o pecado da carne - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · ao lado da carne ribatejana da companhia...

32
Este suplemento faz parte integrante da VISÃO nº 1197 e não pode ser vendido separadamente 11 17 / 2 / 16 Deixámos de lado dietas e tendências vegetarianas e fomos em busca dos melhores talhos, onde há de tudo com o tempero e o corte certos O PECADO DA CARNE © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Upload: hahanh

Post on 09-Nov-2018

295 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

Este

sup

lem

ento

faz

part

e in

tegr

ante

da

VISÃ

O nº

119

7 e

não

pode

ser

ven

dido

sep

arad

amen

te

11 17/2/16

Deixámos de lado dietas e tendências vegetarianas e fomos em busca dos melhores talhos, onde há de tudo com o tempero e o corte certos

O PECADO DA CARNE

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 2: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 3: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

> bonzinho

> muitíssimo bom

> bom

> para esquecer

> assim-assim

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 3

O QUE ANDAMOS A GOSTAR ( OU NEM POR ISSO) DE DESCOBRIR POR AÍ

RECICLAGEM INCLUSIVA Chamam-se “Cadernos escama para todos os males” e foram criados por

Madalena Martins, com caixas usadas de medicamentos, inspirando-se nas casas portuguesas com ardósia em escama de peixe. Uma parceria com reclusos dos

estabelecimentos prisionais de Viana do Castelo, Matosinhos e Paços de Ferreira

PASSEAR PELO PAIVAOs Passadiços do Paiva, em Arouca, reabrem este sábado, 13.

Os quase nove quilómetros que rasgam a paisagem estão de volta, depois do incêndio que os destruiu. Agora é obrigatória a

reserva no site e o pagamento de €1. A bem da natureza

BONAPARTE E CAPA NEGRA NA BAIXADe olho nos turistas, dois quarentões do Porto ainda têm energia para se reinventar: o bar Bonaparte e o restaurante Capa Negra estão prestes a chegar à Baixa da cidade e prometem não perder o seu ADN

PORTO FOTOGÉNICOO norte-americano Mark Kozelek (Sun Kil Moon) gostou tanto de atuar no Porto, no NOS Primavera Sound do ano passado,

que pôs a cidade na capa do álbum de covers que lançará em maio, Sings Favorites. Estamos orgulhosos, sim

MANGA CURTA, JÁ?O inverno ainda vai a meio e, apesar de ameno, há dias mesmo frios e chuvosos – mas as lojas

já se encheram de roupa fresca. Nós, por cá, continuamos encasacados, a gozar as lãs, e nem

nos apetece pensar em mangas curtas

P o r F L O R B E L A A L V E S [email protected]

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 4: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

C A P A

4 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

Os antigos açougues, com partes dos animais penduradas atrás do talhante, estão a dar lugar a lojas com montras muito apetecíveis. Há hambúrgueres alinhados, lombos recheados, frangos desossados e carnes internacionais. Tudo com uma

pitada de tempero e o corte certo

Talhos para foodies... e não só

P o r S Ó N I A C A L H E I R O S * [email protected]

MERCADO DA CARNE GOURMETAo lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, vende-se agora a carne wagyu vinda de uma produção certificada no Chile. A vaca wagyu, inicialmente criada apenas na província de Kobe, no Japão, ganhou fama por ser massajada ao som de música clássica, o que tornaria a sua carne mais macia, suave e com metade da gordura de outras espécies. A iguaria que antes só estava acessível na ementa de poucos restaurantes, pode agora ser comprada em duas das quatro lojas do Mercado da Carne Gourmet, em Oeiras e Cascais. Nesta cadeia de talhos, que também tem garrafeira e enchidos de produção própria, os vários tipos de carne e os seus preparados são arrumados como se de objetos de design se tratassem. Lado a lado com os hambúrgueres alinhados por tamanhos e tipos de carne (aves, novilho ou picanha), há nuggets de frango, canelones de courgete (mistura de frango, peru, azeitona preta e milho), almôndegas recheadas com ovo de codorniz cozido, cookies de alheira envolta em sementes de sésamo. Conhecido pelo bolo-rei de carne picada que prepara no Natal, este talho marca a diferença por ter carne maturada (período de 30 dias), rosbife de vitela branca, muito mais tenra, temperado com cinco pimentas ou ervas finas, picanha tenra da Austrália ou lombo Wellington.

Al. dos Oceanos, Lisboa > T. 93 510 8026 > R. Dr. José Cunha, 32, Lj. B, Oeiras > T. 93 510 8372 > Av. Gaspar Corte Real, 198, Bairro do Rosário, Cascais > T. 93 499 4374 > Av. Jaime Cortesão, 2, Miraflores > T. 93 387 5230 > seg-sáb 8h-20h, feriados 8h-19h M

ÁRIO

JOÃ

O

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 5: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 5

B.MUUDe fora ninguém diz que é um talho. O toldo preto e a imagem minimalista são pouco comuns. A B.muu abriu há cinco anos só para vender hambúrgueres e assim se mantém, especializado em carne picada. À loja de Campo de Ourique vão clientes de Cascais, Sintra e Margem Sul, notando-se maior movimento aos sábados, “o dia eleito pelas famílias para uma refeição mais descontraída”, conta a funcionária Sónia Almeida, que já sabe de cor as encomendas dos clientes. Todas as semanas chegam, em média, 150 quilos de carne de vaca ribatejana, da maçã do peito, uma parte mais saborosa considerada de primeira categoria, e que são suficientes para as 15 variedades de hambúrgueres (200g), as almôndegas temperadas com azeite e sal e os rolos de carne, a que chamam paralelepípedos (600g a 1kg). Os sabores dividem-se em três categorias: nos Classic prova-se com queijo parmigiano, ervas aromáticas, bacon extra fumado ou folhas de malaguetas; nos Explore experimenta-se de farinheira de porco preto, molho de tomate e mozzarela, queijo feta e azeitonas pretas, bacon e molho de churrasco ou outro só com especiarias; os Concept arriscam no queijo chèvre e doce de frutos vermelhos, na mostarda biológica, mel e 5 pimentas, no roquefort curado em grutas naturais, no foie gras e na trufa branca. E para que a refeição fique completa também se vende ali o pão de hambúrguer com sementes de sésamo. Uma dica: se forem congelados diretamente para o forno, os hambúrgueres ficam estaladiços como se fossem do dia.

SUPERCOR (EL CORTE INGLÉS)A publicidade às carnes certificadas, no site do supermercado do El Corte Inglés, mostra animais portentosos em paradisíacas pastagens portuguesas. “Os produtores com quem trabalhamos obedecem a um filtro de qualidade muito elevado e mais de 90 por cento são nacionais”, assegura Pedro Barbosa, diretor do centro comercial de Vila Nova de Gaia. Vitela barrosã ou de Lafões, novilho dos Açores, maronês ou alentejano são exemplos das denominações de origem dispostas na montra, e fechadas em vácuo, para que permaneçam com os índices de humidade aconselhados. Uma variedade que se encontra, igualmente, no El Corte Inglés de Lisboa e nos Supercor do Porto, Lisboa, Braga, Coimbra e Aveiro.Ao lado, há uma seleção de produtos elaborados, como o rosbife lardeado (vazia de novilho embrulhado em gordura de porco preto), o roti de porco com ameixa ou o frango do campo sem osso recheado com alheira. “Fazemos outros elaborados ao gosto do cliente, com os recheios que quiser”, sublinha Hélder Gonçalves, responsável pelo talho. Carnes de caça (como veado, javali ou perdiz), maturadas ou biológicas, mais difíceis de encontrar, também se vendem por ali. Cândida Silva, cliente habitual, elogia a carne de boa qualidade – “lá em casa os meus filhos notam a diferença e os preços não são elevados”, acredita – e o facto de o serviço ir sempre ao encontro daquilo que pretende. “Dou-lhe o exemplo da picanha: as peças estão embaladas inteiras e, quando as cortam, peço para não levar as pontas, que têm só gordura. Noutro talho não têm esta atenção”, defende. O serviço justifica, por isso, os quilómetros a mais que muitos clientes percorrem para fazerem ali compras.

El Corte Inglés > Av. da Republica, 1435, Vila Nova de Gaia > T. 22 378 1400 > seg-sáb 10h-23h, dom 10h-20h > Av. António Augusto Aguiar, 31, Lisboa > T. 21 371 1700 > seg-qui 10h-22h > sex-sáb 10h-23h30, dom 10h-13h

R. 4 de Infantaria, 7D, Lisboa > T. 21 195 2302 > ter-sáb 11h-14h, 15h-19h30, sáb até 19hM

ÁRIO

JOÃ

O

LUCÍ

LIA

MON

TEIR

O

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 6: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

6 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

C A P A

O TALHOAo subir a escadaria da entrada, uma vitrina cheia de antigos picadores de carne manuais, daqueles de ferro do tempo das nossas avós, antecipa o que vamos encontrar. Quem entra para a sala de refeições passa, obrigatoriamente, pelo talho – o cartão de visita do projeto do chefe Kiko Martins, aberto há três anos. O que se vende no talho é o que se pode comer… n’O Talho. Tiago Souza vai embalando em vácuo algumas costeletas de carne maturada (período de quatro semanas a zero graus), “um procedimento comum a todas as peças de carne, mesmo as que vão diretamente para a cozinha do restaurante”, explica um dos quatro cortadores. Tal como manda a lei, numa bancada tratam-se as aves, noutra as carnes vermelhas. Neste talho há best-sellers como os rolos de carne (600g) recheados com farinheira e queijo da ilha e o de beringela grelhada com mozzarella. Outro dos mais procurados é o Hambúrguer do Talho, duzentas gramas de carne do cachaço com cebolinho e uma pitada de tabasco, conhecido até na Austrália, onde uma revista o considerou o segundo melhor do mundo. Também do outro lado do mundo, mas do Uruguai vem a picanha, a vazia e a maminha. Difícil será escolher entre comprar simples ou temperada com alho seco e alecrim ou pimentas vermelhas. Para fazer um brilharete num jantar de amigos, num almoço de família ou mesmo numa refeição a dois, vale a pena o investimento no carré de borrego ou no piano kimchi, um tempero coreano à base de couve fermentada, ligeiramente picante. Diz quem já experimentou que depois de uma hora e vinte minutos no forno a 200º a carne se despega do osso. As bochechas de porco prontas para estufar no tacho, durante uma hora, numa camada de cebola, batata e cenoura, o magret de pato asiático ou o frango desossado recheado com espinafre, alho, farinheira, pimentas vermelhas, azeite e alecrim têm uma apresentação irrepreensível. Outros alimentos de produção artesanal são as alheiras, mistura de porco e aves envolvida numa massa filo grega (kataifi) e as salsichas merguês (de borrego, porco ou novilho) ou mediterrânea (só porco). Uma volta ao mundo bem temperada que pode ser acompanhada com batatas fritas em azeite.

R. Carlos Testa, 1B, Lisboa > T. 21 315 4105 > seg-dom 10h30-21h

HERDADE DO FREIXO DO MEIODa herdade, situada junto à aldeia de Foros de Vale Figueira, em Montemor-o-Novo, chegam todas as terças, quintas e sábados várias peças de carne de porco preto alentejano, vaca barrosã, borrego merino, cabrito serpentino e peru preto – animais de raça criados ao ar livre, de modo biológico e sustentável. Na loja do Freixo do Meio, dentro do Mercado da Ribeira, em Lisboa, onde também há refeições prontas para levar, mercearia, hortícolas e frutas, todos os sábados o senhor Joaquim José “monta” o seu talho de corte para, das 10 às 14 horas, atender os clientes in loco. Com este especialista aprendem-se dicas para cozinhar vitela (se for grelhada, o sal só se põe depois), cachaço de porco para grelhar, acém redondo (costeleta) para assar, perna de borrego (no forno com mel e alecrim), cachaço e peito de borrego para um verdadeiro ensopado à alentejana, fígado (grelhado e temperado com alho e vinagre) ou quebab de peru preto. À oferta juntam-se os congelados também com chancela bio: hambúrgueres, almôndegas de vitela, croquetes de vitela, empadas de vitela, de peru e de frango, carne picada e rolo de carne. Frescas e artesanais são as salsichas temperadas de porco, de vitela e de borrego. Em novembro passado começou a funcionar o sistema de quotas de produção, as quais permitem às pessoas fazerem as suas encomendas a preços mais baixos e terem prioridade face à quantidade de alimentos disponíveis. Com os valores das quotas entre os cinco euros (carne especial para bebés, carne picada de vitela e borrego merino) e os dez euros (aves, bifes de vitela e porco alentejano), o programa Partilhar as Colheitas, um modelo de agricultura apoiada pela comunidade, cria um compromisso de produção por parte da herdade e de consumo pelos clientes aderentes. Assim todos ficam a ganhar.

