o percurso histórico da ordem dos adjetivos

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CAROLINA RIBEIRO SERRA A ORDEM DOS ADJETIVOS NO PERCURSO HISTÓRICO: VARIAÇÃO E PROSÓDIA Faculdade de Letras da UFRJ 1º semestre de 2005

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CAROLINA RIBEIRO SERRA

A ORDEM DOS ADJETIVOS NO PERCURSO HISTÓRICO:

VARIAÇÃO E PROSÓDIA

Faculdade de Letras da UFRJ

1º semestre de 2005

EXAME DE DISSERTAÇÃO

SERRA, Carolina Ribeiro (2005). A ordem dos adjetivos no percurso histórico:

variação e prosódia. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa – Curso de

Pós-Graduação em Letras Vernáculas, Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de

Letras, p. 153, mimeo.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________________________

Professora Doutora Dinah Maria Isensee Callou

(Departamento de Letras Vernáculas/UFRJ)

Orientador

______________________________________________________________________

Professor Doutor João Antonio de Moraes

(Departamento de Letras Vernáculas/UFRJ)

Co-orientador

______________________________________________________________________

Professora Doutora Cláudia de Souza Cunha

(Departamento de Letras Vernáculas/UFRJ)

______________________________________________________________________

Professor Doutor Mário Eduardo Martelotta

(Departamento de Lingüística/UFRJ)

______________________________________________________________________

Professora Doutora Yonne Leite

(Museu Nacional/UFRJ) - Suplente

______________________________________________________________________

Professora Doutora Christina Gomes de Abreu

(Departamento de Lingüística/UFRJ) - Suplente

Examinada a Dissertação:

Conceito:

Em :___ / ___ / ____.

A ordem dos adjetivos no percurso histórico:

variação e prosódia

por

CAROLINA RIBEIRO SERRA

Curso de Pós-Graduação em Letras Vernáculas

Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa

apresentada à Coordenação dos Cursos de Pós-

Graduação em Letras da Universidade Federal

do Rio de Janeiro.

Orientador: Professora Doutora Dinah Maria

Isensee Callou

Co-orientador: Professor Doutor João Antonio

de Moraes

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Departamento de Letras Vernáculas

1º semestre de 2005

Dedico este trabalho àqueles que

sempre me dedicaram todo o amor

que podiam ter, aos meus pais, João

e Zilma, e ao meu irmão, Fabiano.

Feliz dia para quem é

O igual do dia,

E no exterior azul que vê

Simples confia!

Fernando Pessoa

A Cláudia Cunha, Dinah Callou e

João Moraes meus agradecimentos,

em especial.

AGRADECIMENTOS

A Cláudia Cunha, orientadora dos meus primeiros passos acadêmicos, por me

apresentar ao mundo da pesquisa em prosódia do qual não pretendo sair;

A Dinah Callou, orientadora sempre presente, que me ensinou o verdadeiro significado

da palavra trabalho, a quem agradeço também pela amizade;

A João Moraes, pela orientação bem humorada, que faz o difícil parecer nem tão difícil

assim;

A todos os professores de Graduação e Pós-Graduação que participaram da minha

formação acadêmica e do meu crescimento profissional;

Aos companheiros, “velhos” e “novos”, dos Projetos NURC-RJ e PHPB pela amizade;

Aos Projetos PHPB e VARPORT, pela disponibilização dos corpora, e ao Centro de

Lingüística da Universidade de Lisboa, na pessoa da Professora Doutora Maria

Fernanda Bacelar do Nascimento, que tem desenvolvido conosco trabalhos sobre o

tema;

Aos dez locutores, que emprestaram sua voz para o estudo prosódico aqui realizado;

À FAPERJ, pela concessão da bolsa NOTA 10 neste último ano do Mestrado;

Ao CNPq, pela concessão da bolsa de Iniciação Científica que me introduziu na

pesquisa acadêmica durante o período de Graduação;

À minha família, pelo auxílio material e, principalmente, afetivo na busca da realização

dos meus sonhos;

Ao meu irmão, em particular, em quem me espelhei e espelho, até hoje, modelo que é

de dedicação e inteligência;

Às minhas amigas do peito, Adriana, Sandra e Josane, por compartilharem comigo

tantos momentos importantes;

Ao Fred, pelo companheirismo e carinho nos momentos em que se acha que está tudo

perdido, pela assessoria computacional e, ainda, pelas palavras de “ânimo” como: “isso

é o ronco do boi”;

A Deus, acima de todas as coisas, por me

ter criado com tanta vontade de vencer.

SINOPSE

Análise diacrônica da anteposição e da

posposição do adjetivo no sintagma nominal, no

português do Brasil e de Portugal, em sua

modalidade escrita, sob a perspectiva da

Sociolingüística quantitativa laboviana e da

Fonética Acústica.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------- 13

2. A PROPÓSITO DO TEMA ------------------------------------------------------------ 14

3. A ORDEM: REVISÃO NA LITERATURA ----------------------------------------- 19

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA --------------------------- 28

4.1 Sociolingüística quantitativa laboviana ----------------------------------------- 28

4.1.1 Enfoque quantitativo ---------------------------------------------------- 29

4.1.2 Enfoque qualitativo ----------------------------------------------------- 32

4.2 O instrumental da Fonética Acústica -------------------------------------------- 33

5. OS CORPORA --------------------------------------------------------------------------- 36

5.1 Da análise quantitativa variacionista -------------------------------------------- 36

5.1.1 Da análise qualitativa --------------------------------------------------- 37

5.2 Da análise acústica------------------------------------------------------------------ 37

6. ANÁLISE DOS RESULTADOS ------------------------------------------------------ 40

6.1 Da análise quantitativa variacionista -------------------------------------------- 40

6.1.1 Português brasileiro ---------------------------------------------------- 40

6.1.1.1 Da análise qualitativa fundada na Marcação ------------- 66

6.1.2 Português europeu ------------------------------------------------------ 73

6.2 Da análise acústica ----------------------------------------------------------------- 95

6.2.1 Duração ------------------------------------------------------------------- 95

6.2.2 Intensidade -------------------------------------------------------------- 100

6.2.3 Freqüência Fundamental ---------------------------------------------- 102

7.CONCLUSÕES ------------------------------------------------------------------------- 107

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------- 109

ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------114

RESUMO ----------------------------------------------------------------------------------- 152

RÉSUMÉ ----------------------------------------------------------------------------------- 153

ÍNDICE DE QUADROS, TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS

Tabela 1 – Distribuição dos corpora por época --------------------------------------------- 36

Gráfico 1- Peso relativo de aplicação da anteposição do adjetivo nos séculos XVII,

XVIII, XIX e XX -------------------------------------------------------------------------------- 40

Gráfico 2 – Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com sua natureza semântica

e do núcleo, em todos os séculos -------------------------------------------------------------- 41

Gráfico 3: Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com o peso, em todos os

séculos --------------------------------------------------------------------------------------------- 42

Gráfico 4: Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com o tipo de base, em todos

os séculos ----------------------------------------------------------------------------------------- 44

Tabela 2: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo,

século XIX / PB ---------------------------------------------------------------------------------- 45

Tabela 3: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo,

século XX / PB ----------------------------------------------------------------------------------- 45

Gráfico 5: Peso relativo de aplicação da regra de anteposição, século XIX / PB ------- 46

Gráfico 6: Peso relativo de aplicação da regra de anteposição, século XX / PB -------- 46

Tabela 4: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do

adjetivo, século XIX / PB ---------------------------------------------------------------------- 47

Tabela 5: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do

adjetivo, século XX / PB ----------------------------------------------------------------------- 47

Tabela 6: Peso relativo da anteposição de acordo com a dimensão do adjetivo, nos dois

séculos / PB -------------------------------------------------------------------------------------- 49

Tabela 7: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo,

século XIX / PB ---------------------------------------------------------------------------------- 49

Tabela 8: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as cinco fases no eixo

temporal, século XX / PB ---------------------------------------------------------------------- 50

Tabela 9: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as cinco fases no

eixo temporal, século XX / PB ---------------------------------------------------------------- 51

Tabela 10: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto,

século XIX / PB--------------------------------------------------------------------------------- 52

Tabela 11: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto,

século XX / PB ----------------------------------------------------------------------------------- 52

Tabela 12: Peso relativo da anteposição de acordo com o tipo de texto, nos dois séculos

/ PB ------------------------------------------------------------------------------------------------ 53

Tabela 13: Corpus selecionado para a análise de adjetivos em posição marcada, nos dois

séculos / PB --------------------------------------------------------------------------------------- 67

Tabela 14: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo,

século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------------------- 74

Tabela 15: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo,

século XX / PE ----------------------------------------------------------------------------------- 74

Gráfico 7: Peso relativo de aplicação da regra de anteposição, século XIX / PE ------- 75

Gráfico 8: Peso relativo de aplicação da regra de anteposição, século XX / PE -------- 75

Tabela 16: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do

adjetivo, século XIX / PE ----------------------------------------------------------------------- 76

Tabela 17: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do

adjetivo, século XX / PE ------------------------------------------------------------------------ 77

Tabela 18: Peso relativo da anteposição de acordo com a dimensão do adjetivo, nos dois

séculos / PE --------------------------------------------------------------------------------------- 78

Tabela 19: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto,

século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------------------- 79

Tabela 20: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto,

século XX / PE ----------------------------------------------------------------------------------- 79

Tabela 21: Peso relativo da anteposição de acordo com o tipo de texto, nos dois séculos

/ PE ------------------------------------------------------------------------------------------------ 79

Tabela 22: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as três fases no eixo

temporal, século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------- 88

Tabela 23: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as cinco fases no

eixo temporal, século XX / PE ----------------------------------------------------------------- 89

Tabela 24: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as três fases no eixo

temporal, século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------- 89

Tabela 25: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as cinco fases no

eixo temporal, século XX / PE ----------------------------------------------------------------- 90

Tabela 26: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a natureza semântica

do núcleo, século XIX / PE --------------------------------------------------------------------- 90

Tabela 27: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a natureza semântica

do núcleo, século XX / PE ---------------------------------------------------------------------- 90

Tabela 28: Peso relativo da anteposição de acordo com a semântica do núcleo, nos dois

séculos / PE --------------------------------------------------------------------------------------- 91

Tabela 29: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo,

século XIX / PE ---------------------------------------------------------------------------------- 92

Tabela 30: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo,

século XX / PE ----------------------------------------------------------------------------------- 92

Tabela 31: Peso relativo da anteposição de acordo com a base do adjetivo, nos dois

séculos / PE --------------------------------------------------------------------------------------- 93

Figura 1: Média da duração na fala masculina ---------------------------------------------- 95

Figura 2: Média da duração na fala feminina ------------------------------------------------ 95

Tabela 1a: Duração média das sílabas pretônicas, tônicas e postônicas na fala masculina

------------------------------------------------------------------------------------------------------ 96

Tabela 2a: Duração média das sílabas pretônicas, tônicas e postônicas na fala feminina -

------------------------------------------------------------------------------------------------------ 96

Tabela 3a: Percentual de aumento de duração da tônica com relação à pretônica, de

acordo com a posição de cada elemento no SN --------------------------------------------- 98

Tabela 4a: Relação entre a duração do pé métrico e da pretônica na primeira posição,

tanto na anteposição do adjetivo quanto na posposição, de acordo com o sexo -------- 99

Figura 3: Média da intensidade na fala masculina ----------------------------------------- 100

Figura 4: Média da intensidade na fala feminina ------------------------------------------ 100

Figura 5: Média da freqüência fundamental na fala masculina ------------------------- 102

Figura 6: Média da freqüência fundamental na fala feminina ---------------------------- 102

Tabela 5a: FØ média das sílabas pretônicas, tônicas e postônicas na fala masculina - 103

Tabela 6a: FØ média das sílabas pretônicas, tônicas e postônicas na fala feminina -- 103

Tabela 7a: Taxa de variação de FØ intrassilábica (tônica) dos substantivos em 1ª

posição, fala masculina (H) e fala feminina (M) ------------------------------------------- 105

Tabela 8a: Taxa de variação de FØ intrassilábica (tônica) dos adjetivos em 1ª posição,

fala masculina (H) e fala feminina (M) ----------------------------------------------------- 105

Serra, C. R.

13

1. Introdução

Este trabalho busca investigar a distribuição dos adjetivos no sintagma nominal,

antepostos ou pospostos ao núcleo, na escrita, entre os séculos XVII e XX, e ainda

comparar, tomando por base os mesmos tipos de textos, o português brasileiro e o

português europeu, nos séculos XIX e XX. Damos continuidade, aqui, ao estudo sobre

ordem dos adjetivos no português brasileiro iniciado por Avelar (2000).

Por considerarmos que os fenômenos de variação de ordem são também

determinados, ou pelo menos evidenciados, por um componente prosódico, esta análise

também utilizará o instrumental da Fonética Acústica na investigação das possíveis

“marcas” prosódicas do adjetivo anteposto, ordem marcada no português atual.

Interessa-nos, portanto, levantar os fatores que condicionam a colocação dos

adjetivos antes ou depois do núcleo, em que época a ordem se torna mais fixa, se há

diferenças entre as variedades brasileira e européia, no que concerne a essa colocação, e

até que ponto a alternância de ordem interfere no padrão prosódico subjacente.

Com os resultados desta pesquisa, espera-se dar um passo adiante nas discussões

sobre ordem, no que tange a substantivos e adjetivos, no português, e evidenciar a

importância da aliança entre diferentes perspectivas de análise, neste caso a da

Sociolingüística -- com o respaldo do princípio funcionalista da Marcação -- e a da

Fonética Acústica, em estudos desse tipo, o que traz contribuições tanto para um quanto

para outro modelo.

O trabalho encontra-se dividido da seguinte forma: no capítulo 2, é feita uma

apresentação/definição do tema a ser tratado; no capítulo 3, uma revisão sobre a ordem

na literatura; no capítulo 4, que se dedica à fundamentação teórico-metodológica, há

uma subdivisão no que se refere à sociolingüística quantitativa laboviana -- Enfoque

quantitativo -- e o princípio da Marcação -- Enfoque qualitativo -- (4.1) e ao

instrumental da Fonética Acústica (4.2); no capítulo 5, são apresentados os corpora

para as análises quantitativa e qualitativa (5.1) e para a análise acústica (5.2); no

capítulo 6, é apresentada a análise dos resultados, (6.1) e (6.2); no capítulo 7,

apresentam-se as conclusões, e, por fim, no capítulo 8, encontra-se a referência

bibliográfica do estudo.

Serra, C. R.

14

2. A propósito do tema

A ordem dos constituintes de frases declarativas em português é variável,

embora se enquadre em geral no padrão SVO. Tanto o sujeito quanto o objeto podem

ser representados por um sintagma nominal (SN), categoria sintática cuja estrutura

lexical se apresenta diversificada em função do nome que lhe pode servir de núcleo. O

SN é constituído por uma estrutura funcional que depende dos elementos que se

encontram à esquerda do nome -- entre eles, artigos, possessivos, demonstrativos,

quantificadores. Pode haver também modificação do sintagma através de adjetivos, os

chamados adjuntos adnominais, que ocorrem, de preferência, à direita do nome. Os

adjetivos partilham de algumas de suas propriedades, como a flexão, e a tradição

gramatical refere-se a “nomes adjetivos” e “nomes substantivos”, sem levar em conta,

na maioria dos casos, critérios para distingui-los.

Neste trabalho, a variação de ordem em língua portuguesa estará centrada nos

adjetivos adnominais, que ocupam preferencialmente a posição pós-nominal. Línguas

como o português e o espanhol (Demonte & Bosque, 1999) apresentam maior

flexibilidade na ordem dos elementos do SN, sendo mais “livre” a posição que o

adjetivo ocupa, se comparada à do inglês, por exemplo, que apresenta uma ordem

bastante rígida: adjetivos sempre antepostos ao nome.

No âmbito da gramática tradicional, ressalta-se a relação estreita que existe entre

um nome (termo determinado) e um adjetivo (termo determinante) e o fato de, em

função adnominal, o adjetivo ocorrer com maior freqüência depois do substantivo,

principalmente se com valor objetivo ou denotativo (Cunha, 1972).

Segundo Mateus et alii, (2003), a posição pós-nominal está associada a uma

interpretação restritiva, especificadora. Assim, a posição à direita do núcleo do SN é [-

marcada], por vezes, obrigatória, como nos exemplos (1) e (2), por vezes opcional,

como em (3) e (4). Em relação a certos adjetivos, essas duas posições estão associadas a

significados diferentes, como em (5). A anteposição é [+marcada] e vista como mais

freqüente em textos literários, produzindo, em geral, o efeito de maior subjetividade.

(1) A mesa retangular / *A retangular mesa

(2) A reunião anual / *A anual reunião

(3) O amigo simpático / O simpático amigo.

Serra, C. R.

15

(4) O acontecimento recente / O recente acontecimento

(5) Meu amigo pobre / Meu pobre amigo

Neves (2000: 200) diz que a primeira observação sobre a posição que o adjetivo

ocupa no sintagma nominal diz respeito ao fato de existirem diferenças no

comportamento das duas grandes subclasses -- os qualificadores e os classificadores. Os

classificadores, usados como adjuntos adnominais, podem ser pospostos – posição

menos marcada, como em (6) e (7), ou antepostos -- posição mais marcada --, como em

(8) e (9), freqüente em textos literários. Quando anteposto, produz, em geral, o efeito de

maior subjetividade.

(6) luxo discreto

(7) pancada suave

(8) indefeso homem

(9) falsa amizade

Os adjetivos que permitem, com maior freqüência, segundo a autora, a

anteposição são aqueles que expressam qualidades atribuídas a termos que têm uma

relação específica com o substantivo qualificado, como no exemplo (8), em que o

adjetivo não tem valor absoluto, mas sim se refere a uma característica inerente ao

substantivo: homem é indefeso como homem1. Segundo a autora, a ordem do adjetivo

qualificador pode ser livre, como em (10), obrigatoriamente posposta ou anteposta,

como em (11) e (12), respectivamente, ou livre com alteração de sentido, como em (13).

Os adjetivos classificadores, em função adnominal, incluídos aí os que exercem papel

na estrutura argumental do nome, aparecem, segundo a autora, normalmente pospostos,

embora haja construções cristalizadas em que o adjetivo aparece sempre anteposto,

como em (14).

(10) homem bonito/bonito homem

(11) tempo ruim

(12) mero processo

1 O adjetivo mortal, embora também represente uma característica inerente ao homem, não admite

anteposição (*mortal homem).

Serra, C. R.

16

(13) velho amigo/ amigo velho

(14) pátrio poder

Para Perini (1996), a possibilidade de colocação do adjetivo, à esquerda ou à

direita do núcleo do SN, não é dada pelo contexto sintático e/ou semântico-discursivo

de sua ocorrência. A anteposição corresponderia a uma propriedade do vocábulo, já

definida no léxico: poder ocupar a posição pré ou pós-nuclear [+/-PN]. Essa mesma

hipótese já havia sido levantada por Malaca Casteleiro (1981). O adjetivo já viria

marcado no léxico como [+PN] ou [-PN] e só raras vezes admitiria uma ordem variável

[+/-PN], sem mudança de sentido. Segundo os autores referidos, mesmo os adjetivos

que parecem aceitar as duas posições, sem alteração de significado, sofrem quase

sempre uma ligeira alteração de sentido: “Na posição pós-nominal implicam de certo

modo atribuição contingente ou temporária. Na posição pré-nominal, pelo contrário,

supõem atribuição constante ou típica (p.36-7)”, como no exemplo (15).

(15) Os salários baixos / Os baixos salários

No que se refere à invariabilidade de cada ordem, também proposta por Klein-

Andreu (1983), há exemplos que a contrariam, ou seja, casos de adjetivos que tanto em

anteposição como em posposição mantêm o mesmo valor semântico, como em (16) e

(17). Nestes casos, o adjetivo seria marcado ao mesmo tempo como [+/- PN]. Havia um

grupo vasto de adjetivos que possuíam a dupla marcação, como demonstram os dados

do PB de diacronia (exemplos de 18 a 21).

(16) O amigo simpático/O simpático amigo

(17) A situação atual/ A atual situação

(18) modico preço (Gazeta do Rio de Janeiro/1809)

(19) preços modicos (Diario de Noticias/1869)

(20) superiores commodos (Jornal do Commercio/1827)

(21) commodos superiores (Jornal do Commercio/1827)

Serra, C. R.

17

Além disso, percebemos que adjetivos que no português atual, pelo menos no

português brasileiro, causariam estranheza em posição pré-nuclear aparecem antepostos

em textos do século XIX (PB), como nos casos de (22) a (24):

(22) visto ter-se dado as precisas providencias.... (Jornal do Commercio/1881)

(23) seu efeito é mais efficaz que dobrada porção do óleo simples. (Diario de

Noticias/1869)

(24) Correios destinados para a interior communidade desta Côrte. (Gazeta do

Rio de Janeiro/1810)

(25) A Sumaca Nacional HARMONIA se acha promta dos necessarios

pertences para seguir viagem (Jornal do Commercio/1827)

A observação desses casos nos leva a considerar todas as ocorrências de

adjetivos, tanto antepostas quanto pospostas, pois não é possível que se recupere a

intuição do usuário da língua em outras épocas, e assim saber se os adjetivos poderiam

ocupar ambas as posições ou não. Com nosso “olhar” sincrônico, não poderíamos

prever que adjetivos como interior, no exemplo em (24), pudessem ocupar a posição

pré-nuclear em outras sincronias.

Partindo da hipótese de Perini, pudemos verificar que, ao que tudo indica,

muitos adjetivos perderam o traço [+PN], ou seja, a possibilidade de ocupar a posição

pré-núcleo. Em épocas anteriores da língua, o traço [+PN] parece ter englobado um

número maior de adjetivos, possivelmente de adjetivos descritivos, como nos exemplos

(23) e (24). Porém, ao contrário do que Perini sugere, a colocação é determinada por

uma escolha que leva em conta o valor semântico e discursivo do adjetivo relacionado

ao tipo de texto em que ele aparece.

Também segundo Lapa (1968: 110), o adjetivo pode adquirir “significação

diferente” de acordo com a posição que ocupa no sintagma nominal: "quando o adjetivo

está logo depois do substantivo, tende a conservar o valor próprio, objetivo, intelectual;

quando está antes, tende a perder o próprio valor e a adquirir um sentido afetivo”.

Nesse sentido, o adjetivo desempenha uma função estilística, dependendo da posição

que ocupe no SN. A associação da posposição do adjetivo com a manutenção do seu

valor objetivo versus a aquisição de um valor subjetivo do adjetivo anteposto também é

apresentada no âmbito da gramática tradicional (Cunha, 1972).

Serra, C. R.

18

Da forma como tem sido tratada, em geral, a ordem dos adjetivos que funcionam

como adjuntos adnominais, percebe-se que sua colocação anteposta ou posposta

depende muito mais de aspectos semântico-discursivos e estilísticos que estritamente

sintáticos. A escolha pela anteposição evidencia a intenção de dar um novo valor, mais

“subjetivo”, mais “valorativo”, ao conteúdo semântico do sintagma nominal,

exatamente o que acontece com a anteposição do adjetivo necessários no exemplo (25)

-- A Sumaca Nacional HARMONIA se acha promta dos necessarios pertences para

seguir viagem -- retirado de um anúncio da imprensa carioca do século XIX; ou ainda

uma apreciação negativa, da mesma forma de caráter subjetivo, como neste dado

retirado de editorial da primeira fase do século XX “odiosas negociatas” (Correio da

Manhã/1901).

Com a análise variacionista, pode-se identificar qual é o tipo de adjetivo que

mais facilmente se presta a essa atribuição de valor subjetivo, podendo ocorrer mais em

anteposição, e quais aqueles que ainda resistem à mudança de ordem.

Ainda nesse sentido, levar em conta o tipo de texto analisado parece ser de

grande importância, pois a depender da maneira como o autor do texto pretende atingir

o leitor, ele poderá optar pelo uso de uma linguagem mais ou menos objetiva.

Sob o mesmo “guarda-chuva” do texto jornalístico, encontram-se textos que se

destinam a informar, explicar e orientar o leitor sobre determinados assuntos -- como

cartas da redação do jornal e editoriais -- e anúncios, que fazem parte de um discurso

publicitário, no qual o principal objetivo é ressaltar as qualidades do produto anunciado,

tentando convencer o leitor a comprá-lo. Dessa forma, espera-se que haja alguma

diferença entre editoriais e anúncios, no que se refere à colocação dos adjetivos, por

conta das intenções distintas de veiculação de cada texto. O caráter valorativo dos

adjetivos antepostos pode servir como importante ferramenta no mundo dos anúncios

publicitários. Não podemos esquecer, entretanto, de que um mesmo tipo de texto pode

ter características bem distintas em uma época e em outra. Esse é o caso das cartas de

redatores do século XIX que deram origem aos editoriais do século XX. Também no

caso dos anúncios parece haver diferença entre os do século XIX e os do século XX, o

que será observado a partir dos resultados da análise variacionista (Cap. 6).

A partir dos resultados deste trabalho e de outros anteriores (Avelar, 2000; Serra,

2003; Callou & Serra, 2003; Callou, Serra & Sales, 2004), Sales vem, mais

Serra, C. R.

19

especificamente, desenvolvendo pesquisa, com parte do corpus apresentado aqui e de

outros, sobre a função discursiva dos adjetivos em diferentes tipos de textos

jornalísticos (Sales, 2003, 2004).

3. A ordem: revisão na literatura

A idéia de que as línguas humanas evoluem em termos de passagem de uma

ordem frouxa para uma rígida, ou mesmo de uma morfologia forte e uma sintaxe fraca

para uma sintaxe forte e uma morfologia fraca (Hodge, 1970), com o passar do tempo,

pode ser atestada ao observarmos a disposição dos constituintes de frase no Latim, pelo

menos no Clássico, e nas Línguas Românicas. A ordem mais livre registrada nos textos

do Latim Clássico e sua riqueza de casos foram gradativamente substituídas pela perda

de casos e, conseqüentemente, pelo maior enrijecimento da ordem, já no Latim Vulgar e

de forma ainda mais contundente na passagem para as Línguas Românicas. Sobre

colocação no Latim, nos diz Maurer Jr (1959: 194):

A ordem livre, que o latim havia herdado do indo-europeu, foi

abandonada, em grande parte, preferindo-se em linhas gerais o que

se costuma chamar de ordem direta (sujeito, verbo, complemento,

vindo os elementos modificadores pospostos aos modificados e

pondo-se regularmente juntas as palavras que se complementam).

Não se deve, porém, pensar na colocação vulgar como um sistema

rijo e inflexível, como acontece em algumas línguas românicas

modernas.

Greenberg (1961) apresenta um levantamento sobre a ordem dos elementos

constitutivos da frase, a partir de uma amostra composta por 30 línguas. De acordo com

o Universal 16, Greenberg afirma que línguas SVO normalmente apresentam os

adjetivos pospostos ao nome, confirmando tendência apontada por Maurer Jr. para o

latim.

O que há registrado na literatura sobre ordem de adjetivos no latim é bastante

próximo do que se tem hoje no português e em algumas línguas neolatinas. Segundo

Marouzeau (1922), os adjetivos determinativos, aqueles que designam qualidade

objetiva, sem atribuição de juízo de valor, ocupavam, normalmente, a posição pós-

Serra, C. R.

20

nuclear: aqua salsa (água salgada), domus materna (casa materna), mala acerba (maçã

azeda). É possível, entretanto, que adjetivos desse tipo apareçam em anteposição,

quando adquirem uma acepção laudativa ou depreciativa: diuino consilio (aviso divino);

homanarum rerum (coisas humanas). Os adjetivos qualificativos denotam apreciação

afetiva, atribuem um valor subjetivo e sua ordem é preferencialmente anteposta:

sanctissimas religiones (santíssimas religiões), gravissima decreta (gravíssima decisão),

para esse tipo de adjetivo também era possível a posposição: amor uerus (amor

verdadeiro).

Aos adjetivos que Marouzeau chama de determinativos, damos o nome de

descritivos e aos qualificativos, avaliativos, seguindo a classificação tradicional. O

valor de cada tipo, entretanto, é o mesmo. Vejamos exemplos de adjetivo descritivo e

avaliativo, em (26) e (27), respectivamente.

(26) Recebeu cartas pelo Correio maritimo (C. Comércio/XVIII)

(27) os nomes dos seguintes distinctos cidadãos para deputados... (Diario de

Noticias/XIX)

Para correlacionar a questão da ordem à do sentido, retomamos Greenberg (op.

cit: 68), no Universal 19:

Quando a regra geral é a de que o adjetivo descritivo vem depois

[do núcleo], pode haver uma minoria de adjetivos que usualmente

o precedam, porém quando a regra geral é a de que os adjetivos

descritivos vêm antes, não há exceções2.

Pelo que podemos perceber, é a posição do adjetivo descritivo que determinará a

possibilidade de variação de ordem.

O português faz parte do primeiro tipo de línguas a que Greenberg faz

referência, ou seja, é uma língua em que os adjetivos descritivos, na maioria dos casos,

sucedem o núcleo, portanto, é uma língua em que a ordem anteposta/posposta pode

variar. O Inglês é um exemplo de língua do segundo tipo que, por ter como regra a

anteposição do adjetivo descritivo, não permite variação. 2 When the general rule is that the descriptive adjective follows, there may be a minority of adjectives

which usually precede, but when the general rule is that descriptive adjectives precede, there are no

exceptions (Greenberg, 1961: 68).

Serra, C. R.

21

A correlação entre a “ordem direta” SVO e a conseqüente ordem, preferencial,

substantivo/adjetivo, em línguas como o português, nos permite refletir ao mesmo

tempo sobre dois processos de variação/fixação de ordem no PB.

É a partir do século XIX, segundo Tarallo (1993), que se consolidam as grandes

mudanças sintáticas no português do Brasil. Essas mudanças, naturalmente, também

envolvem ordem de constituintes.

Em estudo sobre a perda do sujeito posposto em interrogativas-Q, Duarte (1992)

constata que a ordem VS (O que pensa tua filha do nosso projeto?), quase categórica

no século XIX e inícios do XX, foi substituída pela ordem SV (Do que tu tá falando?),

mantendo-se a inversão, ao final do século XX, apenas com verbos monoargumentais e,

ainda, se o sujeito for um SN (Onde andará a Neiva?). O corpus utilizado por Duarte

para essa análise é constituído de peças de teatro popular, escritas ao longo dos séculos

XIX e XX no Rio de Janeiro.

Também em análise de corpora diacrônicos e sincrônicos sobre a inversão VS

em declarativas, Berlinck (1989: 104) conclui que há uma “diminuição da

produtividade geral de V SN e o conseqüente aumento da ocorrência de SN V”. Seus

resultados de freqüência de V SN são os seguintes: século XVIII: 42%, século XIX:

31% e século XX: 21%; o fator de maior relevância no corpus do século XX foi a

transitividade verbal (op. cit: 97). A autora afirma que o processo de mudança da ordem

se caracteriza “pela passagem gradativa de uma orientação funcional para uma de

natureza formal” (op. cit: 98) de seus fatores condicionantes. A função discursiva do

SN, ou seu status informacional -- fator determinante da ordem no século XVIII --,

começa a dar lugar, nos dois séculos subseqüentes, a um fator de natureza estritamente

sintática, o tipo de verbo-predicador, que passa a determinar a ordem no século XX.

No caso que particularmente nos interessa, a ordem dos adjetivos no SN,

podemos dizer que a motivação para a variação na ordem é inversa à do fenômeno

analisado por Berlinck. São justamente fatores semântico-discursivos que influenciam a

escolha da ordem do adjetivo com relação ao núcleo e não os estritamente gramaticais,

como a função sintática do SN, que não se mostrou relevante para opção

anteposição/posposição (Serra & Callou, 2003a). O principal condicionante para a

ordem SN V no século XX é a transitividade do verbo (Berlinck, op. cit.); para a

Serra, C. R.

22

escolha de ordem entre adjetivos e substantivos importa, em primeiro lugar, o caráter

discursivo do adjetivo, se descritivo ou avaliativo (cf. cap. 6, item 6.1).

Dessa forma, traçando um paralelo entre os fenômenos de mudança da ordem de

V SN para SN V, tanto em interrogativas-Q quanto em declarativas, e a tendência à

fixação da posposição do adjetivo, podemos dizer que a fixação da ordem em cada caso

se deu em função de fatores bem distintos, embora basicamente na mesma época.

Se a ordem VS/SV deixou de ser definida subjetivamente, como Soares Barbosa

(1803, apud. Berlinck, 1989) sugerira que fosse no início do século XIX, para ser

determinada por fatores gramaticais, como indicam os resultados de Berlinck,

poderíamos dizer que, no que se refere à ordem dos adjetivos, a (sub)objetividade

continua sendo determinante. A mudança teria se dado, então, na forma como se passou

a “conceber as coisas” do mundo, no dizer de Soares Barbosa: cada vez mais, do mais

“subjetivo” para o mais “objetivo”, do mais “abstrato” para o mais “concreto”, do mais

“avaliativo” para o mais “descritivo”, resguardando as características de cada texto,

tanto diacrônica quanto sincronicamente. Os propósitos comunicativos estariam, dessa

forma, atuando como fator determinante da escolha do adjetivo em posição pré-ou-

pós-nuclear, apesar da tendência atual à posposição.

