o estado verde - edição 22318 - 12 de agosto de 2014

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ANO VI - EDIÇÃO N o 350 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 12 de agosto de 2014 INDÍGENAS Eles já foram mais de dois milhões; hoje, não chegam a 900 mil A boa notícia: pela primeira vez, instrumentos legais favorecem a criação de um sistema de educação próprio, respeitando crenças e modos de organização social dos índios. INSUSTENTÁVEL Poluição do ar matará até 256 mil pessoas No dia de combate aos poluentes, estudo da USP traz preocupação maior. Projeta a internação de mais de um milhão de pessoas em São Paulo. Pág. 12 O instrumento deve orientar ações integradas entre os órgãos da Prefeitura para combater poluentes e construir uma cidade sustentável. Págs. 9 e 10 Terceiro componente da Política Ambiental é apresentado POLUIÇÃO Págs. 6 e 7

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

ANO VI - EDIÇÃO No 350FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 12 de agosto de 2014

INDÍGENASEles já foram mais de dois milhões; hoje, não chegam a 900 mil

A boa notícia: pela primeira vez, instrumentos legais favorecem a criação de um sistema de educação próprio, respeitando crenças e modos de organização social dos índios.

INSUSTENTÁVELPoluição do ar matará até 256 mil pessoas

No dia de combate aos poluentes, estudo da USP traz preocupação maior. Projeta a internação de mais de um milhão de pessoas em São Paulo.

Pág. 12

O instrumento deve orientar ações integradas entre os órgãos da Prefeitura para combater

poluentes e construir uma cidade sustentável.

Págs. 9 e 10

Terceiro componente da Política Ambiental

é apresentado

POLUIÇÃO

Págs. 6 e 7

Page 2: O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

COELCE ENTRE AS MAIS SUSTENTÁVEIS

De acordo com a Revista Imprensa, a Coelce está entre as 100 empresas mais sustentáveis segundo a mídia. O levantamento de auditoria de imagem foi realizado pela PR Newswire, em-presa especializada em distribuição de notícias, targeting, monitoramento e soluções de marketing. Foram pes-quisadas matérias publicadas no perí-odo de 1O de janeiro a 31 de dezembro de 2013 em 10 revistas de circulação nacional (Veja e Exame, por exemplo), além de outros cinco jornais, como O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo. A pesquisa teve como cri-térios transparência, consciência am-biental, bem-estar dos funcionários, entre outros aspectos.

LIXÃODe cada dez municípios brasileiros,

seis ainda têm lixões. Os prefeitos cor-rem o risco de responder por crime am-biental e de pagar multas milionárias. A votação que prorroga o prazo até 2022,

não aconteceu semana passada, agora, só quando setembro vier e se votarem.

No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes), só o estado de Santa Cata-rina acabou com os lixões. Um bom exemplo para todo o País, significa que o prazo estabelecido para erra-dicar lixões era cabível.

MEMÓRIA HÍDRICA Projeto de Lei, de autoria do verea-

dor Ricardo Young (PPS), que deter-mina a inclusão nas placas de todas as avenidas e ruas públicas da cida-de de São Paulo, o nome da bacia hidrográfica que está ali submersa. “A ideia do projeto é fazer com que as pessoas resgatem a memória hí-drica da cidade”.

Refl exão: De acordo com a FAO/ONU, com apenas 1,6% do gasto mundial com o setor militar, seria pos-sível acabar com a fome no planeta, mas o pior é que a fome está aumen-tando e a guerra, também.

Inscrições reabertas. Os cursos de especialização em Apicultura e Saúde e Se-gurança Alimentar da Faculdade de Tecnologia Centec (Fatec) Sertão Central estão com inscrições abertas até 29 de agosto. O objetivo é atualizar e aperfeiçoar pro-fi ssionais envolvidos nas áreas de ciências agrárias da região, aprimorando seus conhecimentos, no intuito de aumentar a quantidade, qualidade e a efi ciência na produção apícola. As aulas do curso de Apicultura acontecerão em Fortaleza, no Centro Vocacional Tecnológico (CVT) e a turma de Saúde e Segurança acontecerá na própria faculdade, em Quixeramobim. Mais informações em www.centec.org.br.

No momento em que as abelhas estão sumindo do mundo, as especializações chegam em boa hora. As abelhas de 10 países, com um comportamento muito es-tranho apresentaram a síndrome batizada de colony collapse disorder (“desordem de colapso de colônia”, em inglês). Só nos EUA, o lugar mais afetado pela doença, 50 bilhões de abelhas sumiram, esvaziando 40% das colmeias daquele país.

Para a pesquisadora May Berenbaum, da Universidade de Illinois “é uma infec-ção por vírus, que danifi ca o código genético dos insetos”. Causa modifi cações em 65 genes das abelhas – e isso é que estaria provocando o comportamento bizarro dos doces insetos (surtam e simplesmente abandonam a colmeia).

Tal desaparecimento pode ter consequências muito mais graves do que a falta de mel. O nosso futuro pode fi car seriamente ameaçado sem as abelhas, além de garantir a diversidade e o equilíbrio dos ecossistemas, cerca de 80% do alimento que consumimos são polinizados pelas abelhas.

CURSOS E ABELHAS

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

12 DE AGOSTODIA NACIONAL DAS ARTES• A arte é uma das formas mais importante de comunicação. Usando diversas e variadas maneiras de ex-pressões, os artistas [fazedores de artes], através de música, escultura, pintura, cinema, teatro, dança e etc., levam com incontáveis particula-ridades, emoção, aos também, incontáveis, e diversos públicos apreciadores das artes.

14 DE AGOSTODIA DO COMBATE À POLUIÇÃO

• Poluição ou degradação ambiental é qualquer alteração das qualidades físicas, químicas e biológicas do meio ambien-te que ameaça a saúde das pessoas e dos ecossistemas, além de criar con-dições adversas às atividades sociais e econômicas. O problema decorre dos poluentes – qualquer forma de matéria ou energia que interfi-ra prejudicialmente aos usos pre-ponderantes das águas, do ar e do solo, previamente definidos.

A fonte de poluição pode ser qualquer atividade, sistema, pro-cesso, operação maquinaria, equi-pamento ou dispositivo, móvel ou não, que induza, produza ou possa produzir poluentes. A poluição é es-sencialmente produzida pelo homem e está diretamente relacionada com os processos de industrialização e a conse-quente urbanização, e todo agente poluidor é aquela a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indireta-mente, pela fonte de poluição.