Mercado da Ribeira, Av. 24 de Julho, Lj. 61, Lisboa > T. 93 416 3204 > Loja ter-sáb 8h-22h, talho sáb 10h-14h

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 7: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 7

TALHO GOURMETNuma das mais movimentadas ruas de Telheiras, ao trio formado pela frutaria, mercearia e pão, juntou-se o Talho Gourmet, há 17 anos. Um negócio que começou de modo tradicional e foi evoluindo à medida que o bairro também cresceu. “Adaptámo-nos às necessidades das pessoas e o nosso conceito é simplificar ao máximo o trabalho do cliente”, refere Paulo Carvalho, um dos sócios. Nas prateleiras frigoríficas passaram a existir dezenas de rolos de carne, feitos com mistura de vaca e de porco. Enquanto as crianças preferem os de queijo e fiambre, os adultos elegem os de farinheira e castanhas, queijo e espinafres ou alheira e nozes. Para facilitar a confeção das refeições, a equipa idealizou originais rebuçados de alheira; cogumelos, tomate, beringela ou pimentos recheados de carne picada de aves, bacon e queijo; nuggets de frango; empadas de pato, de vitela ou de porco; espetadas de porco preto alentejano com bacon, chouriço e pimento, de peru (menos secas) com bacon, tâmaras e ananás ou de frango, uma versão mais light, com beringela, cebola, courgete, pimento padrón e tomate cherry. Todos estes ingredientes juntos dão um colorido muito apetecível à montra. Originais são também os hambúrgueres de picanha argentina e secretos de porco preto (€2/cada), ideais para o carvão depois de uma pitada de sal grosso e alho.

R. Prof. Francisco Gentil, 2E, Lisboa > T. 217580 368, 937 056 553 > seg-sex 8h-20h, sáb e feriados 8h-19h

* C O M Joana Loureiro [email protected]

MÁR

IO J

OÃO

FERN

ANDO

NEG

REIR

A

MÁR

IO J

OÃO

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 8: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

O G O S T O D O S O U T R O S

8 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

Jardim da Estrela Lisboa“Mesmo ao lado de minha casa, é o jardim onde vou todos os dias logo manhã cedo, ora para correr ora para tomar café no pequeno quiosque Gengibre e verificar os emails e as primeiras notícias do dia.”

Hot Clube de Portugal Lisboa“Melhor local para ouvir jazz ao vivo, um dos meus estilos preferidos musicais. Além de dar a conhecer o que de melhor se faz em Portugal também traz músicos internacionais incríveis. Um sítio para se viajar mentalmente!”

Casa Independente Lisboa“Perfeito para se estar à tarde, tanto no inverno como no verão – calmo, decoração interessante, boa música ambiente, convida à leitura ou a uma conversa com amigos. À noite, gosto em especial da banda da Casa, que, uma vez por mês, com a sua música cabo-verdiana, nos faz dançar como se estivessemos em África!”

Fundação Gulbenkian Lisboa“O museu, a biblioteca, os jardins, o Centro de Arte Moderna, a programação artistíca da Fundação – tudo vale a pena.”

Pauliana Valente

PimentelA fotógrafa, cujo

trabalho mais recente está exposto na Galeria

das Salgadeiras, em Lisboa (a ver até 5 de

março), foca a atenção em locais onde gosta

de se deixar estarP o r C L Á U D I A L O B O

[email protected]

Praia do Castelejo Fica entre Vila do Bispo e Sagres e é, para a fotógrafa, o

paraíso na Terra. “Apesar de já ter viajado por muitos países, penso que não há

nada mais incrível do que esta paisagem protegida.”

Hotel Muchaxo No Guincho, é o local onde gosta de ir tomar um café

no inverno. Não só pela lareira sempre acesa ou pela vista, mas também pela

decoração, em madeira e pedra, que lhe faz lembrar grutas atlânticas. “Parece

parado no tempo.”

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 9: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 9

C O M E R E B E B E R

Laboratório do Gelado LisboaPermitido fazer experiências

Dentro do Laboratório do Gelado, em Lisboa, não se fazem experiências químicas, mas não faltam tubos de ensaio, fumos ou invenções diárias. No chão, os hexágonos lembram estruturas moleculares, e o mestre

geladeiro apresenta-se de bata branca, luvas de látex e com óculos de proteção. Há uma semana que, em Alvalade, os olhares curiosos espreitam Pedro Torgal Viana, 24 anos, em plena ação. E não é para menos: a preparação de cada gelado é um espetáculo imperdível. Às frutas, flores, frutos secos, plantas e metais (comestíveis, claro) junta azoto líquido, a uma temperatura negativa de 196 graus. Em segundos, o estado líquido passa a sólido, deixando uma nuvem de fumo atrás do balcão. A confeção no momento do pedido e a combinação original de sabores têm atraído romarias a este laboratório improvisado, com apenas quatro mesas pequenas e uma mais alta junto à janela. Não estranhe se não encontrar sabores tradicionais como morango, baunilha ou chocolate. Em alternativa, há pistachio puro com pedaços e pó de ouro e alfazema com folha de prata e flor de violeta para saborear num copo (custa €3, o equivalente a três bolas convencionais, e não existem cones de bolacha). Entre os sabores,

destaca-se ainda a banana com noz pecan, caramelo e pipocas, e o caramelo com toque de whisky e nougat. “Gosto de usar produtos raros e naturais. Vejo fruta fresca no mercado e é isso que me inspira a criar o sabor do dia”, acrescenta Pedro. Para quem prefere sorvetes sem leite ou natas existem opções como a amora com algodão doce ou o limão com pipeta de limonada de yuzu. “É a única geladaria em Portugal que faz os gelados no momento, à frente do cliente, com azoto líquido. Pelo menos, até chegarem os copiadores... São também os gelados que têm menos cristais de gelo”, diz, contando que se inspirou em geladarias da Austrália, onde estagiou no restaurante Attica, depois de terminar o curso de Técnicas de Cozinha e Pastelaria na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa e Produção Alimentar na escola do Estoril. Itália, Luxemburgo, Suíça, Noruega e França foram outros países onde ganhou experiência ao lado de chefes de cozinha com estrelas Michelin. Pedro também se inspira sempre na viagem que fez à Tasmânia: “Dali trouxe o amor pelos produtos e produtores locais, como o mel, o vinho e o chocolate”. Sandra Pinto

R. José Duro, 21B, Lisboa > T. 91 836 126 > seg-sáb 13h-19h

JOSÉ

CAR

IA

É “a única geladaria em Portugal que confeciona os gelados no momento, à frente do cliente, com azoto líquido”, orgulha-se Pedro Torgal Viana, que ali inventa combinações supreendentes

Existe sempre um sabor do dia

no Laboratório do Gelado. As outras

opções da lista estão disponíveis

durante três meses e depois

dão lugar a outras combinações

inventadas por Pedro Torgal

Viana. Quem quiser levar para casa

tem embalagens de meio litro, por

€8,50, 1L por €13,50 e 1,5l por

€18,50

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 10: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

C O M E R E B E B E R

10 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

P O R M A N U E L

G O N Ç A L V E S D A S I L V A

comer&[email protected]

Tem um nome simpático que se ajusta ao espaço amplo e claro da sala de refeições, ao ambiente tranquilo e à comida bem feita com produtos de qualidade e sabores genuinamente portugueses. Num dos mais bonitos

bairros de Lisboa, que é Campo de Ourique, junto do mercado, o Bem Disposto começou por ser um restaurante de cozinha alentejana com apetência pela grelha; depois, passou por uma fase incaracterística com influência internacional; finalmente, há um ano, reabriu com esta cozinha inspirada na tradição portuguesa com técnica evoluída (mérito dos dois jovens chefes, Pedro Mendes e Martim Alçada Baptista) e apresentação contemporânea. Tem duas portas de entrada: uma de acesso à antiga sala de fumadores, onde agora funciona o “Já Feito”, que é um serviço de refeições preparadas por encomenda; outra de ingresso na sala, que tem ambiente acolhedor.

A ementa é equilibrada, abrindo com os pratos da semana, dois dos quais são emblemáticos: rosbife à inglesa, ao sábado, prato de verão que passou a ser de todo o ano; e cozido à portuguesa, ao domingo, que só está garantido para quem marcar, porque se esgota. Os restantes também são muito apreciados: meia desfeita de bacalhau

com grão, à terça-feira; arroz de pato, à quarta; pastéis de bacalhau com arroz de tomate, à quinta; e bacalhau com espinafres, à sexta. Mas toda a ementa merece atenção, desde as entradas, que incluem petiscos tradicionais e novidades, como os pastéis de massa tenra (de textura e sabor irrepreensíveis), as coxas de rã, o escabeche de lombo de carapau e os ovos pretos (mexidos com morcela, uma gulodice), até aos pratos principais, em que se destacam, entre outros: bacalhau lascado (envolvido com batata assada, cebola caramelizada, azeitonas, coentros, salsa e alhos), Brás de bacalhau (lascado, com batata-palha feita na casa), tártaro de salmão com salada fresca de espinafres e tomate, lombinhos de robalo com batata assada e juliana de cenoura e feijão-verde, língua de vaca estufada com puré ou batatas gordas (batatas enfoladas, grossas, cuja receita era o orgulho de Ramalho Ortigão), iscas (também com batatas gordas), rosbife com esparregado e batata-palha (que não é prato exclusivo de sábado), rabo de boi com puré de batata e vitela de comer à colher enrolada em massa filo. Muito boa doçaria. Carta de vinhos com a informação essencial e com critério, tanto na seleção dos vinhos, como na fixação dos preços. Serviço eficiente e simpático.

O Bem Disposto LisboaAssim dá prazer

R. Tenente Ferreira Durão, 52 A/B, Lisboa > T. 215 965 470 e 913 460 958 > ter-sáb 12h30-15h, 19h30-22h30; dom 12h30-15h > €25

MÁR

IO J

OÃO

Recuperou um espaço e um nome já conhecidos, mas é um restaurante novo e muito atraente

Em Campo de Ourique, o Bem Disposto

tem agora uma cozinha inspirada

na tradição portuguesa com técnica evoluída, mérito dos dois jovens chefes,

Pedro Mendes e Martim Alçada

Baptista

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 11: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

PROVA CEGA

A Região Demarcada do Douro, que é a mais antiga do mundo, por obra e graça do marquês de Pombal, em 1756, conheceu uma transformação profunda na segunda metade do século passado com o incremento da produção de vinho de mesa,

a par do generoso, que lhe dá fama. Este processo envolveu as grandes casas de vinho do Porto e boa parte dos agricultores que até então lhes vendiam as uvas, os quais, ante o sucesso do vinho de mesa, optaram por tornar-se produtores-engarrafadores.