No que diz respeito ao tipo de texto, um estudo de orientação funcionalista,

realizado por Klein-Andreu (1983), para o espanhol, apresentou os seguintes resultados

percentuais de anteposição do adjetivo: código espanhol de trânsito, em que ocorre

pouco ou nenhum comentário: 38%; Revista “Destino”, em que se fazem comentários

de eventos: 48%, e Revista Hola, em que constam comentários do tipo “fofocas”: 55%

(Klein-Andreu, 1983: 172). A partir desses resultados, a autora comprovou a hipótese

de a anteposição em espanhol estar restrita ao gênero textual: quanto mais opiniões e

comentários, maior a quantidade de adjetivos precedendo o núcleo. A autora diz ainda,

na conclusão de seu estudo, que “se é forçado a assumir que deve haver uma coerência

comprovável entre os significados específicos postulados e o que o contexto mostra que

o falante tenta expressar3” (Klein-Andreu, 1983: 177).

3 For one is then forced to assume that there must be a demonstrable coherency between the particular

meanings postulated and what the context shows the speaker is trying to express (Klein-Andreu, 1983:

177)

Serra, C. R.

23

Os resultados de Klein-Andreu são um importante indicador do quanto as

ocorrências de anteposição podem variar de um texto a outro.

Apesar da tendência geral à posposição no português, observada no decorrer dos

séculos (Cohen, 1989, Serra & Callou, 2003b), não se pode supor que haja um processo

generalizado de mudança de ordem. A posposição tem se fixado, até mesmo em

contexto antes opcionais (cf. exemplos da sessão anterior), mas obedece ainda a fatores

semântico-discursivos.

Quanto maior o número de “comentários”, mais “opinativo” é o texto, no dizer

de Klein-Andreu, e quanto mais se constata a presença de adjetivos antepostos, mais o

autor “se envolve” com o texto que produz e toma partido do conteúdo nele

apresentado -- seja com a intenção de marcar uma determinada posição com relação a

um evento, como era muito freqüente em cartas de redatores do século XIX, seja para

realçar as qualidades de um produto a fim de comercializá-lo, como em anúncios,

principalmente do século XX, como se pode observar nos documentos transcritos a

seguir, Carta de Redator/Editorial 1 e Anúncio 1.

A tendência é a de que se utilizem mecanismos de persuasão para atingir o

leitor. Quanto mais “isento” de comentários, “imparcial”, for um texto, menor a carga

de subjetividade, de opinião pessoal, ele terá, da mesma forma que se entende que se vá

utilizar, em maior escala, da objetividade associada aos adjetivos descritivos na

caracterização do conteúdo desse texto.

Para Carneiro (1992, apud Monnerat, 2003), que também estuda os adjetivos no

nível da objetividade/subjetividade, os adjetivos objetivos tendem a uma

“autosuficiência informativa”, ao passo que os subjetivos tendem a gerar progressão

textual por explicitação.

Serra, C. R.

24

Carta de Redator/Editorial 1

Nome do jornal: O Carijó

Rio de Janeiro, 1833

Seção: Correspondências, Comunicados

CORRESPONDÊNCIA

Bons dias, lll.mo

e Ex. mo

Sr. Aureliano! / V. Ex. taobem he jurista, segundo

mostrou / tão claramente em seu celebre parecer, quan / do com o seu

conspícuo argumento, de[du] / zido da ordenação do L. 1º tit. 5º § 16, / que

não pode ter voga em tempo constitu- / cional, julgou legal com o seu

immortal co- / lega o sapientíssimo Correa Pacheco (que na[o] he

Chimango) as apposentadorias dos Srs. / Desembargadores, feitos pelos ex-

Ministro PER- / DOADO Honorio: examine V. Ex. por tan- / to bem a

questao, e ainda que revalizou em / seu parecer, com a dedução do Sr.

Trigo, / esperamos (como estamos em tempos de ap- / posentadorias), que

apposente taobem ao Sr. Trigo, porque na ordenação L. etc. etc. tam- / bem

achará o remedio a applicar ao paciente / Lente que se acha attacado da

cólera mer- / bus, para que o velho mundo não acuze a V. / Ex., que no

tempo do seu famozo ministe- / rio, conservou a ignorancia, estupidez e so-

/ bre tudo a incivilidade (consequencia da bes- / tialidade) em hum lugar,

que só deve ser / ocupado pela Sabedoria. / De passagem aconselhamos a

V. Ex. que / não siga os exemplos dos seos immortaes / antecessores, que

tem manchados os seos / ministerios com mil crimes, para que o pu- / blico

não diga, que V. Ex. como Ministro / da Justiça e do Imperio vai tocar

bandurra, / pandeiro e marimba com o ex-ministro per- / doado e o

reverendo confessor de S. Paulo!!! / Não siga V. Ex. os conselhos da

Floresta, / spelunca diabólica, donde sahe hum ar pés- / tifero, que

envenena, e destroe pela raiz a / causa da Liberdade Brasileira: spelunca ou

/ quartel general da boreal Aurora, bolorento / armazem de Alfarrabios ou

carcomidos livros, / da qual sahem empestados vapores, que vão / acabar de

matar a nossa moribunda pátria. / Suspenda V. Ex. o peditório das

Serra, C. R.

25

faculdades / extraordinarias, porque o Povo Brasileiro não / se acostumará a

ferros. – Siga V. Ex. o nos- / so conselho, pois quando o golpe já estiver

sobranceiro a sua cabeça, Sr. Aurelano / então dirá V. Ex. = Nada de

Ministro, nada / de Deputado, etc. etc., e quando sua remor- / denta

consciencia o accusar dos incalculaveis / males, que tem cauzado, para

servir a ho- / mens, inimigos da pátria de Instrumento; e / quando em fim,

os pungentes gemidos de / milhares de familias clamarem aos ceos vin- /

gança contra V. Ex. por ter lhes sacrificado; entao V. Ex. focará

envergonhado de haver / feito tao bom papel, e lamentará com o ex- /

ministro perdoado as pancadas que levou, / e as quaes tem sido sentidas por

poucos. /

/O Redactor.

Anúncio 1

Nome do jornal: O Globo

Rio de Janeiro, 1955

Seção: Anúncios

Também a linda

Elizabeth Taytor

Estrêla do filme Rapsódia

Da Metro Goldwyn Mayer,

revela às brasileiras

o seu segrêdo de beleza.

Ela diz: / “Eu uso / Sabonete Lever!” / Você viu como Elizabeth Taylor /

aparece linda em Rapsódia? / Notou que delicioso frescor juvenil / irradiam

de seu rosto e sua cútis? / Pois agora essa encantadora estrêla da Metro /

ensina a você como ter uma cútis tão / suave e perfeita. Elizaberth Taylor,

como / 9 entre 10 estrêlas de Hollywood, usa / diariamente o puríssimo

Sabonete Lever.

1. LEVER é puro – Sua imaculada alvura o demonstra.

Serra, C. R.

26

2. LEVER é perfumadíssimo – Um delicioso perfume / permanece após o

banho.

3. LEVER suaviza a pele – Sua tonificante espuma dá / um encantador

fascínio.

Siga o conselho de Elizabeth Taylor, e ponha em seu / rosto, em seu

corpo, aquela mesma beleza, aquela / deliciosa suavidade que você vê nas

estrelas do cinema.

Não há dúvida!

As mulheres que precisam ter uma pele impecável, usam e / recomendam

Sabonete Lever. Vá ver: a / encantadora / ELIZABETH TAYLOR / em

Rapsódia / atualmente nos Cine Metro.

(O Globo/Anúncio/1955)

Também sob uma perspectiva funcionalista, Nobre (1989) estudou a ordenação

de adjetivos no SN, com base em dados de fala do Projeto Censo da Variação

Lingüística do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo da autora era propor uma

distribuição funcional das seqüências de nomes e adjetivos em um continuum de

gramaticização que levasse em conta ordem e coesão. Dessa forma, a autora procura

apresentar os diferentes estágios no processo de cristalização entre substantivos e

adjetivos em cada ordem.

Levando em conta todas as ocorrências do corpus do Projeto Censo,

independentemente da ordem em que os adjetivos ocorreram ser mais ou menos fixa

(coesa), Nobre (op. cit: 61) chegou aos seguintes resultados: 79,2% de formas

Nome/Adjetivo e 18,7% de formas Adjetivo/Nome, não incluídos os “casos

expandidos”, em que outro adjetivo era acrescido às formas originais Nome/Adjetivo e

Adjetivo/Nome. Esses resultados indicam uma forte tendência à posposição do adjetivo

na fala.

Dentro do continuum das formas com menor ou maior grau de coesão, a

mobilidade dos constituintes pode sofrer uma restrição de ordem semântica. Para a

autora, o sentido que o adjetivo expressa é que determinará a ordem: “Acredito que na

interação ordem/sentido haja a predominância do sentido. Em uma situação discursiva

Serra, C. R.

27

qualquer a significação que pretendemos dar a uma expressão é que determinará a

utilização de uma ou outra ordenação (op. cit: 44)”.

Apesar de o objetivo da autora ter sido observar as tendências da ordem

Nome/Adjetivo em corpus sincrônico, de modalidade oral, Nobre (op. cit: 72) acredita

que “Para se compreender esse estágio sincrônico e toda a complexidade que envolve a

ordenação NOME ADJETIVO é necessário, sem dúvida, recorrer a explicações

diacrônicas”.

Cohen (1989) recorreu a corpora diacrônicos dos séculos XIV ao XX, para

investigar a ordem dos adjetivos adjuntos adnominais. Os textos utilizados pela autora

são de gêneros textuais diversificados, há cartas (oficiais e particulares), crônicas,

romances, contos, narrativas, e outros tipos de textos (op. cit: 16 e 17). Esses corpora

são compostos desde textos do Livro de Linhagens do Conde D. Pedro (1361) até textos

como O crime do Padre Amaro (1876), de Eça de Queiroz, e Entradas e Bandeiras

(1981), de Fernando Gabeira.

Os percentuais de anteposição encontrados pela autora foram os seguintes: 76%,

no século XIV; 82%, no século XV; 48%, no século XVI; 71%, no século XVII; 51%,

no século XVIII; 34%, no século XIX, e 20%, no século XX. Cohen chama atenção

para o fato de a posposição se tornar predominante a partir do século XVIII, mas não

comenta a instabilidade de percentuais entre os séculos XV e XVII, principalmente a

baixa freqüência de anteposição no século XVI (48%).

Talvez essa oscilação de freqüência de anteposição possa encontrar explicação

nas diferenças entre os tipos de textos. Os documentos utilizados para a análise no

século XVI foram A Carta de Pedro Vaz de Caminha (1500) e Cartas dos Primeiros

Jesuítas do Brasil (1538-1553), que, segundo a autora, são correspondências oficiais de

caráter informativo, que mesclam descrição e narração. Um estudo das características

estilísticas de cada texto poderia explicar as diferenças, que certamente existem, entre

esse material do século XVI e, por exemplo, o de romances (Das Novelas Exemplares e

Constante Florinda 1625-1684) e cartas pessoais (Cartas de Catarina de Bragança a

seu irmão D. Pedro II, Rei de Portugal 1680) do século seguinte, analisados pela autora

(op. cit: 16). Essas diferenças tipológicas podem ter se refletido nas freqüências

diferenciadas de uso da anteposição em cada época.

Serra, C. R.

28

Há, ainda, outros estudos sobre ordem dos adjetivos no SN, como os de Boff

(1991) e Gomes (2001), que, em geral, apontam essa tendência à fixação da posposição

do adjetivo. Esses estudos contribuíram também para nossa pesquisa.

4. Fundamentação Teórico-Metodológica

4.1 Sociolingüística quantitativa laboviana

A sociolingüística com metodologia própria desenvolveu-se a partir da década

de 60 e tem em William Labov um dos seus maiores representantes. A base da chamada

teoria da variação é a possibilidade de estabelecer uma relação entre fatos lingüísticos e

sociais e observar processos de variação na língua, inerentemente heterogênea, que

podem -- ou não -- conduzir a uma mudança (Labov, 1972, 1994).

Uma análise que toma por base um ponto de vista estatístico-variacionista

permite ao pesquisador mensurar a importância de alguns fatores que percebemos,

muitas vezes, intuitivamente, estarem relacionados a um ou outro uso variável. No caso

do fenômeno em estudo, aplica-se essa metodologia, já que a ordem dos adjetivos no

sintagma nominal pode variar: na nossa língua, o adjetivo ocorrendo em posição pré-ou-

pós-nuclear.

Na perspectiva laboviana, a chamada variável dependente constitui o centro do

fenômeno a ser estudado e as variáveis independentes -- que podem ser lingüísticas e/ou

extralingüísticas --, aqueles elementos que “supomos” favorecerem a ocorrência de uma

determinada variante, dentre as que compõem a variável dependente.

A seleção de possíveis variáveis independentes é feita, como se disse, levando

em conta a intuição do pesquisador e também observações assistemáticas. Com as

várias etapas que o estudo variacionista prevê, algumas dessas variáveis são eliminadas,

outras acrescidas, a depender da relevância que cada uma mostre ter para o estudo do

fenômeno.

A testagem quantitativa possibilita uma análise sistemática dos dados,

respaldada na confiabilidade de resultados estatísticos. É importante ressaltar que a

separação feita neste trabalho entre análise quantitativa e qualitativa é apenas um

artifício metodológico para a explanação e discussão de resultados, já que as duas

análises fazem uso do fator numérico e do interpretativo e não podem ser desvinculadas.

Serra, C. R.

29

A análise quantitativa parte de uma primeira etapa qualitativa que é a da

observação do fenômeno variável, a escolha das variáveis que estariam favorecendo

determinado uso, etc. Os resultados brutos da análise quantitativa também não diriam

nada não fosse a capacidade do pesquisador de interpretá-los, buscar explicações para

alguns números que pareçam ter sido “enviesados” durante o processo de quantificação.

A análise qualitativa que se propõe aqui nada mais é do que um refinamento dos

resultados quantitativos, com vistas a tentar explicar mais minuciosamente o que ocorre

na determinação de um uso considerado “marcado”. É, portanto, também, uma extensão

da análise quantitativa, pois é a partir dela que se torna possível um refinamento dos

resultados.

Partindo de uma primeira premissa de que a ordem dos adjetivos pode ser

enquadrada como um fenômeno de variação, constituiu-se a variável dependente para o

estudo – posição anteposta ou posposta do adjetivo no sintagma nominal – tendo sido

escolhida a anteposição como fator de aplicação. Em função da variável dependente,

foram testadas as variáveis independentes (1) lingüísticas, como o tipo de base dos

adjetivos e a quantidade de sílabas com relação ao substantivo, e (2) extralingüística, ou

sociais, como a época em que o documento foi escrito, sua origem, seu tipo, etc., todas

elas relacionadas no item 4.1.1.

Num segundo momento da análise dos dados, faremos uso ainda do princípio

funcionalista da marcação (Givón, 1995), para aliar o que estamos chamando de análise

quantitativa e qualitativa dos dados.

4.1.1 Enfoque quantitativo

Para observar o comportamento dos adjetivos no decorrer dos séculos, e entre as

variedades brasileira e européia do português, fizemos uso da análise quantitativa de

dados, através do Programa Computacional VARBRUL de regra variável (Mollica &

Braga, 2003). Esse programa possibilita depreender quais são os elementos, tanto de

natureza lingüística como extralingüística, que estariam relacionados a um determinado

uso.

Em função da chamada variável dependente -- posição anteposta ou posposta

ocupada pelo adjetivo no sintagma nominal -- foram constituídos os seguintes grupos de

fatores -- variáveis independentes -- para a codificação dos dados: 1) tipo de adjetivo, de

Serra, C. R.

30

base nominal ou participial; 2) natureza do adjetivo, se descritivo ou avaliativo; 3)

dimensão do adjetivo em relação ao substantivo, se tinha maior número de sílabas com

relação ao núcleo, menor número de sílabas ou o mesmo número de sílabas; 4)

característica do núcleo, se imaterial ou material; 5) época em o documento foi escrito,

século XVII, XVIII, XIX (dividido em três fase) ou XX (dividido em cinco fases); 6)

tipo de texto, documentos notariais, cartas de comércio, cartas de redatores/editoriais e

anúncios; e 7) origem do documento, se brasileira ou européia.

No que diz respeito ao carácter discursivo, o estudo segue a classificação

tradicional, em que o adjetivo é marcado como descritivo, caracterizando

objetivamente, de forma “não contestável”, o núcleo do SN, como nos exemplos em

(28), ou como avaliativo, que apresenta uma característica do substantivo passível de

contestação por ser de caráter subjetivo, como nos exemplos em (29). Correspondem,

respectivamente, aos valores “intelectual” e “afetivo” estabelecidos por Lapa.

(28)

a- é melhor que cognac francez ou bitter (Diario de Noticias/1889/PB)

b- No tempo do anterior regime (Expresso/1985/PE)

(29)

a- No que respeita annossa Carregação hiacefazendo hum altíssimo negocio (D.

Notariais/XVII)

b- e isto tem levado ao seu auge a zanguinha dos nossos amáveis

contemporaneos (Correio de Lisboa/1841/PE)

Os substantivos são aqui divididos, quanto à natureza semântica, em

[+MATERIAL], como em (30), e [-MATERIAL], como em (31).

(30)

a- e asim deserao eles doadores q' tinhao em casa tres crianças engeitadas que

eles criarao (D. Notariais/XVII)

b- as manifestações de pesar e dor multiplicaram-se em incontáveis países de

todos os continentes (Expresso/1997/PE)

(31)

Serra, C. R.

31

a- A Sumaca Nacional BOA HORA de muito boas qualidades, há de sahir com

o primeiro Comboi (Jornal do Commercio/XIX/PB)

b- Registra com a possível verdade todos os fins (Diário de Notícias/1864/PE)

No que diz respeito à formação do adjetivo, estabeleceu-se uma diferenciação

entre os de base nominal (exemplo 32) e os de base participial (exemplo 33), a fim de

verificar a hipótese de o adjetivo de base participial tender mais a ocupar a posição [-

PN], em virtude de esses adjetivos possuírem o traço [+Verbo].

No que tange aos adjetivos de base participial, a posposição também é

predominante em espanhol, como afirmam Demonte & Bosque (1999), que a

consideram obrigatória, exceto em casos de uso figurativo, como o de su seca sonrisa

(pág. 189).

(32) e eu Raphael de Carualho escriuao publico de notas... (D.Notariais/XVII)

(33) À descoberta do mundo (...) se lançaram ousados jornalistas (O

Século/1961/PE)

Quanto à dimensão do adjetivo em relação ao substantivo, partiu-se da

hipótese de que adjetivos fonicamente mais pesados, mais salientes, ocupariam,

preferencialmente, a posição pós-núcleo, confirmando tendência análoga à apontada por

Castilho (1997) para a posposição do sujeito em relação ao verbo, e referendada por

Serra (2000).

Essa hipótese foi testada, através do contraste do número de sílabas dos adjetivos

versus o número de sílabas dos núcleos correspondentes, tendo sido arrolados adjetivos

menos extensos que o núcleo, como em (34), mais extensos que o núcleo, como em

(35), e da mesma extensão do núcleo, como em (36).

(34) dias, que estando agente odia fazendo venda dosmolhados todos dedachar

huma boa porção (C.Comércio/XVIII)

(35) enfeitam-se bolos para casamento em Casa Particular (Diario de

Noticias/XIX/PB)

Serra, C. R.

32

(36) Officina com artistas francezes para reparações as mais difficeis e

rigorosas. (O Século/1885/PE)

O estudo correlaciona a colocação do adjetivo com o seu caráter discursivo, com

a natureza semântica do núcleo do SN, com a base do adjetivo e com a sua dimensão

em relação ao substantivo, a fim de confirmar as seguintes hipóteses:

(i) a posição pré-nuclear é ocupada preferencialmente pelo adjetivo

avaliativo e não pelo descritivo.

(ii) quando os adjetivos aparecem antepostos, o núcleo é, em geral,

abstrato, imaterial.

(iii) os adjetivos de base participial aparecem preferencialmente pospostos.

(iv) adjetivos mais pesados tendem a aparecer em posição pós-nuclear.

As duas primeiras hipóteses foram testadas a partir das observações de Avelar

(2000) sobre material dos séculos XIX e XX, confirmando que tanto o caráter avaliativo

do adjetivo quando o caráter abstrato do substantivo influem na sua colocação. Quando

esses dois traços são analisados em conjunto, a anteposição ganha mais força e vai ao

encontro do estado de “conspiração” entre o substantivo e o adjetivo, apontado por

Lapa.

Espera-se, ainda, uma diminuição da freqüência de adjetivos antepostos no

decorrer dos séculos -- como evidencia Cohen (1989) --, uma distribuição diferenciada a

depender do tipo de texto que se está analisando, principalmente nos dois últimos

séculos, pois a liberdade de colocação dá “a quem fala e escreve riquíssimas

possibilidades de expressão” (Lapa, op. cit: 109).

Tal como em outros trabalhos que se dedicam à investigação sobre ordem

diferenciada de constituintes nas variedades do português, como o de Vieira, 2002, os

resultados desta análise irão indicar se há diferenças ou semelhanças entre PB e PE, no

que se refere ao fenômeno da ordem dos adjetivos.

4.1.2 Enfoque qualitativo

Serra, C. R.

33

Após a análise quantitativa, passaremos a examinar, mais uma vez,

qualitativamente, alguns conjuntos de dados, somente do PB, com o objetivo de

observar se a tendência mostrada no âmbito mais geral se confirma em uma análise

particular dos dados.

Nesta etapa do trabalho, faremos uso do princípio funcionalista da Marcação,

com a noção de categoria marcada/não marcada, tal como estabelecida em Givón

(1995). Dos três critérios estabelecidos por Givón para opor categoria marcada/não-

marcada -- complexidade estrutural, distribuição de freqüência e complexidade

cognitiva -- utilizaremos o da complexidade estrutural, segundo o qual itens mais

complexos/longos são normalmente marcados.

Pretende-se verificar quais são os adjetivos que ocupam a posição [+marcada],

levando em conta o tipo de adjetivo (avaliativo ou descritivo) e o tipo de base (nominal

ou participial, correlacionados à extensão com relação ao núcleo (maior, igual ou menor

que o núcleo, doravante, >, =, <).

As hipóteses são as seguintes:

(i) Os adjetivos avaliativos que aparecem pospostos são, em geral, maiores ou do

mesmo tamanho do núcleo e/ou são de base participial;

(ii) Os adjetivos descritivos que aparecem antepostos são, em geral, menores que o

núcleo e/ou são de base nominal.

A observação dos condicionamentos para a ocorrência de adjetivos em posição

[+marcada] será feita em virtude de ter havido uma mudança significativa nos

percentuais de anteposição em editoriais (cf. Cap. 5, item 5.1 da análise quantitativa

variacionista) do século XIX para o XX. Se essa mudança se deu em direção à

posposição, interessa-nos investigar o que ainda condiciona a anteposição nesse tipo de

texto.

4.2 O instrumental da Fonética Acústica

Estudos em sintaxe, semântica, análise do discurso, psicolingüística, e outros,

têm se servido bastante ultimamente do instrumental da Fonética Acústica, com o

objetivo de aliar diferentes tipos de análise. O componente fonológico se mostra, muitas

vezes, o diferencial na observação de determinado fenômeno, comprovando neste nível,

o que ocorre em outras áreas da gramática.

Serra, C. R.

34

Essa aliança entre o estudo de fenômenos de outros componentes da gramática e

os de fenômenos fonético-fonológicos pode ser atestada em trabalhos recentes, de

diferentes orientações teóricas, como os de Freitas (1995), Gonçalves (1997), Vieira

(2002), Orsini (2003), Lourenço-Gomes (2003), Stein (2003), entre outros.

A partir do princípio básico de que a posição não-marcada para a colocação do

adjetivo no SN atualmente é a posição pós-nuclear (cf. Cap. 6, item 6.1), decidiu-se

proceder a uma análise levando em conta parâmetros da fonética acústica, com vistas a

verificar se haveria alguma alteração na estrutura prosódica quando a ordem era

invertida.

Este trabalho dá continuidade a um trabalho anterior (Serra, Callou & Moraes,

2003) e leva em conta os parâmetros de duração, intensidade e freqüência fundamental

(FØ).

As hipóteses iniciais a serem testadas buscam verificar se a prosódia fica

inalterada independente da ordem dos constituintes no SN, isto é, se a anteposição ou

posposição do adjetivo não interfere no padrão prosódico, ou se, ao contrário, ela reflete

essa organização interna do sintagma. Essas hipóteses foram formuladas a partir de

observações assistemáticas sobre o comportamento de cada parâmetro.

A primeira hipótese é chamada de Hipótese da prosódia neutra e a segunda de

Hipótese da prosódia marcada.

Hipótese da prosódia neutra.

O primeiro elemento do SN, qualquer que seja ele, substantivo ou adjetivo, exibe

a) uma elevação de FØ na tônica e outra, de menor amplitude, na última tônica.

O segundo elemento do SN, qualquer que seja ele, tenderia a apresentar

b) alongamento na tônica;

c) maior intensidade na tônica.

Hipótese da prosódia marcada.

O adjetivo anteposto levaria a

a) um reforço do pico de FØ na primeira posição;

b) alongamento da tônica do adjetivo na primeira posição;

c) aumento da intensidade da tônica do adjetivo na primeira posição.

Serra, C. R.

35

Para que pudessem ser testadas essas hipóteses, foram medidos, com base no

programa computacional WINCECIL, os valores de freqüência fundamental (Hz),

duração (s) e intensidade (dB), após segmentação das sílabas pretônicas (nos casos em

que havia), tônicas e postônicas (nos casos em que havia), tanto do adjetivo, como do

substantivo com o qual se combina. O valor da freqüência fundamental foi inicialmente

marcado no pico de intensidade da sílaba, para que a medida fosse uniforme. Em

seguida, foram extraídas, através do programa EXCEL, a média correspondente às três

sílabas.

Tomou-se como referência um sintagma ideal que possuísse a estrutura, PRE1,

TON, POS1, tanto no adjetivo, quanto no substantivo, como em recente pesquisa. Todos

os gráficos apresentam essa estrutura; os resultados neles vislumbrados, entretanto,

referem-se às médias de cada sílaba, na fala masculina e na feminina, de acordo com

cada parâmetro, englobando diferentes SNs, como se pode ver no item 5.2 dedicado ao

corpus da análise acústica.

Numa segunda etapa da análise, mediu-se ainda a taxa de variação de FØ

intrassilábica da sílaba tônica do substantivo na primeira posição e do adjetivo

anteposto. O nosso objetivo era verificar se essa taxa de variação seria mais alta com a

anteposição do adjetivo. O cálculo foi feito da seguinte forma:

a) mediu-se a diferença de FØ na vogal, ou seja, a FØ do ponto final menos a FØ

do ponto inicial da vogal (pf-pi);

b) dividiu-se o valor anterior pela duração da vogal.

Taxa de variação de FØ intrassilábica = FØ final- FØ inicial

Duração (s)

No que se refere especificamente à duração, foram feitos também alguns

cálculos que relacionam a sílaba tônica com as demais. Calculou-se:

a) o aumento de percentagem de duração da tônica do segundo elemento do SN

em relação à tônica do primeiro elemento, na posposição e na anteposição do adjetivo;

b) o alongamento da tônica com relação à pretônica do primeiro e do segundo

elemento, na posposição e na anteposição do adjetivo, e

Serra, C. R.

36

c) o alongamento do pé métrico em relação à pretônica (ton + pos/2 - pretônica)

na primeira posição, tanto na posposição quanto na anteposição do adjetivo.

5. Corpora

5.1 Da análise quantitativa variacionista

Os corpora abrangem textos diversificados, a saber, documentos notariais da

primeira metade do século XVII (Eleutério, 2003), cartas de comércio do final do século

XVIII (Barbosa, 1999), anúncios e cartas de redatores/editoriais dos séculos XIX e XX,

publicados em jornais no Rio de Janeiro e em Lisboa (www.letras.ufrj.br/varport). Os

corpora dos séculos XIX e XX, tanto do PB quanto do PE, foram divididos por fases, o

que nos permitiu observar a distribuição de adjetivos pospostos e antepostos ao longo

desses dois séculos. O século XIX se encontra dividido em três fases: 1ª fase, de 1808 a

1840; 2ª fase, de 1841 a 1870, e 3ª fase, de 1871 a 1900, e o século XX, em cinco: 1ª

fase, de 1901 a 1924; 2ª fase, de 1925 a 1949; 3ª fase, de 1950 a 1960; 4ª fase, de 1961 a

1974, e 5ª fase, de 1975-2000.

Os corpora do português europeu foram coletados e codificados pela equipe de

trabalho coordenada pela Professora Maria Fernanda Bacelar do Nascimento, do Centro

de Lingüística da Universidade de Lisboa (CLUL), e cedido, gentilmente, para esta

análise comparativa entre as variedades brasileira e européia do português (cf.

www.letras.ufrj.br/varport).

Levantou-se, nos séculos XIX e XX, um total de 6262 sintagmas nominais do

português brasileiro (2693) e do português europeu (3569), e ainda 216 dados dos

séculos XVII e XVIII4, referentes a documentos notariais e cartas de comércio, como se

pode observar na Tabela 1.

4 Nos exemplos, conserva-se a grafia do texto original e o destaque em letras capitais. Entre parênteses,

encontram-se indicadas a origem e a data do documento.

XIX XX

Tipo de

texto Anúncio Editorial Anúncio Editorial Total

PB 352 405 1072 864 2693

PE 863 803 985 918 3569

XVII XVIII

Documentos

Notariais

Cartas de

Comércio

95 121

Serra, C. R.

37

Tabela 1 – Distribuição dos corpora por época

Para uma primeira análise, utilizaram-se os corpora do português do século

XVII ao XX, embora não se possa garantir que tais documentos reflitam um português

do/no Brasil, pelo menos nos dos dois primeiros séculos. O fato de o número de dados

levantados nesses dois séculos serem reduzidos, apenas 216 -- pela própria dificuldade

de levantamento de dados de épocas mais antigas da língua -- faz com que se observem

com cautela os resultados referentes a esse período.

Para a comparação entre o PB e o PE, numa segunda etapa de análise, foram

utilizados somente os corpora dos séculos XIX e XX, inclusive por considerar que essa

comparação só seria possível com corpora semelhantes, no caso, textos de imprensa.

5.1.1 Da análise qualitativa

O corpus utilizado para esta análise é o de cartas de redatores/editoriais, já

referido anteriormente, dos séculos XIX e XX, somente do português brasileiro. A

comparação entre os séculos possibilitará verificar a mudança no comportamento dos

adjetivos de um século para o outro. Foram selecionados 131 adjetivos avaliativos e 111

adjetivos descritivos do corpus do século XIX, e 110 adjetivos avaliativos e 115

adjetivos descritivos do corpus do século XX. Para a seleção de dados foi utilizado o

Programa TSORT, que compõe o Pacote de Programas VARBRUL.

5.2 Da análise acústica

O corpus é constituído por vinte enunciados com adjetivos antepostos e

pospostos, par a par, que foram lidos por dez locutores, cinco homens e cinco mulheres.

No total, foram analisadas 100 (cem) ocorrências de adjetivos e 100 (cem) de

substantivos.

Os enunciados foram inspirados no corpus de editoriais da imprensa carioca do

século XX e concretizados em uma das posições possíveis. O segundo enunciado do par

Serra, C. R.

38

foi criado para que a outra posição fosse também submetida à leitura. Nos exemplos de

1 a 10 são apresentados os pares de enunciados.

1 a. Graças ao gênio militar de dois chefes inigualáveis ...

1 b. Graças ao gênio militar de dois inigualáveis chefes ...

2 a. Os aviões modernos com velocidade supersônica ...

2 b. Os modernos aviões com velocidade supersônica ...

3 a. Uma pesquisa recente demonstrou o grande índice de assaltos

3 b. Uma recente pesquisa demonstrou o grande índice de assaltos

4 a. As conseqüências inevitáveis na vida dos brasileiros.

4 b. As inevitáveis conseqüências na vida dos brasileiros.

5 a. Uma nação que se desperta para consolidar o seu destino, ao rejeitar os

caminhos perigosos da revolução...

5 b. Uma nação que se desperta para consolidar o seu destino, ao rejeitar os

perigosos caminhos da revolução...

6 a. Não se pode deixar de considerar a crise profunda que representou a

Revolução Cubana.

6 b. Não se pode deixar de considerar a profunda crise que representou a

Revolução Cubana.

7 a. A crise terrível se seguiu à renúncia do Sr. Jânio Quadros.

7 b. A terrível crise se seguiu à renúncia do Sr. Jânio Quadros.

8 a. O país tem apresentado capacidade notável de sobrevivência democrática.

8 b. O país tem apresentado notável capacidade de sobrevivência democrática.

9 a. O governador e o atual prefeito exercem funções importantes delegadas por

Brizola.

9 b. O governador e o atual prefeito exercem importantes funções delegadas por

Brizola.

10 a. Para que essas instituições dêem os resultados esperados nas pesquisas.

