o percurso histórico da ordem dos adjetivos
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CAROLINA RIBEIRO SERRA
A ORDEM DOS ADJETIVOS NO PERCURSO HISTÓRICO:
VARIAÇÃO E PROSÓDIA
Faculdade de Letras da UFRJ
1º semestre de 2005
EXAME DE DISSERTAÇÃO
SERRA, Carolina Ribeiro (2005). A ordem dos adjetivos no percurso histórico:
variação e prosódia. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa – Curso de
Pós-Graduação em Letras Vernáculas, Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de
Letras, p. 153, mimeo.
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________________________________
Professora Doutora Dinah Maria Isensee Callou
(Departamento de Letras Vernáculas/UFRJ)
Orientador
______________________________________________________________________
Professor Doutor João Antonio de Moraes
(Departamento de Letras Vernáculas/UFRJ)
Co-orientador
______________________________________________________________________
Professora Doutora Cláudia de Souza Cunha
(Departamento de Letras Vernáculas/UFRJ)
______________________________________________________________________
Professor Doutor Mário Eduardo Martelotta
(Departamento de Lingüística/UFRJ)
______________________________________________________________________
Professora Doutora Yonne Leite
(Museu Nacional/UFRJ) - Suplente
______________________________________________________________________
Professora Doutora Christina Gomes de Abreu
(Departamento de Lingüística/UFRJ) - Suplente
Examinada a Dissertação:
Conceito:
Em :___ / ___ / ____.
A ordem dos adjetivos no percurso histórico:
variação e prosódia
por
CAROLINA RIBEIRO SERRA
Curso de Pós-Graduação em Letras Vernáculas
Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa
apresentada à Coordenação dos Cursos de Pós-
Graduação em Letras da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
Orientador: Professora Doutora Dinah Maria
Isensee Callou
Co-orientador: Professor Doutor João Antonio
de Moraes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Departamento de Letras Vernáculas
1º semestre de 2005
Dedico este trabalho àqueles que
sempre me dedicaram todo o amor
que podiam ter, aos meus pais, João
e Zilma, e ao meu irmão, Fabiano.
AGRADECIMENTOS
A Cláudia Cunha, orientadora dos meus primeiros passos acadêmicos, por me
apresentar ao mundo da pesquisa em prosódia do qual não pretendo sair;
A Dinah Callou, orientadora sempre presente, que me ensinou o verdadeiro significado
da palavra trabalho, a quem agradeço também pela amizade;
A João Moraes, pela orientação bem humorada, que faz o difícil parecer nem tão difícil
assim;
A todos os professores de Graduação e Pós-Graduação que participaram da minha
formação acadêmica e do meu crescimento profissional;
Aos companheiros, “velhos” e “novos”, dos Projetos NURC-RJ e PHPB pela amizade;
Aos Projetos PHPB e VARPORT, pela disponibilização dos corpora, e ao Centro de
Lingüística da Universidade de Lisboa, na pessoa da Professora Doutora Maria
Fernanda Bacelar do Nascimento, que tem desenvolvido conosco trabalhos sobre o
tema;
Aos dez locutores, que emprestaram sua voz para o estudo prosódico aqui realizado;
À FAPERJ, pela concessão da bolsa NOTA 10 neste último ano do Mestrado;
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de Iniciação Científica que me introduziu na
pesquisa acadêmica durante o período de Graduação;
À minha família, pelo auxílio material e, principalmente, afetivo na busca da realização
dos meus sonhos;
Ao meu irmão, em particular, em quem me espelhei e espelho, até hoje, modelo que é
de dedicação e inteligência;
Às minhas amigas do peito, Adriana, Sandra e Josane, por compartilharem comigo
tantos momentos importantes;
Ao Fred, pelo companheirismo e carinho nos momentos em que se acha que está tudo
perdido, pela assessoria computacional e, ainda, pelas palavras de “ânimo” como: “isso
é o ronco do boi”;
A Deus, acima de todas as coisas, por me
ter criado com tanta vontade de vencer.
SINOPSE
Análise diacrônica da anteposição e da
posposição do adjetivo no sintagma nominal, no
português do Brasil e de Portugal, em sua
modalidade escrita, sob a perspectiva da
Sociolingüística quantitativa laboviana e da
Fonética Acústica.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------- 13
2. A PROPÓSITO DO TEMA ------------------------------------------------------------ 14
3. A ORDEM: REVISÃO NA LITERATURA ----------------------------------------- 19
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA --------------------------- 28
4.1 Sociolingüística quantitativa laboviana ----------------------------------------- 28
4.1.1 Enfoque quantitativo ---------------------------------------------------- 29
4.1.2 Enfoque qualitativo ----------------------------------------------------- 32
4.2 O instrumental da Fonética Acústica -------------------------------------------- 33
5. OS CORPORA --------------------------------------------------------------------------- 36
5.1 Da análise quantitativa variacionista -------------------------------------------- 36
5.1.1 Da análise qualitativa --------------------------------------------------- 37
5.2 Da análise acústica------------------------------------------------------------------ 37
6. ANÁLISE DOS RESULTADOS ------------------------------------------------------ 40
6.1 Da análise quantitativa variacionista -------------------------------------------- 40
6.1.1 Português brasileiro ---------------------------------------------------- 40
6.1.1.1 Da análise qualitativa fundada na Marcação ------------- 66
6.1.2 Português europeu ------------------------------------------------------ 73
6.2 Da análise acústica ----------------------------------------------------------------- 95
6.2.1 Duração ------------------------------------------------------------------- 95
6.2.2 Intensidade -------------------------------------------------------------- 100
6.2.3 Freqüência Fundamental ---------------------------------------------- 102
7.CONCLUSÕES ------------------------------------------------------------------------- 107
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------- 109
ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------114
RESUMO ----------------------------------------------------------------------------------- 152
RÉSUMÉ ----------------------------------------------------------------------------------- 153
ÍNDICE DE QUADROS, TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS
Tabela 1 – Distribuição dos corpora por época --------------------------------------------- 36
Gráfico 1- Peso relativo de aplicação da anteposição do adjetivo nos séculos XVII,
XVIII, XIX e XX -------------------------------------------------------------------------------- 40
Gráfico 2 – Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com sua natureza semântica
e do núcleo, em todos os séculos -------------------------------------------------------------- 41
Gráfico 3: Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com o peso, em todos os
séculos --------------------------------------------------------------------------------------------- 42
Gráfico 4: Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com o tipo de base, em todos
os séculos ----------------------------------------------------------------------------------------- 44
Tabela 2: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo,
século XIX / PB ---------------------------------------------------------------------------------- 45
Tabela 3: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo,
século XX / PB ----------------------------------------------------------------------------------- 45
Gráfico 5: Peso relativo de aplicação da regra de anteposição, século XIX / PB ------- 46
Gráfico 6: Peso relativo de aplicação da regra de anteposição, século XX / PB -------- 46
Tabela 4: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do
adjetivo, século XIX / PB ---------------------------------------------------------------------- 47
Tabela 5: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do
adjetivo, século XX / PB ----------------------------------------------------------------------- 47
Tabela 6: Peso relativo da anteposição de acordo com a dimensão do adjetivo, nos dois
séculos / PB -------------------------------------------------------------------------------------- 49
Tabela 7: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo,
século XIX / PB ---------------------------------------------------------------------------------- 49
Tabela 8: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as cinco fases no eixo
temporal, século XX / PB ---------------------------------------------------------------------- 50
Tabela 9: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as cinco fases no
eixo temporal, século XX / PB ---------------------------------------------------------------- 51
Tabela 10: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto,
século XIX / PB--------------------------------------------------------------------------------- 52
Tabela 11: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto,
século XX / PB ----------------------------------------------------------------------------------- 52
Tabela 12: Peso relativo da anteposição de acordo com o tipo de texto, nos dois séculos
/ PB ------------------------------------------------------------------------------------------------ 53
Tabela 13: Corpus selecionado para a análise de adjetivos em posição marcada, nos dois
séculos / PB --------------------------------------------------------------------------------------- 67
Tabela 14: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo,
século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------------------- 74
Tabela 15: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo,
século XX / PE ----------------------------------------------------------------------------------- 74
Gráfico 7: Peso relativo de aplicação da regra de anteposição, século XIX / PE ------- 75
Gráfico 8: Peso relativo de aplicação da regra de anteposição, século XX / PE -------- 75
Tabela 16: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do
adjetivo, século XIX / PE ----------------------------------------------------------------------- 76
Tabela 17: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do
adjetivo, século XX / PE ------------------------------------------------------------------------ 77
Tabela 18: Peso relativo da anteposição de acordo com a dimensão do adjetivo, nos dois
séculos / PE --------------------------------------------------------------------------------------- 78
Tabela 19: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto,
século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------------------- 79
Tabela 20: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto,
século XX / PE ----------------------------------------------------------------------------------- 79
Tabela 21: Peso relativo da anteposição de acordo com o tipo de texto, nos dois séculos
/ PE ------------------------------------------------------------------------------------------------ 79
Tabela 22: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as três fases no eixo
temporal, século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------- 88
Tabela 23: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as cinco fases no
eixo temporal, século XX / PE ----------------------------------------------------------------- 89
Tabela 24: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as três fases no eixo
temporal, século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------- 89
Tabela 25: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as cinco fases no
eixo temporal, século XX / PE ----------------------------------------------------------------- 90
Tabela 26: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a natureza semântica
do núcleo, século XIX / PE --------------------------------------------------------------------- 90
Tabela 27: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a natureza semântica
do núcleo, século XX / PE ---------------------------------------------------------------------- 90
Tabela 28: Peso relativo da anteposição de acordo com a semântica do núcleo, nos dois
séculos / PE --------------------------------------------------------------------------------------- 91
Tabela 29: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo,
século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------------------- 92
Tabela 30: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo,
século XX / PE ----------------------------------------------------------------------------------- 92
Tabela 31: Peso relativo da anteposição de acordo com a base do adjetivo, nos dois
séculos / PE --------------------------------------------------------------------------------------- 93
Figura 1: Média da duração na fala masculina ---------------------------------------------- 95
Figura 2: Média da duração na fala feminina ------------------------------------------------ 95
Tabela 1a: Duração média das sílabas pretônicas, tônicas e postônicas na fala masculina
------------------------------------------------------------------------------------------------------ 96
Tabela 2a: Duração média das sílabas pretônicas, tônicas e postônicas na fala feminina -
------------------------------------------------------------------------------------------------------ 96
Tabela 3a: Percentual de aumento de duração da tônica com relação à pretônica, de
acordo com a posição de cada elemento no SN --------------------------------------------- 98
Tabela 4a: Relação entre a duração do pé métrico e da pretônica na primeira posição,
tanto na anteposição do adjetivo quanto na posposição, de acordo com o sexo -------- 99
Figura 3: Média da intensidade na fala masculina ----------------------------------------- 100
Figura 4: Média da intensidade na fala feminina ------------------------------------------ 100
Figura 5: Média da freqüência fundamental na fala masculina ------------------------- 102
Figura 6: Média da freqüência fundamental na fala feminina ---------------------------- 102
Tabela 5a: FØ média das sílabas pretônicas, tônicas e postônicas na fala masculina - 103
Tabela 6a: FØ média das sílabas pretônicas, tônicas e postônicas na fala feminina -- 103
Tabela 7a: Taxa de variação de FØ intrassilábica (tônica) dos substantivos em 1ª
posição, fala masculina (H) e fala feminina (M) ------------------------------------------- 105
Tabela 8a: Taxa de variação de FØ intrassilábica (tônica) dos adjetivos em 1ª posição,
fala masculina (H) e fala feminina (M) ----------------------------------------------------- 105
Serra, C. R.
13
1. Introdução
Este trabalho busca investigar a distribuição dos adjetivos no sintagma nominal,
antepostos ou pospostos ao núcleo, na escrita, entre os séculos XVII e XX, e ainda
comparar, tomando por base os mesmos tipos de textos, o português brasileiro e o
português europeu, nos séculos XIX e XX. Damos continuidade, aqui, ao estudo sobre
ordem dos adjetivos no português brasileiro iniciado por Avelar (2000).
Por considerarmos que os fenômenos de variação de ordem são também
determinados, ou pelo menos evidenciados, por um componente prosódico, esta análise
também utilizará o instrumental da Fonética Acústica na investigação das possíveis
“marcas” prosódicas do adjetivo anteposto, ordem marcada no português atual.
Interessa-nos, portanto, levantar os fatores que condicionam a colocação dos
adjetivos antes ou depois do núcleo, em que época a ordem se torna mais fixa, se há
diferenças entre as variedades brasileira e européia, no que concerne a essa colocação, e
até que ponto a alternância de ordem interfere no padrão prosódico subjacente.
Com os resultados desta pesquisa, espera-se dar um passo adiante nas discussões
sobre ordem, no que tange a substantivos e adjetivos, no português, e evidenciar a
importância da aliança entre diferentes perspectivas de análise, neste caso a da
Sociolingüística -- com o respaldo do princípio funcionalista da Marcação -- e a da
Fonética Acústica, em estudos desse tipo, o que traz contribuições tanto para um quanto
para outro modelo.
O trabalho encontra-se dividido da seguinte forma: no capítulo 2, é feita uma
apresentação/definição do tema a ser tratado; no capítulo 3, uma revisão sobre a ordem
na literatura; no capítulo 4, que se dedica à fundamentação teórico-metodológica, há
uma subdivisão no que se refere à sociolingüística quantitativa laboviana -- Enfoque
quantitativo -- e o princípio da Marcação -- Enfoque qualitativo -- (4.1) e ao
instrumental da Fonética Acústica (4.2); no capítulo 5, são apresentados os corpora
para as análises quantitativa e qualitativa (5.1) e para a análise acústica (5.2); no
capítulo 6, é apresentada a análise dos resultados, (6.1) e (6.2); no capítulo 7,
apresentam-se as conclusões, e, por fim, no capítulo 8, encontra-se a referência
bibliográfica do estudo.
Serra, C. R.
14
2. A propósito do tema
A ordem dos constituintes de frases declarativas em português é variável,
embora se enquadre em geral no padrão SVO. Tanto o sujeito quanto o objeto podem
ser representados por um sintagma nominal (SN), categoria sintática cuja estrutura
lexical se apresenta diversificada em função do nome que lhe pode servir de núcleo. O
SN é constituído por uma estrutura funcional que depende dos elementos que se
encontram à esquerda do nome -- entre eles, artigos, possessivos, demonstrativos,
quantificadores. Pode haver também modificação do sintagma através de adjetivos, os
chamados adjuntos adnominais, que ocorrem, de preferência, à direita do nome. Os
adjetivos partilham de algumas de suas propriedades, como a flexão, e a tradição
gramatical refere-se a “nomes adjetivos” e “nomes substantivos”, sem levar em conta,
na maioria dos casos, critérios para distingui-los.
Neste trabalho, a variação de ordem em língua portuguesa estará centrada nos
adjetivos adnominais, que ocupam preferencialmente a posição pós-nominal. Línguas
como o português e o espanhol (Demonte & Bosque, 1999) apresentam maior
flexibilidade na ordem dos elementos do SN, sendo mais “livre” a posição que o
adjetivo ocupa, se comparada à do inglês, por exemplo, que apresenta uma ordem
bastante rígida: adjetivos sempre antepostos ao nome.
No âmbito da gramática tradicional, ressalta-se a relação estreita que existe entre
um nome (termo determinado) e um adjetivo (termo determinante) e o fato de, em
função adnominal, o adjetivo ocorrer com maior freqüência depois do substantivo,
principalmente se com valor objetivo ou denotativo (Cunha, 1972).
Segundo Mateus et alii, (2003), a posição pós-nominal está associada a uma
interpretação restritiva, especificadora. Assim, a posição à direita do núcleo do SN é [-
marcada], por vezes, obrigatória, como nos exemplos (1) e (2), por vezes opcional,
como em (3) e (4). Em relação a certos adjetivos, essas duas posições estão associadas a
significados diferentes, como em (5). A anteposição é [+marcada] e vista como mais
freqüente em textos literários, produzindo, em geral, o efeito de maior subjetividade.
(1) A mesa retangular / *A retangular mesa
(2) A reunião anual / *A anual reunião
(3) O amigo simpático / O simpático amigo.
Serra, C. R.
15
(4) O acontecimento recente / O recente acontecimento
(5) Meu amigo pobre / Meu pobre amigo
Neves (2000: 200) diz que a primeira observação sobre a posição que o adjetivo
ocupa no sintagma nominal diz respeito ao fato de existirem diferenças no
comportamento das duas grandes subclasses -- os qualificadores e os classificadores. Os
classificadores, usados como adjuntos adnominais, podem ser pospostos – posição
menos marcada, como em (6) e (7), ou antepostos -- posição mais marcada --, como em
(8) e (9), freqüente em textos literários. Quando anteposto, produz, em geral, o efeito de
maior subjetividade.
(6) luxo discreto
(7) pancada suave
(8) indefeso homem
(9) falsa amizade
Os adjetivos que permitem, com maior freqüência, segundo a autora, a
anteposição são aqueles que expressam qualidades atribuídas a termos que têm uma
relação específica com o substantivo qualificado, como no exemplo (8), em que o
adjetivo não tem valor absoluto, mas sim se refere a uma característica inerente ao
substantivo: homem é indefeso como homem1. Segundo a autora, a ordem do adjetivo
qualificador pode ser livre, como em (10), obrigatoriamente posposta ou anteposta,
como em (11) e (12), respectivamente, ou livre com alteração de sentido, como em (13).
Os adjetivos classificadores, em função adnominal, incluídos aí os que exercem papel
na estrutura argumental do nome, aparecem, segundo a autora, normalmente pospostos,
embora haja construções cristalizadas em que o adjetivo aparece sempre anteposto,
como em (14).
(10) homem bonito/bonito homem
(11) tempo ruim
(12) mero processo
1 O adjetivo mortal, embora também represente uma característica inerente ao homem, não admite
anteposição (*mortal homem).
Serra, C. R.
16
(13) velho amigo/ amigo velho
(14) pátrio poder
Para Perini (1996), a possibilidade de colocação do adjetivo, à esquerda ou à
direita do núcleo do SN, não é dada pelo contexto sintático e/ou semântico-discursivo
de sua ocorrência. A anteposição corresponderia a uma propriedade do vocábulo, já
definida no léxico: poder ocupar a posição pré ou pós-nuclear [+/-PN]. Essa mesma
hipótese já havia sido levantada por Malaca Casteleiro (1981). O adjetivo já viria
marcado no léxico como [+PN] ou [-PN] e só raras vezes admitiria uma ordem variável
[+/-PN], sem mudança de sentido. Segundo os autores referidos, mesmo os adjetivos
que parecem aceitar as duas posições, sem alteração de significado, sofrem quase
sempre uma ligeira alteração de sentido: “Na posição pós-nominal implicam de certo
modo atribuição contingente ou temporária. Na posição pré-nominal, pelo contrário,
supõem atribuição constante ou típica (p.36-7)”, como no exemplo (15).
(15) Os salários baixos / Os baixos salários
No que se refere à invariabilidade de cada ordem, também proposta por Klein-
Andreu (1983), há exemplos que a contrariam, ou seja, casos de adjetivos que tanto em
anteposição como em posposição mantêm o mesmo valor semântico, como em (16) e
(17). Nestes casos, o adjetivo seria marcado ao mesmo tempo como [+/- PN]. Havia um
grupo vasto de adjetivos que possuíam a dupla marcação, como demonstram os dados
do PB de diacronia (exemplos de 18 a 21).
(16) O amigo simpático/O simpático amigo
(17) A situação atual/ A atual situação
(18) modico preço (Gazeta do Rio de Janeiro/1809)
(19) preços modicos (Diario de Noticias/1869)
(20) superiores commodos (Jornal do Commercio/1827)
(21) commodos superiores (Jornal do Commercio/1827)
Serra, C. R.
17
Além disso, percebemos que adjetivos que no português atual, pelo menos no
português brasileiro, causariam estranheza em posição pré-nuclear aparecem antepostos
em textos do século XIX (PB), como nos casos de (22) a (24):
(22) visto ter-se dado as precisas providencias.... (Jornal do Commercio/1881)
(23) seu efeito é mais efficaz que dobrada porção do óleo simples. (Diario de
Noticias/1869)
(24) Correios destinados para a interior communidade desta Côrte. (Gazeta do
Rio de Janeiro/1810)
(25) A Sumaca Nacional HARMONIA se acha promta dos necessarios
pertences para seguir viagem (Jornal do Commercio/1827)
A observação desses casos nos leva a considerar todas as ocorrências de
adjetivos, tanto antepostas quanto pospostas, pois não é possível que se recupere a
intuição do usuário da língua em outras épocas, e assim saber se os adjetivos poderiam
ocupar ambas as posições ou não. Com nosso “olhar” sincrônico, não poderíamos
prever que adjetivos como interior, no exemplo em (24), pudessem ocupar a posição
pré-nuclear em outras sincronias.
Partindo da hipótese de Perini, pudemos verificar que, ao que tudo indica,
muitos adjetivos perderam o traço [+PN], ou seja, a possibilidade de ocupar a posição
pré-núcleo. Em épocas anteriores da língua, o traço [+PN] parece ter englobado um
número maior de adjetivos, possivelmente de adjetivos descritivos, como nos exemplos
(23) e (24). Porém, ao contrário do que Perini sugere, a colocação é determinada por
uma escolha que leva em conta o valor semântico e discursivo do adjetivo relacionado
ao tipo de texto em que ele aparece.
Também segundo Lapa (1968: 110), o adjetivo pode adquirir “significação
diferente” de acordo com a posição que ocupa no sintagma nominal: "quando o adjetivo
está logo depois do substantivo, tende a conservar o valor próprio, objetivo, intelectual;
quando está antes, tende a perder o próprio valor e a adquirir um sentido afetivo”.
Nesse sentido, o adjetivo desempenha uma função estilística, dependendo da posição
que ocupe no SN. A associação da posposição do adjetivo com a manutenção do seu
valor objetivo versus a aquisição de um valor subjetivo do adjetivo anteposto também é
apresentada no âmbito da gramática tradicional (Cunha, 1972).
Serra, C. R.
18
Da forma como tem sido tratada, em geral, a ordem dos adjetivos que funcionam
como adjuntos adnominais, percebe-se que sua colocação anteposta ou posposta
depende muito mais de aspectos semântico-discursivos e estilísticos que estritamente
sintáticos. A escolha pela anteposição evidencia a intenção de dar um novo valor, mais
“subjetivo”, mais “valorativo”, ao conteúdo semântico do sintagma nominal,
exatamente o que acontece com a anteposição do adjetivo necessários no exemplo (25)
-- A Sumaca Nacional HARMONIA se acha promta dos necessarios pertences para
seguir viagem -- retirado de um anúncio da imprensa carioca do século XIX; ou ainda
uma apreciação negativa, da mesma forma de caráter subjetivo, como neste dado
retirado de editorial da primeira fase do século XX “odiosas negociatas” (Correio da
Manhã/1901).
Com a análise variacionista, pode-se identificar qual é o tipo de adjetivo que
mais facilmente se presta a essa atribuição de valor subjetivo, podendo ocorrer mais em
anteposição, e quais aqueles que ainda resistem à mudança de ordem.
Ainda nesse sentido, levar em conta o tipo de texto analisado parece ser de
grande importância, pois a depender da maneira como o autor do texto pretende atingir
o leitor, ele poderá optar pelo uso de uma linguagem mais ou menos objetiva.
Sob o mesmo “guarda-chuva” do texto jornalístico, encontram-se textos que se
destinam a informar, explicar e orientar o leitor sobre determinados assuntos -- como
cartas da redação do jornal e editoriais -- e anúncios, que fazem parte de um discurso
publicitário, no qual o principal objetivo é ressaltar as qualidades do produto anunciado,
tentando convencer o leitor a comprá-lo. Dessa forma, espera-se que haja alguma
diferença entre editoriais e anúncios, no que se refere à colocação dos adjetivos, por
conta das intenções distintas de veiculação de cada texto. O caráter valorativo dos
adjetivos antepostos pode servir como importante ferramenta no mundo dos anúncios
publicitários. Não podemos esquecer, entretanto, de que um mesmo tipo de texto pode
ter características bem distintas em uma época e em outra. Esse é o caso das cartas de
redatores do século XIX que deram origem aos editoriais do século XX. Também no
caso dos anúncios parece haver diferença entre os do século XIX e os do século XX, o
que será observado a partir dos resultados da análise variacionista (Cap. 6).
A partir dos resultados deste trabalho e de outros anteriores (Avelar, 2000; Serra,
2003; Callou & Serra, 2003; Callou, Serra & Sales, 2004), Sales vem, mais
Serra, C. R.
19
especificamente, desenvolvendo pesquisa, com parte do corpus apresentado aqui e de
outros, sobre a função discursiva dos adjetivos em diferentes tipos de textos
jornalísticos (Sales, 2003, 2004).
3. A ordem: revisão na literatura
A idéia de que as línguas humanas evoluem em termos de passagem de uma
ordem frouxa para uma rígida, ou mesmo de uma morfologia forte e uma sintaxe fraca
para uma sintaxe forte e uma morfologia fraca (Hodge, 1970), com o passar do tempo,
pode ser atestada ao observarmos a disposição dos constituintes de frase no Latim, pelo
menos no Clássico, e nas Línguas Românicas. A ordem mais livre registrada nos textos
do Latim Clássico e sua riqueza de casos foram gradativamente substituídas pela perda
de casos e, conseqüentemente, pelo maior enrijecimento da ordem, já no Latim Vulgar e
de forma ainda mais contundente na passagem para as Línguas Românicas. Sobre
colocação no Latim, nos diz Maurer Jr (1959: 194):
A ordem livre, que o latim havia herdado do indo-europeu, foi
abandonada, em grande parte, preferindo-se em linhas gerais o que
se costuma chamar de ordem direta (sujeito, verbo, complemento,
vindo os elementos modificadores pospostos aos modificados e
pondo-se regularmente juntas as palavras que se complementam).
Não se deve, porém, pensar na colocação vulgar como um sistema
rijo e inflexível, como acontece em algumas línguas românicas
modernas.
Greenberg (1961) apresenta um levantamento sobre a ordem dos elementos
constitutivos da frase, a partir de uma amostra composta por 30 línguas. De acordo com
o Universal 16, Greenberg afirma que línguas SVO normalmente apresentam os
adjetivos pospostos ao nome, confirmando tendência apontada por Maurer Jr. para o
latim.
O que há registrado na literatura sobre ordem de adjetivos no latim é bastante
próximo do que se tem hoje no português e em algumas línguas neolatinas. Segundo
Marouzeau (1922), os adjetivos determinativos, aqueles que designam qualidade
objetiva, sem atribuição de juízo de valor, ocupavam, normalmente, a posição pós-
Serra, C. R.
20
nuclear: aqua salsa (água salgada), domus materna (casa materna), mala acerba (maçã
azeda). É possível, entretanto, que adjetivos desse tipo apareçam em anteposição,
quando adquirem uma acepção laudativa ou depreciativa: diuino consilio (aviso divino);
homanarum rerum (coisas humanas). Os adjetivos qualificativos denotam apreciação
afetiva, atribuem um valor subjetivo e sua ordem é preferencialmente anteposta:
sanctissimas religiones (santíssimas religiões), gravissima decreta (gravíssima decisão),
para esse tipo de adjetivo também era possível a posposição: amor uerus (amor
verdadeiro).
Aos adjetivos que Marouzeau chama de determinativos, damos o nome de
descritivos e aos qualificativos, avaliativos, seguindo a classificação tradicional. O
valor de cada tipo, entretanto, é o mesmo. Vejamos exemplos de adjetivo descritivo e
avaliativo, em (26) e (27), respectivamente.
(26) Recebeu cartas pelo Correio maritimo (C. Comércio/XVIII)
(27) os nomes dos seguintes distinctos cidadãos para deputados... (Diario de
Noticias/XIX)
Para correlacionar a questão da ordem à do sentido, retomamos Greenberg (op.
cit: 68), no Universal 19:
Quando a regra geral é a de que o adjetivo descritivo vem depois
[do núcleo], pode haver uma minoria de adjetivos que usualmente
o precedam, porém quando a regra geral é a de que os adjetivos
descritivos vêm antes, não há exceções2.
Pelo que podemos perceber, é a posição do adjetivo descritivo que determinará a
possibilidade de variação de ordem.
O português faz parte do primeiro tipo de línguas a que Greenberg faz
referência, ou seja, é uma língua em que os adjetivos descritivos, na maioria dos casos,
sucedem o núcleo, portanto, é uma língua em que a ordem anteposta/posposta pode
variar. O Inglês é um exemplo de língua do segundo tipo que, por ter como regra a
anteposição do adjetivo descritivo, não permite variação. 2 When the general rule is that the descriptive adjective follows, there may be a minority of adjectives
which usually precede, but when the general rule is that descriptive adjectives precede, there are no
exceptions (Greenberg, 1961: 68).
Serra, C. R.
21
A correlação entre a “ordem direta” SVO e a conseqüente ordem, preferencial,
substantivo/adjetivo, em línguas como o português, nos permite refletir ao mesmo
tempo sobre dois processos de variação/fixação de ordem no PB.
É a partir do século XIX, segundo Tarallo (1993), que se consolidam as grandes
mudanças sintáticas no português do Brasil. Essas mudanças, naturalmente, também
envolvem ordem de constituintes.
Em estudo sobre a perda do sujeito posposto em interrogativas-Q, Duarte (1992)
constata que a ordem VS (O que pensa tua filha do nosso projeto?), quase categórica
no século XIX e inícios do XX, foi substituída pela ordem SV (Do que tu tá falando?),
mantendo-se a inversão, ao final do século XX, apenas com verbos monoargumentais e,
ainda, se o sujeito for um SN (Onde andará a Neiva?). O corpus utilizado por Duarte
para essa análise é constituído de peças de teatro popular, escritas ao longo dos séculos
XIX e XX no Rio de Janeiro.
Também em análise de corpora diacrônicos e sincrônicos sobre a inversão VS
em declarativas, Berlinck (1989: 104) conclui que há uma “diminuição da
produtividade geral de V SN e o conseqüente aumento da ocorrência de SN V”. Seus
resultados de freqüência de V SN são os seguintes: século XVIII: 42%, século XIX:
31% e século XX: 21%; o fator de maior relevância no corpus do século XX foi a
transitividade verbal (op. cit: 97). A autora afirma que o processo de mudança da ordem
se caracteriza “pela passagem gradativa de uma orientação funcional para uma de
natureza formal” (op. cit: 98) de seus fatores condicionantes. A função discursiva do
SN, ou seu status informacional -- fator determinante da ordem no século XVIII --,
começa a dar lugar, nos dois séculos subseqüentes, a um fator de natureza estritamente
sintática, o tipo de verbo-predicador, que passa a determinar a ordem no século XX.
No caso que particularmente nos interessa, a ordem dos adjetivos no SN,
podemos dizer que a motivação para a variação na ordem é inversa à do fenômeno
analisado por Berlinck. São justamente fatores semântico-discursivos que influenciam a
escolha da ordem do adjetivo com relação ao núcleo e não os estritamente gramaticais,
como a função sintática do SN, que não se mostrou relevante para opção
anteposição/posposição (Serra & Callou, 2003a). O principal condicionante para a
ordem SN V no século XX é a transitividade do verbo (Berlinck, op. cit.); para a
Serra, C. R.
22
escolha de ordem entre adjetivos e substantivos importa, em primeiro lugar, o caráter
discursivo do adjetivo, se descritivo ou avaliativo (cf. cap. 6, item 6.1).
Dessa forma, traçando um paralelo entre os fenômenos de mudança da ordem de
V SN para SN V, tanto em interrogativas-Q quanto em declarativas, e a tendência à
fixação da posposição do adjetivo, podemos dizer que a fixação da ordem em cada caso
se deu em função de fatores bem distintos, embora basicamente na mesma época.
Se a ordem VS/SV deixou de ser definida subjetivamente, como Soares Barbosa
(1803, apud. Berlinck, 1989) sugerira que fosse no início do século XIX, para ser
determinada por fatores gramaticais, como indicam os resultados de Berlinck,
poderíamos dizer que, no que se refere à ordem dos adjetivos, a (sub)objetividade
continua sendo determinante. A mudança teria se dado, então, na forma como se passou
a “conceber as coisas” do mundo, no dizer de Soares Barbosa: cada vez mais, do mais
“subjetivo” para o mais “objetivo”, do mais “abstrato” para o mais “concreto”, do mais
“avaliativo” para o mais “descritivo”, resguardando as características de cada texto,
tanto diacrônica quanto sincronicamente. Os propósitos comunicativos estariam, dessa
forma, atuando como fator determinante da escolha do adjetivo em posição pré-ou-
pós-nuclear, apesar da tendência atual à posposição.
