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2 O COMPROMISSO ORGANIZACIONAL E AS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Autores: Elena Velando Rodríguez Tony Crespo Franco Universidade de Vigo Maria João Nicolau Santos Instituto Superior de Economia e Gestão ISEG 15 DE Novembro de 2005

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O COMPROMISSO ORGANIZACIONAL E AS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO

DE RECURSOS HUMANOS

Autores:

Elena Velando Rodríguez

Tony Crespo Franco

Universidade de Vigo

Maria João Nicolau Santos

Instituto Superior de Economia e Gestão

ISEG 15 DE Novembro de 2005

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O COMPROMISSO ORGANIZACIONAL E AS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO

DE RECURSOS HUMANOS

INTRODUÇÃO1

A obtenção de um elevado grau de compromisso dos empregados para com a

organização tem sido considerado por numerosas empresas como um objectivo a atingir

pela direcção de recursos humanos, devido à convicção generalizada acerca da sua

capacidade de impacte positivo sobre a performance empresarial. Hoje em dia a gestão

eficaz desta atitude requer que as empresas desenhem as suas estratégias de recursos

humanos tomando em consideração a natureza multidimensional da noção de

compromisso, evidenciada nos mais recentes estudos teóricos sobre o tema.

Com a finalidade de facilitar, do ponto de vista empresarial, a utilização da noção de

compromisso organizacional, o presente trabalho têm por objectivo analisar este

conceito de forma científica e rigorosa e como pode ser operacionalizado de modo a

poder ser incorporado na gestão empresarial e, em particular, nas estratégias de gestão

de recursos humanos das empresas.

Para isso, e mediante uma revisão da literatura existente, analisar-se-á a evolução do

significado atribuído a esta atitude, fazendo especial menção às contribuições teóricas e

aos modelos multidimensionais mais recentes. Uma vez estabelecido esta matriz de

referência, aprofundar-se-á os antecedentes de cada um deles, prestando especial

atenção à relevância em termos da sua utilização nas estratégias de gestão de recursos

humanos. Com base na evidência empírica das investigações realizadas, consegue-se

seleccionar os elementos que de modo mais relevante condicionam o compromisso

organizacional e, por esta via, auxiliar as empresas a seleccionar as políticas e

estratégias mais adequadas para conseguirem o desenvolvimento de alguns dos

elementos integrantes do compromisso organizacional.

1 Parte deste trabalho desenvolveu-se no seio do projeto de investigação PGDIDIT02PXITA30002PR. Este projecto está englobado dentro do Programa de Promoção Geral da Investigação do Plano Galego de Investigação, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica e está subvencionado pela Secretaria de Investigação e Desenvolvimento da Xunta de Galícia e cofinanciado com fundos europeus FEDER MAC.

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DELIMITAÇÃO CONCEPTUAL DO CONCEITO DE COMPROMISSO

ORGANIZACIONAL

O compromisso organizacional dos empregados para com a empresa tem recebido

considerável atenção tanto da parte dos gestores como dos estudiosos do

comportamento (Gallagher e McLean, 2001), o que faz com que seja o conceito mais

desenvolvido e amadurecido de toda a família de constructos dos compromissos do

trabalho (Morrow e McElroy, 1993, p.1). Não entanto, este facto não tem facilitado a

aceitação de uma definição consensual. Antes pelo contrário, instiga a que os

investigadores das diferentes disciplinas, e incluindo dentro da mesma, tenham atribuído

a este conceito significados diversos (Mowday, Porter e Steers, 1982, p.20)2, e com isso

se tenha aumentado a dificuldade para se chegar a um conhecimento profundo do

mesmo (Meyer e Herscovitch, 2001).

Apesar disso, na análise da literatura relativa ao compromisso organizacional, pode-se

observar uma evolução, que integra desde concepções tão amplas como a de Etzione,

passando por abordagens mais específicas de carácter unidimensional, como a de

Mowday, Porter e Steers, até aos esforços mais recentes destinados a identificar os

componentes do compromisso organizacional enquanto entidade multidimensional.

Etzione (1961) desenvolveu uma das primeiras tipologias do compromisso

organizacional. Nela se explicita que o compromisso se baseia no grau de conformidade

que o indivíduo experimenta no respeito pelas directrizes organizativas, podendo

adoptar uma das seguintes formas, que constituem três estados diferentes de uma

postura contínua do compromisso:

i) a moral, na qual se produz uma orientação positiva e intensa face à empresa,

fundamentada na internalização das metas, valores e normas organizativas e na

identificação com a autoridade;

ii) a calculista, caracterizada por uma ligação menos intensa que deriva, em grande

medida, da relação de intercâmbio que tem lugar entre a empresa e os seus membros. 2 Segundo Meyer e Allen (1997, pp.15-16) esta confusão deve-se não só ao facto deste mesmo termo ter sido usado para descrever construtos diferentes, mas também porque o mesmo construto tem sido denominado de distintas maneiras e, algumas vezes, não existindo qualquer correspondência entre o conceito estabelecido nas hipóteses e a medida arbitrada com fins empíricos.

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Neste caso, os indivíduos comprometem-se com a organização porque consideram que a

relação de intercâmbio é benéfica e equitativa, existindo uma correspondência entre o

valor das contribuições que dão à empresa através do seu trabalho e o montante das

recompensas que recebem;

iii) por último, a alienadora, que se distingue por uma orientação negativa face à

organização e que se desenvolve em consequência da existência de situações em que o

comportamento dos indivíduos se vê limitado de forma severa.