17 DE AGOSTODIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

• Patrimônio Histórico pode ser defi nido como um bem material, natural ou imóvel que possui signifi cado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Estes patrimônios foram constru-ídos ou produzidos pelas sociedades passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural.

AGENDA VERDE

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POR TARCILIA [email protected]

O planeta está fi cando mais quente. Dessa vez o calor não vem diretamente da poluição. Um novo estudo dos cientistas

da University of Miami Rosenstiel School of Marine Atmospheric Science confi rma que o aumento dos níveis de vapor de água na troposfera superior – um ampli-fi cador do aquecimento global - vai inten-sifi car impactos das mudanças climáticas nas próximas décadas. O documento pio-neiro mostra que o acréscimo de vapor na troposfera, vai ter um papel cada vez maior nas projeções do clima e é um re-sultado direto da atividade humana.

Segundo o professor de ciências at-mosféricas, Brian Soden, da Escola Ro-senstiel, “o estudo é o primeiro a con-fi rmar que as atividades humanas têm aumentado o vapor de água na tropos-fera superior – camada da atmosfera mais próxima da superfície da Terra, entre 5 e 20 km de altitude”. Soden é coautor do estudo publicado ao lado do pesquisador Eui-Seok Chung.

Para investigar o que estava causando uma tendência de 30 anos de mais va-por de água na troposfera, os cientistas coletaram dados de satélites da Admi-

nistração Nacional Oceânica e Atmosfé-rica (Noaa) e os compararam a mo-

delos do clima que preveem a circulação de água entre o oceano e a atmosfe-

ra. Isto permitiu a eles determinar se as mudanças observadas no vapor eram ou não consequência de atividade humana.

Usando o conjunto de experiências de modelos climáticos, os pesquisado-res mostraram que o aumento do va-por de água na troposfera superior não pode ser explicada por forças naturais, como vulcões e mudanças na atividade solar, mas pode ser explicado pelo au-mento da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), como o CO2.

Os modelos climáticos preveem que como o clima se aquece a partir da quei-ma de combustíveis fósseis, as concen-trações de vapor de água também irão aumentar em resposta ao aquecimento. Este umedecimento da atmosfera, por sua vez, absorve o calor e aumenta, ain-da mais, a temperatura da terra.

GEEOs GEE elevam as temperaturas,

prendendo o calor radiante da Terra dentro da atmosfera. Este aquecimen-to, também aumenta o acúmulo de vapor de água na atmosfera, o mais abundante gás de efeito estufa. As ar-madilhas umedecimento atmosféricas temperaturas de calor e aumenta ainda mais radiantes adicionais.

*Com informações de: http://phys.org/news

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

Estudo dos cientistas da University of Miami Rosenstiel School of Marine Atmospheric Science é o primeiro a confi rmar que as atividades humanas umedecem, mas também, aquecem o planeta Terra

Vapor de água é confirmado como um amplificador do aquecimento global

NOVO ESTUDO

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Imagem de satélite de cor melhorada de vapor de água na troposfera superior

Page 4: O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

*MARCUS NAKAGAWAA sustentabilidade está em pauta nas

grandes empresas com os seus relatórios GRI (Global Reporting Initiative), departa-mentos responsáveis pelo relacionamento com cada stakeholder, investimento social privado, projetos de eco efi ciência, con-struções com certifi cação LEED e AQUA etc. Nas pequenas e médias empresas, o movimento vem começando, principal-mente orientado e solicitado pelas grandes empresas que precisam ter a sua cadeia de fornecedores e distribuidores cada vez mais de acordo com o desenvolvimento sustentável. Porém, para estas empresas pequenas e médias, que geralmente são geridas por empreendedores ávidos por novidades e desafi os, acaba sendo mais uma tarefa dentre tantas a se fazer num dia de somente 24 horas.

Peter Drucker, um dos papas da gestão, coloca que qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar pode aprender a ser um empreendedor e se comportar como tal. Diz ainda que o empreendimen-to é um comportamento, e não um traço de personalidade. E suas bases são o conceito e a teoria, e não a intuição. O que mostra que em mais esta decisão o empreend-edor terá que entender, estudar e ir atrás do verdadeiro sentido da sustentabilidade. Mas a ideia deste texto não é falar do con-ceito do tripé da sustentabilidade baseado nos fatores econômicos, sociais e ambien-tais em uma empresa, seja ela grande ou pequena. Ou então, dizer do entendimento do assunto pelas PME´s que, segundo a pesquisa do SEBRAE de 2012, 65% destas empresas entendem medianamente sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Na verdade, estou questionando a sus-tentabilidade do empreendedor que tra-balha mais do que as 40 horas semanais ofi ciais da sua empresa em busca de cum-prir suas entregas e alcançar o seu sonho de liberdade na gestão e do chefe; e de como é mais difícil falar em sustentabilidade em uma pequena e média empresa se o próprio empreendedor não entende isso dentro da sua vida pessoal. Isso é vida real, não son-hos que são vendidos em jornais, revistas, vídeos e casos lindos de sucesso! Acompan-

ho diversos estilos de vida de empreende-dores que misturam toda a sua vida pessoal com o seu negócio, inclusive, contas a pagar, sócios, empregados, família, conversas com amigos e assim por diante. A mistura é quase que insustentável fi nanceiramente, imagina então ambiental e socialmente.

Para isso, primeiramente, se você é um empreendedor ou está pensando em ser, tem que entender o estilo de vida que você quer levar. Pensar no estilo de vida é fundamental, pois para termos muitas posses monetárias precisamos trabalhar muito e investir muitas horas trabalho. Se você quer uma vida mais simples, não estou dizendo simplória, a ideia é ter me-nos bens materiais e mais tempo para fazer o que você gosta. Pensar no fi nan-ceiro e separar sempre a empresa do pes-soal é fundamental. Ter clientes, vendas e entregas é a base de qualquer negócio lucrativo e para a sustentabilidade do empreendedor esta também é o básico.