No que diz respeito ao tipo de texto, um estudo de orientação funcionalista,
realizado por Klein-Andreu (1983), para o espanhol, apresentou os seguintes resultados
percentuais de anteposição do adjetivo: código espanhol de trânsito, em que ocorre
pouco ou nenhum comentário: 38%; Revista “Destino”, em que se fazem comentários
de eventos: 48%, e Revista Hola, em que constam comentários do tipo “fofocas”: 55%
(Klein-Andreu, 1983: 172). A partir desses resultados, a autora comprovou a hipótese
de a anteposição em espanhol estar restrita ao gênero textual: quanto mais opiniões e
comentários, maior a quantidade de adjetivos precedendo o núcleo. A autora diz ainda,
na conclusão de seu estudo, que “se é forçado a assumir que deve haver uma coerência
comprovável entre os significados específicos postulados e o que o contexto mostra que
o falante tenta expressar3” (Klein-Andreu, 1983: 177).
3 For one is then forced to assume that there must be a demonstrable coherency between the particular
meanings postulated and what the context shows the speaker is trying to express (Klein-Andreu, 1983:
177)
Serra, C. R.
23
Os resultados de Klein-Andreu são um importante indicador do quanto as
ocorrências de anteposição podem variar de um texto a outro.
Apesar da tendência geral à posposição no português, observada no decorrer dos
séculos (Cohen, 1989, Serra & Callou, 2003b), não se pode supor que haja um processo
generalizado de mudança de ordem. A posposição tem se fixado, até mesmo em
contexto antes opcionais (cf. exemplos da sessão anterior), mas obedece ainda a fatores
semântico-discursivos.
Quanto maior o número de “comentários”, mais “opinativo” é o texto, no dizer
de Klein-Andreu, e quanto mais se constata a presença de adjetivos antepostos, mais o
autor “se envolve” com o texto que produz e toma partido do conteúdo nele
apresentado -- seja com a intenção de marcar uma determinada posição com relação a
um evento, como era muito freqüente em cartas de redatores do século XIX, seja para
realçar as qualidades de um produto a fim de comercializá-lo, como em anúncios,
principalmente do século XX, como se pode observar nos documentos transcritos a
seguir, Carta de Redator/Editorial 1 e Anúncio 1.
A tendência é a de que se utilizem mecanismos de persuasão para atingir o
leitor. Quanto mais “isento” de comentários, “imparcial”, for um texto, menor a carga
de subjetividade, de opinião pessoal, ele terá, da mesma forma que se entende que se vá
utilizar, em maior escala, da objetividade associada aos adjetivos descritivos na
caracterização do conteúdo desse texto.
Para Carneiro (1992, apud Monnerat, 2003), que também estuda os adjetivos no
nível da objetividade/subjetividade, os adjetivos objetivos tendem a uma
“autosuficiência informativa”, ao passo que os subjetivos tendem a gerar progressão
textual por explicitação.
Serra, C. R.
24
Carta de Redator/Editorial 1
Nome do jornal: O Carijó
Rio de Janeiro, 1833
Seção: Correspondências, Comunicados
CORRESPONDÊNCIA
Bons dias, lll.mo
e Ex. mo
Sr. Aureliano! / V. Ex. taobem he jurista, segundo
mostrou / tão claramente em seu celebre parecer, quan / do com o seu
conspícuo argumento, de[du] / zido da ordenação do L. 1º tit. 5º § 16, / que
não pode ter voga em tempo constitu- / cional, julgou legal com o seu
immortal co- / lega o sapientíssimo Correa Pacheco (que na[o] he
Chimango) as apposentadorias dos Srs. / Desembargadores, feitos pelos ex-
Ministro PER- / DOADO Honorio: examine V. Ex. por tan- / to bem a
questao, e ainda que revalizou em / seu parecer, com a dedução do Sr.
Trigo, / esperamos (como estamos em tempos de ap- / posentadorias), que
apposente taobem ao Sr. Trigo, porque na ordenação L. etc. etc. tam- / bem
achará o remedio a applicar ao paciente / Lente que se acha attacado da
cólera mer- / bus, para que o velho mundo não acuze a V. / Ex., que no
tempo do seu famozo ministe- / rio, conservou a ignorancia, estupidez e so-
/ bre tudo a incivilidade (consequencia da bes- / tialidade) em hum lugar,
que só deve ser / ocupado pela Sabedoria. / De passagem aconselhamos a
V. Ex. que / não siga os exemplos dos seos immortaes / antecessores, que
tem manchados os seos / ministerios com mil crimes, para que o pu- / blico
não diga, que V. Ex. como Ministro / da Justiça e do Imperio vai tocar
bandurra, / pandeiro e marimba com o ex-ministro per- / doado e o
reverendo confessor de S. Paulo!!! / Não siga V. Ex. os conselhos da
Floresta, / spelunca diabólica, donde sahe hum ar pés- / tifero, que
envenena, e destroe pela raiz a / causa da Liberdade Brasileira: spelunca ou
/ quartel general da boreal Aurora, bolorento / armazem de Alfarrabios ou
carcomidos livros, / da qual sahem empestados vapores, que vão / acabar de
matar a nossa moribunda pátria. / Suspenda V. Ex. o peditório das
Serra, C. R.
25
faculdades / extraordinarias, porque o Povo Brasileiro não / se acostumará a
ferros. – Siga V. Ex. o nos- / so conselho, pois quando o golpe já estiver
sobranceiro a sua cabeça, Sr. Aurelano / então dirá V. Ex. = Nada de
Ministro, nada / de Deputado, etc. etc., e quando sua remor- / denta
consciencia o accusar dos incalculaveis / males, que tem cauzado, para
servir a ho- / mens, inimigos da pátria de Instrumento; e / quando em fim,
os pungentes gemidos de / milhares de familias clamarem aos ceos vin- /
gança contra V. Ex. por ter lhes sacrificado; entao V. Ex. focará
envergonhado de haver / feito tao bom papel, e lamentará com o ex- /
ministro perdoado as pancadas que levou, / e as quaes tem sido sentidas por
poucos. /
/O Redactor.
Anúncio 1
Nome do jornal: O Globo
Rio de Janeiro, 1955
Seção: Anúncios
Também a linda
Elizabeth Taytor
Estrêla do filme Rapsódia
Da Metro Goldwyn Mayer,
revela às brasileiras
o seu segrêdo de beleza.
Ela diz: / “Eu uso / Sabonete Lever!” / Você viu como Elizabeth Taylor /
aparece linda em Rapsódia? / Notou que delicioso frescor juvenil / irradiam
de seu rosto e sua cútis? / Pois agora essa encantadora estrêla da Metro /
ensina a você como ter uma cútis tão / suave e perfeita. Elizaberth Taylor,
como / 9 entre 10 estrêlas de Hollywood, usa / diariamente o puríssimo
Sabonete Lever.
1. LEVER é puro – Sua imaculada alvura o demonstra.
Serra, C. R.
26
2. LEVER é perfumadíssimo – Um delicioso perfume / permanece após o
banho.
3. LEVER suaviza a pele – Sua tonificante espuma dá / um encantador
fascínio.
Siga o conselho de Elizabeth Taylor, e ponha em seu / rosto, em seu
corpo, aquela mesma beleza, aquela / deliciosa suavidade que você vê nas
estrelas do cinema.
Não há dúvida!
As mulheres que precisam ter uma pele impecável, usam e / recomendam
Sabonete Lever. Vá ver: a / encantadora / ELIZABETH TAYLOR / em
Rapsódia / atualmente nos Cine Metro.
(O Globo/Anúncio/1955)
Também sob uma perspectiva funcionalista, Nobre (1989) estudou a ordenação
de adjetivos no SN, com base em dados de fala do Projeto Censo da Variação
Lingüística do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo da autora era propor uma
distribuição funcional das seqüências de nomes e adjetivos em um continuum de
gramaticização que levasse em conta ordem e coesão. Dessa forma, a autora procura
apresentar os diferentes estágios no processo de cristalização entre substantivos e
adjetivos em cada ordem.
Levando em conta todas as ocorrências do corpus do Projeto Censo,
independentemente da ordem em que os adjetivos ocorreram ser mais ou menos fixa
(coesa), Nobre (op. cit: 61) chegou aos seguintes resultados: 79,2% de formas
Nome/Adjetivo e 18,7% de formas Adjetivo/Nome, não incluídos os “casos
expandidos”, em que outro adjetivo era acrescido às formas originais Nome/Adjetivo e
Adjetivo/Nome. Esses resultados indicam uma forte tendência à posposição do adjetivo
na fala.
Dentro do continuum das formas com menor ou maior grau de coesão, a
mobilidade dos constituintes pode sofrer uma restrição de ordem semântica. Para a
autora, o sentido que o adjetivo expressa é que determinará a ordem: “Acredito que na
interação ordem/sentido haja a predominância do sentido. Em uma situação discursiva
Serra, C. R.
27
qualquer a significação que pretendemos dar a uma expressão é que determinará a
utilização de uma ou outra ordenação (op. cit: 44)”.
Apesar de o objetivo da autora ter sido observar as tendências da ordem
Nome/Adjetivo em corpus sincrônico, de modalidade oral, Nobre (op. cit: 72) acredita
que “Para se compreender esse estágio sincrônico e toda a complexidade que envolve a
ordenação NOME ADJETIVO é necessário, sem dúvida, recorrer a explicações
diacrônicas”.
Cohen (1989) recorreu a corpora diacrônicos dos séculos XIV ao XX, para
investigar a ordem dos adjetivos adjuntos adnominais. Os textos utilizados pela autora
são de gêneros textuais diversificados, há cartas (oficiais e particulares), crônicas,
romances, contos, narrativas, e outros tipos de textos (op. cit: 16 e 17). Esses corpora
são compostos desde textos do Livro de Linhagens do Conde D. Pedro (1361) até textos
como O crime do Padre Amaro (1876), de Eça de Queiroz, e Entradas e Bandeiras
(1981), de Fernando Gabeira.
Os percentuais de anteposição encontrados pela autora foram os seguintes: 76%,
no século XIV; 82%, no século XV; 48%, no século XVI; 71%, no século XVII; 51%,
no século XVIII; 34%, no século XIX, e 20%, no século XX. Cohen chama atenção
para o fato de a posposição se tornar predominante a partir do século XVIII, mas não
comenta a instabilidade de percentuais entre os séculos XV e XVII, principalmente a
baixa freqüência de anteposição no século XVI (48%).
Talvez essa oscilação de freqüência de anteposição possa encontrar explicação
nas diferenças entre os tipos de textos. Os documentos utilizados para a análise no
século XVI foram A Carta de Pedro Vaz de Caminha (1500) e Cartas dos Primeiros
Jesuítas do Brasil (1538-1553), que, segundo a autora, são correspondências oficiais de
caráter informativo, que mesclam descrição e narração. Um estudo das características
estilísticas de cada texto poderia explicar as diferenças, que certamente existem, entre
esse material do século XVI e, por exemplo, o de romances (Das Novelas Exemplares e
Constante Florinda 1625-1684) e cartas pessoais (Cartas de Catarina de Bragança a
seu irmão D. Pedro II, Rei de Portugal 1680) do século seguinte, analisados pela autora
(op. cit: 16). Essas diferenças tipológicas podem ter se refletido nas freqüências
diferenciadas de uso da anteposição em cada época.
Serra, C. R.
28
Há, ainda, outros estudos sobre ordem dos adjetivos no SN, como os de Boff
(1991) e Gomes (2001), que, em geral, apontam essa tendência à fixação da posposição
do adjetivo. Esses estudos contribuíram também para nossa pesquisa.
4. Fundamentação Teórico-Metodológica
4.1 Sociolingüística quantitativa laboviana
A sociolingüística com metodologia própria desenvolveu-se a partir da década
de 60 e tem em William Labov um dos seus maiores representantes. A base da chamada
teoria da variação é a possibilidade de estabelecer uma relação entre fatos lingüísticos e
sociais e observar processos de variação na língua, inerentemente heterogênea, que
podem -- ou não -- conduzir a uma mudança (Labov, 1972, 1994).
Uma análise que toma por base um ponto de vista estatístico-variacionista
permite ao pesquisador mensurar a importância de alguns fatores que percebemos,
muitas vezes, intuitivamente, estarem relacionados a um ou outro uso variável. No caso
do fenômeno em estudo, aplica-se essa metodologia, já que a ordem dos adjetivos no
sintagma nominal pode variar: na nossa língua, o adjetivo ocorrendo em posição pré-ou-
pós-nuclear.
Na perspectiva laboviana, a chamada variável dependente constitui o centro do
fenômeno a ser estudado e as variáveis independentes -- que podem ser lingüísticas e/ou
extralingüísticas --, aqueles elementos que “supomos” favorecerem a ocorrência de uma
determinada variante, dentre as que compõem a variável dependente.
A seleção de possíveis variáveis independentes é feita, como se disse, levando
em conta a intuição do pesquisador e também observações assistemáticas. Com as
várias etapas que o estudo variacionista prevê, algumas dessas variáveis são eliminadas,
outras acrescidas, a depender da relevância que cada uma mostre ter para o estudo do
fenômeno.
A testagem quantitativa possibilita uma análise sistemática dos dados,
respaldada na confiabilidade de resultados estatísticos. É importante ressaltar que a
separação feita neste trabalho entre análise quantitativa e qualitativa é apenas um
artifício metodológico para a explanação e discussão de resultados, já que as duas
análises fazem uso do fator numérico e do interpretativo e não podem ser desvinculadas.
Serra, C. R.
29
A análise quantitativa parte de uma primeira etapa qualitativa que é a da
observação do fenômeno variável, a escolha das variáveis que estariam favorecendo
determinado uso, etc. Os resultados brutos da análise quantitativa também não diriam
nada não fosse a capacidade do pesquisador de interpretá-los, buscar explicações para
alguns números que pareçam ter sido “enviesados” durante o processo de quantificação.
A análise qualitativa que se propõe aqui nada mais é do que um refinamento dos
resultados quantitativos, com vistas a tentar explicar mais minuciosamente o que ocorre
na determinação de um uso considerado “marcado”. É, portanto, também, uma extensão
da análise quantitativa, pois é a partir dela que se torna possível um refinamento dos
resultados.
Partindo de uma primeira premissa de que a ordem dos adjetivos pode ser
enquadrada como um fenômeno de variação, constituiu-se a variável dependente para o
estudo – posição anteposta ou posposta do adjetivo no sintagma nominal – tendo sido
escolhida a anteposição como fator de aplicação. Em função da variável dependente,
foram testadas as variáveis independentes (1) lingüísticas, como o tipo de base dos
adjetivos e a quantidade de sílabas com relação ao substantivo, e (2) extralingüística, ou
sociais, como a época em que o documento foi escrito, sua origem, seu tipo, etc., todas
elas relacionadas no item 4.1.1.
Num segundo momento da análise dos dados, faremos uso ainda do princípio
funcionalista da marcação (Givón, 1995), para aliar o que estamos chamando de análise
quantitativa e qualitativa dos dados.
4.1.1 Enfoque quantitativo
Para observar o comportamento dos adjetivos no decorrer dos séculos, e entre as
variedades brasileira e européia do português, fizemos uso da análise quantitativa de
dados, através do Programa Computacional VARBRUL de regra variável (Mollica &
Braga, 2003). Esse programa possibilita depreender quais são os elementos, tanto de
natureza lingüística como extralingüística, que estariam relacionados a um determinado
uso.
Em função da chamada variável dependente -- posição anteposta ou posposta
ocupada pelo adjetivo no sintagma nominal -- foram constituídos os seguintes grupos de
fatores -- variáveis independentes -- para a codificação dos dados: 1) tipo de adjetivo, de
Serra, C. R.
30
base nominal ou participial; 2) natureza do adjetivo, se descritivo ou avaliativo; 3)
dimensão do adjetivo em relação ao substantivo, se tinha maior número de sílabas com
relação ao núcleo, menor número de sílabas ou o mesmo número de sílabas; 4)
característica do núcleo, se imaterial ou material; 5) época em o documento foi escrito,
século XVII, XVIII, XIX (dividido em três fase) ou XX (dividido em cinco fases); 6)
tipo de texto, documentos notariais, cartas de comércio, cartas de redatores/editoriais e
anúncios; e 7) origem do documento, se brasileira ou européia.
No que diz respeito ao carácter discursivo, o estudo segue a classificação
tradicional, em que o adjetivo é marcado como descritivo, caracterizando
objetivamente, de forma “não contestável”, o núcleo do SN, como nos exemplos em
(28), ou como avaliativo, que apresenta uma característica do substantivo passível de
contestação por ser de caráter subjetivo, como nos exemplos em (29). Correspondem,
respectivamente, aos valores “intelectual” e “afetivo” estabelecidos por Lapa.
(28)
a- é melhor que cognac francez ou bitter (Diario de Noticias/1889/PB)
b- No tempo do anterior regime (Expresso/1985/PE)
(29)
a- No que respeita annossa Carregação hiacefazendo hum altíssimo negocio (D.
Notariais/XVII)
b- e isto tem levado ao seu auge a zanguinha dos nossos amáveis
contemporaneos (Correio de Lisboa/1841/PE)
Os substantivos são aqui divididos, quanto à natureza semântica, em
[+MATERIAL], como em (30), e [-MATERIAL], como em (31).
(30)
a- e asim deserao eles doadores q' tinhao em casa tres crianças engeitadas que
eles criarao (D. Notariais/XVII)
b- as manifestações de pesar e dor multiplicaram-se em incontáveis países de
todos os continentes (Expresso/1997/PE)
(31)
Serra, C. R.
31
a- A Sumaca Nacional BOA HORA de muito boas qualidades, há de sahir com
o primeiro Comboi (Jornal do Commercio/XIX/PB)
b- Registra com a possível verdade todos os fins (Diário de Notícias/1864/PE)
No que diz respeito à formação do adjetivo, estabeleceu-se uma diferenciação
entre os de base nominal (exemplo 32) e os de base participial (exemplo 33), a fim de
verificar a hipótese de o adjetivo de base participial tender mais a ocupar a posição [-
PN], em virtude de esses adjetivos possuírem o traço [+Verbo].
No que tange aos adjetivos de base participial, a posposição também é
predominante em espanhol, como afirmam Demonte & Bosque (1999), que a
consideram obrigatória, exceto em casos de uso figurativo, como o de su seca sonrisa
(pág. 189).
(32) e eu Raphael de Carualho escriuao publico de notas... (D.Notariais/XVII)
(33) À descoberta do mundo (...) se lançaram ousados jornalistas (O
Século/1961/PE)
Quanto à dimensão do adjetivo em relação ao substantivo, partiu-se da
hipótese de que adjetivos fonicamente mais pesados, mais salientes, ocupariam,
preferencialmente, a posição pós-núcleo, confirmando tendência análoga à apontada por
Castilho (1997) para a posposição do sujeito em relação ao verbo, e referendada por
Serra (2000).
Essa hipótese foi testada, através do contraste do número de sílabas dos adjetivos
versus o número de sílabas dos núcleos correspondentes, tendo sido arrolados adjetivos
menos extensos que o núcleo, como em (34), mais extensos que o núcleo, como em
(35), e da mesma extensão do núcleo, como em (36).
(34) dias, que estando agente odia fazendo venda dosmolhados todos dedachar
huma boa porção (C.Comércio/XVIII)
(35) enfeitam-se bolos para casamento em Casa Particular (Diario de
Noticias/XIX/PB)
Serra, C. R.
32
(36) Officina com artistas francezes para reparações as mais difficeis e
rigorosas. (O Século/1885/PE)
O estudo correlaciona a colocação do adjetivo com o seu caráter discursivo, com
a natureza semântica do núcleo do SN, com a base do adjetivo e com a sua dimensão
em relação ao substantivo, a fim de confirmar as seguintes hipóteses:
(i) a posição pré-nuclear é ocupada preferencialmente pelo adjetivo
avaliativo e não pelo descritivo.
(ii) quando os adjetivos aparecem antepostos, o núcleo é, em geral,
abstrato, imaterial.
(iii) os adjetivos de base participial aparecem preferencialmente pospostos.
(iv) adjetivos mais pesados tendem a aparecer em posição pós-nuclear.
As duas primeiras hipóteses foram testadas a partir das observações de Avelar
(2000) sobre material dos séculos XIX e XX, confirmando que tanto o caráter avaliativo
do adjetivo quando o caráter abstrato do substantivo influem na sua colocação. Quando
esses dois traços são analisados em conjunto, a anteposição ganha mais força e vai ao
encontro do estado de “conspiração” entre o substantivo e o adjetivo, apontado por
Lapa.
Espera-se, ainda, uma diminuição da freqüência de adjetivos antepostos no
decorrer dos séculos -- como evidencia Cohen (1989) --, uma distribuição diferenciada a
depender do tipo de texto que se está analisando, principalmente nos dois últimos
séculos, pois a liberdade de colocação dá “a quem fala e escreve riquíssimas
possibilidades de expressão” (Lapa, op. cit: 109).
Tal como em outros trabalhos que se dedicam à investigação sobre ordem
diferenciada de constituintes nas variedades do português, como o de Vieira, 2002, os
resultados desta análise irão indicar se há diferenças ou semelhanças entre PB e PE, no
que se refere ao fenômeno da ordem dos adjetivos.
4.1.2 Enfoque qualitativo
Serra, C. R.
33
Após a análise quantitativa, passaremos a examinar, mais uma vez,
qualitativamente, alguns conjuntos de dados, somente do PB, com o objetivo de
observar se a tendência mostrada no âmbito mais geral se confirma em uma análise
particular dos dados.
Nesta etapa do trabalho, faremos uso do princípio funcionalista da Marcação,
com a noção de categoria marcada/não marcada, tal como estabelecida em Givón
(1995). Dos três critérios estabelecidos por Givón para opor categoria marcada/não-
marcada -- complexidade estrutural, distribuição de freqüência e complexidade
cognitiva -- utilizaremos o da complexidade estrutural, segundo o qual itens mais
complexos/longos são normalmente marcados.
Pretende-se verificar quais são os adjetivos que ocupam a posição [+marcada],
levando em conta o tipo de adjetivo (avaliativo ou descritivo) e o tipo de base (nominal
ou participial, correlacionados à extensão com relação ao núcleo (maior, igual ou menor
que o núcleo, doravante, >, =, <).
As hipóteses são as seguintes:
(i) Os adjetivos avaliativos que aparecem pospostos são, em geral, maiores ou do
mesmo tamanho do núcleo e/ou são de base participial;
(ii) Os adjetivos descritivos que aparecem antepostos são, em geral, menores que o
núcleo e/ou são de base nominal.
A observação dos condicionamentos para a ocorrência de adjetivos em posição
[+marcada] será feita em virtude de ter havido uma mudança significativa nos
percentuais de anteposição em editoriais (cf. Cap. 5, item 5.1 da análise quantitativa
variacionista) do século XIX para o XX. Se essa mudança se deu em direção à
posposição, interessa-nos investigar o que ainda condiciona a anteposição nesse tipo de
texto.
4.2 O instrumental da Fonética Acústica
Estudos em sintaxe, semântica, análise do discurso, psicolingüística, e outros,
têm se servido bastante ultimamente do instrumental da Fonética Acústica, com o
objetivo de aliar diferentes tipos de análise. O componente fonológico se mostra, muitas
vezes, o diferencial na observação de determinado fenômeno, comprovando neste nível,
o que ocorre em outras áreas da gramática.
Serra, C. R.
34
Essa aliança entre o estudo de fenômenos de outros componentes da gramática e
os de fenômenos fonético-fonológicos pode ser atestada em trabalhos recentes, de
diferentes orientações teóricas, como os de Freitas (1995), Gonçalves (1997), Vieira
(2002), Orsini (2003), Lourenço-Gomes (2003), Stein (2003), entre outros.
A partir do princípio básico de que a posição não-marcada para a colocação do
adjetivo no SN atualmente é a posição pós-nuclear (cf. Cap. 6, item 6.1), decidiu-se
proceder a uma análise levando em conta parâmetros da fonética acústica, com vistas a
verificar se haveria alguma alteração na estrutura prosódica quando a ordem era
invertida.
Este trabalho dá continuidade a um trabalho anterior (Serra, Callou & Moraes,
2003) e leva em conta os parâmetros de duração, intensidade e freqüência fundamental
(FØ).
As hipóteses iniciais a serem testadas buscam verificar se a prosódia fica
inalterada independente da ordem dos constituintes no SN, isto é, se a anteposição ou
posposição do adjetivo não interfere no padrão prosódico, ou se, ao contrário, ela reflete
essa organização interna do sintagma. Essas hipóteses foram formuladas a partir de
observações assistemáticas sobre o comportamento de cada parâmetro.
A primeira hipótese é chamada de Hipótese da prosódia neutra e a segunda de
Hipótese da prosódia marcada.
Hipótese da prosódia neutra.
O primeiro elemento do SN, qualquer que seja ele, substantivo ou adjetivo, exibe
a) uma elevação de FØ na tônica e outra, de menor amplitude, na última tônica.
O segundo elemento do SN, qualquer que seja ele, tenderia a apresentar
b) alongamento na tônica;
c) maior intensidade na tônica.
Hipótese da prosódia marcada.
O adjetivo anteposto levaria a
a) um reforço do pico de FØ na primeira posição;
b) alongamento da tônica do adjetivo na primeira posição;
c) aumento da intensidade da tônica do adjetivo na primeira posição.
Serra, C. R.
35
Para que pudessem ser testadas essas hipóteses, foram medidos, com base no
programa computacional WINCECIL, os valores de freqüência fundamental (Hz),
duração (s) e intensidade (dB), após segmentação das sílabas pretônicas (nos casos em
que havia), tônicas e postônicas (nos casos em que havia), tanto do adjetivo, como do
substantivo com o qual se combina. O valor da freqüência fundamental foi inicialmente
marcado no pico de intensidade da sílaba, para que a medida fosse uniforme. Em
seguida, foram extraídas, através do programa EXCEL, a média correspondente às três
sílabas.
Tomou-se como referência um sintagma ideal que possuísse a estrutura, PRE1,
TON, POS1, tanto no adjetivo, quanto no substantivo, como em recente pesquisa. Todos
os gráficos apresentam essa estrutura; os resultados neles vislumbrados, entretanto,
referem-se às médias de cada sílaba, na fala masculina e na feminina, de acordo com
cada parâmetro, englobando diferentes SNs, como se pode ver no item 5.2 dedicado ao
corpus da análise acústica.
Numa segunda etapa da análise, mediu-se ainda a taxa de variação de FØ
intrassilábica da sílaba tônica do substantivo na primeira posição e do adjetivo
anteposto. O nosso objetivo era verificar se essa taxa de variação seria mais alta com a
anteposição do adjetivo. O cálculo foi feito da seguinte forma:
a) mediu-se a diferença de FØ na vogal, ou seja, a FØ do ponto final menos a FØ
do ponto inicial da vogal (pf-pi);
b) dividiu-se o valor anterior pela duração da vogal.
Taxa de variação de FØ intrassilábica = FØ final- FØ inicial
Duração (s)
No que se refere especificamente à duração, foram feitos também alguns
cálculos que relacionam a sílaba tônica com as demais. Calculou-se:
a) o aumento de percentagem de duração da tônica do segundo elemento do SN
em relação à tônica do primeiro elemento, na posposição e na anteposição do adjetivo;
b) o alongamento da tônica com relação à pretônica do primeiro e do segundo
elemento, na posposição e na anteposição do adjetivo, e
Serra, C. R.
36
c) o alongamento do pé métrico em relação à pretônica (ton + pos/2 - pretônica)
na primeira posição, tanto na posposição quanto na anteposição do adjetivo.
5. Corpora
5.1 Da análise quantitativa variacionista
Os corpora abrangem textos diversificados, a saber, documentos notariais da
primeira metade do século XVII (Eleutério, 2003), cartas de comércio do final do século
XVIII (Barbosa, 1999), anúncios e cartas de redatores/editoriais dos séculos XIX e XX,
publicados em jornais no Rio de Janeiro e em Lisboa (www.letras.ufrj.br/varport). Os
corpora dos séculos XIX e XX, tanto do PB quanto do PE, foram divididos por fases, o
que nos permitiu observar a distribuição de adjetivos pospostos e antepostos ao longo
desses dois séculos. O século XIX se encontra dividido em três fases: 1ª fase, de 1808 a
1840; 2ª fase, de 1841 a 1870, e 3ª fase, de 1871 a 1900, e o século XX, em cinco: 1ª
fase, de 1901 a 1924; 2ª fase, de 1925 a 1949; 3ª fase, de 1950 a 1960; 4ª fase, de 1961 a
1974, e 5ª fase, de 1975-2000.
Os corpora do português europeu foram coletados e codificados pela equipe de
trabalho coordenada pela Professora Maria Fernanda Bacelar do Nascimento, do Centro
de Lingüística da Universidade de Lisboa (CLUL), e cedido, gentilmente, para esta
análise comparativa entre as variedades brasileira e européia do português (cf.
www.letras.ufrj.br/varport).
Levantou-se, nos séculos XIX e XX, um total de 6262 sintagmas nominais do
português brasileiro (2693) e do português europeu (3569), e ainda 216 dados dos
séculos XVII e XVIII4, referentes a documentos notariais e cartas de comércio, como se
pode observar na Tabela 1.
4 Nos exemplos, conserva-se a grafia do texto original e o destaque em letras capitais. Entre parênteses,
encontram-se indicadas a origem e a data do documento.
XIX XX
Tipo de
texto Anúncio Editorial Anúncio Editorial Total
PB 352 405 1072 864 2693
PE 863 803 985 918 3569
XVII XVIII
Documentos
Notariais
Cartas de
Comércio
95 121
Serra, C. R.
37
Tabela 1 – Distribuição dos corpora por época
Para uma primeira análise, utilizaram-se os corpora do português do século
XVII ao XX, embora não se possa garantir que tais documentos reflitam um português
do/no Brasil, pelo menos nos dos dois primeiros séculos. O fato de o número de dados
levantados nesses dois séculos serem reduzidos, apenas 216 -- pela própria dificuldade
de levantamento de dados de épocas mais antigas da língua -- faz com que se observem
com cautela os resultados referentes a esse período.
Para a comparação entre o PB e o PE, numa segunda etapa de análise, foram
utilizados somente os corpora dos séculos XIX e XX, inclusive por considerar que essa
comparação só seria possível com corpora semelhantes, no caso, textos de imprensa.
5.1.1 Da análise qualitativa
O corpus utilizado para esta análise é o de cartas de redatores/editoriais, já
referido anteriormente, dos séculos XIX e XX, somente do português brasileiro. A
comparação entre os séculos possibilitará verificar a mudança no comportamento dos
adjetivos de um século para o outro. Foram selecionados 131 adjetivos avaliativos e 111
adjetivos descritivos do corpus do século XIX, e 110 adjetivos avaliativos e 115
adjetivos descritivos do corpus do século XX. Para a seleção de dados foi utilizado o
Programa TSORT, que compõe o Pacote de Programas VARBRUL.
5.2 Da análise acústica
O corpus é constituído por vinte enunciados com adjetivos antepostos e
pospostos, par a par, que foram lidos por dez locutores, cinco homens e cinco mulheres.
No total, foram analisadas 100 (cem) ocorrências de adjetivos e 100 (cem) de
substantivos.
Os enunciados foram inspirados no corpus de editoriais da imprensa carioca do
século XX e concretizados em uma das posições possíveis. O segundo enunciado do par
Serra, C. R.
38
foi criado para que a outra posição fosse também submetida à leitura. Nos exemplos de
1 a 10 são apresentados os pares de enunciados.
1 a. Graças ao gênio militar de dois chefes inigualáveis ...
1 b. Graças ao gênio militar de dois inigualáveis chefes ...
2 a. Os aviões modernos com velocidade supersônica ...
2 b. Os modernos aviões com velocidade supersônica ...
3 a. Uma pesquisa recente demonstrou o grande índice de assaltos
3 b. Uma recente pesquisa demonstrou o grande índice de assaltos
4 a. As conseqüências inevitáveis na vida dos brasileiros.
4 b. As inevitáveis conseqüências na vida dos brasileiros.
5 a. Uma nação que se desperta para consolidar o seu destino, ao rejeitar os
caminhos perigosos da revolução...
5 b. Uma nação que se desperta para consolidar o seu destino, ao rejeitar os
perigosos caminhos da revolução...
6 a. Não se pode deixar de considerar a crise profunda que representou a
Revolução Cubana.
6 b. Não se pode deixar de considerar a profunda crise que representou a
Revolução Cubana.
7 a. A crise terrível se seguiu à renúncia do Sr. Jânio Quadros.
7 b. A terrível crise se seguiu à renúncia do Sr. Jânio Quadros.
8 a. O país tem apresentado capacidade notável de sobrevivência democrática.
8 b. O país tem apresentado notável capacidade de sobrevivência democrática.
9 a. O governador e o atual prefeito exercem funções importantes delegadas por
Brizola.
9 b. O governador e o atual prefeito exercem importantes funções delegadas por
Brizola.
10 a. Para que essas instituições dêem os resultados esperados nas pesquisas.
10 b. Para que essas instituições dêem os esperados resultados nas pesquisas.
Serra, C. R.
39
Todos aqueles que aprendem uma língua nova recebem
impressões desta natureza: o sentido conhecido ou
entrevisto da palavra conspira com a imagem sonora e dá-
nos uma espécie de ilusão. Os escritores que lidam muito
com os vocábulos estão particularmente sujeitos a estas
ilusões. Têm a tendência para considerarem a palavra em si
própria, bela por si mesma, liberta das prisões da frase, que
lhe fixam um sentido e lhe diminuem o poder de fantasia.