A diferença desta abordagem face às definições posteriores é que estas últimas não têm

em conta as implicações alienadoras ou negativas para a organização enquanto forma de

compromisso, mas definem-se, geralmente, “como uma identificação positiva dos

indivíduos com a organização, baseada em atitudes que implicam crença e aceitação

das metas, esforço para as ultrapassar, desejo de permanência e/ou comportamentos

explícitos, irrevogáveis e volitivos com que se auto identificam os indivíduos” (Bouzas e

Castro, 1986, p.168). Nesta perspectiva, o compromisso organizacional é considerado

como uma atitude mais ampla do que uma mera lealdade passiva, implicando uma

relação activa na qual os indivíduos estão dispostos a dar algo deles mesmos com a

finalidade de contribuírem para o bem-estar da empresa.

Dentro desta corrente, uma das definições mais conhecidas e utilizadas em posteriores

trabalhos empíricos é a de Mowday, Steers e Porter (1979, p.20)3, que consideram que o

compromisso organizacional é “a força de identificação de um indivíduo com uma

organização em particular e com a sua participação na mesma. Então,

conceptualmente, pode ser caracterizado por, pelo menos, três factores: i) uma forte

convicção e aceitação dos objectivos e valores da organização; ii) uma disposição para

exercer um esforço considerável em beneficio da organização; iii) um forte desejo de

permanecer como membro da organização”.

Em relação a estas duas contribuições, Kidron (1978) e Gould (1979) sustentam que

existe uma correspondência entre as características desta última definição e as noções

3 Estes autores desenvolveram um questionário sobre o compromisso organizativo (OCQ), o qual facilitou a difusão e aceitação desta definição. Considerando que é a primeira medida, com propriedades psicométricas aceitáveis em relação a outros instrumentos prévios, este permitiu a operacionalização do conceito do compromisso organizacional. Tal medida pode ser conferida em Porter, Steers, Mowday e Boulian (1974) e em Mowday, Steers e Porter (1979).

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calculista e moral propostas por Eztione. A este propósito importa salientar que o

conceito de compromisso organizacional e a OCQ de Mowday, Porter e Steers foram

elaborados com uma estrutura unidimensional4, em que todos os itens contribuem para

obter o valor desta atitude, de tal maneira que estas características podem ter lugar de

forma simultânea, enquanto que na classificação de Etzione se nega esta última

possibilidade.

Recentemente, os teóricos e investigadores da atitude do compromisso organizacional

começaram a reconhecer que este é um conceito multidimensional (Morrow, 1993;

Meyer, Stanley, Herscovitch e Topolnytsky, 2002). Tal consenso provocou o

surgimento de uma linha de investigação que pretende identificar as diferentes

dimensões integrantes do compromisso. Dentro de ela, pode-se fazer menção à

contribuição de Jaros, Jermier, Koehler e Sincich; ainda que os modelos mais

difundidos e representativos de tal corrente são, por um lado, o desenvolvido por Meyer

e Allen e, por outro, o de O'Reilly, Chatman e Caldwell, os quais definem os

componentes integrantes do compromisso organizacional considerando as bases do

mesmo, quer dizer, cada componente procura reflectir os motivos que geram a adesão

do empregado face à sua organização.

Conceito multidimensional de Meyer e Allen

O enfoque proposto por Meyer e Allen (1984, 1990, 1991) têm um carácter conciliador

relativamente às conceptualizações prévias efectuadas na literatura, já que foi

desenvolvido a partir de uma síntese dos traços comuns identificados nas distintas

definições unidimensionais do compromisso organizacional. De forma genérica, estes

autores definem o compromisso organizacional como um estado psicológico que

caracteriza a relação que o empregado mantêm com a empresa, e consideram que tal

estado tem uma forte influência sobre a decisão do trabalhador de continuar sendo

membro da organização. De forma mais específica, propõem que a intensidade do

vínculo psicológico que liga o empregado com a empresa se poderia caracterizar a partir

da definição do seu perfil de compromisso, que incluiria de forma simultânea graus

4 Angle e Perry (1981) obtiveram na sua análise empírica que a OCQ estava composta por dois factores distintos embora relacionados, um definido pelos itens que avaliam a disposição para permanecer na empresa e outro integrado pelos itens que valorizam o apoio dos trabalhadores às metas organizacionais.

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variáveis dos três componentes ou dimensões do compromisso organizacional: i) o

compromisso afectivo, ii) o de continuidade e iii) o normativo.

O primeiro deles, o compromisso afectivo, faz referencia à adesão emocional do

empregado, à identificação e à implicação na organização5. O compromisso de

continuidade pressupõe o reconhecimento por parte do trabalhador dos custos

associados com o abandono da organização. Refere-se, por tanto, ao facto de que um

indivíduo com compromisso de continuidade está consciente de que existem custos

associados com o abandono da empresa em que trabalha6. Finalmente, o compromisso

normativo reflecte o sentimento de obrigação moral que experimenta o empregado

relativamente à permanencia na empresa.

Este modelo dos três componentes do compromisso de Meyer e Allen têm sido um dos

mais utilizados devido, fundamentalmente, ao resultado das análises factoriais que

indicam que os três componentes do compromisso são constructos realmente diferentes

e que as medidas definidas para tornarem operativas as dimensões apresentam uma

avaliação psicométrica positiva. É igualmente o que tem recebido as mais extensas

avaliações empíricas até há actualidade, e também, o que permite realizar comparações

entre diferentes estudos empíricos sobre o compromisso apesar da conceptualização

utilizada em cada um deles7.