10 b. Para que essas instituições dêem os esperados resultados nas pesquisas.

Serra, C. R.

39

Todos aqueles que aprendem uma língua nova recebem

impressões desta natureza: o sentido conhecido ou

entrevisto da palavra conspira com a imagem sonora e dá-

nos uma espécie de ilusão. Os escritores que lidam muito

com os vocábulos estão particularmente sujeitos a estas

ilusões. Têm a tendência para considerarem a palavra em si

própria, bela por si mesma, liberta das prisões da frase, que

lhe fixam um sentido e lhe diminuem o poder de fantasia.

Os que se dedicam à arte de escrever trazem na memória

um armazém de termos expressivos. Para esses a palavra

existe em estado puro, cheia de ressonâncias e mistérios. E

é sempre útil, como dissemos, pensar e sentir de novo as

palavras, isoladamente, na curiosa contemplação das

imagens que despertam.

M. Rodrigues Lapa, 1968

Serra, C. R.

40

6. Análise dos resultados

6.1 Da análise quantitativa variacionista

6.1.1 Português brasileiro

Para esta primeira etapa de análise, não fizemos separação dos dados por tipo de

texto, pois nosso objetivo é observar a tendência mais geral de colocação dos adjetivos

no decorrer dos séculos. Para a análise entre português brasileiro e português europeu

nos séculos XIX e XX, faremos uma separação não só dos séculos, para observar a

distribuição dos adjetivos de acordo com cada fase, mas também dos tipos de textos

utilizados para a análise desses séculos.

Como já foi dito no item 5.1 referente ao corpus de análise do PB, embora

estejamos analisando aqui os corpora dos séculos XVII e XVIII juntamente com os do

português brasileiro, não estamos levando em conta a origem do autor do documento.

A análise global que apresentamos aqui mostra que, em termos absolutos, a

posição do adjetivo à esquerda do núcleo do SN foi se tornando cada vez menos

freqüente, no decorrer dos séculos, como se pode observar com a diminuição gradativa

dos pesos relativos em cada século (Gráfico 1). Os valores mostrados daqui por diante

foram retirados do nível de seleção apontado pelo programa de regra variável. O input

geral da rodada foi de .41.

Gráfico 1- Peso relativo de aplicação da anteposição do adjetivo

nos séculos XVII, XVIII, XIX e XX.

0,65

0,58

0,54

0,47

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

XVII XVIII XIX XX

anteposição

Serra, C. R.

41

Como podemos vislumbrar no gráfico acima, a curva se torna mais descendente

dos séculos XVII para o XVIII e do XIX para o XX, sempre privilegiando a diminuição

das taxas de anteposição. Interessa-nos particularmente a diminuição de uso da

anteposição do século XIX para o XX, época em que ocorrem vários processos de

mudança e fixação de ordem no PB (Duarte, 1992, Berlinck,1989, Tarallo, 1993).

Embora a anteposição continue perdendo campo para a posposição, há uma certa

estabilidade nas taxas dos séculos XVIII e XIX (.58 e .54)

Apresentaremos, por ordem de seleção, os fatores que condicionam a colocação

do adjetivo do século XVII ao XX. Nessa etapa, fizemos a fusão entre o caráter

descritivo ou avaliativo do adjetivo e a materialidade do núcleo com o qual ele se

combinava.

Assim como em todas as rodadas subseqüentes, o grupo que contém a natureza

do adjetivo (descritivo/avaliativo) é o mais significativo para a aplicação da regra de

anteposição: quando o adjetivo é de natureza avaliativa e o núcleo é imaterial a

anteposição apresenta peso relativo mais alto (.76) e quando o adjetivo é descritivo e o

núcleo é material o peso relativo é bastante baixo (.21), como se vê no Gráfico 2. Esses

resultados vão ao encontro do referido estado de “conspiração” entre o substantivo e o

adjetivo apontado por Lapa, embora o que determine a ordem continue sendo o valor do

adjetivo.

0,76 0,75

0,270,21

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

adj.antep

Anteposição de acordo com a semântica do

adjetivo e do núcleo

av/imat

av/mat

desc/imat

desc/mat

Gráfico 2 – Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com

sua natureza semântica e do núcleo, em todos os séculos.

Serra, C. R.

42

A combinação de adjetivos avaliativos com núcleo imaterial e material e de

adjetivos descritivos com núcleo imaterial e material, respectivamente, pode ser vista

nos exemplos em (37).

(37) a- No que respeita annossa Carregaçao hiacefazendo hum Altissimo

negocio (C. Comércio/XVIII)

b- Tampouco lhes peza, aos illustres confrades,a desmoralizacão que lavra as

paragens governamentais (Editorial – Correio da Manhã/1901)

c- e nella entrepus minha autoridade judicial... (D. Notariais/XVII)

d- Quem tiver hum negro Ferreiro, e o quizer vender, falle na loja da Gazeta,

que se lhe dirá quem o quer comprar. (Anúncio – Gazeta do Rio de

Janeiro/1809)

No Gráfico 3, podemos observar que o tamanho do adjetivo, seu peso com

relação ao núcleo, também é um importante fator para a ocorrência de adjetivos

antepostos ou pospostos ao nome. Quanto menor o adjetivo, maior a possibilidade de

anteposição (.68), exemplo em (38).

0,38

0,48

0,68

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

> igual <

Anteposição de acordo com o peso do adjetivo

Gráfico 3: Distribuição de adjetivos antepostos de acordo com o peso,

em todos os séculos.

(38) saibao que este publico instrumento de doacao (D. Notariais/XVII)

Serra, C. R.

43

No exemplo em (39), temos um caso de adjetivo maior que o núcleo, em Carta

de Comércio do século XVIII, que aparece em anteposição. Em exemplos como esse, o

fato de o adjetivo utilizado ser avaliativo parece ter pesado mais na escolha da ordem,

além de ser de uma época em que a probabilidade de anteposição era maior.

(39) a Ridicula Remeça que lhefiz... (C. Comércio/XVIII)

Adjetivos do mesmo tamanho do núcleo (40 a e b) podem ocorrer tanto em

anteposição quanto em posposição, dependendo de outros fatores que condicionem a

escolha da ordem.

(40) a- Sapolio é um dos grandes inventos para a commodidade das familias,

com ele se limpam todos os objectos do uso tanto de metal como de louça ou

vidro, até de madeiras pintadas, como portas, portadas, etc. (Anúncio – Diário

de Noticias/1869)

b- Que Deus-lhe de o mais nobre logar na sua mansão... (Editorial – O

Fluminense/1937)

O terceiro fator apontado como relevante para a anteposição do adjetivo é sua

base. Como já havíamos mencionado no item 4.1.1, esperava-se que adjetivos de base

participial apresentassem maior resistência à anteposição por possuírem um traço

verbal, o que se confirma com a análise dos resultados. Os adjetivos de base nominal

(41 a) apresentam um peso relativo mais elevado dos que os de base participial (41 b),

.52 e .39, respectivamente, como se pode observar no Gráfico 4.

Especificamente sobre os adjetivos de base participial que admitem anteposição,

ou seja, os que se encontram na escala entre verbo e adjetivo mais próximos dos

adjetivos, e os que ainda resistem à anteposição por ainda estarem próximos da

categoria verbal, há um estudo detalhado em Serra (2003).

(41) a- Tomando 2 a 3 copos por dia de Ovomaltine dissolvida no leite – quente

ou frio – qualquer criança ou adulto recebe tôdas essas ricas substâncias para

adquirir vigor e boa disposição. (Anúncio – O Globo/1955)

Serra, C. R.

44

b- e arogo da doadora asignou seo irmao Antonio de Araujo pr. ella dizer nao

sabia asignar, todas elas pessoas reconhecidas... (D. Notariais/XVII)

0,52

0,39

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

base nominal base participial

Anteposição do adjetivo de acordo com a base

Gráfico 4: Distribuição de adjetivos antepostos de acordo

com o tipo de base, em todos os séculos.

A época em que o documento foi escrito também foi selecionada como fator

importante para a ocorrência da ordem anteposta. No que se refere à análise dos séculos

XVII ao XX, pôde-se observar a fixação dos adjetivos, ao longo do tempo, em

posposição (Gráfico 1).

Vimos ainda quais são os fatores condicionantes, ou favorecedores (Gráficos 2,

3 e 4), para a ocorrência de adjetivos em anteposição, de forma generalizada, sem fazer

uma separação por século.

Passamos a analisar daqui por diante os corpora referentes aos séculos XIX e

XX, a fim de observar, mais detalhadamente, a distribuição de adjetivos pospostos e

antepostos em cada século, já que os resultados da análise mais geral indicaram uma

diminuição mais acentuada entre um século e outro. Além disso, o maior número de

dados desses séculos oferece maior confiabilidade aos resultados.

A análise variacionista dos dados referentes aos dois séculos indicou como

grupos de fatores favorecedores da aplicação da regra de anteposição a natureza do

adjetivo (nos dois séculos), a dimensão do adjetivo em relação ao núcleo (nos dois

Serra, C. R.

45

séculos), o tipo de base (selecionado apenas no século XIX), a época (selecionado

apenas no século XX) e o tipo de texto, por ordem de seleção.

O input geral das rodadas, em função da anteposição, é de .43 no século XIX e

de .37 no século XX.

Veja-se, nas Tabelas 2 e 3, os percentuais de anteposição e posposição, de

acordo com o primeiro grupo selecionado pelo programa nas rodadas dos séculos XIX e

XX, o tipo de adjetivo – descritivo e avaliativo.

Avaliativo Descritivo

Anteposição 277/420 66 42/338 12

Posposição 143/420 34 296/338 88

Oco/total % Oco/total %

Tabela 2: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo

Século XIX / PB

Avaliativo Descritivo

Anteposição 676/1281 53 29/655 4

Posposição 605/1281 47 626/655 96

Oco/total % Oco/total %

Tabela 3: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo

Século XX / PB

Como podemos observar a partir dos percentuais das tabelas acima, a posposição

passa a ser mais freqüente no século XX, tanto com adjetivos descritivos quanto com

avaliativos. A anteposição, que era predominante no século XIX com adjetivos

avaliativos (66%), passou a competir de igual para igual com a posposição, que passou

de 34% para 47% com esse tipo de adjetivo do século XIX para o XX. Os adjetivos

descritivos, já resistentes à posição anteposta no século XIX (12%), passaram a ser raros

nessa posição no século XX (4%).

Os índices de peso relativo também revelam a forte tendência, ainda no século

XX, de adjetivos avaliativos antepostos (Gráficos 5 e 6).

Serra, C. R.

46

0,19

0,76

0

0,2

0,4

0,6

0,8

Descritivo Avaliativo

Anteposição de acordo com o tipo de

adjetivo

0,11

0,74

0

0,2

0,4

0,6

0,8

Descritivo Avaliativo

Anteposição de acordo com o tipo de

adjetivo

Gráfico 5: Peso relativo de aplicação da regra Gráfico 6: Peso relativo de aplicação da regra

de anteposição, século XIX / PB de anteposição, século XX / PB

Embora as mudanças de percentuais tenham ocorrido mais entre os adjetivos

avaliativos de um século para outro, em favor da posposição, podemos observar a partir

dos resultados de peso relativo que é esse tipo de adjetivo que continua possibilitando,

assim como no século XIX (.76), a maior ocorrência de anteposição nos textos do

século XX (.74). Os adjetivos descritivos, que já apresentavam peso relativo reduzido

para a aplicação da anteposição no século XIX (.19), se fixam mais em posposição no

século XX, e, conseqüentemente, apresentam baixo índice de favorecimento à

anteposição nesse século (.11).

Tanto os resultados percentuais quanto os de peso relativo revelam que a

posposição se fixou como ordem não marcada no século XX, o que fica nítido com o

contraste com o século anterior, e que a ocorrência da anteposição fica restrita quase

totalmente aos adjetivos avaliativos, confirmando nossas hipóteses iniciais. Esses

resultados confirmam, ainda, a idéia de ser a passagem do século XIX para o XX um

período decisivo para a configuração de uma norma objetiva do português brasileiro

(Lucchesi, 2002), no que se refere a vários fenômenos de fixação de ordem. Essa norma

objetiva está relacionada aos comportamentos habituais em uma comunidade

lingüística.

Se a fixação de ordem dos adjetivos à direita do nome não é um fenômeno

exclusivo da variedade brasileira do português, como veremos na comparação com o

português lusitano, ela é, assim mesmo, parte de um cenário que se vai compondo e

mudando de tonalidade, de uma época à outra.

Serra, C. R.

47

Em (42), ilustra-se a ocorrência de adjetivos avaliativos (a) e descritivos (b) nos

corpora do século XIX e em (43), nos do século XX.

(42) a- pedimos a V. Ex. para que apresentasse o parecer da comissão

encarregada de examinar os escandalosos roubos do arsenal de guerra. (Carta de

Redator – O Guerreiro/1853)

b- Precisa-se de huma mulher para uma Senhora Ingleza que saiba bem lavar,

engomar e cozer. (Anúncio – Gazeta do Rio de Janeiro/1808)

(43) a- Já pensaste nos perigos e sem saborias a que essa imperdoável

negligência vos poderá expor? (Anúncio – Correio da Manhã/1917)

b- Dado, além de tudo, que a vida pública nacional tomou direções inteiramente

novas. (Editorial – O Diário da Noite/1960)

Para a escolha da ordem também é relevante a dimensão do adjetivo com relação

ao substantivo, grupo de fatores selecionado nos dois séculos. Nas Tabelas 4 e 5,

apresentam-se os percentuais de anteposição e posposição de acordo com o peso do

adjetivo nos séculos XIX e XX, respectivamente.

> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo

Anteposição 105/336 31 63/177 36 151/245 62

Posposição 231/336 69 114/177 64 94/245 38

Oco/total % Oco/total % Oco/total %

Tabela 4: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do adjetivo

Século XIX / PB

> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo

Anteposição 257/918 28 115/314 37 333/704 47

Posposição 661/918 72 199/314 63 371/704 53

Oco/total % Oco/total % Oco/total %

Tabela 5: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do adjetivo

Século XX / PB

A distribuição dos percentuais entre os adjetivos de mesmo tamanho que o

núcleo, como em (44), é semelhante nos dois séculos. Tanto no XIX quanto no XX, há

Serra, C. R.

48

maior propensão de adjetivos de mesmo tamanho que o núcleo ocorrerem em

posposição, 64% e 63%, respectivamente.

(44) a- Clinica de Molestias da Pele // Doutor Silviano D’Almeida de volta de da

sua viagem á Europa, onde visitou os principaes hospitaes de Pariz, Londres,

Berlin, Vienna e Itália. (Anúncio – Diario de Notícias/1869)

b- Para um observador estrangeiro, estaria ocorrendo um fenômeno raro em

política partidária. (Editorial – Jornal do Brasil/1975)

Os adjetivos mais pesados, como já se esperava, ocupam com menos freqüência

a posição pré-nuclear. Do século XIX para o século XX, entretanto, há ainda uma

redução dessa possibilidade, de 31% para 28%.

Os adjetivos com menor peso com relação ao núcleo são os que favorecem a

ordem anteposta no século XIX, como se vê no percentual de 62% na Tabela 4.

Entretanto, no século XX, o percentual de posposição (53%) mesmo de adjetivos

menores que o núcleo chega a superar o de anteposição (47%). A menor complexidade

desses adjetivos faz com que eles sejam menos marcados, por isso podem ocupar ambas

as posições, e, no caso da ordem do adjetivo no SN, favorece a sua ocorrência em

anteposição.

Exemplos de adjetivos menores que o núcleo são apresentados em (45), abaixo.

(45) a- conhecem que a causa de se tornar o partido moderado odiado, como

vemos, foi o ser composto de cegos adoradores de quantos atos mãos. (Carta de

Redator – O Sentinela da Liberdade no Rio de Janeiro/1832)

b- O REMINGTON “60” reune todas as qualidades que um homem de bom

gôsto exige de um barbeador. Trabalha com igual facilidade nas partes mais

difíceis do rosto. (Anúncio – O Globo/1955)

A observação dos valores de peso relativo, no nível de seleção em que co-atuam

todos os grupos favorecedores da anteposição, confirma maior tendência de anteposição

com adjetivos menores que o núcleo, nos dois séculos, como se pode ver na Tabela 6.

Serra, C. R.

49

> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo

Século XIX .40 .44 .67

Século XX .41 .53 .60

P.R P.R P.R

Tabela 6: Peso relativo da anteposição de acordo com a dimensão do adjetivo,

nos dois séculos / PB

O terceiro grupo a ser selecionado nas rodadas feitas com os corpora do século

XIX e com os do século XX são diferentes. Para o século XIX, foi selecionado o tipo de

base como mais um fator que favorece a anteposição. Os percentuais de anteposição e

posposição de acordo com o tipo de base são apresentados na Tabela 7 abaixo.

Base nominal Base participial

Anteposição 291/654 44 28/104 27

Posposição 363/654 56 76/104 73

Oco/total % Oco/total %

Tabela 7: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo

Século XIX / PB

O tipo de base, fator estrutural, se mostra, assim, relevante na análise da

anteposição no século XIX. Percebemos que, tal como já mencionamos anteriormente, o

fato de o adjetivo ser de base participial desfavorece a anteposição, que atinge apenas

27% dos casos no século XIX.

Entre os adjetivos de base nominal, no que se refere aos percentuais, é

indiferente a posição que podem ocupar no SN, embora se observe uma maior

freqüência de posposição. O peso relativo revela a mesma tendência apontada pelos

percentuais brutos, .52 para adjetivos de base nominal e .35 para os adjetivos de base

participial.

Talvez o grupo relacionado ao tipo de base não tenha sido selecionado no século

XX pelo fato de esse fator estrutural deixar de ser relevante para a aplicação da

anteposição. Os percentuais de adjetivos antepostos de base nominal e participial no

século XX são relativamente baixos e praticamente idênticos, 36% e 38%,

respectivamente. A posposição no século XX -- 64% com adjetivos de base nominal e

Serra, C. R.

50

62% com adjetivos de base participial -- passa a ser privilegiada independente do fator

estrutural tipo de base.

O condicionamento semântico-discursivo, ou seja, o fato de o adjetivo figurar

como avaliativo ou descritivo; o condicionamento fônico, ou seja, seu peso com relação

ao núcleo, e o condicionamento morfológico-estrutural, ou seja, o tipo de base, são

vistos conjuntamente num enfoque que estamos chamando de qualitativo.

Essa análise, que toma por base as noções de categoria marcada/não marcada, é

apresentada no item 6.1.1.1, no qual se observa a distribuição dos adjetivos avaliativos

que aparecem pospostos (posição considerada marcada, pois esse adjetivo favorece a

anteposição) e os descritivos que podem aparecer antepostos (posição considerada

marcada, pois esses adjetivos favorecem a posposição), nos dois séculos, em textos de

cartas de redatores/editoriais.

Com esse recorte, que toma por base um número bem menor de dados de cada

século, foi possível observar a atuação de cada condicionamento e sua maior ou menor

influência para que se realize a anteposição em cada século.

Conquanto a base do adjetivo se mostre relevante na (não)aplicação da

anteposição no século XIX, tal fato não se dá no século XX: é uma variável

extralingüística, o eixo temporal, que se apresenta como a terceira variável selecionada

neste século. A distribuição dos percentuais de ambas as posições ocupadas pelo

adjetivo em cada fase do século passado é apresentada na Tabela 8.

1901-1924 1925-1949 1950-1960 1961-1974 1975-2000

Anteposição 210/473 44 214/577 37 195/491 40 22/113 19 64/282 23

Posposição 263/473 56 363/577 63 296/491 60 91/113 81 218/282 77

Oco/total % Oco/total % Oco/total % Oco/total % Oco/total %

Tabela 8: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as cinco fases no eixo temporal

Século XX / PB

No século XIX, a distribuição da anteposição era equilibrada através das três

fases -- fase 1 (1808-1840) 42%, fase 2 (1841- 1870) 48% e fase 3 (1871- 1900) 40% --,

embora já ficasse evidenciada a pequena queda dos valores percentuais na terceira fase.

No século XX, se observa uma diminuição bastante significativa dos percentuais de

anteposição, principalmente se levarmos em conta a primeira (44%) e a última fase

Serra, C. R.

51

(23%) do século. Não há, porém, uma estabilidade entre os percentuais, podendo ter

uma fase um índice maior de anteposição do que a fase que a precede, mas a tendência à

posposição permeia todos os percentuais, sempre ocupando maior espaço em termos

absolutos.

É na quarta fase, entre 1961 e 1974, que a posposição se torna mais expressiva,

81% do total de 113 dados dessa fase do século XX, no que é acompanhada pelo

percentual também alto da última fase do século (77%).

Os pesos relativos de cada fase confirmam a tendência dos percentuais brutos. O

peso da anteposição no início do século XX é de .61, na última fase tem-se a diminuição

de atuação dos adjetivos antepostos (.36), como se verifica na Tabela 9 abaixo. Com a

análise dos tipos de documentos, veremos que essa diminuição não se deu de forma

uniforme pelos textos, havendo uma distinção entre os textos jornalísticos de anúncios e

de cartas de redatores/editoriais em cada século.

1901-1924 1925-1949 1950-1960 1961-1974 1975-2000

Anteposição .61 .49 .53 .34 .36

P.R P.R P.R P.R P.R

Tabela 9: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as cinco fases no eixo temporal

Século XX / PB

Não pode se dever ao acaso a variável época não ter sido selecionada no século

XIX e o ser no século XX. A passagem do século XIX para o século XX é, realmente,

um divisor de águas para a definitiva fixação da posposição do adjetivo como ordem

não marcada. Apesar de não podermos falar em processo de mudança de ordem dos

adjetivos, já que há adjetivos que se “especializaram” numa determinada posição e não

admitem variação atualmente, esse fenômeno de fixação da posposição deve estar

associado a outros fenômenos -- inclusive de mudança de ordem em geral -- por terem

lugar na mesma época, como se tem discutido em diversos momentos neste trabalho.

Com a comparação entre os resultados do PB e do PE, entretanto, veremos que

essa não é uma característica apenas do português brasileiro, melhor dizendo, carioca, e

sim uma tendência geral da língua portuguesa independente da variedade.

Serra, C. R.

52

No que se refere, finalmente, ao último grupo de fatores selecionado, o tipo de

texto, há diferenças nos percentuais de anteposição e posposição em cada século.

Passemos às Tabelas 10 e 11:

Anúncio Carta de Redator/ Editorial

Anteposição 128/352 36 191/405 47

Posposição 224/352 64 214/405 53

Oco/total % Oco/total %

Tabela 10: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto

Século XIX / PB

Anúncio Carta de Redator/ Editorial

Anteposição 445/1072 42 260/864 30

Posposição 627/1072 58 604/864 70

Oco/total % Oco/total %

Tabela 11: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto

Século XX / PB

Já à primeira vista, percebemos um implemento da anteposição em anúncios no

século XX e a diminuição bastante marcada da mesma estratégia em editoriais no

mesmo século, o que indica que os anúncios se encontram na contramão do processo de

fixação da posposição.

O percentual de anteposição em anúncios passa de 36% para 42% de um século

para o outro, enquanto os editoriais seguem a tendência geral, privilegiando a

posposição no século XX (70%), opção de colocação que apresentava um percentual

bastante próximo do de anteposição no século anterior (53%).

Ao que tudo indica, editoriais e anúncios mudaram de “cara” no português

brasileiro do século XIX para o século XX, como assinala Leite (2003) em análise sobre

as estratégias argumentativas em editoriais desses mesmos séculos.

Os pesos relativos reafirmam o implemento de anteposição em anúncios no

século XX e sua diminuição em editoriais. Os valores praticamente se invertem entre os

tipos de textos de um século para o outro, como se vê na Tabela 12.

Serra, C. R.

53

Anúncio Carta de Redator/

Editorial

Século XIX .44 .55

Século XX .54 .45

P.R P.R

Tabela 12: Peso relativo da anteposição de acordo com o tipo de texto,

nos dois séculos / PB

O formato dos jornais de grande circulação abarca, em geral, textos de diferentes

tipos, com diferentes intenções comunicativas. Nesse caso, dentro do “pacote” dos

textos veiculados por um jornal, encontram-se aqueles destinados à

comercialização/divulgação de algum produto, como é o caso de anúncios e

propagandas, os que procuram informar os leitores acerca de algum acontecimento,

como as notícias, os que transmitem opiniões sobre algum evento, além de informar,

como é caso de cartas de redatores e editoriais.

Os tipos de textos, entretanto, também mudam de uma época para outra,

adquirem novas feições, a partir das necessidades do mercado, das mudanças de gosto

do público-alvo, da própria estrutura política e econômica do país.

Segundo Sales (2003), os editoriais são um gênero jornalístico argumentativo

que busca orientar o leitor através da definição de um ponto de vista do veículo ou da

pessoa responsável pela publicação. Se, de um lado, os jornais abarcam textos como os

editoriais que visam à orientação do leitor, de outro, dedicam também um espaço aos de

publicidade, dos quais os anúncios fazem parte.

O discurso publicitário tem como principal objetivo “vender a imagem” de um

determinado produto e para isso, muitas vezes, exacerba, intensifica as atribuições

positivas do que está sendo anunciado. Segundo Monnerat (2003: 97), “a linguagem

publicitária, de certa forma, escamoteia a realidade concreta, ou melhor, direciona a

atenção do público-alvo apenas para o que lhe interessa”. Ainda segundo a autora,

esses processos de intensificação das qualidades de um produto podem se dar através da

“adjetivação, o recurso ao grau, emprego intensivo de advérbios, a singularização, a

repetição, as construções em gradação... (op. cit: 97, 98)”. Esses mecanismos são

artifícios lingüístico-discursivos que se prestam à persuasão do leitor/consumidor e,

dentre eles, nos interessa particularmente o que faz uso da colocação do adjetivo, a fim

Serra, C. R.

54

de analisar a maior freqüência de anteposição em anúncios do século XX, com relação

aos do século anterior e com relação aos textos editorialísticos.

A partir do exposto, parece óbvio que se utilize mais a anteposição em anúncios,

pois com ela o adjetivo adquire um “valor afetivo”, subjetivo, se prestando aos fins

publicitários, e que seja mais freqüente a posposição do adjetivo em editoriais, pois o

adjetivo posposto mantém seu “valor próprio”, objetivo. Entretanto, os editoriais são

parte de um jornalismo opinativo e o tipo de opinião nele apresentada também vai variar

de um século a outro, assim como vão variar as temáticas que esses textos abordam,

gerando “graus de objetividade” diferenciados em cada época. Os tipos de textos não

constituem, assim, “camisas de força” e as variações de um jornal para outro sempre

irão existir, ainda mais quando se trata de uma imprensa em formação. O que

procuramos é extrair as regularidades e tecer comentários mais gerais a partir da

observação desses textos, embora cientes de toda diversidade que possa existir.

Voltando aos resultados numéricos, pudemos ver que os anúncios do século XX

implementam o uso da anteposição. Uma possível explicação para esse implemento

estaria no fato de os anúncios publicitários terem se tornado, cada vez mais,

“agressivos”, utilizando estratégias discursivas de convencimento dos leitores,

potenciais consumidores dos produtos anunciados.

A criação, praticamente diária, de produtos e serviços que facilitem a vida do ser

humano e o surgimento de empresas que ofereçam esses produtos tiveram de ser

acompanhados também por uma nova mídia que pudesse dar conta de tais avanços,

principalmente pela concorrência que foi sendo criada. Até chegarmos aos dias de hoje,

em que existem profissionais que se dedicam exclusivamente ao mundo do marketing

publicitário, presume-se que tenha sido trilhado um caminho longo desde o “discurso

publicitário” do século XIX.

O que estamos sugerindo é que o fato de a anteposição se ter tornado mais

freqüente nos anúncios do século XX está diretamente relacionado ao novo modo da

mídia tratar um texto destinado à comercialização de produtos, numa sociedade

capitalista de livre concorrência.

Em inícios do século XIX, era possível, inclusive, encontrar anúncios que não

atribuíam, por meio da adjetivação, alguma qualificação ao produto, como o que

transcrevemos abaixo:

Serra, C. R.

55

Anúncio 2

Nome do jornal: Gazeta do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, 1808

Seção: Anúncios

Quem quizer comprar huma morada de cazas de sobrado com frente para

Santa Rita falle com Anna Joaquina da Silva, que mora nas mesmas cazas,

ou com o capitão Francisco Pereira de Mesquitas que tem ordem para as

vender.

(Gazeta do Rio de Janeiro/Anúncio/1808)

É claro que esse tipo de texto “seco” não era maioria até mesmo nessa época. A

tendência já era a de se “enfeitar o pavão” na caracterização do produto, como faz um

anunciante, também de huma morada de casas, no Anúncio 3, abaixo, e outro de uma

loja de louça, no Anúncio 4, na mesma época:

Anúncio 3

Nome do jornal: Gazeta do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, 1812

Seção: Anúncios

Quem quizer alugar huma morada de cazas térreas na Cidade Nova, novas,

e com bons commodos, e bom quintal, e agoa corrente para lavar roupa,

falle com o Coronel Antonio Alvares de Araujo, morador na Rua São

Pedro, número 6.

(Gazeta do Rio de Janeiro/Anúncio/1812)

Anúncio 4

Nome do jornal: Gazeta do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, 1816

Seção: Anúncios

Serra, C. R.

56

Na nova loja de louça, e vidros, na rua das Violas número 22, pertencente a

Francisco Antonio de Almeida, ha para vender modicamente bandejas finas

e differentes pinturas mui agradaveis; assim tão bem chá pérola, Hisson, e

Uchim, de qualidade superior.

(Gazeta do Rio de Janeiro/Anúncio/1816)

Com a observação dos anúncios das últimas fases do século XIX, notamos que

os marqueteiros da época já tinham percebido que a propaganda é alma do negócio e

passaram a utilizar esse discurso carregado de adjetivação valorativa e de anteposição.

Os textos também passam a ser maiores, com mais detalhes sobre os produtos, e passam

a preencher, conseqüentemente, mais espaço na mancha gráfica do jornal. Vejamos o

Anúncio 5, abaixo, da última fase do século XIX:

Anúncio 5

Nome do jornal: A Nação

Rio de Janeiro, 1873

Seção: Anúncios

ALIMENTO PARA CRIANÇAS//Não resta duvida que a Farinha Flôr de

Milho Brown & Polson, e a única substancia pura e innocente para a

alimentação das crianças, cujos delicados órgãos são suceptiveis a crueis

enfermidades, quando lhes é ministrada uma alimentação grosseira e

impropria a tão melindroso organismo! Porquanto, se pretendeis nutrir

vigorosamente a vossos filhinhos com plena confiança de não arruinar-lhes

os tenros intestinos, procurai a Farinha flôr de milho Brown & Polson, que

tem o distinctivo desta marca em cada um de seus pacotinhos de generosa

libra, e que vendem-se em latas de 14 pacotes, envoltas em receitas de

preciosos manjarea a bem estardes prevenidor á boa recepção de vossas

visitas, com mui diminuto dispendio. A verdadeira é aquella que, além do

envoltorio amarelo o circula uma tira de papel de seda./ACHA-SE A

VENDA/NOS PRINCIPAES ESTABELECIMENTOS DE CHÁ,

Serra, C. R.

57

ESPECIARIAS, MOLHADOS E VIVERES/(E MESMO NAS

TABERNAS DOS ARRABALDES).

(A Nação/Anúncio/1873)

Como vimos nas Tabelas 10 e 11, os percentuais de anteposição em anúncios,

embora aumentem do século XIX para o XX, não superam os de posposição neste

último século -- 42% de anteposição versus 58% de posposição --, mas são um

indicador de como a anteposição do adjetivo foi se tornando cada vez mais utilizada

como uma estratégia para a valorização do produto anunciado. No Anúncio 6, abaixo,

anteposição e posposição competem em igualdade de condições, mas, na maioria das

vezes, mesmo nos casos em que os adjetivos aparecem pospostos, como em “apparelho

maravilhoso” e “aplicação facil e commoda”, “mulher “chic””, eles possuem um

sentido avaliativo.

Anúncio 6

Nome do jornal: Correio da Manhã

Rio de Janeiro, 1933

Seção: Anúncios

Antes... “FA-DA” DEPOIS!

Alta novidade par o bello sexo

Com a touca onduladora “FA-DA”, que se vê na gravura acima, obtem-se

a mais perfeita ondulação em 15 minutos. E um apparelho maravilhoso, de

aplicação facil e commoda, adaptavel a qualquer cabeça. Indispensavel no

toucador da mulher “chic”. Accondicionada em uma fina caixinha, a

legitima touca onduladora “FA-DA” é acompanhada de um folheto que

explica o modo de usar, e em cujo cabeçalho se vêm as gravuras deste

annuncio. Exijama legitima “FA-DA”, recusando imitações. A venda nas

perfumarias e Armarinhos em todo o Brasil, a preço de 20$000. Se não

encontrar, mande-nos pelo correio, mediante a remessa da importância ao

gerente geral: P. Schmitz, rua Gen. Camara, 113, sob, sala 17 Rio de

Serra, C. R.

58

Janeiro: “No Rio manda-se entregar em casa, basta telefonar para 3 –

4075.” Recorte e guarde o annuncio.