Os que se dedicam à arte de escrever trazem na memória
um armazém de termos expressivos. Para esses a palavra
existe em estado puro, cheia de ressonâncias e mistérios. E
é sempre útil, como dissemos, pensar e sentir de novo as
palavras, isoladamente, na curiosa contemplação das
imagens que despertam.
M. Rodrigues Lapa, 1968
Serra, C. R.
40
6. Análise dos resultados
6.1 Da análise quantitativa variacionista
6.1.1 Português brasileiro
Para esta primeira etapa de análise, não fizemos separação dos dados por tipo de
texto, pois nosso objetivo é observar a tendência mais geral de colocação dos adjetivos
no decorrer dos séculos. Para a análise entre português brasileiro e português europeu
nos séculos XIX e XX, faremos uma separação não só dos séculos, para observar a
distribuição dos adjetivos de acordo com cada fase, mas também dos tipos de textos
utilizados para a análise desses séculos.
Como já foi dito no item 5.1 referente ao corpus de análise do PB, embora
estejamos analisando aqui os corpora dos séculos XVII e XVIII juntamente com os do
português brasileiro, não estamos levando em conta a origem do autor do documento.
A análise global que apresentamos aqui mostra que, em termos absolutos, a
posição do adjetivo à esquerda do núcleo do SN foi se tornando cada vez menos
freqüente, no decorrer dos séculos, como se pode observar com a diminuição gradativa
dos pesos relativos em cada século (Gráfico 1). Os valores mostrados daqui por diante
foram retirados do nível de seleção apontado pelo programa de regra variável. O input
geral da rodada foi de .41.
Gráfico 1- Peso relativo de aplicação da anteposição do adjetivo
nos séculos XVII, XVIII, XIX e XX.
0,65
0,58
0,54
0,47
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
XVII XVIII XIX XX
anteposição
Serra, C. R.
41
Como podemos vislumbrar no gráfico acima, a curva se torna mais descendente
dos séculos XVII para o XVIII e do XIX para o XX, sempre privilegiando a diminuição
das taxas de anteposição. Interessa-nos particularmente a diminuição de uso da
anteposição do século XIX para o XX, época em que ocorrem vários processos de
mudança e fixação de ordem no PB (Duarte, 1992, Berlinck,1989, Tarallo, 1993).
Embora a anteposição continue perdendo campo para a posposição, há uma certa
estabilidade nas taxas dos séculos XVIII e XIX (.58 e .54)
Apresentaremos, por ordem de seleção, os fatores que condicionam a colocação
do adjetivo do século XVII ao XX. Nessa etapa, fizemos a fusão entre o caráter
descritivo ou avaliativo do adjetivo e a materialidade do núcleo com o qual ele se
combinava.
Assim como em todas as rodadas subseqüentes, o grupo que contém a natureza
do adjetivo (descritivo/avaliativo) é o mais significativo para a aplicação da regra de
anteposição: quando o adjetivo é de natureza avaliativa e o núcleo é imaterial a
anteposição apresenta peso relativo mais alto (.76) e quando o adjetivo é descritivo e o
núcleo é material o peso relativo é bastante baixo (.21), como se vê no Gráfico 2. Esses
resultados vão ao encontro do referido estado de “conspiração” entre o substantivo e o
adjetivo apontado por Lapa, embora o que determine a ordem continue sendo o valor do
adjetivo.
0,76 0,75
0,270,21
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
adj.antep
Anteposição de acordo com a semântica do
adjetivo e do núcleo
av/imat
av/mat
desc/imat
desc/mat
Gráfico 2 – Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com
sua natureza semântica e do núcleo, em todos os séculos.
Serra, C. R.
42
A combinação de adjetivos avaliativos com núcleo imaterial e material e de
adjetivos descritivos com núcleo imaterial e material, respectivamente, pode ser vista
nos exemplos em (37).
(37) a- No que respeita annossa Carregaçao hiacefazendo hum Altissimo
negocio (C. Comércio/XVIII)
b- Tampouco lhes peza, aos illustres confrades,a desmoralizacão que lavra as
paragens governamentais (Editorial – Correio da Manhã/1901)
c- e nella entrepus minha autoridade judicial... (D. Notariais/XVII)
d- Quem tiver hum negro Ferreiro, e o quizer vender, falle na loja da Gazeta,
que se lhe dirá quem o quer comprar. (Anúncio – Gazeta do Rio de
Janeiro/1809)
No Gráfico 3, podemos observar que o tamanho do adjetivo, seu peso com
relação ao núcleo, também é um importante fator para a ocorrência de adjetivos
antepostos ou pospostos ao nome. Quanto menor o adjetivo, maior a possibilidade de
anteposição (.68), exemplo em (38).
0,38
0,48
0,68
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
> igual <
Anteposição de acordo com o peso do adjetivo
Gráfico 3: Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com o peso,
em todos os séculos.
(38) saibao que este publico instrumento de doacao (D. Notariais/XVII)
Serra, C. R.
43
No exemplo em (39), temos um caso de adjetivo maior que o núcleo, em Carta
de Comércio do século XVIII, que aparece em anteposição. Em exemplos como esse, o
fato de o adjetivo utilizado ser avaliativo parece ter pesado mais na escolha da ordem,
além de ser de uma época em que a probabilidade de anteposição era maior.
(39) a Ridicula Remeça que lhefiz... (C. Comércio/XVIII)
Adjetivos do mesmo tamanho do núcleo (40 a e b) podem ocorrer tanto em
anteposição quanto em posposição, dependendo de outros fatores que condicionem a
escolha da ordem.
(40) a- Sapolio é um dos grandes inventos para a commodidade das familias,
com ele se limpam todos os objectos do uso tanto de metal como de louça ou
vidro, até de madeiras pintadas, como portas, portadas, etc. (Anúncio – Diário
de Noticias/1869)
b- Que Deus-lhe de o mais nobre logar na sua mansão... (Editorial – O
Fluminense/1937)
O terceiro fator apontado como relevante para a anteposição do adjetivo é sua
base. Como já havíamos mencionado no item 4.1.1, esperava-se que adjetivos de base
participial apresentassem maior resistência à anteposição por possuírem um traço
verbal, o que se confirma com a análise dos resultados. Os adjetivos de base nominal
(41 a) apresentam um peso relativo mais elevado dos que os de base participial (41 b),
.52 e .39, respectivamente, como se pode observar no Gráfico 4.
Especificamente sobre os adjetivos de base participial que admitem anteposição,
ou seja, os que se encontram na escala entre verbo e adjetivo mais próximos dos
adjetivos, e os que ainda resistem à anteposição por ainda estarem próximos da
categoria verbal, há um estudo detalhado em Serra (2003).
(41) a- Tomando 2 a 3 copos por dia de Ovomaltine dissolvida no leite – quente
ou frio – qualquer criança ou adulto recebe tôdas essas ricas substâncias para
adquirir vigor e boa disposição. (Anúncio – O Globo/1955)
Serra, C. R.
44
b- e arogo da doadora asignou seo irmao Antonio de Araujo pr. ella dizer nao
sabia asignar, todas elas pessoas reconhecidas... (D. Notariais/XVII)
0,52
0,39
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
base nominal base participial
Anteposição do adjetivo de acordo com a base
Gráfico 4: Distribuição de adjetivos antepostos de acordo
com o tipo de base, em todos os séculos.
A época em que o documento foi escrito também foi selecionada como fator
importante para a ocorrência da ordem anteposta. No que se refere à análise dos séculos
XVII ao XX, pôde-se observar a fixação dos adjetivos, ao longo do tempo, em
posposição (Gráfico 1).
Vimos ainda quais são os fatores condicionantes, ou favorecedores (Gráficos 2,
3 e 4), para a ocorrência de adjetivos em anteposição, de forma generalizada, sem fazer
uma separação por século.
Passamos a analisar daqui por diante os corpora referentes aos séculos XIX e
XX, a fim de observar, mais detalhadamente, a distribuição de adjetivos pospostos e
antepostos em cada século, já que os resultados da análise mais geral indicaram uma
diminuição mais acentuada entre um século e outro. Além disso, o maior número de
dados desses séculos oferece maior confiabilidade aos resultados.
A análise variacionista dos dados referentes aos dois séculos indicou como
grupos de fatores favorecedores da aplicação da regra de anteposição a natureza do
adjetivo (nos dois séculos), a dimensão do adjetivo em relação ao núcleo (nos dois
Serra, C. R.
45
séculos), o tipo de base (selecionado apenas no século XIX), a época (selecionado
apenas no século XX) e o tipo de texto, por ordem de seleção.
O input geral das rodadas, em função da anteposição, é de .43 no século XIX e
de .37 no século XX.
Veja-se, nas Tabelas 2 e 3, os percentuais de anteposição e posposição, de
acordo com o primeiro grupo selecionado pelo programa nas rodadas dos séculos XIX e
XX, o tipo de adjetivo – descritivo e avaliativo.
Avaliativo Descritivo
Anteposição 277/420 66 42/338 12
Posposição 143/420 34 296/338 88
Oco/total % Oco/total %
Tabela 2: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo
Século XIX / PB
Avaliativo Descritivo
Anteposição 676/1281 53 29/655 4
Posposição 605/1281 47 626/655 96
Oco/total % Oco/total %
Tabela 3: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo
Século XX / PB
Como podemos observar a partir dos percentuais das tabelas acima, a posposição
passa a ser mais freqüente no século XX, tanto com adjetivos descritivos quanto com
avaliativos. A anteposição, que era predominante no século XIX com adjetivos
avaliativos (66%), passou a competir de igual para igual com a posposição, que passou
de 34% para 47% com esse tipo de adjetivo do século XIX para o XX. Os adjetivos
descritivos, já resistentes à posição anteposta no século XIX (12%), passaram a ser raros
nessa posição no século XX (4%).
Os índices de peso relativo também revelam a forte tendência, ainda no século
XX, de adjetivos avaliativos antepostos (Gráficos 5 e 6).
Serra, C. R.
46
0,19
0,76
0
0,2
0,4
0,6
0,8
Descritivo Avaliativo
Anteposição de acordo com o tipo de
adjetivo
0,11
0,74
0
0,2
0,4
0,6
0,8
Descritivo Avaliativo
Anteposição de acordo com o tipo de
adjetivo
Gráfico 5: Peso relativo de aplicação da regra Gráfico 6: Peso relativo de aplicação da regra
de anteposição, século XIX / PB de anteposição, século XX / PB
Embora as mudanças de percentuais tenham ocorrido mais entre os adjetivos
avaliativos de um século para outro, em favor da posposição, podemos observar a partir
dos resultados de peso relativo que é esse tipo de adjetivo que continua possibilitando,
assim como no século XIX (.76), a maior ocorrência de anteposição nos textos do
século XX (.74). Os adjetivos descritivos, que já apresentavam peso relativo reduzido
para a aplicação da anteposição no século XIX (.19), se fixam mais em posposição no
século XX, e, conseqüentemente, apresentam baixo índice de favorecimento à
anteposição nesse século (.11).
Tanto os resultados percentuais quanto os de peso relativo revelam que a
posposição se fixou como ordem não marcada no século XX, o que fica nítido com o
contraste com o século anterior, e que a ocorrência da anteposição fica restrita quase
totalmente aos adjetivos avaliativos, confirmando nossas hipóteses iniciais. Esses
resultados confirmam, ainda, a idéia de ser a passagem do século XIX para o XX um
período decisivo para a configuração de uma norma objetiva do português brasileiro
(Lucchesi, 2002), no que se refere a vários fenômenos de fixação de ordem. Essa norma
objetiva está relacionada aos comportamentos habituais em uma comunidade
lingüística.
Se a fixação de ordem dos adjetivos à direita do nome não é um fenômeno
exclusivo da variedade brasileira do português, como veremos na comparação com o
português lusitano, ela é, assim mesmo, parte de um cenário que se vai compondo e
mudando de tonalidade, de uma época à outra.
Serra, C. R.
47
Em (42), ilustra-se a ocorrência de adjetivos avaliativos (a) e descritivos (b) nos
corpora do século XIX e em (43), nos do século XX.
(42) a- pedimos a V. Ex. para que apresentasse o parecer da comissão
encarregada de examinar os escandalosos roubos do arsenal de guerra. (Carta de
Redator – O Guerreiro/1853)
b- Precisa-se de huma mulher para uma Senhora Ingleza que saiba bem lavar,
engomar e cozer. (Anúncio – Gazeta do Rio de Janeiro/1808)
(43) a- Já pensaste nos perigos e sem saborias a que essa imperdoável
negligência vos poderá expor? (Anúncio – Correio da Manhã/1917)
b- Dado, além de tudo, que a vida pública nacional tomou direções inteiramente
novas. (Editorial – O Diário da Noite/1960)
Para a escolha da ordem também é relevante a dimensão do adjetivo com relação
ao substantivo, grupo de fatores selecionado nos dois séculos. Nas Tabelas 4 e 5,
apresentam-se os percentuais de anteposição e posposição de acordo com o peso do
adjetivo nos séculos XIX e XX, respectivamente.
> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo
Anteposição 105/336 31 63/177 36 151/245 62
Posposição 231/336 69 114/177 64 94/245 38
Oco/total % Oco/total % Oco/total %
Tabela 4: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do adjetivo
Século XIX / PB
> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo
Anteposição 257/918 28 115/314 37 333/704 47
Posposição 661/918 72 199/314 63 371/704 53
Oco/total % Oco/total % Oco/total %
Tabela 5: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do adjetivo
Século XX / PB
A distribuição dos percentuais entre os adjetivos de mesmo tamanho que o
núcleo, como em (44), é semelhante nos dois séculos. Tanto no XIX quanto no XX, há
Serra, C. R.
48
maior propensão de adjetivos de mesmo tamanho que o núcleo ocorrerem em
posposição, 64% e 63%, respectivamente.
(44) a- Clinica de Molestias da Pele // Doutor Silviano D’Almeida de volta de da
sua viagem á Europa, onde visitou os principaes hospitaes de Pariz, Londres,
Berlin, Vienna e Itália. (Anúncio – Diario de Notícias/1869)
b- Para um observador estrangeiro, estaria ocorrendo um fenômeno raro em
política partidária. (Editorial – Jornal do Brasil/1975)
Os adjetivos mais pesados, como já se esperava, ocupam com menos freqüência
a posição pré-nuclear. Do século XIX para o século XX, entretanto, há ainda uma
redução dessa possibilidade, de 31% para 28%.
Os adjetivos com menor peso com relação ao núcleo são os que favorecem a
ordem anteposta no século XIX, como se vê no percentual de 62% na Tabela 4.
Entretanto, no século XX, o percentual de posposição (53%) mesmo de adjetivos
menores que o núcleo chega a superar o de anteposição (47%). A menor complexidade
desses adjetivos faz com que eles sejam menos marcados, por isso podem ocupar ambas
as posições, e, no caso da ordem do adjetivo no SN, favorece a sua ocorrência em
anteposição.
Exemplos de adjetivos menores que o núcleo são apresentados em (45), abaixo.
(45) a- conhecem que a causa de se tornar o partido moderado odiado, como
vemos, foi o ser composto de cegos adoradores de quantos atos mãos. (Carta de
Redator – O Sentinela da Liberdade no Rio de Janeiro/1832)
b- O REMINGTON “60” reune todas as qualidades que um homem de bom
gôsto exige de um barbeador. Trabalha com igual facilidade nas partes mais
difíceis do rosto. (Anúncio – O Globo/1955)
A observação dos valores de peso relativo, no nível de seleção em que co-atuam
todos os grupos favorecedores da anteposição, confirma maior tendência de anteposição
com adjetivos menores que o núcleo, nos dois séculos, como se pode ver na Tabela 6.
Serra, C. R.
49
> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo
Século XIX .40 .44 .67
Século XX .41 .53 .60
P.R P.R P.R
Tabela 6: Peso relativo da anteposição de acordo com a dimensão do adjetivo,
nos dois séculos / PB
O terceiro grupo a ser selecionado nas rodadas feitas com os corpora do século
XIX e com os do século XX são diferentes. Para o século XIX, foi selecionado o tipo de
base como mais um fator que favorece a anteposição. Os percentuais de anteposição e
posposição de acordo com o tipo de base são apresentados na Tabela 7 abaixo.
Base nominal Base participial
Anteposição 291/654 44 28/104 27
Posposição 363/654 56 76/104 73
Oco/total % Oco/total %
Tabela 7: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo
Século XIX / PB
O tipo de base, fator estrutural, se mostra, assim, relevante na análise da
anteposição no século XIX. Percebemos que, tal como já mencionamos anteriormente, o
fato de o adjetivo ser de base participial desfavorece a anteposição, que atinge apenas
27% dos casos no século XIX.
Entre os adjetivos de base nominal, no que se refere aos percentuais, é
indiferente a posição que podem ocupar no SN, embora se observe uma maior
freqüência de posposição. O peso relativo revela a mesma tendência apontada pelos
percentuais brutos, .52 para adjetivos de base nominal e .35 para os adjetivos de base
participial.
Talvez o grupo relacionado ao tipo de base não tenha sido selecionado no século
XX pelo fato de esse fator estrutural deixar de ser relevante para a aplicação da
anteposição. Os percentuais de adjetivos antepostos de base nominal e participial no
século XX são relativamente baixos e praticamente idênticos, 36% e 38%,
respectivamente. A posposição no século XX -- 64% com adjetivos de base nominal e
Serra, C. R.
50
62% com adjetivos de base participial -- passa a ser privilegiada independente do fator
estrutural tipo de base.
O condicionamento semântico-discursivo, ou seja, o fato de o adjetivo figurar
como avaliativo ou descritivo; o condicionamento fônico, ou seja, seu peso com relação
ao núcleo, e o condicionamento morfológico-estrutural, ou seja, o tipo de base, são
vistos conjuntamente num enfoque que estamos chamando de qualitativo.
Essa análise, que toma por base as noções de categoria marcada/não marcada, é
apresentada no item 6.1.1.1, no qual se observa a distribuição dos adjetivos avaliativos
que aparecem pospostos (posição considerada marcada, pois esse adjetivo favorece a
anteposição) e os descritivos que podem aparecer antepostos (posição considerada
marcada, pois esses adjetivos favorecem a posposição), nos dois séculos, em textos de
cartas de redatores/editoriais.
Com esse recorte, que toma por base um número bem menor de dados de cada
século, foi possível observar a atuação de cada condicionamento e sua maior ou menor
influência para que se realize a anteposição em cada século.
Conquanto a base do adjetivo se mostre relevante na (não)aplicação da
anteposição no século XIX, tal fato não se dá no século XX: é uma variável
extralingüística, o eixo temporal, que se apresenta como a terceira variável selecionada
neste século. A distribuição dos percentuais de ambas as posições ocupadas pelo
adjetivo em cada fase do século passado é apresentada na Tabela 8.
1901-1924 1925-1949 1950-1960 1961-1974 1975-2000
Anteposição 210/473 44 214/577 37 195/491 40 22/113 19 64/282 23
Posposição 263/473 56 363/577 63 296/491 60 91/113 81 218/282 77
Oco/total % Oco/total % Oco/total % Oco/total % Oco/total %
Tabela 8: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as cinco fases no eixo temporal
Século XX / PB
No século XIX, a distribuição da anteposição era equilibrada através das três
fases -- fase 1 (1808-1840) 42%, fase 2 (1841- 1870) 48% e fase 3 (1871- 1900) 40% --,
embora já ficasse evidenciada a pequena queda dos valores percentuais na terceira fase.
No século XX, se observa uma diminuição bastante significativa dos percentuais de
anteposição, principalmente se levarmos em conta a primeira (44%) e a última fase
Serra, C. R.
51
(23%) do século. Não há, porém, uma estabilidade entre os percentuais, podendo ter
uma fase um índice maior de anteposição do que a fase que a precede, mas a tendência à
posposição permeia todos os percentuais, sempre ocupando maior espaço em termos
absolutos.
É na quarta fase, entre 1961 e 1974, que a posposição se torna mais expressiva,
81% do total de 113 dados dessa fase do século XX, no que é acompanhada pelo
percentual também alto da última fase do século (77%).
Os pesos relativos de cada fase confirmam a tendência dos percentuais brutos. O
peso da anteposição no início do século XX é de .61, na última fase tem-se a diminuição
de atuação dos adjetivos antepostos (.36), como se verifica na Tabela 9 abaixo. Com a
análise dos tipos de documentos, veremos que essa diminuição não se deu de forma
uniforme pelos textos, havendo uma distinção entre os textos jornalísticos de anúncios e
de cartas de redatores/editoriais em cada século.
1901-1924 1925-1949 1950-1960 1961-1974 1975-2000
Anteposição .61 .49 .53 .34 .36
P.R P.R P.R P.R P.R
Tabela 9: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as cinco fases no eixo temporal
Século XX / PB
Não pode se dever ao acaso a variável época não ter sido selecionada no século
XIX e o ser no século XX. A passagem do século XIX para o século XX é, realmente,
um divisor de águas para a definitiva fixação da posposição do adjetivo como ordem
não marcada. Apesar de não podermos falar em processo de mudança de ordem dos
adjetivos, já que há adjetivos que se “especializaram” numa determinada posição e não
admitem variação atualmente, esse fenômeno de fixação da posposição deve estar
associado a outros fenômenos -- inclusive de mudança de ordem em geral -- por terem
lugar na mesma época, como se tem discutido em diversos momentos neste trabalho.
Com a comparação entre os resultados do PB e do PE, entretanto, veremos que
essa não é uma característica apenas do português brasileiro, melhor dizendo, carioca, e
sim uma tendência geral da língua portuguesa independente da variedade.
Serra, C. R.
52
No que se refere, finalmente, ao último grupo de fatores selecionado, o tipo de
texto, há diferenças nos percentuais de anteposição e posposição em cada século.
Passemos às Tabelas 10 e 11:
Anúncio Carta de Redator/ Editorial
Anteposição 128/352 36 191/405 47
Posposição 224/352 64 214/405 53
Oco/total % Oco/total %
Tabela 10: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto
Século XIX / PB
Anúncio Carta de Redator/ Editorial
Anteposição 445/1072 42 260/864 30
Posposição 627/1072 58 604/864 70
Oco/total % Oco/total %
Tabela 11: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto
Século XX / PB
Já à primeira vista, percebemos um implemento da anteposição em anúncios no
século XX e a diminuição bastante marcada da mesma estratégia em editoriais no
mesmo século, o que indica que os anúncios se encontram na contramão do processo de
fixação da posposição.
O percentual de anteposição em anúncios passa de 36% para 42% de um século
para o outro, enquanto os editoriais seguem a tendência geral, privilegiando a
posposição no século XX (70%), opção de colocação que apresentava um percentual
bastante próximo do de anteposição no século anterior (53%).
Ao que tudo indica, editoriais e anúncios mudaram de “cara” no português
brasileiro do século XIX para o século XX, como assinala Leite (2003) em análise sobre
as estratégias argumentativas em editoriais desses mesmos séculos.
Os pesos relativos reafirmam o implemento de anteposição em anúncios no
século XX e sua diminuição em editoriais. Os valores praticamente se invertem entre os
tipos de textos de um século para o outro, como se vê na Tabela 12.
Serra, C. R.
53
Anúncio Carta de Redator/
Editorial
Século XIX .44 .55
Século XX .54 .45
P.R P.R
Tabela 12: Peso relativo da anteposição de acordo com o tipo de texto,
nos dois séculos / PB
O formato dos jornais de grande circulação abarca, em geral, textos de diferentes
tipos, com diferentes intenções comunicativas. Nesse caso, dentro do “pacote” dos
textos veiculados por um jornal, encontram-se aqueles destinados à
comercialização/divulgação de algum produto, como é o caso de anúncios e
propagandas, os que procuram informar os leitores acerca de algum acontecimento,
como as notícias, os que transmitem opiniões sobre algum evento, além de informar,
como é caso de cartas de redatores e editoriais.
Os tipos de textos, entretanto, também mudam de uma época para outra,
adquirem novas feições, a partir das necessidades do mercado, das mudanças de gosto
do público-alvo, da própria estrutura política e econômica do país.
Segundo Sales (2003), os editoriais são um gênero jornalístico argumentativo
que busca orientar o leitor através da definição de um ponto de vista do veículo ou da
pessoa responsável pela publicação. Se, de um lado, os jornais abarcam textos como os
editoriais que visam à orientação do leitor, de outro, dedicam também um espaço aos de
publicidade, dos quais os anúncios fazem parte.
O discurso publicitário tem como principal objetivo “vender a imagem” de um
determinado produto e para isso, muitas vezes, exacerba, intensifica as atribuições
positivas do que está sendo anunciado. Segundo Monnerat (2003: 97), “a linguagem
publicitária, de certa forma, escamoteia a realidade concreta, ou melhor, direciona a
atenção do público-alvo apenas para o que lhe interessa”. Ainda segundo a autora,
esses processos de intensificação das qualidades de um produto podem se dar através da
“adjetivação, o recurso ao grau, emprego intensivo de advérbios, a singularização, a
repetição, as construções em gradação... (op. cit: 97, 98)”. Esses mecanismos são
artifícios lingüístico-discursivos que se prestam à persuasão do leitor/consumidor e,
dentre eles, nos interessa particularmente o que faz uso da colocação do adjetivo, a fim
Serra, C. R.
54
de analisar a maior freqüência de anteposição em anúncios do século XX, com relação
aos do século anterior e com relação aos textos editorialísticos.
A partir do exposto, parece óbvio que se utilize mais a anteposição em anúncios,
pois com ela o adjetivo adquire um “valor afetivo”, subjetivo, se prestando aos fins
publicitários, e que seja mais freqüente a posposição do adjetivo em editoriais, pois o
adjetivo posposto mantém seu “valor próprio”, objetivo. Entretanto, os editoriais são
parte de um jornalismo opinativo e o tipo de opinião nele apresentada também vai variar
de um século a outro, assim como vão variar as temáticas que esses textos abordam,
gerando “graus de objetividade” diferenciados em cada época. Os tipos de textos não
constituem, assim, “camisas de força” e as variações de um jornal para outro sempre
irão existir, ainda mais quando se trata de uma imprensa em formação. O que
procuramos é extrair as regularidades e tecer comentários mais gerais a partir da
observação desses textos, embora cientes de toda diversidade que possa existir.
Voltando aos resultados numéricos, pudemos ver que os anúncios do século XX
implementam o uso da anteposição. Uma possível explicação para esse implemento
estaria no fato de os anúncios publicitários terem se tornado, cada vez mais,
“agressivos”, utilizando estratégias discursivas de convencimento dos leitores,
potenciais consumidores dos produtos anunciados.
A criação, praticamente diária, de produtos e serviços que facilitem a vida do ser
humano e o surgimento de empresas que ofereçam esses produtos tiveram de ser
acompanhados também por uma nova mídia que pudesse dar conta de tais avanços,
principalmente pela concorrência que foi sendo criada. Até chegarmos aos dias de hoje,
em que existem profissionais que se dedicam exclusivamente ao mundo do marketing
publicitário, presume-se que tenha sido trilhado um caminho longo desde o “discurso
publicitário” do século XIX.
O que estamos sugerindo é que o fato de a anteposição se ter tornado mais
freqüente nos anúncios do século XX está diretamente relacionado ao novo modo da
mídia tratar um texto destinado à comercialização de produtos, numa sociedade
capitalista de livre concorrência.
Em inícios do século XIX, era possível, inclusive, encontrar anúncios que não
atribuíam, por meio da adjetivação, alguma qualificação ao produto, como o que
transcrevemos abaixo:
Serra, C. R.
55
Anúncio 2
Nome do jornal: Gazeta do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 1808
Seção: Anúncios
Quem quizer comprar huma morada de cazas de sobrado com frente para
Santa Rita falle com Anna Joaquina da Silva, que mora nas mesmas cazas,
ou com o capitão Francisco Pereira de Mesquitas que tem ordem para as
vender.
(Gazeta do Rio de Janeiro/Anúncio/1808)
É claro que esse tipo de texto “seco” não era maioria até mesmo nessa época. A
tendência já era a de se “enfeitar o pavão” na caracterização do produto, como faz um
anunciante, também de huma morada de casas, no Anúncio 3, abaixo, e outro de uma
loja de louça, no Anúncio 4, na mesma época:
Anúncio 3
Nome do jornal: Gazeta do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 1812
Seção: Anúncios
Quem quizer alugar huma morada de cazas térreas na Cidade Nova, novas,
e com bons commodos, e bom quintal, e agoa corrente para lavar roupa,
falle com o Coronel Antonio Alvares de Araujo, morador na Rua São
Pedro, número 6.
(Gazeta do Rio de Janeiro/Anúncio/1812)
Anúncio 4
Nome do jornal: Gazeta do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 1816
Seção: Anúncios
Serra, C. R.
56
Na nova loja de louça, e vidros, na rua das Violas número 22, pertencente a
Francisco Antonio de Almeida, ha para vender modicamente bandejas finas
e differentes pinturas mui agradaveis; assim tão bem chá pérola, Hisson, e
Uchim, de qualidade superior.
(Gazeta do Rio de Janeiro/Anúncio/1816)
Com a observação dos anúncios das últimas fases do século XIX, notamos que
os marqueteiros da época já tinham percebido que a propaganda é alma do negócio e
passaram a utilizar esse discurso carregado de adjetivação valorativa e de anteposição.
Os textos também passam a ser maiores, com mais detalhes sobre os produtos, e passam
a preencher, conseqüentemente, mais espaço na mancha gráfica do jornal. Vejamos o
Anúncio 5, abaixo, da última fase do século XIX:
Anúncio 5
Nome do jornal: A Nação
Rio de Janeiro, 1873
Seção: Anúncios
ALIMENTO PARA CRIANÇAS//Não resta duvida que a Farinha Flôr de
Milho Brown & Polson, e a única substancia pura e innocente para a
alimentação das crianças, cujos delicados órgãos são suceptiveis a crueis
enfermidades, quando lhes é ministrada uma alimentação grosseira e
impropria a tão melindroso organismo! Porquanto, se pretendeis nutrir
vigorosamente a vossos filhinhos com plena confiança de não arruinar-lhes
os tenros intestinos, procurai a Farinha flôr de milho Brown & Polson, que
tem o distinctivo desta marca em cada um de seus pacotinhos de generosa
libra, e que vendem-se em latas de 14 pacotes, envoltas em receitas de
preciosos manjarea a bem estardes prevenidor á boa recepção de vossas
visitas, com mui diminuto dispendio. A verdadeira é aquella que, além do
envoltorio amarelo o circula uma tira de papel de seda./ACHA-SE A
VENDA/NOS PRINCIPAES ESTABELECIMENTOS DE CHÁ,
Serra, C. R.
57
ESPECIARIAS, MOLHADOS E VIVERES/(E MESMO NAS
TABERNAS DOS ARRABALDES).
(A Nação/Anúncio/1873)
Como vimos nas Tabelas 10 e 11, os percentuais de anteposição em anúncios,
embora aumentem do século XIX para o XX, não superam os de posposição neste
último século -- 42% de anteposição versus 58% de posposição --, mas são um
indicador de como a anteposição do adjetivo foi se tornando cada vez mais utilizada
como uma estratégia para a valorização do produto anunciado. No Anúncio 6, abaixo,
anteposição e posposição competem em igualdade de condições, mas, na maioria das
vezes, mesmo nos casos em que os adjetivos aparecem pospostos, como em “apparelho
maravilhoso” e “aplicação facil e commoda”, “mulher “chic””, eles possuem um
sentido avaliativo.
Anúncio 6
Nome do jornal: Correio da Manhã
Rio de Janeiro, 1933
Seção: Anúncios
Antes... “FA-DA” DEPOIS!
Alta novidade par o bello sexo
Com a touca onduladora “FA-DA”, que se vê na gravura acima, obtem-se
a mais perfeita ondulação em 15 minutos. E um apparelho maravilhoso, de
aplicação facil e commoda, adaptavel a qualquer cabeça. Indispensavel no
toucador da mulher “chic”. Accondicionada em uma fina caixinha, a
legitima touca onduladora “FA-DA” é acompanhada de um folheto que
explica o modo de usar, e em cujo cabeçalho se vêm as gravuras deste
annuncio. Exijama legitima “FA-DA”, recusando imitações. A venda nas
perfumarias e Armarinhos em todo o Brasil, a preço de 20$000. Se não
encontrar, mande-nos pelo correio, mediante a remessa da importância ao
gerente geral: P. Schmitz, rua Gen. Camara, 113, sob, sala 17 Rio de
Serra, C. R.
58
Janeiro: “No Rio manda-se entregar em casa, basta telefonar para 3 –
4075.” Recorte e guarde o annuncio.