Um caso paradigmático é a Quinta do Couquinho, da família Melo e Trigo, que até ao fim do século passado se limitou a produzir e vender as uvas (além de azeite e outros produtos), mas, em 1999, fez a sua primeira experiência de vinificação, mesmo sem ter adega própria, associando-se à Lavradores da Feitoria – e o seu vinho foi logo premiado. Sabendo que tinham matéria-prima de alta qualidade, graças à localização privilegiada das vinhas em Horta da Vilariça, no limite do Douro Superior, os irmãos Maria Adelaide, Eduardo e Nelson Melo e Trigo, que fizeram as suas carreiras profissionais noutras áreas, avançaram para a produção de vinho em nome próprio: primeiro, no ano de 2002, em instalações alugadas; depois, em 2004, na sua própria adega, sob a direção do enólogo João Brito e Cunha. Com 11 ha de vinhas velhas, 10 ha de vinhas plantadas com uma seleção criteriosa de clones de castas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca e Sousão e 1 ha de Syrah, a Quinta do Couquinho apresenta, hoje, um portefólio notável com vinhos de mesa brancos, tintos e rosés, e anuncia para breve a chegada do primeiro generoso: Dona Maria Adelaide Vintage 2013, em homenagem à grande dinamizadora deste projeto da família.

Quinta do CouquinhoQualidade d’ouro

Encostas do Gavião Douro Tinto 2012 A marca surgiu em 2009 e chamou a

atenção com vinhos personalizados, feitos com uvas das castas

Touriga Nacional, Tinto Cão, Tinta Roriz e Touriga Franca. Este

2012 carateriza-se pelo aroma franco com boas notas de fruta madura

e pelo paladar elegante e fresco com bom

volume, taninos suaves e acidez equilibrada. Pronto para beber.

PVP: €6,50

Quinta do Couquinho Colheita

Douro Tinto 2013Feito de uvas das

castas Touriga Nacional, Touriga

Franca e Sousão, tem uma bela cor rubi,

aroma intenso em que se destacam notas de frutos pretos e outras abaunilhadas, paladar

intenso com taninos bem presentes, mas

finos e muito bem envolvidos, e final elegante, longo e

persistente. Para beber já ou guardar.

PVP: €13

Quinta do Couquinho Reserva

Douro Tinto 2012 Cor retinta, quase

opaca, aroma muito concentrado com

excelentes notas de violeta, de frutos pretos

bem maduros e de especiarias, paladar

cheio e complexo com os taninos, a acidez e a fruta em perfeita harmonia. Vinho de

guarda, mas que apetece beber já, por

exemplo a acompanhar bons nacos de vitela,

caça, queijos de sabor intenso. PVP: €29

Três vinhos com a mesma origem, mas cada qual com o seu perfil e a sua vocação

Muito bem localizado em frente da marina de Ovar, o Oxalá é uma referência da região, tanto pelas instalações, como pela qualidade da comida, baseada nos peixes e mariscos. Mal entra no hall, depois de estacionar o carro no parque privativo, o cliente pode degustar um espumante, um presunto, um queijo ou outro petisco igualmente agradável e segue dali para uma das três salinhas no mesmo piso, uma com 20, outra com 17 e a terceira apenas com 10 lugares, ou para a sala principal, em cima, com 120 lugares, grandes vidraças e uma bela vista para a ria. A ementa é extensa, variando conforme o mercado, mas sempre com predomínio dos peixes e mariscos. Nas entradas insinuam-se as gambas à angolana, com o seu molho picante servido à parte, e a conchinha de siri, com miolo de caranguejo, peixe e queijo mozarela, num gratinado gostoso. Vale a pena prestar atenção às quatro sopas, que incluem um creme de castanhas e outro de coentros, muito aveludados. Nos pratos principais destaca-se a sinfonia marítima com peixes e mariscos grelhados, que é rica em sabores. Os peixes grelhados, o robalo no sal e a feijoada de mariscos são outras boas opções. Há só três ou quatro sugestões de carne, mas recomendáveis, como o chateaubriand, os miminhos e o churrascão, todos na brasa. Nas sobremesas, o pão de ló de Ovar leva a palma aos restantes doces, mas há que contar com a fruta, variada e excelente. Grande garrafeira. Serviço atento e simpático.

Oxalá Ovar

R. Família Colares Pinto, Carregal Sul, Ovar > T. 256 591 371 e 962 076 410 > qua-seg 12h-15h; 19h-23h > €30 (preço médio)

LUCÍ

LIA

MON

TEIR

O

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 12: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

C O M E R E B E B E R

12 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

LUCÍ

LIA

MON

TEIR

O

Avenida 830 Porto Simplicidade e bom-gosto

A ideia de se envolver num negócio próprio não era nova. Isabel Nunes alimentou esse desejo durante vários anos. Primeiro, enquanto trabalhava como escriturária, depois no papel de “dona de casa a tempo inteiro”. Só não

tinha a certeza em que área o iria fazer, mas o gosto pela cozinha, que partilha com o marido Ângelo, deu uma ajuda e acabaram por decidir abrir um restaurante. Os “preços loucos das rendas” na baixa da cidade trouxeram-nos para a Boavista, a dois minutos da Casa da Música, para uma antiga loja de seguros, com um pátio pelo qual ambos se encantaram. A pedido do casal, os arquitetos Ricardo Leitão e Rita Furtado fizeram nascer um restaurante minimalista, com as mesas de madeira acomodadas ao longo do amplo corredor, onde domina o bege e o branco. A 21 de dezembro, abriu portas o Avenida 830, com uma ementa criada pelo chefe de cozinha Pedro Garrido, seguindo os pedidos de Isabel e Ângelo para que ali se servisse comida tradicional e simples, de toque contemporâneo e empratamento cuidado. “É uma cozinha do mundo e de fusão, que apela aos sentidos, feita a partir de pratos tradicionais portugueses e de

inspiração internacional”, descreve Pedro Garrido. Os sabores lembram os de casa da avó, mas mais sofisticados.

A receita tem funcionado e, ao almoço, nem sempre é fácil arranjar mesa no Avenida 830. “Prometi encher a casa e isso está a acontecer”, confidencia o chefe de cozinha. Também ajudam a rapidez do serviço (consegue-se almoçar em cerca de 30 minutos) e o menu executivo, que inclui pão, sopa, prato de peixe ou carne, bebida, sobremesa e café (€8), mesmo na opção vegetariana.

À carta, nas entradas, sugere-se carpaccio de polvo ou gambas à la guilho, ficando para o prato principal o magret de pato ou os filetes de peixe espada com puré de batata doce e molho de maracujá (€11 a €16). A terminar a refeição, raviolis de ananás recheados com gelado, mousse de chocolate com amêndoa ou semifrio de frutos vermelhos com chocolate branco (€4,50 a €5). Para quem não come carne, existem opções como lasanha de beringela, crocante de tofu e caril de grão de bico (€8 a €9). Susana Silva Oliveira

Av. da Boavista, 830, Porto > T. 22 410 1260 > seg-qua 10h-19h, qui-sáb 10h-22h

O mais recente restaurante da Boavista serve comida da avó, numa versão mais sofisticada

O chefe de cozinha Pedro Garrido sugere como

prato principal o magret de pato com risoto de

cogumelos e molho Porto, servido em tacho de esmalte

vermelho

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 13: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

turismoasturias.pt

O seu paraíso de neve,mais perto do que você imagina

Asturiaswww.spain.info

VOO DIRECTO LISBOA-ASTURIAS (LIS-OVD) COM A TAP

Asturias_V7_1197.indd 1 05-02-2016 10:33:58

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 14: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

14 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

C O M E R E B E B E R

O balcão central e a grande oliveira são a imagem do novo Prego da Peixaria, em Alvalade. Uma homenagem aos

cafés lisboetas dos anos 60 e 70

Wine Not? LisboaEm apenas um mês, entre dezembro do ano passado e 16 de janeiro, Rute e João Ribeiro transformaram o seu antigo restaurante na Rua Ivens, no Chiado, num wine bar e loja de vinhos. O novo Wine Not?, decorado com pormenores como um candeeiro feito com 500 garrafas de vinho e portadas de madeira em forma de garrafa, tem como parceiro a Casa Ermelinda Freitas, produtor vinícola da região de Setúbal. Esta união permitiu desenvolver uma carta especial feita de maridagens. Aqui, os petiscos do menu, preparados ao momento, são acompanhados pelas sugestões vínicas que melhor casam com esses sabores. Para os croquetes artesanais com emulsão de mostarda Dijon (€4), por exemplo, sugerem-se vinhos jovens e frutados como o Casa Ermelinda Freitas Sauvignon Blanc. Já as trufas de alheira caseira no forno, com ovos de codorniz e grelos (€5) e o requeijão de Azeitão com ovas de salmão e funcho (€6) pedem vinhos mais complexos e elegantes como o Dona Ermelinda Branco ou o Casa Ermelinda Freitas Pinot Noir, este último à venda em exclusivo no Wine Not? e na loja do produtor, em Fernando Pó, Palmela. No total, estão disponíveis 20 referências de vinho (branco, tinto, rosé, espumantes, moscatel e aguardente), para beber a copo, com preços entre €1,60 e €4,50, ou à garrafa, a partir de €6, para consumir no restaurante, ou a partir de €3, para levar para casa. “Encontrar um valor justo para o vinho, tanto a copo como à garrafa, foi uma das preocupações da casa”, diz João Ribeiro. S.L.F.

R. Ivens, 45, Lisboa > T. 91 636 0626 > seg-sáb 11h-24h

Prego da Peixaria LisboaAo balcão ou em família

Este podia ser só mais um Prego da Peixaria a abrir em Lisboa? Podia, mas não era a mesma coisa. O quarto restaurante da marca, a funcionar há uma semana em Alvalade, quis inovar. Mal se entra, vê-se um carrinho de bebé, a denunciar o baby parking. Aí perto, fica a zona com um

quadro de ardósia e duas pequenas secretárias, a fazer lembrar uma escola primária. É aqui que, enquanto fazem desenhos, os mais pequenos podem saborear o novíssimo menu júnior (€4, mais €1 se incluir sopa), com bifinho raspado em pão bao ou burguer de salmão e choco, chips de batata doce ou palitada de legumes, bebida e sobremesa. Quando o tempo aquecer e a esplanada começar a funcionar, haverá espetáculos de marionetas ali, promete-se. “Era fundamental criar um espaço dedicado às famílias”, afirma António Querido, um dos proprietários. Percorrendo o corredor, na segunda sala destaca-se o balcão central e a grande oliveira. “É uma homenagem aos cafés lisboetas dos anos 60 e 70”, acrescenta. Ali, num dos 18 lugares sentados, podem experimentar-se as novas apostas da ementa, apenas disponíveis neste Prego da Peixaria. Aos petiscos pica pau de lombo e presunto de porco bísaro juntam-se os cocktails (margarita de maracujá será um dos ícones, acredita-se), as cinco saladas (quinoa, rosbife, atum, césar e conserva) e a club sanduíche de sapateira. Para acompanhar com um dos cinco novos smoothies, como o Alibabá e o Pinóquio. A terminar, experimentem-se as outras inovações: os cafés originais, como O Ginja, feito à base de ginja e chocolate ou O Frienchie com leite condensado, ou um dos chás, como o de aloé vera e ginseng, ou o de framboesa. “O novo Prego da Peixaria não é uma cafetaria, nem um restaurante, nem um bar. É um misto”, diz o proprietário. E a partir deste sábado, 13, será também destino certo para se comer um brunch, ao fim de semana. Sandra Pinto

Av. da Igreja, 34 A-B, Lisboa > T. 21 269 7980 > seg-sex 12h-24h, sáb-dom 10h-1h

JOSÉ

CAR

IA

O menu infantil e o brunch são apenas duas das novidades no recém-inaugurado restaurante de Alvalade

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 15: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 15

S A I R

Polo Cultural Gaivotas I Boavista LisboaDas artes performativas

R. das Gaivotas, 8, Lisboa > T. 21 817 2600 > seg-dom 8h-20h

Entre o Cais do Sodré e Santos, nasceu um centro com escritórios e salas de ensaio, para projetos culturais nas áreas do teatro, dança e música

Já foi pátio de escola primária, este que dá entrada ao novo polo cultural na Rua das Gaivotas. Transposto o portão, há agora uma esplanada com espreguiçadeiras e, numa das paredes, o rosto esculpido por Vhils, durante o

Visual Street Performance, em 2009. O edifício pertence à câmara municipal que, através da Direção de Cultura, o transformou num centro de trabalho para as artes performativas. É o caso da Filho Único, associação que se dedica à promoção musical através do agenciamento de artistas e da organização de concertos. Com o alinhamento da Noite Príncipe já pronto, que este sábado, 13, leva a música de dança ao Musicbox, Nelson Gomes e Afonso Simões preparam, para abril, uma das festas de comemoração dos dez anos do clube no Cais do Sodré. Tal como a Filho Único, a P.O.R.K., de Andreia Carneiro e da bailarina e coreógrafa Marlene Monteiro Freitas, ou a Baldio Habitado – Estudos de Performance, todos os projetos selecionados para ocupar os cinco escritórios disponíveis, já tinham pedido à câmara a cedência de um espaço de trabalho. É que isto de andar a reunir em casa uns dos outros e ter que ensaiar em “casa alheia”, não mata, mas mói. Que o diga Ricardo Neves-Neves, diretor artístico e cofundador, com Rita Cruz, do Teatro do Eléctrico. Pela primeira vez, em sete anos, a companhia pôde trabalhar em condições semelhantes às do Teatro da Politécnica, onde, no

dia 24, estreiam A Noite da Dona Luciana. Para tal, bastou alugar uma das salas de ensaio (são três, equipadas para teatro, dança e música, a que se junta uma polivalente e outra para formação). Com preços acessíveis e abertas a artistas não residentes, é por ali que nos cruzamos com a brasileira Mariana Vieira. Ensaia a coreografia a apresentar no final da residência que está a fazer no C.E.M. – Centro em Movimento.