(Correio da Manhã/Anúncio/1933)

Nos Anúncios 7 e 8, da 3ª e da 5ª fase do século XX, respectivamente, percebe-

se que em muitos casos o substantivo é acompanhado por adjetivos antepostos e

pospostos ao mesmo tempo. Mantém-se, quase sempre, a tendência de os avaliativos

virem precedendo e os descritivos sucedendo o núcleo: “tão apreciadas propriedades

tônicas!”, “maior rede nacional”, “verdadeiro guaraná”, “controle acionário”, “única

empresa”, “rede nacional de fibra ótica”, “mais poderosas empresas”.

Anúncio 7

Nome do jornal: O Globo

Rio de Janeiro, 1955

Seção: Anúncios

Se você quer mesmo o verdadeiro guaraná

beba

GUARANÁ BRAHMA

de delicioso sabor original

porque contém de fato

guaraná natural !

Basta provar o Guaraná Brahma para sentir o gostoso sabor original do

legítimo guaraná, de tão apreciadas propriedades tônicas! Por isso, adultos

e crianças exigem Guaraná Brahma – mais refrescante... e muito mais

saudável!

(O Globo/Anúncio/1955)

Anúncio 8

Nome do jornal: O Globo

Rio de Janeiro, 1998

Seção: Anúncios

Serra, C. R.

59

Telecomunicações

Globalização

Competitividade

(Olha só o tamanho da nossa responsabilidade.)

A maior rede nacional de telecomunicações da América Latina. A melhor

resposta em telecomunicações do Brasil. A única empresa no país com rede

nacional de fibra ótica. E agora, ao completar 33 anos, a Embratel fica

ainda mais moderna e competitiva ao ter seu controle acionário adquirido

pela MCI WorldCom, uma das mais poderosas empresas de

telecomunicações do mundo. A MCI WorldCom é responsável por 25% do

total das comunicações de longa distância nos Estados Unidos. Está

presente em 280 países, com 70 mil funcionários e faturamento de mais de

20 bilhões de dólares por ano. Somente neste ano a Embratel vai investir 1

bilhão de dólares na modernização das nossas telecomunicações. E junto

com a MCI WorldCom vai oferecer mais qualidade, como um novo

portfolio de serviços compatíveis com as necessidades dos clientes.

Como você pode ver, a realidade agora é outra. É muito maior.

EMBRATEL

A EMPRESA BRASILEIRA DE TELECOMUNICAÇÕES

(O Globo/Anúncio/1998)

É a partir da perspectiva de mudança estilístico-discursiva dos anúncios que

tentamos explicar o aumento de peso relativo de .44 para .54, do século XIX para o XX,

favorecendo a anteposição do adjetivo, o que não compromete a hipótese mais geral de

diminuição da anteposição, antes reafirma que sua ocorrência está relacionada a

determinados tipos de textos e suas intenções comunicativas. Para não fugir ao lugar

comum, a exceção só confirma a regra.

No que se refere à diminuição dos índices de anteposição em editoriais do século

XIX para o século XX, de .55 para .45, parece ser também determinante o componente

estilístico-discursivo. A observação dos editoriais do século XIX, àquela época

chamados Cartas de Redator, permite concluir que tanto a maneira como se construía o

Serra, C. R.

60

texto, de um ponto de vista muito vezes parcial, quanto as temáticas neles abordadas

foram sendo bastante modificadas ao longo do tempo.

Os editoriais que conhecemos hoje, mesmo fazendo parte de um jornalismo

opinativo, buscam manter um certo distanciamento “afetivo” com relação ao assunto

que está sendo tratado, bem diferente do que acontecia com os textos do século XIX,

principalmente os da 1ª fase. Nos editoriais desta época, encontramos, por exemplo,

discussões abertas entre editorialistas de diferentes jornais. No caso do Editorial 2,

transcrito abaixo, vemos que, sob o pretexto de tratar de assuntos relacionados à

política, “faria carga destas couzas ao Governo”, o redator de Luz Brasileira parte para

o ataque direto ao Sr. Marechal Branco, chamando-o, inclusive, de “hum carcundo

muito carcundão”, “cobra mandada”, e seus comentários no jornal concorrente,

DESPERTADOR, de “carcundismo nojento”. A base de todo conflito, porém, parece

ser o fato de que “o Sr. Marechal Branco distribuio gratis o seu DESPERTADOR

extraordinário, faz-se mui suspeita huma similhante generosidade em hum official

pobre.”. O texto termina com um comentário irônico: “A Bahia he fértil em produzir

boa gente!...”.

Ao que parece, os quadros que compunham o cenário político -- “o Sr. Marechal

só increpou a Assembléa” -- eram também os responsáveis pela imprensa escrita -- “o

Sr. Marechal Branco distribuio gratis o seu DESPERTADOR extraordinário”. Sendo

assim, se utilizavam do jornal para discutir questões que ultrapassavam o domínio do

político e atingiam o individual.

Carta de Redator/Editorial 2

Nome do jornal: Luz Brasileira

Rio de Janeiro, 1829

Seção: Correspondências

Reflexões = Como he certo que o Sr. Marechal Branco dis- / tribuio gratis

o seu DESPERTADOR extraordinário, faz-se mui suspeita / huma

similhante generosidade em hum official pobre. S. S. deve- / rá imprimir o

seu papel em tempo, que podessem ser approvei- / tadas as suas ideias pela

pretérita Camara, ou ao menos devèra / apresentar algum projeto de

Codigo; porque sendo Juiz Velho / e com pratica, e conhecendo a tanta

Serra, C. R.

61

precisão dos Codigos, nin- / guem melhor do que elle, podia desempenhar

esse trabalho. Si / o [n]ao fez, pode-se suppò-lo cobra mandada: em outro

numero nós / [m]esmos faremos reflexões sobre este DESPERTADOR,

suspeito de car- / cundismo nojento; visto que sendo o Governo quem

dispendeu, / segundo disse huma Aurora, mais de quinze milhões de

cruzados / com os imigrados Portugueses, fôra as centenas de milhões para

/ a guerra do Sul, e compra de barcos podres da Inglaterra de que não

precizavamos, & c. e tudo contra o entender da Assem- / bléa Geral; he

evidente que, a não ser hum carcundo muito car- / cundão o Sr. Marechal

Branco, faria carga destas couzas ao Go- / verno, porém nada disso

aconteceu; o Sr. Marechal só incre- / pou a Assembléa; isso não admira no

Sr. Seloríco Beloríco, que / defendeu aqui Luiz do Rego, quando cá veio,

depois da morte / do Senhor Dom João Sexto. A Bahia he fértil em produzir

boa / gente!...

O Redactor

Em fins do século XIX, 3ª fase, ainda era possível encontrar textos de temáticas

particularizantes, que deixavam o coletivo, o social, o econômico, que deveriam ser os

assuntos de interesse do público leitor, em segundo plano. Um exemplo deste tipo pode

ser observado no texto abaixo.

Carta de Redator/Editorial 3

Nome do jornal: Relampago

Rio de Janeiro, 1882

Seção: Cartas da Redação (assinadas pelos redatores Rodopiano Raymundo e Placido de

Abreu)

O Sr. Souto Carvalho

Não respondo as injurias que me / atirou o honrado, o honesto, o vir- /

tuoso Sr. / Souto Carvalho.

Os homens de bem que me conhe- / cem não acreditam no que disse esse /

senhor pela imprensa contra minha / individualidade.

Serra, C. R.

62

É verdade que não foi o senhor / Souto Carvalho que disse, nem es- /

crevendo, nem responsabilisando-se, foi / um José Dias da Costa, embora a

/ assignatura do Sr. Souto Carvalho.

Não sou, nem testa de ferro, nem / nunca tomei a responsabilidade dos /

communicados insertos no Tagarella / contra seu irmão, se fossem de mi- /

nha [pa]lvra assignava-os e honrava pe- / rante os tribunaes a minha

assigna- / tura.

Nunca tive animosidade contra o / Sr. Santa Cruz. Não tenho contra o / tal

Souto Carvalho embora offendido / em minha honra.

Opportunamente discutirei o mons- / truoso processo fazendo o publico /

conhecer a iniquidade da sentença que tive.

É questão que he de ser ventilada / mais tarde, pela imprensa.

Nenhum de nós póde ainda cantar / victoria. A confirmação de minha sem-

/ tença depende ainda do supremo Tri- / bunal da Relação par onde appelo /

cheio de confiança nos rectos anciões / que se sentam nas cadeiras de juizes

/ d’aquelle Egrejo Tribunal.

É possível que em face das provas / que submetti ao juiz que me condem- /

nou e submetteo aos integros desembargadores, que o Sr. Souto Carvalho /

procurador do Sr. visconde de Santa / Cruz, erre nos seus calculos.

A justiça não faz distincção de / pessoas nem seleção de classes, e / cada

um dos honrados anciões d’a- / quele Egrejo Tribunal symbolisa a / Justiça,

representa a Egyde da Lei.

Se não fosse esta confiança que te- / nho nos Juizes brasileiros do Supremo

Tribunal e na justiça que me assiste / não appelaria da sentença, Sr. Souto

Carvalho.

Esperemos, portanto, a final con- / clusão.

A favor de quem será ella?

Só Deus o sabe!

Rodopiano Raymundo

Notemos, nesse editorial do jornal Relampago, de 1882, a utilização abundante

do adjetivo avaliativo na caracterização não só do evento como das pessoas nele

Serra, C. R.

63

envolvidas: “honrado, o honesto, o virtuoso Sr. / Souto Carvalho”, “communicados

insertos”, “monstruoso processo”, “rectos anciões”, “integros desembargadores”,

“honrados anciões”. Podemos observar, ainda, a freqüência com que a anteposição é

utilizada como mecanismo de atribuição de “juízo de valor” ao que está sendo

caracterizado. Chama atenção o uso do adjetivo final, que aparece anteposto ao

substantivo conclusão. Com a anteposição, esse adjetivo ganha uma carga bastante

subjetiva, o que se presta às intenções do redator, que tenta persuadir não só o público,

mas também os “Juizes brasileiros do Supremo Tribunal”, “integros desembargadores”,

“honrados anciões”, de sua inculpabilidade.

Nesse editorial, está expresso o que poderia ser um dos motivos pelos quais esse

tipo de texto deixou de ser tão parcial na crítica que fazia, muitas vezes, inclusive,

citando nominalmente a figura criticada. O fato de os jornalistas começarem o sofrer

processos pelas “críticas injuriosas” que faziam, gerando polêmicas, deve ter inibido um

pouco a tal “liberdade de expressão”, o que pode se ter refletido na moderação de uso de

determinados adjetivos -- os valorativos, certamente -- e na queda de 47% de

anteposição, no século XIX, para 30%, no século XX.

Os textos editorialísticos do século XX passaram a ser mais neutros, imparciais,

embora continuassem a ser opinativos. As temáticas também mudaram, passaram do

âmbito político/pessoal para as de abrangência mais geral, com assuntos que

interessassem mais à coletividade. Segundo Leite (2003: 144): “É daí, pois, que se

depreende o papel que os textos editorialíticos representam de ‘formadores de opinião’

do leitor-cidadão, contribuindo para a consolidação de sua consciência crítica.”

Vejamos o Editorial 4, abaixo, do Jornal do Brasil de 1940:

Editorial 4

Nome do jornal: Jornal do Brasil

Rio de Janeiro, 1940

Seção: Editoriais

Produção de Trigo

Na Conferencia dos Interventores do Sul do país, será assunto de estudos o

problema do trigo, cereal que pode ser produzido, com relativa facilidade,

nos estados cujos governantes ora se reúnem na cidade de Porto Alegre.

Serra, C. R.

64

Para o Brasil, o assunto é da maior relevancia, dado o vulto de nossas

aquisições de trigo. A produção brasileira desse cereal não excede a

170.000 toneladas por ano e compramos perto de um milhão de toneladas.

No volume geral de nossas importações, o trigo representa mais ou menos

10%. Mais de quinhentos mil contos saem assim do Brasil, todos os anos,

quando não nos faltam condições para produzir esse cereal, desde que não

esmoreçam os estudos e as experiencias, para a adaptação dos tipos, que

melhor correspondem as condições e caracteristicas de nosso país.

Temos a impressão de que a Argentina oferece todos os predicados e

elementos, para uma grande produção de trigo. Mas, na Argentina, o triunfo

obtido na produção de trigo está longe de ser uma consequencia exclusiva

de fatores naturais. Quantos estudos e experiencias não foram feitos, para

chegar ás safras atuais? Basta dizer que a região agricola desse país, apta á

produção cerealiferada, se diversifica em diversas zonas, conforme a

distribuição das chuvas.

Não será fóra de proposito lembrar que uma das zonas, sob o ponto de vista

dos indices pluviometricos, recebe de 800 a 1.100 milimetros, outra de 400

a 600 milimetros. Nos Estados Unidos não se encontra, entre a região

humida e a seca, transição tão rapida. Essas diferenças de precipitações

pluviais coincidem com a presença de outros elementos, quando não os

provocam diretamente. Daí concluir um técnico que, se compararmos as

caracteristicas de clima e solo das três regiões fitogeográficas, de ponto de

vista agronomico, que existe o maior contraste entre as duas primeiras e a

ultima. A diferença é tão grande, que se poderia estabelecer uma relação –

no limite entre a planicie pampeana e a Montanha xerófila – como entre

uma região em que o trigo seria cultura segura e outra em que se tornaria

uma cultura precaria, ou arriscada.

Para vencer essas condições, a Argentina teve que realizar estudos e

experiencias. Houve que adaptar variedades de trigo á diversidade de

condições ecologicas, assim como se verificaria o tempo mais conveniente

para as semeaduras e a maneira mais util de orientar o trabalho agricola. O

esforço não se limitaria ao campo. As pesquisas experimentais, tanto

Serra, C. R.

65

oficiais como particulares, se desenvolvem, desde 1924, em estreita

vinculação com o Laboratório de Moagem e Panificação, pois que não

basta encontrar tipos de facil e vantajosa expansão. Cumpre que as

variedades passem pela prova suprema da panificação.

Não temos, no Brasil, a mesmas condições que a Argentina oferece á

cultura do trigo. Mas quem produz 170.000 toneladas de cereal, pode

encarar, com alguma confiança, o problema de atingir a um milhão de

toneladas. Reduz-se o problema a trabalhar scientificamente, sob a

orientação de campos experimentais, sem esquecer os atestados da

panificação.

A ação do Governo está empenhada nesse programa, que deve merecer

aplausos irrestritos. Para conseguir a vitoria devemos apenas fugir ao

desanimo e ao optimismo, pois que um reduziria a capacidade do esforço e

o outro criaria, com o exagero das esperanças, a amargura e a renuncia do

desengano.

Os editoriais continuam utilizando comentários de caráter subjetivo, entretanto,

eles são feitos de forma que o redator se coloque como “porta-voz” da sociedade,

transmitindo o que é, quase sempre, o senso-comum.

Nesse texto, muito mais imparcial, neutro, como temos sustentado, o adjetivo

avaliativo continua tendo lugar, mas percebemos que a carga de subjetividade, de valor

afetivo, nele contida é bem menor do que nos editoriais do século XIX. Vejamos

algumas ocorrências desse tipo de adjetivo no editorial transcrito acima: “relativa

facilidade”, “grande produção”, “transição tão rapida”, “maior contraste”, “cultura

segura”, “cultura precaria”, “tempo mais conveniente”, “maneira mais útil”, “estreita

vinculação”, “facil e vantajosa expansão”, “prova suprema”, “aplausos irrestritos”.

Podemos notar que mesmo esses adjetivos passaram a ocorrer com maior freqüência em

posposição.

O implemento do adjetivo posposto, nesse caso o descritivo, é, praticamente,

uma conseqüência da mudança estilístico-discursiva por que passou o editorial carioca,

já que uma de suas características no século XX é a maior objetividade na transmissão

/discussão das informações nele contidas. No editorial acima, é abundante a utilização

Serra, C. R.

66

do adjetivo descritivo posposto na caracterização dos elementos relacionados ao assunto

tratado, a produção de trigo: “produção brasileira”, “fatores naturais”, “safras atuais”,

“região agricola”, “produção cerealiferada”, “indices pluviometricos”, “região

humida”, “precipitações pluviais”, “regiões fitogeográficas”, “ponto de vista

agronomico”, “planicie pampeana”, “Montanha xerófila”, etc.

Os resultados de Leite (2003), com base no mesmo corpus de editoriais utilizado

aqui, sobre as estratégias argumentativas utilizadas nesses textos, revelam que a época é

um fator fundamental para a aplicação da variante “Argumentação Pura” que se

contrapõe à variante “Argumentação em interação com Narração e Descrição”. Na

conclusão do seu trabalho, Leite (op. cit: 145) atesta que:

- os textos do século XIX apresentaram maior quantidade de trechos

de “argumentação pura”: .78 para a primeira metade e .57 para a

segunda metade deste século. Em oposição, os textos do século XX

apresentaram maior propensão à interação argumentativa com

narração e descrição. Seus pesos relativos, .31 para a primeira

metade e .30 para a segunda metade do século XX, revelaram pouca

quantidade de trechos de argumentação pura.

Se a narração e a descrição passaram a ser privilegiadas em editoriais do século

XX, em detrimento da “argumentação pura”, isso teria uma relação com o aumento dos

índices de adjetivos descritivos. O uso do adjetivo posposto é predominante nos

editoriais dessa época (70%), assim como o adjetivo descritivo passa a ser cada vez

mais utilizado, por conta do seu caráter objetivo. Esses dois elementos, o tipo de

adjetivo e a posição posposta, passam a contribuir para os novos propósitos

comunicativos do editorial carioca “moderno”.

Na próxima seção, examinamos, mais uma vez, a ocorrência de adjetivos

avaliativos e descritivos nos editoriais dos séculos XIX e XX.

6.1.1.1 Da análise qualitativa

Passamos a apresentar nesta seção os resultados obtidos a partir da análise de

adjetivos avaliativos e descritivos em cartas de redatores/editoriais. Interessa-nos

Serra, C. R.

67

observar a distribuição desses adjetivos de acordo com a posição marcada que cada um

venha a ocupar dentro do SN e o que estaria condicionando a ocorrência de cada

adjetivo em tal posição. Como o caráter avaliativo dos adjetivos favorece a anteposição,

como tivemos a oportunidade de ver nos Gráficos 5 e 6, estamos considerando aqui que

sua posição marcada seria a posposta e no caso de adjetivos descritivos, que pouco

favorecem a anteposição, a posição pré-nuclear seria a posição marcada.

Dos 131 adjetivos avaliativos do século XIX, 43 aparecem pospostos. Dos 111

adjetivos descritivos do mesmo século, 14 são antepostos. No corpus do século XX, há

35 adjetivos avaliativos pospostos, de um total de 110, e apenas 6 descritivos antepostos

dos 115. Podemos observar tal distribuição na Tabela 13:

Século XIX

Avaliativos Descritivos

Século XX

Avaliativos Descritivos

Anteposição 88 14 75 6

Posposição 43 97 35 109

Total 131 111 110 115

Tabela 13: Corpus selecionado para a análise de adjetivos em posição marcada,

nos dois séculos / PB

Século XIX

Com a observação dos 43 casos de adjetivos avaliativos que aparecem em

posição marcada, em posposição, verificou-se que 18 são maiores que o núcleo, como

nos exemplos em (46). Nos casos em que havia elemento interveniente entre o núcleo e

o adjetivo, as sílabas desse elemento foram acrescidas às do adjetivo na contagem.

(46)

a- fronte altiva (ODMII/1850)

b- empregado mais attencioso

(ODMII/1850)

c- carcundo muito carcundão

(LB/1829)

d- proposição cathegórica (DRJ/1846)

e- despertador extraordinário (LB/1829)

f- rua mais frequentada (ODM/1850)

g- homens honestos (OBI/1830)

h- males inevitáveis (PRP/1824 - l. 1)

i- verdade muito insignificante (C/1841)

j- cheiro tão nauseante (ODM/1850)

l- cidade pacífica (NT/1844)

Serra, C. R.

68

m- inimigo mais poderoso

(OGIII/1853)

n- cousas sublimes (OP/1822 - l. 20-

21)

o- gêneros superiores (OGII/1853)

p- qualidade muito superior (GRJ/1808

- l. 5)

q- caminhos tortuosos (OBI/1830)

r- meio muito usual (DRJ/1846)

s- homem mais curto (OM/1822 –

l. 15-16)

Sete casos são de adjetivos do mesmo tamanho que o núcleo, exemplos em (47),

e seis adjetivos avaliativos de base participial foram registrados, quatro maiores que o

núcleo e dois de peso igual, em (48) e em (49), respectivamente.

(47)

a- papeluchos anárchicos (OGII/1853)

b- maridos cobardes (CCPLB/1822 - l. 31)

c- fortuna colloçal (OGIII/1853)

d- escândalo inaudito (OGIII/1853)

e- Governo intruso (PRP/1824 - l. 2-3)

f- mundo [novo] (OP/1822)

g- estado perfeito (PRP/1824 - l. 7)

(48)

a- Partido enraivecido (OM/1822 - l. 13-14)

b- alma estragada (FJ/1844)

c- ânimos exaltados (PRP/1824)

d- Macaco humanisado (OP/1822 - l. 21)

(49)

a- Cidadãos honrados (PRP/1824 - l. 3-4)

b- habitantes instruhidos (OP/1822 - l. 11-12)

Apenas 12 adjetivos avaliativos pospostos são menores que o núcleo, exemplos

em (50), embora três sejam de base participial, exemplos em (51).

Serra, C. R.

69

(50)

a- accuzação atroz (OM/1822 - l. 10)

b- theorias estérieis (GRJ/1808 - l. 3)

c- palavras grandes (CCPLB/1822 - l. 4)

d- posição hostil (PRP/1824)

e- compromettimentos incommodos (AA/1869)

f- requisições iníquas (PRP/1824 - l. 9)

g- carcundismo nojento (LB/1829)

h- prejuízos vulgares (OG/1853)

i- estabelecimento pio (AA/1869)

(51)

a- agricultura atrazada (CCPLB/1822 - l. 11)

b- ministro honrado (OGII/1853)

c- Humanidade opprimida (OM/1822 - l. 1)

Tomando-se como base a noção de complexidade estrutural, fica explicada a

ocorrência dos adjetivos em posição marcada, já que em 72% dos casos os adjetivos são

mais longos ou do mesmo tamanho do núcleo, portanto complexos. Mesmo entre os 12

adjetivos menores que o núcleo, 3 são de base participial, o que reduz a possibilidade de

anteposição.

A ocorrência de adjetivos descritivos em posição marcada é bastante reduzida se

comparada à de adjetivos avaliativos. Isso talvez se explique pelo fato de a anteposição

desses adjetivos ser “duplamente marcada”. A posposição já é, independente do tipo de

adjetivo, a posição não marcada por apresentar altas taxas de freqüência, e, em se

tratando de adjetivos descritivos, é ainda mais rara a possibilidade de anteposição.

Portanto, já era esperado que o número de adjetivos descritivos a ocupar essa posição

fosse bastante reduzido. Verificamos, então, que fatores estariam motivando a

ocorrência desses adjetivos em posição marcada.

Adjetivos menores que o núcleo têm maior possibilidade de aparecer em posição

pré-nuclear. Em três ocorrências registradas no corpus, os adjetivos descritivos

apresentam essa característica, exemplos em (52).

Serra, C. R.

70

(52)

a- final conclusão (R/1822 - l. 27)

b- actual administração (OGVI/1853)

c- atual Sr. Ministro da guerra (C/1841)

As onze ocorrências restantes estão distribuídas da seguinte forma: quatro

adjetivos do mesmo tamanho que o núcleo, exemplos em (53), três adjetivos maiores

que o núcleo, em (54), e quatro adjetivos de base participial, 3 maiores, em (55), e um

do mesmo tamanho do núcleo, (56).

(53)

a- competente documento (DRJ/1846)

b- competente pagamento (OGVII/1853)

c- presente matéria (PRP/1824)

d- antigo provérbio (OGIII/1853)

(54)

a- Imperial Nome (OGIII/1853)

b- pequenos quintaes (ODM/1850)

c- pretérita Camara (LB/1829)

(55)

a- citada Ley (OM/1822 - l. 8)

b- mencionado sargento (NT/1844)

c- illustrado jornal (DN/1870)

(56) seguinte artigo (OP/1859)

Esses casos de anteposição contrariam as expectativas, principalmente os em

(55), que correspondem a adjetivos descritivos, maiores que o núcleo e de base

participial. São casos em que a escolha pela posição não se deu em função de nenhum

dos fatores controlados.

Serra, C. R.

71

Século XX

Em termos percentuais praticamente não houve mudança no comportamento dos

adjetivos avaliativos nos corpora analisados. No século XIX, 33% dos adjetivos

avaliativos ocupavam a posição pós-nuclear, e no XX, 32%, a diferença sendo quase

nula. O número de adjetivos descritivos em anteposição, embora já fosse baixo no

corpus do século XIX, ainda é mais reduzido no século XX. Do universo de 110 dados

de adjetivos descritivos em editoriais do século XIX, 11,8% eram antepostos. Dos 115

dados do século XX, apenas 5,2% eram antepostos. Esses resultados confirmam a

tendência de fixação da posposição como posição não marcada.

Dentre os adjetivos avaliativos pospostos, 16 são maiores que o núcleo,

exemplos em (57), e sete do mesmo tamanho do núcleo, em (58).

(57)

a- bem comum (O Fluminense-1924/6)

b- ano crítico (Correio da Manhã-

1901/3) (3 vezes)

c- classes conservadoras

(O Fluminense-1924/5) (2 vezes)

d- linha corretíssima (Correio da

Manhã-1901/1)

e- idéias muito diversas (Correio da

Manhã-1901/4)

f- applauso enthusiástico (Correio da

Manhã-1901/1)

g- soluções favoráveis (O Fluminense-

1924/6)

h- apoio hypócrita (Correio da Manhã-

1901/3)

i- bem geral (O Fluminense-1924/6)

j- pontos importantes (Correio da

Manhã-1901/4)

l- provas inconcussas (Jornal do

Brasil-1913/7)

m- homem innocente (Correio da

Manhã-1901/2)

n- serviços relevantes (Jornal do

Brasil-1913/7)

Serra, C. R.

72

(58)

a- variações accidentaes (Correio da Manhã-1901/3)

b- alterações muito grandes (Correio da Manhã-1901/3)

c- trabucos ordeiros (Correio da Manhã-1901/1)

d- jornalismo optimista (Correio da Manhã-1901/1)

e- candidacto predilecto (Correio da Manhã-1901/4)

f- desordens profundas (Correio da Manhã-1901/3)

g- bálsamo suave (Correio da Manhã-1901/1)

Foram registrados quatro casos de adjetivos avaliativos de base participial em

posposição, três maiores que o núcleo, em (59), e um menor que o núcleo (60).

(59)

a- corações bem formados (Correio da Manhã-1901/1)

b- anno perdido (Correio da Manhã-1901/4)

c- exemplo bem frisante (O Fluminense-1924/6)

(60) agitação brilhante (Correio da Manhã-1901/3)

Como já foi dito, a junção dos traços maior peso em relação ao núcleo e base

participial contribuem para a posposição do adjetivo, mesmo sendo ele avaliativo.

Oito adjetivos são menores que o núcleo, em (61).

(61)

a- naturalidade compadresca (Correio da Manhã-1901/1)

b- indifferença cruel (Correio da Manhã-1901/2)

c- jornalistas ordeiros (Correio da Manhã-1901/2)

d- modificações radicaes (Correio da Manhã-1901/3)

e- conseqüências intensas (Correio da Manhã-1901/3)

f- administração inferior (Correio da Manhã-1901/3)

g- entendimento claro (O Fluminense-1924/5)

h- auxílio mutuo (O Fluminense-1924/5)

Serra, C. R.

73

Os seis casos de adjetivos descritivos antepostos estão assim distribuídos: dois são

menores que o núcleo, (62), dois são do mesmo tamanho, sendo um deles de base

participial, (63), e dois são maiores, (64).

(62)

a- eternos inimigos (Correio da Manhã-1901/1)

b- único prêmio (Correio da Manhã-1901/1)

(63)

a- respectivos estatutos (O Fluminense-1924/6)

b- forradas poltronas (Correio da Manhã-1901/1)

(64)

a- respectivos patrões (O Fluminense-1924/5)

b- equitativa partilha (Diário da Noite-1932/13)

6.2.1 Português europeu

Além dos grupos de fatores selecionados para o português brasileiro nos dois

séculos -- a natureza do adjetivo, a dimensão do adjetivo em relação ao núcleo, o

tipo de base, a época e o tipo de texto -- foi ainda selecionada, para o português

europeu, a materialidade do núcleo, na ordem de seleção que passaremos a apresentar.

O input geral das rodadas do português europeu, em função da anteposição, é de

.38 no século XIX e de .33 no século XX.

A mesma tendência de diminuição de anteposição do século XIX para o século

XX verificada no PB é também constatada no PE, evidenciando o fato de a fixação da

ordem posposta do adjetivo no SN ser uma característica do português em geral.

Os valores do input geral das rodadas de cada século, entretanto, se diferenciam

de uma variedade para outra, embora essa diferença não seja grande. O português

brasileiro apresenta um maior favorecimento à anteposição no século XIX que o

português europeu, .43 e .38, respectivamente. O mesmo ocorre no século XX: o input

geral da rodada do PB é de .37, enquanto o do PE é de .33.

Serra, C. R.

74

A variável independente época foi o quarto grupo de fatores selecionado no

século XIX e o terceiro no século XX. Ao analisarmos os pesos relativos de cada

século, veremos qual a distribuição da anteposição de acordo com as fases e em co-

atuação com os demais grupos no nível de seleção.

Assim como para o português brasileiro, e em todas as outras rodadas que foram

feitas em etapas anteriores deste trabalho, a variável independente tipo de adjetivo foi a

primeira a ser selecionada pelo programa como relevante para a determinação da ordem.

Nas Tabelas 14 e 15, podem ser observados os percentuais de anteposição e

posposição de adjetivos avaliativos e descritivos nos séculos XIX e XX,

respectivamente.

Avaliativo Descritivo

Anteposição 234/368 64 394/1298 30

Posposição 134/368 36 904/1298 70

Oco/total % Oco/total %

Tabela 14: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo

Século XIX / PE

Avaliativo Descritivo

Anteposição 270/467 58 356/1436 25

Posposição 197/467 42 1080/1436 75

Oco/total % Oco/total %

Tabela 15: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de adjetivo

Século XX / PE

Em termos percentuais, a distribuição de adjetivos avaliativos em posição pré e

pós-nuclear no PE é semelhante à do PB. Observa-se, tanto em uma quanto em outra

variedade, a diminuição de uso de adjetivos avaliativos em anteposição, no século XX.

Entre os percentuais de adjetivos descritivos em anteposição, entretanto, há uma

diferença entre o PB e o PE. O PE apresenta percentuais mais altos de anteposição

desses adjetivos que o PB: 30% vs 12%, no século XIX, e 25% vs 4%, no século XX,

respectivamente.

Serra, C. R.

75

Os valores de peso relativo retirados do nível de seleção de cada rodada

confirmam os percentuais. Nos Gráficos 7 e 8 abaixo, verificamos que o adjetivo

avaliativo é o que mais favorece a anteposição, com peso relativo de .76, no século

XIX, e .74, no século XX, valores idênticos aos do PB. Porém, enquanto no PB os

adjetivos descritivos apresentavam baixo índice de favorecimento à anteposição -- .19,

no século XIX, e .11, no século XX --, o PE apresenta um peso relativo de .42, nos dois

séculos, valor consideravelmente mais alto que os do PB.

0,42

0,76

0

0,2

0,4

0,6

0,8

Descritivo Avaliativo

Anteposição de acordo com o tipo de

adjetivo

0,42

0,74

0

0,2

0,4

0,6

0,8

Descritivo Avaliativo

Anteposição de acordo com o tipo de

adjetivo

Gráfico 7: Peso relativo de aplicação da regra Gráfico 8: Peso relativo de aplicação da regra

de anteposição, século XIX / PE de anteposição, século XX / PE

Talvez essa diferença se deva ao corpus analisado, ou seja, pelo fato de os

anúncios e editoriais lisboetas terem características distintas das dos anúncios e

editoriais cariocas, representantes de uma imprensa escrita mais “jovem”, que foi

construindo características próprias a partir de 1808, quando aqui foi instalada, por

ocasião da vinda da corte real portuguesa.

O estudo de Leite (2003) dá uma idéia bastante precisa do quanto os editoriais

cariocas do século XX são diferentes dos do século anterior. Segundo a autora, os textos

do século XIX apresentavam mais trechos com “argumentação pura” do que os textos

do século XX, que apresentavam maior interação entre argumentação, narração e

descrição. Um estudo desse tipo que leve em conta o mesmo corpus do português

europeu talvez mostrasse uma possível diferença, o que por enquanto não se pode

afirmar.

Serra, C. R.

76

No que se refere especificamente à anteposição do adjetivo, os resultados que

analisaremos, sobre os tipos de textos, nos darão alguma informação a mais para o

confronto entre as duas variedades do português e as características de cada texto, em

cada século.

Em (65), damos exemplos de adjetivos avaliativos (a) e descritivos (b) no século

XIX e em (66), no século XX.