(Correio da Manhã/Anúncio/1933)
Nos Anúncios 7 e 8, da 3ª e da 5ª fase do século XX, respectivamente, percebe-
se que em muitos casos o substantivo é acompanhado por adjetivos antepostos e
pospostos ao mesmo tempo. Mantém-se, quase sempre, a tendência de os avaliativos
virem precedendo e os descritivos sucedendo o núcleo: “tão apreciadas propriedades
tônicas!”, “maior rede nacional”, “verdadeiro guaraná”, “controle acionário”, “única
empresa”, “rede nacional de fibra ótica”, “mais poderosas empresas”.
Anúncio 7
Nome do jornal: O Globo
Rio de Janeiro, 1955
Seção: Anúncios
Se você quer mesmo o verdadeiro guaraná
beba
GUARANÁ BRAHMA
de delicioso sabor original
porque contém de fato
guaraná natural !
Basta provar o Guaraná Brahma para sentir o gostoso sabor original do
legítimo guaraná, de tão apreciadas propriedades tônicas! Por isso, adultos
e crianças exigem Guaraná Brahma – mais refrescante... e muito mais
saudável!
(O Globo/Anúncio/1955)
Anúncio 8
Nome do jornal: O Globo
Rio de Janeiro, 1998
Seção: Anúncios
Serra, C. R.
59
Telecomunicações
Globalização
Competitividade
(Olha só o tamanho da nossa responsabilidade.)
A maior rede nacional de telecomunicações da América Latina. A melhor
resposta em telecomunicações do Brasil. A única empresa no país com rede
nacional de fibra ótica. E agora, ao completar 33 anos, a Embratel fica
ainda mais moderna e competitiva ao ter seu controle acionário adquirido
pela MCI WorldCom, uma das mais poderosas empresas de
telecomunicações do mundo. A MCI WorldCom é responsável por 25% do
total das comunicações de longa distância nos Estados Unidos. Está
presente em 280 países, com 70 mil funcionários e faturamento de mais de
20 bilhões de dólares por ano. Somente neste ano a Embratel vai investir 1
bilhão de dólares na modernização das nossas telecomunicações. E junto
com a MCI WorldCom vai oferecer mais qualidade, como um novo
portfolio de serviços compatíveis com as necessidades dos clientes.
Como você pode ver, a realidade agora é outra. É muito maior.
EMBRATEL
A EMPRESA BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÕES
(O Globo/Anúncio/1998)
É a partir da perspectiva de mudança estilístico-discursiva dos anúncios que
tentamos explicar o aumento de peso relativo de .44 para .54, do século XIX para o XX,
favorecendo a anteposição do adjetivo, o que não compromete a hipótese mais geral de
diminuição da anteposição, antes reafirma que sua ocorrência está relacionada a
determinados tipos de textos e suas intenções comunicativas. Para não fugir ao lugar
comum, a exceção só confirma a regra.
No que se refere à diminuição dos índices de anteposição em editoriais do século
XIX para o século XX, de .55 para .45, parece ser também determinante o componente
estilístico-discursivo. A observação dos editoriais do século XIX, àquela época
chamados Cartas de Redator, permite concluir que tanto a maneira como se construía o
Serra, C. R.
60
texto, de um ponto de vista muito vezes parcial, quanto as temáticas neles abordadas
foram sendo bastante modificadas ao longo do tempo.
Os editoriais que conhecemos hoje, mesmo fazendo parte de um jornalismo
opinativo, buscam manter um certo distanciamento “afetivo” com relação ao assunto
que está sendo tratado, bem diferente do que acontecia com os textos do século XIX,
principalmente os da 1ª fase. Nos editoriais desta época, encontramos, por exemplo,
discussões abertas entre editorialistas de diferentes jornais. No caso do Editorial 2,
transcrito abaixo, vemos que, sob o pretexto de tratar de assuntos relacionados à
política, “faria carga destas couzas ao Governo”, o redator de Luz Brasileira parte para
o ataque direto ao Sr. Marechal Branco, chamando-o, inclusive, de “hum carcundo
muito carcundão”, “cobra mandada”, e seus comentários no jornal concorrente,
DESPERTADOR, de “carcundismo nojento”. A base de todo conflito, porém, parece
ser o fato de que “o Sr. Marechal Branco distribuio gratis o seu DESPERTADOR
extraordinário, faz-se mui suspeita huma similhante generosidade em hum official
pobre.”. O texto termina com um comentário irônico: “A Bahia he fértil em produzir
boa gente!...”.
Ao que parece, os quadros que compunham o cenário político -- “o Sr. Marechal
só increpou a Assembléa” -- eram também os responsáveis pela imprensa escrita -- “o
Sr. Marechal Branco distribuio gratis o seu DESPERTADOR extraordinário”. Sendo
assim, se utilizavam do jornal para discutir questões que ultrapassavam o domínio do
político e atingiam o individual.
Carta de Redator/Editorial 2
Nome do jornal: Luz Brasileira
Rio de Janeiro, 1829
Seção: Correspondências
Reflexões = Como he certo que o Sr. Marechal Branco dis- / tribuio gratis
o seu DESPERTADOR extraordinário, faz-se mui suspeita / huma
similhante generosidade em hum official pobre. S. S. deve- / rá imprimir o
seu papel em tempo, que podessem ser approvei- / tadas as suas ideias pela
pretérita Camara, ou ao menos devèra / apresentar algum projeto de
Codigo; porque sendo Juiz Velho / e com pratica, e conhecendo a tanta
Serra, C. R.
61
precisão dos Codigos, nin- / guem melhor do que elle, podia desempenhar
esse trabalho. Si / o [n]ao fez, pode-se suppò-lo cobra mandada: em outro
numero nós / [m]esmos faremos reflexões sobre este DESPERTADOR,
suspeito de car- / cundismo nojento; visto que sendo o Governo quem
dispendeu, / segundo disse huma Aurora, mais de quinze milhões de
cruzados / com os imigrados Portugueses, fôra as centenas de milhões para
/ a guerra do Sul, e compra de barcos podres da Inglaterra de que não
precizavamos, & c. e tudo contra o entender da Assem- / bléa Geral; he
evidente que, a não ser hum carcundo muito car- / cundão o Sr. Marechal
Branco, faria carga destas couzas ao Go- / verno, porém nada disso
aconteceu; o Sr. Marechal só incre- / pou a Assembléa; isso não admira no
Sr. Seloríco Beloríco, que / defendeu aqui Luiz do Rego, quando cá veio,
depois da morte / do Senhor Dom João Sexto. A Bahia he fértil em produzir
boa / gente!...
O Redactor
Em fins do século XIX, 3ª fase, ainda era possível encontrar textos de temáticas
particularizantes, que deixavam o coletivo, o social, o econômico, que deveriam ser os
assuntos de interesse do público leitor, em segundo plano. Um exemplo deste tipo pode
ser observado no texto abaixo.
Carta de Redator/Editorial 3
Nome do jornal: Relampago
Rio de Janeiro, 1882
Seção: Cartas da Redação (assinadas pelos redatores Rodopiano Raymundo e Placido de
Abreu)
O Sr. Souto Carvalho
Não respondo as injurias que me / atirou o honrado, o honesto, o vir- /
tuoso Sr. / Souto Carvalho.
Os homens de bem que me conhe- / cem não acreditam no que disse esse /
senhor pela imprensa contra minha / individualidade.
Serra, C. R.
62
É verdade que não foi o senhor / Souto Carvalho que disse, nem es- /
crevendo, nem responsabilisando-se, foi / um José Dias da Costa, embora a
/ assignatura do Sr. Souto Carvalho.
Não sou, nem testa de ferro, nem / nunca tomei a responsabilidade dos /
communicados insertos no Tagarella / contra seu irmão, se fossem de mi- /
nha [pa]lvra assignava-os e honrava pe- / rante os tribunaes a minha
assigna- / tura.
Nunca tive animosidade contra o / Sr. Santa Cruz. Não tenho contra o / tal
Souto Carvalho embora offendido / em minha honra.
Opportunamente discutirei o mons- / truoso processo fazendo o publico /
conhecer a iniquidade da sentença que tive.
É questão que he de ser ventilada / mais tarde, pela imprensa.
Nenhum de nós póde ainda cantar / victoria. A confirmação de minha sem-
/ tença depende ainda do supremo Tri- / bunal da Relação par onde appelo /
cheio de confiança nos rectos anciões / que se sentam nas cadeiras de juizes
/ d’aquelle Egrejo Tribunal.
É possível que em face das provas / que submetti ao juiz que me condem- /
nou e submetteo aos integros desembargadores, que o Sr. Souto Carvalho /
procurador do Sr. visconde de Santa / Cruz, erre nos seus calculos.
A justiça não faz distincção de / pessoas nem seleção de classes, e / cada
um dos honrados anciões d’a- / quele Egrejo Tribunal symbolisa a / Justiça,
representa a Egyde da Lei.
Se não fosse esta confiança que te- / nho nos Juizes brasileiros do Supremo
Tribunal e na justiça que me assiste / não appelaria da sentença, Sr. Souto
Carvalho.
Esperemos, portanto, a final con- / clusão.
A favor de quem será ella?
Só Deus o sabe!
Rodopiano Raymundo
Notemos, nesse editorial do jornal Relampago, de 1882, a utilização abundante
do adjetivo avaliativo na caracterização não só do evento como das pessoas nele
Serra, C. R.
63
envolvidas: “honrado, o honesto, o virtuoso Sr. / Souto Carvalho”, “communicados
insertos”, “monstruoso processo”, “rectos anciões”, “integros desembargadores”,
“honrados anciões”. Podemos observar, ainda, a freqüência com que a anteposição é
utilizada como mecanismo de atribuição de “juízo de valor” ao que está sendo
caracterizado. Chama atenção o uso do adjetivo final, que aparece anteposto ao
substantivo conclusão. Com a anteposição, esse adjetivo ganha uma carga bastante
subjetiva, o que se presta às intenções do redator, que tenta persuadir não só o público,
mas também os “Juizes brasileiros do Supremo Tribunal”, “integros desembargadores”,
“honrados anciões”, de sua inculpabilidade.
Nesse editorial, está expresso o que poderia ser um dos motivos pelos quais esse
tipo de texto deixou de ser tão parcial na crítica que fazia, muitas vezes, inclusive,
citando nominalmente a figura criticada. O fato de os jornalistas começarem o sofrer
processos pelas “críticas injuriosas” que faziam, gerando polêmicas, deve ter inibido um
pouco a tal “liberdade de expressão”, o que pode se ter refletido na moderação de uso de
determinados adjetivos -- os valorativos, certamente -- e na queda de 47% de
anteposição, no século XIX, para 30%, no século XX.
Os textos editorialísticos do século XX passaram a ser mais neutros, imparciais,
embora continuassem a ser opinativos. As temáticas também mudaram, passaram do
âmbito político/pessoal para as de abrangência mais geral, com assuntos que
interessassem mais à coletividade. Segundo Leite (2003: 144): “É daí, pois, que se
depreende o papel que os textos editorialíticos representam de ‘formadores de opinião’
do leitor-cidadão, contribuindo para a consolidação de sua consciência crítica.”
Vejamos o Editorial 4, abaixo, do Jornal do Brasil de 1940:
Editorial 4
Nome do jornal: Jornal do Brasil
Rio de Janeiro, 1940
Seção: Editoriais
Produção de Trigo
Na Conferencia dos Interventores do Sul do país, será assunto de estudos o
problema do trigo, cereal que pode ser produzido, com relativa facilidade,
nos estados cujos governantes ora se reúnem na cidade de Porto Alegre.
Serra, C. R.
64
Para o Brasil, o assunto é da maior relevancia, dado o vulto de nossas
aquisições de trigo. A produção brasileira desse cereal não excede a
170.000 toneladas por ano e compramos perto de um milhão de toneladas.
No volume geral de nossas importações, o trigo representa mais ou menos
10%. Mais de quinhentos mil contos saem assim do Brasil, todos os anos,
quando não nos faltam condições para produzir esse cereal, desde que não
esmoreçam os estudos e as experiencias, para a adaptação dos tipos, que
melhor correspondem as condições e caracteristicas de nosso país.
Temos a impressão de que a Argentina oferece todos os predicados e
elementos, para uma grande produção de trigo. Mas, na Argentina, o triunfo
obtido na produção de trigo está longe de ser uma consequencia exclusiva
de fatores naturais. Quantos estudos e experiencias não foram feitos, para
chegar ás safras atuais? Basta dizer que a região agricola desse país, apta á
produção cerealiferada, se diversifica em diversas zonas, conforme a
distribuição das chuvas.
Não será fóra de proposito lembrar que uma das zonas, sob o ponto de vista
dos indices pluviometricos, recebe de 800 a 1.100 milimetros, outra de 400
a 600 milimetros. Nos Estados Unidos não se encontra, entre a região
humida e a seca, transição tão rapida. Essas diferenças de precipitações
pluviais coincidem com a presença de outros elementos, quando não os
provocam diretamente. Daí concluir um técnico que, se compararmos as
caracteristicas de clima e solo das três regiões fitogeográficas, de ponto de
vista agronomico, que existe o maior contraste entre as duas primeiras e a
ultima. A diferença é tão grande, que se poderia estabelecer uma relação –
no limite entre a planicie pampeana e a Montanha xerófila – como entre
uma região em que o trigo seria cultura segura e outra em que se tornaria
uma cultura precaria, ou arriscada.
Para vencer essas condições, a Argentina teve que realizar estudos e
experiencias. Houve que adaptar variedades de trigo á diversidade de
condições ecologicas, assim como se verificaria o tempo mais conveniente
para as semeaduras e a maneira mais util de orientar o trabalho agricola. O
esforço não se limitaria ao campo. As pesquisas experimentais, tanto
Serra, C. R.
65
oficiais como particulares, se desenvolvem, desde 1924, em estreita
vinculação com o Laboratório de Moagem e Panificação, pois que não
basta encontrar tipos de facil e vantajosa expansão. Cumpre que as
variedades passem pela prova suprema da panificação.
Não temos, no Brasil, a mesmas condições que a Argentina oferece á
cultura do trigo. Mas quem produz 170.000 toneladas de cereal, pode
encarar, com alguma confiança, o problema de atingir a um milhão de
toneladas. Reduz-se o problema a trabalhar scientificamente, sob a
orientação de campos experimentais, sem esquecer os atestados da
panificação.
A ação do Governo está empenhada nesse programa, que deve merecer
aplausos irrestritos. Para conseguir a vitoria devemos apenas fugir ao
desanimo e ao optimismo, pois que um reduziria a capacidade do esforço e
o outro criaria, com o exagero das esperanças, a amargura e a renuncia do
desengano.
Os editoriais continuam utilizando comentários de caráter subjetivo, entretanto,
eles são feitos de forma que o redator se coloque como “porta-voz” da sociedade,
transmitindo o que é, quase sempre, o senso-comum.
Nesse texto, muito mais imparcial, neutro, como temos sustentado, o adjetivo
avaliativo continua tendo lugar, mas percebemos que a carga de subjetividade, de valor
afetivo, nele contida é bem menor do que nos editoriais do século XIX. Vejamos
algumas ocorrências desse tipo de adjetivo no editorial transcrito acima: “relativa
facilidade”, “grande produção”, “transição tão rapida”, “maior contraste”, “cultura
segura”, “cultura precaria”, “tempo mais conveniente”, “maneira mais útil”, “estreita
vinculação”, “facil e vantajosa expansão”, “prova suprema”, “aplausos irrestritos”.
Podemos notar que mesmo esses adjetivos passaram a ocorrer com maior freqüência em
posposição.
O implemento do adjetivo posposto, nesse caso o descritivo, é, praticamente,
uma conseqüência da mudança estilístico-discursiva por que passou o editorial carioca,
já que uma de suas características no século XX é a maior objetividade na transmissão
/discussão das informações nele contidas. No editorial acima, é abundante a utilização
Serra, C. R.
66
do adjetivo descritivo posposto na caracterização dos elementos relacionados ao assunto
tratado, a produção de trigo: “produção brasileira”, “fatores naturais”, “safras atuais”,
“região agricola”, “produção cerealiferada”, “indices pluviometricos”, “região
humida”, “precipitações pluviais”, “regiões fitogeográficas”, “ponto de vista
agronomico”, “planicie pampeana”, “Montanha xerófila”, etc.
Os resultados de Leite (2003), com base no mesmo corpus de editoriais utilizado
aqui, sobre as estratégias argumentativas utilizadas nesses textos, revelam que a época é
um fator fundamental para a aplicação da variante “Argumentação Pura” que se
contrapõe à variante “Argumentação em interação com Narração e Descrição”. Na
conclusão do seu trabalho, Leite (op. cit: 145) atesta que:
- os textos do século XIX apresentaram maior quantidade de trechos
de “argumentação pura”: .78 para a primeira metade e .57 para a
segunda metade deste século. Em oposição, os textos do século XX
apresentaram maior propensão à interação argumentativa com
narração e descrição. Seus pesos relativos, .31 para a primeira
metade e .30 para a segunda metade do século XX, revelaram pouca
quantidade de trechos de argumentação pura.
Se a narração e a descrição passaram a ser privilegiadas em editoriais do século
XX, em detrimento da “argumentação pura”, isso teria uma relação com o aumento dos
índices de adjetivos descritivos. O uso do adjetivo posposto é predominante nos
editoriais dessa época (70%), assim como o adjetivo descritivo passa a ser cada vez
mais utilizado, por conta do seu caráter objetivo. Esses dois elementos, o tipo de
adjetivo e a posição posposta, passam a contribuir para os novos propósitos
comunicativos do editorial carioca “moderno”.
Na próxima seção, examinamos, mais uma vez, a ocorrência de adjetivos
avaliativos e descritivos nos editoriais dos séculos XIX e XX.
6.1.1.1 Da análise qualitativa
Passamos a apresentar nesta seção os resultados obtidos a partir da análise de
adjetivos avaliativos e descritivos em cartas de redatores/editoriais. Interessa-nos
Serra, C. R.
67
observar a distribuição desses adjetivos de acordo com a posição marcada que cada um
venha a ocupar dentro do SN e o que estaria condicionando a ocorrência de cada
adjetivo em tal posição. Como o caráter avaliativo dos adjetivos favorece a anteposição,
como tivemos a oportunidade de ver nos Gráficos 5 e 6, estamos considerando aqui que
sua posição marcada seria a posposta e no caso de adjetivos descritivos, que pouco
favorecem a anteposição, a posição pré-nuclear seria a posição marcada.
Dos 131 adjetivos avaliativos do século XIX, 43 aparecem pospostos. Dos 111
adjetivos descritivos do mesmo século, 14 são antepostos. No corpus do século XX, há
35 adjetivos avaliativos pospostos, de um total de 110, e apenas 6 descritivos antepostos
dos 115. Podemos observar tal distribuição na Tabela 13:
Século XIX
Avaliativos Descritivos
Século XX
Avaliativos Descritivos
Anteposição 88 14 75 6
Posposição 43 97 35 109
Total 131 111 110 115
Tabela 13: Corpus selecionado para a análise de adjetivos em posição marcada,
nos dois séculos / PB
Século XIX
Com a observação dos 43 casos de adjetivos avaliativos que aparecem em
posição marcada, em posposição, verificou-se que 18 são maiores que o núcleo, como
nos exemplos em (46). Nos casos em que havia elemento interveniente entre o núcleo e
o adjetivo, as sílabas desse elemento foram acrescidas às do adjetivo na contagem.
(46)
a- fronte altiva (ODMII/1850)
b- empregado mais attencioso
(ODMII/1850)
c- carcundo muito carcundão
(LB/1829)
d- proposição cathegórica (DRJ/1846)
e- despertador extraordinário (LB/1829)
f- rua mais frequentada (ODM/1850)
g- homens honestos (OBI/1830)
h- males inevitáveis (PRP/1824 - l. 1)
i- verdade muito insignificante (C/1841)
j- cheiro tão nauseante (ODM/1850)
l- cidade pacífica (NT/1844)
Serra, C. R.
68
m- inimigo mais poderoso
(OGIII/1853)
n- cousas sublimes (OP/1822 - l. 20-
21)
o- gêneros superiores (OGII/1853)
p- qualidade muito superior (GRJ/1808
- l. 5)
q- caminhos tortuosos (OBI/1830)
r- meio muito usual (DRJ/1846)
s- homem mais curto (OM/1822 –
l. 15-16)
Sete casos são de adjetivos do mesmo tamanho que o núcleo, exemplos em (47),
e seis adjetivos avaliativos de base participial foram registrados, quatro maiores que o
núcleo e dois de peso igual, em (48) e em (49), respectivamente.
(47)
a- papeluchos anárchicos (OGII/1853)
b- maridos cobardes (CCPLB/1822 - l. 31)
c- fortuna colloçal (OGIII/1853)
d- escândalo inaudito (OGIII/1853)
e- Governo intruso (PRP/1824 - l. 2-3)
f- mundo [novo] (OP/1822)
g- estado perfeito (PRP/1824 - l. 7)
(48)
a- Partido enraivecido (OM/1822 - l. 13-14)
b- alma estragada (FJ/1844)
c- ânimos exaltados (PRP/1824)
d- Macaco humanisado (OP/1822 - l. 21)
(49)
a- Cidadãos honrados (PRP/1824 - l. 3-4)
b- habitantes instruhidos (OP/1822 - l. 11-12)
Apenas 12 adjetivos avaliativos pospostos são menores que o núcleo, exemplos
em (50), embora três sejam de base participial, exemplos em (51).
Serra, C. R.
69
(50)
a- accuzação atroz (OM/1822 - l. 10)
b- theorias estérieis (GRJ/1808 - l. 3)
c- palavras grandes (CCPLB/1822 - l. 4)
d- posição hostil (PRP/1824)
e- compromettimentos incommodos (AA/1869)
f- requisições iníquas (PRP/1824 - l. 9)
g- carcundismo nojento (LB/1829)
h- prejuízos vulgares (OG/1853)
i- estabelecimento pio (AA/1869)
(51)
a- agricultura atrazada (CCPLB/1822 - l. 11)
b- ministro honrado (OGII/1853)
c- Humanidade opprimida (OM/1822 - l. 1)
Tomando-se como base a noção de complexidade estrutural, fica explicada a
ocorrência dos adjetivos em posição marcada, já que em 72% dos casos os adjetivos são
mais longos ou do mesmo tamanho do núcleo, portanto complexos. Mesmo entre os 12
adjetivos menores que o núcleo, 3 são de base participial, o que reduz a possibilidade de
anteposição.
A ocorrência de adjetivos descritivos em posição marcada é bastante reduzida se
comparada à de adjetivos avaliativos. Isso talvez se explique pelo fato de a anteposição
desses adjetivos ser “duplamente marcada”. A posposição já é, independente do tipo de
adjetivo, a posição não marcada por apresentar altas taxas de freqüência, e, em se
tratando de adjetivos descritivos, é ainda mais rara a possibilidade de anteposição.
Portanto, já era esperado que o número de adjetivos descritivos a ocupar essa posição
fosse bastante reduzido. Verificamos, então, que fatores estariam motivando a
ocorrência desses adjetivos em posição marcada.
Adjetivos menores que o núcleo têm maior possibilidade de aparecer em posição
pré-nuclear. Em três ocorrências registradas no corpus, os adjetivos descritivos
apresentam essa característica, exemplos em (52).
Serra, C. R.
70
(52)
a- final conclusão (R/1822 - l. 27)
b- actual administração (OGVI/1853)
c- atual Sr. Ministro da guerra (C/1841)
As onze ocorrências restantes estão distribuídas da seguinte forma: quatro
adjetivos do mesmo tamanho que o núcleo, exemplos em (53), três adjetivos maiores
que o núcleo, em (54), e quatro adjetivos de base participial, 3 maiores, em (55), e um
do mesmo tamanho do núcleo, (56).
(53)
a- competente documento (DRJ/1846)
b- competente pagamento (OGVII/1853)
c- presente matéria (PRP/1824)
d- antigo provérbio (OGIII/1853)
(54)
a- Imperial Nome (OGIII/1853)
b- pequenos quintaes (ODM/1850)
c- pretérita Camara (LB/1829)
(55)
a- citada Ley (OM/1822 - l. 8)
b- mencionado sargento (NT/1844)
c- illustrado jornal (DN/1870)
(56) seguinte artigo (OP/1859)
Esses casos de anteposição contrariam as expectativas, principalmente os em
(55), que correspondem a adjetivos descritivos, maiores que o núcleo e de base
participial. São casos em que a escolha pela posição não se deu em função de nenhum
dos fatores controlados.
Serra, C. R.
71
Século XX
Em termos percentuais praticamente não houve mudança no comportamento dos
adjetivos avaliativos nos corpora analisados. No século XIX, 33% dos adjetivos
avaliativos ocupavam a posição pós-nuclear, e no XX, 32%, a diferença sendo quase
nula. O número de adjetivos descritivos em anteposição, embora já fosse baixo no
corpus do século XIX, ainda é mais reduzido no século XX. Do universo de 110 dados
de adjetivos descritivos em editoriais do século XIX, 11,8% eram antepostos. Dos 115
dados do século XX, apenas 5,2% eram antepostos. Esses resultados confirmam a
tendência de fixação da posposição como posição não marcada.
Dentre os adjetivos avaliativos pospostos, 16 são maiores que o núcleo,
exemplos em (57), e sete do mesmo tamanho do núcleo, em (58).
(57)
a- bem comum (O Fluminense-1924/6)
b- ano crítico (Correio da Manhã-
1901/3) (3 vezes)
c- classes conservadoras
(O Fluminense-1924/5) (2 vezes)
d- linha corretíssima (Correio da
Manhã-1901/1)
e- idéias muito diversas (Correio da
Manhã-1901/4)
f- applauso enthusiástico (Correio da
Manhã-1901/1)
g- soluções favoráveis (O Fluminense-
1924/6)
h- apoio hypócrita (Correio da Manhã-
1901/3)
i- bem geral (O Fluminense-1924/6)
j- pontos importantes (Correio da
Manhã-1901/4)
l- provas inconcussas (Jornal do
Brasil-1913/7)
m- homem innocente (Correio da
Manhã-1901/2)
n- serviços relevantes (Jornal do
Brasil-1913/7)
Serra, C. R.
72
(58)
a- variações accidentaes (Correio da Manhã-1901/3)
b- alterações muito grandes (Correio da Manhã-1901/3)
c- trabucos ordeiros (Correio da Manhã-1901/1)
d- jornalismo optimista (Correio da Manhã-1901/1)
e- candidacto predilecto (Correio da Manhã-1901/4)
f- desordens profundas (Correio da Manhã-1901/3)
g- bálsamo suave (Correio da Manhã-1901/1)
Foram registrados quatro casos de adjetivos avaliativos de base participial em
posposição, três maiores que o núcleo, em (59), e um menor que o núcleo (60).
(59)
a- corações bem formados (Correio da Manhã-1901/1)
b- anno perdido (Correio da Manhã-1901/4)
c- exemplo bem frisante (O Fluminense-1924/6)
(60) agitação brilhante (Correio da Manhã-1901/3)
Como já foi dito, a junção dos traços maior peso em relação ao núcleo e base
participial contribuem para a posposição do adjetivo, mesmo sendo ele avaliativo.
Oito adjetivos são menores que o núcleo, em (61).
(61)
a- naturalidade compadresca (Correio da Manhã-1901/1)
b- indifferença cruel (Correio da Manhã-1901/2)
c- jornalistas ordeiros (Correio da Manhã-1901/2)
d- modificações radicaes (Correio da Manhã-1901/3)
e- conseqüências intensas (Correio da Manhã-1901/3)
f- administração inferior (Correio da Manhã-1901/3)
g- entendimento claro (O Fluminense-1924/5)
h- auxílio mutuo (O Fluminense-1924/5)
Serra, C. R.
73
Os seis casos de adjetivos descritivos antepostos estão assim distribuídos: dois são
menores que o núcleo, (62), dois são do mesmo tamanho, sendo um deles de base
participial, (63), e dois são maiores, (64).
(62)
a- eternos inimigos (Correio da Manhã-1901/1)
b- único prêmio (Correio da Manhã-1901/1)
(63)
a- respectivos estatutos (O Fluminense-1924/6)
b- forradas poltronas (Correio da Manhã-1901/1)
(64)
a- respectivos patrões (O Fluminense-1924/5)
b- equitativa partilha (Diário da Noite-1932/13)
6.2.1 Português europeu
Além dos grupos de fatores selecionados para o português brasileiro nos dois
séculos -- a natureza do adjetivo, a dimensão do adjetivo em relação ao núcleo, o
tipo de base, a época e o tipo de texto -- foi ainda selecionada, para o português
europeu, a materialidade do núcleo, na ordem de seleção que passaremos a apresentar.
O input geral das rodadas do português europeu, em função da anteposição, é de
.38 no século XIX e de .33 no século XX.
A mesma tendência de diminuição de anteposição do século XIX para o século
XX verificada no PB é também constatada no PE, evidenciando o fato de a fixação da
ordem posposta do adjetivo no SN ser uma característica do português em geral.
Os valores do input geral das rodadas de cada século, entretanto, se diferenciam
de uma variedade para outra, embora essa diferença não seja grande. O português
brasileiro apresenta um maior favorecimento à anteposição no século XIX que o
português europeu, .43 e .38, respectivamente. O mesmo ocorre no século XX: o input
geral da rodada do PB é de .37, enquanto o do PE é de .33.
Serra, C. R.
74
A variável independente época foi o quarto grupo de fatores selecionado no
século XIX e o terceiro no século XX. Ao analisarmos os pesos relativos de cada
século, veremos qual a distribuição da anteposição de acordo com as fases e em co-
atuação com os demais grupos no nível de seleção.
Assim como para o português brasileiro, e em todas as outras rodadas que foram
feitas em etapas anteriores deste trabalho, a variável independente tipo de adjetivo foi a
primeira a ser selecionada pelo programa como relevante para a determinação da ordem.
Nas Tabelas 14 e 15, podem ser observados os percentuais de anteposição e
posposição de adjetivos avaliativos e descritivos nos séculos XIX e XX,
respectivamente.
Avaliativo Descritivo
Anteposição 234/368 64 394/1298 30
Posposição 134/368 36 904/1298 70
Oco/total % Oco/total %
Tabela 14: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo
Século XIX / PE
Avaliativo Descritivo
Anteposição 270/467 58 356/1436 25
Posposição 197/467 42 1080/1436 75
Oco/total % Oco/total %
Tabela 15: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo
Século XX / PE
Em termos percentuais, a distribuição de adjetivos avaliativos em posição pré e
pós-nuclear no PE é semelhante à do PB. Observa-se, tanto em uma quanto em outra
variedade, a diminuição de uso de adjetivos avaliativos em anteposição, no século XX.
Entre os percentuais de adjetivos descritivos em anteposição, entretanto, há uma
diferença entre o PB e o PE. O PE apresenta percentuais mais altos de anteposição
desses adjetivos que o PB: 30% vs 12%, no século XIX, e 25% vs 4%, no século XX,
respectivamente.
Serra, C. R.
75
Os valores de peso relativo retirados do nível de seleção de cada rodada
confirmam os percentuais. Nos Gráficos 7 e 8 abaixo, verificamos que o adjetivo
avaliativo é o que mais favorece a anteposição, com peso relativo de .76, no século
XIX, e .74, no século XX, valores idênticos aos do PB. Porém, enquanto no PB os
adjetivos descritivos apresentavam baixo índice de favorecimento à anteposição -- .19,
no século XIX, e .11, no século XX --, o PE apresenta um peso relativo de .42, nos dois
séculos, valor consideravelmente mais alto que os do PB.
0,42
0,76
0
0,2
0,4
0,6
0,8
Descritivo Avaliativo
Anteposição de acordo com o tipo de
adjetivo
0,42
0,74
0
0,2
0,4
0,6
0,8
Descritivo Avaliativo
Anteposição de acordo com o tipo de
adjetivo
Gráfico 7: Peso relativo de aplicação da regra Gráfico 8: Peso relativo de aplicação da regra
de anteposição, século XIX / PE de anteposição, século XX / PE
Talvez essa diferença se deva ao corpus analisado, ou seja, pelo fato de os
anúncios e editoriais lisboetas terem características distintas das dos anúncios e
editoriais cariocas, representantes de uma imprensa escrita mais “jovem”, que foi
construindo características próprias a partir de 1808, quando aqui foi instalada, por
ocasião da vinda da corte real portuguesa.
O estudo de Leite (2003) dá uma idéia bastante precisa do quanto os editoriais
cariocas do século XX são diferentes dos do século anterior. Segundo a autora, os textos
do século XIX apresentavam mais trechos com “argumentação pura” do que os textos
do século XX, que apresentavam maior interação entre argumentação, narração e
descrição. Um estudo desse tipo que leve em conta o mesmo corpus do português
europeu talvez mostrasse uma possível diferença, o que por enquanto não se pode
afirmar.
Serra, C. R.
76
No que se refere especificamente à anteposição do adjetivo, os resultados que
analisaremos, sobre os tipos de textos, nos darão alguma informação a mais para o
confronto entre as duas variedades do português e as características de cada texto, em
cada século.
Em (65), damos exemplos de adjetivos avaliativos (a) e descritivos (b) no século
XIX e em (66), no século XX.