5 Meyer y Allen sustentam que a maioria das definições revistas e identificadas na literatura podem-se considerar como equivalentes a esta dimensão, ainda que muitas de elas incluam também diversos elementos dos outros dois componentes. 6 Com esta dimensão Meyer e Allen tentam aglutinar aquelas definições que têm em conta os side-bet de Becker (1960, p.32); termo que faz referencia aos investimentos, valorizados pelo individuo, que se converteriam em perdas se este abandonasse a empresa. 7 Em relação a este modelo importa assinalar que alguns achados empíricos sugerem a necessidade de um maior refinamento tanto na conceptualização como nas medidas arbitradas para torná-lo operativo. Assim, por um lado, em alguns estudos encontra-se correlações mais elevadas de que caberia esperar entre a escala do compromisso afectivo e o normativo (Allen e Meyer, 1993; Cohen,1996; Irving, Coleman e Cooper, 1997; De Frutos, Ruíz e San Martín, 1998; Meyer, Stanley, Herscovitch e Topolnytsky, 2002; e Brown, 2003), sugerindo este facto que os sentimentos de adesão afectiva e os sentimentos de obrigação face à organização podem não ser totalmente independentes uns dos outros. Por outro lado, McGee e Ford (1987) e Hackett, Bycio e Hausdorf (1994) sugeriam que a escala do compromisso de continuidade compreende duas dimensiões relacionadas, uma que reflicta os sacrifícios que um empregado deve aceitar na hora de deixar a organização e outra que mede o reconhecimento por parte do individuo da ausência de alternativas de trabalho, circunstancia que foi corroborada a nível empírico por McGee e Ford (1987), Meyer, Allen e Gellatly (1990) e De frutos, Ruíz e San Martín (1998). Não entanto, também existe evidencia empírica na relação com a unidimensionalidade do compromisso de continuidade no estudo de Dunham, Grube e Castenada (1994) e no de Ko, Price e Mueller (1997). A este respeito, Meyer e Allen (1997, pp.120-123) questionaram a necessidade de

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Conceito multidimensional de O'Reilly, Caldwell e Chatman

Outro modelo multidimensional de compromisso organizacional é o de O'Reilly,

Caldwell e Chatman (1986,1990, 1991), baseado no trabalho prévio de Kelman (1958).

Tal modelo, na sua formulação inicial, estima que o compromisso organizacional

reflecte o laço psicológico que une o empregado com a empresa, o qual, por sua vez,

implica combinações variáveis de três elementos: i) obediência, ii) identificação e iii)

internalização.

Segundo estes autores, a obediência (mais tarde denominada de compromisso

instrumental) tem lugar quando o indivíduo adopta atitudes e comportamentos com a

intenção de conseguir recompensas específicas e/ou evitar castigos, não remetendo para

a partilha de crenças e valores. Referem ainda que a obediência pode ter implicações

negativas para a organização, devido ao facto de que esta forma de adesão é mais fugaz

e não implica a aceitação de normas e valores que beneficiem a empresa8.

A identificação produz-se quando o indivíduo aceita a influencia da empresa com a

finalidade de estabelecer e manter uma relação satisfatória com ela, gerando-se, então,

um desejo de afiliação; isto é, o indivíduo chega a sentir-se orgulhoso por fazer parte da

organização, respeitando os seus valores mas sem os adoptar como algo próprio.

Por último, a internalização existe quando o empregado aceita a influência da empresa

porque as atitudes e comportamentos induzidos por ela são aceites como congruentes

com os seus; quer dizer, existe coincidência entre os valores do indivíduo e os da

organização. Não entanto, perante a dificuldade de distinguir na prática a identificação e

a internalização (dado que as medidas destes componentes têm-se mostrado em várias

ocasiões problemáticas ao nível das multicolinearidade e esquemas de correlação

desenvolvimento e aplicação de ambas subescalas já que consideram que se obteria pouca informação adicional relevante. 8 Ao nível empírico, a medida deste conceito costuma estar correlacionada positivamente com a rotação de trabalhadores. Esta última circunstancia junto com a de que tal definição não apresenta nenhuma semelhança com qualquer das formuladas anteriormente na literatura, conduziu a Meyer e Allen a questionar que a obediência poda ser considerada como um verdadeiro compromisso organizacional, levando a sugerir a possibilidade de que tal conceito se possa classificar como a antítese do compromisso, devido ao que estes pressupõem que o compromisso por si só serve para gerar comportamentos sem implicar recompensas (Meyer e Allen, 1997, p.15).

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similares com outras variáveis), numa abordagem posterior, estes autores, combinaram

estes dois últimos elementos do compromisso numa nova medida, que denominaram de

compromisso normativo9.

Conceito multidimensional de Jaros, Jermier, Koehler e Sincich

Finalmente, outra proposta que reflecte a natureza multidimensional do compromisso

organizacional é a de Jaros, Jermier, Koehler e Sincich (1993), ainda que a diferença

com as anteriores não tenha recebido demasiada atenção, o que, em certa medida,

dificulta a sua avaliação e, assim sendo, a sua validade.