(65) a- Os acontecimentos de Hespanha são de sua natureza tão importantes, e

para nós os portuguezes de tão grave transcendencia, que julgamos dever nosso

excitar sobre elles a attenção publica. (Editorial – Correio de Lisboa/1841)

b- Emprestimos sobre penhor de títulos da divida publica portuguesa, e de

obrigações da Companhia Geral do Credito Predial Portuguez, a juro de 4 ½ 0/0

ao anno. (Anúncio – Correio da Manhã/1887)

(66) a- ESTABELECIMENTO, mercearia, ceriaes e diferentes artigos na

margem sul, comercio por grosso e a retalho, com grande futuro, devido á sua

bela instalação e local. (Anúncio – Diário de Notícias/1915)

b- A sociedade ocidental olhou-se ao espelho, nos dias que se seguiram à trágica

morte da Princesa de Gales, e não gostou do que viu. (Editorial –

Expresso/1997)

O condicionamento fônico, ou seja, a dimensão do adjetivo, sua saliência fônica

com relação ao substantivo, também se mostrou um importante elemento para a escolha

da ordem no PE. Esse grupo de fatores foi o segundo a ser selecionado nos dois séculos.

Nas Tabelas 16 e 17, apresentam-se os percentuais de anteposição e posposição de

acordo com o peso fônico do adjetivo, nos séculos XIX e XX, respectivamente.

> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo

Anteposição 223/771 29 129/368 35 276/527 52

Posposição 548/771 71 239/368 65 251/527 48

Oco/total % Oco/total % Oco/total %

Tabela 16: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do adjetivo

Século XIX / PE

Serra, C. R.

77

> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo

Anteposição 178/811 22 139/484 29 309/608 51

Posposição 633/811 78 345/484 71 299/608 49

Oco/total % Oco/total % Oco/total %

Tabela 17: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a dimensão do adjetivo

Século XX / PE

Os percentuais de anteposição e posposição do adjetivo levando em conta sua

dimensão indicam, de um modo geral, que PB e PE seguem a mesma tendência.

Também no PE, adjetivos maiores que o núcleo -- exemplo em (67) -- e os de mesma

extensão -- exemplo em (68) -- aparecem com menor freqüência antepostos, tanto no

século XIX quanto, e principalmente, no século XX, como podemos vislumbrar nas

tabelas acima.

Os adjetivos menores que o núcleo, porém, se dividem entre as posições

anteposta e posposta, nos dois séculos, apresentando percentuais bastante próximos,

embora a anteposição seja levemente privilegiada, 52%, no século XIX, e 51%, no

século XX -- exemplos em (69). Para o português brasileiro, registramos um percentual

mais alto no século XIX, 62%.

(67) he precizo que reunidos formemos uma barreira inexpugnavel contra o

despotismo... (Editorial – Gazeta de Portugal/1822)

(68) As três fórmulas de Embryodine, sabiamente doseadas, para cada ciclo da

vida, estão estudadas para a maioria do tipo de mulheres portuguesas e seus

desarranjos estéticos. (Anúncio – Diário de Notícias/1951)

(69) a- e pretende empregar contra as exigencias novas, os velhos processos

historicos... (Editorial – O Século/1884)

b- Papelaria com grande tipogragia com uma grande clientela e de bom futuro,

numa das principais ruas da Baixa. (Anúncio – Diário de Notícias/1936)

Na análise dos pesos relativos, percebe-se que o favorecimento de adjetivos

menores que o núcleo à anteposição, já observado para o PB, também ocorre no PE,

embora os percentuais brutos tivessem indicado uma pequena diferença entre as

variedades, no que se refere a esses adjetivos.

Serra, C. R.

78

Quando levados em conta os demais grupos de fatores que se entrecruzam no

nível de seleção apontado pelo programa, temos que a menor complexidade do adjetivo

é um importante fator para sua ocorrência em posição pré-nuclear -- como se observa na

Tabela 18 a seguir -- atingindo, tanto no PB quanto no PE, valores superiores a .60.

Tanto os adjetivos maiores quanto os de mesmo tamanho que o núcleo passam a

ter menor peso para a aplicação da anteposição no século XX, como já observado em

termos percentuais.

> que o núcleo = ao núcleo < que o núcleo

Século XIX .40 .48 .65

Século XX .38 .46 .68

P.R P.R P.R

Tabela 18: Peso relativo da anteposição de acordo com a dimensão do adjetivo,

nos dois séculos / PE

Época e tipo de texto se alternaram em terceiro e quarto lugares como grupos a

serem selecionados para o favorecimento da anteposição nas rodadas dos séculos XIX e

XX.

Seguindo a ordem cronológica, apresentaremos o terceiro grupo a ser

selecionado no século XIX, tipo de texto, conjuntamente com os resultados do século

XX, em que essa variável foi selecionada como o quarto grupo.

Pelo que temos observado, PB e PE seguem a mesma direção, no que se refere à

fixação da ordem posposta do adjetivo, que foi sendo determinada ao longo dos séculos.

Não há muita diferença entre as duas variedades, principalmente em termos de peso

relativo, que é o indicador mais preciso, pois leva em conta a interação de todas as

variáveis, lingüísticas e extralingüísticas, que estariam favorecendo um determinado

uso.

Talvez a diferença mais sensível entre os resultados do PB e do PE esteja na

utilização da anteposição de acordo com o tipo de texto. No que se refere aos anúncios,

ao contrário do que ocorre no PB, o PE implementa o uso do adjetivo posposto no

século XX e, conseqüentemente, reduz o uso da anteposição, seguindo a tendência geral

da língua. Da Tabela 19, depreende-se um percentual de 43% de anteposição em

anúncios no século XIX, reduzido para 35% no século XX (Tabela 20).

Serra, C. R.

79

Anúncio Carta de Redator/ Editorial

Anteposição 372/863 43 256/803 32

Posposição 491/863 57 547/803 68

Oco/total % Oco/total %

Tabela 19: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto

Século XIX / PE

Anúncio Carta de Redator/ Editorial

Anteposição 347/985 35 279/918 30

Posposição 638/985 65 639/918 70

Oco/total % Oco/total %

Tabela 20: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com o tipo de texto

Século XX / PE

Essa diminuição de uso da anteposição em anúncios também foi constatada na

observação dos valores de peso relativo, porém com menos expressividade que nos

percentuais brutos de freqüência.

Embora o tipo de texto anúncio continue favorecendo mais a ocorrência da

anteposição que os editoriais (Tabela 21), por conta das diferentes intenções

comunicativas de cada texto, como vimos sustentando, há uma redução de .59, no

século XIX, para .54, no século XX, de aplicação da anteposição nesse tipo de texto.

Anúncio Carta de Redator/

Editorial

Século XIX .59 .41

Século XX .54 .45

P.R P.R

Tabela 21: Peso relativo da anteposição de acordo com o tipo de texto,

nos dois séculos / PE

Em termos de freqüência, o aumento do uso da posposição em editoriais do PE é

tímido do século XIX para o XX, de 68% para 70% (cf. Tabelas 19 e 20), mantendo-se

praticamente os mesmos índices percentuais nos dois séculos. Os valores de peso

relativo, entretanto, indicam ligeiro aumento de anteposição no século XX, o que não

Serra, C. R.

80

pode ser considerado como uma mudança/alteração significativa, já que os percentuais

são muito próximos, em uma época e em outra, e a variação de peso relativo é mínima.

Nesse caso, poderíamos supor que o “estilo” do editorial português não teria tido

grandes mudanças de um século para outro, talvez por fazer parte de uma imprensa mais

antiga, em que os redatores já teriam fixado seu modo de expor, informar ao leitor

assuntos referentes à sociedade, tendo ainda o papel de formadores de opinião, o que só

aconteceu nos editoriais brasileiros recentemente, como comentamos na seção anterior.

A língua, entretanto, não é algo fixado a priori e sim é criada pari-passu ao

momento de comunicação. Nesse sentido, não se pode sempre relacionar,

generalizadamente, determinados usos a um determinado tipo de texto, pois cada autor

tem características próprias que deixa ver através do que escreve, embora a tendência

seja a de se seguir um padrão, quando se trata do mesmo tipo de texto.

Assim, o editorialista português do século XIX, principalmente da primeira

metade, também se envolvia mais com o texto que produzia, como o editorialista

brasileiro, do que o do século subseqüente. Essa conclusão pôde ser tirada a partir de

observações mais sistemáticas dos textos e a partir da voz dos próprios editorialistas,

como é o caso do que escrevia no jornal “O Século”, na segunda metade do século XX:

Até aos meados do século XIX a Imprensa teve o caráter vincado

da doutrinação, do exame de ideias por meio de uma crítica

constante e segura; e a informação, a notícia, era simples

complemento. Com a sua revolução jornalística, Émile Girardin

tornou o jornal diário um órgão essencialmente divulgador de

acontecimentos, levando-o da projecção nacional à universal. Só

assim os de um país conseguiram saber com amplitude e

segurança como eram as outras nações e o que nos seus territórios

se passava. (Editorial – O Século/1961)

Esse envolvimento, entretanto, não diz respeito a aspectos de sua

individualidade, pelo que temos notado, mas sim ao fato de o redator se incluir entre os

cidadãos favorecidos por uma benfeitoria (cf. Editorial 6, a seguir) ou prejudicados por

alguma mazela social. Esses editorialistas, em sua maioria, não discutiam, já no século

Serra, C. R.

81

XIX, intrigas pessoais utilizando o jornal como veículo, o que faziam era “uma crítica

constante e segura” partindo de questões públicas mais gerais. O fato de o redator de

alguma forma atribuir um questionamento crítico ao que escreve, mais ou menos velado

a depender da época, é o que diferencia os textos editoriais dos de notícias.

Vejamos o que a redação do Diário de Notícias de Lisboa se propõe a fazer na

seção dedicada aos editoriais, já no século XIX:

Editorial 5

Nome do jornal: Diário de Notícias

Lisboa, 1864

Seção: Editorial

Ao Publico

A publicação que hoje emprehendemos, convencidos da sua necessidade e

utilidade, visa a um unico fim: - interessar a todas as classes, ser accesivel a

todas as bolsas, e comprehensivel a todas as intelligencias.

O DIARIO DE NOTICIAS – o seu titulo o está dizendo – será uma

compilação cuidadosa de todas as noticias do dia, de todos os paizes, e de

todas as especialidades, um noticiario universal. Em estylo facil, e com a

maior concisão informará o leitor de todas as occorrencias interessantes,

assim de Portugal como das demais nações, reproduzindo á ultima hora

todas as novidades politicas, scientificas, artisticas, litterarias,

commerciaes, industriaes, agricolas, criminaes e estatisticas, etc.

Eliminando o artigo de fundo, não discute politica, nem sustenta polemica.

Registra com a possivel verdade todos os acontecimentos, deixando ao

leitor, quaesquer que sejam os seus principios e opiniões, o commental-os a

seu sabor. Escripto em linguagem decente e urbana, as suas columnas são

absolutamente vedadas á exposição dos actos da vida particular dos

cidadãos, ás injurias, ás allusões deshonestas e reconvenções insidiosas. É

pois um jornal de todos para todos – para pobres e ricos de ambos os sexos

e de todas as condições, classes e partidos.

Todos os paizes illustrados possuem publicações d’este genero, e

nomeadamente a Inglaterra, a França, a Belgica, e ainda a nossa visinha

Serra, C. R.

82

Hespanha, publicações que teem attrahido consideravel numero de

sympaqthias, leitores e subscriptores. A idéa não é pois original nossa,

senão imitada ou traduzida, como melhor quizerem, para preencher uma

notavel lacuna do nosso jornalismo. E os meios de publicação que a

empreza do DIARIO DE NOTICIAS adopta, embora pareçam singulares,

são tambem uma copia fiel do que usa n’esses paizes onde se

comprehendem e exploram todos os meios de publicidade.

O programa do DIARIO DE NOTICIAS está posto em acção no seu

primeiro numero. A empreza não faz senão uma promessa, e é, que buscará

corresponder á confiança popular, e ser grata ao favor com que espera ver

acolhida a sua idéa, operando gradualmente todos os melhoramentos que a

experiencia lhe for aconselhando.

A promessa do Diário de Notícias em 1864 de informar o leitor “de todas as

occorrencias interessantes, assim de Portugal como das demais nações, reproduzindo á

ultima hora todas as novidades politicas, scientificas, artisticas, litterarias,

commerciaes, industriaes, agricolas, criminaes e estatisticas, etc” [grifo nosso], sem

discutir política nem sustentar polêmica, deixando que o leitor tirasse suas próprias

conclusões, a partir do exposto, não admitindo, ainda, “exposição dos actos da vida

particular dos cidadãos, ás injurias, ás allusões deshonestas e reconvenções insidiosas”

parecia não ser novidade, já que jornais publicados anteriormente a essa data já traziam

ao público leitor informações de interesse geral, mesmo não tão isentas quanto

prometiam, como é o caso do editorial que transcrevemos a seguir (Editorial 6) cujo

tema é a melhoria das estradas em Portugal para a facilitação da comunicação e do

trânsito no país. O mesmo não ocorria com grande parte dos textos editoriais da

imprensa brasileira da mesma época, que privilegiavam, por assim dizer, temas mais

“polêmicos”. Contudo, a imprensa de aquém e de além mar soube operar

“gradualmente todos os melhoramentos que a experiencia lhe for (foi) aconselhando”.

Como pudemos ver, ao comentarmos os editoriais cariocas do século XIX,

aquele era um espaço muito mais para discussões e intrigas de cunho pessoal, salvo as

exceções, do que propriamente um texto que se preocupasse em conscientizar os

leitores/cidadãos do que acontecia na sociedade da época.

Serra, C. R.

83

A imprensa lisboeta já estava àquela altura, em inícios do século XIX, mais

preocupada, na maioria das vezes, em discutir, não sem algum grau de parcialidade, os

acontecimentos da sociedade do que propriamente imputar-lhes algum “juízo de valor”

mais particular, deixando que o público leitor o fizesse.

A observação dos documentos e os resultados aqui obtidos confirmam a suspeita

de os editoriais do século XIX do português europeu não serem tão distintos dos do

século subseqüente. Comparem-se os Editoriais 6 e 7 transcritos abaixo, o primeiro do

século XIX, 1ª fase, como já mencionado, e o segundo do século XX, 4ª fase.

Editorial 6

Nome do jornal: Gazeta de Portugal

Lisboa, 1823

Seção: Editorial

Uma das mais notaveis indicações, e a que produziria palpavelmente o

maior bem se viesse a sanccionar se a sua doutrina, he sem dúvida a

aprezentada pelo Sr. Deputado João Victorino em Sessão de 5 de Dezembro

proximo preterito. Tem ella por objectivo a melhoria das estradas para a

facilidade da communicação, e transito de pessoas e coizas. A utilidade que

resultaria á Nação deste transito facil, salta á primeira vista; e a experiencia

dos outros povos que gozam desta inapreciável comodidade, ao mesmo

tempo que visivelmente abona todos os sacrifícios que se podessem fazer

para alcança-la, nos dispensa de longos raciocionios. N’um paiz de tão

pequena extensão como he o nosso Portugal, quazi he uma das maiores

emprezas que se possam commetter, a jornada de uns confins do Reino a

outros, ou mesmo á Capital: impedindo-se assim o conhecimento e trato

dos Cidadãos, e até a celeridade das disposições do Governo. Um meio se

offerece agora para obviar parte destes inconvenientes.

Chegou a nosso conhecimento que se aprezentara ao Governo um plano

proposto por estrangeiros (os nossos Nacionaes não propõem planos em

que se despenda dinheiro) para pôr as estradas em estado de se conduzirem

n’uma carroagem malas, e pessoas desde Lisboa ao Porto e Badajoz, á

maneira da Inglaterra e França, com igual velocidade (parece que em 24

Serra, C. R.

84

horas contadas, daqui a qualquer das duas Cidades); com condições,

segundo o que entendemos, muito moderadas, e mui interessantes ao paiz.

Esperamos que o nosso Governo não permittirá que a Nação se veja privada

de tão essencial benefício: podendo saber que a Inglaterra deve a sua

prosperidade, e grandeza á facilidade da communicação; e ninguem ignora

quão atrazados nós estamos nestas coizas. Que o Ministerio proponha este

mesmo plano com as mesmas dimensões a algum dos nossos Capitalistas, e

se tiverem o patriotismo de o levarem a effeito, mui satisfatorio será á

Nação; porém que, se elles não forem capazes de o emprehender, se não

deixe escapar uma occasião de tamanho beneficio e proveito, não se

devendo perder um momento de aceitar as proposições razoaveis destes

estrangeiros – e que nos deixemos de pequeninos ciumes. O que he útil, e

necessario deve aproveitar-se, venha donde vier. Outro dia voltaremos

sobre este objecto.

Editorial 7

Nome do jornal: O Século

Lisboa, 1969

Seção: Editorial

AS DUAS FRENTES

Os ataques chineses nas margens do rio Ussuri, dos quais resultou a morte

de algumas dezenas de soldados soviéticos, são um acontecimento que

relega para segundo plano os restantes, considerados relevantes, ocorridos

na cena internacional no primeiro trimestre deste ano. As manifestações

que se organizaram em Pequim e Moscovo, para lhe dar mais nítido

significado, foram demonstrações sobre as quais é impossível ter dúvidas.

Os dois grandes do comunismo dificilmente se envolverão num conflito

que lhes seria fatal. A confrontação do poderio atómico russo com as

massas chinesas não está para amanhã e é provável que não chegue nunca.

A história das relações entre os dois povos ensina que incidentes de maior

ou menor envergadura, sempre se registraram em regiões fronteiriças mal

delimitadas e sujeitas a intermitente contestação. Apesar destas reservas, é

Serra, C. R.

85

legítimo invocar a violência dos combates, e a linguagem dos contendores

deve considerar-se como sintomas de uma tensão crescente e de uma

recíproca agressividade em curva descendente. As sucessivas conferências

de representantes dos países e partidos comunistas, planeadas ou em via de

realização, constituem sintomas e confirmação de uma situação crítica para

a qual não se vê remédio a curto prazo. No Ocidente, daquilo que, no

período mais crítico da guerra fria, se chamava o monólito comunista, o

Pacto de Varsóvia é uma sobrevivência inútil. A Iugoslávia, a Albânia, a

Checoslováquia e a Roménia desafiam o centralismo soviético e negam a

sua viabilidade. O marechal Yakubovski, comandante supremo das forças

desse Pacto, sabe que os seus planos devem ter em conta uma retaguarda

explosiva que, em caso de guerra, seria para ele um motivo de preocupação

maior do que aqueles que teria de resolver para vencer, com êxito, a

resistência das nações ocidentais. A teoria de “soberania limitada”,

inventada por Breshnev para justificar a ocupação da Checoslováquia,

contribuiu mais para desacreditar a União Soviética do que todas as

campanhas de propaganda dos seus inimigos ocidentais. O drama

checoslovaco ainda não acabou, embora sejam esclarecedores os seus

ensinamentos...

Dentro do exposto, a relação entre a utilização da posposição do adjetivo,

normalmente o descritivo, e a função do editorial de introduzir o leitor em temáticas

mais coletivas, abordando o aspecto econômico, político e social das nações, parece ter

se tornado cada vez mais estreita, da mesma forma que é estreita a relação entre a

anteposição do adjetivo, principalmente o avaliativo, e as características dos editoriais

cariocas do século XIX, de temáticas mais particulares, com maior carga de opiniões

pessoais subjetivas.

Em prol da conscientização coletiva, entretanto, também se lançam os

editorialistas dos jornais europeus do século XX (cf. Editorial 8, a seguir), a fim de

denunciar certas “jogadas” políticas. O editorialista tem, ao mesmo tempo, a função de

informar e “abrir os olhos” dos leitores para o que se passa, para que a partir daí este

Serra, C. R.

86

possa formar uma opinião, assumir determinados posicionamentos, etc, com base na

reflexão daquilo que lhe é exposto.

Editorial 8

Nome do jornal: Expresso

Lisboa, 1997

Seção: Editorial

Mau tempo na política

PERANTE as tempestades que martirizaram o país nas últimas semanas,

alguns políticos reagiram da forma mais desastrosa possível: tentaram

aproveitar os efeitos do mau tempo – as cheias, as derrocadas, as mortes –

para fins políticos.

Ora as catástrofes que ocorreram em Portugal foram o produto combinado

de erros acumulados ao longo de anos e de condições climáticas

excepcionais.

Procurar um culpado, descobrir um bode expiatório, é certamente cómodo –

mas não é justo.

Apontar o dedo acusador a este ou àquele presidente da Câmara, a este ou

àquele responsável deste ou daquele serviço, pode parecer politicamente

conveniente – mas não é sério.

E, a prazo, também não rende.

O oportunismo político pode compensar no imediato, mas é um mau

investimento para o futuro.

Mais cedo ou mais tarde acaba por se desmascarar – concorrendo para o

descrédito da classe política.

SIGNIFICA isto que, nestes dias de mau tempo, os políticos perderam mais

alguns pontos.

E perderam-nos – note-se – numa ocasião em que tinham uma ótima

oportunidade para recuperar algum crédito.

De facto, perante a desgraça que se abateu sobre várias zonas do país,

poderiam ter dado as mãos e oferecido aos portugueses um espetáculo de

unidade e solidariedade.

Serra, C. R.

87

Dirigentes dos vários partidos poderiam ter-se associado na ajuda às

populações atingidas.

A oposição poderia ter manifestado a sua disponibilidade para colaborar

com o Governo – e o Governo poderia ter aceite com humildade a ajuda

que a oposição lhe pudesse dar.

Numa palavra, a classe política poderia ter deixado claro que aquilo que a

une – os interesses dos portugueses – é mais importante do que o que a

desune.

O QUE aconteceu, porém, foi exactamente o contrário.

Em vez de darem as mãos, os políticos levantaram as vozes para trocarem

acusações entre si.

Ficámos, assim, a saber que continuam mais preocupados com as suas

rivalidades do que com as dificuldades dos cidadãos.

Confirmámos a suspeita de que a luta pelo poder os motiva mais do que a

resolução dos problemas do país.

O texto editorialístico carioca parece ter se “profissionalizado” com o passar do

tempo, assim como a “voz” do jornal que ele representava, e se tornou, ao que tudo

indica, mais parecido com o veterano editorial lisboeta. Esse pode ser o começo para a

explicação dos resultados divergentes de anteposição em editoriais brasileiros e

portugueses em cada século. A partir dessa discussão, ainda embrionária, levantam-se

alguns indícios que podem ou não ser confirmados com trabalhos que se dediquem ao

estudo mais detalhado desses textos.

As modificações tanto quantitativas (cf. Tabelas 12 e 21) quanto qualitativas que

teriam se dado entre os tipos de textos, tanto anúncios quanto editoriais, no português

europeu do século XIX para o XX são menores e de natureza diferente das que se

processaram no português brasileiro. O que se tem confirmado é que a estratégia de

(não)uso da anteposição vai também acompanhar essa transformação dos propósitos

comunicativos de cada texto e a configuração do texto jornalístico que se conhece hoje,

globalizado, padronizado.

Pondo não um ponto final, mas reticências no que respeita às características dos

tipos de textos tratados aqui, partimos para a análise do grupo de fatores época,

Serra, C. R.

88

selecionado, como já se disse, em quarto lugar, no século XIX, e em terceiro, no século

XX.

Esse grupo de fatores não havia sido selecionado na rodada do século XIX no

português do Brasil, mas os percentuais de anteposição desse corpus serão reproduzidos

aqui para que possamos comparar, pelo menos em termos de freqüência, esses valores

com os do PE. Na primeira fase do século, a anteposição totaliza 42% dos dados, na 2ª

fase, 48%, e na 3ª fase, 40%. Os percentuais de anteposição e posposição no português

europeu, no século XIX, podem ser vistos na Tabela 22, abaixo.

1808-1840 1841-1870 1871-1900

Anteposição 232/527 44 197/511 39 199/628 32

Posposição 295/527 56 314/511 61 429/628 68

Oco/total % Oco/total % Oco/total %

Tabela 22: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as três fases no eixo temporal

Século XIX / PE

No que se refere ao século XIX, podemos notar uma distribuição numérica

diferenciada entre as duas variedades. No PB, há um aumento da freqüência de uso da

anteposição da primeira para a segunda fase, seguido de um declínio na última, ou seja,

a distribuição é um pouco irregular, embora os valores sejam bastante próximos. A

tendência geral de diminuição da anteposição, no entanto, é confirmada já que o

percentual da última fase é menor que o da primeira.

No PE, a diminuição do uso da anteposição é gradativa, através das fases, e mais

marcada que no PB. Da primeira para última fase, há uma redução de 12% nos índices

de anteposição -- de 44% para 32%.

Embora os percentuais brutos não indiquem um contraste muito marcado entre

as fases do século XIX no PB, vimos, ao tratarmos os tipos de textos, que essa

distribuição não é tão uniforme, devido, justamente, às especificidades de cada texto.

Essas são informações que os percentuais brutos de cada século não ponderam, fazendo-

se necessário recorrer à última etapa do programa VARBRUL, ou seja, ao nível de

seleção, que leva em conta esse tipo de informação e nos dá um índice mais preciso, que

é o do peso relativo.

Serra, C. R.

89

O input geral das rodadas de cada variedade reflete essa pequena diferença

numérica no século XIX, já que no PB temos um maior favorecimento à anteposição

(.43) que no PE (.38).

Na Tabela 23, temos os percentuais de cada fase do século XX, no PE, que

podem ser comparados aos da Tabela 8, na seção anterior, que traz os percentuais do

PB.

1901-1924 1925-1949 1950-1960 1961-1974 1975-2000

Anteposição 157/462 34 193/495 39 81/249 33 79/267 30 116/430 27

Posposição 305/462 66 302/495 61 168/249 67 188/267 70 314/430 73

Oco/total % Oco/total % Oco/total % Oco/total % Oco/total %

Tabela 23: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com as cinco fases no eixo temporal

Século XX / PE

A mesma tendência de diminuição da anteposição, através do século, observada

no PB também ocorre no PE, ou seja, os percentuais de anteposição são cada vez

menores em cada fase, excetuando-se o período de 1925 a 1949, que apresenta um

número um pouco maior (39%) que o da fase anterior (34%).

Também no PE, as duas últimas fases são as que apresentam maior freqüência

de posposição, 70% e 73%, respectivamente. O PB apresenta índices também altos de

posposição nessas fases, 81% e 77%, respectivamente (cf. Tabela 8), confirmando nossa

hipótese geral de fixação da posposição. O PB inicia o século com uma freqüência de

anteposição maior que a do PE (44%) e termina com uma freqüência menor (23%),

indicando que a curva descendente foi mais acentuada no PB que no PE, no século XX.

Os pesos relativos, apresentados nas Tabelas 24 e 25, confirmam a tendência de

decréscimo da anteposição, nos dois séculos.

1808-1840 1841-1870 1871-1900

Anteposição .55 .52 .44

P.R P.R P.R

Tabela 24: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as três fases no eixo temporal

Século XIX / PE

Serra, C. R.

90

1901-1924 1925-1949 1950-1960 1961-1974 1975-2000

Anteposição .56 .54 .47 .44 .44

P.R P.R P.R P.R P.R

Tabela 25: Peso relativo de aplicação da anteposição de acordo com as cinco fases no eixo temporal

Século XX / PE

No início de cada século, temos um maior favorecimento à aplicação da

anteposição, relativamente às outras variáveis no nível de seleção, que vai perdendo

espaço, no decorrer dos séculos, para a posposição. A variação entre os índices de

favorecimento no início e no fim do século é praticamente a mesma no século XIX e no

XX: .55 e .56 para .44 (cf. Tabelas 24 e 25).

Essa variação no corpus do PB é ainda mais perceptível no século XX: de .61

para .36. O input geral da rodada do PB para o século XX foi de .37 e do PE, .33,

indicando que, em termos absolutos, o PB apresenta um maior favorecimento à

anteposição, se não considerarmos a divisão por fases.

No que se refere ao condicionamento semântico materialidade do núcleo,

penúltimo grupo selecionado nas rodadas do PE, temos os seguintes percentuais de uso,

em cada século:

Imaterial Material

Anteposição 379/942 40 249/724 34

Posposição 563/942 60 475/724 66

Oco/total % Oco/total %

Tabela 26: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a natureza semântica do núcleo

Século XIX / PE

Imaterial Material

Anteposição 430/1214 35 196/689 28

Posposição 784/1214 65 493/689 72

Oco/total % Oco/total %

Tabela 27: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a natureza semântica do núcleo

Século XX / PE

Serra, C. R.

91

Podemos notar que tanto no século XIX, Tabela 26, quanto no século XX,

Tabela 27, os substantivos imateriais têm uma tendência ligeiramente superior de se

ligarem a adjetivos antepostos. Observamos, ainda, que os índices de posposição são

altos já no século XIX -- 60% com substantivos imateriais e 66% com materiais -- e

passam a ser ainda mais expressivos no século XX: 65% e 72%, respectivamente.

No nível de seleção, comprova-se o maior favorecimento à anteposição do

adjetivo com núcleo imaterial com relação ao material, com valores praticamente

idênticos para os dois séculos, como podemos conferir na Tabela 28, abaixo.

Imaterial Material

Século XIX .53 .46

Século XX .52 .46

P.R P.R

Tabela 28: Peso relativo da anteposição de acordo com a semântica do núcleo,

nos dois séculos / PE

Alguns exemplos de combinação de adjetivos com núcleos imateriais e

materiais, no PE, são apresentados em (70), no corpus do século XIX, e em (71), no

corpus do século XX.

(70) a- Não obstante a força que todos reconhecem no governo para subjugar a

rebellião, estas noticias não deixam de produzir grande impressão; os jornaes

conservadores que a ellas alludem... (Editorial – O Correio Portuguez /1845)

b- Monsieur de Virtry dentista de S. M. F. – nova perfeição de dentes artificiaes,

que se não podem distinguir dos naturáes. (Anúncio – Correio de Lisboa/1839)

(71) a- A dureza do trabalho, a penúria dos ganhos e as promessas de melhor

vida em outras paragens quebram o apego a uma existência de “habitat”

inconfundível e de tradições fortes e cativantes. (Editorial – O Século/1965)

b- Dê-me a utilização de alguns quilómetros de fio no cabo subterrâneo, dezenas

de metros de fio aéreo, um pedaço do vosso quadro de ligações... (Anúncio –

Diário de Notícias/1935)

Serra, C. R.

92

Passamos a analisar, por fim, o último grupo a ser selecionado nas rodadas do

PE, o tipo de base do adjetivo. Esse grupo de fatores foi selecionado no PB apenas no

século XIX.

Nas Tabelas 29 e 30, abaixo, são apresentados os percentuais de anteposição e

posposição, de acordo com a base nominal ou participial do adjetivo, nos séculos XIX e

XX, respectivamente.

Base nominal Base participial

Anteposição 517/1367 38 111/299 37

Posposição 850/1367 62 188/299 63

Oco/total % Oco/total %

Tabela 29: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo

Século XIX / PE

Base nominal Base participial

Anteposição 568/1606 35 58/297 20

Posposição 1038/1606 65 239/297 80

Oco/total % Oco/total %

Tabela 30: Percentuais de anteposição e posposição de acordo com a base do adjetivo

Século XX / PE

O comportamento do adjetivo de base nominal é praticamente o mesmo nos dois

séculos. No XIX, esses adjetivos aparecem precedendo o núcleo em 38% dos dados e,

no século XX, em 35% dos dados. No século XIX, em termos de freqüência, os

percentuais de posposição são praticamente idênticos (62% e 63%), independentemente

do tipo de base do adjetivo. Esse resultado difere do encontrado no PB, pois as

diferenças percentuais de anteposição entre os adjetivos de base nominal e os de base

participial eram maiores: 44% e 27%, respectivamente. Enquanto a possibilidade de

anteposição de adjetivos participiais já era baixa, a de adjetivos de base nominal era

maior, com relação ao PE. Essa diferença também se reflete nos pesos relativos de cada

variedade: o PB apresenta .52 para os adjetivos de base nominal e .35 para os de base

participial, no século XIX (cf. item 6.1.1), enquanto o PE apresenta, respectivamente,

.49 e .56 (cf. Tabela 31, abaixo), na mesma época.

Serra, C. R.

93

No século XX, conquanto os percentuais de anteposição de adjetivos de base

nominal se mantenham estáveis com relação ao século anterior, os percentuais de

anteposição dos adjetivos de base participial sofrem redução significativa: de 37% para

20%, de acordo com as tabelas acima.

Os índices de peso relativo reafirmam que, independente do século, os adjetivos

de base nominal vão ter o mesmo comportamento, já que os números são muito

próximos (.49 e .51), como podemos observar na Tabela 31, abaixo. Porém, no que se

refere aos adjetivos de base participial, seu peso relativo, que era relativamente alto no

século XIX (.56), sofre uma redução no século XX: .43. Isso demonstra que também o

fator morfológico, estrutural, é relevante na escolha da ordem, principalmente no século

XX, ou seja, os adjetivos de base participial se fixaram mais na posição pós-nuclear,

como era esperado, já que esses adjetivos possuem um traço verbal (cf. Serra, 2003).