Sei que já é difícil ter este básico, mas muitas vezes é porque não temos alinha-dos os outros fatores pessoais como saúde, família, gestão do conhecimento, espiritu-alidade, lazer, esporte etc. E isso faz com que atrase ou atrapalhe os negócios. Fi-camos presos tentando fazer tudo mais ou menos. O ideal é ir acertando cada um, passo a passo, de uma forma planejada para que, de forma equilibrada todos se-jam bem feitos. Para ter a sustentabilidade na vida do empreendedor não há uma re-ceita única, pois varia caso a caso, mas para sustentar um estilo de vida e um negócio (ou vários) precisamos ter equilíbrio em todos os principais pontos da nossa vida (saúde, lazer, amor, espiritualidade etc.) e fazer uma boa gestão de stakeholders (públicos de interesse) tais como os nossos fi lhos, amigos, esposas, maridos, parentes, sócios etc. Não podemos perder o foco do sonho a perseguir, caso contrário será o fi m do empreendedorismo.

*Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps; e palestrante sobre susten-tabilidade e estilo de vida.

Sustentabilidade também para a vida do empreendedor

ARTIGO

JORNALISTA E ESCRITOR

Objetivos Entre os objetivos para prevenir,

combater a desertifi cação e recuperar as áreas afetadas, a política nacional de combate à seca visa apoiar o de-senvolvimento sustentável nas áreas suscetíveis à desertifi cação; instituir mecanismos de proteção, conserva-ção e recuperação de mananciais, vegetações e solos degradados; e integrar a gestão de recursos hídricos com as ações de prevenção e comba-te à desertifi cação.

PrincípiosO projeto do senador cearense

lista uma série de princípios que de-vem nortear a política de combate à seca, tais como a democratiza-ção do acesso à terra e à água; a participação das comunidades no processo de elaboração e de im-plantação das ações de combate à desertificação; e a incorporação do conhecimento tradicional sobre uso sustentável dos recursos locais.

Pontos básicosA propositura defi ne alguns pontos

básicos, além dos já expostos, tais como o planejamento e a integração entre ações locais, regionais e nacio-nais; a cooperação entre todos os níveis de governo; a articulação com os pro-gramas dos diversos ministérios que te-nham ações afi ns; e a harmonização da política com a Convenção das Nações

Unidas de Combate à Desertifi cação (CCD), com a Convenção sobre Diversi-dade Biológica (CDB) e com a Conven-ção sobre Mudança do Clima.

EquívocosO senador Inácio Arruda enten-

de que há alguns erros que devem ser exterminados quando se trata de combate à desertifi cação que se verifi ca nas regiões semiáridas, sobretudo no que diz respeito aos cruéis efeitos das longas estiagens. Segundo o parlamentar, apesar dos recursos fi nanceiros para o comba-te à seca, as políticas públicas “têm se mostrado pouco efi cientes para mudar a realidade da sofrida popu-lação nordestina e um dos principais erros é considerar a seca um proble-ma, buscando-se soluções somente quando ela já está instalada”.

Ações sistemáticasO parlamentar cearense ressalta que

a defi nição de uma política de comba-te e prevenção aos efeitos da seca é importante por tornar sistemáticas as ações que visem o enfrentamento do problema, muitas vezes tratado ape-nas de forma pontual. Com efeito, a seca é um fator climático natural das regiões semiáridas e, portanto, deve ser considerado na elaboração de to-das as políticas públicas agrícolas, de preservação ambiental, macroeconô-micas e de expansão urbana.

POLÍTICA PARA COMBATER A DESERTIFICAÇÃO E EFEITOS DA SECA

Há sete anos o senador Inácio Arruda apresentou o Projeto de Lei nº 2447/07, o qual cria a Política Nacional de Combate e Prevenção à Desertifi cação e Miti-gação dos Efeitos da Seca. A propositura constitui iniciativa da maior relevância para o País, especialmente para o Nordeste brasileiro onde se concentram as áreas semiáridas, defi ne os objetivos, os princípios e as ações que o poder pú-blico deverá executar. Segundo o projeto que ainda tramita indolentemente pela burocracia imposta ao processo legislativo do Congresso Nacional, deverá ser instituído um Sistema de Informações sobre o Combate e Prevenção à Deser-tifi cação e Mitigação dos Efeitos da Seca, que será um dos instrumentos para fazer valer a política pertinente ao problema. Em relação à agricultura irrigada, o Estado deverá promover, nas áreas suscetíveis à desertifi cação, o levantamento das áreas com potencial irrigável, entre outras ações.

Page 5: O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

SHERYDA [email protected]

Os temas ligados à mobilida-de urbana ganham cada vez mais força, entre eles, o uso das bicicletas. Mas quem

pedala também quer casa, e uma que garanta um lugar especial ao veículo companheiro. Segundo a organização da 16ª Edição da Casa Cor Ceará, este ano, o evento não vai apenas inserir a bicicleta no lar, vai além, chamará a atenção para a importância do uso des-se modal, que tanto contribui para a melhoria da qualidade ambiental.

As bikes já apareceram na edição do ano passado em um parklet – estrutura móvel que ocupa a vaga de um ou dois carros, proporcionando um ponto de apoio e descanso – , além de espaço de convivência no ambiente público. “Este ano, queremos trazer esse tema com ainda mais força, para, entre outros ob-jetivos, chamar a atenção do poder pú-blico para que ofereça segurança para quem usa a bicicleta em Fortaleza”, afi rmou a diretora da Casa Cor Ceará, Neuma Figueiredo, durante reunião operacional do evento no Hotel Gran Marquise, na semana passada.

O arquiteto, empresário e ciclista ur-bano Paulo Angelim foi convidado para realizar a consultoria da edição 2014 e acredita que o estímulo às pedaladas é benéfi co em vários sentidos. “As pesso-as ganham com saúde e se tornam mais responsáveis pela cidade, porque intera-gem com ela. Carros isolam as pessoas, já as bicicletas, aproximam”, declarou.

ÁREA EXTERNAA arquiteta Laura Rios é uma das

idealizadoras do Projeto Estar Urba-no, que instalou o parklet no evento do ano passado e o levou à Avenida Beira

Mar este ano. A ideia em 2014 é incre-mentar a área externa do prédio onde ocorre a mostra, instalando ciclofaixas na calçada, praça no jardim e bicicle-tário, entre outros itens. “Investe-se muito na estrutura para os carros, mas as pessoas precisam caminhar e peda-lar mais, pois assim elas conhecem de verdade a cidade onde vivem e assim, podem fazer mais por ela”, defendeu.

SALA DO CICLISTAAlém do espaço externo citado, a Casa

terá um espaço denominado “Sala do Ciclista”, idealizado e realizado pelo de-signer Ramiro Mendes. Essa é a primei-ra vez que o profi ssional participa do evento. “Espero apresentar um espaço que atenda não apenas à demanda do ciclista urbano, mas também a dos atle-

tas profi ssionais. A sala terá as roupas, ferramentas e até o isotônico que o atle-ta vai tomar antes dos treinos”, disse.