De casa às costas tem andado também o Teatro Griot, fundado em 2009 e constituído sobretudo por afrodescendentes. Dizer que estão contentes por terem morada fixa parece óbvio, mas Zia Soares, diretora artística, acrescenta: “trabalhamos com encenadores estrangeiros e ter as residências perto é perfeito”. Agregadas ao polo cultural estão as Residências da Boavista, quatro apartamentos ali a dois passos, prontos para receber artistas. Depois da reposição, esta semana, de As Confissões Verdadeiras de um Terrorista Albino, em Almada, começam a trabalhar em Prometeu Agrilhoado, com encenação de João Fiadeiro, que estreia no Teatro do Bairro em junho. Até final do ano, o Polo Gaivotas I Boavista vai contar ainda com um gabinete de apoio aos artistas, e já este verão está prevista programação cultural no pátio do edifício com a participação das associações “residentes” e da comunidade local. Inês Belo

JOSÉ

OLI

VEIR

A

A cafetaria e restaurante Água no Bico está aberta ao público (ter-qua 10h-21h, qui-sáb 10h-24h, dom 11h-18h, só brunch). Com uma ementa que segue as dietas paleo, vegetariana e vegan, tem uma espla-nada com espreguiça-deiras, bem simpática.

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 16: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

16 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

S A I R

Filmes Pedidos LisboaQuando o cinema apareceu, os filmes não tinham som e eram acompanhados por músicas ou efeitos sonoros tocados ao vivo. Surgiam assim as primeiras bandas sonoras improvisadas que os músicos, com estreias quase todas as semanas, se encarregavam de organizar em reportórios temáticos – ação, mistério, romance ou tragédia –, adaptando-os depois a cada género. Inspirado nesses tempos, o trio composto por António Pedro, Ricardo Freitas e Eduardo Raon apresenta Filmes Pedidos no Teatro-Estúdio Mário Viegas, em Lisboa (escolas: 17-19 fev, qua-sex 10h30; público em geral: 20-21 fev, sáb-dom 16h, €3). Dirigido a crianças dos 6 aos 12 anos de idade, trata-se de um espectáculo em que a banda dá som a um filme mudo, com a diferença de que, neste caso, é o público que escolhe os filmes e o encontro entre som e imagem acontece de improviso.Inserido na programação Mais Novos do Teatro Municipal São Luiz, os bilhetes para os Filmes Pedidos estão à venda na bilheteira deste teatro, no lado da entrada principal. I.B.

Teatro Municipal São Luiz > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7640 > seg-dom 13h-20h (bilheteira)

Este ano fomos mais ambiciosos”, diz Catarina Ramalho sobre a terceira edição do Play – Festival Internacional de Cinema Infantil & Juvenil de Lisboa, que começa este sábado, 13, no Cinema São Jorge e na Cinemateca Júnior. Não só pelas duas sessões de cinema com música ao

vivo, que são a grande novidade, mas sobretudo pela “exigência nas escolhas”, explica Catarina, da organização do festival. A exibição de O Balão Vermelho (1956), de Albert Lamorisse, será acompanhada pela banda sonora original tocada ao vivo por Rita Redshoes (20 fev, sáb 17h). Já a sessão dedicada ao realizador George Méliès inclui algumas raridades, como Viagem à Lua (1902) na versão pintada à mão e em cópia restaurada, e terá por companhia o músico Filipe Raposo ao piano (20 fev, sáb 15h). Com mais de 160 filmes, o festival abre com o alemão Raffi, a história de amizade entre um rapaz e um ratinho, para maiores de 7 anos. “Nem todos os filmes estão dobrados para português, alguns são legendados”, alerta Catarina Ramalho. A programação está organizada por faixas etárias: dos bebés (1-2 anos), cujas sessões de entrada grátis têm sido um êxito, aos mais velhos (10-13 anos). É para estes o documentário Landfill Harmonic, sobre uma comunidade do Paraguai que forma uma orquestra com instrumentos feitos a partir de lixo, e que realiza o sonho de tocar com a banda de heavy metal Megadeath (20 fev, sáb 15h). As curtas-metragens estarão agrupadas por temas: “Sou Capaz”, “Amigos” ou “Sonhar Acordado”. O festival termina a 21 de fevereiro, com as melhores curtas eleitas pelo público. Depois, o PLAY torna-se itinerante, levando o cinema infantil e juvenil a outras cidades do País. Inês Belo

Festival PLAY LisboaQue grande animação

Cinema S. Jorge > Av. da Liberdade, 175, Lisboa > T. 21 310 3402 > Cinemateca Júnior > Palácio Foz, Pç. dos Restauradores, Lisboa > T. 21 346 2157 > 13-21 fev, seg-sex 10h30, 14h30 (escolas), sáb-dom 9h30- -18h15 (famílias) > €1,90 (crianças), €3,50 (adultos), €7 (filme concerto)

D.R.

Nove dias de curtas e longa-metragens para os mais novos, entre o Cinema São Jorge e a Cinemateca Júnior

Na programação deste ano, não faltam também os ateliers. Em “Ruidagem” aprende-se a fazer som para imagens; “Um ser de outro mundo” dá o mote para um pequeno filme de animação; e em “E depois? A Máquina do tempo” viaja-se ao início da história do cinema para depois se construir caixas onde se pode ver um filme.

AmoreNostrum_V7_1197.indd 1 05-02-2016 17:08:39

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 17: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

Tropikos LisboaDançar a ver o Tejo

Desde o final de janeiro que as noites de quinta, sexta e sábado no restaurante Rio Maravilha, num quarto andar da LX Factory, em Lisboa, se fazem ao som de tropicalismo, funk, soul e disco,

grooves exóticos, batidas africanas ou cumbia colombiana. São estes os ritmos escolhidos pelo programador e dj Mike Stellar, o responsável pela programação musical deste gastrobar do chefe de cozinha Diogo Noronha. Nas noites Tropikos de quinta e sexta, estão ao serviço, como djs residentes, Jérémie Moussaid Kerouanton, os Irmãos Makossa e Mr. Bird, mas as batidas têm outros convidados como Lady.G Brown ou Emylis, que seguem sempre os ritmos quentes do tropicalismo. Já os serões de sábado têm um extra:

a partir da meia-noite, logo a seguir ao dj set (que começa sempre às 22 e 30), há concertos ao vivo de bandas alternativas, projetos diferentes e inusitados, para surpreender quem chega. Esta quinta-feira, 11, vai ouvir-se Dedy Dread, e sexta-feira, 12, estará no Rio Maravilha a dj Carrie. No sábado, 13, o set dos Irmãos Makossa aquece a pista para o “concerto sentimental e divertido de músicas intensas do mundo” do Trio Latinidade – uma noite de boleros, tangos, valsas e mornas, com homenagens a nomes maiores da música como Chico Buarque, Mercedes Sosa ou Chabuca Granda. S.L.F.

Rio Maravilha > R. Rodrigues Faria, 103, Ed. I, Entrada 3, 4º > T. 96 602 8229 > qui 22h30-2h, sex-sáb até 4h > grátis

Nas noites do Rio Maravilha, segue-se o ritmo do tropicalismo

No Rio Maravilha, também são famosos os cocktails de

autor criados por Fernão Gonçalves.

Entre os mais apreciados, está o “fresco, fumado e

um pouco picante” Rum sour de

ananás braseado, mel, alecrim e

paprika (€8)

AmoreNostrum_V7_1197.indd 1 05-02-2016 17:08:39

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 18: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

18 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

S A I R PORTO INSÓLITOP o r G E R M A N O S I L V A

Esta não primeira vez que os Bons Rapazes – o mesmo é dizer Álvaro Costa e Miguel Quintão – ocupam a Sala Cubo, no bar Plano B, no Porto. É verdade que o programa da Antena 3 terminou há quase quatro anos, mas a dupla continua a divulgar as novas tendências da

música. Agora, nos palcos de bares e festivais, por todo o País. De dois em dois meses, a Sala Cubo está por sua conta, por isso, na noite do próximo sábado, 13, Álvaro Costa e Miguel Quintão lá estarão. Estes dois bons rapazes juntam-se à dupla Joaquim Mota e Isidro Lisboa, que estarão noutra sala do Plano B, e, em conjunto, fazem a festa do Dia Mundial da Rádio, que se celebra exatamente nesse dia. Dois registos diferentes, entre a eletrónica, selecionada por Álvaro e Miguel, e a tentativa de ir a todo o lado, numa “vertente free style à boleia do samba, do funk, da soul, do afro disco, mas com critério” promovida por Mota e Lisboa. Durante mais de quatro horas, sem computador, só com CDs e vinis para fazer alinhar as músicas, os animadores de rádios prometem sacudir o Plano B. “É para quem não gosta tanto de eletrónica, mas mais de canções”, diz Isidro Lisboa sobre o que preparou para a noite de sábado. Um alinhamento aberto onde cabem “mais de mil músicas”, garante. “Não é para arrebatar, mas para agitar e dançar.” Susana Silva Oliveira

Dia Mundial da Rádio Porto Tudo bons rapazes

Plano B > R. Cândido dos Reis, 30, Porto > T. 22 201 2500 14 fev, dom 1h > €5

D.R.

Álvaro Costa, Miguel Quintão, Joaquim Mota e Isidro Lisboa juntam-se numa longa noite de celebração no Plano B

O Plano B continua com uma programação intensa. Na próxima semana, na sexta-feira, 19, Felix Martin, da banda britânica Hot Chip, regressa à mesa de mistura para pôr todos a dançar pela madrugada fora.

A cerca dos CongregadosA Travessa dos Congregados, como o nome indica, é da génese do mosteiro que os padres da Congregação do Oratório (Congregados) aqui começaram a construir em 1680. A estreita artéria, hoje sem saída, estabelecia a ligação natural entre a Rua do Bonjardim e a

Cancela Velha, quando ainda não existiam as ruas de Sá da Bandeira nem a de Sampaio Bruno. É uma das mais bizarras serventias do centro histórico do Porto, situada a centena de metros da Praça da Liberdade. É um friso de gostosos apontamentos gastronómicos porque é nas tasquinhas e restaurantes que a povoam que encontramos um bom prato de chispe com feijão branco, ou um inimitável arroz de tomate com pataniscas. Do lado esquerdo, para quem entra pela Rua de Sampaio Bruno, topamos com um portal de lavor quinhentista, de características tipicamente manuelinas. De onde terá vindo este mimo arquitetónico, espécie rara no Porto? Para quem não se lembre, passava por aqui a enorme cerca do convento dos padres oratorianos de S. Filipe de Néry a que pertencia a igreja conhecida por Santo António dos Congregados. Esta porta era um dos locais de acesso a essa cerca. O convento há muito desapareceu na voragem do urbanismo desenfreado. Dele ficou a igreja e esta porta, uma suave velharia que faz o encanto do Porto arcaico.