Estes autores consideram que o compromisso organizacional enquanto estado

psicológico integra três dimensões:

i) o compromisso de continuidade, pelo que os empregados sentem a obrigação de

comprometerem-se com a organização devido ao facto de que, entre outros, os custos

monetários, sociais e psicológicos associados com o abandono da organização são

elevados;

ii) o compromisso afectivo, que segundo o trabalho de Kanter (1968), é definido como

uma forma de lealdade psicológica com a organização empregadora que implica a

formação de um laço emocional; isto é, baseia-se unicamente no desenvolvimento de

sentimentos tais como a lealdade, a afectividade, o carinho, a felicidade, o prazer de

trabalhar nessa empresa, etc..;

iii) e, por último, o compromisso moral que expressa o grau de adesão psicológica à

empresa devido à internalização de normas e à identificação com a autoridade

organizacional10, quer dizer, supõe que os indivíduos incorporam as metas e os valores

da organização nas suas próprias identidades pessoais11.

9 Há que ter em conta que a identificação e a internalização poderiam ser consideradas como as bases do compromisso afectivo de Meyer e Allen, já que se poderia contemplar como os mecanismos que facilitam o desenvolvimento dessa dimensão do compromisso organizacional. Isto é, a adesão afectiva dos empregados à organização, nos termos de Meyer e Allen, podia basear-se no desejo de estabelecer uma relação gratificante com a empresa – identificação – e/ou sobre a congruência existente entre as metas e valores do individuo e os da organização – internalização. 10 A primeira dimensão, baseada uma vez mais sobre a teoria de Becker do side-bet, tem uma grande similitude conceptual com o compromisso de continuidade de Meyer e Allen. De facto, Jaros, Jermier, Koehler e Sincich utilizam para medir esta dimensão uma combinação de itens desenvolvidos por eles mesmos e os da medida do compromisso de continuidade proposta num dos primeiros trabalhos de Meyer e Allen (1984). Por outro lado, para a medida da segunda dimensão aplicam uma escala bipolar desenvolvida para o efeito e, finalmente, a forma moral do compromisso organizacional é medido através

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Em forma de síntese, a tabela 1 integra as principais equivalências que se têm vindo a

fazer referência relativamente às diferentes conceptualizações e modelos analisados

assim como de outros contributos referidos na revisão da literatura.

AportacionesUnidimensionales

AportacionesUnidimensionales

Kanter (1968, p. 507)

Sheldon (1971, p.143)

Hall; Schneider y Nygren (1970, pp.176-177. )

Buchanan (1974, p. 533)

Mowday; Porter y Steers (1982, p. 20)

Wiener (1982, p. 421)

Marsh y Mannari (1977, p. 59)

Gould y Penley (1982)

Werbel y Gould (1984)

Becker (1960, p. 32)

Kanter (1968, p. 504)

Becker (1960, p. 32)

Hrebiniak y Alutto (1972, p. 556)

ContribuçõesUnidimensionais

ContribuçõesUnidimensionais

Kelman (1958)

Tabela 1. Principais similitudes entre as definições e modelos do compromisso organizacional Contribução própia.

Modelos MultidimensionaisModelos Multidimensionais

Meyer y AllenMeyer y Allen

CompromissoAfectivo

CompromissoAfectivo

CompromissoNormativo

CompromissoNormativo

Compromisso deContinuidade

Compromisso deContinuidade

O´Reilly, Chatmany Caldwell

O´Reilly, Chatmany Caldwell Jaros, Jermier,

Koehler y Sincich

Jaros, Jermier, Koehler y Sincich

CompromissoNormativo

CompromissoNormativo

CompromissoAfectivo

CompromissoMoral

CompromissoAfectivo

CompromissoMoral

Compromisso deContinuidade

Compromisso deContinuidade

ObediênciaObediência

dos itens desenvolvidos por Gould e Penley (1982) e Werbel e Gould (1984), os quais não têm recebido suficiente comprovação empírica. 11 A concepção de estes autores equivale a considerar, em certa medida, que o compromisso afectivo de Meyer e Allen está, por sua vez, integrado por estas duas dimensões, já que Jaros, Jermier, Koehler e Sincich incluem unicamente os sentimentos de lealdade na definição do seu compromisso afectivo e a internalização das metas e valores organizacionais na conceptualização do seu compromisso moral.

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CAPACIDADE DE ACTUAÇÃO DA DIRECÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

SOBRE O COMPROMISSO ORGANIZACIONAL

A constatação empírica de que existem relações consistentes entre os vários elementos

do compromisso organizacional e os resultados/comportamentos laborais

potencialmente relevantes para a empresa12, torna necessário que o desenvolvimento

destes componentes seja considerado como objectivos a alcançar pela direcção de

recursos humanos, isto porque exercem um impacte positivo sobre a performance

empresarial.

Obviamente, esta inclusão só tem sentido se as estratégias e práticas de recursos

humanos tiverem capacidade de influenciar a geração e o desenvolvimento dos vários

elementos do compromisso organizacional. Neste sentido importa, portanto, analisar

quais as variáveis antecedentes que podem exercer algum impacto sobre o

desenvolvimento de cada um desses componentes, prestando especial atenção ao

impacto que do ponto de vista teórico e empírico tem sido atribuído aos sistemas de

gestão de recursos humanos.

Segundo Meyer e Allen (1997, p.109), os numerosos factores que ao longo da literatura

foram considerados como antecedentes do compromisso organizacional podem-se

aglutinar em duas categorias diferentes: as causas próximas e as causas distantes.

