver suporte profissional adequado,estrutura física da escola adequada e acompanhamento dos pais para que hajarealmente inclusão”. Professor 7. “Sou contra [a inclusão], pois a escola não possui estruturas adequadas para umainclusão imediata, bem como não possui psicólogos e psicopedagogos”. Professor10.

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    10/13

     

    142

    Este resultado se assemelha com a pesquisa realizada por Cassales, et al,

    (2011), onde os professores afirmam que há necessidade destes profissionais

    presentes na escola para auxiliar a integração de professores e alunos.

    Os professores ainda enfatizam que para ocorrer uma inclusão realmente

    produtiva, é preciso rever a formação inicial de licenciatura, colocando a disciplina de

    educação especial e inclusão no currículo além de que se necessário a realização

    de atualizações com a formação continuada para encontrar uma metodologia

    diferente para abordar a matéria com esses alunos. De acordo com Briant e Oliver,

    (2012):

    “É preciso investir no processo de formação inicial e continuada do professor, poisisto influencia seu cotidiano em sala de aula. Dessa forma, o professor passará a

    se sentir mais seguro e com maiores possibilidades de realizar um trabalho comqualidade diante de uma sala de aula heterogênea. (pag. 149)” 

    Segundo as respostas obtidas nos questionários, os professores enfatizam a

    importância de uma participação mais efetiva dos pais/responsáveis nas escolas:

    “Acho que é importante a convivência dos outros alunos e participação com a

    comunidade. Só assim é possível acabar com o preconceito. Mais para que isso

    aconteça é necessário uma boa estrutura da escola, suporte de outros

    profissionais, participação dos pais e capacitação dos professores.” Professor 2. 

    Também é ressaltada a importância do convívio dessas crianças para formar

    uma sociedade plena e sem preconceitos:

    “  A escola estando aberta para estes alunos, aprendendo com as interaçõesdiferentes aprendem muito mais do que se interagirem somente com um grupo de pessoas com os mesmos problemas. É necessário que as crianças convivam como diferente para crescerem como pessoas.” Professor 3. 

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Para que haja realmente a inclusão dos alunos com NEEs é importante

    começar com o preparo dos professores, pois são os mesmos que estes que estão

    lecionando agora, não tiveram em sua formação, tanto inicial quanto continuada a

    necessidade de se aprender sobre educação inclusiva.

    Este fato se mostra preocupante, uma vez que a qualquer momento a escola

    de ensino regular pode receber um aluno que necessidade de atendimento

    especializado, por isso a necessidade de aprimoramento das práticas pedagógicas a

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    11/13

     

    143

    todos os professores, que pode ser realizado através de treinamentos específicos ou

    palestras abrangentes.

    Também é de extrema importância a participação da família no ambiente

    escolar, para direcionar e indicar as necessidades de seus filhos de forma

    adequada.

    O número em excesso de alunos distribuídos nas salas de aula também foi

    um ponto alto na pesquisa, que pontua a dificuldade do trabalho dos professores em

    realizar as atividades planejadas, assim como uma estrutura adequada para o

    recebimento desses alunos, com a participação de profissionais especializados

    inseridos no meio escolar.

     As mudanças apontadas pelas políticas da Educação Inclusiva são

    fundamentais sendo entre elas: o número menor de alunos em sala de aula,

    formação continuada para professores, estratégias pedagógicas diferenciadas,

    caminham com a ampliação da qualidade de ensino para todos.

    O estudo demonstrou que a inclusão está longe de ser alcançada e que são

    muitos os desafios para a implementação da inclusão de alunos com necessidades

    educacionais especiais na rede regular de ensino. Vale ressaltar que os professores

    que estão recebendo os alunos com NEEs desconhecem o processo de inclusão, e

    consequentemente a forma de se trabalhar com os conteúdos regulares de forma a

    atender as diferenças. Está aqui o maior desafio da educação escolar.

    Também trouxe contribuições para o processo de inserção dessas crianças

    no ambiente escolar, com a necessidade de estratégias diferenciadas para que

    todos os alunos efetivamente possam participar do processo de aprendizagem que

    faça diferença na vida dos alunos.