Mas como guardar a bicicleta em espaços pequenos, por exemplo? Se-gundo Ramiro, um de seus objetivos é encontrar soluções para questões como essa, que fazem parte da realidade de quem mora nas grandes cidades. “Uma certeza que tenho é que tratarei a bici-cleta como uma joia, porque ela merece esse reconhecimento”, prometeu.

O EVENTOA 16ª edição da Casa Cor Ceará é uma

mostra de arquitetura, decoração e pai-sagismo, ocorre de 30 de outubro a 9 de dezembro no antigo prédio da Adece (Agência de Desenvolvimento do Ceará) onde já funcionou, também, a vice go-

vernadoria do Estado, na Avenida Barão de Studart, 598, em frente ao Palácio da Abolição. Com o tema “Um olhar sobre o Ceará”, a edição 2014 homenageia o pes-quisador e especialista em Música Brasi-leira, Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, e o empresário Beto Studart, atual pre-sidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e do grupo BSPar. Os ingressos da mostra variam de R$ 19 a R$ 78. Quem pedalar até o evento, pos-tar a foto no Instagram com a hashtag #casacorceara2014 e mostrar na bilhete-ria, ganha 50% de desconto na entrada.

O evento será lançada com um Ciclo Tour no dia 24 de agosto e qualquer pessoa pode participar. “Basta seguir as informações que serão divulgadas ainda esta semana na página do evento no Fa-cebook”, informa Neuma Figueiredo.

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

Bicicletas marcam presença no Casa Cor 2014

ARQUITETURA E MOBILIDADE

As bikes marcaram presença na edição anterior, mas este ano, vão brilhar como joias na mostra de arquitetura. Quem chegar pedalando vai ganhar desconto na entrada

Elas já apareceram na edição do ano passado e agora voltam com força total

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Page 6: O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

POR SHERYDA [email protected]

No próximo dia 14 de agosto comemora-se o Dia de Com-bate à Poluição. Coincidência ou não, mas a titular da Se-

cretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Águeda Muniz, apresentou a terceira etapa da Política Ambiental de Fortaleza (28/07), que trata do compo-nente Controle da Poluição e contempla, entre outras, a poluição atmosférica. A etapa apresentada junta-se a outras duas – Áreas Verdes e Água –, anunciadas no início do ano e deve nortear ações de ou-tras secretarias e órgãos da atual gestão e também das próximas.

Uma das ações anunciadas para 2015 é a instalação de 12 estações de monitoramento do ar nos corredores do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), a fim de averi-guar a qualidade do mesmo e direcio-nar políticas públicas. A medida ainda está em fase de planejamento, com a contratação de uma consultoria que estuda qual é a estrutura necessária

para ser implementada. Embora tenha exposto os resultados e ações que já es-tão em curso atendendo ao que é pre-visto na Política, Águeda reconheceu que as legislações são os instrumentos iniciais de uma longa caminhada.

Outro instrumento em construção é o relatório que apresenta o diagnóstico das emissões de carbono de Fortaleza, entre eles o Inventário dos Gases de Efeito Es-tufa com previsão de ser apresentado em agosto de 2014. Atualmente, 341 estabe-lecimentos na Capital são monitorados de forma continuada. A Prefeitura tam-bém realiza blitz, vistorias e fi scalizações em garagens de ônibus e caminhões; além da realização de palestras sobre po-luição atmosférica em escolas públicas.

RESÍDUOS SÓLIDOSEntre os problemas que a cidade enfren-

ta relacionado à poluição ambiental está a reciclagem de resíduos sólidos, que ocorre de forma “ínfi ma” em Fortaleza, confor-me a própria gestora. “Apenas 5% do nos-so lixo é reciclado, mas isso não acontece apenas aqui. Infelizmente, é uma realidade das grandes cidades do Brasil”, afi rmou.

A questão é um dos focos do terceiro

componente, que atua no fortalecimento da rede de reciclagem da Cidade. Segun-do Águeda, essa é uma forma de prepa-rar a Cidade para quando a gestão inte-grada de gerenciamento de resíduos for estabelecida, efetivamente.

Entre as ações e resultados relacionados ao tema, estão a atuação dos 20 Ecopon-tos distribuídos em regiões de Fortaleza, que coletam e destinam seis mil litros de Óleos e Gorduras Residuais (OGR) por mês para reciclagem; além da coleta sele-tiva em grandes eventos, como a Copa das Confederações e o Mundial da Fifa.

DESCASO NO PARQUEMesmo reconhecendo que é preci-

so tempo para as medidas planejadas pelo executivo, resultarem em bene-fícios, a sociedade se angustia ao ver que muitas políticas demoram para acontecer, ou ainda, não saem do pa-pel. O integrante do Movimento Pro-parque, Ademir Costa, denuncia que após seis meses da regulamentação o Rio Branco ainda sofre com o desca-so. O parque é um dos contemplados com a Política na Componente Áreas

Águeda Muniz, da Seuma apresentou a terceira etapa da Política Ambiental de Fortaleza

Política Ambiental de Fortaleza está completa

COMPONENTE 3

A etapa Controle da Poluição, foi apresentado pela Seuma. Para a titular do órgão, os desafi os são muitos e Fortaleza já não suporta tanta agressão

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Page 7: O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

“O Movimento, que há 20 anos mi-lita em prol da revitalização e preser-vação da área, ainda não foi chamado para construir o Plano de Manejo do Parque, previsto no decreto”, afirma o ambientalista, que reclama o fato de os funcionários que realizam os serviços de poda, capinação e regas, não o fazem da forma adequada. “Es-sas pessoas não têm conhecimento técnico sobre as espécies. Não sabem se estão cortando uma erva daninha ou uma muda nativa, por exemplo. Eles precisam ser treinados”, diz. Outra reclamação é relativa à insegu-rança do local, que afasta possíveis frequentadores.

A assessoria de imprensa da Empre-sa Municipal de Limpeza e Urbaniza-ção (Emlurb) informou que a empresa mantém uma equipe de limpeza, atuan-

do na localidade. São 10 garis que rea-lizam serviços de varrição e respondem pela limpeza e manutenção da área e não executam serviços de jardinagem. No entanto, periodicamente equipes de podas realizem o serviço no local, se-guindo orientações de técnicos e de um agrônomo que acompanha a tarefa.