As primeiras (causa próximas) são aquelas que parecem exercer uma influência directa

sobre algum componente do compromisso organizacional. De entre estas, podem-se

citar basicamente:

i) as características do trabalho que efectuam os empregados e as experiências laborais

desenvolvidas. Integra, o âmbito do trabalho, o nível de desafio que implica, o grau de

autonomia, a variedade de técnicas e habilidades aplicadas e o apoio organizacional

percebido pelos empregados no seu desenvolvimento diário da sua actividade, por

exemplo;

12 As relações que os diferentes componentes do compromisso organizacional mantêm com o desempenho dos trabalhadores e as variáveis cognitivas do processo de abandono pode conferir-se em Velando e Crespo (2004).

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12

ii) o nível de conflito e ambiguidade no papel experimentado pelos trabalhadores. A

ambiguidade de papel consiste na diferença entre o que se espera de um indivíduo no

seu trabalho e o que este sente que deveria fazer, no entanto o conflito de função faz

referencia à percepção do indivíduo sobre a incompatibilidade existente entre duas ou

mais funções (Igbaria e Siegel, 1992, pp.104-105);

iii) e o tipo de contrato psicológico que define a relação de intercâmbio entre a empresa

e o empregado. Nos contratos psicológicos aparecem reflectidas as crenças e

expectativas, tanto do empregado como da empresa, o respeito, os deveres e as

obrigações recíprocas que configuram a relação de intercambio entre as partes – aspecto

básico da teoria do compromisso organizativo. Trata-se portanto, de um acordo

subjacente, de natureza não formal, subjectiva e dinâmico, que regula o comportamento

de ambas partes e cria um laço comum entre elas; de tal forma que se os empregados

percebem que a empresa, através das suas actividades, não cumpre este contrato, isso

afectará a seus comportamentos, atitudes e respeito pela organização, conduzindo

provavelmente, a uma diminuição no seu nível de compromisso.

As causas distantes são aquelas que exercem a sua influência no compromisso através

do seu impacto nas causas próximas. Dentro deste tipo de antecedentes poder-se-ia

incluir as características organizacionais, as características pessoais do empregado, as

condições ambientais e as estratégias e práticas de recursos humanos13.

13 Ao nível empírico, há que assinalar que tanto a meta análise de Mathieu e Zajac (1990) como a de Meyer, Stanley, Herscovitch e Topolnytsky (2002) parecem demonstrar que no conjunto das variáveis mencionadas as demográficas são as que jogam um papel menos relevante na hora de desenvolver um compromisso organizacional, com independência da forma à que se faça referencia.

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Característicasorganizacionales

Características pessoais

Estratégias de Recursos Humanos

Condiçõesambientais

Experiênciasde

trabalho

Ambiguidadee conflitode papel

Contratopsicológico

Compromissoorganizacional

CAUSAS DISTANTES

CAUSAS PRÓXIMAS

Fonte: Adaptado de Meyer e Allen (1997, p.106).

Figura 2. Causas del compromisso organizacional.

Na análise dos antecedentes específicos que maior influência exercem sobre os

diferentes componentes do compromisso organizacional, tomaremos como referência a

matriz de Meyer e Allen (compromisso afectivo, de continuidade e normativo). Apesar

de neste esquema geral (ver figura 2) terem sido considerados de forma conjunta todas

as variáveis que afectam os vários componentes do compromisso organizacional,

salientaremos apenas as causas que parecem ter um maior impacto sobre cada um dos

componentes do compromisso organizacional, pois cada forma de compromisso obtém-

se como resultado de um conjunto diferente de variáveis.

As investigações sobre este tópico carecem ainda de uma forte sistematização teórica e

empírica (Meyer e Herscovitch, 2001; e Meyer, Stanley, Herscovitch e Topolnytsky,

2002). No entanto, a abordagem sobre os antecedentes do compromisso afectivo tem

sido mais alargada, sendo todavia ainda limitado o número de contributos e de

constatações empíricas relativamente aos antecedentes do compromisso de continuidade

e do compromisso normativo, devendo-se por isso considerar esta abordagem como

uma aproximação exploratória do tema.

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Compromisso afectivo

Começando pelo antecedentes que maior impacto têm sobre o compromisso afectivo do

trabalhador importa, ao nível teórico, salientar algumas variáveis consideradas mais

relevantes. Qualquer variável pessoal ou situacional que incremente a probabilidade de

que o indivíduo se sinta intrinsecamente motivado e absorvido nos cursos de acção

desejados pela empresa, e/ou que favoreça sua percepção relativamente à importância

de estar ligado à empresa, e/ou que incida de forma a que o trabalhador derive a sua

identidade da associação com a organização, contribui de forma significativa à gestação

e desenvolvimento deste componente integrante do compromisso organizacional (Meyer

e Herscovitch, 2001).

Ao nível empírico, numerosos estudos e várias meta-análises têm examinado as relações

específicas entre o compromisso afectivo e certas variáveis consideradas como suas

antecedentes (Buchanan, 1974; Bateman e Strasser, 1984; Mathieu e Zajac, 1990;

Igbaria e Siegel, 1992; Shore, Barksdale e Shore, 1995; Coleman, Irving e Cooper,

1999; Meyer, Stanley, Herscovitch e Topolnytsky, 2002; e Bishop, Scott, Goldsby e

Cropanzano, 2003). Do conjunto das variáveis distantes, tradicionalmente têm-se

estudado as características pessoais, organizacionais e as diferentes estratégias de

recursos humanos.

a) Características pessoais

A investigação sobre as características pessoais que se podem considerar como causa do

compromisso afectivo centram-se no sexo, idade, antiguidade no posto e na

organização, o estado civil, número de filhos, nível educativo, etc. Em geral, os estudos

empíricos mostram que as relações com estas variáveis não são nem fortes nem

consistentes. As relações positivas mais significativas são estabelecidas entre este

componente do compromisso organizacional e a idade e a antiguidade14.