No PB, já no século XIX era nítido o menor favorecimento de anteposição com

os adjetivos de base participial (.35), ao passo que, no PE, isso só ocorre, mais

timidamente, no século XX (.43).

Base nominal Base participial

Século XIX .49 .56

Século XX .51 .43

P.R P.R

Tabela 31: Peso relativo da anteposição de acordo com a base do adjetivo,

nos dois séculos / PE

Em (72), podem ser vistos alguns exemplos de adjetivos de base nominal e, em

(73), alguns de base participial, nos dois séculos.

(72) a- A regeneração já tem quatro annos de vida. Quatro annos de paz, quatro

annos passados nas melhores condições para ter feito alguma cousa a bem deste

paiz... (Editorial – O Portuguez/1855)

b- leilão do palacio dos Exmos Srs. Condes da Guarda (a Arroios) e de todo o

rico mobiliario que o guarnece, carruagens, arreios, etc. (Anúncio – O

Século/1917)

Serra, C. R.

94

(73) a- no local do seu actual estabelecimento, no edificio do extincto convento

dos Paulistas, terá logar a exposição de productos de industria nacional...

(Anúncio – Correio de Lisboa/1840)

b- Anonimamente, apenas, fazem-nos correr Mundo em postais ilustrados e

outras gravuras catitas... (Editorial – O Século/1965)

Com a comparação entre o português brasileiro e o português europeu, pudemos

notar que há uma tendência geral de diminuição do uso da anteposição do adjetivo no

decorrer dos séculos.

Os grupos de fatores relacionados à aplicação da anteposição são os mesmos nas

duas variedades, excetuando-se a materialidade do núcleo, selecionada somente para os

corpora do PE. São poucas as diferenças numéricas entre as duas variedades, a mais

expressiva se refere às diferenças entre os tipos de textos utilizados para a análise, o que

foi discutido oportunamente.

No que refere, então, ao texto jornalístico, seja ele de cunho

informativo/opinativo ou publicitário, percebe-se o papel que a colocação do adjetivo

exerce na construção de determinados sentidos, que vão se prestar aos mais diversos

propósitos comunicativos. Como dissemos, esse é apenas um ponta-pé inicial para um

estudo, que parece ser frutífero, das diferenças entre os textos que compõem o gênero

jornalístico, que tão bem representam, tanto do ponto de vista da forma quanto do

conteúdo, as mudanças por que passa a língua e a sociedade que ela representa.

A seguir, nos debruçamos sobre mais uma das vias possíveis para a análise da

língua: a da prosódia. Façamos bom proveito!

Serra, C. R.

95

6.2 Da análise acústica

6.2.1 Duração

Passamos a apresentar nesta seção os resultados referentes ao parâmetro da

duração na fala masculina e feminina, nessa ordem. Os gráficos mostram os valores

médios das três sílabas de cada elemento do SN, realizados pelos cinco locutores de

cada sexo.

0,156

0,198

0,124

0,170

0,267

0,147

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

Média da duração na posposição

0,160

0,215

0,137

0,170

0,247

0,146

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

Média da duração na anteposição

Figura 1: Média da duração na fala masculina

0,168

0,213

0,139

0,168

0,264

0,147

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

Média da duração na posposição

0,155

0,216

0,152

0,176

0,240

0,144

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

Média da duração na anteposição

Figura 2: Média da duração na fala feminina

A primeira observação a ser feita a partir das Figuras 1 e 2 é a de que, de forma

geral, as sílabas do segundo elemento do SN, principalmente a tônica, são mais longas

que as do primeiro, independente de esse elemento ser um substantivo ou um adjetivo.

Esse resultado pode sugerir um padrão de duração no SN que se caracteriza por um

alongamento das sílabas do segundo elemento com relação ao primeiro, o que vai ao

encontro da primeira hipótese -- reformulada a partir dos resultados de Serra, Callou &

Serra, C. R.

96

Moraes, 2003 --, segundo a qual há um alongamento na tônica do segundo elemento,

independente de qual seja ele. Porém, observando com mais vagar esses resultados, é

possível notar alterações que ocorrem, em ambos os sexos, quando a ordem canônica

substantivo/adjetivo é invertida.

Na fala masculina, Figura 1, pode-se perceber que no primeiro gráfico, referente

à posposição do adjetivo, a diferença da tônica do substantivo com relação à do adjetivo

é de 69ms. Quando o adjetivo passa a ocupar a primeira posição, a diferença se reduz

para 32ms entre a sua tônica e a do substantivo que o sucede. Na fala feminina, ilustrada

na Figura 2, essa relação é de 51ms na posposição e de apenas 24ms na anteposição do

adjetivo. Além de a segunda posição “perder força” quando o adjetivo está anteposto,

ou seja, suas sílabas passam a durar menos, há uma diminuição da diferença entre as

sílabas do primeiro e do segundo elemento em termos de duração; assim, o segundo

elemento não deixa de apresentar maior duração, porém, quando o adjetivo está

anteposto, as durações das tônicas tornam-se mais próximas.

Aplicando os cálculos que relacionam as três sílabas de cada elemento, nas duas

posições, fica ainda mais evidente que o adjetivo “carrega” consigo uma marca de

alongamento, diferenciando prosodicamente o SN que tem um adjetivo anteposto do

que tem um adjetivo posposto.

Reproduzimos em tabelas os valores de duração já apresentados nas Figuras

acima, afim de que possamos depreender mais facilmente os números a serem

calculados.

PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1

Duração/ms 0,156 0,198 0,124 0,170 0,267 0,147

posposição pes qui sa re cen te

PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1

Duração/ms 0,160 0,215 0,137 0,170 0,247 0,146

anteposição re cen te pes qui sa

Tabela 1a HOMENS

PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1

Duração/ms 0,168 0,213 0,139 0,168 0,264 0,147

posposição pes qui sa re cen te

PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1

Duração/ms 0,155 0,216 0,152 0,176 0,240 0,144

anteposição re cen te pes qui sa

Tabela 2a MULHERES

Serra, C. R.

97

No cálculo da percentagem de duração do primeiro elemento do SN em relação

ao segundo, ou seja, uma comparação que poderíamos chamar de sintagmática, na fala

masculina, pudemos observar que a sílaba tônica do primeiro elemento na posposição,

ou seja, do substantivo, dura 75% da tônica do segundo elemento; em anteposição, a

tônica do elemento que ocupa a primeira posição, ou seja, do adjetivo, dura 87% da

tônica do segundo elemento.

Na fala feminina, em posposição, a tônica do substantivo dura 80% da tônica do

adjetivo, segundo elemento, ao passo que, na anteposição, a tônica do adjetivo dura

90% da tônica do substantivo.

Esses resultados demonstram que na fala de homens e mulheres ocorre o

seguinte: quando o adjetivo está anteposto, a sua tônica tem uma duração mais

aproximada da do segundo elemento, o que já havíamos mencionado acima como uma

característica prosódica do item.

Numa comparação estabelecida no eixo paradigmático, observando a relação

entre pretônica e tônica do primeiro elemento do SN, na fala masculina, temos o

seguinte: a tônica sofre um alongamento de 27% (42ms) com relação à sílaba que a

precede quando o elemento que ocupa a primeira posição é um substantivo, ou seja, em

posposição do adjetivo, e de 35% (55ms) quando o elemento que ocupa a primeira

posição é um adjetivo.

Na fala feminina, a tônica do substantivo em primeira posição também é 27%

(45ms) mais longa que a pretônica, mas quando é o adjetivo que está nessa posição, sua

tônica dura 40% (61ms) mais que a pretônica, ou seja, tanto nos homens quanto nas

mulheres, a tônica é mais marcada com relação à pretônica quando é o adjetivo que

ocupa a primeira posição.

Levando em conta os elementos que ocupam a segunda posição no SN --

comparação ainda no eixo paradigmático --, percebe-se que quando o adjetivo está

posposto, o alongamento da sua sílaba tônica em relação à pretônica é de 57% (97ms);

quando o substantivo é o segundo elemento, e o adjetivo está anteposto, o alongamento

é de 45% (77ms). Entre as mulheres, temos para o segundo elemento adjetivo uma

tônica, da mesma forma que com os homens, 57% (96ms) mais longa que a pretônica,

ao passo que quando é um substantivo o segundo elemento, essa diferença diminui para

36% (64ms).

Serra, C. R.

98

O cálculo da diferença entre as sílabas pretônicas e tônicas em milissegundos,

que apresentamos entre parênteses, é obtido através da subtração dos valores das

primeiras com relação às segundas; esses valores estão presentes nas colunas PRE1 e

TON das Tabelas 1a e 2a acima, de acordo com cada sexo.

Apresentamos de forma mais sistematizada os percentuais de aumento das

sílabas tônicas com relação às pretônicas dos elementos que ocupam a primeira posição

no SN, na posposição e na anteposição do adjetivo, e dos que ocupam a segunda

posição, na posposição e na anteposição do adjetivo, na Tabela 3a, abaixo.

HOMENS 1ª posição

no SN

2ª posição

no SN MULHERES

1ª posição

no SN

2ª posição

no SN

Substantivo 27% (42ms) 45% (77ms) Substantivo 27% (45ms) 36% (64ms)

Adjetivo 35% (55ms) 57% (97ms) Adjetivo 40% (61ms) 57% (96ms)

Tabela 3a: Percentual de aumento de duração da tônica com relação à pretônica,

de acordo com a posição de cada elemento no SN

A segunda posição é, sem dúvida, a que mais marca a diferença da tônica com

relação à pretônica, mas a presença do adjetivo nessa posição faz com que essa

diferença seja ainda maior, 57% tanto nos homens quanto nas mulheres. Na primeira

posição, há uma diminuição dessa diferença em termos absolutos, mas há ainda uma

vantagem de aumento da duração das tônicas do adjetivo (35% e 40%) sobre o aumento

das do substantivo (27%).

Ultrapassando as fronteiras da estrutura sintática não marcada,

substantivo/adjetivo, evidenciada na prosódia com a proeminência da duração do

segundo elemento sobre o primeiro do SN, o adjetivo marca sua posição carregando

consigo o maior alongamento da tônica, como se viu, mesmo competindo sem ganhar,

quando está anteposto, com a maior duração da segunda posição. Em outras palavras, a

maior duração sempre vai recair sobre o segundo elemento do SN, mas essa estrutura

não se mantém plenamente quando o adjetivo se antepõe.

No que diz respeito, então, às nossas hipóteses iniciais, podemos dizer que os

resultados confirmam ambas, tanto aquela que prevê a segunda posição como sendo

sempre a que leva o elemento a ter uma tônica mais longa quanto aquela que diz que o

adjetivo anteposto leva a um alongamento da tônica nessa posição. De toda forma, a

Serra, C. R.

99

estrutura prosódica que subjaz a estrutura sintática do SN não é indiferente à mudança

de ordem.

O mesmo tipo de confronto feito tomando como base o alongamento relativo da

tônica em relação à pretônica também foi feito a fim de verificar o alongamento da

tônica e da postônica consideradas conjuntamente, o que corresponde ao pé métrico, em

relação à sílaba que as precede, uma vez que o fenômeno do alongamento afeta

sobretudo essas duas sílabas (Moraes, 2003).

Para o cálculo do alongamento do pé métrico, enfocamos apenas a primeira

posição do SN, estabelecendo uma comparação apenas no eixo paradigmático, já que

nos interessa observar a posição marcada do adjetivo, que é a anteposta, com relação ao

elemento “neutro”, que seria o substantivo. A segunda posição, como se comprova com

a análise acústica, é sempre a mais “forte”, embora seja sensível à mudança de ordem

do adjetivo, como se vem observando.

No que se refere ao alongamento do pé métrico em relação à pretônica (ton +

pos/2 - pretônica) na primeira posição, obteve-se os seguintes resultados:

HOMENS 1ª posição no SN MULHERES 1ª posição no SN

Substantivo 198 + 124 – 156 = 5ms

2 3% Substantivo

213 + 139 – 168 = 8ms

2 5%

Adjetivo 215 + 137 – 160 = 16ms

2 10% Adjetivo

216 + 152 – 155 = 29ms

2 19%

Tabela 4a: Relação entre a duração do pé métrico e da pretônica na primeira posição, tanto na

anteposição do adjetivo quanto na posposição, de acordo com o sexo

Com a anteposição do adjetivo (ver na Tabela 4a adjetivo na 1ª posição no SN)

há maior alongamento do pé com relação à sílaba pretônica do primeiro elemento que

na posposição, 10% e 3% (16ms e 5ms), nos homens, e 19% e 5% (29ms e 8ms), nas

mulheres, respectivamente. Entre as mulheres a diferença é ainda mais evidente entre

pés e pretônicas de adjetivos e substantivos na primeira posição do SN; o adjetivo

anteposto tem a duração média das sílabas de seu pé métrico 19% maior que a pretônica

correspondente, demonstrando novamente o alongamento que a primeira posição sofre

com a anteposição do adjetivo.

Serra, C. R.

100

Veremos, a seguir, como a anteposição do adjetivo se reflete na intensidade das

sílabas em cada posição.

6.2.2 Intensidade

As Figuras 3 e 4 apresentam as médias de intensidade de cada sílaba na

posposição, no primeiro gráfico, e na anteposição do adjetivo, no segundo gráfico, na

fala masculina e na fala feminina, respectivamente.

5,8 5,9

1,1

7,48,4

2,0

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

Média da intensidade na posposição

5,1

6,8

3,1

4,4

6,6

1,5

0

2

4

6

8

10

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

Média da intensidade na anteposição

Figura 3: Média da intensidade na fala masculina

2,1

5,4

2,5

6,16,9

2,7

0

2

4

6

8

10

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

Média da intensidade na posposição

3,8

6,7

3,0 3,6

5,8

1,5

0

2

4

6

8

10

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

Média da intensidade na anteposição

Figura 4: Média da intensidade na fala feminina

A intensidade é o parâmetro que mais evidencia a mudança de ordem do adjetivo

no SN. É fácil notar através das figuras o quanto a posição do adjetivo é marcada pela

intensidade de suas sílabas. Quando o adjetivo vem posposto, tanto a sílaba tônica

quanto a pretônica apresentam valores de intensidade bastante altos com relação às

Serra, C. R.

101

mesmas sílabas do primeiro elemento do SN. Na fala masculina, as sílabas pretônica e

tônica do substantivo em 1ª posição apresentam 5,8dB e 5,9dB, respectivamente, e as do

adjetivo posposto, 7,4dB e 8,4dB, respectivamente. Na fala feminina, a diferença entre a

tônica do substantivo e a do adjetivo posposto é um pouco menos marcada, 1,5dB

(Figura 4, gráfico de posposição).

Quando o adjetivo aparece anteposto, o pico da curva de intensidade se inverte,

pois é a primeira tônica do SN que passa a ter maior intensidade, tanto nos homens

quanto nas mulheres. A tônica do adjetivo anteposto passa a ter 6,7dB e a do

substantivo 5,8dB, na fala feminina. Na fala masculina, a diferença é mínima, mas

existe; a tônica do adjetivo anteposto tem 6,8dB e a do substantivo que o sucede, 6,6dB.

A segunda posição, como se tem enfatizado, é uma posição “forte”, na qual recaem o

alongamento das tônicas e uma intensidade mais alta, mas no caso do adjetivo

anteposto, essa relação chega a se inverter, pois ele carrega suas marcas “próprias” de

intensidade: na primeira posição, nos homens, a tônica passa de 5,9dB para 6,8 com a

anteposição do adjetivo, e, nas mulheres, de 5,4dB para 6,7dB. Mesmo a segunda

posição apresentando valores altos de intensidade na tônica, o adjetivo faz com que o

pico do sintagma mude conforme a posição que ele vá ocupar.

A postônica, em todos os casos, tem sempre valor mais baixo de intensidade nos

substantivos. Veja-se o gráfico de posposição nos homens na Figura 3; a postônica do

substantivo tem um valor médio de 1,1dB enquanto a do adjetivo posposto tem um

valor médio de 2dB, na mesma figura, no gráfico ao lado, vemos a postônica do adjetivo

anteposto com um valor médio de 3,1dB ao passo que a do substantivo tem 1,5dB. Com

as mulheres ocorre o mesmo: substantivo na primeira posição, primeiro gráfico da

Figura 4, intensidade média da postônica de 2,5dB, a do adjetivo 2,7dB, na anteposição,

relação semelhante a dos homens, 3dB na postônica do adjetivo anteposto e 1,5dB na do

substantivo.

A postônica final do SN é, sem dúvida, uma sílaba bastante “fraca” em termos

de intensidade, mas pudemos observar com os resultados que ela se torna minimamente

mais forte se é o adjetivo que ocupa a posição final. Nos homens, a postônica final de

SN mede 2dB quando o elemento é um adjetivo, quando é um substantivo, mede 1,5dB.

Nas mulheres, a postônica passa de 2,7dB, com o adjetivo posposto, para 1,5dB, quando

o substantivo ocupada a segunda posição no SN.

Serra, C. R.

102

No que diz respeito à intensidade, não restam dúvidas de que o adjetivo marca

sua posição dentro do SN, pois os valores de intensidade desse item serão sempre

maiores que os do substantivo. O pico de intensidade do SN sempre vai acompanhar o

adjetivo, independente de que posição ele vá ocupar, o que vai ao encontro da hipótese

da prosódia marcada, e isso se observa pelo aumento de intensidade da tônica do

adjetivo na primeira posição, já que a segunda sempre apresentará um valor

relativamente alto de intensidade.

6.2.3 Freqüência Fundamental

A observação do parâmetro da freqüência fundamental é importante para estudos

de diversos fenômenos, inclusive os que levam em conta ordem de constituintes. Os

resultados gerais obtidos neste estudo para o parâmetro FØ encontram-se nas Figuras 5

e 6, abaixo.

138,5

151,1 145,0 145,5136,3 136,1

50

75

100

125

150

175

200

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

Média da freqüência na posposição

135,5

163,2160,7

137,9 137,2 135,7

50

75

100

125

150

175

200

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

Média da freqüência na anteposição

Figura 5: Média da freqüência fundamental na fala masculina

225,3240,7 233,1 226,1

217,1220,9

100

150

200

250

300

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

Média da freqüência na posposição

212,6

251,5 254,4

219,6 214,1 218,0

100

150

200

250

300

pre1

(re)

ton

(cen)

pos1

(te)

pre1

(pes)

ton

(qui)

pos1

(sa)

Média da freqüência na anteposição

Figura 6: Média da freqüência fundamental na fala feminina

Serra, C. R.

103

A princípio, o que percebemos é uma semelhança entre os gráficos que

apresentam a média da freqüência fundamental na posposição e na anteposição. Ao que

tudo indica, independente do elemento que esteja na primeira posição no SN, a curva de

freqüência fundamental sempre terá o seu ápice na tônica do primeiro elemento,

havendo uma queda até a postônica ou a tônica do segundo. Porém, se observarmos

caso a caso, veremos que essa curva melódica não é tão regular entre falantes de sexos

diferentes e de acordo com a posição que o adjetivo ocupa no SN.

Na fala feminina (Figura 6), esse padrão de aumento da freqüência da tônica do

primeiro elemento seguido de uma posterior diminuição se dá até a última sílaba tônica

do SN, pois entre tônica e postônica no segundo elemento ocorre uma ligeira subida

melódica, tanto na posposição -- de 217,1Hz para 220,9Hz --, quanto na anteposição --

de 214,1Hz para 218Hz (cf. Figura 6). O mesmo não acontece na fala masculina,

mantendo-se o padrão de queda até a última sílaba do SN. A diferença, entretanto, é

mínima e possivelmente não significativa estatisticamente.

Com relação às mudanças que ocorrem na curva melódica quando se antepõe o

adjetivo, temos um comportamento aparentemente semelhante entre homens e

mulheres. Reproduzimos nas Tabelas 5a e 6a as médias das sílabas já apresentadas nas

Figuras 5 e 6, para melhor depreendermos os valores a serem comentados daqui por

diante.

PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1

FØ/Hz 138,5 151,1 145 145,5 136,3 136,1

posposição pes qui sa re cen te

PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1

FØ/Hz 135,5 163,2 160,7 137,9 137,2 135,7

anteposição re cen te pes qui sa

Tabela 5a HOMENS

PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1

FØ/Hz 225,3 240,7 233,1 226,1 217,1 220,9

posposição pes qui sa re cen te

PRE1 TON POS1 PRE1 TON POS1

FØ/Hz 212,6 251,5 254,4 219,6 214,1 218

anteposição re cen te pes qui sa

Tabela 6a MULHERES

Serra, C. R.

104

Ao observarmos os valores das tônicas do primeiro elemento do SN, no eixo

paradigmático, notamos que há um aumento da FØ quando essa posição é ocupada por

um adjetivo; nos homens a tônica do adjetivo tem uma freqüência fundamental 12,1Hz

maior que a do substantivo na mesma posição. Entre as mulheres essa diferença é de

10,8Hz.

A diferença entre adjetivos e substantivos fica ainda mais nítida quando

comparamos o aumento de freqüência da tônica com relação à pretônica em cada caso.

Em anteposição, a tônica do adjetivo tem uma freqüência 27,5Hz maior que a pretônica,

quando é o substantivo que está em primeira posição essa diferença é de 12,6Hz. Nas

mulheres, a diferença de aumento de FØ das tônicas de adjetivos e substantivos com

relação às pretônicas é mais marcada, 39Hz quando o adjetivo está anteposto e apenas

15,4Hz quando é o substantivo o 1º elemento do SN. A postônica do adjetivo anteposto,

na fala feminina, acompanha o aumento de freqüência da tônica e atinge em média

254,4Hz, seguida da queda bastante marcada para a pretônica do segundo elemento

(219,6Hz). A diferença se reflete, em termos visuais (cf. Figuras 5 e 6), num

“achatamento” da curva quando o primeiro elemento é um substantivo, tanto nos

homens quanto nas mulheres. Na anteposição, há uma “saliência” da curva na tônica e

na postônica.

Além das medições habituais dos valores de freqüência fundamental de cada

sílaba do sintagma, calculamos ainda a taxa de variação da freqüência intrassilábica, que

tomou como base a vogal da sílaba tônica de cada elemento, com o objetivo de observar

se a variação de FØ seria mais alta na sílaba tônica do adjetivo anteposto.

Das Tabelas 7a e 8a constam os valores médios de variação de FØ de cada

locutor, numerados de 5 a 1, de acordo com o sexo -- masculino (H) ou feminino (M) --

e de acordo com o elemento que se encontra na primeira posição no SN (substantivo na

1ª posição e adjetivo anteposto). A partir das médias de cada locutor foi extraída a

média total de variação de cada tônica.

Serra, C. R.

105

Subs. 1a posição Hz/s Subs. 1

a posição Hz/s

Média 5M 19 Média 5H 35

4M -38 4H 108

3M -5 3H -8

2M -19 2H 0,4

1M 89 1H 36

SOMA 46 SOMA 171,4

MÉDIATOTAL 9,2 MÉDIATOTAL 34,3

Tabela 7a: Taxa variação de FØ intrassilábica (tônica) dos

substantivos em 1ª posição, fala masculina(H) e fala feminina(M)

Adj. anteposto Hz/s Adj. anteposto Hz/s

Média 5M 159 Média 5H 129

4M 123 4H 320

3M 96 3H 76

2M 243 2H 49

1M 184 1H 156

SOMA 805 SOMA 730

MÉDIATOTAL 161 MÉDIATOTAL 146

Tabela 8a: Taxa variação de FØ intrassilábica (tônica) dos adjetivos

em 1ª posição, fala masculina (H) e fala feminina (M)

Com os cálculos da sílaba tônica do substantivo, em alguns casos chega a haver

uma queda de FØ do início para o fim da vogal tônica, como se observa nas médias

negativas dos locutores 2M, 3M e 4M e de 3H (Tabela 7a), embora as médias variem

bastante de locutor para locutor.

O valor da média total não chega a ser negativo para a variação intrassilábica da

tônica do substantivo em 1ª posição, mas se reflete por um aumento de apenas 9,2Hz/s

nas mulheres e 34,3Hz/s nos homens do ponto final com relação ao ponto inicial da

vogal. Nos casos particulares de queda da freqüência dentro da própria tônica a curva é

descendente e já prepara a diminuição da FØ na sílaba seguinte, a postônica.

Quando é o adjetivo que ocupa a primeira posição no SN, a taxa média de

variação de FØ é bastante mais alta, 161Hz/s na fala feminina e 146Hz/s na fala

Serra, C. R.

106

masculina. Essa ascensão da tônica fica evidente nos gráficos de anteposição das

Figuras 5 e 6, principalmente na fala feminina, em que a curva ascendente da tônica se

prolonga até a postônica do adjetivo, como já havíamos mencionado (de 251,5Hz para

254,4Hz).

Um outro resultado a ser comentado é a diferença entre as variações de FØ dos

substantivos e dos adjetivos, nos homens e nas mulheres. As mulheres apresentam taxa

de variação bem mais baixa que a dos homens no que se refere à tônica do substantivo

ao passo que na tônica do adjetivo sua média total é mais alta que a dos homens (cf.

Tabelas 7a e 8a).

Ao que parece, as mulheres marcam mais a diferença entre adjetivos e

substantivos em primeira posição do que os homens, tanto no que se refere ao

alongamento das tônicas com relação às pretônicas, como vimos em 6.1.1, quanto ao

aumento de freqüência. Homens e mulheres poderiam apresentar, portanto, diferentes

atitudes na percepção dos valores associados a cada posição do adjetivo, o que só um

teste estatístico, que pretendemos fazer na próxima etapa deste trabalho, poderá

constatar.

Levando em conta as duas hipóteses formuladas para a FØ, vemos que ambas

estão sendo contempladas na análise da posição do adjetivo. A primeira tônica é a mais

proeminente independente do elemento que está em primeira posição, porém o

comportamento da FØ é diferenciado a depender se o adjetivo está anteposto ou

posposto. A curva melódica se torna mais marcada quando o adjetivo está anteposto ao

substantivo, ou seja, há um reforço do pico de FØ com a presença do adjetivo.

Com relação às hipóteses iniciais desta etapa do trabalho, pudemos concluir que

a Hipótese da prosódia marcada é confirmada pelos três parâmetros analisados acima,

já que o padrão prosódico não se mantém completamente ao invertermos a ordem

canônica substantivo/adjetivo.

A estrutura prosódica é, portanto, sensível às organizações sintáticas internas do

SN, já que os adjetivos têm marcas prosódicas próprias, que “carregam” consigo ao

mudar de posição, diferenciando prosodicamente o SN que tem um adjetivo anteposto

do que tem um adjetivo posposto.

A Hipótese da prosódia neutra não deixa, contudo, de ser contemplada, pois, no

que se refere aos parâmetros duração e intensidade, pudemos comprovar que a segunda

Serra, C. R.

107

posição é “forte”, já que sobre ela recaem maior alongamento e maior intensidade,

embora passível de alteração a depender do elemento que ali se encontra, e, no que se

refere ao padrão de FØ, é a primeira posição que vai apresentar os maiores valores de

freqüência na curva melódica, o que também não se mantém indiferente ao elemento

que pode ocupar essa posição.

Na seção a seguir, apresentamos, sinteticamente, as conclusões das análises

realizadas em 6.1 e 6.2.

7. Conclusões

Retomando os objetivos principais das análises empreendidas neste trabalho,

pudemos concluir que:

- a possibilidade de anteposição se reduz no decorrer dos séculos e, conseqüentemente,

a posposição se fixa como ordem não marcada;

- são os adjetivos descritivos -- aqueles que determinam a possibilidade de colocação

nas línguas -- que se fixam, cada vez mais, em posposição;

- a possibilidade de anteposição se mantém, principalmente com adjetivos avaliativos,

embora em menor escala, no decorrer dos séculos;

- levando em conta todos os corpora, do século XVII ao XX, a anteposição esteve

sempre relacionada (1) aos adjetivos avaliativos, quer quando o núcleo é imaterial quer

quando é material, (2) aos adjetivos de menor peso fônico com relação ao substantivo e

(3) aos adjetivos de base nominal;

- levando em conta apenas os corpora dos séculos XIX e XX do português brasileiro e

do português europeu, há pequenas diferenças entre as duas variedades da língua

portuguesa, explicitadas anteriormente;

- as diferenças entre PB e PE não são tão significativas a ponto de indicar, no cômputo

geral, tendências diferentes entre as variedades, no que se refere à ordem dos adjetivos

no SN;

- a distribuição diferenciada de anteposição e posposição em cada tipo de texto, em cada

época, representa um campo fértil para a análise das (não)mudanças de anúncios e

editoriais em cada variedade do português;

Serra, C. R.

108

- a análise prosódica confirma a Hipótese da prosódia marcada, segundo a qual os

adjetivos possuem “marcas” prosódicas próprias -- de duração, intensidade e freqüência

fundamental -- capazes de alterar a estrutura prosódica subjacente.

Serra, C. R.

109

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Serra, C. R.

113

FONTES:

Os corpora utilizados nesta Dissertação foram disponibilizados pelos projetos

PARA A HISTORIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO (PHPB) e ANÁLISE

CONTRASTIVA DE VARIEDADES DO PORTUGUÊS (VARPORT), de cooperação

entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Centro de Lingüística da

Universidade de Lisboa (CLUL-UL), e podem ser encontrados nas páginas on-line

www.letras.ufrj.br/phpb-rj e www.letras.ufrj.br/varport.

A coleta e a edição dos corpora do PB foram feitas por: FRANCO, A. L.,

AVELAR, J. O., PORTELA, K. L., SERRA, C. R., RUMEU, M. B., REIS, T., ALONSO,

K. S. B., LIMA, C. e MARTINS, L. P.

A coleta e a edição dos corpora do PE foram feitas pela equipe de pesquisa do

Centro de Lingüística da Universidade de Lisboa (CLUL-UL), coordenada pela

Professora Doutora Maria Fernanda Bacelar do Nascimento.