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 19: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

C O M P R A R

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 19

O interior da 43 Branco foi deixado quase em bruto. O chão continuou em cimento. E as estantes altas de madeira são suficientes para vestir as paredes brancas. Ao fundo, uma poltrona e uma bicicleta vintage saltam à vista a quem entra na nesta nova concept store. Nada está ali por acaso. “Tudo está à venda”, anuncia Luís Palhão, arquiteto, 36 anos, que

abriu a loja em meados de dezembro numa parceria com a mãe, Maria Branco, 61 anos, joalheira por hobby e que ali vende acessórios em latão e prata banhados a ouro. A diferença de gerações não os impediu de terem uma paixão comum: o design. E nesta concept store na Rua das Flores, na Baixa do Porto, são, de facto, as criações de autor o que mais importa. “Interessava-me alargar o conceito craft para um design mais experimental”, conta Luís que, nos últimos anos, se tem dedicado à gestão da loja de artesãos Oporto Craft Market e ao seu projeto Luburo (tshirts e cadernos personalizados com o Porto como tema). “Quero associar este conceito ao design e não tem que ser necessariamente português”, diz.

Em cima de uma enorme mesa antiga de madeira, estão peças de cerâmica pintadas à mão numa olaria alentejana de Monsaraz, andorinhas e santos em louça de Ricardo Pinheiro (de Barcelos), bonecas Noisettes e Maria Feijão da artesã Patrícia Pedro Afonso e, até, calçado para homem da portuguesa Ary. Luís Palhão gosta de reiventar e de dar novo uso a velhas peças – como uma saladeira de cortiça que transformou num candeeiro ou os objetos de uma outra marca que assina com João Araújo, a Jaapa. Aqui e ali, há televisores e rádios antigos encontrados em associações de segunda mão, a lembrar o design de outros tempos. E, sim, do novo ao velho, tudo se vende ali. Florbela Alves

43 Branco PortoTudo é design

R. das Flores, 43, Porto > T. 22 200 2000 > seg-sáb 11h-19h

LUCÍ

LIA

MON

TEIR

O

Criar e reinventar são os verbos mais usados nesta nova loja da Baixa

As peças de design de autor

da 43 Branco são escolhidas de

forma “intuitiva”, confessa Luís

Palhão, o arquiteto que abriu esta

concept store na Baixa do Porto

Converse Chuck Taylor All Star Sex PistolsA bandeira inglesa da capa do álbum God Save the Queen ou os autocarros de Pretty Vacant são apenas duas das imagens icónicas dos Sex Pistols a aparecer na nova coleção Converse Chuck Taylor All Star, para a próxima primavera, com ténis, t-shirts e blusões decorados com materiais gráficos inspirados na irreverência e rebeldia da histórica banda de punk rock. Os ténis All Star ganham sobreposições gráficas e o logótipo dos Sex Pistols na língua dos ténis e na palmilha, e as peças de roupa enchem-se de frases e fotografias lendárias. A coleção já está à venda, mas em Portugal só está disponível online, no site da marca (www.converse.com). Os preços variam entre €70 e €95. S.L.F.

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 20: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

20 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

V E R

Buika Porto e LisboaFlamenco do mundo

Coliseu do Porto > R. de Passos Manuel 137, Porto > T. 22 339 4940 > 12 fev, sex 21h30 > €27 a €40 Coliseu dos Recreios > R. das Portas de Santo Antão, 96, Lisboa > T. 21 324 0580 > 13 fev, sáb 21h30 > €20 a €40

D.R.

A cantora espanhola está de regresso a Portugal para apresentar o seu disco mais recente, “Vivir Sin Miedo”

Nascida há 43 anos em Palma de Maiorca, esta filha de exilados políticos da Guiné-Equatorial deu-se a conhecer em 2005, com o registo homónimo Buika, o primeiro de uma trilogia dedicada ao flamenco que, em

conjunto com Mi Niña Lola (2006) e Niña de Fuego (2008), a afirmou como uma das figuras de proa da nova geração deste estilo musical. Aos poucos, foi introduzindo outras latitudes na sua música, em discos como El Último Trago (2010), que lhe valeu um Grammy, En Mi Piel (2011) e La Noche Mas Larga (2013), numa constante evolução que teve o seu auge no seu mais recente álbum Vivir Sin Miedo, editado no final do ano passado. Cantado em inglês e em espanhol, é, segundo a própria, o seu trabalho mais pessoal até à data. Por ter ser sido todo escrito por si, apesar da colaboração de pesos pesados da música norte-americana, como o cantor Jason Mraz ou a rapper Meshell Ndegeocello, mas também por ser a materialização do seu universo muito próprio,

tanto pessoal como musical. Mais uma vez, o flamenco serve como ponto de partida para uma viagem musical sem fronteiras, onde também há espaço para a soul, o reggae, o hip-hop ou a pop. O título apresenta-se assim como uma espécie de resumo da carreira de Buika, desde sempre imune a qualquer tipo de rótulo, até pelo modo como se divide pelas mais diversas artes, como a escrita ou o desenho, com o mesmo à-vontade com que canta o mundo, a vida e as pessoas. Como o nome indica, Vivir Sin Miedo é também um álbum reivindicativo e de intervenção, por parte de uma artista assertiva, no modo como diz (e canta) tudo aquilo que pensa. E, por mais polémico ou fraturante que se mostre, não há tema que escape a Buika, seja ele a religião, as drogas, a política ou o amor… Miguel Judas

Além da carreira como cantora, Concha Buika é também escritora, fotógrafa, desenhadora e atriz, numa imensa atividade artística que, segundo a própria, é resultado dos seus diversos alter egos.

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 21: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 21

Compostos por membros de alguns dos mais excitantes grupos da nova geração do rock nacional, como os Linda Martini, os Riding Panico ou os Vicious Five, quando surgiram, em 2009, os Paus foram apelidados de superbanda. O que poucos esperariam, no entanto, era que o grupo se tornasse num dos maiores fenómenos da atual música portuguesa. Com uma sonoridade construída a partir da “bateria

siamesa” de Hélio Morais e Joaquim Albergaria, à qual se juntou mais tarde Paulo Mokoto no baixo e João Shela (entretanto substituído por Fábio Jevelim ) nas teclas, a sua música não seria à partida a mais imediata, mas a realidade provou exatamente o contrário, especialmente nos concertos ao vivo. Com apenas um EP editado, tocaram nalguns dos maiores festivais, como Paredes de Coura, Alive e Super Rock, onde a sua “música instintiva e sem rótulos”, como os próprios a definem, depressa conquistou o público. O primeiro álbum homónimo, editado em 2011, apenas confirmou que a excentricidade musical deste grupo de amigos era muito mais do que isso, conseguindo na altura uma entrada direta para o terceiro lugar da tabela nacional de vendas. Seguiu-se Clarão, que em 2014 lhes abriu as portas de alguns dos maiores festivais de música do mundo, como o South by Southwest ou o Primavera Sound. Estão agora de regresso com Mitra, o terceiro álbum de originais, apresentado ao vivo em Lisboa no mesmo dia em que é posto à venda, seguindo-se uma digressão nacional, que os levará, durante as próximas semanas, um pouco por todo o país. M.J.

Paus Lisboa e CoimbraO terceiro capítulo

Cinema São Jorge > Av. da Liberdade, 175, Lisboa > 21 310 3400 > 12 fev, sex 21h30 > €10 a €12 Teatro Académico de Gil Vicente > Pç. República, Coimbra > T. 239 855 630 > 13 fev, sáb 21h30 > €7

MAR

COS

BORG

A

A banda lisboeta apresenta ao vivo o novo disco, “Mitra” Cristina Branco & Mário Laginha Trio LisboaConhecida pelos seus inúmeros cruzamentos musicais, Cristina Branco volta a juntar-se ao coletivo liderado pelo pianista Mário Laginha para interpretar temas de Chico Buarque, num projeto inicialmente criado para o Festival Literário de Óbidos que agora é replicado em Lisboa, num ciclo de concertos que tem nestes dois dias as suas últimas sessões.

Teatro Municipal São Luiz > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7640 11-13 fev, qui-sáb 19h > €12

Catrin Finch e Seckou Keita LisboaA mais famosa harpista galesa juntou-se ao virtuoso intérprete senegalês de kora para criar o espetáculo Clychau Dibon, no qual duas culturas totalmente distintas, a música mandiga da África Ocidental e as melodias ancestrais do País de Gales, se unem na criação de algo completamente novo e original.

Fundação Calouste Gulbenkian >Av. de Berna, 45A, Lisboa > T. 21 782 3700 > 17 fev, qua 21h > €18

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 22: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

22 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

V E R

A música foi escrita por Prokofieff, a coreografia desenhada por Leonid Lavrovski. Os bailarinos são Galina Ulanova (Juliet) e Yuri Zdhanov (Romeo), da companhia russa de Ballet do Teatro Bolshoi. Apresentado pela primeira vez em Portugal, o filme original a preto e branco, Romeu e Julieta, o bailado, de 1955, marca, este sábado, 13, o início do ciclo

Invicta.Música.Filmes que, há quatro anos, “celebra a relação entre a música e o cinema”, como salienta Rui Pereira, editor de programação da Casa da Música, no Porto. A exibição do filme original, reconstruído pelo European Film Philharmonic Institute, é acompanhada pela Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, sob a direção musical de Adrian Prabava. “Normalmente, os bailarinos dançam para a música. Aqui serão os músicos a tocar para a dança que estará a ser projetada”, continua Rui Pereira. Outro destaque deste ciclo que homenageia uma antiga produtora de cinema, a Invicta Film, será um concerto feito em exclusivo com bandas sonoras de filmes célebres. Em Música no Cinema Americano, na sexta-feira, 19, a Orquestra Sinfónica relembrará as músicas de Platoon, de Oliver Stone (ou Os Bravos do Pelotão, 1986), de Breve Encontro (1945), de David Lean, e de 2001, Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, tocando Samuel Barber, Richard Strauss e Sergei Rachmaninoff, a segunda obra da integral dos concertos para piano do compositor russo interpretada este ano pela Casa da Música (pelo jovem pianista João Bettencourt da Câmara). O ciclo alarga-se ao serviço educativo e ao público mais jovem, no sábado, 13, às 16h, evocando personagens como Laika, a cadela russa “astronauta”, a nave Sputnik ou o jornal da União Soviética Pravda, num concerto dirigido e interpretado pelo Factor E!. Florbela Alves

Invicta.Música.Filmes PortoDo cinema para a partitura

Romeu e Julieta, o bailado > Casa da Música, Av. da Boavista, 604, Porto > T. 22 012 0220 > 13 fev, sáb 18h > €15Música no Cinema Americano > Casa da Música, Av. da Boavista, 604, Porto > T. 22 012 0220 > 19 fev, sex 21h > €19Clássicos no Cinema > Casa da Música, Av. da Boavista, 604, Porto > T. 22 012 0220 > 21 fev, dom 12h > €7,50

O ciclo que celebra a sétima arte regressa à Casa da Música, com estreias. Um bailado de 1955 musicado é uma delas

Só graças às novas tecnologias

foi possível a reconstituição

do filme original, Romeu e Julieta,

o bailado pelo alemão European

Film Philharmonic Institute, que

agora estreia em Portugal, neste ciclo na Casa da

Música

Mayra Andrade & Orquestra Jazz de Matosinhos BragaNão é a primeira vez que Mayra Andrade canta com a Orquestra de Jazz de Matosinhos (OJM). Já antes a cantora cabo-verdiana cruzou a sua voz com uma das formações de músicos de jazz mais promissora do nosso país. O primeiro encontro ocorreu em 2012, na Casa da Música, no Porto, e, desta vez, será Braga a receber este concerto onde não faltam temas bem conhecidos de Mayra Andrade, cantados em crioulo, português e inglês, como Stória, Stória, Odjus Fitchadu, Regasu, Nha Damáxa ou novos arranjos do seu mais recente disco, Lovely Difficult. A OJM, dirigida por Carlos Azevedo e Pedro Guedes, que, há dias, atuou na Wiener Konzerthaus, na Áustria, com o músico americano Kurt Rosenwinkel, tem partilhado o palco com vozes como as de Carla Bley e Maria João. F.A.