Dentro desta categoria de antecedentes do compromisso afectivo também se estudou a

influencia que diversos aspectos da personalidade, tais como a elevada necessidade de

14 No caso da idade é difícil interpretar esta relação como uma evidência inequívoca, sendo que a mesma poderia ser resultado de diferenças entre os cortes geracionais estudados. Por outro lado, a relação com a antiguidade poderá significar simplesmente que aqueles que não conseguem desenvolver uma forte adesão afectiva a uma organização preferem deixa-la e, assim, só os altamente comprometidos permanecem no grupo de maior antiguidade.

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êxito, a forte ética para o trabalho e os interesses vitais centrados no trabalho, etc.,

podem ter na sua interacção com as experiências de trabalho, sobre o mesmo. A esse

respeito importa referir que a evidencia sobre a existência de uma potencial relação é

muito escassa, e só a auto eficácia e a crença que um indivíduo mantêm acerca de sua

própria competência e o centro de controlo interno, parecem manter uma relação

positiva relativamente consistente com o compromisso afectivo.

Por último, também é de destacar a sugestão de que os indivíduos diferem nas suas

propensões para o compromisso o que, obviamente, poderia influir no nível real de

compromisso afectivo que experimentam a favor da organização. Este aspecto ainda que

isto tenha sido dado como provado nos estudos de Pierce e Dunham (1987) e Lee,

Ashford, Walsh e Mowday (1992), os resultados não podem ser considerados como

totalmente inequívocos devido, sobretudo, à forma como se mediu tal propensão.

b) Características organizacionais

Entre o segundo conjunto de variáveis, as características organizacionais, as mais

estudadas e citadas na literatura, referem-se ao tamanho da empresa, seu grau de

formalização e de descentralização. Uma vez mais, a evidência empírica a respeito do

seu vínculo com o compromisso afectivo não é nem forte nem consistente. Isso pode-se

atribuir ao facto de que estas variáveis de nível macro só exercem uma certa influencia

na configuração do compromisso afectivo através da sua incidência, em alguns casos

moderada, sobre certas variáveis próximas, tais como as experiências de trabalho ou a

definição dos papéis que os empregados assumem, sendo precisamente estas as que têm

um maior impacto na formação de atitudes para a organização, estando relacionadas

mais de perto com o trabalho diário e a sua ligação com a satisfação das necessidades

pessoais do trabalhador.

c) Estratégias de Recursos Humanos

Por último, investigou-se também as relações entre as distintas práticas de recursos

humanos e o compromisso afectivo. À luz da literatura empírica sobre o tema, pode-se

afirmar que, de todos os antecedentes distantes mencionados, as estratégias de recursos

humanos são as que apresentam relações mais fortes e consistentes, o que parece

confirmar a capacidade de incidência destas estratégias sobre o compromisso afectivo

dos trabalhadores.

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Esta relação pode-se explicar tendo em conta que são precisamente as estratégias e as

práticas de recursos humanos as que apresentam, de todos os antecedentes distantes, um

maior grau de influencia sobre todos os antecedentes próximos do compromisso

afectivo, isto é, sobre as experiências de trabalho que enfrentam os trabalhadores, as

características do posto, a definição dos papéis que os empregados assumem e a

definição ou modificação de contratos psicológicos.

De forma pormenorizada pode-se argumentar, ao nível teórico, os potenciais efeitos

positivos que certas práticas de recursos humanos podem exercer sobre o compromisso

afectivo. Por exemplo, políticas de recrutamento vinculadas à segurança no emprego

podem incrementar a crença do trabalhador nos valores centrais da organização, o que

pressupõe o desenvolvimento no trabalhador de um certo nível de compromisso afetivo,

que por sua vez provocará um incremento no desejo por parte do trabalhador de exercer

um esforço adicional para com a empresa.

Estratégias de selecção ao considerarem, dentro do perfil procurado nos novos

candidatos, os valores principais da empresa, fomentam que esses novos trabalhadores

contratados se identifiquem mais facilmente com a mesma. Através dos processos de

selecção a empresa pode ainda proporcionar aos candidatos uma percepção clara acerca

da tomada em consideração de que são membros valiosos e com capacidade de realizar

potenciais contribuições positivas15.

A respeito das estratégias de compensação, uma política retributiva acima da média e

vinculada ao rendimento organizacional pode incrementar o compromisso afectivo.

Pode contribuir para que a empresa obtenha uma maior quantidade de candidatos nos

seus processos de selecção, o que incrementará, por sua vez, a probabilidade de realizar

um ajustamento mais adequado face aos respectivos valores organizacionais. Além

disso, níveis de compensação elevados podem ser percebidos pelos trabalhadores como

15 Neste sentido, e tendo em conta que, tal como se comentou anteriormente, as variáveis demográficas jogam um papel relativamente pequeno no desenvolvimento desta componente do compromisso organizacional, os intentos para seleccionar e contratar trabalhadores que poderiam estar predispostos a comprometerem-se afectivamente serão menos efectivos que as actividades em que se contribui para gerar percepções de apoio organizacional ou que as práticas de recursos humanos que tentam gerir cuidadosamente as experiências dos trabalhadores posteriormente à sua entrada na empresa, tal como as práticas que acontecem no período de socialização organizacional.