(65) a- Os acontecimentos de Hespanha são de sua natureza tão importantes, e
para nós os portuguezes de tão grave transcendencia, que julgamos dever nosso
excitar sobre elles a attenção publica. (Editorial – Correio de Lisboa/1841)
b- Emprestimos sobre penhor de títulos da divida publica portuguesa, e de
obrigações da Companhia Geral do Credito Predial Portuguez, a juro de 4 ½ 0/0
ao anno. (Anúncio – Correio da Manhã/1887)
(66) a- ESTABELECIMENTO, mercearia, ceriaes e diferentes artigos na
margem sul, comercio por grosso e a retalho, com grande futuro, devido á sua
bela instalação e local. (Anúncio – Diário de Notícias/1915)
b- A sociedade ocidental olhou-se ao espelho, nos dias que se seguiram à trágica
morte da Princesa de Gales, e não gostou do que viu. (Editorial –
Expresso/1997)
O condicionamento fônico, ou seja, a dimensão do adjetivo, sua saliência fônica
com relação ao substantivo, também se mostrou um importante elemento para a escolha
da ordem no PE. Esse grupo de fatores foi o segundo a ser selecionado nos dois séculos.
Nas Tabelas 16 e 17, apresentam-se os percentuais de anteposição e posposição de
acordo com o peso fônico do adjetivo, nos séculos XIX e XX, respectivamente.
> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo
Anteposição 223/771 29 129/368 35 276/527 52
Posposição 548/771 71 239/368 65 251/527 48
Oco/total % Oco/total % Oco/total %
Tabela 16: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do adjetivo
Século XIX / PE
Serra, C. R.
77
> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo
Anteposição 178/811 22 139/484 29 309/608 51
Posposição 633/811 78 345/484 71 299/608 49
Oco/total % Oco/total % Oco/total %
Tabela 17: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do adjetivo
Século XX / PE
Os percentuais de anteposição e posposição do adjetivo levando em conta sua
dimensão indicam, de um modo geral, que PB e PE seguem a mesma tendência.
Também no PE, adjetivos maiores que o núcleo -- exemplo em (67) -- e os de mesma
extensão -- exemplo em (68) -- aparecem com menor freqüência antepostos, tanto no
século XIX quanto, e principalmente, no século XX, como podemos vislumbrar nas
tabelas acima.
Os adjetivos menores que o núcleo, porém, se dividem entre as posições
anteposta e posposta, nos dois séculos, apresentando percentuais bastante próximos,
embora a anteposição seja levemente privilegiada, 52%, no século XIX, e 51%, no
século XX -- exemplos em (69). Para o português brasileiro, registramos um percentual
mais alto no século XIX, 62%.
(67) he precizo que reunidos formemos uma barreira inexpugnavel contra o
despotismo... (Editorial – Gazeta de Portugal/1822)
(68) As três fórmulas de Embryodine, sabiamente doseadas, para cada ciclo da
vida, estão estudadas para a maioria do tipo de mulheres portuguesas e seus
desarranjos estéticos. (Anúncio – Diário de Notícias/1951)
(69) a- e pretende empregar contra as exigencias novas, os velhos processos
historicos... (Editorial – O Século/1884)
b- Papelaria com grande tipogragia com uma grande clientela e de bom futuro,
numa das principais ruas da Baixa. (Anúncio – Diário de Notícias/1936)
Na análise dos pesos relativos, percebe-se que o favorecimento de adjetivos
menores que o núcleo à anteposição, já observado para o PB, também ocorre no PE,
embora os percentuais brutos tivessem indicado uma pequena diferença entre as
variedades, no que se refere a esses adjetivos.
Serra, C. R.
78
Quando levados em conta os demais grupos de fatores que se entrecruzam no
nível de seleção apontado pelo programa, temos que a menor complexidade do adjetivo
é um importante fator para sua ocorrência em posição pré-nuclear -- como se observa na
Tabela 18 a seguir -- atingindo, tanto no PB quanto no PE, valores superiores a .60.
Tanto os adjetivos maiores quanto os de mesmo tamanho que o núcleo passam a
ter menor peso para a aplicação da anteposição no século XX, como já observado em
termos percentuais.
> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo
Século XIX .40 .48 .65
Século XX .38 .46 .68
P.R P.R P.R
Tabela 18: Peso relativo da anteposição de acordo com a dimensão do adjetivo,
nos dois séculos / PE
Época e tipo de texto se alternaram em terceiro e quarto lugares como grupos a
serem selecionados para o favorecimento da anteposição nas rodadas dos séculos XIX e
XX.
Seguindo a ordem cronológica, apresentaremos o terceiro grupo a ser
selecionado no século XIX, tipo de texto, conjuntamente com os resultados do século
XX, em que essa variável foi selecionada como o quarto grupo.
Pelo que temos observado, PB e PE seguem a mesma direção, no que se refere à
fixação da ordem posposta do adjetivo, que foi sendo determinada ao longo dos séculos.
Não há muita diferença entre as duas variedades, principalmente em termos de peso
relativo, que é o indicador mais preciso, pois leva em conta a interação de todas as
variáveis, lingüísticas e extralingüísticas, que estariam favorecendo um determinado
uso.
Talvez a diferença mais sensível entre os resultados do PB e do PE esteja na
utilização da anteposição de acordo com o tipo de texto. No que se refere aos anúncios,
ao contrário do que ocorre no PB, o PE implementa o uso do adjetivo posposto no
século XX e, conseqüentemente, reduz o uso da anteposição, seguindo a tendência geral
da língua. Da Tabela 19, depreende-se um percentual de 43% de anteposição em
anúncios no século XIX, reduzido para 35% no século XX (Tabela 20).
Serra, C. R.
79
Anúncio Carta de Redator/ Editorial
Anteposição 372/863 43 256/803 32
Posposição 491/863 57 547/803 68
Oco/total % Oco/total %
Tabela 19: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto
Século XIX / PE
Anúncio Carta de Redator/ Editorial
Anteposição 347/985 35 279/918 30
Posposição 638/985 65 639/918 70
Oco/total % Oco/total %
Tabela 20: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto
Século XX / PE
Essa diminuição de uso da anteposição em anúncios também foi constatada na
observação dos valores de peso relativo, porém com menos expressividade que nos
percentuais brutos de freqüência.
Embora o tipo de texto anúncio continue favorecendo mais a ocorrência da
anteposição que os editoriais (Tabela 21), por conta das diferentes intenções
comunicativas de cada texto, como vimos sustentando, há uma redução de .59, no
século XIX, para .54, no século XX, de aplicação da anteposição nesse tipo de texto.
Anúncio Carta de Redator/
Editorial
Século XIX .59 .41
Século XX .54 .45
P.R P.R
Tabela 21: Peso relativo da anteposição de acordo com o tipo de texto,
nos dois séculos / PE
Em termos de freqüência, o aumento do uso da posposição em editoriais do PE é
tímido do século XIX para o XX, de 68% para 70% (cf. Tabelas 19 e 20), mantendo-se
praticamente os mesmos índices percentuais nos dois séculos. Os valores de peso
relativo, entretanto, indicam ligeiro aumento de anteposição no século XX, o que não
Serra, C. R.
80
pode ser considerado como uma mudança/alteração significativa, já que os percentuais
são muito próximos, em uma época e em outra, e a variação de peso relativo é mínima.
Nesse caso, poderíamos supor que o “estilo” do editorial português não teria tido
grandes mudanças de um século para outro, talvez por fazer parte de uma imprensa mais
antiga, em que os redatores já teriam fixado seu modo de expor, informar ao leitor
assuntos referentes à sociedade, tendo ainda o papel de formadores de opinião, o que só
aconteceu nos editoriais brasileiros recentemente, como comentamos na seção anterior.
A língua, entretanto, não é algo fixado a priori e sim é criada pari-passu ao
momento de comunicação. Nesse sentido, não se pode sempre relacionar,
generalizadamente, determinados usos a um determinado tipo de texto, pois cada autor
tem características próprias que deixa ver através do que escreve, embora a tendência
seja a de se seguir um padrão, quando se trata do mesmo tipo de texto.
Assim, o editorialista português do século XIX, principalmente da primeira
metade, também se envolvia mais com o texto que produzia, como o editorialista
brasileiro, do que o do século subseqüente. Essa conclusão pôde ser tirada a partir de
observações mais sistemáticas dos textos e a partir da voz dos próprios editorialistas,
como é o caso do que escrevia no jornal “O Século”, na segunda metade do século XX:
Até aos meados do século XIX a Imprensa teve o caráter vincado
da doutrinação, do exame de ideias por meio de uma crítica
constante e segura; e a informação, a notícia, era simples
complemento. Com a sua revolução jornalística, Émile Girardin
tornou o jornal diário um órgão essencialmente divulgador de
acontecimentos, levando-o da projecção nacional à universal. Só
assim os de um país conseguiram saber com amplitude e
segurança como eram as outras nações e o que nos seus territórios
se passava. (Editorial – O Século/1961)
Esse envolvimento, entretanto, não diz respeito a aspectos de sua
individualidade, pelo que temos notado, mas sim ao fato de o redator se incluir entre os
cidadãos favorecidos por uma benfeitoria (cf. Editorial 6, a seguir) ou prejudicados por
alguma mazela social. Esses editorialistas, em sua maioria, não discutiam, já no século
Serra, C. R.
81
XIX, intrigas pessoais utilizando o jornal como veículo, o que faziam era “uma crítica
constante e segura” partindo de questões públicas mais gerais. O fato de o redator de
alguma forma atribuir um questionamento crítico ao que escreve, mais ou menos velado
a depender da época, é o que diferencia os textos editoriais dos de notícias.
Vejamos o que a redação do Diário de Notícias de Lisboa se propõe a fazer na
seção dedicada aos editoriais, já no século XIX:
Editorial 5
Nome do jornal: Diário de Notícias
Lisboa, 1864
Seção: Editorial
Ao Publico
A publicação que hoje emprehendemos, convencidos da sua necessidade e
utilidade, visa a um unico fim: - interessar a todas as classes, ser accesivel a
todas as bolsas, e comprehensivel a todas as intelligencias.
O DIARIO DE NOTICIAS – o seu titulo o está dizendo – será uma
compilação cuidadosa de todas as noticias do dia, de todos os paizes, e de
todas as especialidades, um noticiario universal. Em estylo facil, e com a
maior concisão informará o leitor de todas as occorrencias interessantes,
assim de Portugal como das demais nações, reproduzindo á ultima hora
todas as novidades politicas, scientificas, artisticas, litterarias,
commerciaes, industriaes, agricolas, criminaes e estatisticas, etc.
Eliminando o artigo de fundo, não discute politica, nem sustenta polemica.
Registra com a possivel verdade todos os acontecimentos, deixando ao
leitor, quaesquer que sejam os seus principios e opiniões, o commental-os a
seu sabor. Escripto em linguagem decente e urbana, as suas columnas são
absolutamente vedadas á exposição dos actos da vida particular dos
cidadãos, ás injurias, ás allusões deshonestas e reconvenções insidiosas. É
pois um jornal de todos para todos – para pobres e ricos de ambos os sexos
e de todas as condições, classes e partidos.
Todos os paizes illustrados possuem publicações d’este genero, e
nomeadamente a Inglaterra, a França, a Belgica, e ainda a nossa visinha
Serra, C. R.
82
Hespanha, publicações que teem attrahido consideravel numero de
sympaqthias, leitores e subscriptores. A idéa não é pois original nossa,
senão imitada ou traduzida, como melhor quizerem, para preencher uma
notavel lacuna do nosso jornalismo. E os meios de publicação que a
empreza do DIARIO DE NOTICIAS adopta, embora pareçam singulares,
são tambem uma copia fiel do que usa n’esses paizes onde se
comprehendem e exploram todos os meios de publicidade.
O programa do DIARIO DE NOTICIAS está posto em acção no seu
primeiro numero. A empreza não faz senão uma promessa, e é, que buscará
corresponder á confiança popular, e ser grata ao favor com que espera ver
acolhida a sua idéa, operando gradualmente todos os melhoramentos que a
experiencia lhe for aconselhando.
A promessa do Diário de Notícias em 1864 de informar o leitor “de todas as
occorrencias interessantes, assim de Portugal como das demais nações, reproduzindo á
ultima hora todas as novidades politicas, scientificas, artisticas, litterarias,
commerciaes, industriaes, agricolas, criminaes e estatisticas, etc” [grifo nosso], sem
discutir política nem sustentar polêmica, deixando que o leitor tirasse suas próprias
conclusões, a partir do exposto, não admitindo, ainda, “exposição dos actos da vida
particular dos cidadãos, ás injurias, ás allusões deshonestas e reconvenções insidiosas”
parecia não ser novidade, já que jornais publicados anteriormente a essa data já traziam
ao público leitor informações de interesse geral, mesmo não tão isentas quanto
prometiam, como é o caso do editorial que transcrevemos a seguir (Editorial 6) cujo
tema é a melhoria das estradas em Portugal para a facilitação da comunicação e do
trânsito no país. O mesmo não ocorria com grande parte dos textos editoriais da
imprensa brasileira da mesma época, que privilegiavam, por assim dizer, temas mais
“polêmicos”. Contudo, a imprensa de aquém e de além mar soube operar
“gradualmente todos os melhoramentos que a experiencia lhe for (foi) aconselhando”.
Como pudemos ver, ao comentarmos os editoriais cariocas do século XIX,
aquele era um espaço muito mais para discussões e intrigas de cunho pessoal, salvo as
exceções, do que propriamente um texto que se preocupasse em conscientizar os
leitores/cidadãos do que acontecia na sociedade da época.
Serra, C. R.
83
A imprensa lisboeta já estava àquela altura, em inícios do século XIX, mais
preocupada, na maioria das vezes, em discutir, não sem algum grau de parcialidade, os
acontecimentos da sociedade do que propriamente imputar-lhes algum “juízo de valor”
mais particular, deixando que o público leitor o fizesse.
A observação dos documentos e os resultados aqui obtidos confirmam a suspeita
de os editoriais do século XIX do português europeu não serem tão distintos dos do
século subseqüente. Comparem-se os Editoriais 6 e 7 transcritos abaixo, o primeiro do
século XIX, 1ª fase, como já mencionado, e o segundo do século XX, 4ª fase.
Editorial 6
Nome do jornal: Gazeta de Portugal
Lisboa, 1823
Seção: Editorial
Uma das mais notaveis indicações, e a que produziria palpavelmente o
maior bem se viesse a sanccionar se a sua doutrina, he sem dúvida a
aprezentada pelo Sr. Deputado João Victorino em Sessão de 5 de Dezembro
proximo preterito. Tem ella por objectivo a melhoria das estradas para a
facilidade da communicação, e transito de pessoas e coizas. A utilidade que
resultaria á Nação deste transito facil, salta á primeira vista; e a experiencia
dos outros povos que gozam desta inapreciável comodidade, ao mesmo
tempo que visivelmente abona todos os sacrifícios que se podessem fazer
para alcança-la, nos dispensa de longos raciocionios. N’um paiz de tão
pequena extensão como he o nosso Portugal, quazi he uma das maiores
emprezas que se possam commetter, a jornada de uns confins do Reino a
outros, ou mesmo á Capital: impedindo-se assim o conhecimento e trato
dos Cidadãos, e até a celeridade das disposições do Governo. Um meio se
offerece agora para obviar parte destes inconvenientes.
Chegou a nosso conhecimento que se aprezentara ao Governo um plano
proposto por estrangeiros (os nossos Nacionaes não propõem planos em
que se despenda dinheiro) para pôr as estradas em estado de se conduzirem
n’uma carroagem malas, e pessoas desde Lisboa ao Porto e Badajoz, á
maneira da Inglaterra e França, com igual velocidade (parece que em 24
Serra, C. R.
84
horas contadas, daqui a qualquer das duas Cidades); com condições,
segundo o que entendemos, muito moderadas, e mui interessantes ao paiz.
Esperamos que o nosso Governo não permittirá que a Nação se veja privada
de tão essencial benefício: podendo saber que a Inglaterra deve a sua
prosperidade, e grandeza á facilidade da communicação; e ninguem ignora
quão atrazados nós estamos nestas coizas. Que o Ministerio proponha este
mesmo plano com as mesmas dimensões a algum dos nossos Capitalistas, e
se tiverem o patriotismo de o levarem a effeito, mui satisfatorio será á
Nação; porém que, se elles não forem capazes de o emprehender, se não
deixe escapar uma occasião de tamanho beneficio e proveito, não se
devendo perder um momento de aceitar as proposições razoaveis destes
estrangeiros – e que nos deixemos de pequeninos ciumes. O que he útil, e
necessario deve aproveitar-se, venha donde vier. Outro dia voltaremos
sobre este objecto.
Editorial 7
Nome do jornal: O Século
Lisboa, 1969
Seção: Editorial
AS DUAS FRENTES
Os ataques chineses nas margens do rio Ussuri, dos quais resultou a morte
de algumas dezenas de soldados soviéticos, são um acontecimento que
relega para segundo plano os restantes, considerados relevantes, ocorridos
na cena internacional no primeiro trimestre deste ano. As manifestações
que se organizaram em Pequim e Moscovo, para lhe dar mais nítido
significado, foram demonstrações sobre as quais é impossível ter dúvidas.
Os dois grandes do comunismo dificilmente se envolverão num conflito
que lhes seria fatal. A confrontação do poderio atómico russo com as
massas chinesas não está para amanhã e é provável que não chegue nunca.
A história das relações entre os dois povos ensina que incidentes de maior
ou menor envergadura, sempre se registraram em regiões fronteiriças mal
delimitadas e sujeitas a intermitente contestação. Apesar destas reservas, é
Serra, C. R.
85
legítimo invocar a violência dos combates, e a linguagem dos contendores
deve considerar-se como sintomas de uma tensão crescente e de uma
recíproca agressividade em curva descendente. As sucessivas conferências
de representantes dos países e partidos comunistas, planeadas ou em via de
realização, constituem sintomas e confirmação de uma situação crítica para
a qual não se vê remédio a curto prazo. No Ocidente, daquilo que, no
período mais crítico da guerra fria, se chamava o monólito comunista, o
Pacto de Varsóvia é uma sobrevivência inútil. A Iugoslávia, a Albânia, a
Checoslováquia e a Roménia desafiam o centralismo soviético e negam a
sua viabilidade. O marechal Yakubovski, comandante supremo das forças
desse Pacto, sabe que os seus planos devem ter em conta uma retaguarda
explosiva que, em caso de guerra, seria para ele um motivo de preocupação
maior do que aqueles que teria de resolver para vencer, com êxito, a
resistência das nações ocidentais. A teoria de “soberania limitada”,
inventada por Breshnev para justificar a ocupação da Checoslováquia,
contribuiu mais para desacreditar a União Soviética do que todas as
campanhas de propaganda dos seus inimigos ocidentais. O drama
checoslovaco ainda não acabou, embora sejam esclarecedores os seus
ensinamentos...
Dentro do exposto, a relação entre a utilização da posposição do adjetivo,
normalmente o descritivo, e a função do editorial de introduzir o leitor em temáticas
mais coletivas, abordando o aspecto econômico, político e social das nações, parece ter
se tornado cada vez mais estreita, da mesma forma que é estreita a relação entre a
anteposição do adjetivo, principalmente o avaliativo, e as características dos editoriais
cariocas do século XIX, de temáticas mais particulares, com maior carga de opiniões
pessoais subjetivas.
Em prol da conscientização coletiva, entretanto, também se lançam os
editorialistas dos jornais europeus do século XX (cf. Editorial 8, a seguir), a fim de
denunciar certas “jogadas” políticas. O editorialista tem, ao mesmo tempo, a função de
informar e “abrir os olhos” dos leitores para o que se passa, para que a partir daí este
Serra, C. R.
86
possa formar uma opinião, assumir determinados posicionamentos, etc, com base na
reflexão daquilo que lhe é exposto.
Editorial 8
Nome do jornal: Expresso
Lisboa, 1997
Seção: Editorial
Mau tempo na política
PERANTE as tempestades que martirizaram o país nas últimas semanas,
alguns políticos reagiram da forma mais desastrosa possível: tentaram
aproveitar os efeitos do mau tempo – as cheias, as derrocadas, as mortes –
para fins políticos.
Ora as catástrofes que ocorreram em Portugal foram o produto combinado
de erros acumulados ao longo de anos e de condições climáticas
excepcionais.
Procurar um culpado, descobrir um bode expiatório, é certamente cómodo –
mas não é justo.
Apontar o dedo acusador a este ou àquele presidente da Câmara, a este ou
àquele responsável deste ou daquele serviço, pode parecer politicamente
conveniente – mas não é sério.
E, a prazo, também não rende.
O oportunismo político pode compensar no imediato, mas é um mau
investimento para o futuro.
Mais cedo ou mais tarde acaba por se desmascarar – concorrendo para o
descrédito da classe política.
SIGNIFICA isto que, nestes dias de mau tempo, os políticos perderam mais
alguns pontos.
E perderam-nos – note-se – numa ocasião em que tinham uma ótima
oportunidade para recuperar algum crédito.
De facto, perante a desgraça que se abateu sobre várias zonas do país,
poderiam ter dado as mãos e oferecido aos portugueses um espetáculo de
unidade e solidariedade.
Serra, C. R.
87
Dirigentes dos vários partidos poderiam ter-se associado na ajuda às
populações atingidas.
A oposição poderia ter manifestado a sua disponibilidade para colaborar
com o Governo – e o Governo poderia ter aceite com humildade a ajuda
que a oposição lhe pudesse dar.
Numa palavra, a classe política poderia ter deixado claro que aquilo que a
une – os interesses dos portugueses – é mais importante do que o que a
desune.
O QUE aconteceu, porém, foi exactamente o contrário.
Em vez de darem as mãos, os políticos levantaram as vozes para trocarem
acusações entre si.
Ficámos, assim, a saber que continuam mais preocupados com as suas
rivalidades do que com as dificuldades dos cidadãos.
Confirmámos a suspeita de que a luta pelo poder os motiva mais do que a
resolução dos problemas do país.
O texto editorialístico carioca parece ter se “profissionalizado” com o passar do
tempo, assim como a “voz” do jornal que ele representava, e se tornou, ao que tudo
indica, mais parecido com o veterano editorial lisboeta. Esse pode ser o começo para a
explicação dos resultados divergentes de anteposição em editoriais brasileiros e
portugueses em cada século. A partir dessa discussão, ainda embrionária, levantam-se
alguns indícios que podem ou não ser confirmados com trabalhos que se dediquem ao
estudo mais detalhado desses textos.
As modificações tanto quantitativas (cf. Tabelas 12 e 21) quanto qualitativas que
teriam se dado entre os tipos de textos, tanto anúncios quanto editoriais, no português
europeu do século XIX para o XX são menores e de natureza diferente das que se
processaram no português brasileiro. O que se tem confirmado é que a estratégia de
(não)uso da anteposição vai também acompanhar essa transformação dos propósitos
comunicativos de cada texto e a configuração do texto jornalístico que se conhece hoje,
globalizado, padronizado.
Pondo não um ponto final, mas reticências no que respeita às características dos
tipos de textos tratados aqui, partimos para a análise do grupo de fatores época,
Serra, C. R.
88
selecionado, como já se disse, em quarto lugar, no século XIX, e em terceiro, no século
XX.
Esse grupo de fatores não havia sido selecionado na rodada do século XIX no
português do Brasil, mas os percentuais de anteposição desse corpus serão reproduzidos
aqui para que possamos comparar, pelo menos em termos de freqüência, esses valores
com os do PE. Na primeira fase do século, a anteposição totaliza 42% dos dados, na 2ª
fase, 48%, e na 3ª fase, 40%. Os percentuais de anteposição e posposição no português
europeu, no século XIX, podem ser vistos na Tabela 22, abaixo.
1808-1840 1841-1870 1871-1900
Anteposição 232/527 44 197/511 39 199/628 32
Posposição 295/527 56 314/511 61 429/628 68
Oco/total % Oco/total % Oco/total %
Tabela 22: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as três fases no eixo temporal
Século XIX / PE
No que se refere ao século XIX, podemos notar uma distribuição numérica
diferenciada entre as duas variedades. No PB, há um aumento da freqüência de uso da
anteposição da primeira para a segunda fase, seguido de um declínio na última, ou seja,
a distribuição é um pouco irregular, embora os valores sejam bastante próximos. A
tendência geral de diminuição da anteposição, no entanto, é confirmada já que o
percentual da última fase é menor que o da primeira.
No PE, a diminuição do uso da anteposição é gradativa, através das fases, e mais
marcada que no PB. Da primeira para última fase, há uma redução de 12% nos índices
de anteposição -- de 44% para 32%.
Embora os percentuais brutos não indiquem um contraste muito marcado entre
as fases do século XIX no PB, vimos, ao tratarmos os tipos de textos, que essa
distribuição não é tão uniforme, devido, justamente, às especificidades de cada texto.
Essas são informações que os percentuais brutos de cada século não ponderam, fazendo-
se necessário recorrer à última etapa do programa VARBRUL, ou seja, ao nível de
seleção, que leva em conta esse tipo de informação e nos dá um índice mais preciso, que
é o do peso relativo.
Serra, C. R.
89
O input geral das rodadas de cada variedade reflete essa pequena diferença
numérica no século XIX, já que no PB temos um maior favorecimento à anteposição
(.43) que no PE (.38).
Na Tabela 23, temos os percentuais de cada fase do século XX, no PE, que
podem ser comparados aos da Tabela 8, na seção anterior, que traz os percentuais do
PB.
1901-1924 1925-1949 1950-1960 1961-1974 1975-2000
Anteposição 157/462 34 193/495 39 81/249 33 79/267 30 116/430 27
Posposição 305/462 66 302/495 61 168/249 67 188/267 70 314/430 73
Oco/total % Oco/total % Oco/total % Oco/total % Oco/total %
Tabela 23: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as cinco fases no eixo temporal
Século XX / PE
A mesma tendência de diminuição da anteposição, através do século, observada
no PB também ocorre no PE, ou seja, os percentuais de anteposição são cada vez
menores em cada fase, excetuando-se o período de 1925 a 1949, que apresenta um
número um pouco maior (39%) que o da fase anterior (34%).
Também no PE, as duas últimas fases são as que apresentam maior freqüência
de posposição, 70% e 73%, respectivamente. O PB apresenta índices também altos de
posposição nessas fases, 81% e 77%, respectivamente (cf. Tabela 8), confirmando nossa
hipótese geral de fixação da posposição. O PB inicia o século com uma freqüência de
anteposição maior que a do PE (44%) e termina com uma freqüência menor (23%),
indicando que a curva descendente foi mais acentuada no PB que no PE, no século XX.
Os pesos relativos, apresentados nas Tabelas 24 e 25, confirmam a tendência de
decréscimo da anteposição, nos dois séculos.
1808-1840 1841-1870 1871-1900
Anteposição .55 .52 .44
P.R P.R P.R
Tabela 24: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as três fases no eixo temporal
Século XIX / PE
Serra, C. R.
90
1901-1924 1925-1949 1950-1960 1961-1974 1975-2000
Anteposição .56 .54 .47 .44 .44
P.R P.R P.R P.R P.R
Tabela 25: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as cinco fases no eixo temporal
Século XX / PE
No início de cada século, temos um maior favorecimento à aplicação da
anteposição, relativamente às outras variáveis no nível de seleção, que vai perdendo
espaço, no decorrer dos séculos, para a posposição. A variação entre os índices de
favorecimento no início e no fim do século é praticamente a mesma no século XIX e no
XX: .55 e .56 para .44 (cf. Tabelas 24 e 25).
Essa variação no corpus do PB é ainda mais perceptível no século XX: de .61
para .36. O input geral da rodada do PB para o século XX foi de .37 e do PE, .33,
indicando que, em termos absolutos, o PB apresenta um maior favorecimento à
anteposição, se não considerarmos a divisão por fases.
No que se refere ao condicionamento semântico materialidade do núcleo,
penúltimo grupo selecionado nas rodadas do PE, temos os seguintes percentuais de uso,
em cada século:
Imaterial Material
Anteposição 379/942 40 249/724 34
Posposição 563/942 60 475/724 66
Oco/total % Oco/total %
Tabela 26: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a natureza semântica do núcleo
Século XIX / PE
Imaterial Material
Anteposição 430/1214 35 196/689 28
Posposição 784/1214 65 493/689 72
Oco/total % Oco/total %
Tabela 27: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a natureza semântica do núcleo
Século XX / PE
Serra, C. R.
91
Podemos notar que tanto no século XIX, Tabela 26, quanto no século XX,
Tabela 27, os substantivos imateriais têm uma tendência ligeiramente superior de se
ligarem a adjetivos antepostos. Observamos, ainda, que os índices de posposição são
altos já no século XIX -- 60% com substantivos imateriais e 66% com materiais -- e
passam a ser ainda mais expressivos no século XX: 65% e 72%, respectivamente.
No nível de seleção, comprova-se o maior favorecimento à anteposição do
adjetivo com núcleo imaterial com relação ao material, com valores praticamente
idênticos para os dois séculos, como podemos conferir na Tabela 28, abaixo.
Imaterial Material
Século XIX .53 .46
Século XX .52 .46
P.R P.R
Tabela 28: Peso relativo da anteposição de acordo com a semântica do núcleo,
nos dois séculos / PE
Alguns exemplos de combinação de adjetivos com núcleos imateriais e
materiais, no PE, são apresentados em (70), no corpus do século XIX, e em (71), no
corpus do século XX.
(70) a- Não obstante a força que todos reconhecem no governo para subjugar a
rebellião, estas noticias não deixam de produzir grande impressão; os jornaes
conservadores que a ellas alludem... (Editorial – O Correio Portuguez /1845)
b- Monsieur de Virtry dentista de S. M. F. – nova perfeição de dentes artificiaes,
que se não podem distinguir dos naturáes. (Anúncio – Correio de Lisboa/1839)
(71) a- A dureza do trabalho, a penúria dos ganhos e as promessas de melhor
vida em outras paragens quebram o apego a uma existência de “habitat”
inconfundível e de tradições fortes e cativantes. (Editorial – O Século/1965)
b- Dê-me a utilização de alguns quilómetros de fio no cabo subterrâneo, dezenas
de metros de fio aéreo, um pedaço do vosso quadro de ligações... (Anúncio –
Diário de Notícias/1935)
Serra, C. R.
92
Passamos a analisar, por fim, o último grupo a ser selecionado nas rodadas do
PE, o tipo de base do adjetivo. Esse grupo de fatores foi selecionado no PB apenas no
século XIX.
Nas Tabelas 29 e 30, abaixo, são apresentados os percentuais de anteposição e
posposição, de acordo com a base nominal ou participial do adjetivo, nos séculos XIX e
XX, respectivamente.
Base nominal Base participial
Anteposição 517/1367 38 111/299 37
Posposição 850/1367 62 188/299 63
Oco/total % Oco/total %
Tabela 29: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo
Século XIX / PE
Base nominal Base participial
Anteposição 568/1606 35 58/297 20
Posposição 1038/1606 65 239/297 80
Oco/total % Oco/total %
Tabela 30: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo
Século XX / PE
O comportamento do adjetivo de base nominal é praticamente o mesmo nos dois
séculos. No XIX, esses adjetivos aparecem precedendo o núcleo em 38% dos dados e,
no século XX, em 35% dos dados. No século XIX, em termos de freqüência, os
percentuais de posposição são praticamente idênticos (62% e 63%), independentemente
do tipo de base do adjetivo. Esse resultado difere do encontrado no PB, pois as
diferenças percentuais de anteposição entre os adjetivos de base nominal e os de base
participial eram maiores: 44% e 27%, respectivamente. Enquanto a possibilidade de
anteposição de adjetivos participiais já era baixa, a de adjetivos de base nominal era
maior, com relação ao PE. Essa diferença também se reflete nos pesos relativos de cada
variedade: o PB apresenta .52 para os adjetivos de base nominal e .35 para os de base
participial, no século XIX (cf. item 6.1.1), enquanto o PE apresenta, respectivamente,
.49 e .56 (cf. Tabela 31, abaixo), na mesma época.
Serra, C. R.
93
No século XX, conquanto os percentuais de anteposição de adjetivos de base
nominal se mantenham estáveis com relação ao século anterior, os percentuais de
anteposição dos adjetivos de base participial sofrem redução significativa: de 37% para
20%, de acordo com as tabelas acima.
Os índices de peso relativo reafirmam que, independente do século, os adjetivos
de base nominal vão ter o mesmo comportamento, já que os números são muito
próximos (.49 e .51), como podemos observar na Tabela 31, abaixo. Porém, no que se
refere aos adjetivos de base participial, seu peso relativo, que era relativamente alto no
século XIX (.56), sofre uma redução no século XX: .43. Isso demonstra que também o
fator morfológico, estrutural, é relevante na escolha da ordem, principalmente no século
XX, ou seja, os adjetivos de base participial se fixaram mais na posição pós-nuclear,
como era esperado, já que esses adjetivos possuem um traço verbal (cf. Serra, 2003).
No PB, já no século XIX era nítido o menor favorecimento de anteposição com
os adjetivos de base participial (.35), ao passo que, no PE, isso só ocorre, mais
timidamente, no século XX (.43).