Theatro Circo, Av. da Liberdade, 697, Braga > T. 253 203 800 > 13 fev, sáb 21h30 > €20

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 23: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 23

God LisboaJoaquim Monchique é o protagonista da versão portuguesa, encenada por António Pires, da comédia do guionista norte-americano David Javerbaum, que tem sido um êxito na Broadway. Em God (An Act of God, no original), acompanhado pelos anjos Miguel e Gabriel, interpretados aqui pelos atores Diogo Mesquita e Rui Andrade, Deus vem à Terra anunciar aos humanos um futuro mais radioso. Será possível?

Casino Lisboa > Al. dos Oceanos, Lt. 1.03.01, Parque das Nações, Lisboa > 21 892 9000 > 17 fev-10 abr, qui-sáb 21h30, dom 17h > €12 a €16

As Cidades Invisíveis LisboaO Teatro Maria Matos encomendou ao dramaturgo e encenador brasileiro Alex Cassal um espetáculo para adolescentes a partir de As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino. O resultado foi este: As Cidades Invisíveis. Um Certo Número de Objetos Desloca-se num Certo Espaço, criado e interpretado por Alfredo Martins, Paula Diogo e Rafaela Jacinto, três viajantes a flutuarem no meio do Mediterrâneo. Pensado para maiores de 14 anos, aqui se falará de cidades e pessoas imaginadas, territórios e culturas, semelhanças e diferenças – e de fronteiras, que será preciso sempre ultrapassar.

Teatro Municipal Maria Matos > Av. Frei Miguel Contreiras, 52, Lisboa > T. 21 843 8800 > 11-14 fev, qui-sex 15h30, sáb-dom 16h30 > €3 (adolescente), €7 (adulto)

A luta contra o tempo foi assumida por Joclécio Azevedo. “Vivia com a frustração de não conseguir desenvolver os projetos como desejava”, conta o coreógrafo. Queria resistir aos processos criativos mais mecanizados, de consumo imediato, e construir um contexto para as suas peças. Assim nasceu Intermitências, olhando para a cidade do Porto e para o contexto cultural proporcionado, nos últimos tempos,

pelo Teatro Municipal Rivoli. “A ideia foi pensar a relação dos artistas com as instituições, muitas vezes efémeras.” Joclécio desafiou os moldes imediatistas da criação artística nesta coprodução entre o Teatro Municipal do Porto e a Circular Associação Cultural. Desde maio de 2015, realizou uma série de residências artísticas que culminaram em três momentos de abertura ao público, em diferentes espaços do Rivoli. “São objetos de transição que misturam apresentação com processo criativo e ajudam a perceber os modos de funcionamento com a equipa”. O primeiro momento constituiu uma conferência performativa com o artista plástico Jérémy Pajean no pequeno auditório. Meses depois, foi a vez de entrar em cena o músico Vítor Afonso (aka Kubik), num concerto performance no subpalco do Rivoli, promovendo-se o diálogo entre processos de escrita musical e coreográfica. Em novembro, os bailarinos André Mendes, Bruno Senune, Camila Neves, Joana Castro e Joclécio Azevedo trabalharam uma coreografia informada por uma série de encontros, de curta duração, separados por intervalos, em que dominavam as interrogações sobre o tempo, as motivações e a ideia de repetição. Durante este longo processo, “o público criou uma relação com o projeto e uma expetativa sobre a forma como se iria desenvolver”, diz Joclécio. Os materiais acumulados nestas múltiplas ações intermitentes alimentam agora a nova criação, apresentada no grande auditório. As interrupções enquanto processo de trabalho, que interferem com o ritmo de produção e de reflexão, acabaram por constituir a matéria-prima do espetáculo. Joana Loureiro

Intermitências PortoFora de tempo

Teatro Municipal Rivoli > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 2201 > 13 fev, sáb 19h > €7,50

JOSÉ

CAL

DEIR

A

O espetáculo do coreógrafo Joclécio Azevedo questiona os processos de criação e foge à produção em série

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 24: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

24 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

V E R

Será um bom motivo para (re)visitar a belíssima igreja seiscentista, em Lisboa: a programação curada por Paulo Pires do Vale apresenta artes, performances, canto, música, cinema – tudo para ajudar o restauro do templo da Mouraria. A ideia parte da hagiografia de São Cristovão, que a lenda conta ser o gigante Reprobus, carregador de um

Cristo com o peso do mundo em si, aqui traduzida em temas como a viagem, a distância, o peso, a leveza. Primeiro, seguir-se-à a sinalética do artista plástico francês Martin Monchicourt nas escadinhas de São Cristovão e nas escadas da própria igreja. Lá dentro, o templo esvaziado, receberá, entre esta quinta-feira, 11, e 27 de fevereiro, os dois trabalhos centrados no corpo do projeto Vão, criado pela coreógrafa Madalena Victorino: Ringue, criação coreográfica (com André Amálio, Michel, Pedro Salvador, Ricardo Machado, Samuel Stanescu e Tereza Havlickova) inspirada numa tela da sacristia que mostra Cristo a abraçar o pai moribundo (11 fev, qui 20h, 21h30; 12 fev, sex 20h; 14 fev, dom 18h, 19h, 20h); e Corações ao alto, criação vocal de Margarida Mestre, inspirada em coros religiosos (20 fev, sáb 19h, 20h; 21 fev, dom 18h, 19h). Depois, serão obras de artistas plásticos a habitar o espaço: do belga Francis Alÿs a 17 de março; de Rui Chafes, que revela esculturas criadas para o efeito, a partir de 5 de maio; e de Agnes Martin, que apresenta o filme Gabriel (1976), a 7 de julho. Quatro passos para encontrar um norte. Sílvia Souto Cunha

Não te Faltará a Distância LisboaIgreja de portas abertas à arte

Igreja de São Cristovão > Lg. de São Cristovão, Lisboa > T. 91 711 3398, 21 886 8457 > 11 fev-7 jul, seg-sáb 10h-19h, dom 10h-13h

JOSÉ

CAR

LOS

CARV

ALH

O

Uma exposição contemporânea em quatro passos, para (re)ver, com outro olhar, a igreja barroca de São Cristovão

A igreja de São Cristovão foi pioneira de originais recolhas de fundos para a sua conservação e recuperação: por exemplo, vendendo telhas, onde é possível escrever mensagens pessoais, para custear um novo telhado.

Registos de Inter-religiosidade LisboaOlhar o Outro também significa observar hábitos e roupas, comidas e comércios, objetos e símbolos de fé – sinais da diferença e, bem entendido, do fascínio. Trinta e oito autores, integrados nos Urban Sketchers, posicionaram-se nas esquinas, ruas e templos da Lisboa castiça e centenária, agarrando nos seus caderninhos para registar graficamente cenas da Lisboa dita multiculturalista. As ruelas e pracinhas alfacinhas mudaram ao sabor dos novos habitantes, e, desses postos de observação-com-lápis-na-mão, resultaram não uma, mas duas exposições: Narrativas de Interculturalidade abriu portas a 7 de janeiro, focando os novos comércios, as cores e cenários trazidos por muitas etnias. Nesta quinta-feira, 11, junta-se-lhe Registos de Inter-religiosidade, um conjunto de 96 desenhos dedicados à diversidade ecuménica: por entre as velhinhas igrejas católicas, foram erigidos outros lugares de culto onde os crentes vão comungar, toda uma realidade a cores retratada em desenhos figurativos ou impressões atmosféricas. S.S.C.

Casa dos Mundos > R. Nova da Piedade, 66 > T. 21 130 8480 > 11 fev-24 mar, ter-sáb 14h30-19h30

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 25: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 25

Lisboa revistada – Photo-Liturgy Lisboeta & Kino-Exorcismo Pessoano LisboaCidade onírica

“Pensar é estar doente dos olhos”, escreveu Alberto Caeiro, o heterónimo pessoano que, seduzido pela sensorialidade do mundo à sua volta, recusava qualquer tipo de reflexão filosófica ou metafísica mediadora. O poeta “guardador de rebanhos” privilegiava a natureza acima de tudo, fruindo-a tal qual esta se lhe apresentava. O realizador Edgar Pêra, experiente mago de um certo artificialismo, reclama as

afinidades literárias e passeia-se à boleia desta galáxia pessoana, cruzando, aqui, as fronteiras entre o cinema e as artes plásticas. E a apropriação singular de Lisboa transfigura-a numa paisagem bizarra, petrificada, holográfica, mais condizente com planetas estranhos ou experiências alucinogéneas. Sempre atento a uma reflexão sobre a alteridade, as potencialidades visuais, a velocidade, a perceção, o criador apresenta uma instalação 3D digital e um conjunto de 40 fotografias – ou devemos chamar-lhes fotogramas? Há imagens do casario da cidade visto dos miradouros, há planos de jardins espectrais e de espécimes botânicos, observam-se banquinhos que evocam a flanêrie do poeta, bandos de pássaros, monumentos emblemáticos, estátuas impregnadas com o desassossego da tridimensionalidade...

Estas fotografias com aparente enquadramento clássico, resultam numa criação experimentalista, realçada pela passagem do 2D ao 3D: dentro de paisagens oníricas, vagamente abstratas, reencontram-se postais reconhecíveis com um toque de extravagância. A capital mostra-se transformada, à maneira de um negativo: a familiaridade é incerta, a sensação é amplificada pelo recurso à técnica anaglífica, o vocabulário estereoscópico tudo domina. Não é de estranhar se alguns de nós tivermos a sensação de viajar no tempo, até aos sonhos da infância, reencontrando um exercício de estilo semelhante ao que experimentávamos ao espreitar o mundo, tridimensional, através de um velhinho Viewmaster. S.S.C.

Casa da Liberdade – Mário Cesariny > R. das Escolas Gerais, 13, Lisboa > T. 21 88226 07 17 fev-12 mar, seg-sáb 14h-20h

CRÉD

ITO

FOTO

O realizador Edgar Pêra aventura-se numa dimensão alternativa, criando fotografias de Lisboa para ver com óculos 3-D

Se já não fosse... PortoSusana Chiocca tem um corpo de trabalho, cuja principal expressão radica na performance, com recurso à spoken word, aos elementos cénicos, à música, e à interação com o público. A artista não se abstém de um posicionamento ideológico, filtrando temas incómodos, sejam estes o peso de existir ou o esmagamento – ou esvaziamento – social, associados à condição do País e a tragédias do quotidiano. Uma reflexão militante, a que também podemos chamar catarse, muitas vezes partilhada com quem observa – que tanto a pôde ver a malhar literalmente num saco de ossos e a vocalizar um lamento crescente, como a desenhar a silhueta de Portugal numa parede. Nesta exposição, Susana Chiocca apresenta fotografia e videoperformance. Esta última, a partir do projeto Bitcho, em que tem vindo a trabalhar desde 2014, e em que se transforma numa figura de máscara, descrita como “ambígua, meio ancestral como um híbrido folk”, num número “entre o cabaret e a patafísica”, com recurso a textos de autores como Cesariny ou Álvaro Lapa, e invocando influências tão diversas como Duchamp, David Bowie ou referências xamânicas. No mesmo espaço, mostra trabalhos fotográficos de paisagens e personagens, afetados por uma espécie de deslocamento face à realidade – ossos espalhados pelo chão, símbolos nacionais presos no tempo, um homem barbudo maquilhado... S.S.C.