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uma sinal do valor que a empresa outorga aos seus empregados, gerando desta maneira

sentimentos de auto valia e de importância pessoal, que facilitam a adesão emocional e

a identificação com a empresa. Acresce ainda que uma retribuição vinculada ao

rendimento dá lugar, geralmente, a percepções positivas por parte dos trabalhadores a

respeito da equidade interna do sistema retributivo e da justiça da organização,

circunstancia que está ligada ao desenvolvimento e incremento do compromisso

afectivo.

Finalmente, também se pode argumentar sobre uma relação positiva entre a política

formativa da empresa e o compromisso afectivo, já que as actividades vinculadas a esta

política têm potencialidade para incrementar os sentimentos de auto valia e importância

pessoal, e podem ser percebidas como um reflexo de uma filosofia empresarial centrada

na consideração dos recursos humanos enquanto investimento valioso, o que pode

conduzir a que o trabalhador responda a este investimento da empresa com uma adesão

psicológica mais confinante com ela assim como relativamente aos seus objectivos e

metas (McElroy, 2001).

Compromisso de continuidade

Como foi referido anteriormente, este elemento do compromisso organizacional

(compromisso de continuidade) refere-se à situação em que o empregado está

consciente da existência de custos associados ao abandono da empresa. Qualquer

actividade que incremente os investimentos que o trabalhador poderá perder se deixar a

organização e/ou qualquer facto que diminua as expectativas sobre a existência de

possíveis alternativas de emprego, e que seja percebida pelo trabalhador, poderá

conseguir que o individuo desenvolva este componente do compromisso organizacional.

É por esta razão porque, de entre as variáveis próximas do compromisso de

continuidade, se considera, principalmente, o contrato psicológico transaccional (Meyer

e Allen, 1997, p.62), já que é aquele que se baseia nos princípios de intercambio

económico (Rousseau, 1989). De entre os antecedentes distantes estudou-se i) certas

condições ambientais que podem afectar a percepção dos trabalhadores a respeito da

existência de outras possibilidades de trabalho, tais como a situação da economia em

geral e do sector em particular, a situação do mercado de trabalho, etc.; ii) algumas

características pessoais do trabalhador que podem influenciar as suas percepções no que

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respeita à sua capacidade para se integrar no mercado de trabalho e, por tanto, sobre as

suas expectativas de encontrar alternativas viáveis de trabalho, entre as que se pode

mencionar o nível de educação, a posse de conhecimentos actualizados e/ou

transferíveis para outras organizações (Meyer, Stanley, Herscovitch e Topolnytsky,

2002), a responsabilidade familiar, certos traços de personalidade (como o centro de

controle), a idade e a antiguidade no posto de trabalho; iii) e as estratégias de recursos

humanos, sobretudo aquelas que implicam investimentos da empresa nos empregados,

tais como a política formativa, a segurança no emprego e a retributiva, já que todas têm

a potencialidade para afectar a percepção do custo assumido pelo trabalhador em caso

de abandono da empresa. Tal esquema de relações está presente na figura 3.

Características pessoais

Estratégias de Recursos Humanos

Condiçõesambientais

Contratopsicológico

transaccional

Compromissode continuidade

CAUSAS DISTANTES

CAUSAS PRÓXIMAS

Fonte: Contribução própia

Figura 3. Antecedentes potenciais do compromisso de continuidade.

Os resultados de carácter empírico relativamente à idade e a antiguidade são ambíguos.

A explicação pode dever-se ao facto de que à medida que se incrementam estas duas

variáveis o indivíduo adquire experiência e habilidades que podem ser consideradas

como valiosas por outras empresas, podendo-se incrementar a percepção do trabalhador

a respeito das opções alternativas de emprego e, portanto, diminuir o compromisso de

continuidade. No entanto, nas últimas fases das carreiras profissionais incrementam-se

os custos percebidos pelos indivíduos relativamente ao facto de abandonarem a empresa

(considere-se neste sentido o nível retributivo, o status atingido dentro da empresa e os

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direitos adquiridos em planos de pensões, etc.), pelo que também pode aumentar o

compromisso de continuidade.

As políticas formativas centradas no desenvolvimento de habilidades específicas a

utilizar pela empresa podem incrementar o compromisso de continuidade. No entanto,

as políticas de formação em habilidades gerais terão pouca influencia nele, já que as

mesmas são facilmente transferíveis pelo que não suporiam uma perda no caso do

trabalhador abandonar a empresa. A política de segurança do emprego é considerada

como uma forma de incrementar compromisso de continuidade devido ao facto de que

se este abandona a organização perderia uma relação segura de emprego, que pode não

estar presente no contexto do novo trabalho (McElroy, 2001).

Compromisso normativo

Por último, em relação ao compromisso normativo, do ponto de vista teórico e empírico,

mantém-se a noção de que a crença de um indivíduo sobre a idoneidade de ser leal para

com a empresa que o contrata se desenvolve, basicamente, a partir da incidência que

têm na definição do contrato psicológico relacional os valores inculcados e as

expectativas geradas pelos primeiros processos de socialização, quer dizer aqueles

efectuados desde a família e sociedade (Wiener, 1982; Meyer, Allen e Smith, 1993;

Morrow, 1993; Wasti, 1999; e Clugston, Howell e Dorfman, 2000). Situação que a

diferencia dos contratos psicológicos transaccionais, os quais são mais abstractos e se

baseiam nos princípios do intercambio social (Rousseau, 1989).