Serra, C. R

ANEXOS

Serra, C. R

115

Homens FID – 1H

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,150 0,247 0,192 chefes 0,342 0,302

modernos 0,188 0,255 0,075 aviões 0,103 0,212

recente 0,130 0,294 0,130 pesquisa 0,305 0,251 0,243

inevitáveis 0,096 0,180 0,139 conseqüências 0,191 0,207 0,159

perigosos 0,136 0,207 0,136 caminhos 0,107 0,152 0,087

profunda 0,135 0,290 0,134 crise 0,307 0,141

terrível 0,137 0,182 0,194 crise 0,288 0,109

notável 0,143 0,289 0,133 capacidade 0,165 0,215 0,056

importantes 0,205 0,195 0,116 DURAÇÃO funções 0,138 0,289

esperados 0,156 0,164 0,081 resultados 0,159 0,202 0,069

SOMA 1,476 2,303 1,330 SOMA 1,168 2,465 1,166

MÉDIA 0,148 0,230 0,133 MÉDIA 0,167 0,247 0,146

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,240 0,132 inigualáveis 0,151 0,292 0,235

aviões 0,119 0,180 modernos 0,159 0,300 0,153

pesquisa 0,250 0,136 0,116 recente 0,143 0,401 0,207

conseqüências 0,183 0,210 0,150 inevitáveis 0,104 0,303 0,098

caminhos 0,112 0,147 0,083 perigosos 0,110 0,243 0,083

crise 0,147 0,129 profunda 0,172 0,340 0,096

crise 0,183 0,166 terrível 0,161 0,228 0,148

capacidade 0,100 0,182 0,070 notável 0,204 0,281 0,125

funções 0,153 0,262 importantes 0,220 0,232 0,108

resultados 0,155 0,165 0,115 esperados 0,154 0,169 0,078

SOMA 1,072 1,852 0,961 SOMA 1,578 2,789 1,331

MÉDIA 0,153 0,185 0,120 MÉDIA 0,158 0,279 0,133

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

116

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 159,8 167,8 139,2 chefes 149,8 168,4

modernos 138,4 187,7 166,7 aviões 149,1 139,6

recente 140,6 202,1 pesquisa 145,2 160,3 177,0

inevitáveis 105,8 129,0 131,6 conseqüências 114,9 111,0

perigosos 108,5 145,2 caminhos 115,4 107,0 101,6

profunda 178,2 140,8 crise 142,2 133,9

terrível 124,4 196,9 134,2 crise 132,3 143,9

notável 114,7 151,9 144,1 capacidade 105,7 106,8

importantes 118,9 138,2 FREQÜÊNCIA funções 117,7 116,4

esperados 103,5 112,0 125,2 resultados 98,2 103,4 101,4

SOMA 1114,6 1609,0 981,8 SOMA 625,6 1271,6 1044,0

MÉDIA 123,8 160,9 140,3 MÉDIA 125,1 127,2 130,5

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 134,2 113,5 inigualáveis 113,7 130,1 152,6

aviões 155,4 189,9 modernos 171,5 145,8 102,9

pesquisa 164,4 152,8 recente 114,8 144,5 172,6

conseqüências 102,3 139,1 134,4 inevitáveis 98,8 117,6 120,4

caminhos 117,2 120,8 perigosos 108,3 98,7 81,2

crise 136,2 114,8 profunda 115,6 129,9 144,0

crise 160,1 137,9 terrível 121,5 131,0 149,8

capacidade 118,8 113,2 notável 120,1 105,1 126,0

funções 106,5 107,7 importantes 105,7 116,4

resultados 98,6 99,4 108,8 esperados 108,1 98,0 96,7

SOMA 580,0 1370,6 875,4 SOMA 1178,1 1217,1 1146,2

MÉDIA 116,0 137,1 125,1 MÉDIA 117,8 121,7 127,4

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

117

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 7,0 6,2 1,0 chefes 10,4 0

modernos 2,0 3,0 0 aviões 0 2,5

recente 5,3 5,5 0 pesquisa 0 5,0 1,1

inevitáveis 0 11,9 5,4 conseqüências 2,8 7,3 0

perigosos 8,9 16,2 0 caminhos 2,2 2,4 0

profunda 4,2 0 1,6 crise 6,8 0

terrível 2,4 0 1,6 crise 6,6 0

notável 0 3,5 0,5 capacidade 5,2 13,1 0

importantes 8,2 7,9 0 INTENSIDADE funções 0 1,3

esperados 10,1 12,8 0 resultados 4,4 11,2 0

SOMA 48,1 67,0 10,1 SOMA 14,6 66,6 1,1

MÉDIA 6,0 8,4 2,0 MÉDIA 3,7 6,7 1,1

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 10,7 0 inigualáveis 9,2 8,4 5,0

aviões 0 5,0 modernos 10,4 11,9 0

pesquisa 3,0 2,3 0 recente 2,2 6,8 0

conseqüências 1,9 4,6 0 inevitáveis 0 7,0 0,3

caminhos 10,2 7,7 0 perigosos 11,7 16,3 0

crise 8,2 0 profunda 0,1 0 1,3

crise 9,9 0 terrível 3,8 2,8 0

capacidade 1,0 13,9 0 notável 2,7 6,5 0

funções 0 0,5 importantes 9,2 8,9 0

resultados 5,0 13,3 0 esperados 8,9 11,2 0

SOMA 21,1 76,1 0 SOMA 58,2 79,8 6,6

MÉDIA 4,2 7,6 0 MÉDIA 6,5 8,9 2,2

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

118

FID – 2H

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,154 0,172 0,145 chefes 0,298 0,266

modernos 0,190 0,207 0,125 aviões 0,123 0,232

recente 0,135 0,245 0,093 pesquisa 0,249 0,198 0,152

inevitáveis 0,103 0,259 0,144 conseqüências 0,140 0,250 0,165

perigosos 0,123 0,180 0,131 caminhos 0,103 0,185 0,064

profunda 0,149 0,246 0,134 crise 0,257 0,128

terrível 0,148 0,239 0,167 crise 0,288 0,130

notável 0,201 0,241 0,114 capacidade 0,133 0,206 0,152

importantes 0,196 0,215 0,120 DURAÇÃO funções 0,173 0,284

esperados 0,149 0,169 0,156 resultados 0,179 0,229 0,112

SOMA 1,548 2,173 1,329 SOMA 1,100 2,427 1,169

MÉDIA 0,155 0,217 0,133 MÉDIA 0,157 0,243 0,146

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,236 0,125 inigualáveis 0,141 0,261 0,324

aviões 0,079 0,160 modernos 0,194 0,258 0,172

pesquisa 0,202 0,157 0,104 recente 0,138 0,301 0,112

conseqüências 0,141 0,239 0,180 inevitáveis 0,150 0,288 0,196

caminhos 0,107 0,170 0,080 perigosos 0,110 0,173 0,082

crise 0,217 0,143 profunda 0,199 0,273 0,096

crise 0,216 0,164 terrível 0,167 0,253 0,223

capacidade 0,133 0,183 0,075 notável 0,199 0,300 0,151

funções 0,156 0,317 importantes 0,214 0,252 0,092

resultados 0,175 0,163 0,113 esperados 0,143 0,168 0,111

SOMA 0,993 2,058 0,984 SOMA 1,655 2,527 1,559

MÉDIA 0,142 0,206 0,123 MÉDIA 0,166 0,253 0,156

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

119

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 88,5 85,6 77,1 chefes 102,9

modernos 119,1 152,3 124,8 aviões 95,1 96,3

recente 133,2 172,8 pesquisa 127,8 84,9

inevitáveis 111,4 127,8 119,8 conseqüências 98,0 124,7 98,5

perigosos 93,7 121,3 99,5 caminhos 110,2 91,8 78,3

profunda 95,4 142,5 135,3 crise 125,2 109,3

terrível 117,0 180,1 126,5 crise 139,3 79,8

notável 88,4 117,4 121,5 capacidade 97,9 99,1

importantes 114,7 151,8 FREQÜÊNCIA funções 108,1 115,0

esperados 105,4 125,6 120,7 resultados 99,3 98,7 98,1

SOMA 1066,8 1377,2 925,2 SOMA 510,7 1119,6 648,0

MÉDIA 106,7 137,7 115,7 MÉDIA 102,1 112,0 92,6

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 97,2 79,7 inigualáveis 83,1 96,2 74,9

aviões 163,3 174,7 modernos 137,3 101,2 83,1

pesquisa 158,8 152,7 recente 109,9 110,8 85,0

conseqüências 102,5 142,9 128,0 inevitáveis 114,3 126,3 87,5

caminhos 108,9 98,7 perigosos 89,6 93,9

crise 122,4 109,0 profunda 157,9 134,7 126,8

crise 145,3 108,2 terrível 157,6 147,2 94,8

capacidade 104,0 101,2 notável 149,3 131,9 98,9

funções 96,0 118,0 importantes 112,6 118,8

resultados 99,7 105,2 esperados 112,2 97,2

SOMA 674,4 1264,4 577,6 SOMA 1223,8 1158,2 651,0

MÉDIA 112,4 126,4 115,5 MÉDIA 122,4 115,8 93,0

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

120

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 7,9 7,6 0 chefes 17,7 0

modernos 1,8 7,4 0 aviões 0 0

recente 7,5 7,4 0 pesquisa 4,2 3,8 0

inevitáveis 0 9,5 2,0 conseqüências 2,6 7,2 0

perigosos 6,2 12,2 0 caminhos 8,6 6,1 0

profunda 0 3,0 6,0 crise 4,4 0

terrível 0 1,2 1,8 crise 16,2 0

notável 0 4,6 1,4 capacidade 0,1 10,9 0

importantes 14,3 15,2 0 INTENSIDADE funções 0 3,0

esperados 11,7 14,5 6,2 resultados 6,0 13,7 0

SOMA 49,4 82,6 17,4 SOMA 21,5 83,0 0

MÉDIA 8,2 8,3 3,5 MÉDIA 4,3 9,2 0

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 14,4 0 inigualáveis 9,7 12,8 0

aviões 0 2,3 modernos 12,0 13,0 0

pesquisa 0 2,2 0,2 recente 12,1 14,3 0

conseqüências 0 3,9 1,5 inevitáveis 1,7 10,8 0

caminhos 14,0 11,8 0 perigosos 13,4 16,5 0

crise 2,9 0 profunda 3,8 3,2 0

crise 5,6 0 terrível 5,4 5,9 0

capacidade 7,6 16,8 0 notável 4,5 6,1 0

funções 0 3,0 importantes 19,7 18,2 0

resultados 7,3 14,0 0 esperados 15,2 16,4 0

SOMA 28,9 76,9 1,7 SOMA 97,5 117,2 0

MÉDIA 9,6 7,7 0,9 MÉDIA 9,8 11,7 0

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

121

FID – 3H

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,152 0,212 0,129 chefes 0,251 0,203

modernos 0,246 0,275 0,147 aviões 0,117 0,245

recente 0,157 0,238 0,100 pesquisa 0,248 0,156 0,125

inevitáveis 0,127 0,168 0,157 conseqüências 0,202 0,212 0,141

perigosos 0,105 0,218 0,119 caminhos 0,145 0,202 0,110

profunda 0,157 0,226 0,138 crise 0,207 0,072

terrível 0,134 0,200 0,177 crise 0,213 0,091

notável 0,224 0,180 0,123 capacidade 0,127 0,197 0,144

importantes 0,184 0,200 0,118 DURAÇÃO funções 0,172 0,295

esperados 0,166 0,136 0,096 resultados 0,187 0,223 0,093

SOMA 1,652 2,053 1,304 SOMA 1,198 2,201 0,979

MÉDIA 0,165 0,205 0,130 MÉDIA 0,171 0,220 0,122

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,234 0,132 inigualáveis 0,159 0,226 0,199

aviões 0,115 0,190 modernos 0,192 0,238 0,177

pesquisa 0,226 0,170 0,107 recente 0,142 0,315 0,116

conseqüências 0,192 0,191 0,198 inevitáveis 0,143 0,195 0,110

caminhos 0,134 0,194 0,107 perigosos 0,112 0,238 0,143

crise 0,189 0,132 profunda 0,169 0,287 0,111

crise 0,214 0,164 terrível 0,165 0,175 0,094

capacidade 0,139 0,189 0,050 notável 0,232 0,232 0,126

funções 0,176 0,226 importantes 0,250 0,232 0,092

resultados 0,168 0,163 0,090 esperados 0,181 0,158 0,132

SOMA 1,150 1,960 0,980 SOMA 1,745 2,296 1,300

MÉDIA 0,164 0,196 0,123 MÉDIA 0,175 0,230 0,130

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

122

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 132,0 143,0 159,5 chefes 134,1

modernos 144,4 175,6 186,3 aviões 134,9 156,4

recente 157,2 170,5 pesquisa 166,0 164,0 168,6

inevitáveis 152,1 174,0 181,4 conseqüências 167,8 156,0 150,7

perigosos 139,1 151,1 caminhos 137,5 133,0 130,5

profunda 138,3 161,1 173,4 crise 161,5 149,2

terrível 155,5 167,5 183,4 crise 172,9 170,7

notável 149,2 170,5 178,8 capacidade 151,6 147,9 144,9

importantes 149,9 160,0 FREQÜÊNCIA funções 156,5 151,7

esperados 146,2 137,5 128,9 resultados 130,9 127,2 123,9

SOMA 1463,9 1610,8 1191,7 SOMA 1045,2 1504,7 1038,5

MÉDIA 146,4 161,1 170,2 MÉDIA 149,3 150,5 148,4

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 138,3 132,2 inigualáveis 127,4 117,2

aviões 151,8 171,8 modernos 153,2 156,1 158,7

pesquisa 163,6 174,6 168,3 recente 163,2 157,2 159,2

conseqüências 164,7 170,6 inevitáveis 153,1 150,1 154,5

caminhos 145,0 135,8 129,9 perigosos 128,4 131,1 124,4

crise 137,6 129,8 profunda 130,9 155,2 153,2

crise 162,4 195,0 terrível 172,0 159,2 174,3

capacidade 140,4 141,7 133,7 notável 156,6 151,1 144,0

funções 147,0 148,4 importantes 163,6 157,4

resultados 143,7 142,9 144,4 esperados 149,9 138,3 133,3

SOMA 1056,2 1524,1 1033,3 SOMA 1498,3 1472,9 1201,6

MÉDIA 150,9 152,4 147,6 MÉDIA 149,8 147,3 150,2

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

123

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 4,8 3,8 0 chefes 15,7 0

modernos 2,2 2,9 0 aviões 0 3,4

recente 9,8 12,1 0 pesquisa 5,1 2,7 0

inevitáveis 3,0 9,3 0 conseqüências 3,5 3,6 0

perigosos 8,5 11,8 0 caminhos 2,9 0,1 0

profunda 0 1,0 2,6 crise 11,5 0

terrível 0,6 0 0,9 crise 6,0 0

notável 0,3 3,5 0 capacidade 1,0 8,8 0

importantes 7,0 8,2 0 INTENSIDADE funções 0 0,9

esperados 9,5 9,8 0 resultados 5,3 7,1 0

SOMA 45,7 62,4 3,5 SOMA 17,8 59,8 0

MÉDIA 5,1 6,9 1,8 MÉDIA 3,6 6,0 0

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 5,3 0 inigualáveis 17,1 13,3 0

aviões 0 1,1 modernos 2,3 0,7 0

pesquisa 2,8 0,6 0 recente 10,3 7,7 0

conseqüências 8,5 9,0 0 inevitáveis 1,1 7,6 0

caminhos 5,0 1,8 0 perigosos 7,0 9,2 0

crise 5,5 0 profunda 0 2,3 3,9

crise 3,0 0 terrível 5,7 6,2 0

capacidade 0 10,2 0,1 notável 3,4 8,6 0

funções 0 0,8 importantes 10,8 11,1 0

resultados 5,7 9,6 0 esperados 10,5 12,5 0

SOMA 22,0 46,9 0,1 SOMA 68,2 79,2 3,9

MÉDIA 5,5 4,7 0,1 MÉDIA 7,6 7,9 3,9

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

124

FID – 4H

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,150 0,214 0,159 chefes 0,271 0,356

modernos 0,242 0,149 0,130 aviões 0,118 0,205

recente 0,149 0,235 0,093 pesquisa 0,283 0,183 0,117

inevitáveis 0,156 0,232 0,190 conseqüências 0,229 0,279 0,334

perigosos 0,109 0,182 0,100 caminhos 0,148 0,144 0,047

profunda 0,150 0,256 0,149 crise 0,247 0,109

terrível 0,157 0,190 0,191 crise 0,234 0,181

notável 0,232 0,212 0,109 capacidade 0,189 0,218 0,135

importantes 0,214 0,235 0,170 DURAÇÃO funções 0,135 0,421

esperados 0,137 0,160 0,086 resultados 0,146 0,156 0,074

SOMA 1,696 2,065 1,377 SOMA 1,248 2,358 1,353

MÉDIA 0,170 0,207 0,138 MÉDIA 0,178 0,236 0,169

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,269 0,122 inigualáveis 0,158 0,262 0,288

aviões 0,103 0,201 modernos 0,201 0,319 0,233

pesquisa 0,205 0,144 0,102 recente 0,138 0,331 0,067

conseqüências 0,185 0,245 0,134 inevitáveis 0,140 0,303 0,216

caminhos 0,169 0,222 0,119 perigosos 0,145 0,194 0,073

crise 0,176 0,120 profunda 0,194 0,404 0,179

crise 0,223 0,131 terrível 0,206 0,244 0,164

capacidade 0,111 0,177 0,078 notável 0,211 0,246 0,103

funções 0,143 0,341 importantes 0,215 0,327 0,147

resultados 0,163 0,209 0,123 esperados 0,164 0,249 0,092

SOMA 1,079 2,207 0,929 SOMA 1,772 2,879 1,562

MÉDIA 0,154 0,221 0,116 MÉDIA 0,177 0,288 0,156

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

125

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 170,1 200,1 214,2 chefes 142,5

modernos 220,4 210,7 257,9 aviões 165,4 171,1

recente 180,2 225,0 pesquisa 207,4 216,5 222,0

inevitáveis 182,9 213,6 222,1 conseqüências 185,6 160,6 185,7

perigosos 160,4 197,1 caminhos 166,1 176,6 168,4

profunda 158,0 243,4 247,7 crise 175,5

terrível 185,6 248,9 224,6 crise 176,2

notável 158,3 188,0 209,6 capacidade 156,9 161,1 165,3

importantes 162,2 220,0 FREQÜÊNCIA funções 181,3 161,4

esperados 166,3 158,2 170,6 resultados 159,4 151,3 162,1

SOMA 1744,4 2105,0 1546,7 SOMA 1222,1 1692,8 903,5

MÉDIA 174,4 210,5 221,0 MÉDIA 174,6 169,3 180,7

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 157,4 inigualáveis 170,5 128,4

aviões 173,0 236,0 modernos 164,9 180,9

pesquisa 184,5 215,1 231,2 recente 182,2

conseqüências 171,7 208,1 220,3 inevitáveis 164,8 164,9 178,3

caminhos 185,1 177,2 perigosos 214,6 180,5 174,9

crise 195,8 186,0 profunda 239,2 203,5 220,1

crise 208,2 216,7 terrível 195,6 168,8 188,9

capacidade 163,7 157,4 notável 198,5 151,1 177,3

funções 169,4 160,3 importantes 227,5 144,7

resultados 177,2 184,7 170,4 esperados 215,0 150,4 177,1

SOMA 1060,9 1906,5 1182,0 SOMA 1972,8 1473,2 1116,6

MÉDIA 176,8 190,7 197,0 MÉDIA 197,3 163,7 186,1

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

126

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 9,4 8,7 0 chefes 12,5 0

modernos 3,7 5,7 0 aviões 0 0,1

recente 3,4 4,9 0 pesquisa 3,7 0 1,9

inevitáveis 2,1 2,8 0 conseqüências 3,5 2,4 4,0

perigosos 7,7 12,1 0 caminhos 7,9 7,5 0

profunda 0,7 0 5,0 crise 0,3 0

terrível 3,5 0 3,8 crise 0 0,2

notável 0,4 4,7 0 capacidade 3,7 6,8 0

importantes 2,2 5,1 0 INTENSIDADE funções 1,2 0

esperados 10,5 8,4 0 resultados 8,6 12,8 0

SOMA 43,6 52,4 8,8 SOMA 28,6 42,4 6,1

MÉDIA 4,4 6,6 4,4 MÉDIA 4,8 6,1 2,0

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 3,8 0 inigualáveis 17,7 10,7 0

aviões 0 2,3 modernos 11,4 15,0 0

pesquisa 5,8 0 3,1 recente 7,5 8,0 0

conseqüências 9,0 7,9 0 inevitáveis 0 1,0 1,7

caminhos 7,8 4,3 0 perigosos 5,1 15,9 0

crise 2,5 0 profunda 3,6 0 3,9

crise 9,6 0 terrível 9,9 0 3,4

capacidade 1,6 6,3 0 notável 3,8 5,1 0

funções 0 1,5 importantes 11,4 4,0 0

resultados 5,0 6,9 0 esperados 11,2 6,4 0

SOMA 29,2 45,1 3,1 SOMA 81,6 66,1 9,0

MÉDIA 5,8 5,0 3,1 MÉDIA 9,1 8,3 3,0

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

127

FID – 5H

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,149 0,229 0,212 chefes 0,273 0,275

modernos 0,216 0,220 0,131 aviões 0,151 0,418

recente 0,115 0,285 0,112 pesquisa 0,248 0,159 0,127

inevitáveis 0,152 0,199 0,163 conseqüências 0,229 0,302 0,231

perigosos 0,122 0,194 0,184 caminhos 0,099 0,269 0,077

profunda 0,165 0,229 0,159 crise 0,255 0,147

terrível 0,099 0,189 0,184 crise 0,275 0,144

notável 0,192 0,223 0,093 capacidade 0,154 0,251 0,062

importantes 0,251 0,214 0,138 DURAÇÃO funções 0,177 0,462

esperados 0,153 0,192 0,140 resultados 0,186 0,217 0,117

SOMA 1,614 2,174 1,516 SOMA 1,244 2,881 1,180

MÉDIA 0,161 0,217 0,152 MÉDIA 0,178 0,288 0,148

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,151 0,190 inigualáveis 0,144 0,263 0,269

aviões 0,137 0,202 modernos 0,191 0,304 0,215

pesquisa 0,196 0,094 0,126 recente 0,126 0,333 0,097

conseqüências 0,193 0,166 0,188 inevitáveis 0,146 0,299 0,168

caminhos 0,132 0,196 0,122 perigosos 0,153 0,242 0,139

crise 0,182 0,152 profunda 0,189 0,374 0,089

crise 0,165 0,143 terrível 0,176 0,251 0,162

capacidade 0,140 0,169 0,084 notável 0,230 0,266 0,186

funções 0,173 0,348 importantes 0,227 0,311 0,158

resultados 0,204 0,161 0,103 esperados 0,146 0,190 0,105

SOMA 1,175 1,834 1,108 SOMA 1,728 2,833 1,588

MÉDIA 0,168 0,183 0,139 MÉDIA 0,173 0,283 0,159

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

128

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 113,5 138,1 chefes

modernos 134,1 160,9 aviões 124,8 121,1

recente 134,6 109,7 pesquisa 144,0 140,1

inevitáveis 130,1 147,2 conseqüências 130,8

perigosos 135,7 142,7 caminhos 151,0 126,4

profunda 113,1 149,6 156,5 crise 127,6 124,5

terrível 129,3 152,9 173,5 crise 129,7

notável 117,4 146,7 153,8 capacidade 120,0 118,5

importantes 132,6 171,0 FREQÜÊNCIA funções 152,7

esperados 121,9 137,8 142,0 resultados 124,2 117,5 121,1

SOMA 1262,3 1456,6 625,8 SOMA 552,7 1017,1 504,2

MÉDIA 126,2 145,7 156,5 MÉDIA 138,2 127,1 126,1

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 118,4 122,4 inigualáveis 115,5 119,8

aviões 149,1 180,9 modernos 157,6 130,8 108,4

pesquisa 145,4 137,1 recente 125,0

conseqüências 171,0 inevitáveis 149,7 131,7 117,4

caminhos 173,3 142,2 perigosos 137,6 128,5 108,2

crise 133,9 123,5 profunda 124,1 180,6 172,2

crise 198,0 195,9 terrível 155,2 129,3 107,6

capacidade 123,7 125,0 notável 159,9 129,3 136,1

funções 114,6 importantes 147,5 131,5

resultados 108,8 128,7 135,7 esperados 132,0 113,8 117,8

SOMA 545,8 1342,2 839,6 SOMA 1404,1 1195,3 867,7

MÉDIA 136,5 149,1 139,9 MÉDIA 140,4 132,8 124,0

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

129

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,7 3,3 5,3 chefes 6,7 0

modernos 0 3,0 2,2 aviões 0 4,6

recente 1,9 7,6 0 pesquisa 1,1 1,7 0

inevitáveis 0 2,9 2,9 conseqüências 8,8 0 7,2

perigosos 0 2,1 2,3 caminhos 6,7 7,9 0

profunda 0 5,0 4,5 crise 0 1,5

terrível 0 3,5 3,9 crise 0 5,1

notável 3,1 6,9 0 capacidade 10,6 5,3 0

importantes 0 3,0 5,0 INTENSIDADE funções 0 5,2

esperados 1,1 1,7 0 resultados 1,0 4,1 0

SOMA 6,8 39,0 26,1 SOMA 28,2 35,5 13,8

MÉDIA 1,7 3,9 3,7 MÉDIA 5,6 5,1 4,6

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0 3,0 inigualáveis 3,4 2,6 0,1

aviões 0,8 0 modernos 3,1 3,5 0

pesquisa 3,0 0 1,6 recente 0 7,9 0

conseqüências 4,4 0,6 2,3 inevitáveis 4,0 5,2 0

caminhos 0,2 0 0,3 perigosos 9,2 11,2 0

crise 0 1,1 profunda 0,8 4,2 0

crise 0 0,1 terrível 4,4 6,6 0

capacidade 9,0 3,9 0 notável 3,2 3,3 0

funções 0 6,8 importantes 0 1,1 1,5

resultados 5,0 6,4 0 esperados 5,1 4,5 0

SOMA 22,4 17,7 8,4 SOMA 33,2 50,1 1,6

MÉDIA 3,7 4,4 1,4 MÉDIA 4,2 5,0 0,8

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

130

Mulheres FID – 1M

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,130 0,199 0,120 chefes 0,261 0,156

modernos 0,181 0,183 0,133 aviões 0,124 0,247

recente 0,162 0,218 0,104 pesquisa 0,233 0,194 0,121

inevitáveis 0,108 0,242 0,180 conseqüências 0,190 0,246 0,171

perigosos 0,096 0,213 0,138 caminhos 0,123 0,223 0,124

profunda 0,137 0,263 0,129 crise 0,240 0,134

terrível 0,144 0,161 0,199 crise 0,219 0,120

notável 0,179 0,194 0,120 capacidade 0,177 0,187 0,096

importantes 0,178 0,216 0,147 DURAÇÃO funções 0,162 0,317

esperados 0,160 0,183 0,116 resultados 0,162 0,205 0,128

SOMA 1,475 2,072 1,386 SOMA 1,171 2,339 1,050

MÉDIA 0,148 0,207 0,139 MÉDIA 0,167 0,234 0,131

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,220 0,159 inigualáveis 0,146 0,255 0,227

aviões 0,103 0,197 modernos 0,145 0,208 0,146

pesquisa 0,218 0,151 0,123 recente 0,136 0,320 0,087

conseqüências 0,181 0,229 0,208 inevitáveis 0,119 0,270 0,156

caminhos 0,134 0,176 0,136 perigosos 0,096 0,246 0,133

crise 0,207 0,137 profunda 0,141 0,301 0,104

crise 0,243 0,140 terrível 0,202 0,202 0,144

capacidade 0,186 0,217 0,048 notável 0,228 0,257 0,121

funções 0,173 0,329 importantes 0,180 0,229 0,186

resultados 0,142 0,212 0,125 esperados 0,144 0,207 0,129

SOMA 1,137 2,181 1,076 SOMA 1,537 2,495 1,433

MÉDIA 0,162 0,218 0,135 MÉDIA 0,154 0,250 0,143

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

131

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 213,5 241,3 258,9 chefes 222,2 195,3

modernos 231,1 316,9 308,8 aviões 249,6 239,7

recente 272,8 340,2 pesquisa 269,2

inevitáveis 254,1 287,3 297,3 conseqüências 253,1 229,7 248,4

perigosos 223,2 232,8 caminhos 230,3 210,1 214,6

profunda 239,9 283,3 291,1 crise 239,2 258,9

terrível 241,5 320,7 309,0 crise 272,8 292,7

notável 234,7 242,3 268,1 capacidade 209,7

importantes 237,2 300,3 FREQÜÊNCIA funções 289,3 258,5

esperados 206,6 228,8 207,7 resultados 200,4 199,9

SOMA 2354,6 2793,9 1940,9 SOMA 1222,7 2081,8 1479,1

MÉDIA 235,5 279,4 277,3 MÉDIA 244,5 231,3 246,5

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 214,2 206,5 inigualáveis 208,9 166,9

aviões 263,6 277,4 modernos 270,3 243,2 259,5

pesquisa 322,1 317,1 recente 293,6 276,2

conseqüências 259,8 273,3 277,6 inevitáveis 269,1 238,8 267,0

caminhos 270,4 235,4 248,6 perigosos 228,2 214,3

crise 293,3 300,8 profunda 256,1 258,7 259,2

crise 349,1 355,6 terrível 269,1 263,3 283,5

capacidade 214,0 notável 263,1 221,8 236,7

funções 257,1 224,1 importantes 203,4 210,5

resultados 230,9 238,0 230,7 esperados 236,8 198,5 209,8

SOMA 1281,8 2640,9 1936,9 SOMA 2498,6 2292,2 1515,7

MÉDIA 256,4 264,1 276,7 MÉDIA 249,9 229,2 252,6

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

132

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 1,6 3,3 0,5 chefes 9,6 0

modernos 0 1,6 3,3 aviões 1,0 0

recente 9,2 9,6 0 pesquisa 2,0 0 1,1

inevitáveis 0 7,8 0,1 conseqüências 4,5 4,3 0

perigosos 0,1 6,1 0 caminhos 3,9 3,4 0

profunda 3,8 6,5 0 crise 3,2 0

terrível 2,4 3,1 0 crise 4,2 0

notável 0 5,0 2,0 capacidade 8,1 14,5 0

importantes 1,5 5,4 0 INTENSIDADE funções 3,2 0

esperados 3,9 12,8 0 resultados 1,5 12,3 0

SOMA 22,5 61,2 5,9 SOMA 24,2 51,5 1,1

MÉDIA 3,2 6,1 1,5 MÉDIA 3,5 7,4 1,1

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 4,7 0 inigualáveis 9,6 5,3 1,2

aviões 0 1,3 modernos 0 2,6 3,3

pesquisa 1,0 1,4 0 recente 11,3 9,0 0

conseqüências 1,0 4,2 0 inevitáveis 0 11,4 2,9

caminhos 5,6 3,4 0 perigosos 6,7 11,2 0

crise 2,4 0 profunda 2,2 2,2 0

crise 13,0 0 terrível 5,3 2,5 0

capacidade 8,0 17,9 0 notável 1,6 7,1 0

funções 2,2 0 importantes 2,8 5,0 0

resultados 1,9 12,2 0 esperados 7,2 11,8 0

SOMA 19,7 60,5 0 SOMA 46,7 68,1 7,4

MÉDIA 3,3 6,7 0 MÉDIA 5,8 6,8 2,5

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

133

FID – 2M

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,118 0,207 0,125 chefes 0,314 0,126

modernos 0,190 0,199 0,119 aviões 0,131 0,245

recente 0,112 0,193 0,091 pesquisa 0,202 0,100 0,117

inevitáveis 0,145 0,204 0,176 conseqüências 0,147 0,193 0,118

perigosos 0,061 0,230 0,141 caminhos 0,129 0,139 0,081

profunda 0,150 0,233 0,144 crise 0,285 0,123

terrível 0,130 0,130 0,177 crise 0,241 0,193

notável 0,167 0,228 0,120 capacidade 0,149 0,158 0,060

importantes 0,211 0,164 0,139 DURAÇÃO funções 0,122 0,309

esperados 0,126 0,214 0,130 resultados 0,185 0,211 0,080

SOMA 1,410 2,002 1,362 SOMA 1,065 2,195 0,898

MÉDIA 0,141 0,200 0,136 MÉDIA 0,152 0,220 0,112

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,277 0,105 inigualáveis 0,129 0,232 0,120

aviões 0,118 0,187 modernos 0,239 0,235 0,146

pesquisa 0,190 0,115 0,128 recente 0,125 0,336 0,060

conseqüências 0,190 0,213 0,149 inevitáveis 0,153 0,242 0,128

caminhos 0,129 0,152 0,175 perigosos 0,069 0,241 0,131

crise 0,208 0,105 profunda 0,180 0,345 0,080

crise 0,224 0,111 terrível 0,150 0,271 0,117

capacidade 0,092 0,215 0,072 notável 0,220 0,261 0,149

funções 0,194 0,253 importantes 0,237 0,280 0,135

resultados 0,172 0,161 0,110 esperados 0,144 0,222 0,097

SOMA 1,085 2,005 0,955 SOMA 1,646 2,665 1,163

MÉDIA 0,155 0,201 0,119 MÉDIA 0,165 0,267 0,116

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

134

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 199,3 194,3 196,6 chefes 220,4

modernos 235,2 274,3 297,6 aviões 227,0 215,9

recente 242,9 287,1 pesquisa 262,9 258,8 241,9

inevitáveis 225,9 243,1 284,7 conseqüências 238,5 229,0 228,1

perigosos 217,4 236,1 243,6 caminhos 240,8 219,2 198,0

profunda 216,7 275,8 291,3 crise 258,1 233,6

terrível 254,5 268,9 327,4 crise 268,6 254,7

notável 217,8 275,5 278,6 capacidade 199,4 209,9 201,9

importantes 218,3 278,7 FREQÜÊNCIA funções 262,5 241,5

esperados 212,1 246,5 244,4 resultados 224,1 210,9 199,7

SOMA 2240,1 2580,3 2164,2 SOMA 1655,2 2332,3 1557,9

MÉDIA 224,0 258,0 270,5 MÉDIA 236,5 233,2 222,6

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 228,4 inigualáveis 252,2 189,7

aviões 255,1 271,2 modernos 253,0 236,4 230,9

pesquisa 305,0 276,7 recente 259,8 273,3

conseqüências 245,4 276,4 307,6 inevitáveis 225,7 224,8 262,5

caminhos 241,8 238,3 255,9 perigosos 214,4 235,9 262,4

crise 239,2 221,5 profunda 243,9 257,3 281,1

crise 260,0 234,6 terrível 304,4 267,7 296,4

capacidade 219,1 201,5 notável 227,5 222,9 240,4

funções 212,9 223,9 importantes 260,0 260,6 214,2

resultados 220,5 230,1 218,0 esperados 231,8 218,2

SOMA 1175,7 2491,6 1715,8 SOMA 2472,7 2386,8 1787,9

MÉDIA 235,1 249,2 245,1 MÉDIA 247,3 238,7 255,4

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

135

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 8,3 7,9 0 chefes 5,1 0

modernos 4,2 5,0 0 aviões 2,9 0

recente 5,7 8,4 0 pesquisa 1,0 0 0,3

inevitáveis 0 6,0 1,2 conseqüências 3,3 2,8 0

perigosos 4,8 13,1 0 caminhos 8,2 7,7 0

profunda 2,7 0 3,8 crise 6,6 0

terrível 1,8 0,4 0 crise 6,9 0

notável 2,6 7,0 0 capacidade 0 14,2 5,0

importantes 12,0 14,0 0 INTENSIDADE funções 0 1,3

esperados 8,6 13,0 5,6 resultados 8,1 13,4 0

SOMA 50,7 74,8 10,6 SOMA 23,5 58,0 5,3

MÉDIA 5,6 8,3 3,5 MÉDIA 4,7 7,3 2,7

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 11,7 0 inigualáveis 17,7 11,7 0