Base nominal Base participial
Século XIX .49 .56
Século XX .51 .43
P.R P.R
Tabela 31: Peso relativo da anteposição de acordo com a base do adjetivo,
nos dois séculos / PE
Em (72), podem ser vistos alguns exemplos de adjetivos de base nominal e, em
(73), alguns de base participial, nos dois séculos.
(72) a- A regeneração já tem quatro annos de vida. Quatro annos de paz, quatro
annos passados nas melhores condições para ter feito alguma cousa a bem deste
paiz... (Editorial – O Portuguez/1855)
b- leilão do palacio dos Exmos Srs. Condes da Guarda (a Arroios) e de todo o
rico mobiliario que o guarnece, carruagens, arreios, etc. (Anúncio – O
Século/1917)
Serra, C. R.
94
(73) a- no local do seu actual estabelecimento, no edificio do extincto convento
dos Paulistas, terá logar a exposição de productos de industria nacional...
(Anúncio – Correio de Lisboa/1840)
b- Anonimamente, apenas, fazem-nos correr Mundo em postais ilustrados e
outras gravuras catitas... (Editorial – O Século/1965)
Com a comparação entre o português brasileiro e o português europeu, pudemos
notar que há uma tendência geral de diminuição do uso da anteposição do adjetivo no
decorrer dos séculos.
Os grupos de fatores relacionados à aplicação da anteposição são os mesmos nas
duas variedades, excetuando-se a materialidade do núcleo, selecionada somente para os
corpora do PE. São poucas as diferenças numéricas entre as duas variedades, a mais
expressiva se refere às diferenças entre os tipos de textos utilizados para a análise, o que
foi discutido oportunamente.
No que refere, então, ao texto jornalístico, seja ele de cunho
informativo/opinativo ou publicitário, percebe-se o papel que a colocação do adjetivo
exerce na construção de determinados sentidos, que vão se prestar aos mais diversos
propósitos comunicativos. Como dissemos, esse é apenas um ponta-pé inicial para um
estudo, que parece ser frutífero, das diferenças entre os textos que compõem o gênero
jornalístico, que tão bem representam, tanto do ponto de vista da forma quanto do
conteúdo, as mudanças por que passa a língua e a sociedade que ela representa.
A seguir, nos debruçamos sobre mais uma das vias possíveis para a análise da
língua: a da prosódia. Façamos bom proveito!
Serra, C. R.
95
6.2 Da análise acústica
6.2.1 Duração
Passamos a apresentar nesta seção os resultados referentes ao parâmetro da
duração na fala masculina e feminina, nessa ordem. Os gráficos mostram os valores
médios das três sílabas de cada elemento do SN, realizados pelos cinco locutores de
cada sexo.
0,156
0,198
0,124
0,170
0,267
0,147
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
Média da duração na posposição
0,160
0,215
0,137
0,170
0,247
0,146
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
Média da duração na anteposição
Figura 1: Média da duração na fala masculina
0,168
0,213
0,139
0,168
0,264
0,147
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
Média da duração na posposição
0,155
0,216
0,152
0,176
0,240
0,144
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
Média da duração na anteposição
Figura 2: Média da duração na fala feminina
A primeira observação a ser feita a partir das Figuras 1 e 2 é a de que, de forma
geral, as sílabas do segundo elemento do SN, principalmente a tônica, são mais longas
que as do primeiro, independente de esse elemento ser um substantivo ou um adjetivo.
Esse resultado pode sugerir um padrão de duração no SN que se caracteriza por um
alongamento das sílabas do segundo elemento com relação ao primeiro, o que vai ao
encontro da primeira hipótese -- reformulada a partir dos resultados de Serra, Callou &
Serra, C. R.
96
Moraes, 2003 --, segundo a qual há um alongamento na tônica do segundo elemento,
independente de qual seja ele. Porém, observando com mais vagar esses resultados, é
possível notar alterações que ocorrem, em ambos os sexos, quando a ordem canônica
substantivo/adjetivo é invertida.
Na fala masculina, Figura 1, pode-se perceber que no primeiro gráfico, referente
à posposição do adjetivo, a diferença da tônica do substantivo com relação à do adjetivo
é de 69ms. Quando o adjetivo passa a ocupar a primeira posição, a diferença se reduz
para 32ms entre a sua tônica e a do substantivo que o sucede. Na fala feminina, ilustrada
na Figura 2, essa relação é de 51ms na posposição e de apenas 24ms na anteposição do
adjetivo. Além de a segunda posição “perder força” quando o adjetivo está anteposto,
ou seja, suas sílabas passam a durar menos, há uma diminuição da diferença entre as
sílabas do primeiro e do segundo elemento em termos de duração; assim, o segundo
elemento não deixa de apresentar maior duração, porém, quando o adjetivo está
anteposto, as durações das tônicas tornam-se mais próximas.
Aplicando os cálculos que relacionam as três sílabas de cada elemento, nas duas
posições, fica ainda mais evidente que o adjetivo “carrega” consigo uma marca de
alongamento, diferenciando prosodicamente o SN que tem um adjetivo anteposto do
que tem um adjetivo posposto.
Reproduzimos em tabelas os valores de duração já apresentados nas Figuras
acima, afim de que possamos depreender mais facilmente os números a serem
calculados.
PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1
Duração/ms 0,156 0,198 0,124 0,170 0,267 0,147
posposição pes qui sa re cen te
PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1
Duração/ms 0,160 0,215 0,137 0,170 0,247 0,146
anteposição re cen te pes qui sa
Tabela 1a HOMENS
PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1
Duração/ms 0,168 0,213 0,139 0,168 0,264 0,147
posposição pes qui sa re cen te
PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1
Duração/ms 0,155 0,216 0,152 0,176 0,240 0,144
anteposição re cen te pes qui sa
Tabela 2a MULHERES
Serra, C. R.
97
No cálculo da percentagem de duração do primeiro elemento do SN em relação
ao segundo, ou seja, uma comparação que poderíamos chamar de sintagmática, na fala
masculina, pudemos observar que a sílaba tônica do primeiro elemento na posposição,
ou seja, do substantivo, dura 75% da tônica do segundo elemento; em anteposição, a
tônica do elemento que ocupa a primeira posição, ou seja, do adjetivo, dura 87% da
tônica do segundo elemento.
Na fala feminina, em posposição, a tônica do substantivo dura 80% da tônica do
adjetivo, segundo elemento, ao passo que, na anteposição, a tônica do adjetivo dura
90% da tônica do substantivo.
Esses resultados demonstram que na fala de homens e mulheres ocorre o
seguinte: quando o adjetivo está anteposto, a sua tônica tem uma duração mais
aproximada da do segundo elemento, o que já havíamos mencionado acima como uma
característica prosódica do item.
Numa comparação estabelecida no eixo paradigmático, observando a relação
entre pretônica e tônica do primeiro elemento do SN, na fala masculina, temos o
seguinte: a tônica sofre um alongamento de 27% (42ms) com relação à sílaba que a
precede quando o elemento que ocupa a primeira posição é um substantivo, ou seja, em
posposição do adjetivo, e de 35% (55ms) quando o elemento que ocupa a primeira
posição é um adjetivo.
Na fala feminina, a tônica do substantivo em primeira posição também é 27%
(45ms) mais longa que a pretônica, mas quando é o adjetivo que está nessa posição, sua
tônica dura 40% (61ms) mais que a pretônica, ou seja, tanto nos homens quanto nas
mulheres, a tônica é mais marcada com relação à pretônica quando é o adjetivo que
ocupa a primeira posição.
Levando em conta os elementos que ocupam a segunda posição no SN --
comparação ainda no eixo paradigmático --, percebe-se que quando o adjetivo está
posposto, o alongamento da sua sílaba tônica em relação à pretônica é de 57% (97ms);
quando o substantivo é o segundo elemento, e o adjetivo está anteposto, o alongamento
é de 45% (77ms). Entre as mulheres, temos para o segundo elemento adjetivo uma
tônica, da mesma forma que com os homens, 57% (96ms) mais longa que a pretônica,
ao passo que quando é um substantivo o segundo elemento, essa diferença diminui para
36% (64ms).
Serra, C. R.
98
O cálculo da diferença entre as sílabas pretônicas e tônicas em milissegundos,
que apresentamos entre parênteses, é obtido através da subtração dos valores das
primeiras com relação às segundas; esses valores estão presentes nas colunas PRE1 e
TON das Tabelas 1a e 2a acima, de acordo com cada sexo.
Apresentamos de forma mais sistematizada os percentuais de aumento das
sílabas tônicas com relação às pretônicas dos elementos que ocupam a primeira posição
no SN, na posposição e na anteposição do adjetivo, e dos que ocupam a segunda
posição, na posposição e na anteposição do adjetivo, na Tabela 3a, abaixo.
HOMENS 1ª posição
no SN
2ª posição
no SN MULHERES
1ª posição
no SN
2ª posição
no SN
Substantivo 27% (42ms) 45% (77ms) Substantivo 27% (45ms) 36% (64ms)
Adjetivo 35% (55ms) 57% (97ms) Adjetivo 40% (61ms) 57% (96ms)
Tabela 3a: Percentual de aumento de duração da tônica com relação à pretônica,
de acordo com a posição de cada elemento no SN
A segunda posição é, sem dúvida, a que mais marca a diferença da tônica com
relação à pretônica, mas a presença do adjetivo nessa posição faz com que essa
diferença seja ainda maior, 57% tanto nos homens quanto nas mulheres. Na primeira
posição, há uma diminuição dessa diferença em termos absolutos, mas há ainda uma
vantagem de aumento da duração das tônicas do adjetivo (35% e 40%) sobre o aumento
das do substantivo (27%).
Ultrapassando as fronteiras da estrutura sintática não marcada,
substantivo/adjetivo, evidenciada na prosódia com a proeminência da duração do
segundo elemento sobre o primeiro do SN, o adjetivo marca sua posição carregando
consigo o maior alongamento da tônica, como se viu, mesmo competindo sem ganhar,
quando está anteposto, com a maior duração da segunda posição. Em outras palavras, a
maior duração sempre vai recair sobre o segundo elemento do SN, mas essa estrutura
não se mantém plenamente quando o adjetivo se antepõe.
No que diz respeito, então, às nossas hipóteses iniciais, podemos dizer que os
resultados confirmam ambas, tanto aquela que prevê a segunda posição como sendo
sempre a que leva o elemento a ter uma tônica mais longa quanto aquela que diz que o
adjetivo anteposto leva a um alongamento da tônica nessa posição. De toda forma, a
Serra, C. R.
99
estrutura prosódica que subjaz a estrutura sintática do SN não é indiferente à mudança
de ordem.
O mesmo tipo de confronto feito tomando como base o alongamento relativo da
tônica em relação à pretônica também foi feito a fim de verificar o alongamento da
tônica e da postônica consideradas conjuntamente, o que corresponde ao pé métrico, em
relação à sílaba que as precede, uma vez que o fenômeno do alongamento afeta
sobretudo essas duas sílabas (Moraes, 2003).
Para o cálculo do alongamento do pé métrico, enfocamos apenas a primeira
posição do SN, estabelecendo uma comparação apenas no eixo paradigmático, já que
nos interessa observar a posição marcada do adjetivo, que é a anteposta, com relação ao
elemento “neutro”, que seria o substantivo. A segunda posição, como se comprova com
a análise acústica, é sempre a mais “forte”, embora seja sensível à mudança de ordem
do adjetivo, como se vem observando.
No que se refere ao alongamento do pé métrico em relação à pretônica (ton +
pos/2 - pretônica) na primeira posição, obteve-se os seguintes resultados:
HOMENS 1ª posição no SN MULHERES 1ª posição no SN
Substantivo 198 + 124 – 156 = 5ms
2 3% Substantivo
213 + 139 – 168 = 8ms
2 5%
Adjetivo 215 + 137 – 160 = 16ms
2 10% Adjetivo
216 + 152 – 155 = 29ms
2 19%
Tabela 4a: Relação entre a duração do pé métrico e da pretônica na primeira posição, tanto na
anteposição do adjetivo quanto na posposição, de acordo com o sexo
Com a anteposição do adjetivo (ver na Tabela 4a adjetivo na 1ª posição no SN)
há maior alongamento do pé com relação à sílaba pretônica do primeiro elemento que
na posposição, 10% e 3% (16ms e 5ms), nos homens, e 19% e 5% (29ms e 8ms), nas
mulheres, respectivamente. Entre as mulheres a diferença é ainda mais evidente entre
pés e pretônicas de adjetivos e substantivos na primeira posição do SN; o adjetivo
anteposto tem a duração média das sílabas de seu pé métrico 19% maior que a pretônica
correspondente, demonstrando novamente o alongamento que a primeira posição sofre
com a anteposição do adjetivo.
Serra, C. R.
100
Veremos, a seguir, como a anteposição do adjetivo se reflete na intensidade das
sílabas em cada posição.
6.2.2 Intensidade
As Figuras 3 e 4 apresentam as médias de intensidade de cada sílaba na
posposição, no primeiro gráfico, e na anteposição do adjetivo, no segundo gráfico, na
fala masculina e na fala feminina, respectivamente.
5,8 5,9
1,1
7,48,4
2,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
Média da intensidade na posposição
5,1
6,8
3,1
4,4
6,6
1,5
0
2
4
6
8
10
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
Média da intensidade na anteposição
Figura 3: Média da intensidade na fala masculina
2,1
5,4
2,5
6,16,9
2,7
0
2
4
6
8
10
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
Média da intensidade na posposição
3,8
6,7
3,0 3,6
5,8
1,5
0
2
4
6
8
10
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
Média da intensidade na anteposição
Figura 4: Média da intensidade na fala feminina
A intensidade é o parâmetro que mais evidencia a mudança de ordem do adjetivo
no SN. É fácil notar através das figuras o quanto a posição do adjetivo é marcada pela
intensidade de suas sílabas. Quando o adjetivo vem posposto, tanto a sílaba tônica
quanto a pretônica apresentam valores de intensidade bastante altos com relação às
Serra, C. R.
101
mesmas sílabas do primeiro elemento do SN. Na fala masculina, as sílabas pretônica e
tônica do substantivo em 1ª posição apresentam 5,8dB e 5,9dB, respectivamente, e as do
adjetivo posposto, 7,4dB e 8,4dB, respectivamente. Na fala feminina, a diferença entre a
tônica do substantivo e a do adjetivo posposto é um pouco menos marcada, 1,5dB
(Figura 4, gráfico de posposição).
Quando o adjetivo aparece anteposto, o pico da curva de intensidade se inverte,
pois é a primeira tônica do SN que passa a ter maior intensidade, tanto nos homens
quanto nas mulheres. A tônica do adjetivo anteposto passa a ter 6,7dB e a do
substantivo 5,8dB, na fala feminina. Na fala masculina, a diferença é mínima, mas
existe; a tônica do adjetivo anteposto tem 6,8dB e a do substantivo que o sucede, 6,6dB.
A segunda posição, como se tem enfatizado, é uma posição “forte”, na qual recaem o
alongamento das tônicas e uma intensidade mais alta, mas no caso do adjetivo
anteposto, essa relação chega a se inverter, pois ele carrega suas marcas “próprias” de
intensidade: na primeira posição, nos homens, a tônica passa de 5,9dB para 6,8 com a
anteposição do adjetivo, e, nas mulheres, de 5,4dB para 6,7dB. Mesmo a segunda
posição apresentando valores altos de intensidade na tônica, o adjetivo faz com que o
pico do sintagma mude conforme a posição que ele vá ocupar.
A postônica, em todos os casos, tem sempre valor mais baixo de intensidade nos
substantivos. Veja-se o gráfico de posposição nos homens na Figura 3; a postônica do
substantivo tem um valor médio de 1,1dB enquanto a do adjetivo posposto tem um
valor médio de 2dB, na mesma figura, no gráfico ao lado, vemos a postônica do adjetivo
anteposto com um valor médio de 3,1dB ao passo que a do substantivo tem 1,5dB. Com
as mulheres ocorre o mesmo: substantivo na primeira posição, primeiro gráfico da
Figura 4, intensidade média da postônica de 2,5dB, a do adjetivo 2,7dB, na anteposição,
relação semelhante a dos homens, 3dB na postônica do adjetivo anteposto e 1,5dB na do
substantivo.
A postônica final do SN é, sem dúvida, uma sílaba bastante “fraca” em termos
de intensidade, mas pudemos observar com os resultados que ela se torna minimamente
mais forte se é o adjetivo que ocupa a posição final. Nos homens, a postônica final de
SN mede 2dB quando o elemento é um adjetivo, quando é um substantivo, mede 1,5dB.
Nas mulheres, a postônica passa de 2,7dB, com o adjetivo posposto, para 1,5dB, quando
o substantivo ocupada a segunda posição no SN.
Serra, C. R.
102
No que diz respeito à intensidade, não restam dúvidas de que o adjetivo marca
sua posição dentro do SN, pois os valores de intensidade desse item serão sempre
maiores que os do substantivo. O pico de intensidade do SN sempre vai acompanhar o
adjetivo, independente de que posição ele vá ocupar, o que vai ao encontro da hipótese
da prosódia marcada, e isso se observa pelo aumento de intensidade da tônica do
adjetivo na primeira posição, já que a segunda sempre apresentará um valor
relativamente alto de intensidade.
6.2.3 Freqüência Fundamental
A observação do parâmetro da freqüência fundamental é importante para estudos
de diversos fenômenos, inclusive os que levam em conta ordem de constituintes. Os
resultados gerais obtidos neste estudo para o parâmetro FØ encontram-se nas Figuras 5
e 6, abaixo.
138,5
151,1 145,0 145,5136,3 136,1
50
75
100
125
150
175
200
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
Média da freqüência na posposição
135,5
163,2160,7
137,9 137,2 135,7
50
75
100
125
150
175
200
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
Média da freqüência na anteposição
Figura 5: Média da freqüência fundamental na fala masculina
225,3240,7 233,1 226,1
217,1220,9
100
150
200
250
300
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
Média da freqüência na posposição
212,6
251,5 254,4
219,6 214,1 218,0
100
150
200
250
300
pre1
(re)
ton
(cen)
pos1
(te)
pre1
(pes)
ton
(qui)
pos1
(sa)
Média da freqüência na anteposição
Figura 6: Média da freqüência fundamental na fala feminina
Serra, C. R.
103
A princípio, o que percebemos é uma semelhança entre os gráficos que
apresentam a média da freqüência fundamental na posposição e na anteposição. Ao que
tudo indica, independente do elemento que esteja na primeira posição no SN, a curva de
freqüência fundamental sempre terá o seu ápice na tônica do primeiro elemento,
havendo uma queda até a postônica ou a tônica do segundo. Porém, se observarmos
caso a caso, veremos que essa curva melódica não é tão regular entre falantes de sexos
diferentes e de acordo com a posição que o adjetivo ocupa no SN.
Na fala feminina (Figura 6), esse padrão de aumento da freqüência da tônica do
primeiro elemento seguido de uma posterior diminuição se dá até a última sílaba tônica
do SN, pois entre tônica e postônica no segundo elemento ocorre uma ligeira subida
melódica, tanto na posposição -- de 217,1Hz para 220,9Hz --, quanto na anteposição --
de 214,1Hz para 218Hz (cf. Figura 6). O mesmo não acontece na fala masculina,
mantendo-se o padrão de queda até a última sílaba do SN. A diferença, entretanto, é
mínima e possivelmente não significativa estatisticamente.
Com relação às mudanças que ocorrem na curva melódica quando se antepõe o
adjetivo, temos um comportamento aparentemente semelhante entre homens e
mulheres. Reproduzimos nas Tabelas 5a e 6a as médias das sílabas já apresentadas nas
Figuras 5 e 6, para melhor depreendermos os valores a serem comentados daqui por
diante.
PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1
FØ/Hz 138,5 151,1 145 145,5 136,3 136,1
posposição pes qui sa re cen te
PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1
FØ/Hz 135,5 163,2 160,7 137,9 137,2 135,7
anteposição re cen te pes qui sa
Tabela 5a HOMENS
PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1
FØ/Hz 225,3 240,7 233,1 226,1 217,1 220,9
posposição pes qui sa re cen te
PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1
FØ/Hz 212,6 251,5 254,4 219,6 214,1 218
anteposição re cen te pes qui sa
Tabela 6a MULHERES
Serra, C. R.
104
Ao observarmos os valores das tônicas do primeiro elemento do SN, no eixo
paradigmático, notamos que há um aumento da FØ quando essa posição é ocupada por
um adjetivo; nos homens a tônica do adjetivo tem uma freqüência fundamental 12,1Hz
maior que a do substantivo na mesma posição. Entre as mulheres essa diferença é de
10,8Hz.
A diferença entre adjetivos e substantivos fica ainda mais nítida quando
comparamos o aumento de freqüência da tônica com relação à pretônica em cada caso.
Em anteposição, a tônica do adjetivo tem uma freqüência 27,5Hz maior que a pretônica,
quando é o substantivo que está em primeira posição essa diferença é de 12,6Hz. Nas
mulheres, a diferença de aumento de FØ das tônicas de adjetivos e substantivos com
relação às pretônicas é mais marcada, 39Hz quando o adjetivo está anteposto e apenas
15,4Hz quando é o substantivo o 1º elemento do SN. A postônica do adjetivo anteposto,
na fala feminina, acompanha o aumento de freqüência da tônica e atinge em média
254,4Hz, seguida da queda bastante marcada para a pretônica do segundo elemento
(219,6Hz). A diferença se reflete, em termos visuais (cf. Figuras 5 e 6), num
“achatamento” da curva quando o primeiro elemento é um substantivo, tanto nos
homens quanto nas mulheres. Na anteposição, há uma “saliência” da curva na tônica e
na postônica.
Além das medições habituais dos valores de freqüência fundamental de cada
sílaba do sintagma, calculamos ainda a taxa de variação da freqüência intrassilábica, que
tomou como base a vogal da sílaba tônica de cada elemento, com o objetivo de observar
se a variação de FØ seria mais alta na sílaba tônica do adjetivo anteposto.
Das Tabelas 7a e 8a constam os valores médios de variação de FØ de cada
locutor, numerados de 5 a 1, de acordo com o sexo -- masculino (H) ou feminino (M) --
e de acordo com o elemento que se encontra na primeira posição no SN (substantivo na
1ª posição e adjetivo anteposto). A partir das médias de cada locutor foi extraída a
média total de variação de cada tônica.
Serra, C. R.
105
Subs. 1a posição Hz/s Subs. 1
a posição Hz/s
Média 5M 19 Média 5H 35
4M -38 4H 108
3M -5 3H -8
2M -19 2H 0,4
1M 89 1H 36
SOMA 46 SOMA 171,4
MÉDIATOTAL 9,2 MÉDIATOTAL 34,3
Tabela 7a: Taxa variação de FØ intrassilábica (tônica) dos
substantivos em 1ª posição, fala masculina(H) e fala feminina(M)
Adj. anteposto Hz/s Adj. anteposto Hz/s
Média 5M 159 Média 5H 129
4M 123 4H 320
3M 96 3H 76
2M 243 2H 49
1M 184 1H 156
SOMA 805 SOMA 730
MÉDIATOTAL 161 MÉDIATOTAL 146
Tabela 8a: Taxa variação de FØ intrassilábica (tônica) dos adjetivos
em 1ª posição, fala masculina (H) e fala feminina (M)
Com os cálculos da sílaba tônica do substantivo, em alguns casos chega a haver
uma queda de FØ do início para o fim da vogal tônica, como se observa nas médias
negativas dos locutores 2M, 3M e 4M e de 3H (Tabela 7a), embora as médias variem
bastante de locutor para locutor.
O valor da média total não chega a ser negativo para a variação intrassilábica da
tônica do substantivo em 1ª posição, mas se reflete por um aumento de apenas 9,2Hz/s
nas mulheres e 34,3Hz/s nos homens do ponto final com relação ao ponto inicial da
vogal. Nos casos particulares de queda da freqüência dentro da própria tônica a curva é
descendente e já prepara a diminuição da FØ na sílaba seguinte, a postônica.
Quando é o adjetivo que ocupa a primeira posição no SN, a taxa média de
variação de FØ é bastante mais alta, 161Hz/s na fala feminina e 146Hz/s na fala
Serra, C. R.
106
masculina. Essa ascensão da tônica fica evidente nos gráficos de anteposição das
Figuras 5 e 6, principalmente na fala feminina, em que a curva ascendente da tônica se
prolonga até a postônica do adjetivo, como já havíamos mencionado (de 251,5Hz para
254,4Hz).
Um outro resultado a ser comentado é a diferença entre as variações de FØ dos
substantivos e dos adjetivos, nos homens e nas mulheres. As mulheres apresentam taxa
de variação bem mais baixa que a dos homens no que se refere à tônica do substantivo
ao passo que na tônica do adjetivo sua média total é mais alta que a dos homens (cf.
Tabelas 7a e 8a).
Ao que parece, as mulheres marcam mais a diferença entre adjetivos e
substantivos em primeira posição do que os homens, tanto no que se refere ao
alongamento das tônicas com relação às pretônicas, como vimos em 6.1.1, quanto ao
aumento de freqüência. Homens e mulheres poderiam apresentar, portanto, diferentes
atitudes na percepção dos valores associados a cada posição do adjetivo, o que só um
teste estatístico, que pretendemos fazer na próxima etapa deste trabalho, poderá
constatar.
Levando em conta as duas hipóteses formuladas para a FØ, vemos que ambas
estão sendo contempladas na análise da posição do adjetivo. A primeira tônica é a mais
proeminente independente do elemento que está em primeira posição, porém o
comportamento da FØ é diferenciado a depender se o adjetivo está anteposto ou
posposto. A curva melódica se torna mais marcada quando o adjetivo está anteposto ao
substantivo, ou seja, há um reforço do pico de FØ com a presença do adjetivo.
Com relação às hipóteses iniciais desta etapa do trabalho, pudemos concluir que
a Hipótese da prosódia marcada é confirmada pelos três parâmetros analisados acima,
já que o padrão prosódico não se mantém completamente ao invertermos a ordem
canônica substantivo/adjetivo.
A estrutura prosódica é, portanto, sensível às organizações sintáticas internas do
SN, já que os adjetivos têm marcas prosódicas próprias, que “carregam” consigo ao
mudar de posição, diferenciando prosodicamente o SN que tem um adjetivo anteposto
do que tem um adjetivo posposto.
A Hipótese da prosódia neutra não deixa, contudo, de ser contemplada, pois, no
que se refere aos parâmetros duração e intensidade, pudemos comprovar que a segunda
Serra, C. R.
107
posição é “forte”, já que sobre ela recaem maior alongamento e maior intensidade,
embora passível de alteração a depender do elemento que ali se encontra, e, no que se
refere ao padrão de FØ, é a primeira posição que vai apresentar os maiores valores de
freqüência na curva melódica, o que também não se mantém indiferente ao elemento
que pode ocupar essa posição.
Na seção a seguir, apresentamos, sinteticamente, as conclusões das análises
realizadas em 6.1 e 6.2.
7. Conclusões
Retomando os objetivos principais das análises empreendidas neste trabalho,
pudemos concluir que:
- a possibilidade de anteposição se reduz no decorrer dos séculos e, conseqüentemente,
a posposição se fixa como ordem não marcada;
- são os adjetivos descritivos -- aqueles que determinam a possibilidade de colocação
nas línguas -- que se fixam, cada vez mais, em posposição;
- a possibilidade de anteposição se mantém, principalmente com adjetivos avaliativos,
embora em menor escala, no decorrer dos séculos;
- levando em conta todos os corpora, do século XVII ao XX, a anteposição esteve
sempre relacionada (1) aos adjetivos avaliativos, quer quando o núcleo é imaterial quer
quando é material, (2) aos adjetivos de menor peso fônico com relação ao substantivo e
(3) aos adjetivos de base nominal;
- levando em conta apenas os corpora dos séculos XIX e XX do português brasileiro e
do português europeu, há pequenas diferenças entre as duas variedades da língua
portuguesa, explicitadas anteriormente;
- as diferenças entre PB e PE não são tão significativas a ponto de indicar, no cômputo
geral, tendências diferentes entre as variedades, no que se refere à ordem dos adjetivos
no SN;
- a distribuição diferenciada de anteposição e posposição em cada tipo de texto, em cada
época, representa um campo fértil para a análise das (não)mudanças de anúncios e
editoriais em cada variedade do português;
Serra, C. R.
108
- a análise prosódica confirma a Hipótese da prosódia marcada, segundo a qual os
adjetivos possuem “marcas” prosódicas próprias -- de duração, intensidade e freqüência
fundamental -- capazes de alterar a estrutura prosódica subjacente.
Serra, C. R.
109
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Serra, C. R.
113
FONTES:
Os corpora utilizados nesta Dissertação foram disponibilizados pelos projetos
PARA A HISTORIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO (PHPB) e ANÁLISE
CONTRASTIVA DE VARIEDADES DO PORTUGUÊS (VARPORT), de cooperação
entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Centro de Lingüística da
Universidade de Lisboa (CLUL-UL), e podem ser encontrados nas páginas on-line
www.letras.ufrj.br/phpb-rj e www.letras.ufrj.br/varport.
A coleta e a edição dos corpora do PB foram feitas por: FRANCO, A. L.,
AVELAR, J. O., PORTELA, K. L., SERRA, C. R., RUMEU, M. B., REIS, T., ALONSO,
K. S. B., LIMA, C. e MARTINS, L. P.
A coleta e a edição dos corpora do PE foram feitas pela equipe de pesquisa do
Centro de Lingüística da Universidade de Lisboa (CLUL-UL), coordenada pela
Professora Doutora Maria Fernanda Bacelar do Nascimento.