Mas, também existe a possibilidade de que o compromisso normativo, para uma

organização em particular, se possa estabelecera partir das actividades desenvolvidas

pela empresa. Assim, as experiências positivas dos processos de socialização

organizacional, as acções efectuadas pela empresa que impliquem investimento nos

indivíduos e através dos quais estes se consideram em dívida para com a organização

(refira-se por exemplo as políticas de segurança no emprego em épocas de downsizing,

as políticas de formação subvencionadas ou gratuitas para o trabalhador (McElroy,

2001), poderiam exercer uma certa influencia sobre este componente do compromisso

organizacional (Meyer, Allen e Topolnytsky, 1998). Nestes casos, e segundo os

princípios da reciprocidade, quando a empresa faz investimentos que o indivíduo

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considera excessivas, este estará consciente da existência de um desequilíbrio, que

procurará rectificar mediante o desenvolvimento de um sentimento de obrigação para

com ela. De todas formas, é viável que as diferenças dos valores individuais incidam no

grau com que os indivíduos internalizam as normas de reciprocidade e, portanto, a

existência de tais valores poderiam mediar a criação da sensação de dívida por parte do

trabalhador. Tal esquema de relações aparece reflectido na figura 4.

Características pessoais

Condiçõesambientais

Estratégias de Recursos Humanos

Experiênciasde

trabalho

Contratopsicológicorelacional

Compromissonormativo

CAUSAS DISTANTES

CAUSAS PRÓXIMAS

Fonte: Contribução própia.

Figura 4. Antecedentes potenciais do compromisso normativo.

A partir da análise conjunta das variáveis consideradas como antecedentes dos distintos

componentes do compromisso organizacional podem-se extrair certas conclusões

relevantes. Em primeiro lugar, importa ter em conta que os elementos integrantes do

compromisso organizacional se criam e desenvolvem segundo seus próprios

mecanismos, o que permite confirmar a natureza radicalmente diferente do

compromisso afectivo, normativo e de continuidade. Neste sentido, é interessante

assinalar que o compromisso normativo, diferentemente do afectivo e de continuidade,

se desenvolve de forma prévia à entrada numa organização específica, enquanto que os

outros dois se desenvolvem principalmente em resposta às experiências actuais de uma

organização específica (Beck e Wilson, 2001). Em segundo lugar, os estudos realizados

parecem confirmar a relevância das estratégias de recursos humanos como antecedente

significativo no desenvolvimento do compromisso afectivo, do normativo e de

continuidade.

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CONCLUSÕES

Tradicionalmente, tanto ao nível teorico como da prática empresarial, tem-se

considerado que o compromisso do indivíduo para com a empresa é uma variável

relevante por permitir identificar intenções de conduta, comportamentos e resultados

com impacte directo na produtividade e na eficácia organizacional (Hunt e Morgan,

1994, p.1570).

É por isso que, com a finalidade de a tornar operacional e susceptível de intervenção por

parte da direcção de recursos humanos, se tornou importante delimitar os componentes

que integram a noção de compromisso para com a empresa. A revisão bibliográfica

efectuada permitiu observar uma evolução na definição do compromisso organizacional.

Passou-se de concepções unidimensionais para modelos que caracterizam esta atitude

laboral como um constructo composto por múltiplas dimensões ou componentes.

Relativamente a este aspecto, importa assinalar que apesar das numerosas propostas

identificadas na literatura se pode estabelecer um esquema de paralelismos entre elas

que permite a sua comparação e uso para fins empíricos e de gestão organizacional.

Ao nível da prática empresarial, o esquema de relações entre os intervenientes do

compromisso organizacional e as variáveis antecedentes e consequentes, levam-nos a

sugerir que os responsáveis pela direcção de recursos humanos da empresa com carácter

prévio ao desenho consciente de um sistema de gestão de recursos humanos, centrado

na potenciação do compromisso organizacional, deveriam identificar qual o perfil de

compromisso que desejam para os seus empregados, isto é que componentes e em que

níveis vão ser considerados como objectivos da direcção de recursos humanos. Tendo

em consideração que a literatura empírica confirma que o compromisso afectivo, o

normativo e o de continuidade, segundo a terminologia do modelo de Meyer e Allen,

têm distintas, mas importantes implicações no desempenho das actividades de trabalho e

de outras variáveis laboráveis relevantes, tais como o absentismo, a rotação voluntária e

as variáveis cognitivas do processo de abandono do trabalhador, a definição clara de

estratégias mostra-se decisiva para a obtenção de maiores níveis de compromisso

organizacional.

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Então, uma vez definidos os níveis de compromisso afectivo, normativo e de

continuidade que são requeridos pela empresa, e partindo do facto exposto

anteriormente de que podem existir determinadas práticas de recursos humanos que

incidam de forma diferente tanto com respeito à magnitude, como quanto ao sentido da

relação no desenvolvimento de cada um desses componentes do compromisso, os

responsáveis da gestão de recursos humanos deveriam proceder a um estudo

pormenorizado dos efeitos que as distintas estratégias de recursos humanos poderiam

exercer em cada um deles, de tal maneira que se pudesse alcançar uma estratégia

equilibrada, que permita corrigir os efeitos negativos e alcançar assim o nível esperado

para cada um dos elementos do compromisso organizacional.

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