CONSELHO DOS PARQUESJá a assessoria de imprensa da Seu-

ma afi rmou que “o Plano de Mane-jo dos Parques será elaborado após a formação do Conselho dos Parques, prevista para setembro. No momento, a secretaria está preparando o edital para formação deste Conselho, cujo lançamento está previsto ainda para agosto. Atualmente, o Parque está em manutenção pela Secretaria Regional II e recebe limpeza da Emlurb”.

Quanto às informações sobre capaci-tação de funcionários para a manuten-ção das plantas no local, as informa-ções restringem-se ao serviço de poda: “O curso Técnicas de Poda é voltado para aquelas pessoas que executam esse trabalho, como a equipe da Com-panhia Energética do Ceará (Coelce). O curso será ministrado segundo as orientações contidas no Manual de Ar-borização de Fortaleza, elaborado pela Seuma, e disponível a todos no site da Secretaria”, informa. A previsão é que o curso seja realizado em setembro. Quanto à questão da segurança no lo-cal, a Secretaria afirmou que atua em articulação com a Secretaria Munici-pal de Segurança Cidadã e que “está trabalhando para que a segurança nos parques de Fortaleza seja realizada da melhor maneira”.

7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

“SE FOR NECESSÁRIO, VAMOS À DELEGACIA”Embora a conscientização paute, priorita-

riamente, as medidas da Política Ambiental de Fortaleza, a coerção não é descartada. “O principal objetivo não é punir, e sim pro-mover a conscientização, mas Fortaleza não suporta mais agressões ambientais”, decla-rou à secretária do Meio Ambiente e Urba-nismo, Águeda Muniz, quando questiona-da sobre infrações como a cometida pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Ca-

gece), que desmatou uma área de 5,9 mil metros quadrados sem autorização da Seu-ma no Dias Macedo, e o caso da lagoa da Laura, no bairro José de Alencar, que mes-mo após ações de fiscalização, continua a ser aterrada pela construção civil. “Nós não estamos alheios a esses casos. O que for construído de forma irregular será demolido e se for necessário levar os casos à delega-cia nós levaremos”, declarou.

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POLÍTICA AMBIENTAL DE FORTALEZA

• Envolveu a assinatura dos decretos de regulamentação dos Parques Municipais Ra-chel de Queiroz, Rio Branco, Parreão, Adahil Barreto, Gua-rarapes, Parque da Liberdade (Cidade da Criança), Parque das Lagoas de Fortaleza, Pa-jeú, Parque das Iguanas e Parque Riacho Maceió, dentre outras ações como o Plano de Arborização.

• Componente Águas, ligado ao Pro-grama Águas da Cidade, objetiva recu-perar a qualidade dos bens hídricos e prevê atividades que visam melhores índices de balneabilidade das praias e águas continentais de Fortaleza. Entre as ações realizadas ou em andamento da Política estão o diagnóstico das 11 lagoas regulamentadas como Parques, monitoramento e controle de efluentes, ações de educação ambiental, tampo-namento de redes clandestinas de es-goto, entre outras. Todas as medidas ocorrem de forma integrada e por meio de convênios com outras secretarias e órgãos do estado e município. O inves-timento é da ordem de R$ 200 milhões.

• As ações e investimentos deste componente são direcionados ao combate à emissão de efluentes, poluição atmosférica, sonora, visu-al, infrações ambientais ligadas ao Código de Obras e Posturas e à gestão de resíduos.

Áreas Verdes Águas Controle de Poluição

Entende-se por política pública ambiental o conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação, que o poder público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente natural e o ambiente construído.

Page 8: O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

8 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Cerca de 180 alunos correram con-tra o tempo nas disputas da Olimpíada Ecoelce de Sustentabilidade, realizada em parceria com a Prefeitura Munici-pal de Barreira. Estudantes de duas es-colas públicas de Barreira se aventura-ram na gincana em busca de resíduos que rendem pontos e bônus para as es-colas. As atividades começaram no dia 15 de maio e seguiram até 8 de agosto. Os ganhadores serão premiados no próximo dia 13 de agosto (quarta-fei-ra), no Centro Educacional 15 de Abril.

A ideia da Olimpíada foi estimular a coleta seletiva e apresentar a utilidade do projeto Ecoelce, que troca resíduos devidamente separados por bônus na conta de energia. Para que os estu-dantes conhecessem a importância da coleta seletiva, os professores foram ca-pacitados para orientar os adolescentes

na questão da separação de resíduos e foram realizada ofi cinas de efi ciência energética com a comunidade.

Após o lançamento da Olimpíada, houve aumento de 200% na coleta de resíduos, em relação a média de ja-neiro a abril (De janeiro a abril foram 3.356,70 kg e de maio ao início de agos-to foram 8.764,31 kg). Houve aumento também de 40% no número de clientes praticando a coleta seletiva no mu-nicípio de Barreira.

Cerca de 50 alunos das escolas An-tônio Julião Neto e Centro Educacional 15 de Abril. Para o vencedora inclui um passeio para o Beach Park e 1 MP3. O segundo lugar leva um passeio para o Beach Park, 1 MP3 e 1 Pen Drive, en-quanto o terceiro leva um passeio para o Beach Park. Além deles, Passeio para o Pesque e Pague de Chorozinho, Pas-

seio para o Centro Agroecológico de Barreira, aparelho de DVD, MP3, Bola de volley, 1 camisa da Seleção Brasilei-ra, bola de futebol, pen drive e outros brindes serão distribuídos com vence-dores da gincana.

Além da premiação, durante o evento da próxima quarta-feira (13), haverá palestra sobre efi ciência energética, apresentação do teatro da Turma do Lampinha e entrega do Troféu Akaiuti, que anualmente é concedido pelo Con-selho Municipal de Defesa do Meio Am-biente (COMDEMA) à instituições e/ou personalidades que contribuíram com o meio ambiente no município.

COMO PARTICIPARPara participar, os alunos se cadas-

traram no programa Ecoelce e levavam os resíduos para o ponto do Ecoelce no

município. O Ecoelce é um programa implantado desde janeiro de 2007 que propõe a troca de material reciclável por bônus na fatura de energia. O pro-jeto conta atualmente com 97 Postos de Entrega Voluntária (PEV), entre capi-tal e interior do Ceará.