Serra, C. R
115
Homens FID – 1H
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,150 0,247 0,192 chefes 0,342 0,302
modernos 0,188 0,255 0,075 aviões 0,103 0,212
recente 0,130 0,294 0,130 pesquisa 0,305 0,251 0,243
inevitáveis 0,096 0,180 0,139 conseqüências 0,191 0,207 0,159
perigosos 0,136 0,207 0,136 caminhos 0,107 0,152 0,087
profunda 0,135 0,290 0,134 crise 0,307 0,141
terrível 0,137 0,182 0,194 crise 0,288 0,109
notável 0,143 0,289 0,133 capacidade 0,165 0,215 0,056
importantes 0,205 0,195 0,116 DURAÇÃO funções 0,138 0,289
esperados 0,156 0,164 0,081 resultados 0,159 0,202 0,069
SOMA 1,476 2,303 1,330 SOMA 1,168 2,465 1,166
MÉDIA 0,148 0,230 0,133 MÉDIA 0,167 0,247 0,146
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,240 0,132 inigualáveis 0,151 0,292 0,235
aviões 0,119 0,180 modernos 0,159 0,300 0,153
pesquisa 0,250 0,136 0,116 recente 0,143 0,401 0,207
conseqüências 0,183 0,210 0,150 inevitáveis 0,104 0,303 0,098
caminhos 0,112 0,147 0,083 perigosos 0,110 0,243 0,083
crise 0,147 0,129 profunda 0,172 0,340 0,096
crise 0,183 0,166 terrível 0,161 0,228 0,148
capacidade 0,100 0,182 0,070 notável 0,204 0,281 0,125
funções 0,153 0,262 importantes 0,220 0,232 0,108
resultados 0,155 0,165 0,115 esperados 0,154 0,169 0,078
SOMA 1,072 1,852 0,961 SOMA 1,578 2,789 1,331
MÉDIA 0,153 0,185 0,120 MÉDIA 0,158 0,279 0,133
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
116
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 159,8 167,8 139,2 chefes 149,8 168,4
modernos 138,4 187,7 166,7 aviões 149,1 139,6
recente 140,6 202,1 pesquisa 145,2 160,3 177,0
inevitáveis 105,8 129,0 131,6 conseqüências 114,9 111,0
perigosos 108,5 145,2 caminhos 115,4 107,0 101,6
profunda 178,2 140,8 crise 142,2 133,9
terrível 124,4 196,9 134,2 crise 132,3 143,9
notável 114,7 151,9 144,1 capacidade 105,7 106,8
importantes 118,9 138,2 FREQÜÊNCIA funções 117,7 116,4
esperados 103,5 112,0 125,2 resultados 98,2 103,4 101,4
SOMA 1114,6 1609,0 981,8 SOMA 625,6 1271,6 1044,0
MÉDIA 123,8 160,9 140,3 MÉDIA 125,1 127,2 130,5
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 134,2 113,5 inigualáveis 113,7 130,1 152,6
aviões 155,4 189,9 modernos 171,5 145,8 102,9
pesquisa 164,4 152,8 recente 114,8 144,5 172,6
conseqüências 102,3 139,1 134,4 inevitáveis 98,8 117,6 120,4
caminhos 117,2 120,8 perigosos 108,3 98,7 81,2
crise 136,2 114,8 profunda 115,6 129,9 144,0
crise 160,1 137,9 terrível 121,5 131,0 149,8
capacidade 118,8 113,2 notável 120,1 105,1 126,0
funções 106,5 107,7 importantes 105,7 116,4
resultados 98,6 99,4 108,8 esperados 108,1 98,0 96,7
SOMA 580,0 1370,6 875,4 SOMA 1178,1 1217,1 1146,2
MÉDIA 116,0 137,1 125,1 MÉDIA 117,8 121,7 127,4
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
117
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 7,0 6,2 1,0 chefes 10,4 0
modernos 2,0 3,0 0 aviões 0 2,5
recente 5,3 5,5 0 pesquisa 0 5,0 1,1
inevitáveis 0 11,9 5,4 conseqüências 2,8 7,3 0
perigosos 8,9 16,2 0 caminhos 2,2 2,4 0
profunda 4,2 0 1,6 crise 6,8 0
terrível 2,4 0 1,6 crise 6,6 0
notável 0 3,5 0,5 capacidade 5,2 13,1 0
importantes 8,2 7,9 0 INTENSIDADE funções 0 1,3
esperados 10,1 12,8 0 resultados 4,4 11,2 0
SOMA 48,1 67,0 10,1 SOMA 14,6 66,6 1,1
MÉDIA 6,0 8,4 2,0 MÉDIA 3,7 6,7 1,1
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 10,7 0 inigualáveis 9,2 8,4 5,0
aviões 0 5,0 modernos 10,4 11,9 0
pesquisa 3,0 2,3 0 recente 2,2 6,8 0
conseqüências 1,9 4,6 0 inevitáveis 0 7,0 0,3
caminhos 10,2 7,7 0 perigosos 11,7 16,3 0
crise 8,2 0 profunda 0,1 0 1,3
crise 9,9 0 terrível 3,8 2,8 0
capacidade 1,0 13,9 0 notável 2,7 6,5 0
funções 0 0,5 importantes 9,2 8,9 0
resultados 5,0 13,3 0 esperados 8,9 11,2 0
SOMA 21,1 76,1 0 SOMA 58,2 79,8 6,6
MÉDIA 4,2 7,6 0 MÉDIA 6,5 8,9 2,2
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
118
FID – 2H
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,154 0,172 0,145 chefes 0,298 0,266
modernos 0,190 0,207 0,125 aviões 0,123 0,232
recente 0,135 0,245 0,093 pesquisa 0,249 0,198 0,152
inevitáveis 0,103 0,259 0,144 conseqüências 0,140 0,250 0,165
perigosos 0,123 0,180 0,131 caminhos 0,103 0,185 0,064
profunda 0,149 0,246 0,134 crise 0,257 0,128
terrível 0,148 0,239 0,167 crise 0,288 0,130
notável 0,201 0,241 0,114 capacidade 0,133 0,206 0,152
importantes 0,196 0,215 0,120 DURAÇÃO funções 0,173 0,284
esperados 0,149 0,169 0,156 resultados 0,179 0,229 0,112
SOMA 1,548 2,173 1,329 SOMA 1,100 2,427 1,169
MÉDIA 0,155 0,217 0,133 MÉDIA 0,157 0,243 0,146
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,236 0,125 inigualáveis 0,141 0,261 0,324
aviões 0,079 0,160 modernos 0,194 0,258 0,172
pesquisa 0,202 0,157 0,104 recente 0,138 0,301 0,112
conseqüências 0,141 0,239 0,180 inevitáveis 0,150 0,288 0,196
caminhos 0,107 0,170 0,080 perigosos 0,110 0,173 0,082
crise 0,217 0,143 profunda 0,199 0,273 0,096
crise 0,216 0,164 terrível 0,167 0,253 0,223
capacidade 0,133 0,183 0,075 notável 0,199 0,300 0,151
funções 0,156 0,317 importantes 0,214 0,252 0,092
resultados 0,175 0,163 0,113 esperados 0,143 0,168 0,111
SOMA 0,993 2,058 0,984 SOMA 1,655 2,527 1,559
MÉDIA 0,142 0,206 0,123 MÉDIA 0,166 0,253 0,156
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
119
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 88,5 85,6 77,1 chefes 102,9
modernos 119,1 152,3 124,8 aviões 95,1 96,3
recente 133,2 172,8 pesquisa 127,8 84,9
inevitáveis 111,4 127,8 119,8 conseqüências 98,0 124,7 98,5
perigosos 93,7 121,3 99,5 caminhos 110,2 91,8 78,3
profunda 95,4 142,5 135,3 crise 125,2 109,3
terrível 117,0 180,1 126,5 crise 139,3 79,8
notável 88,4 117,4 121,5 capacidade 97,9 99,1
importantes 114,7 151,8 FREQÜÊNCIA funções 108,1 115,0
esperados 105,4 125,6 120,7 resultados 99,3 98,7 98,1
SOMA 1066,8 1377,2 925,2 SOMA 510,7 1119,6 648,0
MÉDIA 106,7 137,7 115,7 MÉDIA 102,1 112,0 92,6
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 97,2 79,7 inigualáveis 83,1 96,2 74,9
aviões 163,3 174,7 modernos 137,3 101,2 83,1
pesquisa 158,8 152,7 recente 109,9 110,8 85,0
conseqüências 102,5 142,9 128,0 inevitáveis 114,3 126,3 87,5
caminhos 108,9 98,7 perigosos 89,6 93,9
crise 122,4 109,0 profunda 157,9 134,7 126,8
crise 145,3 108,2 terrível 157,6 147,2 94,8
capacidade 104,0 101,2 notável 149,3 131,9 98,9
funções 96,0 118,0 importantes 112,6 118,8
resultados 99,7 105,2 esperados 112,2 97,2
SOMA 674,4 1264,4 577,6 SOMA 1223,8 1158,2 651,0
MÉDIA 112,4 126,4 115,5 MÉDIA 122,4 115,8 93,0
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
120
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 7,9 7,6 0 chefes 17,7 0
modernos 1,8 7,4 0 aviões 0 0
recente 7,5 7,4 0 pesquisa 4,2 3,8 0
inevitáveis 0 9,5 2,0 conseqüências 2,6 7,2 0
perigosos 6,2 12,2 0 caminhos 8,6 6,1 0
profunda 0 3,0 6,0 crise 4,4 0
terrível 0 1,2 1,8 crise 16,2 0
notável 0 4,6 1,4 capacidade 0,1 10,9 0
importantes 14,3 15,2 0 INTENSIDADE funções 0 3,0
esperados 11,7 14,5 6,2 resultados 6,0 13,7 0
SOMA 49,4 82,6 17,4 SOMA 21,5 83,0 0
MÉDIA 8,2 8,3 3,5 MÉDIA 4,3 9,2 0
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 14,4 0 inigualáveis 9,7 12,8 0
aviões 0 2,3 modernos 12,0 13,0 0
pesquisa 0 2,2 0,2 recente 12,1 14,3 0
conseqüências 0 3,9 1,5 inevitáveis 1,7 10,8 0
caminhos 14,0 11,8 0 perigosos 13,4 16,5 0
crise 2,9 0 profunda 3,8 3,2 0
crise 5,6 0 terrível 5,4 5,9 0
capacidade 7,6 16,8 0 notável 4,5 6,1 0
funções 0 3,0 importantes 19,7 18,2 0
resultados 7,3 14,0 0 esperados 15,2 16,4 0
SOMA 28,9 76,9 1,7 SOMA 97,5 117,2 0
MÉDIA 9,6 7,7 0,9 MÉDIA 9,8 11,7 0
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
121
FID – 3H
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,152 0,212 0,129 chefes 0,251 0,203
modernos 0,246 0,275 0,147 aviões 0,117 0,245
recente 0,157 0,238 0,100 pesquisa 0,248 0,156 0,125
inevitáveis 0,127 0,168 0,157 conseqüências 0,202 0,212 0,141
perigosos 0,105 0,218 0,119 caminhos 0,145 0,202 0,110
profunda 0,157 0,226 0,138 crise 0,207 0,072
terrível 0,134 0,200 0,177 crise 0,213 0,091
notável 0,224 0,180 0,123 capacidade 0,127 0,197 0,144
importantes 0,184 0,200 0,118 DURAÇÃO funções 0,172 0,295
esperados 0,166 0,136 0,096 resultados 0,187 0,223 0,093
SOMA 1,652 2,053 1,304 SOMA 1,198 2,201 0,979
MÉDIA 0,165 0,205 0,130 MÉDIA 0,171 0,220 0,122
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,234 0,132 inigualáveis 0,159 0,226 0,199
aviões 0,115 0,190 modernos 0,192 0,238 0,177
pesquisa 0,226 0,170 0,107 recente 0,142 0,315 0,116
conseqüências 0,192 0,191 0,198 inevitáveis 0,143 0,195 0,110
caminhos 0,134 0,194 0,107 perigosos 0,112 0,238 0,143
crise 0,189 0,132 profunda 0,169 0,287 0,111
crise 0,214 0,164 terrível 0,165 0,175 0,094
capacidade 0,139 0,189 0,050 notável 0,232 0,232 0,126
funções 0,176 0,226 importantes 0,250 0,232 0,092
resultados 0,168 0,163 0,090 esperados 0,181 0,158 0,132
SOMA 1,150 1,960 0,980 SOMA 1,745 2,296 1,300
MÉDIA 0,164 0,196 0,123 MÉDIA 0,175 0,230 0,130
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
122
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 132,0 143,0 159,5 chefes 134,1
modernos 144,4 175,6 186,3 aviões 134,9 156,4
recente 157,2 170,5 pesquisa 166,0 164,0 168,6
inevitáveis 152,1 174,0 181,4 conseqüências 167,8 156,0 150,7
perigosos 139,1 151,1 caminhos 137,5 133,0 130,5
profunda 138,3 161,1 173,4 crise 161,5 149,2
terrível 155,5 167,5 183,4 crise 172,9 170,7
notável 149,2 170,5 178,8 capacidade 151,6 147,9 144,9
importantes 149,9 160,0 FREQÜÊNCIA funções 156,5 151,7
esperados 146,2 137,5 128,9 resultados 130,9 127,2 123,9
SOMA 1463,9 1610,8 1191,7 SOMA 1045,2 1504,7 1038,5
MÉDIA 146,4 161,1 170,2 MÉDIA 149,3 150,5 148,4
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 138,3 132,2 inigualáveis 127,4 117,2
aviões 151,8 171,8 modernos 153,2 156,1 158,7
pesquisa 163,6 174,6 168,3 recente 163,2 157,2 159,2
conseqüências 164,7 170,6 inevitáveis 153,1 150,1 154,5
caminhos 145,0 135,8 129,9 perigosos 128,4 131,1 124,4
crise 137,6 129,8 profunda 130,9 155,2 153,2
crise 162,4 195,0 terrível 172,0 159,2 174,3
capacidade 140,4 141,7 133,7 notável 156,6 151,1 144,0
funções 147,0 148,4 importantes 163,6 157,4
resultados 143,7 142,9 144,4 esperados 149,9 138,3 133,3
SOMA 1056,2 1524,1 1033,3 SOMA 1498,3 1472,9 1201,6
MÉDIA 150,9 152,4 147,6 MÉDIA 149,8 147,3 150,2
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
123
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 4,8 3,8 0 chefes 15,7 0
modernos 2,2 2,9 0 aviões 0 3,4
recente 9,8 12,1 0 pesquisa 5,1 2,7 0
inevitáveis 3,0 9,3 0 conseqüências 3,5 3,6 0
perigosos 8,5 11,8 0 caminhos 2,9 0,1 0
profunda 0 1,0 2,6 crise 11,5 0
terrível 0,6 0 0,9 crise 6,0 0
notável 0,3 3,5 0 capacidade 1,0 8,8 0
importantes 7,0 8,2 0 INTENSIDADE funções 0 0,9
esperados 9,5 9,8 0 resultados 5,3 7,1 0
SOMA 45,7 62,4 3,5 SOMA 17,8 59,8 0
MÉDIA 5,1 6,9 1,8 MÉDIA 3,6 6,0 0
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 5,3 0 inigualáveis 17,1 13,3 0
aviões 0 1,1 modernos 2,3 0,7 0
pesquisa 2,8 0,6 0 recente 10,3 7,7 0
conseqüências 8,5 9,0 0 inevitáveis 1,1 7,6 0
caminhos 5,0 1,8 0 perigosos 7,0 9,2 0
crise 5,5 0 profunda 0 2,3 3,9
crise 3,0 0 terrível 5,7 6,2 0
capacidade 0 10,2 0,1 notável 3,4 8,6 0
funções 0 0,8 importantes 10,8 11,1 0
resultados 5,7 9,6 0 esperados 10,5 12,5 0
SOMA 22,0 46,9 0,1 SOMA 68,2 79,2 3,9
MÉDIA 5,5 4,7 0,1 MÉDIA 7,6 7,9 3,9
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
124
FID – 4H
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,150 0,214 0,159 chefes 0,271 0,356
modernos 0,242 0,149 0,130 aviões 0,118 0,205
recente 0,149 0,235 0,093 pesquisa 0,283 0,183 0,117
inevitáveis 0,156 0,232 0,190 conseqüências 0,229 0,279 0,334
perigosos 0,109 0,182 0,100 caminhos 0,148 0,144 0,047
profunda 0,150 0,256 0,149 crise 0,247 0,109
terrível 0,157 0,190 0,191 crise 0,234 0,181
notável 0,232 0,212 0,109 capacidade 0,189 0,218 0,135
importantes 0,214 0,235 0,170 DURAÇÃO funções 0,135 0,421
esperados 0,137 0,160 0,086 resultados 0,146 0,156 0,074
SOMA 1,696 2,065 1,377 SOMA 1,248 2,358 1,353
MÉDIA 0,170 0,207 0,138 MÉDIA 0,178 0,236 0,169
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,269 0,122 inigualáveis 0,158 0,262 0,288
aviões 0,103 0,201 modernos 0,201 0,319 0,233
pesquisa 0,205 0,144 0,102 recente 0,138 0,331 0,067
conseqüências 0,185 0,245 0,134 inevitáveis 0,140 0,303 0,216
caminhos 0,169 0,222 0,119 perigosos 0,145 0,194 0,073
crise 0,176 0,120 profunda 0,194 0,404 0,179
crise 0,223 0,131 terrível 0,206 0,244 0,164
capacidade 0,111 0,177 0,078 notável 0,211 0,246 0,103
funções 0,143 0,341 importantes 0,215 0,327 0,147
resultados 0,163 0,209 0,123 esperados 0,164 0,249 0,092
SOMA 1,079 2,207 0,929 SOMA 1,772 2,879 1,562
MÉDIA 0,154 0,221 0,116 MÉDIA 0,177 0,288 0,156
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
125
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 170,1 200,1 214,2 chefes 142,5
modernos 220,4 210,7 257,9 aviões 165,4 171,1
recente 180,2 225,0 pesquisa 207,4 216,5 222,0
inevitáveis 182,9 213,6 222,1 conseqüências 185,6 160,6 185,7
perigosos 160,4 197,1 caminhos 166,1 176,6 168,4
profunda 158,0 243,4 247,7 crise 175,5
terrível 185,6 248,9 224,6 crise 176,2
notável 158,3 188,0 209,6 capacidade 156,9 161,1 165,3
importantes 162,2 220,0 FREQÜÊNCIA funções 181,3 161,4
esperados 166,3 158,2 170,6 resultados 159,4 151,3 162,1
SOMA 1744,4 2105,0 1546,7 SOMA 1222,1 1692,8 903,5
MÉDIA 174,4 210,5 221,0 MÉDIA 174,6 169,3 180,7
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 157,4 inigualáveis 170,5 128,4
aviões 173,0 236,0 modernos 164,9 180,9
pesquisa 184,5 215,1 231,2 recente 182,2
conseqüências 171,7 208,1 220,3 inevitáveis 164,8 164,9 178,3
caminhos 185,1 177,2 perigosos 214,6 180,5 174,9
crise 195,8 186,0 profunda 239,2 203,5 220,1
crise 208,2 216,7 terrível 195,6 168,8 188,9
capacidade 163,7 157,4 notável 198,5 151,1 177,3
funções 169,4 160,3 importantes 227,5 144,7
resultados 177,2 184,7 170,4 esperados 215,0 150,4 177,1
SOMA 1060,9 1906,5 1182,0 SOMA 1972,8 1473,2 1116,6
MÉDIA 176,8 190,7 197,0 MÉDIA 197,3 163,7 186,1
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
126
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 9,4 8,7 0 chefes 12,5 0
modernos 3,7 5,7 0 aviões 0 0,1
recente 3,4 4,9 0 pesquisa 3,7 0 1,9
inevitáveis 2,1 2,8 0 conseqüências 3,5 2,4 4,0
perigosos 7,7 12,1 0 caminhos 7,9 7,5 0
profunda 0,7 0 5,0 crise 0,3 0
terrível 3,5 0 3,8 crise 0 0,2
notável 0,4 4,7 0 capacidade 3,7 6,8 0
importantes 2,2 5,1 0 INTENSIDADE funções 1,2 0
esperados 10,5 8,4 0 resultados 8,6 12,8 0
SOMA 43,6 52,4 8,8 SOMA 28,6 42,4 6,1
MÉDIA 4,4 6,6 4,4 MÉDIA 4,8 6,1 2,0
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 3,8 0 inigualáveis 17,7 10,7 0
aviões 0 2,3 modernos 11,4 15,0 0
pesquisa 5,8 0 3,1 recente 7,5 8,0 0
conseqüências 9,0 7,9 0 inevitáveis 0 1,0 1,7
caminhos 7,8 4,3 0 perigosos 5,1 15,9 0
crise 2,5 0 profunda 3,6 0 3,9
crise 9,6 0 terrível 9,9 0 3,4
capacidade 1,6 6,3 0 notável 3,8 5,1 0
funções 0 1,5 importantes 11,4 4,0 0
resultados 5,0 6,9 0 esperados 11,2 6,4 0
SOMA 29,2 45,1 3,1 SOMA 81,6 66,1 9,0
MÉDIA 5,8 5,0 3,1 MÉDIA 9,1 8,3 3,0
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
127
FID – 5H
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,149 0,229 0,212 chefes 0,273 0,275
modernos 0,216 0,220 0,131 aviões 0,151 0,418
recente 0,115 0,285 0,112 pesquisa 0,248 0,159 0,127
inevitáveis 0,152 0,199 0,163 conseqüências 0,229 0,302 0,231
perigosos 0,122 0,194 0,184 caminhos 0,099 0,269 0,077
profunda 0,165 0,229 0,159 crise 0,255 0,147
terrível 0,099 0,189 0,184 crise 0,275 0,144
notável 0,192 0,223 0,093 capacidade 0,154 0,251 0,062
importantes 0,251 0,214 0,138 DURAÇÃO funções 0,177 0,462
esperados 0,153 0,192 0,140 resultados 0,186 0,217 0,117
SOMA 1,614 2,174 1,516 SOMA 1,244 2,881 1,180
MÉDIA 0,161 0,217 0,152 MÉDIA 0,178 0,288 0,148
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,151 0,190 inigualáveis 0,144 0,263 0,269
aviões 0,137 0,202 modernos 0,191 0,304 0,215
pesquisa 0,196 0,094 0,126 recente 0,126 0,333 0,097
conseqüências 0,193 0,166 0,188 inevitáveis 0,146 0,299 0,168
caminhos 0,132 0,196 0,122 perigosos 0,153 0,242 0,139
crise 0,182 0,152 profunda 0,189 0,374 0,089
crise 0,165 0,143 terrível 0,176 0,251 0,162
capacidade 0,140 0,169 0,084 notável 0,230 0,266 0,186
funções 0,173 0,348 importantes 0,227 0,311 0,158
resultados 0,204 0,161 0,103 esperados 0,146 0,190 0,105
SOMA 1,175 1,834 1,108 SOMA 1,728 2,833 1,588
MÉDIA 0,168 0,183 0,139 MÉDIA 0,173 0,283 0,159
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
128
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 113,5 138,1 chefes
modernos 134,1 160,9 aviões 124,8 121,1
recente 134,6 109,7 pesquisa 144,0 140,1
inevitáveis 130,1 147,2 conseqüências 130,8
perigosos 135,7 142,7 caminhos 151,0 126,4
profunda 113,1 149,6 156,5 crise 127,6 124,5
terrível 129,3 152,9 173,5 crise 129,7
notável 117,4 146,7 153,8 capacidade 120,0 118,5
importantes 132,6 171,0 FREQÜÊNCIA funções 152,7
esperados 121,9 137,8 142,0 resultados 124,2 117,5 121,1
SOMA 1262,3 1456,6 625,8 SOMA 552,7 1017,1 504,2
MÉDIA 126,2 145,7 156,5 MÉDIA 138,2 127,1 126,1
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 118,4 122,4 inigualáveis 115,5 119,8
aviões 149,1 180,9 modernos 157,6 130,8 108,4
pesquisa 145,4 137,1 recente 125,0
conseqüências 171,0 inevitáveis 149,7 131,7 117,4
caminhos 173,3 142,2 perigosos 137,6 128,5 108,2
crise 133,9 123,5 profunda 124,1 180,6 172,2
crise 198,0 195,9 terrível 155,2 129,3 107,6
capacidade 123,7 125,0 notável 159,9 129,3 136,1
funções 114,6 importantes 147,5 131,5
resultados 108,8 128,7 135,7 esperados 132,0 113,8 117,8
SOMA 545,8 1342,2 839,6 SOMA 1404,1 1195,3 867,7
MÉDIA 136,5 149,1 139,9 MÉDIA 140,4 132,8 124,0
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
129
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,7 3,3 5,3 chefes 6,7 0
modernos 0 3,0 2,2 aviões 0 4,6
recente 1,9 7,6 0 pesquisa 1,1 1,7 0
inevitáveis 0 2,9 2,9 conseqüências 8,8 0 7,2
perigosos 0 2,1 2,3 caminhos 6,7 7,9 0
profunda 0 5,0 4,5 crise 0 1,5
terrível 0 3,5 3,9 crise 0 5,1
notável 3,1 6,9 0 capacidade 10,6 5,3 0
importantes 0 3,0 5,0 INTENSIDADE funções 0 5,2
esperados 1,1 1,7 0 resultados 1,0 4,1 0
SOMA 6,8 39,0 26,1 SOMA 28,2 35,5 13,8
MÉDIA 1,7 3,9 3,7 MÉDIA 5,6 5,1 4,6
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0 3,0 inigualáveis 3,4 2,6 0,1
aviões 0,8 0 modernos 3,1 3,5 0
pesquisa 3,0 0 1,6 recente 0 7,9 0
conseqüências 4,4 0,6 2,3 inevitáveis 4,0 5,2 0
caminhos 0,2 0 0,3 perigosos 9,2 11,2 0
crise 0 1,1 profunda 0,8 4,2 0
crise 0 0,1 terrível 4,4 6,6 0
capacidade 9,0 3,9 0 notável 3,2 3,3 0
funções 0 6,8 importantes 0 1,1 1,5
resultados 5,0 6,4 0 esperados 5,1 4,5 0
SOMA 22,4 17,7 8,4 SOMA 33,2 50,1 1,6
MÉDIA 3,7 4,4 1,4 MÉDIA 4,2 5,0 0,8
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
130
Mulheres FID – 1M
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,130 0,199 0,120 chefes 0,261 0,156
modernos 0,181 0,183 0,133 aviões 0,124 0,247
recente 0,162 0,218 0,104 pesquisa 0,233 0,194 0,121
inevitáveis 0,108 0,242 0,180 conseqüências 0,190 0,246 0,171
perigosos 0,096 0,213 0,138 caminhos 0,123 0,223 0,124
profunda 0,137 0,263 0,129 crise 0,240 0,134
terrível 0,144 0,161 0,199 crise 0,219 0,120
notável 0,179 0,194 0,120 capacidade 0,177 0,187 0,096
importantes 0,178 0,216 0,147 DURAÇÃO funções 0,162 0,317
esperados 0,160 0,183 0,116 resultados 0,162 0,205 0,128
SOMA 1,475 2,072 1,386 SOMA 1,171 2,339 1,050
MÉDIA 0,148 0,207 0,139 MÉDIA 0,167 0,234 0,131
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,220 0,159 inigualáveis 0,146 0,255 0,227
aviões 0,103 0,197 modernos 0,145 0,208 0,146
pesquisa 0,218 0,151 0,123 recente 0,136 0,320 0,087
conseqüências 0,181 0,229 0,208 inevitáveis 0,119 0,270 0,156
caminhos 0,134 0,176 0,136 perigosos 0,096 0,246 0,133
crise 0,207 0,137 profunda 0,141 0,301 0,104
crise 0,243 0,140 terrível 0,202 0,202 0,144
capacidade 0,186 0,217 0,048 notável 0,228 0,257 0,121
funções 0,173 0,329 importantes 0,180 0,229 0,186
resultados 0,142 0,212 0,125 esperados 0,144 0,207 0,129
SOMA 1,137 2,181 1,076 SOMA 1,537 2,495 1,433
MÉDIA 0,162 0,218 0,135 MÉDIA 0,154 0,250 0,143
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
131
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 213,5 241,3 258,9 chefes 222,2 195,3
modernos 231,1 316,9 308,8 aviões 249,6 239,7
recente 272,8 340,2 pesquisa 269,2
inevitáveis 254,1 287,3 297,3 conseqüências 253,1 229,7 248,4
perigosos 223,2 232,8 caminhos 230,3 210,1 214,6
profunda 239,9 283,3 291,1 crise 239,2 258,9
terrível 241,5 320,7 309,0 crise 272,8 292,7
notável 234,7 242,3 268,1 capacidade 209,7
importantes 237,2 300,3 FREQÜÊNCIA funções 289,3 258,5
esperados 206,6 228,8 207,7 resultados 200,4 199,9
SOMA 2354,6 2793,9 1940,9 SOMA 1222,7 2081,8 1479,1
MÉDIA 235,5 279,4 277,3 MÉDIA 244,5 231,3 246,5
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 214,2 206,5 inigualáveis 208,9 166,9
aviões 263,6 277,4 modernos 270,3 243,2 259,5
pesquisa 322,1 317,1 recente 293,6 276,2
conseqüências 259,8 273,3 277,6 inevitáveis 269,1 238,8 267,0
caminhos 270,4 235,4 248,6 perigosos 228,2 214,3
crise 293,3 300,8 profunda 256,1 258,7 259,2
crise 349,1 355,6 terrível 269,1 263,3 283,5
capacidade 214,0 notável 263,1 221,8 236,7
funções 257,1 224,1 importantes 203,4 210,5
resultados 230,9 238,0 230,7 esperados 236,8 198,5 209,8
SOMA 1281,8 2640,9 1936,9 SOMA 2498,6 2292,2 1515,7
MÉDIA 256,4 264,1 276,7 MÉDIA 249,9 229,2 252,6
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
132
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 1,6 3,3 0,5 chefes 9,6 0
modernos 0 1,6 3,3 aviões 1,0 0
recente 9,2 9,6 0 pesquisa 2,0 0 1,1
inevitáveis 0 7,8 0,1 conseqüências 4,5 4,3 0
perigosos 0,1 6,1 0 caminhos 3,9 3,4 0
profunda 3,8 6,5 0 crise 3,2 0
terrível 2,4 3,1 0 crise 4,2 0
notável 0 5,0 2,0 capacidade 8,1 14,5 0
importantes 1,5 5,4 0 INTENSIDADE funções 3,2 0
esperados 3,9 12,8 0 resultados 1,5 12,3 0
SOMA 22,5 61,2 5,9 SOMA 24,2 51,5 1,1
MÉDIA 3,2 6,1 1,5 MÉDIA 3,5 7,4 1,1
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 4,7 0 inigualáveis 9,6 5,3 1,2
aviões 0 1,3 modernos 0 2,6 3,3
pesquisa 1,0 1,4 0 recente 11,3 9,0 0
conseqüências 1,0 4,2 0 inevitáveis 0 11,4 2,9
caminhos 5,6 3,4 0 perigosos 6,7 11,2 0
crise 2,4 0 profunda 2,2 2,2 0
crise 13,0 0 terrível 5,3 2,5 0
capacidade 8,0 17,9 0 notável 1,6 7,1 0
funções 2,2 0 importantes 2,8 5,0 0
resultados 1,9 12,2 0 esperados 7,2 11,8 0
SOMA 19,7 60,5 0 SOMA 46,7 68,1 7,4
MÉDIA 3,3 6,7 0 MÉDIA 5,8 6,8 2,5
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
133
FID – 2M
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,118 0,207 0,125 chefes 0,314 0,126
modernos 0,190 0,199 0,119 aviões 0,131 0,245
recente 0,112 0,193 0,091 pesquisa 0,202 0,100 0,117
inevitáveis 0,145 0,204 0,176 conseqüências 0,147 0,193 0,118
perigosos 0,061 0,230 0,141 caminhos 0,129 0,139 0,081
profunda 0,150 0,233 0,144 crise 0,285 0,123
terrível 0,130 0,130 0,177 crise 0,241 0,193
notável 0,167 0,228 0,120 capacidade 0,149 0,158 0,060
importantes 0,211 0,164 0,139 DURAÇÃO funções 0,122 0,309
esperados 0,126 0,214 0,130 resultados 0,185 0,211 0,080
SOMA 1,410 2,002 1,362 SOMA 1,065 2,195 0,898
MÉDIA 0,141 0,200 0,136 MÉDIA 0,152 0,220 0,112
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,277 0,105 inigualáveis 0,129 0,232 0,120
aviões 0,118 0,187 modernos 0,239 0,235 0,146
pesquisa 0,190 0,115 0,128 recente 0,125 0,336 0,060
conseqüências 0,190 0,213 0,149 inevitáveis 0,153 0,242 0,128
caminhos 0,129 0,152 0,175 perigosos 0,069 0,241 0,131
crise 0,208 0,105 profunda 0,180 0,345 0,080
crise 0,224 0,111 terrível 0,150 0,271 0,117
capacidade 0,092 0,215 0,072 notável 0,220 0,261 0,149
funções 0,194 0,253 importantes 0,237 0,280 0,135
resultados 0,172 0,161 0,110 esperados 0,144 0,222 0,097
SOMA 1,085 2,005 0,955 SOMA 1,646 2,665 1,163
MÉDIA 0,155 0,201 0,119 MÉDIA 0,165 0,267 0,116
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
134
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 199,3 194,3 196,6 chefes 220,4
modernos 235,2 274,3 297,6 aviões 227,0 215,9
recente 242,9 287,1 pesquisa 262,9 258,8 241,9
inevitáveis 225,9 243,1 284,7 conseqüências 238,5 229,0 228,1
perigosos 217,4 236,1 243,6 caminhos 240,8 219,2 198,0
profunda 216,7 275,8 291,3 crise 258,1 233,6
terrível 254,5 268,9 327,4 crise 268,6 254,7
notável 217,8 275,5 278,6 capacidade 199,4 209,9 201,9
importantes 218,3 278,7 FREQÜÊNCIA funções 262,5 241,5
esperados 212,1 246,5 244,4 resultados 224,1 210,9 199,7
SOMA 2240,1 2580,3 2164,2 SOMA 1655,2 2332,3 1557,9
MÉDIA 224,0 258,0 270,5 MÉDIA 236,5 233,2 222,6
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 228,4 inigualáveis 252,2 189,7
aviões 255,1 271,2 modernos 253,0 236,4 230,9
pesquisa 305,0 276,7 recente 259,8 273,3
conseqüências 245,4 276,4 307,6 inevitáveis 225,7 224,8 262,5
caminhos 241,8 238,3 255,9 perigosos 214,4 235,9 262,4
crise 239,2 221,5 profunda 243,9 257,3 281,1
crise 260,0 234,6 terrível 304,4 267,7 296,4
capacidade 219,1 201,5 notável 227,5 222,9 240,4
funções 212,9 223,9 importantes 260,0 260,6 214,2
resultados 220,5 230,1 218,0 esperados 231,8 218,2
SOMA 1175,7 2491,6 1715,8 SOMA 2472,7 2386,8 1787,9