    REFERÊNCIAS

    BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20de dezembro de 1996.

    BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação especialna educação básica. Secretaria de Educação Especial – MEC; SEESP, 2001.

    BRASIL. Ministério da Educação. Política nacional de educação especial naperspectiva da educação inclusiva. Brasília - Janeiro de 2008

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    12/13

     

    144

    BRASIL. Ministério da Educação. SEF. Referenciais para formação deprofessores. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Fundamental, 1999.

    BRIANT, Maria Emília Pires; OLIVER, Fátima Corrêa. Inclusão de crianças comdeficiência na escola regular numa região do município de São Paulo:

    conhecendo estratégias e ações. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v.18, n.1, p. 141-154, Jan.-Mar. 2012.

    CAMPOS, Gilda Helena Bernardino; ROQUE, Gianna Oliveira. Atribuição designificado a partir da análise qualitativa de respostas dos alunos, através dacriação de classes para estudo. Associação Brasileira de Educação a Distância. v.11, p.11-20, 2012.

    CASSALES, Lisiane Weigert; LOVATO, Miriane Alves; SIQUEIRA, Aline Cardoso. Ainclusão de alunos especiais e suas famílias no ensino regular na perspectivados professores. IV Jornada de Pesquisa em Psicologia. p. 30-9. 2011

    Declaração de Salamanca. Necessidades Educativas Especiais - NEE inConferência Mundial sobre NEE: Acesso em Qualidade UNESCO.Salamanca/Espanha: UNESCO. 1994. Dezembro de 1996. 

    FREITAS, H.. Análise de dados qualitativos: aplicações e as tendênciasmundiais em Sistemas de Informação. São Paulo/SP: Revista de Administraçãoda USP, RAUSP, v. 35, nr. 4, Out-Dez. 2000, p.84-102

    FRIAS, Elzabel Maria Alberton; MENEZES, Maria Christine Berdusco. Inclusãoescolar do aluno com necessidades Educacionais especiais: contribuições ao

    professor do Ensino Regular. Trabalho apresentado para conclusão de curso emPDE-SEED/PR. Paranavaí. 2008.

    LIMA, Maria da Conceição Barbosa; CASTRO, Giselle Faur. Formação inicial deprofessores de física: a questão da inclusão de alunos com deficiênciasvisuais no ensino regular. Ciência & Educação, v. 18, n. 1, p. 81-98, 2012

    LIPPE, Eliza Oliveira; ALVES, Fabio de Souza; CAMARGO, Eder Pires. Análise doprocesso inclusivo em uma escola estadual no município de bauru: a voz deum aluno com deficiência visual. Revista Ensaio. Belo Horizonte. v.14. n. 02. p.81-94. maio-ago, 2012.

    REIS, Michele Xavier; EUFRÁSIO, Daniela Aparecida; BAZON, Fernanda VilhenaMafra. A formação do professor para o ensino superior: prática docente comalunos com deficiência visual. Educação em Revista. Belo Horizonte. v.26. n.01.p.111-130. abr. 2010

    SCARDUA, Valéria Mota. A inclusão e o ensino regular. Revista FACEVV - 2ºSemestre de 2008 - Número 1. Pag. 85 – 90.

    SILVA, Roberta de Araújo, CARVALHO, Zuila Maria de Figueiredo; ALMEIDA, MariaIrismar; MONTEIRO, Maria Goretti Soares; JUNIOR, José Freire de Carvalho.Políticas públicas para inclusão social na deficiência  – Revisão sistemática. Avances en enfermería. vol.30 n.˚2. mayo-agosto 2012.

  • 8/18/2019 O PROCESSO DE INCLUSAO NA EDUCACAO BASICA DO PARANABRASIL UM ESTUDO COM PROFESSORES DE CIENCI…

    13/13

     

    145

    VILELA-RIBEIRO, Eveline Borges; BENITE, Anna Maria Canavaro. A educaçãoInclusiva: Na percepção dos professores de química. Ciência & educação, v. 16,n. 3, p. 585-594, 2010.