Espaço Mira > R. de Miraflor, 159, Campanhã > T. 92 914 5191, 92 911 3431 > 14 fev-5 mar, ter-sáb 15h-19h

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 26: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

26 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

V E R

Quarto Um universo de 10 metros quadrados

Um quarto sem janela é o universo de Jack, uma criança nascida numa cave, onde a mãe, durante anos, esteve à mercê de um sequestrador. A história contada no best-seller de Emma Donoghue, e parecida com outras de impacto mediático, chega agora ao cinema, pela câmara de Lenny Abrahamson. Quarto está nomeado para melhor filme, mas

é um dos grandes favoritos ao Oscar de melhor atriz, pela interpretação assombrosa de Brie Larson. A primeira parte é aquela que se passa no quarto, de sensivelmente 10 metros quadrados. Abrahamson fecha-nos nas quatro paredes e explora os limites do mundo de Jack. É um fértil terreno ficcional, que nos chega a lembrar Lars Von Trier (ou pensar no que Trier faria com um argumento destes), onde há uma relativização do universo e, simultaneamente, um instinto maternal apurado em pequenos detalhes. É motivante o desafio de desenvolver o filme entre paredes estreitas, optando pelo uso de grandes planos e movimentos dinâmicos de câmara, que não disfarçam a claustrofobia, sem recorrer a cenas de desespero histérico. Essa primeira parte é quase perfeita, até porque tem a inteligência de abordar a história do sequestro numa fase final, sem recorrer a explicações demasiado minuciosas, deixando o cinema falar por si. Com a libertação, fruto de um ousado plano de fuga, sentimos que o filme acabou. Mas há um segundo filme que começa. Todos os psicólogos concordam que este tipo de sequestro não termina com a libertação das vítimas. E, talvez por isso, Abrahamson quis ir até outro fim, explorando a deriva emocional e psicológica das personagens, que passa pela síndrome de Estocolmo. A segunda parte é mais vulgar, quer em termos narrativos quer em termos cinematográficos. Tal como as suas personagens, o filme tem dificuldades de adaptação ao imenso espaço exterior e perde a coerência estética. Contudo, nunca deixa de ser uma obra notável. E Brie Larson merece o Oscar. Manuel Halpern

De Lenny Abrahamson > Com Brie Larson, Jacob Tremblay, Sean Bridgers > 118 min

D.R.

A história de uma criança nascida e criada na cave onde a mãe vivia sequestrada é o mais horripilante dos nomeados para os Oscars

A atriz Brie Larson isolou-se do mundo durante um mês e seguiu uma dieta rigorosa para se sentir mais próxima da personagem: uma mulher que viveu anos sequestrada num quarto minúsculo.

Ciclo Tarkovsky Lisboa e Porto A obra de um dos mais geniais realizadores da história do cinema volta a ser exibida em sala, e com cópias restauradas. Vale a pena ver ou rever os filmes do russo Andrei Tarkovsky. Até porque são a chave para compreender parte do cinema contemporâneo. Se não tivesse visto Andrei Tarkovsky, Alejandro González Iñárritu não teria filmado O Renascido da mesma maneira. Nem 2001: Odisseia do Espaço, de Stanley Kubrick, seria o mesmo sem Solaris. No total serão exibidos oito filmes, em Lisboa, no Porto e, mais tarde, em extensões pelo resto do País. Algumas das obras serão mostradas pela primeira vez no nosso país. É o caso de O Rolo Compressor e O Violino, filme de final de curso de Tarkovsky, que deixa algumas pistas para a grandeza do seu cinema. Passam também A Infância de Ivan (1962), Andrey Rublev (1966), Solarys (1972), O Espelho (1974), Stalker (1979), Nostalgia (1983) e O Sacrifício (1986). Obras basilares, que vão desde a ficção científica ao romance histórico, sempre com uma deslumbrante linguagem estética e narrativa. M.H.

Cinema Nimas > Av. 5 de Outubro, Lisboa > T. 21 357 4362 > Cinema Monumental > Av. Praia da Vitória, 72, Lisboa > T. 21 314 2223 > 11 fev-16 mar > Teatro Municipal Campo Alegre > R. das Estrelas, Porto > T. 22 606 3000 > 11 fev-2

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 27: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

L I V R O S E D I S C O S

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 27

Começa com O Ponto de Vista do Vencido, termina com uma fábula de resignação em Pão com Laranjas, com um narrador que, confrontado com a possibilidade de usufruir dos três desejos concedidos a Aladino, escolhe, por medo dos castigos associados (ou dos juros de mora?), continuar a ser o que é: “Nem pobre nem rico: um ser remediado com o

produto e o suor do seu trabalho; e saudável o bastante para estar vivo, conhecer e amar este mundo (que é tão belo, tão real à nossa medida!).” Mas até chegar a esta última página sobre a “redenção da pequena vida”, “a única doença de que ninguém conhece possibilidade de cura”, João de Melo faz-nos navegar por águas turbulentas, embarcados num navio prestes a afundar, com rombos assinaláveis, incêndios na casa das máquinas, ausência de botes salva-vidas para todos. Os Navios da Noite somos nós, e é o país a atravessar a noite escura da crise e não só. Estes 18 contos são dedicados aos vencidos da vida, derrotados que passam na escuridão como barcos insignificantes, ainda que a epígrafe de Jorge Luis Borges lhes restitua luz: “Há sempre algo de grandioso na derrota que não pertence à vitória.” A escrita revela histórias, como a do professor, preso político torturado em Caxias, que quebra sob o peso de “duas dores insuportáveis”, “a dos ossos ofendidos e a da minha rendição aos inimigos”. Ou o desgastado padre Filomeno, empanturrado dos pecados alheios, que desiste – e é visto como possuído pela Besta, e castigado em fogueira inquisitorial. Ou a professora Aida, regressada após 15 anos de ausência a um país “na mais funda lástima”, com “velhas senhoras” a quem inculcaram um remorso: “O seu país está doente de morte porque elas deram de comer e de beber aos filhos e aos maridos.” Por aqui, passam ainda Eça de Queirós, viúvos e doentes, viajantes de cruzeiro a quem tudo acontece – gente infeliz com lágrimas que João de Melo quer curar do esquecimento. Sílvia Souto Cunha

Os Navios da Noite João de MeloDos fracos rezam estas histórias

ANA

BAIÃ

O

Um novo livro escolhe o formato curto dos contos para narrar uma história longa: a da condição humana

Os Navios da Noite (D. Quixote, 336 págs., € 16,90), novo livro que reúne 18 contos, chega às bancas depois de João de Melo ter sido distinguido com o prémio Vergílio Ferreira 2016, pelo conjunto da sua obra

Regresso ao Paraíso Germano AlmeidaO paraíso não é a América, descobrem alguns personagens do 16º livro de Germano Almeida, forçados a uma diáspora que deixa amargos de corpo e de coração. O éden tem, antes, o “forte olor das linguiças enfiadas em canas de cariço” que alouravam no fogão, a memória sensorial que inaugura Regresso ao Paraíso (Caminho, 296 págs., €15,90), viagem evocativa a um Cabo Verde passado, filtrado através dos olhos clementes da infância e ligado às memórias do seu autor. Há episódios picarescos, tradições ancestrais, aventuras de meninice, familiares excêntricos e ternos – como o tio Leocádio que ensinava reza antipesadelos aos miúdos, ou nha Marquinha que falava com defuntos. Mas o progresso chega à Boa Vista, trazendo modernices: oleados de chão, aeródromo, carrinhas de transporte de pessoas... Portugal está sempre lá, onmipresente em Balão, o homem de pernas tortas que trouxe água ao chafariz, ou nas queixas do professor Rosado, açoriano que perde o emprego por recusar o convite para entrar na União Nacional, ou nas obras feitas apenas para receber o presidente Craveiro Lopes. S.S.C.

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 28: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

L I V R O S E D I S C O S

28 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

Não foi preciso pensar muito para descobrir o título certo para o seu novo disco: Carlos Martins é o álbum mais pessoal de uma já longa carreira do saxofonista a quem os amigos chamam Caínha

Carlos Martins Carlos MartinsA suave luz da música

D.R.

Falar de Carlos Martins é um pouco como regressar a uma boa parte da história do jazz nacional das últimas três décadas. Saxofonista, compositor e professor de música, foi fundador de coletivos importantes como o quinteto de Maria João ou do Sexteto de Jazz de Lisboa, além

de ter trabalhado com algumas figuras maiores do panorama internacional. Entre elas, a baterista norte-americana Cindy Blackman, que com Bernardo Sassetti e Carlos Barretto participou nas gravações de Passagem, o álbum de 1995 que então o confirmou como uma das figuras emergentes do novo jazz europeu. Longe vão os tempos em que começou por estudar música e clarinete na Banda Filarmónica de Grândola, no seu Alentejo natal, cujas memórias recupera agora no novo disco, um dos seus trabalhos mais pessoais, e que por isso tem apenas como título o seu próprio nome. Nele, o também diretor artístico da Associação Sons da Lusofonia volta a vaguear por esse imenso sul, desde sempre uma das suas principais fontes de inspiração, ao longo de onze novos temas que são também uma celebração do mundo onde se move e se sente bem. Histórias e momentos contados por Carlos Martins de uma forma quase cinemática, recuperando para o universo do jazz o seu também muito profícuo trabalho para cinema e dança, numa sucessão de ambientes sonoros que transporta o ouvinte numa viagem musical pela luz e cultura do sul da Europa. Mais uma vez, também neste disco surge acompanhado por alguns dos melhores, músicos e amigos: Alexandre Frazão (bateria), Carlos Barretto (contrabaixo) e Mário Delgado (guitarra), com quem esta sexta, 12, subirá ao palco da Culturgest, para a primeira apresentação ao vivo deste mapa emocional de um sul muito especial – o sul de Carlos Martins. Miguel Judas

Depois da homenagem a Bernardo Sassetti, em 2014, o saxofonista está de regresso ao seu fascínio pela(s) cultura(s) do sul da Europa

Amplitude Danças Ocultas e Orquestra Filarmonia das BeirasQuando se estrearam em disco, em 1996, não era nada óbvio que aquele projeto inédito e original, com quatro concertinas e muitos sonhos, pudesse vingar pelos anos fora... A verdade é que souberam definir uma identidade muito própria e inventar um caminho só deles (muitas vezes em boas companhias), sempre alicerçados no som de acordeões diatónicos (mais conhecidos como concertinas) com uma afinação própria que os distanciava da estridência dos bailes populares muitas vezes associada, por cá, a esse instrumento. Vinte anos depois, esse caminho desemboca num belo disco, só possível como ponto de chegada (ou passagem...) de uma carreira sólida, segura. Em Amplitude registam-se as atuações das Danças Ocultas com os instrumentos de corda da Orquestra Filarmonia das Beiras na Casa da Música e no Centro Cultural de Belém em maio de 2015. Rodrigo Leão teve um papel importante no nascimento deste projeto há duas décadas, e faz por isso sentido encontrá-lo aqui, juntando-se ao grupo no único tema do disco não creditado às Danças Ocultas (Tardes de Bolonha). Destaque, ainda, para a voz de Carminho em O Diabo Tocador cantando uma letra tradicional portuguesa (Minha Roda 'stá Parada), e para a participação dos Dead Combo em Esse Olhar. A música das Danças Ocultas continua a ser de um género difícil de classificar (contemporânea? erudita? popular?) mas a que sabe sempre bem regressar. P.D.A.