SERVIÇOEvento: Premiação da OlimpíadaEcoelce de Sustentabilidade em BarreiraQuando: 13 de agostoOnde: Centro Educacional 15 de AbrilHorário: 14hEndereço: Rua Maria do CarmoOliveira, 325 – Centro, Barreira, Ceará

Olimpíada premia estudantes em gincana sobre coleta seletiva em Barreira

Com o desenvolvimento do novo produto, companhia investe na agregação de valor à cadeia do biodiesel

Empresa produz biolubrificantes em planta piloto no Ceará

PETROBRAS

Os biolubrifi cantes ganham cada vez mais espaço no mer-cado nacional e internacional e apresentam uma projeção

de crescimento de até 10% ao ano im-pulsionada pelos benefícios ambientais. Este potencial de mercado tem levado pesquisadores da Petrobras a incre-mentar o desenvolvimento de um novo produto - biodegradável e obtido a par-tir de fontes renováveis - em uma planta piloto do Núcleo Experimental de For-taleza do Centro de Pesquisas (Cenpes), localizado na Refi naria Lubrifi cantes

e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), em Fortaleza (CE).

As primeiras cargas experimentais, usando novas matérias-primas, resul-taram em três biolubrificantes bási-cos obtidos a partir de óleos vegetais e biodiesel. O projeto avalia também novas aplicações para estes produ-tos conforme a demanda do mercado consumidor que, dentre as aplicações industriais e marítimas, destacam-se os fluidos hidráulicos, graxas, óleos de corte e de motores de dois tempos. A tecnologia desenvolvida já rendeu cin-

co pedidos de depósitos de patentes nos últimos quatro anos.

A Petrobras Biocombustível e a Petro-bras Distribuidora apoiam as pesquisas voltadas para a produção de biolubrifi -cantes. As duas subsidiárias planejam testes em campo da primeira geração de lubrifi cantes biodegradáveis de tec-nologia Petrobras. Estes testes, com previsão de conclusão em 2015, irão auxiliar na defi nição da estratégia a ser adotada pelas empresas no que se refere à oportunidade de agregar valor à ca-deia de produção de biodiesel.

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POR SHERYDA [email protected]

Já se passaram 514 anos desde que a esquadra de naus portuguesas comandadas por Pedro Álvares Cabral aportou nas areias da gran-

de ilha à qual deu o nome de Vera Cruz, hoje, Brasil. Embora nas escolas seja ensi-nado que o País foi “descoberto”, naquele 22 de abril, a verdade é que aqui já viviam os indígenas. Durante séculos de coloni-zação e mudanças políticas, esses indiví-duos viram sua população de 2 milhões de habitantes ser praticamente dizimada pelas ambições do “homem branco”.

Cinco séculos depois, os povos se-guem lutando pela sobrevivência e re-conhecimento, num contexto que ainda é crítico, mas pode ser o melhor desde 1500. “Estamos vivendo o momento de inversão da curva. Desde a colonização até os anos 80, a quantidade de índios no Brasil apenas diminuiu, e agora ela está aumentando”, analisa o antropólo-go e coordenador geral do Curso de Ma-gistério Indígena Tremembé Superior (MITS) em Almofala, Babi Fonteles.

O Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE), em 2010, aponta que há quase 818 mil indígenas no País, dos quais, 503 mil vivem na zona ru-ral, e mais de 315 mil nas zonas urba-nas. O último dado chama atenção, já que em 1991, por volta de 70 mil habi-tantes de áreas urbanas declararam-se indígenas. O aumento nas estatísticas, na análise do especialista, não é ape-nas uma questão de “reprodução hu-mana”. Trata-se de um sintoma de um contexto legal favorável à valorização e autorreconhecimento da sociedade enquanto indivíduo indígena, além de consequência do êxodo rural. Os ín-dios já estavam aqui, mas agora eles se reconhecem como tal.

“Desde a Constituição de 1988, o bra-sileiro tem o direito, por lei, de ser índio e, além disso, no começo do ano 2000, o Governo proporcionou mudanças positi-vas para os indígenas. Isso resulta num contexto favorável para que o cidadão reivindique essa identidade, mesmo que ele não saiba a que etnia pertença exata-mente”, declara, ao mesmo tempo defen-dendo que esse avanço deve-se às lutas do movimento indígena e seus parceiros e que ainda há muitas fragilidades nas estruturas oferecidas a esses povos.

EDUCAÇÃOUm dos avanços apontados por Babi

refere-se à educação, que tem aberto oportunidades para a entrada dos indíge-nas na universidade e também favorece a criação de um sistema de educação pró-prio dos povos, respeitando suas cren-ças e modos de organização social. Uma dessas experiências ocorre no Ceará: no ano passado, 36 alunos Tremembés do MITS colaram grau na Concha Acústica da UFC -Universidade Federal do Ceará.

Segundo a UFC, tratou-se de um re-

torno, já que a última vez em que os índios estiveram no local, antes da ce-rimônia, foi em agosto de 1965, quando da conquista do primeiro lugar em um festival nacional de folclore. O MITS foi criado, em parceria com a UFC, em 2006. Aprovado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2008, passou a receber recursos por meio do Progra-ma de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (Prolind), sendo o primeiro curso da UFC específi co para indígenas.

9VERDE

Mais brasileiros se assumem índios, afirma antropólogo

IDENTIDADE

Eles já foram 2 milhões, mas o País ainda não aprendeu a conhecer a cultura dos habitantes que estavam aqui quando os portugueses chegaram. O contexto atual favorece a caminhada

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

Índios Tapeba, no Ceará

DIVULGAÇÃO/FUNAI

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RECONHECIMENTO DE TER-RITÓRIO

Entre os inúmeros desafi os enfren-tados pelos povos indígenas atualmen-te, Babi destaca a questão da demar-cação do território como o mais sério deles. A invasão das terras indígenas pela especulação imobiliária, indús-tria madeireira e setor ruralista, entre outros, tira dos índios um fator funda-mental para a qualidade de vida e pro-voca a morte de muitos, seja por meio de assassinatos ou ainda, por suicídios.

A ligação desses povos com a terra é marcada pelo sagrado, que vai desde seus rituais religiosos e os locais onde estão enterrados seus mortos, até o manejo para a alimentação e prática da medicina tradicional. “Não existe saú-de indígena sem demarcação de terri-tório e nesse sentido o Governo Fede-ral retrocedeu muito em comparação à gestão anterior. A própria base aliada desse governo é a ruralista, o setor que é o maior adversário da causa indíge-na”, critica o estudioso.