aviões 0,5 2,7 modernos 4,1 1,8 0

pesquisa 0 0,6 0 recente 0 0,6 0

conseqüências 0,7 1,4 0 inevitáveis 0 7,7 1,8

caminhos 0 0,8 1,4 perigosos 0 8,2 0,5

crise 5,6 0 profunda 2,9 4,6 0

crise 6,7 0 terrível 2,3 4,9 0

capacidade 0 23,3 11,7 notável 1,4 4,5 0

funções 0 0,5 importantes 5,3 9,0 0

resultados 2,6 6,1 0 esperados 21,2 22,2 0

SOMA 3,8 59,4 13,1 SOMA 54,9 75,2 2,3

MÉDIA 1,3 5,9 6,6 MÉDIA 7,8 7,5 1,2

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

136

FID – 3M

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,164 0,208 0,204 chefes 0,215 0,283

modernos 0,181 0,236 0,143 aviões 0,099 0,239

recente 0,143 0,248 0,108 pesquisa 0,304 0,153 0,125

inevitáveis 0,134 0,241 0,185 conseqüências 0,215 0,237 0,182

perigosos 0,106 0,254 0,176 caminhos 0,133 0,182 0,125

profunda 0,174 0,266 0,143 crise 0,267 0,133

terrível 0,148 0,209 0,196 crise 0,265 0,124

notável 0,206 0,237 0,135 capacidade 0,150 0,280 0,070

importantes 0,261 0,241 0,128 DURAÇÃO funções 0,185 0,348

esperados 0,160 0,202 0,168 resultados 0,209 0,260 0,115

SOMA 1,677 2,342 1,586 SOMA 1,295 2,446 1,157

MÉDIA 0,168 0,234 0,159 MÉDIA 0,185 0,245 0,145

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,267 0,120 inigualáveis 0,151 0,230 0,295

aviões 0,100 0,209 modernos 0,178 0,252 0,133

pesquisa 0,235 0,145 0,135 recente 0,129 0,316 0,101

conseqüências 0,205 0,254 0,221 inevitáveis 0,145 0,312 0,140

caminhos 0,141 0,151 0,155 perigosos 0,094 0,255 0,160

crise 0,225 0,160 profunda 0,209 0,360 0,125

crise 0,266 0,152 terrível 0,186 0,225 0,138

capacidade 0,191 0,207 0,079 notável 0,230 0,365 0,138

funções 0,222 0,314 importantes 0,259 0,243 0,136

resultados 0,200 0,231 0,099 esperados 0,176 0,174 0,117

SOMA 1,294 2,269 1,121 SOMA 1,757 2,732 1,483

MÉDIA 0,185 0,227 0,140 MÉDIA 0,176 0,273 0,148

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

137

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 185,5 193,3 189,7 chefes 169,4

modernos 197,8 261,8 246,6 aviões 214,0 187,8

recente 219,2 283,2 pesquisa 234,8 267,5 246,8

inevitáveis 205,0 263,1 263,0 conseqüências 215,1 202,2

perigosos 210,6 250,4 245,0 caminhos 250,7 198,3 185,2

profunda 201,6 279,1 257,7 crise 256,4 234,8

terrível 226,8 285,1 255,5 crise 268,9 236,2

notável 197,2 250,9 257,8 capacidade 208,5 201,1

importantes 182,5 289,1 FREQÜÊNCIA funções 236,1 214,7

esperados 200,8 172,0 resultados 157,8 166,0 223,0

SOMA 2027,0 2528,0 1715,3 SOMA 1308,5 2139,7 1327,1

MÉDIA 202,7 252,8 245,0 MÉDIA 218,1 214,0 221,2

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 220,3 216,0 inigualáveis 214,8 161,7 139,8

aviões 209,9 281,9 modernos 223,0 196,4 176,0

pesquisa 225,1 199,3 188,3 recente 184,2 244,9 224,2

conseqüências 222,0 278,8 246,7 inevitáveis 184,7 242,3 244,6

caminhos 192,2 193,3 193,1 perigosos 197,7 164,1 158,5

crise 265,6 234,6 profunda 196,3 264,1 171,3

crise 293,7 254,5 terrível 195,5 256,2 250,2

capacidade 169,1 223,8 205,1 notável 223,9 205,7 189,1

funções 196,1 177,2 importantes 164,5 266,8 199,0

resultados 184,9 210,8 194,5 esperados 218,8 189,7 178,7

SOMA 1399,3 2344,7 1732,8 SOMA 2003,4 2191,9 1931,4

MÉDIA 199,9 234,5 216,6 MÉDIA 200,3 219,2 193,1

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

138

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 2,7 0,2 0 chefes 7,5 0

modernos 0 5,5 3,4 aviões 0 0,6

recente 3,4 6,9 0 pesquisa 0,4 0 0,9

inevitáveis 0 7,5 4,2 conseqüências 4,1 3,1 0

perigosos 2,8 9,5 0 caminhos 1,2 0,8 0

profunda 0 7,6 4,9 crise 4,8 0

terrível 0 4,5 2,4 crise 6,6 0

notável 0 4,2 3,1 capacidade 4,9 7,4 0

importantes 1,4 10,6 2,8 INTENSIDADE funções 0,4 0

esperados 6,9 8,9 0 resultados 0,2 6,9 0

SOMA 17,2 65,4 20,8 SOMA 11,2 37,7 0,9

MÉDIA 3,4 6,5 3,5 MÉDIA 1,9 4,7 0,9

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 7,0 0 inigualáveis 10,1 6,0 0

aviões 0 4,5 modernos 3,5 4,1 0

pesquisa 6,3 2,8 0 recente 2,9 7,0 0

conseqüências 1,5 2,3 1,3 inevitáveis 0 3,8 3,2

caminhos 0,1 0 0,3 perigosos 8,2 11,9 0

crise 6,5 0 profunda 1,1 6,7 0

crise 9,3 0 terrível 4,3 5,4 0

capacidade 4,8 7,2 0 notável 4,5 5,5 0

funções 0 1,0 importantes 7,0 13,8 0

resultados 3,4 12,3 0 esperados 12,1 14,1 0

SOMA 16,1 52,9 1,6 SOMA 53,7 78,3 3,2

MÉDIA 3,2 5,9 0,8 MÉDIA 6,0 7,8 3,2

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

139

FID – 4M

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,133 0,219 0,207 chefes 0,254 0,314

modernos 0,198 0,186 0,136 aviões 0,124 0,250

recente 0,140 0,238 0,084 pesquisa 0,281 0,142 0,122

inevitáveis 0,141 0,244 0,215 conseqüências 0,204 0,267 0,221

perigosos 0,138 0,230 0,178 caminhos 0,129 0,203 0,135

profunda 0,165 0,271 0,138 crise 0,265 0,126

terrível 0,128 0,139 0,204 crise 0,267 0,147

notável 0,198 0,235 0,128 capacidade 0,203 0,194 0,156

importantes 0,209 0,209 0,162 DURAÇÃO funções 0,148 0,343

esperados 0,141 0,164 0,158 resultados 0,210 0,239 0,110

SOMA 1,591 2,135 1,610 SOMA 1,299 2,424 1,331

MÉDIA 0,159 0,214 0,161 MÉDIA 0,186 0,242 0,166

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,269 0,199 inigualáveis 0,171 0,245 0,282

aviões 0,113 0,206 modernos 0,173 0,256 0,154

pesquisa 0,223 0,119 0,108 recente 0,158 0,352 0,088

conseqüências 0,167 0,218 0,161 inevitáveis 0,135 0,261 0,180

caminhos 0,121 0,144 0,142 perigosos 0,144 0,215 0,112

crise 0,185 0,126 profunda 0,177 0,350 0,104

crise 0,195 0,168 terrível 0,193 0,220 0,144

capacidade 0,115 0,180 0,108 notável 0,221 0,245 0,114

funções 0,157 0,249 importantes 0,253 0,235 0,132

resultados 0,192 0,207 0,052 esperados 0,175 0,208 0,171

SOMA 1,088 1,972 1,064 SOMA 1,800 2,587 1,481

MÉDIA 0,155 0,197 0,133 MÉDIA 0,180 0,259 0,148

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

140

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 199,0 235,5 246,2 chefes 189,4

modernos 214,5 249,6 265,6 aviões 206,2 210,1

recente 214,8 268,9 pesquisa 225,5 236,6 235,0

inevitáveis 206,5 251,1 269,5 conseqüências 220,3 247,3 232,3

perigosos 192,9 255,3 caminhos 206,0 203,6 207,9

profunda 210,0 281,9 277,1 crise 231,5 230,0

terrível 220,6 250,7 273,0 crise 252,8 240,8

notável 202,9 249,6 254,8 capacidade 214,0 205,6 213,0

importantes 197,2 250,5 FREQÜÊNCIA funções 218,3 212,5

esperados 216,1 230,3 229,7 resultados 219,2 223,0 202,7

SOMA 2074,5 2523,4 1815,9 SOMA 1509,5 2212,4 1561,7

MÉDIA 207,5 252,3 259,4 MÉDIA 215,6 221,2 223,1

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 219,5 181,0 inigualáveis 230,0 177,5

aviões 221,3 245,1 modernos 244,1 212,0 229,2

pesquisa 255,8 257,4 recente 233,4 219,5

conseqüências 241,3 295,3 272,1 inevitáveis 205,9 212,0 239,7

caminhos 215,7 225,3 250,0 perigosos 229,2 201,8 196,2

crise 231,3 223,0 profunda 229,5 257,0 221,8

crise 312,9 287,0 terrível 246,3 262,5 268,8

capacidade 223,3 206,5 notável 230,6 213,6 236,7

funções 221,1 224,4 importantes 209,0 239,2

resultados 210,7 216,3 209,6 esperados 217,3 208,4 217,8

SOMA 1365,9 2450,8 1629,2 SOMA 2275,3 2203,5 1610,2

MÉDIA 227,7 245,1 232,7 MÉDIA 227,5 220,4 230,0

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

141

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 3,9 8,3 0 chefes 6,2 0

modernos 0 3,7 3,8 aviões 0 3,2

recente 2,1 5,9 0 pesquisa 4,8 1,0 0

inevitáveis 0 12,7 5,9 conseqüências 0 4,4 1,1

perigosos 1,7 10,7 0 caminhos 0,5 1,2 0

profunda 0 5,3 1,5 crise 2,2 0

terrível 1,2 1,7 0 crise 5,4 0

notável 1,0 6,9 0 capacidade 0 6,9 1,1

importantes 1,5 5,6 0 INTENSIDADE funções 0,4 0

esperados 3,7 11,3 0 resultados 5,9 12,5 0

SOMA 15,1 72,1 11,2 SOMA 11,6 43,0 2,2

MÉDIA 2,2 7,2 3,7 MÉDIA 2,9 4,8 1,1

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 5,3 0 inigualáveis 11,0 2,7 0

aviões 0,2 4,1 modernos 2,5 3,7 0

pesquisa 0 1,3 2,5 recente 5,4 3,7 0

conseqüências 0 4,6 1,5 inevitáveis 0 11,7 5,7

caminhos 0 3,5 1,8 perigosos 4,2 6,4 0

crise 1,2 0 profunda 1,2 7,0 0

crise 3,5 0 terrível 3,3 2,7 0

capacidade 0 13,0 9,1 notável 5,2 6,1 0

funções 0 0,1 importantes 3,9 8,6 0

resultados 2,3 9,5 0 esperados 4,6 8,1 0

SOMA 2,5 46,1 14,9 SOMA 41,3 60,7 5,7

MÉDIA 1,3 4,6 3,7 MÉDIA 4,6 6,1 5,7

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

142

FID – 5M

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 0,138 0,206 0,185 chefes 0,268 0,347

modernos 0,207 0,209 0,176 aviões 0,167 0,309

recente 0,128 0,274 0,109 pesquisa 0,257 0,145 0,155

inevitáveis 0,130 0,201 0,197 conseqüências 0,217 0,239 0,196

perigosos 0,107 0,180 0,213 caminhos 0,145 0,265 0,077

profunda 0,165 0,346 0,135 crise 0,273 0,167

terrível 0,154 0,189 0,201 crise 0,297 0,215

notável 0,208 0,273 0,130 capacidade 0,182 0,180 0,069

importantes 0,190 0,170 0,198 DURAÇÃO funções 0,166 0,413

esperados 0,142 0,211 0,091 resultados 0,189 0,225 0,082

SOMA 1,569 2,259 1,635 SOMA 1,323 2,614 1,308

MÉDIA 0,157 0,226 0,164 MÉDIA 0,189 0,261 0,164

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 0,272 0,234 inigualáveis 0,150 0,253 0,341

aviões 0,159 0,215 modernos 0,217 0,294 0,243

pesquisa 0,221 0,154 0,172 recente 0,114 0,397 0,207

conseqüências 0,193 0,199 0,241 inevitáveis 0,150 0,229 0,172

caminhos 0,129 0,211 0,112 perigosos 0,116 0,198 0,173

crise 0,201 0,162 profunda 0,163 0,265 0,104

crise 0,243 0,151 terrível 0,176 0,282 0,116

capacidade 0,205 0,187 0,092 notável 0,226 0,301 0,144

funções 0,183 0,313 importantes 0,216 0,316 0,203

resultados 0,188 0,238 0,163 esperados 0,133 0,162 0,086

SOMA 1,278 2,233 1,327 SOMA 1,661 2,697 1,789

MÉDIA 0,183 0,223 0,166 MÉDIA 0,166 0,270 0,179

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

143

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 256,5 188,7 209,5 chefes 151,4

modernos 192,5 213,6 251,8 aviões 161,6 168,2

recente 233,0 267,2 pesquisa 210,6 218,7 211,6

inevitáveis 192,8 206,8 223,5 conseqüências 177,7

perigosos 179,3 196,7 caminhos 169,7 194,6 159,8

profunda 171,9 236,1 224,5 crise 99,7 169,9

terrível 198,9 257,8 261,1 crise 203,0 196,9

notável 171,6 203,0 197,6 capacidade 157,9 161,0

importantes 168,4 202,2 FREQÜÊNCIA funções 185,5

esperados 168,9 179,8 170,2 resultados 188,6 164,4 160,3

SOMA 1933,8 2151,9 1538,2 SOMA 916,0 1535,6 1059,5

MÉDIA 193,4 215,2 219,7 MÉDIA 183,2 170,6 176,6

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 189,9 206,9 inigualáveis 244,6 142,1

aviões 227,1 282,8 modernos 225,8 195,1 161,3

pesquisa 222,7 279,9 228,8 recente 184,1

conseqüências 218,7 221,4 219,5 inevitáveis 262,9 201,4 209,3

caminhos 180,0 192,2 perigosos 163,3 158,4 138,4

crise 165,0 146,0 profunda 155,6 168,4 166,8

crise 244,1 227,3 terrível 205,9 231,6 174,6

capacidade 153,7 160,2 notável 168,7 171,2 169,3

funções 188,0 importantes 243,5 170,0 203,3

resultados 209,1 168,0 172,2 esperados 198,2 165,7 166,0

SOMA 1245,6 1897,0 1360,9 SOMA 2052,6 1603,9 1389,0

MÉDIA 207,6 210,8 194,4 MÉDIA 205,3 178,2 173,6

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

144

pre ton pos pre ton pos

inigualáveis 5,2 5,3 0 chefes 3,1 0

modernos 0 0,9 5,0 aviões 0 1,3

recente 6,9 6,7 0 pesquisa 3,0 0 1,4

inevitáveis 0 7,6 4,3 conseqüências 2,7 0,7 2,4

perigosos 2,0 6,9 0 caminhos 6,9 9,3 0

profunda 0 5,5 0,9 crise 4,6 0

terrível 2,2 3,3 0 crise 4,5 0

notável 2,4 8,2 0 capacidade 7,6 8,5 0

importantes 0 3,4 1,6 INTENSIDADE funções 0 3,2

esperados 8,1 5,8 0 resultados 4,1 6,2 0

SOMA 26,8 53,6 11,8 SOMA 24,3 41,4 3,8

MÉDIA 4,5 5,4 3,0 MÉDIA 4,9 4,6 1,9

adjetivos substantivos

antepostos segunda

posição

pre ton pos pre ton pos

chefes 3,2 0 inigualáveis 6,0 4,5 0

aviões 1,7 6,8 modernos 8,2 2,2 0

pesquisa 0,2 1,3 0 recente 0 2,6 0,6

conseqüências 0,9 1,3 0 inevitáveis 0 2,8 0,3

caminhos 1,7 3,9 0 perigosos 4,3 10,5 0

crise 0 0,2 profunda 0,1 0 2,2

crise 0 2,3 terrível 9,4 11,9 0

capacidade 1,7 5,4 0 notável 2,2 3,5 0

funções 0 2,2 importantes 9,6 5,3 0

resultados 1,6 5,5 0 esperados 12,2 13,0 0

SOMA 7,8 29,6 2,5 SOMA 52,0 56,3 3,1

MÉDIA 1,3 3,7 1,3 MÉDIA 6,5 6,3 1,0

substantivos adjetivos

primeira pospostos

posição

Serra, C. R

145

Homens médias pre ton pos médias pre ton pos

1H 0,148 0,230 0,133 1H 0,167 0,247 0,146

2H 0,155 0,217 0,133 2H 0,157 0,243 0,146

3H 0,165 0,205 0,130 3H 0,171 0,220 0,122

4H 0,170 0,207 0,138 4H 0,178 0,236 0,169

5H 0,161 0,217 0,152 5H 0,178 0,288 0,148

soma 0,799 1,076 0,686 soma 0,851 1,234 0,731

média total 0,160 0,215 0,137 média total 0,170 0,247 0,146

Adjetivo Substantivo

médias pre ton pos médias pre ton pos

1H 0,153 0,185 0,120 1H 0,158 0,279 0,133

2H 0,142 0,206 0,123 2H 0,166 0,253 0,156

3H 0,164 0,196 0,123 3H 0,175 0,230 0,130

4H 0,154 0,221 0,116 4H 0,177 0,288 0,156

5H 0,168 0,183 0,139 5H 0,173 0,283 0,159

soma 0,781 0,991 0,621 soma 0,849 1,333 0,734

média total 0,156 0,198 0,124 média total 0,170 0,267 0,147

Substantivo Adjetivo

DURAÇÃO

médias pre ton pos médias pre ton pos

1H 123,8 160,9 140,3 1H 125,1 127,2 130,5

2H 106,7 137,7 115,7 2H 102,1 112,0 92,6

3H 146,4 161,1 170,2 3H 149,3 150,5 148,4

4H 174,4 210,5 221,0 4H 174,6 169,3 180,7

5H 126,2 145,7 156,5 5H 138,2 127,1 126,1

soma 677,5 815,9 803,7 soma 689,3 686,1 678,3

média total 135,5 163,2 160,7 média total 137,9 137,2 135,7

Adjetivo Substantivo

médias pre ton pos médias pre ton pos

1H 116,0 137,1 125,1 1H 117,8 121,7 127,4

2H 112,4 126,4 115,5 2H 122,4 115,8 93,0

3H 150,9 152,4 147,6 3H 149,8 147,3 150,2

4H 176,8 190,7 197,0 4H 197,3 163,7 186,1

5H 136,5 149,1 139,9 5H 140,4 132,8 124,0

soma 692,6 755,7 725,1 soma 727,7 681,3 680,7

média total 138,5 151,1 145,0 média total 145,5 136,3 136,1

Substantivo Adjetivo

FREQÜÊNCIA

médias pre ton pos médias pre ton pos

1H 6,0 8,4 2,0 1H 3,7 6,7 1,1

2H 8,2 8,3 3,5 2H 4,3 9,2 0

3H 5,1 6,9 1,8 3H 3,6 6,0 0

4H 4,4 6,6 4,4 4H 4,8 6,1 2,0

5H 1,7 3,9 3,7 5H 5,6 5,1 4,6

soma 25,4 34,1 15,4 soma 22,0 33,1 7,7

média total 5,1 6,8 3,1 média total 4,4 6,6 1,5

Adjetivo Substantivo

Serra, C. R

146

médias pre ton pos médias pre ton pos

1H 4,2 7,6 0 1H 6,5 8,9 2,2

2H 9,6 7,7 0,9 2H 9,8 11,7 0

3H 5,5 4,7 0,1 3H 7,6 7,9 3,9

4H 5,8 5,0 3,1 4H 9,1 8,3 3,0

5H 3,7 4,4 1,4 5H 4,2 5,0 0,8

soma 28,8 29,4 5,5 soma 37,2 41,8 9,9

média total 5,8 5,9 1,1 média total 7,4 8,4 2,0

Substantivo Adjetivo

INTENSIDADE

Mulheres médias pre ton pos médias pre ton pos

1M 0,148 0,207 0,139 1M 0,167 0,234 0,131

2M 0,141 0,200 0,136 2M 0,152 0,220 0,112

3M 0,168 0,234 0,159 3M 0,185 0,245 0,145

4M 0,159 0,214 0,161 4M 0,186 0,242 0,166

5M 0,157 0,226 0,164 5M 0,189 0,261 0,164

soma 0,773 1,081 0,759 soma 0,879 1,202 0,718

média total 0,155 0,216 0,152 média total 0,176 0,240 0,144

Adjetivo Substantivo

médias pre ton pos médias pre ton pos

1M 0,162 0,218 0,135 1M 0,154 0,250 0,143

2M 0,155 0,201 0,119 2M 0,165 0,267 0,116

3M 0,185 0,227 0,140 3M 0,176 0,273 0,148

4M 0,155 0,197 0,133 4M 0,180 0,259 0,148

5M 0,183 0,223 0,166 5M 0,166 0,270 0,179

soma 0,840 1,066 0,693 soma 0,841 1,319 0,734

média total 0,168 0,213 0,139 média total 0,168 0,264 0,147

Substantivo Adjetivo

DURAÇÃO

médias pre ton pos médias pre ton pos

1M 235,5 279,4 277,3 1M 244,5 231,3 246,5

2M 224,0 258,0 270,5 2M 236,5 233,2 222,6

3M 202,7 252,8 245,0 3M 218,1 214,0 221,2

4M 207,5 252,3 259,4 4M 215,6 221,2 223,1

5M 193,4 215,2 219,7 5M 183,2 170,6 176,6

soma 1063,1 1257,7 1271,9 soma 1097,9 1070,3 1090,0

média total 212,6 251,5 254,4 média total 219,6 214,1 218,0

Adjetivo Substantivo

médias pre ton pos médias pre ton pos

1M 256,4 264,1 276,7 1M 249,9 229,2 252,6

2M 235,1 249,2 245,1 2M 247,3 238,7 255,4

3M 199,9 234,5 216,6 3M 200,3 219,2 193,1

4M 227,7 245,1 232,7 4M 227,5 220,4 230,0

5M 207,6 210,8 194,4 5M 205,3 178,2 173,6

soma 1126,7 1203,7 1165,5 soma 1130,3 1085,7 1104,7

média total 225,3 240,7 233,1 média total 226,1 217,1 220,9

Substantivo Adjetivo

FREQÜÊNCIA

Serra, C. R

147

médias pre ton pos médias pre ton pos

1M 3,2 6,1 1,5 1M 3,5 7,4 1,1

2M 5,6 8,3 3,5 2M 4,7 7,3 2,7

3M 3,4 6,5 3,5 3M 1,9 4,7 0,9

4M 2,2 7,2 3,7 4M 2,9 4,8 1,1

5M 4,5 5,4 3,0 5M 4,9 4,6 1,9

soma 18,9 33,5 15,2 soma 17,9 28,8 7,7

média total 3,8 6,7 3,0 média total 3,6 5,8 1,5

Adjetivo Substantivo

médias pre ton pos médias pre ton pos

1M 3,3 6,7 0 1M 5,8 6,8 2,5

2M 1,3 5,9 6,6 2M 7,8 7,5 1,2

3M 3,2 5,9 0,8 3M 6,0 7,8 3,2

4M 1,3 4,6 3,7 4M 4,6 6,1 5,7

5M 1,3 3,7 1,3 5M 6,5 6,3 1,0

soma 10,4 26,8 12,4 soma 30,7 34,5 13,6

média total 2,1 5,4 2,5 média total 6,1 6,9 2,7

Substantivo Adjetivo

INTENSIDADE

Serra, C. R

148

FØ Intrassilábica

Homens

subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s

chefes -141 inigualáveis 106

aviões 141 modernos 197

pesquisa -56 recente 35

conseqüências 81 5H inevitáveis 144

caminhos -5 taxa de variação perigosos 156

crise -49 de F0 profunda 97

crise 267 intrassilábica terrível 294

capacidade -43 notável 26

funções 40 importantes 129

resultados 118 esperados 103

SOMA 353 SOMA 1287

MÉDIA 35,3 MÉDIA 128,7

subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s

chefes -1 inigualáveis 387

aviões 573 modernos 528

pesquisa -121 recente 481

conseqüências 292 4H inevitáveis 200

caminhos 17 taxa de variação perigosos 415

crise 27 de F0 profunda 265

crise 365 intrassilábica terrível 242

capacidade -58 notável 230

funções -35 importantes 411

resultados 24 esperados 45

SOMA 1083 SOMA 3204

MÉDIA 108,3 MÉDIA 320,4

subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s

chefes -87 inigualáveis 108

aviões 81 modernos 219

pesquisa -69 recente 64

conseqüências 135 3H inevitáveis 64

caminhos -33 taxa de variação perigosos 14

crise -87 de F0 profunda 127

crise 223 intrassilábica terrível 99

capacidade -87 notável 21

funções -134 importantes 48

resultados -24 esperados -7

SOMA -82 SOMA 757

MÉDIA -8,2 MÉDIA 75,7

Serra, C. R

149

subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s

chefes -131 inigualáveis -57

aviões 192 modernos 86

pesquisa -75 recente 57

conseqüências 142 2H inevitáveis -15

caminhos -102 taxa de variação perigosos 18

crise -32 de F0 profunda 188

crise 173 intrassilábica terrível 63

capacidade -83 notável 21

funções -35 importantes -21

resultados -45 esperados 154

SOMA 4 SOMA 494

MÉDIA 0,4 MÉDIA 49,4

subs1a posição Hz/s adj. Anteposto Hz/s

chefes -167 inigualáveis 123

aviões 385 modernos 224

pesquisa -135 recente 188

conseqüências 172 1H inevitáveis 55

caminhos -111 taxa de variação perigosos 152

crise 32 de F0 profunda 10

crise 131 intrassilábica terrível 503

capacidade 23 notável 113

funções -11 importantes 54

resultados 38 esperados 133

SOMA 357 SOMA 1555

MÉDIA 35,7 MÉDIA 155,5

subs1a posição Hz/s

Média 5H 35

4H 108

3H -8

2H 0,4

1H 36

SOMA 171,4

MÉDIA TOTAL 34,3

adj. Anteposto Hz/s

Média 5H 129

4H 320

3H 76

2H 49

1H 156

SOMA 730

MÉDIA TOTAL 146

FØ Intrassilábica

Serra, C. R

150

Mulheres

subs1a posição Hz/s

adj. Anteposto Hz/s

chefes -108 inigualáveis 4

aviões 155 modernos 498

pesquisa -145 recente 138

conseqüências -59 5M inevitáveis -43

caminhos 19 taxa de variação perigosos 249

crise 38 de F0 profunda 3

crise 349 intrassilábica terrível 371

capacidade 56 notável 146

funções -89 importantes 158

resultados -22 esperados 62

SOMA 194 SOMA 1586

MÉDIA 19,4 MÉDIA 158,6

subs1a posição Hz/s

adj. Anteposto Hz/s

chefes -235 inigualáveis 132

aviões 180 modernos 176

pesquisa -202 recente 57

conseqüências 112 4M inevitáveis 36

caminhos 61 taxa de variação perigosos 153

crise 24 de F0 profunda 39

crise 88 intrassilábica terrível 340

capacidade -11 notável 46

funções -235 importantes 7

resultados -161 esperados 239

SOMA -379 SOMA 1225

MÉDIA -37,9 MÉDIA 122,5

subs1a posição Hz/s

adj. Anteposto Hz/s

chefes -31 inigualáveis -54

aviões 317 modernos 321

pesquisa -448 recente 129

conseqüências 145 3M inevitáveis -46

caminhos -102 taxa de variação perigosos 169

crise -69 de F0 profunda -42

crise -24 intrassilábica terrível 255

capacidade 188 notável 131

funções -135 importantes 142

resultados 111 esperados -42

SOMA -48 SOMA 963

MÉDIA -4,8 MÉDIA 96,3

subs1a posição Hz/s

adj. Anteposto Hz/s

Serra, C. R

151

chefes -127 inigualáveis -84

aviões 480 modernos 334

pesquisa -232 recente 12

conseqüências 112 2M inevitáveis 159

caminhos 121 taxa de variação perigosos 270

crise 56 de F0 profunda 322

crise -109 intrassilábica terrível 649

capacidade -156 notável 212

funções 5 importantes 194

resultados -341 esperados 366

SOMA -191 SOMA 2434

MÉDIA -19,1 MÉDIA 243,4

subs1a posição Hz/s

adj. Anteposto Hz/s

chefes -97 inigualáveis 179

aviões 279 modernos 187

pesquisa -135 recente 284

conseqüências 337 1M inevitáveis 186

caminhos 50 taxa de variação perigosos 223

crise 263 de F0 profunda 49

crise 238 intrassilábica terrível 223

capacidade -84 notável 36

funções -63 importantes 303

resultados 97 esperados 174

SOMA 885 SOMA 1844

MÉDIA 88,5 MÉDIA 184,4

subs1a posição Hz/s

Média 5M 19

4M -38

3M -5

2M -19

1M 89

SOMA 46

MÉDIA TOTAL 9,2

adj. Anteposto Hz/s

Média 5M 159

4M 123

3M 96

2M 243

1M 184

SOMA 805

MÉDIA TOTAL 161

Serra, C. R

152

SERRA, Carolina Ribeiro (2005). A ordem dos adjetivos no percurso histórico: variação e prosódia.

Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa – Curso de Pós-Graduação em Letras Vernáculas,

Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras, p. 153, mimeo.

RESUMO

Este trabalho analisa a ordem dos adjetivos no sintagma nominal, em uma perspectiva

diacrônica, buscando verificar a fixação da ordem posposta, no decorrer dos séculos

XVII ao XX. Estabelece-se aqui, ainda, uma comparação entre as variedades brasileira e

européia do português, tomando como base corpora de anúncios e editoriais dos séculos

XIX e XX, publicados em jornais cariocas e lisboetas. Procede-se, também, a uma

análise prosódica da posição do adjetivo no português brasileiro, com vistas a

determinar se a anteposição do adjetivo, posição marcada, interfere no padrão prosódico

do SN. A metodologia utilizada no trabalho é a da sociolingüística quantitativa

laboviana, em alguns momentos auxiliada pelo princípio funcionalista da marcação, e a

da Fonética Acústica, para a análise no âmbito da prosódia. Os resultados das análises

quantitativas e qualitativas revelam a tendência de diminuição da anteposição do

adjetivo, no decorrer dos séculos, e sua conseqüente fixação em posição pós-nuclear.

Revelam, ainda, que as diferenças existentes entre as duas variedades do português não

comprometem a hipótese geral de fixação da posposição, mas que é importante a

observação das intenções comunicativas de cada tipo de texto e em cada época, no PB e

no PE. Os resultados da análise prosódica confirmam a Hipótese da prosódia marcada,

segundo a qual os adjetivos possuem “marcas” prosódicas próprias -- de duração,

intensidade e freqüência fundamental -- capazes de alterar a estrutura prosódica

subjacente.

Serra, C. R

153

SERRA, Carolina Ribeiro (2005). A ordem dos adjetivos no percurso histórico: variação e prosódia.

Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa – Curso de Pós-Graduação em Letras Vernáculas,

Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras, p. 153, mimeo.

RÉSUMÉ

Dans cette dissertation, nous étudions l’ordre des adjectifs dans le syntagme nominal,

selon une perspective diachronique, du XVIIe au XX

e siècle, afin de vérifier la

“fixation” de l’ordre postposé (nom – adjectif). Il s’agit aussi d’une comparaison entre

les variétés brésilienne et européenne du portugais, sur la base de corpora d’annonces et

d’éditoriaux des XIXe et XX

e siècles publiés dans des journaux des villes de Rio de

Janeiro et de Lisbonne. Nous présentons une analyse prosodique de la position de

l’adjectif en portugais brésilien pour déterminer si l’antéposition de l’adjectif, position

marquée, peut interférer dans le modèle prosodique du syntagme nominal. La

méthodologie utilisée est celle de la sociolinguistique quantitative labovienne, parfois

combinée avec le principe fonctionnaliste de la “marquation”, et de la Phonétique

Acoustique, pour l’analyse de la prosodie. Les résultats des analyses quantitative et

qualitative montrent la tendance à la raréfaction de l’antéposition de l’adjectif au cours

des siècles et, par conséquent, sa fixation à la position post-nucléaire. Ils montrent

également que les différences existant entre les deux variétés du portugais ne

contredisent pas l’hypothèse générale selon laquelle la position de l’adjectif se fixe

après le nom (postposition), mais que, pour chaque type de texte et chaque époque, il est

important d’observer les intentions communicationnelles, que ce soit en portugais

brésilien ou en portugais européen. Les résultats de l’analyse prosodique confirment

l’Hypothèse de la prosodie marquée, selon laquelle les adjectifs ont des “marques”

prosodiques propres – de durée, d’intensité et de fréquence fondamentale – capables de

modifier la structure prosodique sous-jacente.