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 29: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 29

T V

O regresso das séries Esta é a semana de todos os regressos no que toca às séries de televisão, depois da tradicional pausa a meio da temporada, no final do ano. O episódio nove da 6.ª temporada de Castle retoma as aventuras de Rick Castle e Kate Beckett e as suas investigações de homicídios pelas ruas de Nova Iorque (12 fev, sex 22h15, AXN). Exatamente no mesmo episódio da mesma temporada foi interrompida, há quatro meses, The Walking Dead, que agora está de volta, apenas com 24 horas de diferença da emissão nos Estados Unidos. Os espectadores conhecerão finalmente o vilão Negan, ao mesmo tempo que a segurança de Alexandria é posta à prova. Agora, Rick, Daryl, Carl e os restantes não terão de lutar apenas pela sua sobrevivência, mas também pela sua casa (15 fev, seg 22h15, FOX). Por seu lado, as cinco amigas de Pequenas Mentirosas não só regressam ao pequeno ecrã como também a Rosewood, cinco anos depois do último episódio. Depois de terem descoberto quem era o misterioso e manipulador “A”, Aria, Spencer, Emily, Alison e Hanna estão mais velhas e com novas vidas – mas a dúvida persiste: será que “A” voltará a atacar? (17 fev, qua 20h40, AXN White). Com outras preocupações andará o grupo de médicos mais famoso da televisão, em Anatomia de Grey. O episódio 9 da 12ª temporada traz um novo grupo estagiários, agora que os produtores querem refrescar a história, depois da saída de Patrick Dempsey, o eterno McDreamy (17 fev, qua 22h20, FOX Life). Logo a seguir, chega Olivia Pope, com a lista interminável de segredos de pessoas influentes dos Estados Unidos que tem como função encobrir, em Scandal. Na 5ª temporada da série, veremos o lado mais íntimo da ex-advogada, que agora também terá de se preocupar com os mistérios que ameaçam arruinar a sua carreira (17 fev, qua 23h10, FOX Life). I.Ro.

Vinyl TVSériesSexo, drogas e rock’n’roll

É a grande aposta do canal HBO neste início de ano e uma das estreias mais aguardadas. Vinyl, a série que leva para a televisão a cena musical dos anos 70, tem como produtores executivos Martin Scorsese e Mick Jagger (que já tinham trabalhado juntos no documentário Shine a Light, de 2008,

sobre os Rolling Stones). Logo abaixo, na ficha técnica, aparece Terence Winter (Os Sopranos e Boardwalk Empire), como autor do guião. E na lista de protagonistas, dois nomes com ligações familiares e afetivas: James Jagger, filho de Mick Jagger e da ex-modelo Jerry Hall, e Juno Temple, filha de Julian Temple, realizador de Absolute Beginners, com David Bowie. A expetativa é alta, mas não se espere de Vinyl a verdade dos factos. Sim, há uma verdade como pano de fundo, e nem seria possível contar a história do rock’n’roll, e da indústria musical, nos anos 1970, sem falar de Led Zepplin, Alice Cooper ou dos próprios Stones. Mas a série é ficção: o empresário Richie Finestra (Bobby Cannavale), um cool guy de origem italiana na casa dos 40, casado com Devon (Olivia Wilde) e pai de dois filhos, está a braços com a falência iminente da sua editora. Apaixonado pelo que faz, a única forma de impedir que a empresa seja vendida a “homens de fato e gravata, cheios de dinheiro, que de música nada percebem”, é encontrar um “novo som”. É aqui que entra Kip Stevens (James Jagger), vocalista dos Nasty Bits, banda punk a despontar em 1973, ano em que tudo parecia estar a acontecer em Nova Iorque – no Bronx, fazia-se a primeira festa hip hop e em Lafayette Street dançava-se disco sound. A estreia neste domingo, 14, é mundial, por isso, por cá, Vinyl chega às duas da manhã. E se “aquele” concerto não aconteceu exatamente naquela data... releve e aproveite. Afinal, isto é (só) rock’n’roll. Inês Belo

Estreia 14 fev, sáb 2h

D.R.

Martin Scorsese e Mick Jagger juntaram-se para produzir uma série sobre a música na década de 1970

Depois da estreia, a série Vinyl, composta por 10 episódios, passa a ser exibida sempre às segundas-feiras, pelas 22h45.

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 30: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

E S C A P A R

30 S E 7 E 1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6

Monte Santo CarvoeiroAmor e um resort

O tempo pode até nem estar fabuloso, porque a vontade de sair das suites não vai ser muita – nada de pensamentos maliciosos, apesar de estar quase aí o fim de semana do Dia de São Valentim e de ser para essa data que

recomendamos este resort Monte Santo, no Carvoeiro. A verdade é que as suites são tão espaçosas e bem equipadas que apetece aproveitá-las ao máximo. Da sala onde estão os sofás, televisão e aparelhagem ao quarto com uma cama digna das cinco estrelas que se ostentam à entrada. O Monte Santo, que ganhou a distinção do hotel mais romântico da Europa nos prémios World Travel, não podia passar ao lado do dia dos namorados e dos seus clichés. Prepare-se para ser recebido com muitos corações, música melodiosa e um menu de jantar para despertar os sentidos. Nas suites do club house, lá estará uma garrafa de espumante, duas flutes amarradas por um fio vermelho, bombons e macarrons no meio de pétalas e coraçõezinhos vermelhos. Na cama, outras pétalas de flor desenham um grande coração junto a uma caixa de chocolates. E na casa de banho há sais espalhados pela banheira e uma rosa acomodada em cima das toalhas.

Mas vale a pena sair do quarto, nem que seja para aproveitar a massagem de uma hora, a dois, que o hotel prevê nesta celebração. Ou para descer ao restaurante Monte dos Comensais, ouvir a música ao vivo e jogar snooker. Além disso, nunca dará para ignorar os oito hectares de jardim e a piscina que se avista das enormes varandas das suites. Como em fevereiro não se adivinha que se possa lá mergulhar, existe a opção interior a uns aconchegantes 28 graus, e dois jacuzis, ao lado do ginásio, do banho turco e da sauna (tudo isto se pode usar sem custos adicionais). O mar está a um quilómetro e meio – distância ideal para percorrer a pé, numa passadeira que liga o resort a uma das pequenas praias rochosas do Carvoeiro.

No caso de já não existirem vagas no club house, o resort tem mais uma centena de moradias de dois andares, mais isoladas do edifício central, mas onde também é possível ficar com esta promoção especial. Pelo caminho, encontra-se um jardim infantil (se levar crianças, haverá serviço de babysitting) e um campo para jogar ténis, futebol ou basquete. Se quiser desanuviar deste ambiente amoroso, pegue numa das bicicletas que estão à porta do resort e pedale pelas redondezas, descobrindo o barlavento algarvio. Luísa Oliveira

R. João Paulo II, Carvoeiro, Lagoa > T. 282 321 000 > €135 (noite de São Valentim)

JOSÉ

CAR

IA

E se este ano fosse passar a noite dos namorados àquele hotel que é conhecido como o mais romântico da Europa? É já ali, no Algarve

Aquele que foi nomeado o hotel

mais romântico da Europa não podia passar ao lado do

dia dos namorados e de todos os seus clichés:

prepare-se para ser recebido com muitos corações

vermelhos e pétalas de flores

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

Page 31: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

J O G O S

1 1 f e v e r e i r o 2 0 1 6 S E 7 E 31

Palavras cruzadas

Quiz

DÊ-NOS NOTÍCIAS > T.21 469 8101 > T. 22 043 7025 > [email protected]

Sudoku D I F Í C I L

SOLUÇÕ

ES

>> HORIZONTAIS >> 1. O que é que (...) tem? – a pergunta foi título da capa da VISÃO, em novembro de 2003 e 20 anos depois, continua a fazer sentido – saiba como o comentador chegou a Presidente, que efeitos têm estas eleições nos partidos e como o fracasso de Maria de Belém vai ao bolso da ex-candidata. Nome da letra F // 2. Parcela. Xarope feito com vinho e mel // 3. Tomba. Artigo (abrev.). Red. de para // 4. Língua falada outrora ao sul do Loire. A ti. Prender-se com elos // 5. Curar. Mutismo // 6. Sobre (prep.). Caiadela // 7. A ascensão e queda de “(...)” – tido como líder no gueto da Bela Vista, na Margem Sul, chegou a ser um dos homens mais perseguidos pelas polícias portuguesas – agora está preso e deu uma entrevista em exclusivo à VISÃO . Letra do alfabeto grego que corresponde ao r // 8. Manuscrito (abrev.). Milímetro (abrev.). Cloreto de sódio // 9. Jornada. Correu para longe // 10. Som imitativo do da campainha. Forma internacional de vóltio // 11. Canto plangente com que os vaqueiros guiam as boiadas. Espaço no interior do navio ou do avião, situado na parte mais baixa e que é dedicado à carga.>> VERTICAIS >> 1. Doença ou afeção produzida por fungos. (...), o vírus sexista – a OMS prevê que a doença transmitida pelo mosquito alastre a todo o continente americano e alguns governos já desaconselham a maternidade – em alguns países, as fortes restrições em matéria de aborto criam um problema acrescido // 2. Assalta // 3. Monarca. Relativo a neuma // 4. Centímetro (abrev.). Peneira de fio de seda. Medida itinerária chinesa // 5. Exprime a ideia de ar, vento (pref.). Cordel delgado // 6. Conhecer, interpretar por meio de leitura. Vento abrasador que sopra, na África, de sul para norte // 7. Dia anterior ao de hoje. Tempo Médio de Greenwich // 8. Bosque. Nome próprio masculino // 9. Espécie de pastel de massa com recheio de carne, peixe, etc. Resultado de grandes fadigas (fig.) // 10. A marca Vergílio – fomos falar com seis escritores sub-45 para perceber, no centenário do nascimento de Vergílio (...) qual a sua herança literária. Pelo de alguns animais, em especial do carneiro // 11. Pessoa ou coisa de género feminino de que se fala. Animal fóssil.

>> HORIZONTAIS >> 1. Marcelo, Efe // 2. Item, Enomel // 3. Cai, Art, Pra // 4. Oc, Te, Elar // 5. Sanar, Mudez // 6. Em, Caio // 7. Quinito, Ró // 8. Ms, Mm, Sal // 9. Ida, Fugiu // 10. Dlim, Volt // 11. Aboio, Porão. >> VERTICAIS >> 1. Micose, Zika // 2. Ataca // 3. Rei, Neumado // 4. Cm, Tamis, Li // 5. Aer, Fio // 6. Ler, Simum // 7. Ontem, TMG // 8. Luco, Ivo // 9. Empada, Suor // 10. Ferreira, Lã // 11. Ela, Zoólito.

1. Quem dedicou, no ano 2000, a canção Maçã com Bicho ao tema das praxes académicas? A. Mário MataB. Jorge PalmaC. Sérgio Godinho 2. O carro vencedor da edição de 2016 do Rally de Monte Carlo foi um...A. CitroënB. VolkswagenC. Peugeot 3. Como se chama o restaurante, no Carvoeiro, contemplado com uma estrela no guia Michelin 2016?A. TopoB. Bon BonC. La Folie 4. Em que ano surgiu, na revista Spirou, a primeira aventura de BD com o cowboy Lucky Luke?A. 1946B. 1958C. 1962 5. Quantos metros de altura tem a Torre Vasco da Gama, em Lisboa?A. 142B. 165C. 190

6. Onde nascem os escalabitanos?A. SantarémB. ElvasC. Chaves 7. Quem escreveu o livro infanto-juvenil Os da Minha Rua?A. OndjakiB. Alice VieiraC. Rita Taborda Duarte 8. Qual destes grupos participa na banda sonora do novo filme de Quentin Tarantino, Os Oito Odiados?A. Los LobosB. Dead ComboC. The White Stripes 9. Em que concelho nasceu, em 1963, o cantor Tony Carreira?A. Pampilhosa da SerraB. Ferreira do ZêzereC. Alfândega da Fé 10. Qual é a segunda maior cidade do México?A. GuadalajaraB. MéridaC. La Paz

P O R P E D R O D I A S D E A L M E I D A

>> QUIZ >> 1. C. // 2. B // 3. B // 4. A // 5. A // 6. A // 7. A // 8. C // 9. A // 10. A

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

1194957

Page 32: O PECADO DA CARNE - lardigital.com£o/visao-1197-1.pdf · Ao lado da carne ribatejana da Companhia das Lezírias, produzida de modo biológico, ... “Fazemos outros elaborados ao

Ikea_V7_1197.indd 1 29-01-2016 11:04:59

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 1194957 - [email protected] - 95.93.235.242 (11-02-16 14:41)