ÍNDIOS ISOLADOSNo fi nal de junho, duas tribos isoladas

fi zeram o suposto primeiro contato en-tre elas. O encontro aconteceu na região da fronteira entre Brasil e Peru, quando

um p o v o indígena isola-do estabeleceu contato com indígenas Ashaninka e ser-vidores da Funai, na Aldeia Simpatia, na Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, no estado do Acre. Segundo as informações do órgão, o contato ocorreu com a equipe da Fren-te de Proteção Etnoambiental Envira e o sertanista José Carlos Meirelles, da Assessoria Indígena do Governo do Estado do Acre. Devido ao contato com objetos contaminados, alguns índios contraíram gripe, mas já receberam tratamento e estão bem.

A Funai estima que há 69 povos in-dígenas ainda não foram contatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão.

CONHECER DE PERTOSe por um lado o encontro das tribos

com a sociedade que conhecemos não tem sido positivo para eles, para Babi, esse contato não é necessariamente nocivo para nenhuma das partes. Na

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VERDE

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Os índios no BrasilEm 1500 havia 2 milhões de índios no

Brasil. A atual população indígena brasi-leira, segundo o Censo Demográfi co re-alizado pelo IBGE em 2010, é de 817.963 indígenas. A pesquisa revelou ainda que há índios em todos os Estados da Fede-ração, inclusive no Distrito Federal.

Os povos que vivem nas savanas e fl orestas atlânticas do sul, como os Guarani e os Kaingang, e o interior seco do Nordeste, como os Pataxó Ha Ha Hãe e os Tupinambá, estavam entre os primeiros que foram contatados pelos

colonizadores europeus quando eles desembarcaram no Brasil em 1500.

O Nordeste é a segunda região com maior incidência indígena, sendo o Ceará o quarto Estado desta região em número de índios. No Estado, segundo a Funai, há registro de dez etnias com processos de demarcação de território concluídos ou em andamento, entre elas os Anacés e Tabepas, em Caucaia, e os Tremembés de Almofala, Mundaú e Queimadas.

Fonte: Funai

verdade, se for feito de forma apropria-da ele pode trazer benefícios.

“As pessoas devem conhecer os índios, mas esse contato tem

que acontecer com res-peito à autonomia

desses povos. P o d e

ha-

ver, inclusive, uma troca cultural mui-to rica, pois da mesma forma que nós temos interesses em conhecer os mo-dos de cura tradicionais indígenas, eles também podem aprender sobre nossa tecnologia”, afi rma. A recomendação do professor é que as pessoas procurem aldeias em seus estados e marquem vi-sitas, como uma forma de conhecer de perto suas culturas, ao invés de se li-

mitar ao imaginário popular. “São seres humanos como nós.

Eles apenas seguem um modo de vida

entre milhares p o s s í v e i s ” ,

defende.

Pela primeira vez na história, população indígena em território brasileiro apresenta aumento

Page 11: O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

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Estudo aponta o caminho das pedras para as MPE inserirem a sustentabilidade em suas práticas e estratégias. O objetivo do estudo é apresentar os desafi os

A consultoria Ideia Sustentá-vel acaba de lançar o segun-do de uma série de quatro estudos da iniciativa NEXT

- Observatório de Tendências em Sus-tentabilidade. Com o tema “8 Tendên-cias de Sustentabilidade para Peque-nas e Microempresas”, a consultoria ouviu 54 organizações internacionais, 28 nacionais, 28 especialistas nacio-nais, 45 internacionais e 26 líderes entre presidentes e executivos. O ob-jetivo do estudo é apresentar os desa-fios de sustentabilidade relacionados ao negócio das micro e pequenas em-presas (MPE) que, segundo os pesqui-sadores, se mostraram os mais atuais. Dessa forma, pretende-se criar um conhecimento que possa ser aplicado no dia-a-dia das MPE, provocando re-flexão e inspire novas escolhas e deci-sões estratégicas.

Todos os temas da iniciativa NEXT são defi nidos em conjunto com a Fundação Espaço ECO®, seguin-do dois critérios básicos: a relevân-cia do público-alvo principal (e a sua capacidade de produzir mudanças) e o potencial para gerar transformação em um determinado setor. Neste caso, o tema das MPE foi abordado, pois elas representam 99% do univer-so dos 6,3 milhões de empresas brasileiras e empregam mais de 16 milhões de pessoas (quase me-tade do total de empregos do Bra-sil). O estudo pode ser acessado na ín-tegra em www.ideiasustentavel.com.br.

“Nossa experiência mostra que a fal-ta de apoio, conhecimento e recursos são alguns dos principais desafi os que impedem as PME de investirem em sustentabilidade. Isso é comprovado nas oito tendências. Agora, interna-lizando o conhecimento, cada gestor consegue defi nir prioridades e perce-ber que com pequenas medidas, e sem a necessidade de altos investimentos,

podem tornar-se mais competitivos e lucrativos. A sustentabilidade pre-cisa deixar de ser vista como custo e sim como um investimento, a fi m de alavancar os resultados e a dar longe-vidade aos negócios”, afi rma Roberto Araújo, diretor-presidente da Funda-ção Espaço ECO®.

Sendo assim, entre as tendências mapeadas estão: integrar a sustenta-bilidade como proposição de valor no plano de negócio; sustentabilidade como fator fundamental de inovação; sustentabilidade como fonte de novas e crescentes oportunidades para pequenos ne-gócios; o poder da colaboração para

o crescimento dos pequenos negócios sustentáveis; enxergar a sustentabili-dade como vantagem competitiva na cadeia de valor; a ascensão de uma liderança cada vez mais sustentável; a pequena empresa como ferramenta para a promoção da diversidade; e o crescente interesse de fi nanciamento público e privado por pequenos negó-cios mais sustentáveis.

GESTÃO SUSTENTÁVEL“Não haverá mudança possível na di-

reção de um modelo de negócio mais sustentável se ela não ocor-

rer também nas MPE”, afi r-ma Ricardo

Voltolini, diretor-presidente da Ideia Sustentável ao falar sobre a relevância das micro e pequenas empresas para o cenário empresarial. Estas empresas estão em todo o Brasil e promovem a inclusão, oferecem espaço para empre-endedores, atendem demandas das co-munidades e funcionam como porta de entrada no mercado de trabalho para milhares de jovens de baixa renda.