MÉDIA 235,1 249,2 245,1 MÉDIA 247,3 238,7 255,4
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
135
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 8,3 7,9 0 chefes 5,1 0
modernos 4,2 5,0 0 aviões 2,9 0
recente 5,7 8,4 0 pesquisa 1,0 0 0,3
inevitáveis 0 6,0 1,2 conseqüências 3,3 2,8 0
perigosos 4,8 13,1 0 caminhos 8,2 7,7 0
profunda 2,7 0 3,8 crise 6,6 0
terrível 1,8 0,4 0 crise 6,9 0
notável 2,6 7,0 0 capacidade 0 14,2 5,0
importantes 12,0 14,0 0 INTENSIDADE funções 0 1,3
esperados 8,6 13,0 5,6 resultados 8,1 13,4 0
SOMA 50,7 74,8 10,6 SOMA 23,5 58,0 5,3
MÉDIA 5,6 8,3 3,5 MÉDIA 4,7 7,3 2,7
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 11,7 0 inigualáveis 17,7 11,7 0
aviões 0,5 2,7 modernos 4,1 1,8 0
pesquisa 0 0,6 0 recente 0 0,6 0
conseqüências 0,7 1,4 0 inevitáveis 0 7,7 1,8
caminhos 0 0,8 1,4 perigosos 0 8,2 0,5
crise 5,6 0 profunda 2,9 4,6 0
crise 6,7 0 terrível 2,3 4,9 0
capacidade 0 23,3 11,7 notável 1,4 4,5 0
funções 0 0,5 importantes 5,3 9,0 0
resultados 2,6 6,1 0 esperados 21,2 22,2 0
SOMA 3,8 59,4 13,1 SOMA 54,9 75,2 2,3
MÉDIA 1,3 5,9 6,6 MÉDIA 7,8 7,5 1,2
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
136
FID – 3M
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,164 0,208 0,204 chefes 0,215 0,283
modernos 0,181 0,236 0,143 aviões 0,099 0,239
recente 0,143 0,248 0,108 pesquisa 0,304 0,153 0,125
inevitáveis 0,134 0,241 0,185 conseqüências 0,215 0,237 0,182
perigosos 0,106 0,254 0,176 caminhos 0,133 0,182 0,125
profunda 0,174 0,266 0,143 crise 0,267 0,133
terrível 0,148 0,209 0,196 crise 0,265 0,124
notável 0,206 0,237 0,135 capacidade 0,150 0,280 0,070
importantes 0,261 0,241 0,128 DURAÇÃO funções 0,185 0,348
esperados 0,160 0,202 0,168 resultados 0,209 0,260 0,115
SOMA 1,677 2,342 1,586 SOMA 1,295 2,446 1,157
MÉDIA 0,168 0,234 0,159 MÉDIA 0,185 0,245 0,145
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,267 0,120 inigualáveis 0,151 0,230 0,295
aviões 0,100 0,209 modernos 0,178 0,252 0,133
pesquisa 0,235 0,145 0,135 recente 0,129 0,316 0,101
conseqüências 0,205 0,254 0,221 inevitáveis 0,145 0,312 0,140
caminhos 0,141 0,151 0,155 perigosos 0,094 0,255 0,160
crise 0,225 0,160 profunda 0,209 0,360 0,125
crise 0,266 0,152 terrível 0,186 0,225 0,138
capacidade 0,191 0,207 0,079 notável 0,230 0,365 0,138
funções 0,222 0,314 importantes 0,259 0,243 0,136
resultados 0,200 0,231 0,099 esperados 0,176 0,174 0,117
SOMA 1,294 2,269 1,121 SOMA 1,757 2,732 1,483
MÉDIA 0,185 0,227 0,140 MÉDIA 0,176 0,273 0,148
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
137
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 185,5 193,3 189,7 chefes 169,4
modernos 197,8 261,8 246,6 aviões 214,0 187,8
recente 219,2 283,2 pesquisa 234,8 267,5 246,8
inevitáveis 205,0 263,1 263,0 conseqüências 215,1 202,2
perigosos 210,6 250,4 245,0 caminhos 250,7 198,3 185,2
profunda 201,6 279,1 257,7 crise 256,4 234,8
terrível 226,8 285,1 255,5 crise 268,9 236,2
notável 197,2 250,9 257,8 capacidade 208,5 201,1
importantes 182,5 289,1 FREQÜÊNCIA funções 236,1 214,7
esperados 200,8 172,0 resultados 157,8 166,0 223,0
SOMA 2027,0 2528,0 1715,3 SOMA 1308,5 2139,7 1327,1
MÉDIA 202,7 252,8 245,0 MÉDIA 218,1 214,0 221,2
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 220,3 216,0 inigualáveis 214,8 161,7 139,8
aviões 209,9 281,9 modernos 223,0 196,4 176,0
pesquisa 225,1 199,3 188,3 recente 184,2 244,9 224,2
conseqüências 222,0 278,8 246,7 inevitáveis 184,7 242,3 244,6
caminhos 192,2 193,3 193,1 perigosos 197,7 164,1 158,5
crise 265,6 234,6 profunda 196,3 264,1 171,3
crise 293,7 254,5 terrível 195,5 256,2 250,2
capacidade 169,1 223,8 205,1 notável 223,9 205,7 189,1
funções 196,1 177,2 importantes 164,5 266,8 199,0
resultados 184,9 210,8 194,5 esperados 218,8 189,7 178,7
SOMA 1399,3 2344,7 1732,8 SOMA 2003,4 2191,9 1931,4
MÉDIA 199,9 234,5 216,6 MÉDIA 200,3 219,2 193,1
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
138
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 2,7 0,2 0 chefes 7,5 0
modernos 0 5,5 3,4 aviões 0 0,6
recente 3,4 6,9 0 pesquisa 0,4 0 0,9
inevitáveis 0 7,5 4,2 conseqüências 4,1 3,1 0
perigosos 2,8 9,5 0 caminhos 1,2 0,8 0
profunda 0 7,6 4,9 crise 4,8 0
terrível 0 4,5 2,4 crise 6,6 0
notável 0 4,2 3,1 capacidade 4,9 7,4 0
importantes 1,4 10,6 2,8 INTENSIDADE funções 0,4 0
esperados 6,9 8,9 0 resultados 0,2 6,9 0
SOMA 17,2 65,4 20,8 SOMA 11,2 37,7 0,9
MÉDIA 3,4 6,5 3,5 MÉDIA 1,9 4,7 0,9
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 7,0 0 inigualáveis 10,1 6,0 0
aviões 0 4,5 modernos 3,5 4,1 0
pesquisa 6,3 2,8 0 recente 2,9 7,0 0
conseqüências 1,5 2,3 1,3 inevitáveis 0 3,8 3,2
caminhos 0,1 0 0,3 perigosos 8,2 11,9 0
crise 6,5 0 profunda 1,1 6,7 0
crise 9,3 0 terrível 4,3 5,4 0
capacidade 4,8 7,2 0 notável 4,5 5,5 0
funções 0 1,0 importantes 7,0 13,8 0
resultados 3,4 12,3 0 esperados 12,1 14,1 0
SOMA 16,1 52,9 1,6 SOMA 53,7 78,3 3,2
MÉDIA 3,2 5,9 0,8 MÉDIA 6,0 7,8 3,2
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
139
FID – 4M
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,133 0,219 0,207 chefes 0,254 0,314
modernos 0,198 0,186 0,136 aviões 0,124 0,250
recente 0,140 0,238 0,084 pesquisa 0,281 0,142 0,122
inevitáveis 0,141 0,244 0,215 conseqüências 0,204 0,267 0,221
perigosos 0,138 0,230 0,178 caminhos 0,129 0,203 0,135
profunda 0,165 0,271 0,138 crise 0,265 0,126
terrível 0,128 0,139 0,204 crise 0,267 0,147
notável 0,198 0,235 0,128 capacidade 0,203 0,194 0,156
importantes 0,209 0,209 0,162 DURAÇÃO funções 0,148 0,343
esperados 0,141 0,164 0,158 resultados 0,210 0,239 0,110
SOMA 1,591 2,135 1,610 SOMA 1,299 2,424 1,331
MÉDIA 0,159 0,214 0,161 MÉDIA 0,186 0,242 0,166
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,269 0,199 inigualáveis 0,171 0,245 0,282
aviões 0,113 0,206 modernos 0,173 0,256 0,154
pesquisa 0,223 0,119 0,108 recente 0,158 0,352 0,088
conseqüências 0,167 0,218 0,161 inevitáveis 0,135 0,261 0,180
caminhos 0,121 0,144 0,142 perigosos 0,144 0,215 0,112
crise 0,185 0,126 profunda 0,177 0,350 0,104
crise 0,195 0,168 terrível 0,193 0,220 0,144
capacidade 0,115 0,180 0,108 notável 0,221 0,245 0,114
funções 0,157 0,249 importantes 0,253 0,235 0,132
resultados 0,192 0,207 0,052 esperados 0,175 0,208 0,171
SOMA 1,088 1,972 1,064 SOMA 1,800 2,587 1,481
MÉDIA 0,155 0,197 0,133 MÉDIA 0,180 0,259 0,148
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
140
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 199,0 235,5 246,2 chefes 189,4
modernos 214,5 249,6 265,6 aviões 206,2 210,1
recente 214,8 268,9 pesquisa 225,5 236,6 235,0
inevitáveis 206,5 251,1 269,5 conseqüências 220,3 247,3 232,3
perigosos 192,9 255,3 caminhos 206,0 203,6 207,9
profunda 210,0 281,9 277,1 crise 231,5 230,0
terrível 220,6 250,7 273,0 crise 252,8 240,8
notável 202,9 249,6 254,8 capacidade 214,0 205,6 213,0
importantes 197,2 250,5 FREQÜÊNCIA funções 218,3 212,5
esperados 216,1 230,3 229,7 resultados 219,2 223,0 202,7
SOMA 2074,5 2523,4 1815,9 SOMA 1509,5 2212,4 1561,7
MÉDIA 207,5 252,3 259,4 MÉDIA 215,6 221,2 223,1
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 219,5 181,0 inigualáveis 230,0 177,5
aviões 221,3 245,1 modernos 244,1 212,0 229,2
pesquisa 255,8 257,4 recente 233,4 219,5
conseqüências 241,3 295,3 272,1 inevitáveis 205,9 212,0 239,7
caminhos 215,7 225,3 250,0 perigosos 229,2 201,8 196,2
crise 231,3 223,0 profunda 229,5 257,0 221,8
crise 312,9 287,0 terrível 246,3 262,5 268,8
capacidade 223,3 206,5 notável 230,6 213,6 236,7
funções 221,1 224,4 importantes 209,0 239,2
resultados 210,7 216,3 209,6 esperados 217,3 208,4 217,8
SOMA 1365,9 2450,8 1629,2 SOMA 2275,3 2203,5 1610,2
MÉDIA 227,7 245,1 232,7 MÉDIA 227,5 220,4 230,0
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
141
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 3,9 8,3 0 chefes 6,2 0
modernos 0 3,7 3,8 aviões 0 3,2
recente 2,1 5,9 0 pesquisa 4,8 1,0 0
inevitáveis 0 12,7 5,9 conseqüências 0 4,4 1,1
perigosos 1,7 10,7 0 caminhos 0,5 1,2 0
profunda 0 5,3 1,5 crise 2,2 0
terrível 1,2 1,7 0 crise 5,4 0
notável 1,0 6,9 0 capacidade 0 6,9 1,1
importantes 1,5 5,6 0 INTENSIDADE funções 0,4 0
esperados 3,7 11,3 0 resultados 5,9 12,5 0
SOMA 15,1 72,1 11,2 SOMA 11,6 43,0 2,2
MÉDIA 2,2 7,2 3,7 MÉDIA 2,9 4,8 1,1
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 5,3 0 inigualáveis 11,0 2,7 0
aviões 0,2 4,1 modernos 2,5 3,7 0
pesquisa 0 1,3 2,5 recente 5,4 3,7 0
conseqüências 0 4,6 1,5 inevitáveis 0 11,7 5,7
caminhos 0 3,5 1,8 perigosos 4,2 6,4 0
crise 1,2 0 profunda 1,2 7,0 0
crise 3,5 0 terrível 3,3 2,7 0
capacidade 0 13,0 9,1 notável 5,2 6,1 0
funções 0 0,1 importantes 3,9 8,6 0
resultados 2,3 9,5 0 esperados 4,6 8,1 0
SOMA 2,5 46,1 14,9 SOMA 41,3 60,7 5,7
MÉDIA 1,3 4,6 3,7 MÉDIA 4,6 6,1 5,7
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
142
FID – 5M
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 0,138 0,206 0,185 chefes 0,268 0,347
modernos 0,207 0,209 0,176 aviões 0,167 0,309
recente 0,128 0,274 0,109 pesquisa 0,257 0,145 0,155
inevitáveis 0,130 0,201 0,197 conseqüências 0,217 0,239 0,196
perigosos 0,107 0,180 0,213 caminhos 0,145 0,265 0,077
profunda 0,165 0,346 0,135 crise 0,273 0,167
terrível 0,154 0,189 0,201 crise 0,297 0,215
notável 0,208 0,273 0,130 capacidade 0,182 0,180 0,069
importantes 0,190 0,170 0,198 DURAÇÃO funções 0,166 0,413
esperados 0,142 0,211 0,091 resultados 0,189 0,225 0,082
SOMA 1,569 2,259 1,635 SOMA 1,323 2,614 1,308
MÉDIA 0,157 0,226 0,164 MÉDIA 0,189 0,261 0,164
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 0,272 0,234 inigualáveis 0,150 0,253 0,341
aviões 0,159 0,215 modernos 0,217 0,294 0,243
pesquisa 0,221 0,154 0,172 recente 0,114 0,397 0,207
conseqüências 0,193 0,199 0,241 inevitáveis 0,150 0,229 0,172
caminhos 0,129 0,211 0,112 perigosos 0,116 0,198 0,173
crise 0,201 0,162 profunda 0,163 0,265 0,104
crise 0,243 0,151 terrível 0,176 0,282 0,116
capacidade 0,205 0,187 0,092 notável 0,226 0,301 0,144
funções 0,183 0,313 importantes 0,216 0,316 0,203
resultados 0,188 0,238 0,163 esperados 0,133 0,162 0,086
SOMA 1,278 2,233 1,327 SOMA 1,661 2,697 1,789
MÉDIA 0,183 0,223 0,166 MÉDIA 0,166 0,270 0,179
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
143
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 256,5 188,7 209,5 chefes 151,4
modernos 192,5 213,6 251,8 aviões 161,6 168,2
recente 233,0 267,2 pesquisa 210,6 218,7 211,6
inevitáveis 192,8 206,8 223,5 conseqüências 177,7
perigosos 179,3 196,7 caminhos 169,7 194,6 159,8
profunda 171,9 236,1 224,5 crise 99,7 169,9
terrível 198,9 257,8 261,1 crise 203,0 196,9
notável 171,6 203,0 197,6 capacidade 157,9 161,0
importantes 168,4 202,2 FREQÜÊNCIA funções 185,5
esperados 168,9 179,8 170,2 resultados 188,6 164,4 160,3
SOMA 1933,8 2151,9 1538,2 SOMA 916,0 1535,6 1059,5
MÉDIA 193,4 215,2 219,7 MÉDIA 183,2 170,6 176,6
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 189,9 206,9 inigualáveis 244,6 142,1
aviões 227,1 282,8 modernos 225,8 195,1 161,3
pesquisa 222,7 279,9 228,8 recente 184,1
conseqüências 218,7 221,4 219,5 inevitáveis 262,9 201,4 209,3
caminhos 180,0 192,2 perigosos 163,3 158,4 138,4
crise 165,0 146,0 profunda 155,6 168,4 166,8
crise 244,1 227,3 terrível 205,9 231,6 174,6
capacidade 153,7 160,2 notável 168,7 171,2 169,3
funções 188,0 importantes 243,5 170,0 203,3
resultados 209,1 168,0 172,2 esperados 198,2 165,7 166,0
SOMA 1245,6 1897,0 1360,9 SOMA 2052,6 1603,9 1389,0
MÉDIA 207,6 210,8 194,4 MÉDIA 205,3 178,2 173,6
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
144
pre ton pos pre ton pos
inigualáveis 5,2 5,3 0 chefes 3,1 0
modernos 0 0,9 5,0 aviões 0 1,3
recente 6,9 6,7 0 pesquisa 3,0 0 1,4
inevitáveis 0 7,6 4,3 conseqüências 2,7 0,7 2,4
perigosos 2,0 6,9 0 caminhos 6,9 9,3 0
profunda 0 5,5 0,9 crise 4,6 0
terrível 2,2 3,3 0 crise 4,5 0
notável 2,4 8,2 0 capacidade 7,6 8,5 0
importantes 0 3,4 1,6 INTENSIDADE funções 0 3,2
esperados 8,1 5,8 0 resultados 4,1 6,2 0
SOMA 26,8 53,6 11,8 SOMA 24,3 41,4 3,8
MÉDIA 4,5 5,4 3,0 MÉDIA 4,9 4,6 1,9
adjetivos substantivos
antepostos segunda
posição
pre ton pos pre ton pos
chefes 3,2 0 inigualáveis 6,0 4,5 0
aviões 1,7 6,8 modernos 8,2 2,2 0
pesquisa 0,2 1,3 0 recente 0 2,6 0,6
conseqüências 0,9 1,3 0 inevitáveis 0 2,8 0,3
caminhos 1,7 3,9 0 perigosos 4,3 10,5 0
crise 0 0,2 profunda 0,1 0 2,2
crise 0 2,3 terrível 9,4 11,9 0
capacidade 1,7 5,4 0 notável 2,2 3,5 0
funções 0 2,2 importantes 9,6 5,3 0
resultados 1,6 5,5 0 esperados 12,2 13,0 0
SOMA 7,8 29,6 2,5 SOMA 52,0 56,3 3,1
MÉDIA 1,3 3,7 1,3 MÉDIA 6,5 6,3 1,0
substantivos adjetivos
primeira pospostos
posição
Serra, C. R
145
Homens médias pre ton pos médias pre ton pos
1H 0,148 0,230 0,133 1H 0,167 0,247 0,146
2H 0,155 0,217 0,133 2H 0,157 0,243 0,146
3H 0,165 0,205 0,130 3H 0,171 0,220 0,122
4H 0,170 0,207 0,138 4H 0,178 0,236 0,169
5H 0,161 0,217 0,152 5H 0,178 0,288 0,148
soma 0,799 1,076 0,686 soma 0,851 1,234 0,731
média total 0,160 0,215 0,137 média total 0,170 0,247 0,146
Adjetivo Substantivo
médias pre ton pos médias pre ton pos
1H 0,153 0,185 0,120 1H 0,158 0,279 0,133
2H 0,142 0,206 0,123 2H 0,166 0,253 0,156
3H 0,164 0,196 0,123 3H 0,175 0,230 0,130
4H 0,154 0,221 0,116 4H 0,177 0,288 0,156
5H 0,168 0,183 0,139 5H 0,173 0,283 0,159
soma 0,781 0,991 0,621 soma 0,849 1,333 0,734
média total 0,156 0,198 0,124 média total 0,170 0,267 0,147
Substantivo Adjetivo
DURAÇÃO
médias pre ton pos médias pre ton pos
1H 123,8 160,9 140,3 1H 125,1 127,2 130,5
2H 106,7 137,7 115,7 2H 102,1 112,0 92,6
3H 146,4 161,1 170,2 3H 149,3 150,5 148,4
4H 174,4 210,5 221,0 4H 174,6 169,3 180,7
5H 126,2 145,7 156,5 5H 138,2 127,1 126,1
soma 677,5 815,9 803,7 soma 689,3 686,1 678,3
média total 135,5 163,2 160,7 média total 137,9 137,2 135,7
Adjetivo Substantivo
médias pre ton pos médias pre ton pos
1H 116,0 137,1 125,1 1H 117,8 121,7 127,4
2H 112,4 126,4 115,5 2H 122,4 115,8 93,0
3H 150,9 152,4 147,6 3H 149,8 147,3 150,2
4H 176,8 190,7 197,0 4H 197,3 163,7 186,1
5H 136,5 149,1 139,9 5H 140,4 132,8 124,0
soma 692,6 755,7 725,1 soma 727,7 681,3 680,7
média total 138,5 151,1 145,0 média total 145,5 136,3 136,1
Substantivo Adjetivo
FREQÜÊNCIA
médias pre ton pos médias pre ton pos
1H 6,0 8,4 2,0 1H 3,7 6,7 1,1
2H 8,2 8,3 3,5 2H 4,3 9,2 0
3H 5,1 6,9 1,8 3H 3,6 6,0 0
4H 4,4 6,6 4,4 4H 4,8 6,1 2,0
5H 1,7 3,9 3,7 5H 5,6 5,1 4,6
soma 25,4 34,1 15,4 soma 22,0 33,1 7,7
média total 5,1 6,8 3,1 média total 4,4 6,6 1,5
Adjetivo Substantivo
Serra, C. R
146
médias pre ton pos médias pre ton pos
1H 4,2 7,6 0 1H 6,5 8,9 2,2
2H 9,6 7,7 0,9 2H 9,8 11,7 0
3H 5,5 4,7 0,1 3H 7,6 7,9 3,9
4H 5,8 5,0 3,1 4H 9,1 8,3 3,0
5H 3,7 4,4 1,4 5H 4,2 5,0 0,8
soma 28,8 29,4 5,5 soma 37,2 41,8 9,9
média total 5,8 5,9 1,1 média total 7,4 8,4 2,0
Substantivo Adjetivo
INTENSIDADE
Mulheres médias pre ton pos médias pre ton pos
1M 0,148 0,207 0,139 1M 0,167 0,234 0,131
2M 0,141 0,200 0,136 2M 0,152 0,220 0,112
3M 0,168 0,234 0,159 3M 0,185 0,245 0,145
4M 0,159 0,214 0,161 4M 0,186 0,242 0,166
5M 0,157 0,226 0,164 5M 0,189 0,261 0,164
soma 0,773 1,081 0,759 soma 0,879 1,202 0,718
média total 0,155 0,216 0,152 média total 0,176 0,240 0,144
Adjetivo Substantivo
médias pre ton pos médias pre ton pos
1M 0,162 0,218 0,135 1M 0,154 0,250 0,143
2M 0,155 0,201 0,119 2M 0,165 0,267 0,116
3M 0,185 0,227 0,140 3M 0,176 0,273 0,148
4M 0,155 0,197 0,133 4M 0,180 0,259 0,148
5M 0,183 0,223 0,166 5M 0,166 0,270 0,179
soma 0,840 1,066 0,693 soma 0,841 1,319 0,734
média total 0,168 0,213 0,139 média total 0,168 0,264 0,147
Substantivo Adjetivo
DURAÇÃO
médias pre ton pos médias pre ton pos
1M 235,5 279,4 277,3 1M 244,5 231,3 246,5
2M 224,0 258,0 270,5 2M 236,5 233,2 222,6
3M 202,7 252,8 245,0 3M 218,1 214,0 221,2
4M 207,5 252,3 259,4 4M 215,6 221,2 223,1
5M 193,4 215,2 219,7 5M 183,2 170,6 176,6
soma 1063,1 1257,7 1271,9 soma 1097,9 1070,3 1090,0
média total 212,6 251,5 254,4 média total 219,6 214,1 218,0
Adjetivo Substantivo
médias pre ton pos médias pre ton pos
1M 256,4 264,1 276,7 1M 249,9 229,2 252,6
2M 235,1 249,2 245,1 2M 247,3 238,7 255,4
3M 199,9 234,5 216,6 3M 200,3 219,2 193,1
4M 227,7 245,1 232,7 4M 227,5 220,4 230,0
5M 207,6 210,8 194,4 5M 205,3 178,2 173,6
soma 1126,7 1203,7 1165,5 soma 1130,3 1085,7 1104,7
média total 225,3 240,7 233,1 média total 226,1 217,1 220,9
Substantivo Adjetivo
FREQÜÊNCIA
Serra, C. R
147
médias pre ton pos médias pre ton pos
1M 3,2 6,1 1,5 1M 3,5 7,4 1,1
2M 5,6 8,3 3,5 2M 4,7 7,3 2,7
3M 3,4 6,5 3,5 3M 1,9 4,7 0,9
4M 2,2 7,2 3,7 4M 2,9 4,8 1,1
5M 4,5 5,4 3,0 5M 4,9 4,6 1,9
soma 18,9 33,5 15,2 soma 17,9 28,8 7,7
média total 3,8 6,7 3,0 média total 3,6 5,8 1,5
Adjetivo Substantivo
médias pre ton pos médias pre ton pos
1M 3,3 6,7 0 1M 5,8 6,8 2,5
2M 1,3 5,9 6,6 2M 7,8 7,5 1,2
3M 3,2 5,9 0,8 3M 6,0 7,8 3,2
4M 1,3 4,6 3,7 4M 4,6 6,1 5,7
5M 1,3 3,7 1,3 5M 6,5 6,3 1,0
soma 10,4 26,8 12,4 soma 30,7 34,5 13,6
média total 2,1 5,4 2,5 média total 6,1 6,9 2,7
Substantivo Adjetivo
INTENSIDADE
Serra, C. R
148
FØ Intrassilábica
Homens
subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s
chefes -141 inigualáveis 106
aviões 141 modernos 197
pesquisa -56 recente 35
conseqüências 81 5H inevitáveis 144
caminhos -5 taxa de variação perigosos 156
crise -49 de F0 profunda 97
crise 267 intrassilábica terrível 294
capacidade -43 notável 26
funções 40 importantes 129
resultados 118 esperados 103
SOMA 353 SOMA 1287
MÉDIA 35,3 MÉDIA 128,7
subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s
chefes -1 inigualáveis 387
aviões 573 modernos 528
pesquisa -121 recente 481
conseqüências 292 4H inevitáveis 200
caminhos 17 taxa de variação perigosos 415
crise 27 de F0 profunda 265
crise 365 intrassilábica terrível 242
capacidade -58 notável 230
funções -35 importantes 411
resultados 24 esperados 45
SOMA 1083 SOMA 3204
MÉDIA 108,3 MÉDIA 320,4
subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s
chefes -87 inigualáveis 108
aviões 81 modernos 219
pesquisa -69 recente 64
conseqüências 135 3H inevitáveis 64
caminhos -33 taxa de variação perigosos 14
crise -87 de F0 profunda 127
crise 223 intrassilábica terrível 99
capacidade -87 notável 21
funções -134 importantes 48
resultados -24 esperados -7
SOMA -82 SOMA 757
MÉDIA -8,2 MÉDIA 75,7
Serra, C. R
149
subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s
chefes -131 inigualáveis -57
aviões 192 modernos 86
pesquisa -75 recente 57
conseqüências 142 2H inevitáveis -15
caminhos -102 taxa de variação perigosos 18
crise -32 de F0 profunda 188
crise 173 intrassilábica terrível 63
capacidade -83 notável 21
funções -35 importantes -21
resultados -45 esperados 154
SOMA 4 SOMA 494
MÉDIA 0,4 MÉDIA 49,4
subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s
chefes -167 inigualáveis 123
aviões 385 modernos 224
pesquisa -135 recente 188
conseqüências 172 1H inevitáveis 55
caminhos -111 taxa de variação perigosos 152
crise 32 de F0 profunda 10
crise 131 intrassilábica terrível 503
capacidade 23 notável 113
funções -11 importantes 54
resultados 38 esperados 133
SOMA 357 SOMA 1555
MÉDIA 35,7 MÉDIA 155,5
subs1a posição Hz/s
Média 5H 35
4H 108
3H -8
2H 0,4
1H 36
SOMA 171,4
MÉDIA TOTAL 34,3
adj. Anteposto Hz/s
Média 5H 129
4H 320
3H 76
2H 49
1H 156
SOMA 730
MÉDIA TOTAL 146
FØ Intrassilábica
Serra, C. R
150
Mulheres
subs1a posição Hz/s
adj. Anteposto Hz/s
chefes -108 inigualáveis 4
aviões 155 modernos 498
pesquisa -145 recente 138
conseqüências -59 5M inevitáveis -43
caminhos 19 taxa de variação perigosos 249
crise 38 de F0 profunda 3
crise 349 intrassilábica terrível 371
capacidade 56 notável 146
funções -89 importantes 158
resultados -22 esperados 62
SOMA 194 SOMA 1586
MÉDIA 19,4 MÉDIA 158,6
subs1a posição Hz/s
adj. Anteposto Hz/s
chefes -235 inigualáveis 132
aviões 180 modernos 176
pesquisa -202 recente 57
conseqüências 112 4M inevitáveis 36
caminhos 61 taxa de variação perigosos 153
crise 24 de F0 profunda 39
crise 88 intrassilábica terrível 340
capacidade -11 notável 46
funções -235 importantes 7
resultados -161 esperados 239
SOMA -379 SOMA 1225
MÉDIA -37,9 MÉDIA 122,5
subs1a posição Hz/s
adj. Anteposto Hz/s
chefes -31 inigualáveis -54
aviões 317 modernos 321
pesquisa -448 recente 129
conseqüências 145 3M inevitáveis -46
caminhos -102 taxa de variação perigosos 169
crise -69 de F0 profunda -42
crise -24 intrassilábica terrível 255
capacidade 188 notável 131
funções -135 importantes 142
resultados 111 esperados -42
SOMA -48 SOMA 963
MÉDIA -4,8 MÉDIA 96,3
subs1a posição Hz/s
adj. Anteposto Hz/s
Serra, C. R
151
chefes -127 inigualáveis -84
aviões 480 modernos 334
pesquisa -232 recente 12
conseqüências 112 2M inevitáveis 159
caminhos 121 taxa de variação perigosos 270
crise 56 de F0 profunda 322
crise -109 intrassilábica terrível 649
capacidade -156 notável 212
funções 5 importantes 194
resultados -341 esperados 366
SOMA -191 SOMA 2434
MÉDIA -19,1 MÉDIA 243,4
subs1a posição Hz/s
adj. Anteposto Hz/s
chefes -97 inigualáveis 179
aviões 279 modernos 187
pesquisa -135 recente 284
conseqüências 337 1M inevitáveis 186
caminhos 50 taxa de variação perigosos 223
crise 263 de F0 profunda 49
crise 238 intrassilábica terrível 223
capacidade -84 notável 36
funções -63 importantes 303
resultados 97 esperados 174
SOMA 885 SOMA 1844
MÉDIA 88,5 MÉDIA 184,4
subs1a posição Hz/s
Média 5M 19
4M -38
3M -5
2M -19
1M 89
SOMA 46
MÉDIA TOTAL 9,2
adj. Anteposto Hz/s
Média 5M 159
4M 123
3M 96
2M 243
1M 184
SOMA 805
MÉDIA TOTAL 161
Serra, C. R
152
SERRA, Carolina Ribeiro (2005). A ordem dos adjetivos no percurso histórico: variação e prosódia.
Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa – Curso de Pós-Graduação em Letras Vernáculas,
Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras, p. 153, mimeo.
RESUMO
Este trabalho analisa a ordem dos adjetivos no sintagma nominal, em uma perspectiva
diacrônica, buscando verificar a fixação da ordem posposta, no decorrer dos séculos
XVII ao XX. Estabelece-se aqui, ainda, uma comparação entre as variedades brasileira e
européia do português, tomando como base corpora de anúncios e editoriais dos séculos
XIX e XX, publicados em jornais cariocas e lisboetas. Procede-se, também, a uma
análise prosódica da posição do adjetivo no português brasileiro, com vistas a
determinar se a anteposição do adjetivo, posição marcada, interfere no padrão prosódico
do SN. A metodologia utilizada no trabalho é a da sociolingüística quantitativa
laboviana, em alguns momentos auxiliada pelo princípio funcionalista da marcação, e a
da Fonética Acústica, para a análise no âmbito da prosódia. Os resultados das análises
quantitativas e qualitativas revelam a tendência de diminuição da anteposição do
adjetivo, no decorrer dos séculos, e sua conseqüente fixação em posição pós-nuclear.
Revelam, ainda, que as diferenças existentes entre as duas variedades do português não
comprometem a hipótese geral de fixação da posposição, mas que é importante a
observação das intenções comunicativas de cada tipo de texto e em cada época, no PB e
no PE. Os resultados da análise prosódica confirmam a Hipótese da prosódia marcada,
segundo a qual os adjetivos possuem “marcas” prosódicas próprias -- de duração,
intensidade e freqüência fundamental -- capazes de alterar a estrutura prosódica
subjacente.
Serra, C. R
153
SERRA, Carolina Ribeiro (2005). A ordem dos adjetivos no percurso histórico: variação e prosódia.
Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa – Curso de Pós-Graduação em Letras Vernáculas,
Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras, p. 153, mimeo.
RÉSUMÉ
Dans cette dissertation, nous étudions l’ordre des adjectifs dans le syntagme nominal,
selon une perspective diachronique, du XVIIe au XX
e siècle, afin de vérifier la
“fixation” de l’ordre postposé (nom – adjectif). Il s’agit aussi d’une comparaison entre
les variétés brésilienne et européenne du portugais, sur la base de corpora d’annonces et
d’éditoriaux des XIXe et XX
e siècles publiés dans des journaux des villes de Rio de
Janeiro et de Lisbonne. Nous présentons une analyse prosodique de la position de
l’adjectif en portugais brésilien pour déterminer si l’antéposition de l’adjectif, position
marquée, peut interférer dans le modèle prosodique du syntagme nominal. La
méthodologie utilisée est celle de la sociolinguistique quantitative labovienne, parfois
combinée avec le principe fonctionnaliste de la “marquation”, et de la Phonétique
Acoustique, pour l’analyse de la prosodie. Les résultats des analyses quantitative et
qualitative montrent la tendance à la raréfaction de l’antéposition de l’adjectif au cours
des siècles et, par conséquent, sa fixation à la position post-nucléaire. Ils montrent
également que les différences existant entre les deux variétés du portugais ne
contredisent pas l’hypothèse générale selon laquelle la position de l’adjectif se fixe
après le nom (postposition), mais que, pour chaque type de texte et chaque époque, il est
important d’observer les intentions communicationnelles, que ce soit en portugais
brésilien ou en portugais européen. Les résultats de l’analyse prosodique confirment
l’Hypothèse de la prosodie marquée, selon laquelle les adjectifs ont des “marques”
prosodiques propres – de durée, d’intensité et de fréquence fondamentale – capables de
modifier la structure prosodique sous-jacente.