Além disso, as PME integram as ca-deias de valor de grandes empresas que, por sua vez, exercem forte infl uencia em seus fornecedores e clientes. Entendemos que é papel das grandes empresas liderar este processo e refl etir o que estão fazen-do para acelerar a adoção de soluções mais sustentáveis pelos seus fornecedo-res e clientes. “Por meio do nosso progra-

ma Gestão Sustentável - ecoefi ciên-cia na cadeia de valor buscamos auxiliar grandes organizações na incorporação de soluções inova-doras e práticas mais sustentá-veis em pequenas e médias em-

presas”, conclui Roberto Araújo.Em setembro e dezembro o NEXT

apresentará os próximos dois estu-dos que abordarão a temática de saúde e sustentabilidade, e ferra-mentas de gestão.

IDEIA SUSTENTÁVELIdeia Sustentável é uma empresa es-

pecializada em estratégia e inteligência em sustentabilidade criada, em 1993, por Ricardo Voltolini, um dos primei-ros especialistas no tema no Brasil.

FUNDAÇÃO ESPAÇO ECO®Inaugurada em 2005, a Fundação

Espaço ECO® foi instituída pela em-presa química Basf com o apoio da GTZ, agência de cooperação técnica internacional do governo alemão. Mais informações sobre a Fundação Espaço ECO® estão disponíveis no endereço www.espacoeco.org.br.

Oito tendências de sustentabilidade para micro e pequenas empresas

INÉDITO

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O próximo 14 de agosto é o Dia de Combate à Poluição. Infelizmente, será um dia para pensar com muita pre-

ocupação sobre o tema. De acordo com projeção inédita do Instituto Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesqui-sadores da USP, a poluição atmosférica vai matar até 256 mil pessoas nos pró-ximos 16 anos no Estado de São Paulo. A poluição é essencialmente produzida pelo homem e está diretamente rela-cionada ao desenvolvimento e uso abu-sivo de combustíveis fósseis.

Poluição ou degradação ambiental é toda e qualquer alteração das quali-dades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente que ameaça a saúde das pessoas e dos ecossistemas, além de criar condições adversas às atividades sociais e econômicas. A fonte de polui-ção pode ser qualquer atividade, sis-tema, processo, operação maquinaria, equipamento ou dispositivo, móvel ou não, que induza, produza ou possa pro-duzir poluentes.

Matéria publicada no portal da Re-vista Veja (http://veja.abril.com.br/noticia) , sábado ( 9), informa que “ no atual cenário, a poluição pode ma-tar até seis vezes mais do que a Aids ou três vezes mais do que acidentes de trânsito e câncer de mama”. A popula-ção de risco, ou seja, as pessoas que já sofrem com doenças circulatórias, res-piratórias e do coração, serão as mais afetadas, assim como crianças com me-nos de 5 anos que têm infecção nas vias aéreas ou pneumonia.

Entre as causas mais prováveis de mortes provocadas pela poluição, o câncer poderá ser o responsável por quase 30 mil casos até 2030 em todos os municípios de São Paulo. Asma, bronquite e outras doenças respira-tórias extremamente agravadas pela poluição podem representar outros 93 mil óbitos, já contando a estimativa de crianças atingidas no período

A doutora em Patologia pela Faculda-de de Medicina da USP e uma das auto-ras da pesquisa, Evangelina Vormittag afi rma que a magnitude dos resultados obtidos pela projeção, que tem como base dados de 2011, comprova a neces-sidade de o poder público implementar medidas mais rigorosas para o controle da poluição do ar, especialmente.

A questão ambiental ainda não é uma prioridade de políticas públicas. O atra-so no estabelecimento de normas am-bientais e agências especializadas no controle da poluição , pode agravar a situação. Poluição e os seus impactos, não é privi-legio só de São Paulo, é um fenômeno comum nas gran-des cidades que estão reple-tas de veículos automotores movidos a combustíveis fos-seis geradores de gases poluentes como o CO2.

Segundo a Companhia de En-genharia de Trafego ( CET) a frota paulistana em atividade é de apro-ximadamente 3,8 milhões de veículos. O número é calcu-lado com base na contagem

de automóveis por agentes localiza-dos em pontos específi cos da cidade, como o topo de prédios e cruzamentos de grande movimentação. A frota da Capital cearense também apresenta números bem elevados, atingindo em maio último 921.544 veículos. Entre 2004 e 2014 a frota cresceu 108,52%, segundo os dados informados no por-tal do Detram-CE (http://www.detran.ce.gov.br/site/arquivos/estatisticas/Ve%C3%ADculos/2014 ).

POLÍTICA AMBIENTAL Entende-se por política pública am-

biental o conjunto de objetivos, diretri-zes e instrumentos de ação, de que os poderes públicos dispõem para produ-zir efeitos desejáveis sobre o meio am-biente. A Prefeitura de Fortaleza lançou em julho ( 29), por intermédio da Se-

cretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), a última etapa da Política Am-biental de Fortaleza, que diz respeito ao Controle da Poluição Urbana.

DIA INTERAMERICANO DE QUALIDADE DO AR

Em 09 de agosto, o Dia Interamerica-no de Qualidade do Ar é lembrado. Im-perativo para a saúde do planeta e para a vida dos que o habitam, o dia foi criado em 2002 pela Associação Interamerica-na de Engenharia Sanitária e Ambiental. O objetivo é conscientizar os cidadãos do mundo que é possível adotar medidas para melhoraria do ar que respiramos.

O monitoramento da qualidade do ar tem como objetivo a quantifi cação de poluentes atmosféricos, bem como a avaliação da qualidade do ar em relação aos limites estabelecidos. Os principais poluentes atmosféricos são: partículas totais em suspensão (PTS) - partículas de até 100 µm de diâmetro; partículas ina-láveis (PI) - partículas de até 10 µm de diâmetro; fumaça – parâmetro determi-

nado pelo escurecimento de um fi ltro através da deposição de partículas em suspensão; dióxido de enxofre (SO2); monóxido de carbono (CO); dióxido

de nitrogênio (NO2) e Ozônio (O3).Até o fechamento desta edição,

a assessoria de comunicação da Se-cretaria Municipal de Saúde (SMS),

por motivo desconhecido, não res-pondeu mensagem enviada por esta editoria sobre questões de saúde pública e poluição na ci-dade de Fortaleza.

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 12 de agosto de 2014

VERDE

A concentração de material particulado suspenso ainda provocará a internação de um milhão de pessoas, segundo pesquisa.

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INSUSTENTÁVEL

Poluição do ar matará até 256 mil pessoas só em São Paulo